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Daniel Martins Sotelo
HERMENEUTICA DO NOVO TESTAMENTO
EVANGELHOS SINÓPTICOS E ATOS.
PARTE II – OS EVANGELHOS E ATOS.
1. Evangelhos Sinópticos.
1.1. Os Evangelhos e a Patrística.
1.2. Marcos.
1.3. Mateus
1.4. Lucas.
1.5. Os Evangelhos Sinópticos e as Soluções antigas.
1.6. As soluções antigas.
1.6.1. Teoria do Evangelho Primitivo.
1.6.2. Teoria da Tradição.
1.6.3. Teoria dos Fragmentos.
1.6.4. Teoria da utilização.
1.6.5. Teoria das Fontes.
1.6.6. Prioridade de Marcos.
1.6.7. A Fonte Q.
1.6.8. Os Ditos.
2. Evangelho de Marcos.
2.1. Conteúdo.
2.2. Material de Marcos.
2.3. Autor, local e data.
2.4. Teologia de Marcos.
3. Evangelho de Mateus.
3.1. Conteúdo.
3.2. Fontes e Tradições de Mateus.
3.3. Data, local, autoria.
3.4. Teologia de Mateus.
4. Evangelho de Lucas.
4.1. Estrutura da obra de Lucas.
4.2. Fontes.
4.3. Data , local e autoria.
4.4. Teologia de Lucas
5. Teoria das fontes.
6. Atos dos Apóstolos.
6.1. Conteúdo.
6.2. Texto.
6.3. Relação entre Atos e Lucas.
6.4. As fontes de Atos.
6.5. Autor , tempo e lugar.
6.6. Teologia de Atos.
7. Evangelho de João.
7.1. O Evangelho de João.
7.2. Conteúdo.
7.3. João e os Sinópticos.
7.4. As fontes de João.
7.5. Autor, data e local.
7.6. Teologia de João.
8. I João.
8.1. Conteúdo.
8.2. Local , data e autoria.
9. Glossário.
10. Avaliação.
11. Bibliografia.
2 - AMBIENTE HISTÓRICO-GEOGRÁFICO DO NOVO TESTAMENTO
FOSTER, Werner. From Exile to Christ, Fortress Press, Philadelphia 1974
FREYNE, Sean. The World of the New Testament, Liturgical press, Collegeville, 1990.
BRAKEMEIER, Gottfried. O Mundo do Novo testamento, Poligráfo. São Leopoldo, R S, 1984
LEIOPOLDT, Johannes. El Mundo del Nuevo Testamento, 3 Vols Edidiones Crisrandad, Madrid, 1984
LOHSE, Eduard. Il Mundo del Nuovo testamento, Paideia Editrice, Brescia, 1986
MALINA, Bruce. El Mundo del Nuevo Testamento, Editorial Verbo Divino, Navarra, Estela, 1995
________, Comentário Sócio-literário y Científico del Nuevo Testamento, Editorial Verbo Divino, Navarra, 1995
REICKE, Bo. The New Testament World Era, Fortress Press, Philadelphia, 1994
Introdução.
Nesta seção poderemos entender melhor a relação entre os acontecimentos sociais, políticos e econômicos através do texto bíblico do Novo Testamento. E também aprenderemos a relacionar o seu contexto ou do Mundo grego ou do mundo Romano como o texto do Novo testamento. Isto pode ser mostrado
dependendo de quando foi escrito o texto , quem escreveu op texto, porque foi escrito, qual o motivo do escrito, a sua teologia, o seu estilo literário, a sua teologia, etc.
4 . Manuscritos Unciais do Novo Testamento.
Códice "A" (Códex Alexandrino).
Este manuscrito foi doado por Cirilo Lucar, patriarca de Constantinopla, ao
rei Tiago ( The King James I ), em 1621. Este rei logo faleceu e quem recebeu o precioso
documento foi o seu sucessor, o imperador Carlos I. Este código foi escrito em
Alexandria, no começo do Século V d.C. Ele contém todo o Antigo Testamento , com
exceção de Mt. 1-25,6; Jo 6, 50 - 8,52; II Co 4, 13-12, 6.
Tem duas colunas em cada página do rolo. O Evangelho de Mc. está
dividido em 48 capítulos. Acha-se arquivado até os dias de hoje no Museu Britânico de
Londres. Ele está inteiramente escrito em Grego Koine.
Códice Vaticano "B" (Códex Vaticanus).
Este códice está datado da primeira metade do século IV d.C., ele está
guardado na Biblioteca do Vaticano desde a época do papa Nicolau V entre os anos
1447-1455. Ele contém além do Antigo Testamento grego e também a maior parte do
Novo Testamento, menos Hb. 9, 15-13, 25;e as epístolas pastorais como: Tm., Tt., Fm.
O Apocalipse , o final do Evangelho de Mc. que termina em 16,8. O manuscrito possui
três colunas em cada folha do pergaminho. Os capítulos são pequenos. Mt. com 170
capítulos, Mc. com 62, Lc. com 152, Jo com 50. Este códice é o melhor manuscrito (MS)
do Novo Testamento e o mais antigo que se tem notícia.
Códice Efraimita ou Efrêmico "C"(Códex Rescriptus).
Este manuscrito é da metade do 1º século, é na realidade um palimpsesto.
Ele pertenceu ao bispo sírio Efrem ou Efraim no século XII. O códice foi lavado com
prussiato de potassa (hidróxido de potassa - produtos químicos), reaparecendo um texto
primitivo escrito e depois raspado.
Ele contém fragmentos do Antigo Testamento e 58 capítulos do Novo Testamento, menos
as epistolas de II Tess. e II Jo. O manuscrito encontra-se na Biblioteca Nacional de Paris.
O MS tem 209 folhas, sendo 64 do A. T. e 145 do N. T.. Tischendorff especialista em
papirologia foi o tradutor deste manuscrito em 1843.
Códice de Beza "D" (Códex Bezae).
Foi descoberto por Teodoro de Beza (1562-1581). O manuscrito era do
Mosteiro de Santo Irineu, em Lion na França. O próprio Beza doou o MS à Universidade
de Cambridge na Inglaterra, onde se encontra até hoje. O manuscrito pertence ao Século
VI d.C. e contém os Evangelhos sinópticos e os Atos dos Apóstolos.
O texto está em grego com uma tradução latina em colunas paralelas. Existem omissões,
desvios, adições, complementos. Também é considerado como o manuscrito mais antigo
existentes dentre os textos puramente ocidental.
Códice Sinaítico "Aleph" (Códex Sinaiticus).
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O manuscrito foi encontrado por Tischendorff em 1844 no convento de
Santa Catarina na parte baixa do monte Sinai, no deserto. Este manuscrito pertence ao
século VI d.C. na segunda parte do mesmo. O texto está em grego e apresenta-se em
quatro colunas com 48 linhas cada. Ele contém todo o Antigo Testamento e o Novo
Testamento, mas também encontramos os escritos patrísticos, uma parte do escrito do
Pastor de Hermas e a Epístola de Barnabé. Ele se encontra no Museu Britânico em
Londres, desde 1933, tendo sido adquirido por cem mil libras esterlinas.
O manuscrito possui correções de sete críticos e após a sua descoberta, o especialista
Tischendorff fez cerca de três mil correções em seu texto grego no Novo Testamento, isto
ocorreu a partir da oitava edição do N.T. Grego. O Texto é único e com MS uncial com o
Novo Testamento completo totalmente.
Códice Muratoriano (Códex Muratoriano).
Este manuscrito é o texto mais antigo que se tem notícia. Mesmo que seja
ainda uma cópia do século VII d.C., o seu texto é do século II d.C.. O manuscrito foi
encontrado na Biblioteca Ambrosina ou de Santo Ambrósio em Milão na Itália, no ano de
1748 pelo bibliotecário da biblioteca chamado Ludovico Antônio Muratori ( ele também foi
um grande historiador italiano) .
O manuscrito foi escrito em Roma, mas ainda a sua origem é muito discutível. O
manuscrito está composto de forma incompleta, contém fragmentos de Lc. e das
Epístolas, menos Hb., Tg e I, II Pd. e II, III Jo.
Código Washingtoniense (Códex Washingtoniensis).
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Este manuscrito pertence ao final do século V ou é do princípio do século
VI d.C. O ms. foi adquirido por Charles L. Freer, da cidade de Detroit, em viagem ao Egito
em 1906. Passando por um antiquário comprou-o e trouxe para os EUA. Este mesmo
encontra-se ainda em Washington, na Smithsonian Institution.
O texto contém os quatro evangelhos na ordem em que se era aceita na
Igreja Ocidental: Mt, Jo, Lc e Mc ( pela ordem de importância das testemunhas de Jesus).
Conclusão.
Podemos notar que os manuscritos do Novo Testamento são vários e estão
espalhados pelos museus no mundo todo. São destes manuscritos que foram
tirados o texto do Novo testamento onde encontramos as nossas traduções na
língua portuguesa.
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5 . O Texto do Novo Testamento.
Introdução.
Existem 2542 manuscritos do N. T. em papiros, rolos, códices. Porém manuscritos incompletos são mais de 3000. Estes textos são da época dos primeiros séculos d.C..
O Texto do Novo Testamento.
Para maioria dos apóstolos, da comunidade cristã da Palestina as Sagradas Escrituras era a Bíblia Hebraica, até surgir à idéia de se fazer uma Bíblia Cristã, a partir do que os judeus já haviam feito. A fixação do cânon e do Novo Testamento foi mais complicada do que o texto e o cânon do Antigo Testamento.
Como os massoretas no cânon Hebraico fizeram tudo para facilitar a leitura da Bíblia Hebraica, Paulo é o inventor e criador da Bíblia Cristã. Foi ele que começou a historiografia do novo Testamento e os primeiros escritos são suas obras. Como no século II d.C. o cânon Hebraico estava fixado, o cânon cristão foi somente a partir dos séculos III ao IV d.C. fixado por completo no cânon do Novo Testamento.
O texto do Novo Testamento é contemporâneo a muitas traduções do Antigo Testamento como a LXX, a Vetus Latina e a própria Vulgata. Por isso notamos que o texto do Novo Testamento é uma composição e leitura do próprio Antigo Testamento cristianizado.
O Novo Testamento possui duzentas citações dos mais variados livros do Antigo Testamento. Conforme um especialista americano Robert Pfeiffer 80% destas citações não são feitas do texto hebreu, mas da LXX que era uma tradução e leitura do próprio Antigo Testamento.
O texto do Novo Testamento em todos os seus manuscritos datam do século IV d.C. e algumas décadas depois. Anteriormente não existiam estes manuscritos, o que existiam eram fragmentos e papiros num total de 21. Anterior a essa época o que se pode ter é na realidade a transmissão oral, coleções de ditos.
Esta tradição oral foi mantida por muito tempo e foi conhecida por vários autores do Novo Testamento que fazem alusões a esta tradição. Como por exemplo: At 5,32: I Cor 15,3 e o próprio apóstolo Paulo cita estas tradições orais várias vezes.
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Esta tradição oral passou a ser escrita, passou por várias mãos, várias transcrições e transmissões como coleções de ditos e de memórias. Estes testemunhos foram reunidos e formado no final como um escrito geral. As palavras soltas de Jesus (ipssíssima verba e ipssíssima vox – palavras de Jesus) foram juntadas resultando nas logia (palavras) de Jesus.
Existem fragmentos de uma velha cópia destas coleções no denominado papiro Oxirrynco encontrado em 1897 e outro em 1907 que datam do século III d.C. no Egito. Ainda encontramos a fonte Q (Quelle) que é na realidade o documento mais primitivo desta tradição escrita dos evangelhos.
Da passagem da tradição oral para a escrita quase ultrapassou o meado do século I d.C.; pois o primeiro escrito do Novo Testamento data de 45 d.C. que é a carta de Paulo: I Tess e a de I Cor em 50 d.C.. O primeiro evangelho, Mc que data do ano de 65 d.C. e depois vem os outros evangelhos de Mt e Lc e por fim , no final do século I ou início do século II, entre 90 a 120 d.C. o evangelho de João. Nesta mesma época ou ainda bem posterior às cartas católicas ou universais: I Pd, I, II, III Jo, Jd, Tg e a de Heb, e no final o livro da Revelação, o Apocalipse.
O texto do Novo Testamento é denominado de textus receptus (texto recebido). Aquele texto que circulou pelas comunidades e foi aceita como inspirada. Assim se tornou o texto canônico. As cópias feitas, circulando de comunidade em comunidade, as diferenças e discrepâncias originadas destas cópias, várias famílias textuais sugiram, as quatro famílias de manuscritos são: o proto-alexandrino, o alexandrino, o texto original que veio de Cesárea e de Antioquia e o Texto ocidental que veio talvez da África ou da Itália ou ainda da Gália.
Estes textos são provas provavelmente depois de século IV d.C. ou posteriormente que são os códices B, e o Sinaíticos (do século IV), o Alexandrino, o códice L (do século IX), o códice T ( do século V), o minúsculo 33 (do século IX), o códice oriental Teta (Theta do século IX), as versões siríacas denominas de siríaca e muratoriana ( dos séculos IV e VI), o códice ocidental denominado de D (séculos V ou Vi) a versão Latina denominada de K (dos séculos IV ou V). O códice alexandrino é considerado como o melhor conservado.
Conclusão.
Os textos eram em folhas separadas de papiro, depois são agrupadas as folhas com costuras e foram denominados de códices ou rolos, porque eram enrolados. Os códices foram denominados ainda de unciais escritos somente com letras maiúsculas e os textos com letras minúsculas. Totalizam os textos uma quantidade de 86 papiros, 269 unciais e 2795 minúsculas. Porém somente 59 destes papiros são completos. Os outros códices faltam uma ou outra coisa: evangelhos, cartas, etc.
6. Cânon do Novo Testamento.
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O cânon do Novo Testamento começa a ser criado a partir da preocupação que tiveram os próprios judeus em formular o seu cânon. Pois os dois cânones são subseqüentes: o primeiro de A. T. que data do século II d.C. e o cânon do N. T. denominado cristão dos séculos III e IV d.C.
Os padres da igreja - gregos e latinos normalizaram os critérios para a fundamentação dos escritos neotestamentários: eles aceitavam os ensinamentos de Jesus e a tradição apostólica, das fontes orais e escritas anteriores. A etapa da formação do cânon do Novo Testamento demorou demais em relação ao cânon do Antigo Testamento.
A igreja reconheceu como a autoridade última para a pregação, o ensinamento, o culto e a doutrina apologética. O critério da doutrina como o fundo das escrituras judaicas, a tradição e a autoridade dos apóstolos foram fundamentais para a formação do cânon (Justino em 100-165 d.C.) dizia que a palavra de Jesus é o poder de Deus.
Por outro lado, Papias (70-155 d.C.) mostrava que a tradição mais antiga foi passada oralmente e na memória retinham os mandamentos de Jesus como verdade da fé. O importante para o cânon passa a ser o que diziam e pregavam os apóstolos e os seguidores de Jesus. Outro critério era a divulgação e o uso dos escritos do Novo Testamento nas leituras comunitárias.
Se as comunidades aceitavam o escrito ele era aceito automaticamente no cânon e assim vice-versa. O único livro do Novo Testamento a usar o termo canônico foi o último livro a ser aceito no próprio cânon: o Apocalipse 22,10; 22,18-19, portanto ele é bem próximo dos pais apostólicos no século II ou III d.C.
Podemos considerar o cânon do Novo Testamento como três etapas de formação:
A - A era apostólica a partir de 70 d.C.. Este período pode ser denominado também de pré-canônico de 70-150 d.C. e a canônica de 150-200 d.C. onde o Novo Testamento estava terminado. A fixação dos livros de Novo Testamento tinha terminado. As autoridades eclesiásticas haviam decidido neste período qual o livro que permaneceria ou sairia do cânon bíblico.
B - A era apostólica antes de 70 d.C. foi o período dos escritos paulinos e vários apócrifos e pseudepigrafes já existiam. Pode ser denominado de período intertestamentário onde, por exemplo, os livros são: os Doze Patriarcas, o livro de Enoc Etíope, a Assunção de Moisés, o Apocalipse de Elias, III e IV Esdras. Neste período também são encontrados os logia de Jesus ou Q ou Ur-Marcus, e a tradição oral de Novo Testamento.
Na realidade neste período encontramos os primeiros escritos de Paulo e do Novo Testamento paralelos a estes acontecimentos escritos: I Tess de 51 d.C.; Gal, II Tess, I e II Cor, Rom entre 52-53 d.C.; I Tim e Tt em 65 d.C.; II Tim em 66 ou 67 d.C.. Depois as cartas não paulinas, o primeiro evangelho escrito foi Mc entre 65 e 67 d.C..
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Depois os evangelhos de Mt e de Lc e no final do século I o evangelho de Jo ou no início do século II d.C. (entre 110-130 d.C.).
C - A era pré-canônica entre 70 a 150 d.C. onde a influência de Clemente Romano cita o evangelho do Jo depois de 100 ou depois de 130 d.C.. Ignácio de Antioquia coloca este evangelho entre 70 e 155 d.C. A carta a Diogneto coloca em 130 d.C. Os papiros de Ryland 457 e de Egerton 2 mostram o evangelho de Jo escrito em 120 d.C.
Neste período começa a surgir a denominação de "escritura" e "as outras escrituras" em relação do A. T. e N. T. com os apócrifos citados em II Pd 3,16. Também Clemente Romano escrevendo em 100 d.C. falava desta forma e que Paulo "escreveu sob a inspiração do Espírito" (I Carta aos Corintios 46, 47).
Nesta etapa a política circulava solta e alguns escritos cristãos não permaneceram no cânon por causa de rixa e rivais políticos. Outros livros nem chegaram a ser mencionados para participar do cânon. Lc em seu evangelho falava de muitos antes dele "haviam escrito" e que alguns foram testemunhas oculares e alguns deuterocanônicos como o Pastor de Hermas, a Didaque (estes dois escritos entre 90 d.C.) referem-se a Mt e Lc e outras tradições orais.
Os padres Gregos e Latinos entre eles: Clemente (30 a 100 d.C.) em sua carta aos Corintios que quase entrou e permaneceu no cânon. As sete cartas de Inácio de Antioquia (30-107 d.C.), uma carta de Policarpo de Esmirna (65-155 d.C.), a carta de Barnabé, os escritos de Papias de Hierápolis (final do século I d.C.) citado por Irineu e Eusébio foram de grande valor para a compreensão dos escritos do Novo Testamento.
Surgiram nesta época ainda coleções e mais coleções de obras. Estas eram citadas por pais apostólicos e tinham quase a "autoridade canônica" acabaram ficando de fora do cânon por vários motivos: políticos, religiosos, doutrinários e autoritativos. Papias cita os evangelhos, I Jo, I Pd, o evangelho dos Hebreus que aparece também em Eusébio de Cesárea em História Eclesiástica III, 39.
Clemente Romano cita: Mt, Mc Lc, Rom, I Cor, Tt, Heb Ef, e Apoc. Inácio
de Antioquia relacionava Mt, Jo, as cartas paulinas, I Cor, Ef, I e II Tim, Rom, II Cor, Gal, Col, I e II Tess, Tt, filem, Lc, At, Heb, Tg, I Pd. A Carta a Diogneto em 130 d.C. que é anônima cita Mt, I e II Cor, Fil. e I Pd. Policarpo de Esmirna entre 65-155 d.C. cita Mt, Lc, At, Rom, I e II Cor, Gal, Ef, Fil., I e II Tim, Tt e I Pd. A carta de Barnabé pseudepigrafe cita Mt, Ef e At.
Marcião foi declarado depois hereje (como anti-semita). Ele não aceitava de forma alguma o Antigo Testamento por ser livros de judeus em 140 d.C., cita Mt, Lc, Jo, Rom, I e II Cor, Ef. Porém omite, é claro, as cartas pastorais e complementa as 10 cartas de Paulo tirando as citações do A.T.
D - A etapa canônica (os livros canonizados entre 150-200 d.C.). Neste período ficou decidido através das discussões e as autoridades constituídas eclesiásticas, quais os livros que eram entre dezenas e centenas como apócrifos e pseudepigrafes deveriam permanecer no cânon. Ficou assim constituído que, os apócrifos e
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pseudepigrafes divididos em obras distintas: os evangelhos, os atos, as cartas e os apocalipses.
Evangelhos : Ev. dos Hebreus, dos Egípcios, os Árabes da infância de Jesus, o Armênio da Infância , Tomé, Protoevangelho de Tiago, Ev. de Pedro, de Bartolomeu, de Basílides, dos Ebionitas, de Marcião, do Nascimento de Maria, de Nicodemos, de Matias, dos Nazarenos, de Filipe, Mat pseudo, José de Arimatéia, Assunção da Virgem Maria, o Livro da Ressurreição de Cristo, José Carpinteiro, Ditos de Jesus,
Atos: de Paulo, de Pilatos, de João, de Pedro, de André, de Tomé, de André e Paulo, de André e Matias, de Barnabé, de Tiago o maior, de Pedro e Paulo, de Filipe, de Tadeu, de Filipe e Hellas, de Paulo e Tecla, de Pedro e dos doze, os Martírios: de Paulo, de Mateus, de Pedro, de Pedro e Paulo, de Tomé e de Bartolomeu.
Cartas: de Paulo aos Laodicenses, de Paulo aos Alexandrinos, de Cristo e Abgáro, de Lentulo, de Tito, dos Apóstolos, III Cor, de Paulo e Sêneca, e de Engnosto.
Apocalipses : de Pedro, de Paulo, de Tiago, de Estevão, de Tomé, da Virgem, dos Dossiteus, de Esdras, de João, de Moisés.
Outros fragmentos deste período que podem ser citados: História de
Abdias, História de André, Ascensão de Tiago, Progressão de Pedro, Sabedoria de Jesus, Ensinamento de Silvano, Ágrafos, Melcon, Pistis Sofia, Cânon dos Apóstolos, Pastor de Hermas e a Didaque.
Conclusão.
Outras obras apareceram depois do século II d.C. como o Evangelho de Pedro e é nesta condição que se sabe que Atos dos Apóstolos fazia parte do Ev. de Lucas ou uma obra em dois volumes. Este período foi a última etapa para a formação e a fixação do cânon do Novo Testamento. Após este período o século II d.C. vem os famosos concílios e posteriores a esta época os séculos III e IV d.C. as decisões preponderantes para o término e o fechamento do cânon do N.T.
Os papiros que chegaram à nossa época são: os papiros Bodmer de 200 d.C.; o Bodmer II do século III d.C.; o Chester Beaty 45, Chester Beaty 47, o Bodmer VII, as harmonias dos evangelhos do ano 170 d.C. que Taciano fez o Diatessaron.
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7. Opiniões sobre as cronologias dos escritos do Novo Testamento.
A. Opinião de Werner Georg Kuemmel
I e II Ts em 50/1 d.C.
Gal, Fil., I e II Cor, Rom,53-56 d.C.
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Col e Filem 56-58 d.C.
Mc 70 d.C.
Lc 70 - 90 d.C.
At e Hb 80 - 90 d.C.
Mt e Ef 80 - 90 d.C.
I Pe, Apoc em 90-95 d.C.
Jo 90-100 d.C.
I, II, III Jo 90-110 d.C.
Tg antes de 100 d.C.
I e II Tm depois de 100 d.C. e Tt.
II Pe 125 - 150 d.C.
Opinião de Norman Perrin
I Ts, Gl, I e II Co, Fl, Fm, Rm 50 - 60 d.C.
II Ts, Cl, Ef, Mc, Mt, Lc, At,
Hb 70 - 90 d.C.
Jo, I, II, III Jo 80 - 100d.C.
Ap 90 - 100 d.C.
I Pe, Tg, Epístolas pastorais, Jd e II Pe 90 - 140 d.C.
Opinião de John A. T. Robinson.
I Ts 50 d.C.
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II Ts 50/51 d.C.
I Co primavera de 55 d.C
I Tm outono de 55 d.C.
II Co ano 56 d.C.
Gl ano 56 d. C.
Rm ano 57 d. C.
Tt primavera de 57 d. C.
Fl primavera de 58 d.C.
Fm, Cl, Ef verão de 58 d.C.
II Tm outono de 58. d.C
7.1. . A lista dos livros do Novo Testamento a partir dos pais apostólicos.
(Papias, Irineu, Clemente, Origines, Eusébio, Tertuliano).
Tg ano 47/8 d.C.
I Ts antes de 50 d.C.
II Ts 50/1 d.C.
I Co Primavera de 55 d.C.
I Tm outono de 55 d.C.
II Co antes de 56 d.C.
Gl depois de 56 d.C.
Rm antes de 57 d.C.
Tt antes da primavera de 58 d.C.
Fl primavera de 58 d.C.
Fm verão de 58 d.C.
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Cl verão de 58 d.C.
Ef antes do verão de 58 d.C.
II Tm outono de 58 d. C.
Didaque cerca de 40 - 60 d.C.
Mc cerca de 45 - 60 d.C.
Mt cerca de 40 - 60 + d.C.
Lc - de 57 - 60 + d.C.
Jd ano 61/2 d.C.
II Pe ano 61/2 d.C.
At ano -57- 62 + d.C.
II, III, I Jo cerca 60 65 d.C.
I Pe primavera de 65 d.C.
Jo cerca - 40 -65 + d.C.
Hb cerca do ano 67 d.C.
Ap depois de 67 - 70 d.C.
I Clem antes do ano 70 d.C.
Barnabé cerca do ano 75 d.C.
Pastor de Hermas cerca do ano 85 d.C.
Fonte de Pesquisa: ROBINSON, J. A. Redating the New Testment .
Philadelphia, Westminster.
PARTE II. Os Evangelhos Sinópticos e Atos
Introdução.
O inventor dos escritos e da própria historiografia do cristianismo primitivo
foi o apóstolo Paulo. Seus escritos foram os primeiros e os mais antigos do Novo
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Testamento. Evangelho no Grego significa mensagem, boas novas, pregação. Paulo
utiliza o termo evangelho.
Esta terminologia aparece no I e no II século d.C. e depois vai ser utilizada pela patrística
para denominar os evangelhos no Novo Testamento. Estes termos que ocorrem no N.T. e
em Paulo e nos próprios evangelhos são inserções posteriores.
Os evangelhos surgiram como tradição oral, através de formulas e de credos
de fé. Isto ocorre após a morte e a ressurreição de Cristo. Na tentativa de explicar o
fenômeno da morte, da ressurreição, das crenças e da mensagem de salvação, surgem
os "evangelhos", ou as memórias orais passadas nos escritos sob a influencia dos
escritos de Paulo que circulavam já a algum tempo. Na implantação da cristandade surge
a necessidade de se falar de Jesus.
1 . Evangelhos Sinópticos.
Os três primeiros evangelhos: Mc. Mt. E Lc., eles são chamados de
Sinópticos, porque através do conteúdo, estrutura e do modo de expor a mensagem
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trazem os mesmos objetivos. Sinopse no grego significa resumo esboço. O termo foi pela
primeira vez utilizado por J.J Griesbach 1776 que imprimiu pela primeira vez textos
paralelos dos evangelhos para ter-se uma visão conjunta comparativa das semelhanças
apresentadas pelos evangelhos.
1.1. Os Evangelhos na Patrística.
As notícias mais antigas sobre a formação dos evangelhos ou dos
sinópticos foram registradas pelos Pais Apostólicos. O primeiro a dar estas notícias foi
Papias de Hierápolis e Eusébio de Cesárea.
1.2. Marcos.
Papias fala de Marcos como interprete e sobrinho do apóstolo Pedro. Este
recebeu de Pedro e guardou na memória suas palavras e atos do Senhor e depois as
escreveu. Marcos não foi discípulo, não ouviu, nem viu, nem acompanhou o Senhor, mas
ele recebeu de Pedro todas as coisas.
1.3. Mateus
Em toda patrística este evangelho é citado como o primeiro a ser escrito
pelo critério de ser um discípulos( no capitulo sobre cânon vimos os critérios de aceitação
de livros no cânon). A grande discussão, neste período, era se Levi escreveu em hebraico
ou em aramaico ou grego seu evangelho. A outra discussão foi em torno de quantas
tradições circulou o evangelho.
1.4. Lucas
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Este evangelho teve uma grande aceitação entre os hereges. Lucas era o
evangelho do príncipe dos hereges: Marcião. Na a tradição já mostrava a autoria de
Lucas e de Atos como de um mesmo escritor: Lucas, o médico acompanhante de Paulo.
Irineu falava do autor um dos quais "não viu o Senhor".
Lucas foi um Sírio de Antioquia, iniciou seu trabalho nas viagens missionárias com Paulo.
Lucas morreu na Boecia, solteiro, sem filhos aos 84 anos de idade depois de redigir o
Evangelho de Lucas e Atos dos apóstolos em Acáia, narra a tradição.
Lucas foi discípulo dos apóstolos, acompanhou Paulo até a sua morte. Teve uma
orientação antijudaica e anti-herética em toda sua obra pode-se notar isto. Os dados
biográficos estão no prólogo do evangelho e de Atos traz em parte a tradição da Igreja em
identificar o autor. São inserções posteriores.
1.5. Os Evangelhos Sinópticos e as Soluções Antigas.
O problema dos sinópticos está no parentesco e na diversidade dos
evangelhos. O parentesco mostra disposição de conjunto: Jesus começa sua atividade
pública depois da prisão de João Batista, na Galiléia e conclui com a marcha sobre
Jerusalém. Os últimos dias ele estava nesta cidade, e a sua história e a da sua paixão
são narradas de acordo e simultaneidade nos evangelhos.
Muitas das narrativas tem uma concordância, detalhes e coincidências ou divergências
bem claras. Por exemplo: as parábolas nos outros evangelhos, as aparições do
ressuscitado, o evangelho da infância e o relato milagroso do nascimento de Jesus, o
relato dos pais de Jesus: Mateus menciona Belém, Lucas em Nazaré, as genealogias em
23
um evangelho começa por Abraão e a outra vai ao contrario, de Jesus a Adão. Estas
coisas mostram a discordância.
1.6. As soluções antigas
1.6.1. Teoria do Evangelho Primitivo.
G.E. Lessing fala dos sinópticos e da existência de um evangelho primitivo
escrito em aramaico que se perdeu, mas foi a fonte de cada escritor em comum, que foi a
base das narrativas dos evangelistas.
J.G. Eichhorn desenvolveu esta teoria mediante a suposição de que nossos
evangelhos não se basearam diretamente no evangelho primitivo, senão em partes de
escritos que derivam do mesmo.
1.6.2. Teoria da Tradição.
J.G. Herder e J.C.L. Giesler falam de que existiu uma fonte inicialmente
oral, esta tradição mostra que houve em seu início a instrução oral do aramáico de
palavras e historias que foram traduzidas para o grego em duas versões: judeu-cristã e
pagão -cristã, das quais saíram os evangelhos sinópticos. A fixação em escrito precedeu
um longo período da tradição oral.
1.6.3. Teoria dos Fragmentos.
24
Friedrich Ernest Daniel Schleiermacher é o autor desta tese e que foi
demonstrado posteriormente por H. Weissweiler. O evangelho desta forma não utilizou
um evangelho primitivo, nem outras exposições que abrangem toda a vida de Jesus, mas
usou um grande número de fragmentos ou composições, com passagens isoladas que
foram re-elaboradas e colecionadas não por razões biográficas, mas por exigências
objetivas.
1.6.4. Teoria da utilização de um Evangelho por outro - Teoria da dependência.
Esta teoria é uma das mais aceitas até hoje. Primeiro houve um evangelho
mais antigo de Mc depois o de Mt. e o de Lc.: as coisas em comum nos três evangelhos,
as diferenças no outro são características de todos. Esta teoria já era defendida na
antiguidade por Santo Agostinho. J.J. Griesbach e de C. Lidmann de que Mc. é um extrato
de Mt. ou que Lc. é fonte para Mt. e Lc montaram esta teoria.
1.6.5. Teoria das Fontes.
H. J. Holtzmann, C. Weizsacker e B. Weiss depois melhorada a
apresentação por P. Wernle trazem esta teoria das fontes: que Mc. é o primeiro
evangelho a ser escrito e que depois Mt. e Lc. utilizaram como fonte para os seus
evangelhos. Porém nas partes discordantes Mt. e Lc. eles utilizaram uma segunda fonte,
perdida, mas que pode ser reconstruída que continha os ditos de Jesus e os seus
discursos, chamada de fonte em alemão Quelle(Q).
1.6.6. Prioridade de Marcos.
25
Poucas são as passagens de Mc. que faltam em Mt. e em Lc. Mc.
Aparecem 90% em Mt. e Lc, tendo assim textos mais curtos. E se ocorrem algumas
variantes em Mt. e Lc. são estas versões posteriores dos mesmos. A primeira tese é a
confirmação da gramática deste material. A segunda é a seqüência das narrações são as
mesmas. A seqüência em Mc. É como fonte primaria ocorre em Mt. e Lc. A terceira tese
é que a forma lingüística e estilística e por não dizer terminológica, fora os semitismos são
idênticas.
A estatística mostra isso. B. de Solages numa estatística bem elaborada
mostrou que a composição verbal destes textos 10.650 palavras aparecem 7.040 em Lc.,
7.678 em Mt. e em conjunto 8.189 vezes.
A teoria principal é muito discutida por estes autores examinados: as
frases, os verbos mais curtos mais antigos se tornam os mais recentes, pois foram
inseridos depois como explicações
1.6.7. Fonte Q.
A teoria das fontes, a existência de uma fonte denominada de Q é
determinante. Mt. e Lc. tem muitas passagens comuns a Mc. e a maioria das vezes os
discursos ou relatos são freqüentes nas coincidências dos vocabulários. Conclui-se disto
que Mt. e Lc.
Eles utilizaram outra fonte, além do escrito de Mc. Principalmente, quando relaciona os
ditos e as parábolas de Jesus e João Batista. Esta fonte foi designada como fonte dos
discursos ou das logias ou dos ditos, que após o século XX denominou-se de Q ( do
alemão Quelle).
26
A fonte Q pode ser reconstruída, pois começava com a pregação de João
Batista e terminava com as parábolas escatológicas de Jesus: não fala da morte de
Jesus, fala das tentações Mt. 4,1-11 e Lc. 4,1-13; fala da história do centurião de
Cafarnaum Mt. 8,5-13 e Lc. 7,1-10.
Os diálogos são breves, referências antes sobre o local e a origem ou motivo como a
pergunta do Batista Mt. 11,1ss; Lc. 7,18ss; a perícope do Belzebu Mt. 12,22ss; Lc.
11,14ss a cura do endemoniado mudo.
Q era uma coleção de sentenças ou frases que fora transmitido em aramáico, a língua de
Jesus, que foi traduzida depois para o grego permanecendo peculiaridades lingüísticas do
idioma semítico.
1.6.8. As Fontes dos Ditos: Q
Como sabemos a fonte Q fora outrora na tradição oral os ditos, as frases e os
discursos de Jesus em aramaico. As logia são palavras do próprio Jesus. Estes ditos
foram transmitidos através de processos mnemônicos como fontes coletadas por Mc. ,
Mt., e Lc.
Os paralelos de Q em Mt. e Lc. são seqüências e seções ou intercalações: Lc.
6,20-8,3; Q e Lc. 3,7-9.16-17; 4,1-13; 6,20-49; 7,1-6a 9(10); 18,3-50; 9,57-62; 10,8-
16.21-24; 11,9-26(27-28.29-36-37-41-42-52) 12,1.2.22-34(35-38).39-46,(47-50).51-59;
13,16-30.34.35; 14,15-24.26.27(34.35); 16,13.16-18; 17,1-6.23-37.
Conclusão.
27
Hoje existem documentos e reconstruções do texto de Q. E o evangelho
extra-canônico Tomé que mostra os ditos de Jesus. Com as descobertas dos textos de
evangelhos apócrifos em Nag Hammadí no Egito muita coisa tem sido esclarecido.
BURTON MACK - O Evangelho Perdido. A fonte Q, Editora Imago,
Rio de Janeiro, 1994.
MARVIN MAYER - O evangelho de Tomé. Editora Imago, Rio de Janeiro, 1996
2. EVANGELHO DE MARCOS.
Introdução.
28
O evangelho de Marcos apresenta-nos uma composição da atividade de
Jesus desde o batismo por João Batista até a sua morte através do relato do sepulcro
vazio. Este relato narra um fragmento da vida terrena de Jesus como o filho de Deus nos
Céus, o Senhor da comunidade que espera por Ele.
2.1. Conteúdo
1,1-8,26 - Atividades de Jesus dentro e fora da Galiléia
1,1-13 - começo de Evangelho.
1,14-45 - início do ministério de Jesus.
2,1-3,6 - conflitos
3,7-4,34 - Jesus, os discípulos e o povo.
4,35-5,43 - quatro milagres
6,1-8,26 - peregrinação de Jesus.
8,27-10,52 - O caminho de Jesus
8,27-9,1- confissão de Pedro, predição da paixão, sofrimento dos
discípulos de Jesus e os ditos escatológicos.
9,2-50 - transfiguração, cura do epilético, 2ª profecia da paixão e
instrução aos discípulos.
10 - palavras sobre o matrimônio, benção às crianças, os ricos, terceira
predição da morte, petições dos filhos de Zebedeu e a cura do cego de Jericó.
11-16 - Jesus em Jerusalém
11,1-25 entrada triunfal em Jerusalém da purificação do templo.
11,26-12,44 polemica e doutrina
13 - escatologia
14.15 paixão
16,1-8 sepulcro vazio
16,9-20 2º fim do evangelho
29
2.2. Material de Mc
Os escritos tinham um material muito rico e múltiplo para apresentar a
atividade de Jesus e a sua morte. Ele é um técnico em compor literariamente sua obra.
Através de pequenas unidades, de peças isoladas, completas ou autônomas Mc. compõe
e combina seu evangelho. Ele concatena a tradição oral, os materiais e elabora uma
redação final.
Mc. 13 é um apocalipse que vai dos v 5-27 e ele usa a mesma técnica de redação. Os
v.35 compõem a introdução; v.28-37 um apêndice de exortação, as interpolações v.7.8.10
fazem o composto final. Como nos outros sinópticos que também possuem apocalipses
tendo a origem na forma judaica são transformados em apocalipse cristão.
O material final de Mc. é composto da tradição de Jesus transmitindo no
âmbito lingüístico o aramáico traduzido para o grego. Não como em sua integridade em
aramáico e traduzido depois, senão que tomou material em aramáico e compôs em
grego. O material final de Mc. é composto de : diálogos, estórias de milagres, lendas,
cristologias de cima e de baixo, milagres mais teológicos que históricos.
2.3 Autor, local e data.
A tradição concebeu a autoria de Mc. ao sobrinho de Barnabé chamado
João Marcos, isto se deve à citação da patrística em Papias, Os erros geográficos
cometidos no evangelho exclui um escrito da palestina e a Mc. Ou um judeu. Clemente de
Alexandria coloca como local do escrito em Roma.
30
Papias diz que o escritor é Marcos e interprete de Pedro, o que exclui os latinismos
contraposto aos semitismos encontrados no evangelho. O mais provável que foi escrito na
Síria grega, a data de composição depois da destruição de Jerusalém.
Mc. 15,38 fala do rompimento do véu do templo, da destruição do mesmo, isto refere-se
a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Mc. Foi então escrito depois de 70 d.C.
O final do Evangelho de Mc. encerra com 16,8 o outro final é uma acréscimo posterior,
como a questão do apocalipse de Mc. 13 é de outro autor. O sentido do Evangelho de Mc.
é o querigma ou a pregação da morte e da ressurreição de Jesus. A tendência do escrito
é a apologia, o culto, a parenese e o dogma em formação.
No Evangelho de Mc. reflete o conflito com os fariseus e escribas. O
contexto é a atuação de Jesus na Galiléia (Mc. 1-10), e em Jerusalém (Mc. 11-16). No
início fala do surgimento de Jesus 1,1-13, nas proximidades em Cafarnaum 1,14-45, os
conflitos com os fariseus Mc. 2-3, as parábolas 4,1-34, os milagres 4,35-5,43 e outros
textos são secundários. Mc. 11-13 relata os últimos dias de Jesus, o apocalipse em 13, a
história da paixão e do seu sofrimento 14,1-16,8.(S)
2.4. Teologia de Marcos.
A obra escrita para uma comunidade helenística. A pregação dirigia-se a
judeus helênicos, e cristãos de uma mesma comunidade. Preocupação com Jesus da
historio e o Cristo kerigmático. Este é o evangelho do conflito. O segredo de Jesus da
história. A cristologia do escrito é fundamental para a compreensão do Messias, na
31
escatologia e na história. Em seu corpo fala da fé, da paixão, da ressurreição e da
ascensão de Cristo.
Conclusão.
A Cristologia esta marcada pela geografia e a cronologia. As parábolas
mostram o conflito de Jesus e os fariseus, as leis contra a boa nova. O cristo pregado e a
implantação do reino que chega com sua atuação e a mensagem do contraste da Galiléia
e de a Jerusalém, o campo versus a cidade.
3. Evangelho de Mateus
32
Introdução.
Mateus é o evangelho re-elaborado a partir de Q e de Mc., foi acrescido de
outros materiais da tradição, dos ditos e de narrações diversas e de fontes próprias.
Diferentemente de Mc. Começa pela história da infância de Jesus e termina com as
narrativas do ressuscitado.
3.1. Conteúdo
1-4-começo
1.2 -infância
3-4 -preparação para a pregação
5-20- Jesus na Galiléia
5-7- sermão da montanha.
8-9- grandes obras de Jesus
10 - missão dos discípulos
11-12- Jesus e seus inimigos
13,1-53 -as sete parábolas do reino dos Céus
14,13-20,34- caminho da paixão
18- introdução dos discípulos
21-27- Jesus em Jerusalém.
21-22- últimas atividades de Jesus
23-25 -derradeiros discursos
26-27- paixão
28- história da páscoa.
3.2. Fontes e Tradições da Mt.
33
Mateus utiliza esquema de Mc. a partir de Mc. 14,1, pois a seqüência entre
Mc. e Mt. são idênticos. Mt. 3-13 tem desvios de Mc. , Mt. Extraem os relatos de milagres
de Mc. Em 1,40-45;4,35-41;5,1-20.21-43 onde o evangelista tece as suas narrativas
num ciclo de grandes façanhas de Jesus Mt. 8 e 9. Então Mt. 3-13 , também segue o
esquema do Evangelho de Mc.(S)
Mt. elimina algumas coisas de Mc. Como a cura do possesso em Mc.
1,23ss; a do surdo-mudo em Mc. 7,32ss; e a do cego de Betsaida 8,22ss; o exorcismo
desconhecido em 9,38 s e a unção da viúva em 12,41ss.
O material dos discursos foi ordenado sistematicamente por Mt. e introduzido no local
adequado dentro do esquema maior de Mc. Mt. configura os ditos de Q e seu próprio
material dos grandes discursos, de Mc. e faz o seu evangelho.
Desta forma notamos que alguns textos comuns de Mc. em Mt. fora re-
elaborados: onde Mt. faz uma introdução e uma conclusão, dando uma interpretação
pessoal e o seu relato se torna mais longo que o inicial. Mt. re-elabora literariamente as
histórias de milagres de Mc..
Abrevia outros textos dando ênfase nas palavras de Jesus convertendo-as
em instruções morais. Mt. reduz o caráter novelista das narrativas e as converte em
apotegmas. Esta conversão tem o sentido estrito de doutrina.
3.3. Data, local e autor.
34
O uso do evangelho de Mt. surge na peculiaridade litúrgica , enquanto que
Mc. era kerigmático. Mt.é também, um livro de pericopes cultuais. Pode ser entendido
também como um manual de doutrina, de pregação. Mt. tem elementos catequéticos e
litúrgicos.
O livro foi escrito para judeus convertidos (G.D. Kilpatrick, Krister
Sthendhal, Georg Strecker, opinaram desta forma sobre o Evangelho de Mt.). O livro pode
ser entendido como manual para os mestres como em Mt. 5,19; 23,8-12 e para
catecúmenos em Mt 8,18ss, que é também uma forma kerígmatica.
O Evangelho de Mt. surge no contexto de um grupo misto judeu cristão que
não se separou ainda da sinagoga e se encontra em grande tensão com o judaísmo.
Nesta mesma comunidade também existem pagãos e cristãos. O autor é desconhecido, o
evangelho fala de seu autor como Mateus um perito da lei, cristão como mestre, tem
procedência judeu cristão.
A data somente é através de dados aproximados, a destruição de Jerusalém pressupõe
ter ocorrido Mt. 22,7 e 23,38. Então a data provável é 90 a 95, isto é, final do século I d.C.
3.4. Teologia de Mateus.
O evangelho de Mt. É o evangelho dos judeus, a mensagem é para a
comunidade de Jerusalém. O reino dos céus diferentemente do reino de Deus nos outros
evangelistas. Começa com a infância e a páscoa como centro de sua mensagem.
35
A salvação no evangelho começa na pregação da Galiléia, as aparições de
Jesus iniciam lá também. A cena mais importante do evangelho começa na montanha:
pregação, sermão, transfiguração, morte e ascensão.
Conclusão.
Em contraste anuncia não o filho de Deus, mas o filho do homem. O
evangelho é o primeiro que trata de uma cristologia, soteriologia, e de uma eclesiologia.
Mas a maior importância dada pelo escritor é sobre o ressuscitado do que será o
governador de todo mundo. Cristo é o Messias, filho de Davi.
36
4. EVANGELHO DE LUCAS
Introdução
Lucas é uma re-elaboração de Mc. e Mt. com uma grande diferença: a
composição literária e teológica. O estilo, o grego, e a objetividade da obra. O seu texto
tem uma continuidade e consonância com o Antigo Testamento. O evangelho de Lucas é
o ápice como continuação histórica em At. 1,1, que fala do proto-logos, o primeiro livro.
Tem como objetivos o seu evangelho efetuar uma obra histórica. O autor usa as normas
de narração da época. Lucas descreve a vida, a história de Jesus como um fenômeno
histórico.
4.1. Estrutura da Obra
A - Lc 1-2 história da infância do precursor e do messias.
B - Lc. 3,1-4,13 o começo da atividade
3. atividade do precursor
4,1-13 pregação do Messias
C - 4,14-9,50 atividade de Jesus na Galiléia
D - 9,51-19,27 Jesus em Jerusalém
E - 19,28-21,38 Jesus em Jerusalém e a sua atuação
F - 22-24 paixão e relatos pascais
4.2. Fontes
As fontes do Evangelho de Lc. podem ser procuradas em : Q, Mc. e Mt.,
estes escritos adotam alguns dados de Mc. 1,21-3,19 para construir Lc. 4,31-6,19 menos
37
5,1-11; em Mc. 4,1-9,41 para escrever Lc. 18,15-43 e por fim, Mc. 11,15-14,16 para
reescrever Lc. 19,45-22,13.
Coisas que foram omitidas de propósito como partes de Mc. sobre os judeus Mc. 7,1-37,
pois Lc. tem em mente os cristãos helênicos e não lhe interessa a discussão sobre os
assuntos judaicos. Na parte lingüística Lc. substitui a preposição por de, e na maioria das
vezes o verbo é transferido no início para o meio ou para o fim da frase no seu texto.
Como outros historiadores Lc. usa a ênfase de testemunhos oculares e
indica assim a dependência de seus predecessores escritores. Conforme alguns
escritores anglo-saxões demonstraram que existiu um Proto-Lucas.
Esta tese é de B.H. Streeter. Lc. a partir da fonte Q e de seu material (L) elabora o seu
escrito. O que podemos apreender é que Lc. assume Mc. como esquema e introduz
antes e depois de cada relato fazendo de seu trabalho de relatos uma obra de
historiador.
Em especial isto ocorre nos relatos das histórias da infância e os relatos
pascais. Ele coloca Q e o seu material, Proto Lc. ou L e os inserindo em seu esquema de
Mc., formando assim o seu evangelho.
Lc. 6,20-83 tem uma pequena intercalação: O grande relato da viagem em
9,51-18,14, retornando depois ao esquema de Mc. Insere e reproduz o material de Mc.
de forma bastante completa. Sempre de forma litúrgica e teológica são as suas coleções
e inserções.(S)
38
Lucas apresenta uma técnica avançada de narrar superior a Mc. e Mt.; ele
pretende enquadrar historicamente os relatos de Jesus. Lucas pretende ser a teologia da
história da salvação.
Mostra a história de Jesus a partir do enquadramento geográfico da Galiléia e as viagens
e Jerusalém. Esta cidade é concebida diferentemente de Mc. e Mt que é o local da paixão
e para estes, para Lucas é a cidade santa do povo de Deus.(?)
4.3. Data , Local e autor.
A critica moderna atribui a autoria a Lucas’, o médico, o evangelho pode
ter sido redigido depois da destruição de Jerusalém após o ano de 70 d.C., quase na
época de Mt., mais exato seria coloca-lo em 90 d.C., o local é impossível de se descobrir.
O seu prólogo é anti-marcionita e a região pode ser a Acáia, ou deve ser localizado em
qualquer parte da região cristã helenística.
4.4. Teologia de Lucas.
Este escritor prega o Cristo redivivo. Faz uma biografia de Jesus completa
diferentemente dos outros evangelistas. A preocupação histórica é muito importante ao
escritor. Narra a história e as datas. O evangelho da biografia: prega a importância do
Batista e a morte de cristo. Narra a infância e outros relatos de forma artística.
Conclusão.
39
Prega a salvação universal e já acusa o retardamento da parusia e a
proximidade da formação da igreja. Trata de uma história, da escatologia. Na historia
mostra o autor que Cristo é o centro do tempo. Traz uma imagem de Jesus sem
precedentes.
5. TEORIAS DAS FONTES
Q
Mc Mt
Lc
Q
Mc aramaico
Mc grego Mt
Lc
Q
Mc
40
Mt Q Mt
Mc
L Lc
Q
Mc Mt
Lc
41
6. ATOS DOS APÓSTOLOS
Introdução.
Atos dos apóstolos é a continuação viva de Lucas, tanto na história como
na literatura. O livro começa com a narração dos atos dos apóstolos e termina com a
prisão de Paulo em Roma. A estrutura da obra é a menos unitária do Novo Testamento. A
conciliação sobre a discussão do livro de Atos ainda persiste em nossa época.
6.1. Conteúdo.
1-12- época da igreja primitiva
1-5 -comunidade inicial
1- pentecostes, eleição de Matias
2- pentecostes
3 - 4 cura do paralítico, pregação de Pedro
5,1-11 Ananias e Safira
5,12-42 prisão, Gamaliel
6- instituição dos diáconos e Estevão
7- defesa de Estevão e sua morte
42
8- Primeira perseguição da igreja, Simão o mágico, Pedro e João em
Samaria, Filipe e o eunuco
9 - conversão de Saulo, visita de Ananias, Saulo em Damasco
em Jerusalém e em Tarso, a cura de Enéas, a ressurreição de Dorcas
10 -O centurião Cornélio, visão de Pedro, visita a Jope e
descida do Espírito Santo
11- A defesa de Pedro, os discípulos cristãos em Antioquia
12- perseguição da comunidade primitiva por Agripo.
13- Barnabé e Saulo - primeira viagem missionária João Marcos
volta para Jerusalém
14- Paulo e Barnabé em Iconio, a cura de um coxo em Listra
Paulo é apedrejado
15-a controvérsia sobre a circuncisão, reunião de presbíteros e
apóstolos em Jerusalém, envio a Antioquia, 2ª viagem
missionária de Paulo e a separação de Barnabé
16- Paulo leva consigo Timóteo, a visão em Troade, Paulo em Filipos
Paulo e Silas presos em Troade, a conversão do carcereiro, saída da
prisão.
17- Os dois em Tessalônica, depois em Bereia discurso em Atenas.
18 -Paulo em Corinto, anuncio de Jesus, perante Gálio, final da 2ª viagem
missionária, inicio da 3ª viagem.
19- Paulo em Éfeso, na escola de Tirano, envio de Erasmo e Timóteo a
Macedônia, conflito com Demétrio.
20 -Paulo na Macedônia e Grécia, em Troade em Assos e Mileto.
21- Paulo em Tiro, em Cesárea, em Jerusalém prisão de Paulo.
22 - Paulo e sua defesa.
23- Paulo no Sinédrio, perante Cláudio e Felix, no pretório com Herodes.
43
24- Ananias e Teriulo acusam Paulo a Félix, ele se defende perante Felix
e Drusila.
25 -Paulo perante Festo, apela a César, Festo leva-o a Agripa
26 -Paulo fala a Agripa e é interrompido por Festo, teria sido solto se ano
tivesse apelado a César.
27- Paulo vai para Itália, perigo na viagem, naufrágio
28- Ilha de Malta, continua a viagem, em Roma, prega na prisão por
dois anos.
6.2. O Texto.
Vários textos de At. foram conservados como manuscritos: O Códice
Vaticano, o Alexandrino, o palimpsesto de Santo Efrem, o de Papias , citações dos pais
apostólicos alexandrinos. No texto ocidental o códice Cantabrigense, os papiros 38 e 48,
antigos textos latinos, glosas marginais da versão siríaca, e os padres latinos. O texto
ocidental é o mais longo com releituras. Na época da patrística já se dizia que o autor
desta obra era Lucas o evangelista.
6.3. Relação de Atos e Lucas.
Na introdução de At. mostra a relação com o Evangelho de Lucas, com a
dedicatória a Teófilo (o amigo de Deus), a menção ao primeiro livro, e a indicação
sumária com contexto. A hipótese de que este relato inicial seja uma interpolação, ou que
em princípio Lc. e At. eram um único livro. Lc. Foi conectado ao livro de At. 1,6ss a Lc
24,19. O livro foi dividido em duas partes para ser incluído no cânon.
44
A relação de estilo e de linguagem é muito grande entre estes dois
escritos.
6.4. As Fontes de Atos.
O autor de At. não conseguiria inventar todo conteúdo da obra, senão que
elaborou a partir da existência de algum material. O material da tradição ou de fontes:
escritos isolados, passagens, tradições orais fixadas através do tempo. O grande
problema comparando com outros escritos é que não existem paralelos em At. como os
outros livros.
Os indícios internos, diferenças de estilos( o eu e o nós), terminologia
contradições, duplicatas: At. 1-12 não tem tradição fora de relatos isolados, esta lista de
nomes e atos particulares de alguns discípulos tem-se passado de forma oral.
O martírio de Estevão por apedrejamento já estava escrito. Paulo
menciona o autor como sendo Saulo o líder do martírio. Os atos de Paulo. Aqui existe um
grande problema que é o relato em eu e nós. Fica muito complicada a explicação da
mudança dos pronomes e da autoria: o autor fala das testemunhas oculares narrativas em
nós , e aquele que segue Paulo em suas missões. O autor finge estar sempre com o
missionário nas narrativas em eu.
Esta situação pode se explicar que as seções em eu e nós referem-se a
uma fonte antiga e outra recente existentes do qual o escritor usou compor a sua obra. A
tese do itinerário é amplamente aceita, mas surge uma dificuldade, pois este gênero
literário não existia na época de Paulo e é bem mais recente.
45
A tese do acompanhante volta à baila. Alguém que devia ter
acompanhado o apóstolo durante as suas viagens, deve ter sido o autor. A tradição
entende ser o médico Lucas o autor desta obra ( Cl. 4,14 e Fm. 24) .
Conclusão.
O autor desta obra empregou o meio literário de informação própria para
mostra a testemunha ocular em alguns setores da vida de Paulo. O itinerário de modo
algum deve ser o fio condutor da obra senão que representa o fio mediador de 13,4-21. A
fonte de origem não cristã que não deve ter nada a ver com Paulo serve de base para o
relato da viagem 27,1-28,2 e o resto do material considerável como fonte de narração
isoladamente.
O pseudônimo de lendas em torno de pessoas e seus nomes, o interesse
milagroso caracterizam com a que as comunidades mais antigas guardavam as
recordações da época primitiva do cristianismo.
6.5. Autor, tempo e lugar.
Não foi Lc. o autor, este fiel companheiro de Paulo nas viagens. A data é
muito controvertida: entre 95 d.C. e início do II século d.C., mais ou menos 115 ou 130
d.C. O lugar da redação tanto pode ser na Ásia menor, como na Macedônia ou Grécia.
6.6. Teologia de Atos.
46
Esta obra traça a teologia da igreja nascente, em sua perspectiva
missionária. Começa a narrar no inicio a ascensão e o pentecostes até o final da missão
de Pedro e de Paulo em Roma. Aqui a obra continua a narração da historia da salvação
fazendo conexão da obra de Cristo encerrada e o inicio de uma grande obra. A missão da
igreja começa com a vinda do Espírito Santo substituindo Jesus em sua missão.
Esta pregação não é só de um apóstolo, como o mesmo título enuncia, os
atos de vários apóstolos. A história da salvação é descrita em etapas: a comunidade de
nascente, as ações dos discípulos, a origem dos apóstolos e do apostolo maior - Paulo e
a missão da toda a comunidade.
Conclusão.
A história desta obra descreve os períodos: as testemunhas oculares, a ressurreição de
Jesus, o apostolado, a comunidade de bens e pregação. Assim sendo, a teologia da
comunidade em expansão e missão, na sua pregação de Cristo, que ascendeu aos céus
e enviou o parácleto (consolação).
47
7. Evangelho de João
Introdução.
O evangelho de João ou denominado quarto evangelho é diferente dos
sinópticos em gênero e grau. Um dos maiores intérpretes de João, é Charles H. Dodd diz
que "este evangelho é como a chave de uma abóbada que não se mantém de pé".
Este é o evangelho do enigma. A tradição costumou a atribuir a autoria ao filho de
Zebedeu, o apóstolo designado como discípulo amado. O grande problema inicia quando
a obra é analisada do ponto de vista literário-doutrinário.
7.1. Evangelho de João.
O livro tem sido usado por montanistas e gnósticos como leitura freqüente. Se fosse o
discípulo amado o autor necessitar ter escrito em aramáico e não em grego. O prólogo é
um hino cristológico contra os herejes gnósticos. O evangelho é menos histórico e mais
teológico.
Outros problemas surgem: a questão literária, a questão da origem e da situação de João
dentro do quadro da história das religiões em comparação com os sinópticos: sua
48
linguagem, seus conceitos e seu simbolismo. As origens mandéia e maniquéia se inserem
dentro do escrito joanino.
7.2. Conteúdo.
1,1-18 - Prólogo
1,19 - seguindo o prólogo
1 - testemunho do Batista, primeiros discípulos
2 - bodas de Caná, a expulsão dos mercadores do templo, Jesus e
Nicodemos
3 - Jesus e o Batista, o testemunho
4 - Jesus e a samaritana
5 - a cura na piscina, discurso de Jesus
6 - milagre, caminhar sobre as águas, sinais, pão da vida, confissão de
Pedro
7 - Jesus e a mulher adultera
8 - disputa com os Judeus
9 - a cura do cego de nascença
10 - discurso sobre o bom pastor
11 - ressurreição de Lázaro, complô contra Jesus, peregrinos
12 - unção em Betânia, entrada em Jerusalém, os gregos
a glorificação, pregação
13 - 20 - Jesus e os seus
13 - lava-pés, traição e traidor, despedida
14-16 - discursos de despedida
17 - oração sacerdotal.
49
20 - relatos da páscoa
18,1-12 julgamento de Jesus
18,13-27 juízo ante o sacerdote e as negações de Pedro.
18, 28-19,16a Jesus diante de Pilatos
19,38-42 sepultamento
20 relatos da páscoa, Pedro e o discípulo amado, aparição a Maria
aparição aos discípulos, Jesus e Tomé
20,30s - primeira conclusão de João
21 o ressurrecto, aparição de Jesus no mar de Tiberiade
Jesus, Pedro e o discípulo amado
21,24.25 - 2ª conclusão do livro.
7.3. João e os Sinópticos.
Este difere e em muito dos sinópticos. Se compararmos existe uma
diversidade de detalhes. Jo. relata a história de Jesus, sua morte sua ressurreição. Se Jo.
conhecia os outros evangelhos superou-os e corrigiu-os. Ele elaborou um evangelho
diferente dos outros. A diferença começa com o marco cronológico e geográfico da vida
de Jesus.
Nos sinópticos Jesus começa pela Galiléia, em João, começa na Galiléia, em Jerusalém
em Judá. Ele fala de três entradas em Jerusalém e os sinópticos uma , os sinópticos
falam de uma páscoa, Jo. fala de várias (11,15;12,1,18,28) e outras festas (2,13;6,4). A
duração da missão de Jesus nos Sinópticos dura um ano, em Jo. mais de dois anos. Na
morte de Jesus os Sinópticos fala no 1º dia da Páscoa, no dia 15 do mês de Nisan, em
Jo. o dia anterior no dia 14.
50
Nos discursos de Jesus, os Sinópticos mostram sentenças e grupos de
ditos; e põe outro lado são meditações amplas que se parecem com diálogos polêmicos
ou didáticos. Os milagres também são mais extensos e Jo. narra alguns que não se
encontram nos Sinópticos.
7.4. Fontes de João.
Coleções de milagres, de discursos e o relato da paixão, dois inícios e dois
finais, a escatologia são as fontes do evangelista João. A fonte cristológica de Jo. é
diferente: ele esboça a preexistência de Jesus que não ocorre nos outros sinópticos. O
dualismo é uma constante, o sincretismo religioso mandeu e gnósticos ocorre em seu
pensamento.
7.5. Autor, data e local.
A igreja e a tradição sempre enfatizaram a autoria de João o discípulo
amado e certas evidências mostram isto, só que ocorre no 2º final de Jo. Neste final
ocorre uma contraposição entre Pedro e Jo. A patrística com Irineu em 180 d.C. Policarpo
de Esmirna fala que Jo. aos 86 anos sofreu o martírio em 155 d.C.
Eles pensam ser Jo. o discípulo amado, contra esta concepção tem as articulações
comparadas com os evangelhos Sinópticos, houve um presbítero chamado também João
e a notícia está em Eusébio de Cesárea e em Papias de Hierápolis.
Somente após 180 d.C. que o Evangelho recebe o nome de Evangelho de Jo., este nome
foi dado pela tradição do próprio Jo., ou seja, poderia ter sido um discípulo de Jo. Que lhe
51
faz uma homenagem. O local e a data são difíceis de se precisar. Foi escrito no Egito em
125 d.C.
Sendo que o discípulo Jo. havia morrido com Tiago seu irmão muito tempo antes. A folha
do papiro P52 que se tornou conhecido a partir de 1935 e que contém versículos de Jo.
18 e que provém do Egito e foi escrita mais ou menos em 125 d.C. nas descobertas
realizadas neste local.
7.6. Teologia de João.
A diferença do quarto evangelho para os sinópticos ocorre na exposição
de Jesus: para os sinópticos Jesus é terreno e para João é glorificado. João segue outro
esquema literário, cronológico e geográfico diferentemente dos sinópticos, a estrutura dos
discursos, a estrutura dos evangelhos em tensões e incoerências.
Conclusão.
João começa o evangelho com um hino de louvor à palavra e a criação,
combate o gnosticismo, para ele Jesus não é o Messias, o filho de Deus, mas o Cristo
Glorificado e o pastor. O evangelho no seu corpo integral é o que anuncia os semeion
(sinais). Este é o livro dos sinais e dos prodígios.
As festas no evangelho de João tem uma importância primordial, a páscoa
e das cabanas aparecem no evangelistas. O eu tem precedente em relação aos
adversários de Jesus. A fé pascal, o ressurrecto e elevado, o glorificado fazem do
evangelho de João e da sua teologia a combinação do Cristo preexistente e do exaltado.
52
8. I João.
Introdução.
Esta carta não é uma epístola comum como as que vimos anteriormente,
falta a apresentação, a saudação e a benção. Foi escrita por causa das falsas doutrinas e
de heresias. Não é uma carta para a comunidade como I Co. e outras, nem uma circular
como Gal. , mas se parece mais com Jd. E II Pe.
O Estilo, o modelo e a redação traz um problema da não unidade literária, formada por
breves e agudas antíteses, alternando com passagens desconexas e amplas.
Usa sentenças breves, apodícticas, formuladas por paralelismus membrorum precedidas
de particípio, parece-se com uma homilia parenética, interpela os ouvintes, tem origem
gnóstica, usa material tradicional da literatura cristã primitiva.
Analisando profundamente há ruptura estilística, mudança de rítmo, re-interpretação de
ditos e um tema comum: comunhão com Deus e o amor fraterno, contra o pecado e a
ênfase na inocência. Há uma escatologia futurista e uma cristologia inserida.
53
8.1. Conteúdo.
O conteúdo é contra os falsos mestres cristãos, a ameaça de heresia.
Existe uma ligação detemos , de exortação, de doutrinas e controvérsias que se
justapõe, sem rigidez nenhuma nesta epistola joanina.
1 - comunhão com os cristãos e Deus.
2 - conhecimento de Deus, vencer o mundo, contra os falsos mestres,
filiação divina e amor aos irmãos.
3 - amor ao próximo
4 - falsos mestres, amor fraterno
5 - comunhão com Deus e a conclusão
8.2. Local, data e autoria.
A controvérsia com os hereges gnósticos pressupõe o local da Ásia menor em que foi escrito ou conforme Inácio de Antioquia seria a Síria, no começo do século II d.C. ou mais tarde conforme Policarpo de Esmirna e Justino Mártir no período de 130 até 150 d.C. Autoria não é possível demonstrar, só Deus sabe.
54
9. GLOSSÁRIO.
Abóbada - parte arredondada superior de um templo ou igreja.Apócrifos- não revelados, escondidos .Apodíticos- lei que proíbe, como exemplo : os mandamentos.Ataraxia- virtude para os gregos.Aristocracia- governo da elite.Burocracia - governo do buro (escritório).Catequético- ensino , catequese.Circundante- aquele que circula.Cânon- os escritos do Antigo e do Novo Testamento.Códices, códigos- textos do Antigo ou do Novo Testamento.Controvérsia- polemica, discussão.Dualismo- doutrina grega , bem e mal, etc.Eleusis- deusa grega.Escravagista- aquele que pratica a escravidão.Genealogias- as origens do parentesco, pais, avós ,etc.Helênicos/helenizados- referentes à cultura grega.Inserções- acréscimos no meio de uma frase ou texto.Interpolações- acréscimos no meio de um texto.Logia- palavras do próprio Jesus.Mandeu - doutrina religiosa do mazdaismo( religião persa).Maniqueu- doutrina da filosofia grega maniqueísmo.Montanistas- heresia de Montano.Nag Hammadí - cidade do Egito onde foram descobertos os evangelhos apócrifos.Gnósticos - filosofia grega do conhecimento.Hereges – os que praticavam a heresia- doutrina contraria ao cristianismo.Joanina- as cartas de João.Oxirrynco - cidade do Egito onde foram descobertos os papiros do Novo Testamento.Parenética- parenese- exortação.Patrística - os pais apostólicos.Pax Romana- a paz de Roma.Perícope - o texto que está envolvido por outros textos anteriores e posteriores.Pseudepigrades- falsos escritos.Selêucidas - relativo ao governo persa.Semitismos- várias palavras hebraicas e aramaicas passadas para o grego sem tradução.Sinópticos- resumo, os evangelhos de Mc, Mt e Lc.Textus receptus- texto recebido.Uncial- manuscrito do Novo Testamento escrito.
55
10.AVALIAÇÃO.
1- O Evangelho de João foi escrito por___________________________.2- Atos e Lucas foram escritos por______________________________.3- Quantos João têm no grupo dos discípulos.
a- doisb- três.c- Um.d- Quatroe- Cinco.
4-Quantas viagens missionárias têm em Atos dos Apóstolos: a- duas. b- três. c- quatro. d- cinco. e- nenhuma
5- Quantos sumos sacerdotes atuavam na época de Jesus. a- um. b- dois. c-tres. d-quatro. e-nenhum.6-quantos manuscritos do Novo Testamento possuem,
a- cinco milb- quatro milc- três mild- dez mile- 5542.
7-qual foi a primeira carta de Paulo a se escrita.a- Gal.b- I Tess.c- I Cord- Efe- II Tess
8-Qual evangelho sinóptico foi escrito primeiro.a- Mcb- Lcc- Matd- Lc e Mate- Mar e Lc
9-Em que ano foi escrito o primeiro livro do Novo Testamento. a- 30b-40.c-45.d- 55.e-60.
10-Quando o cânon do Novo Testamento foi fechado.a- 110 d.C.b- 150 d.C.
56
c- 140 a.C.d- 300 d.C.e- 330 d.C.
11-em que ano morreu Jesus. a-30 b-33 c-35 d-40 e-5012-Nero coloca fogo em Roma e Paulo e Pedro morrem em que ano. a-54 b-68 c-60 d-40 e-56 13- relacionar . Paulo( ) ( ) Pedro Atos ( ) ( ) João Evang de João ( ) Tiago I PED( ) ( ) Gal TIAGO( ) ( ) Lucas.
14- Discuta a questão da influencia do mundo histórico – social no Novo Testamento.15- Os relatos do Novo Testamento recusam, combatem ou usam material de outras religiões para combate-las. Escreva l5 linhas.16- Quem escreveu Atos e Lucas.17- quem começa a divulgar a igreja primitiva.18- onde os cristãos receberam este nome.19-quem recusa a comer os animais impuros no N T.20-quem teve um naufrágio varias vezes no N T.21- Faça uma redação sobre a importância do estudo dos textos do N T.
11.BIBLIOGRAFIA.
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Cartas Pastorais
63
64
CARTAS PAULINAS
As cartas paulinas foram escritas pelo próprio punho do apóstolo
Paulo conforme a maioria dos especialistas é: I Tess, Gal., I e II Cor., Rom., Fil.,
Fm.
Introdução
A discussão acerca da autenticidade e da não autenticidade dos
escritos de Paulo continua evidentemente em debates. As maiorias dos autores
concluem que, estas cartas supracitadas são realmente e verdadeiramente do
apóstolo Paulo. As outras que foram atribuídas são não autênticas ou
pseudonímicas e as pastorais que não são do próprio punho de Paulo. A
bibliografia no final consultada evidencia esta colocação acima acerca da
autenticidade ou inautenticidade dos escritos do apostolo Paulo.
Começamos por analisar os escritos autênticos do apóstolo Paulo
que são a primeira escrita por ele na cronologia: I Tess, Gal, I e II Cor, Rom, Fil.,
Fm.
65
I TESS
Introdução
Conforme os pesquisadores esta carta é a mais antiga e a primeira
escrita pelo apóstolo. Esta carta foi escrita para uma comunidade em Tessalônica
que foi fundada por Cassandro no ano 315 a.C., ele era general e cunhado de
Alexandre o Magno. A cidade recebe o nome da esposa de Cassandro. Esta
cidade era o entreposto da via Ignacia que ligava Roma a Bizâncio. A cidade era
um importante centro comercial deste período.
Paulo chega nesta cidade durante a 2ª viagem missionária, na
segunda metade do ano 49 d.C. vindo de Filipos (I Tess 2,2). Esta é a cidade
depois de Filipos a ser o campo missionário de Paulo. Ele envia seu companheiro
Timóteo, depois manda a carta à esta comunidade (I Tess.3,1-10). O apóstolo
Paulo antes estivera com Silvano e Timóteo de Listra. Silvano é o mesmo que
seu companheiro Silas.
A comunidade discute sobre a questão dos mortos, a parusia, e
questões morais. Estes assuntos são os problemas fundamentais deste escrito de
Paulo à comunidade.
Conteúdo.
I Tess.
1,1 introdução
1,2-3,13 - introdução
2,1-10 ações de graça - a parte principal e central
2,1-12 apologia de Paulo - sua defesa
2,13-16 agradecimento de Paulo
2, 17 -3,5 envio de Timóteo e a lista de necessidades de Paulo.
66
3,6-10 alegria das boas novas trazidas por Timóteo
3,11-13 a intercessão de Paulo
4,1-5,22 - exortação
4,1-12 a exortação moral
4,13-18 o destino cristão dos defuntos
5,1-11 exortação a cerca do retorno de Cristo.
5,12-22 exortação na vida de comunidade.
5,23-28 Final da carta
Motivo e intenção da carta.
A carta é uma introdução moral e possui traços apologéticos contra o
paganismo. A carta tem como motivo principal as perguntas e respostas sobre a
situação da comunidade: a astúcia, a lisonja, a avareza, a procura da glória, a
falsa interpretação e a arrogância de uns membros da comunidade.
A questão sobre a vida após a morte, a vinda de Cristo - parusia, a
salvação e a ressurreição dos mortos são os motivos da carta. A carta é uma
parenese, uma forma literária conhecida no cristianismo primitivo, mais usada por
Paulo.
Data e local da composição
Quando Paulo escreveu esta carta estava em companhia de Silvano
ou Silas e de Timóteo. Paulo nota que o êxito missionário da Acáia é um sucesso.
Ele deve ter escrito esta carta durante a estadia em Corinto onde estava entre 50
a 51 d.C. o que concorda com At. 18,5 que narra a reunião deles em Corinto.
Teologia de I Tess
67
A teologia desta carta elabora uma apologia de Paulo contra o
paganismo. Ela é uma parenese - exortação moral aos cristãos desta comunidade
para que permaneçam estáveis na vida em Cristo. Paulo exorta a comunidade à
espera escatológica, a parusia ou a segunda vinda de Cristo. Outro fator
importante na teologia desta epistola é a crença na vida após a morte. Indivíduos
estavam morrendo na comunidade e levantou-se a questão da salvação dos
mortos, da ressurreição. Esta exortação do apóstolo é para que permanecessem
fieis a vinda de Cristo.
68
Introdução
Esta carta é uma biografia de Paulo e uma história do cristianismo
primitivo, é uma teologia de Paulo.
Destinatários.
Paulo à Galácia, assim começa o escrito. A confusão inicia quando
não se sabe identificar se Galácia é uma cidade ou uma região. Se for a região,
ela está relacionada com as tribos célticas ao norte na Bitínia, nos montes Balcãs,
Ásia menor. Esta região está localizada entre Sangários e Halis dois montes,
vindo daí o nome Galácia.
Esta região era composta pelas tribos de Pesino, de Ancira: hoje
Ankara, e de Távio, tudo na Turquia moderna. Foi uma região visitada por Paulo:
na Pisídia ou a Licaônia descrito em At. 13: Derbe , Listra, Macedônia. Foi durante
a primeira viagem missionária que ocorreu esta visita. Paulo prega nesta região e
talvez de Corinto na segunda ou na terceira visita tenha escrito esta carta que se
deu entre 45 a 49 d.C. Talvez seja esta carta a primeira a ser escrita, a primeira
obra do apóstolo.
A epístola aos Gálatas como a de Romanos é denominada de
testamento teológico de Paulo. A partir desta carta ele desenvolve toda a sua
teologia. Alguns autores enfatizam que esta carta pode ter sido escrita durante a
sua 2ª viagem e na visita aos Efésios, durante a sua estadia em Éfeso.
GÁLATAS.
69
Introdução.
Esta carta é a primeira de Paulo a ser escrita por ele. A defesa do seu apostolado,
a luta contra os judaizantes sempre está evidente nesta carta. A graça e a
justificação pela fé são os temas centrais desta carta. A carta pode ser dividida da
seguinte maneira:
1,1-5 prólogo
1,6-10 reprovação e começo
1,11-2,21 teologia de Paulo
1,11-14 conduta de Paulo
1,15-24 atividade entre os pagãos
2, 1-10 Paulo e o concílio apostólico
2,11-21 a disputa com Pedro
3,1-5, 12 teologia do apóstolo
3,1-5 atitude espiritual dos Gálatas
3,6-18 Abraão prefigura a justificação pela fé
3,19-25 sentido da salvação pela lei
3,24-4,7 liberdade dos filhos de Deus
4,8-11 recair em pecado
4,12-20 chamado pessoal
4,21 liberdade e escravidão
5,1-12 liberdade ante a lei
5,13-6,10 Parenese ou exortação
5,13-25 liberdade ante a lei e como proceder em espírito
5,26-6,10 exortações
6,11-18 autógrafo da carta
Literatura da carta de Gálatas
70
A carta é uma doxologia ou hino de louvor com afirmações
cristológicas. Narra as ações de graças pela fé, mostra a admiração pela
apostasia dos gálatas e o apóstolo ameaça a comunidade de anátema. Paulo na
carta demonstra: a ira, a ironia, o sarcasmo, traça as invectivas, e traz uma
intercessão.
A carta mostra a polêmica de Paulo com outro apóstolo - Pedro. A carta é
elaborada com diatribes (diatribe - crítica exacerbada, escrito ou discurso violento
e injurioso contra alguém).
Esta carta foi escrita motivada pela origem na comunidade com
hereges e heresias. Estes são os adversários do apóstolo. As afirmações de
cumprimento de lei, os festeiros e a circuncisão são os fatos originados para a
discussão de Paulo: relaxamento moral e a libertinagem e a interpretação farisaica
da lei.
Gálatas 4,10 narra o calendário festivo: dias, meses, estações, anos; culto aos
ídolos, religião celtica: gnósticos, cruz céltica, esoterismo, veneração a deusa
astral e estoicismo, retorno ao paganismo, politeísmo e nomísmo.
Os adversários do apóstolo Paulo eram os judeus cristãos e os
pagãos cristãos. São grupos ou partidos de Cefas-Pedro ou de Tiago que são anti-
paulinos. Os judaisantes: a lei e a circuncisão e os pagãos- estóicos e gnósticos.
O confronto era o nomismo versus libertinismo.
Teologia de Gal
A carta foi escrita com o objetivo também apologético contra os
judaizantes, estóicos, pagãos, gnosticos, contra o nomismo e o libertinismo. Esta
comunidade era a que tinha mais problemas e o apóstolo além de tudo se vê
privado de sua autoridade, pois havia grupos pró-petrinos.
71
CONCLUSÃO:
A carta é uma doxologia, agradecimento da fé. O apóstolo condena a
luta pelo poder na comunidade e profere o anátema contra os hereges e as
heresias. Ele condena e intercede pelos contendores da comunidade. A teologia
baseia-se na justiça pela fé
CORINTÍOS.
Introdução
A carta mais ampla que Paulo escreveu, e a maior das 4 ou 5 cartas
aos Coríntios que se conhece. Esta é uma epístola, tem forma epistolar no gênero
literário. A carta descreve a teologia da cruz através da concepção ética e
eclesiológica. Esta carta foi escrita em forma epistolar, mas tem um caráter de
liturgia eucarística.
Conteúdo
1,1-3 prólogo
1,4-9 segunda introdução
1,10-4,21 partidários políticos
1,10-17 a questão
1,18-2,5 a pregação da cruz
2,6-16 a pregação da sabedoria
3 partidos políticos
4 a luta pessoal de Paulo
5:6 problemas morais da comunidade
72
5,1-8 um caso de incesto
5,9-13 as imoralidades
6,1-11os processos de cristãos nos tribunais pagãos
6,12-20 fornicação
7 ascetismo
7,1-24 matrimônio, celibato e divórcio
7,25-38 virgindade
7,39-40 novo matrimônio das viúvas
8,1-11,1 comer carne sacrificada a ídolos
8 o amor
9 Paulo como modelo de renúncia a seu direitos
10, 1-11,1 tratamento teológico da glória de Deus
10,1-13 geração do deserto
10,14-22 banquete sagrado idolátrico e a eucaristia
10,23-11,1 liberdade, consciência e amor
11,2-34 anomalias na assembléia da comunidade
11, 2-16 uso do véu pelas mulheres no culto
11,17-34 anomalia na eucaristia do banquete do Senhor
12-14 os dons do Espírito
12,4-31 unidade da igreja
12,12-27 igreja corpo de Cristo
12,28-31 como aplicar o Espírito
13 amor com crítica e norma dos carismas
14 edificação da igreja nos carismas pelas línguas e profecias.
15 ressurreição dos mortos
15,1-11 introdução
15,12-34 o fruto da ressurreição dos mortos
15,38-58 ressurreição dos mortos
16, 1-8 notícias pessoais
16,1-4 coleta
16,5-9 planos de viagem
73
16,10-11 recomendação a Timóteo
16,12-18 notificação dos colaboradores
16,19-24 final da carta: saudações a autografia paulina
Sobre a carta
Corinto era uma cidade fundada recentemente. Tinha cerca de cem
anos de fundação quando Paulo chegou a sua missão. Antes a cidade antiga de
Corinto havia sido arrasada pela invasão romana e 164 a.C. César havia fundado
uma nova Corinto que passou a ser colônia de Roma, era a capital da região da
Acáia em 27 a.C. A importância da cidade na política e na economia estava por
ser uma capital. Passou a ser província da Grécia central e de Peloponeso.
A cidade era um porto que a tornava mais importante politicamente,
estratégica e econômica. Ficava localizada num entrecruzamento do império
romano, desta forma, sofria a influência de todas as culturas, povos e religiões,
daí a repreensão paulina acerca do sincretismo religioso. Isis e Serapis eram as
deusas, as mães dos deuses que influenciavam no culto desta cidade. Este era
um culto internacional. A depravação moral e a maledicência era característica
desta comunidade.
Os contrastes de riqueza e a pobreza eram evidentes, pois era uma
cidade comercial (portuária ), industrial e financeiro da região, era a capital da
Acaia. Industria textil e a de couro prevaleciam na economia. Corinto como capital
era o centro da missão paulina também. Nesta missão tinha um corpo missionário
elaborado por Paulo que saiam desta cidade para outros locais: Silas, Timóteo,
Priscila e Áquila, Estefanes, Acaico, Crispo e Gaio, Fortunato, Tício o justo. A
comunidade era composta de pobres e ricos, era muito organizada inclusive
enviava missionários para o trabalho como Apólo por exemplo.
Motivo de I Co.
74
Paulo recebe notícias sobre a comunidade de que havia grupos que
disputavam o poder: a questão da carne sacrificada 8,1; dons do Espírito 12,1; a
coleta 16,1; Apolo 16,12: as lutas de partidos dentro da comunidade, os
processos judiciais de cristão contra cristão em tribunais pagão, a questão do
nomismo judaico, os carismas e os carismáticos que produziam complexo de
inferioridade nos membros da comunidade por uns terem dons e outros não: como
milagres, profecias, e a glossolalia.
Os cristãos eram divididos em carismáticos e os não carismáticos, os
perfeitos e os carnais, pneumáticos, os imaturos, a questão da ressurreição, a
gnosis infiltrada, a interpretação mágica dos sacramentos, concubinato,
relaxamento moral, ascetismo negando a sexualidade, os sacrifícios, comer e
beber, a idolatria, os partidos de Paulo, Apolo e Cefas. Os partidos e os partidários
entram em conflito para, tomar o poder na comunidade I Co. 3,11.
Hipóteses de outras cartas:
I Co. 5,9 A hipóteses de outras cartas.
C II Co 2,3c
A I Co. 6,12-20 e II Co 6,14-7,1 A + I Co. 5,9
A I Co. 9,24-10,23
A I Co 11,2-34; 16,7b-9,15-20
B I Co 1,1-6,11;7,1-9,23; 10,24-11,1;12,6.
Data
A carta pode ter sido escrita entre 53 a55 d.C. em Éfeso na
primavera. Outros autores preferem na primavera de 55 d.C. ( Kuemel, Robinson
e Petersen)
teologia de I Cor.
75
Esta carta apesar das dificuldades apresentadas na questão da
redação e da suposição de outras existências de fragmentos apresenta uma
teologia da cruz, a luta individual do apóstolo contra a existência de partidos
políticos, os problemas morais.
Conclusão:
Porém a teologia mais evidente deste fragmento é a teologia da
cruz, da ressurreição, da glória e da igreja. Aqui inicia-se na obra do apóstolo a
eclesiologia paulina e a pneumatologia.
II Co.
Introdução
Esta carta no cânon atual é a segunda, mas na realidade conforme
as hipóteses seria a terceira ou fragmentos da terceira e da quarta carta. A carta
tenta resolver a questão da sucessão apostólica. Foi denominada a carta das
lágrimas, porque reflete a rixa entre o apóstolo e a sua comunidade com muitos
problemas. Esta carta é uma apologia do ofício do apostolado.
Conteúdo
1,1-2 Prólogo
1,3-11 eulogia
1,12-2,14 glória de Paulo
1,15-2,4 plano de viagem de Paulo
2,5-11 ofensa de Corinto
2,12-13 nostalgia de Paulo
76
2, 14 -7,4Função apostólica
2,14-4,6 a parusia
2,14-17 apostolado
3,1-6 critério de apostolado
3,7-18 diaconia
4,1-6 parusia
4,7- 6,10 doxologia
4,7-5,10 doxologia
4,7-18 zoê e tanatos( vida e morte)
5,1-10 futuro
5,11-6,10 zoê(vida)
5,11-19 nova criação
5,20-6,10 pregação
6,11-7,4 compromisso
7,5-16 Tito e a reconciliação com Corinto
8;9 coleta
10-13, 10 função apostólica
10,1-11 confiança
10,12-12,18 ousadia de Paulo
10,12-18 auto - elogio
11,1-21 suportar o auto - elogio
11,22-12,18 - execução do auto - elogio
11,22-33 glória segundo a carne
12,1-10 glória da debilidade
12,11-18 conclusão
13,1-10 terceira visita e as cartas
13,11-11 conclusão da segunda carta
Motivo da carta
77
Novos conflitos surgiram desde a I Co. B e na II Co. Paulo estava
contente por ter resolvido vários problemas da comunidade, mas fica perplexo
com o surgimento de vários e novos problemas. Esta carta foi redigida desde
Éfeso como em I Co. 16,19. Paulo enuncia em forma de catálogos de vícios da
comunidade a sua situação moral não conveniente. Esta carta foi redigida como
forma de disputa sobre a apóstolicidade de Paulo. A sua forma de narrar pode ser
denominada de carta das lágrimas. A carta é uma apologia anti - sofista. Narra
que os falsos apóstolos, os hebreus, os descendentes de Abraão gloriam-se de
sua ascendência judaica aos cristãos.
Ainda na carta o apóstolo trata da heresia cristológica do Teios aner, uma
cristologia adversária e pneumática. Os judaizantes criam situações de embaraço
ao apóstolo, a circuncisão é peça central da discussão, o legalismo se torna um
problema sem solução na comunidade. Os partidos destas situações na
comunidade passam a serem adversários do apóstolo.
Unidade literária
Parece ter uma falta de unidade literária na construção de II Co.
como houve na I cor. Nesta II cor 7.7-16, os capítulos 8 e 10-13, mais 1-9,
parecem ser uma carta independente do resto. Na realidade esta carta é
composta de fragmentos: 1-7 interrompe em 2,13; e continua em 7,5;2,14-7,4
onde trata da autonomia sobre a função apostólica. II Co. 6, 14-7,1 rompe o
contexto geral da carta.
Os dados e as referências mencionadas por Paulo nas cartas anteriores I Co. 5,9;
II Co. 2,3s. As coleções de cartas paulinas ou de fragmentos compõem estas
cartas. II Co.10-13 é continuação de 7 ou de 8s. ; pois 1-9 trata de outro assunto.
78
A carta de reconciliação e carta de lagrimas são coisas diferentes. II Co. 8 e 10
narram a coleta e podem ter sido parte de uma ou da mesma epístola.
Situação atual de II Coríntios.
Esta carta pode ser dividida em:
- Carta de lágrimas 2,14-7,4 sem 6,14-17; 10-13 é a carta C .
- Carta de reconciliação 1,1-2,13 ; 7,5-16,9 carta D ou a IV Co.
- Carta de recomendação a Tito e seu companheiros. E (perdida)
Data
Se I Co. foi redigida na primavera de 55 ou 56 ou 57 em Éfeso, então
a II Cor. também é redigida em Éfeso porém no outono de 56 ou 57 ou 58 d.C.
Teologia de 2 Cor.
A teologia desta carta inicia com a defesa do apostolado, um
combate contra o gnosticismo e o dualismo. A carta fala da vida e da morte, do
futuro e da nova criação. Das boas obras condena as obras da carne e enaltece
as obras do espírito, ela é denominada de carta das lágrimas e do sofrimento do
apóstolo.
Conclusão:
79
A luta nesta carta continua contra os partidos políticos e que foi
possível a solução desta luta interna. A teologia central da carta esta na
eclesiologia, como deveria ser a igreja almeja por Cristo e por Paulo.
Filipenses.
Introdução
Esta epístola é uma parenese, tem uma fundamentação teológica
através de um livro cristológico. A carta funcionou como forma de hino na
comunidade da cidade.
Conteúdo da carta.
1,1-2 Prólogo
1,3-11 introdução, segundo prólogo
1,12-3,1 apóstolo e a comunidade
1,12-26 Paulo prisioneiro
1,12-14 o evangelho
1,15-20 amigos e inimigos de Paulo
1,21-26 processo
1,27-2,5 vida cristã
2,6-11 hino a Cristo
12-18 luta pela salvação
2,19-30 recomendação a Timóteo e Epafrodito
80
3,1 parenese e exortação à alegria
3,2-4,3 Falsos mestres
3,2-3 polêmica
3,4-14 apóstolo e o cristão
3,15-4,1 falsos mestres
4,2-3 exortações pessoais
4,4-9- Parenese
4,10-20 Envio da coleta
4,21-23 Final da carta, saudações e benção.
Comunidade ou a igreja.
Filipos foi criada em 359/357 a.C. pelo rei Filipe II da Macedônia pai
de Alexandre o Magno, foi a sua residência real. A cidade era rica em ouro e prata
e a economia fundada na agropecuária. Era importante na política e os distúrbios
políticos eram constantes. A cidade era um dos quatro distritos da província
romana na Macedônia.
De 43 a 30 a.C. Augusto César transformou a cidade em colônia militar, a
população era mista de gregos e macedônios com governo romano –gentilicum:
pretores e lictores. Estava na rota comercial da via Ignácia que ligava Roma a
Bizâncio. Tinha uma influência enorme da cultura e dos cultos dos povos que lá
aportavam. O culto era dos gregos sobre os mistérios com vários sincretismos
orientais.
Foi a primeira comunidade fundada por Paulo na 2ª viagem missionária em 48/49
d.C. O comércio de púrpura, e outras mercadorias, como o latifúndio fazia da
comunidade diferenciação social na composição da comunidade. A questão
central era a pobreza em contraste com a riqueza. Paulo sempre teve bom
relacionamento com esta comunidade. Parte desta comunidade a ajuda financeira.
Deve ter sido redigida na prisão.
81
Redação
Ao contrário das epístolas de Gálatas e Romanos, a epistola aos
Filipenses tem rupturas temáticas, unidades, e estilos literários. A carta possui um
hino e parenese (consolação), exortação. Os inimigos aqui são externos e não
internos. A carta também é composta de fragmentos, pelos estilos literários:
4,4-9 fragmentos - polêmica contra os hereges.
3,2 - 4,3 carta das lágrimas última epístola de Paulo aos Filipenses.
Hipóteses sobre os Filipenses
Carta A 4,10-20 ações de graças.
Carta B 1,1-3,1 e 4,4-9. 21-23 carta maior.
Carta C 3,2-4,3 polêmica contra herege.
Teologia de fil.
A teologia desta epístola esta centrada na vida de Cristo, e na vida
cristã, no comportamento moral dos cristãos que devem seguir a Cristo como
modelo. Abandonar os falsos mestres e seguir o verdadeiro mestre que é Paulo
que segue o maior dos mestres que é Cristo, o mestre dos mestres.
Conclusão:
Esta epistola foi escrita no ardor do apostolo Paulo em combate com os gnósticos.
O hino cristológico encontrado no capitulo 2 é o tema central da carta. O hino é um
82
cântico de exaltação do poder de Deus, da humilhação de seu filho, para que o
homem pudesse ser salvo.
FILEMON
Introdução
Carta sobre o escravo. Paulo relata da prisão que o fugitivo Onésimo
deveria retornar ao seu proprietário Filemon.
Conteúdo
1-3 Prefácio
4-7 Introdução
8-20 Pedido para acolher o escravo fugitivo Onésimo
21-25 Conclusão: visita e saudação
Motivo
Paulo escreve de uma prisão, ao destinatário Filemon e os
destinatários Apia, Árquipo e à comunidade da qual Filemon participava. Onésimo,
o escravo é um Colossense, Cl. 4,9. Este deve retornar ao seu dono em Colossos.
Deve ser devolvido e perdoado pelo que fez por seu dono.
Época e lugar da redação
83
Paulo está preso v1,9s,13.22s. e não esta longe de onde residia Filemon,
deve-se então supor que esta preso em Éfeso em meados do ano 50 d.C.
Teologia da carta a Filemon.
A carta é composta de vários fragmentos e muita polemica com seu
conteúdo. Neste período do apóstolo estava em evidencia o modo de produção
escravagista. O período grego e o período romano enfatizam as duas formas de
ou modelos de escravos. A discussão era se Paulo era ou não escravagista, se
ele usou ou não escravos como seus trabalhadores.
A carta trata exatamente que ele devolve o escravo Onésimo a um
convertido em seu trabalho Filemon. Os dois eram convertidos em suas
pregações. Está evidente que ele não poderia ficar com o escravo por causa das
leis existentes em sua época, e que poderia ser acusado de receber e ficar com
um escravo fugitivo poderia ser penalizado conforme a lei romana. Paulo opta por
seguir a lei e o costume de sua época, devolver o escravo, conseqüentemente
segue a época. Não faz ele a apologia da escravidão, mas da lei da escravidão.
EPÍSTOLA AOS ROMANOS
Introdução
84
Paulo escreve várias cartas a comunidades fundadas por ele em sua
missão. A carta aos romanos é um testamento teológico do apóstolo. Esta epístola
é que provocou em várias épocas a revolução da teologia: Agostinho, Lutero,
Barth, etc...
Eduardo Lohse opina sobre esta carta como sendo a justiça de Deus
e que Rom.1-16 é o miolo da epístola. Este texto determina todo o pensamento e
a teologia da carta em si.
Existia uma comunidade em Roma, Rom.1-8. Paulo não a conhecia e
gostaria de visitá-la, 1,10ss, mas alguma coisa o impede que se faça de concreto
esta visita15,22ss. Nunca se fala na carta quem fundou a comunidade, nem o
nome de missionários no local ou que estivessem ainda por lá. Os cristãos
desconhecidos chegaram por lá e fundaram esta comunidade At.2,10. Viviam por
lá judeus de Jerusalém que haviam se convertido e se mudaram para Roma por
algum motivo.
O imperador Cláudio elabora um edito contra os judeus. Suetônio,
um escritor romano, em seus escritos menciona Cresto ( nome muito comum e
fácil de ser encontrado entre os escravos daquela época ) que trazia convulsão no
império com suas idéias. Em At. 18,2 narra a expulsão de judeus - cristãos de
Roma. A comunidade era formada por gentios. Nero no ano 54-68 d.C.: revogava
o edito de Cláudio e permite o regresso de judeus para Roma. A maioria dos
representantes da comunidade era composta por gentios, mas havia também
judeus convertidos.
As outras cartas de Paulo são diferentes da carta de Romanos. Ele
sempre esteve ou fundou a comunidade.
85
Esta é uma carta doutrinária, com argumentação e lógica. Deveria estar
ocorrendo alguns problemas na comunidade com os judaizantes. Esta carta é
denominada de: Teologia de Paulo. Também pode ser denominada carta polêmica
ou a carta da discórdia (P.S Minear e G. Klein). A carta foi escrita em Corinto, de
onde vai para Jerusalém levar a coleta efetuada 15,22-23. A diaconisa Febe
levará a carta para Roma por mandado de Paulo 16,1. A data mais provável é a
de 56 d.C., pois neste período Paulo, era o hospedeiro de Gaio 16,23 e faz parte,
a carta de correspondência lida em Corinto.
Romanos 16 é parte de uma outra carta, ou restante de outra. Deve
ser pós-paulina e tem outro redator, pois existem duas conclusões ou doxologias.
Entendemos que a terminologia é pós-paulina ( Deus eterno - Deus sábio, etc. não
é de Paulo).
As duas doxologias em 15 e 16 são completas. A teoria mais provável, depois de
séculos de discussão, é que a segunda doxologia foi dirigida à Igreja de Éfeso
onde Febe deveria passar para levar a carta de Paulo. Na cidade de Éfeso, os
copistas pegaram a carta de Paulo aos Romanos mais a carta de Éfeso e
copiaram tudo como se fosse uma, juntando Rm. 1-15 e a doxologia de Éfeso que
virou o cap. 16 ( G.Friedrich, J. Munck, W. Schmithals).
Esboço Literário e Teológico de Romanos:
Rm. 1,1-17 . Introdução com ênfase nos v. 16-17 ( tema da carta).
Rm.1,18-3,20.2. A necessidade para a revelação da justificação de
Deus
Rm.1,18-321- A revelação de Deus como Ira ao gentios.
Rm.2.1-3, 20.2.2 - Juízo sobre os judeus -
Rm. 3,21-4,253. A justificação pela fé -.
Rm. 5,1-8-39 A justificação pela fé como realidade da liberdade
escatológica- Centro teológico ou coração da epístola.
86
Rm.9,1-11.3 . apologética, a justificação de Deus e a questão de
Israel
Rm. 12.1-13, A justificação na vida diária do cristão -
Rm. 15,14-33. Conclusão -
Rm 16,1-27 polemica - aconselhamento, Carta de Recomendação.
Ernest Kaesemann e Anders Nygren opinam que a epistola aos
Romanos é o Evangelho mais puro e que a idéia fundamental da carta é: a justiça
que provem de Deus, que ocorre entre os eons ( tempos - períodos). A função do
apóstolo é pregar este evangelho e que o justo viverá pela fé.
Franz Leenhardt comenta esta epistola de que o autor foi o mesmo
Paulo e que foi escrita entre 56 d.C. quando o apóstolo chega a Acaia antes de ir
à Jerusalém ( Rm. 15,25-26), na casa de Gáio seu hospedeiro que pode ser a
pessoa batizada por ele em Corinto ( I Co. 1, 14), e encarrega a Febe, diaconisa
de Cencréia no porto de Corinto para entregar as cartas. Sobre a comunidade ele
não conhecia, mas era uma comunidade formada de judeus libertos da escravidão
romana, durante o reinado do imperador Cláudio. Que a doxologia de Rom 16
não é paulina pelos termos existentes, mas pós - paulina.
Teologia de Romanos
Esta carta é o testemunho teológico do apóstolo Paulo.
Nesta obra ele elabora toda a sua teologia. Teologia esta que é a
justificação. Ele inicia seguindo o Antigo Testamento e a sua interpretação,
transformando esta leitura do Antigo Testamento com o cumprimento em Jesus
Cristo. Fala da ira de Deus aos que se imaginam protegidos pela eleição, mostra
que agora a eleição é pela fé, e exorta na aceitação de Deus em Jesus pela fé.
87
OUTRAS CARTAS PAULINAS.
Introdução
Estas cartas por muitos autores são consideradas de Paulo, mas se
for feita uma análise mais profunda a teologia pode ser de Paulo, mas o grego e o
estilo literário ano pertence ao apóstolo. Por outro lado a época em que foram
escritas se confirmadas as datas aos bem depois da morte do apóstolo . Então
impossível de ser escrita por Paulo depois da sua morte. Isto, pode ser detectado
pelo estilo e por termologia utilizada nos escritos que são pós- paulinos. Estas
cartas deutero -paulinas são: 2 Tess, Col, Efe, e as pastorais como 1 Tm, 2Tim
2 Tess
Introdução
Esta é uma carta apocalíptica e Paulo não escreveu neste estilo literário do
apocalipse. 2 Tess 2, 1-12 é um apocalipse com declarações escatologicas
falando de perseguições e de tribulações. Esta carta é a mais complicada do N.T.,
pela sua forma redacional e a sua composição literaria, formação literária. A carta
é deutero- paulina.
A seqüência teológica - escatológica, a eliminação do tempo do poder,
aparecimento do adversário nos céus, começo da apostasia e sim depois o dia
final ou a parusia do Senhor. Podemos fazer uma interpretação mitológica com a
afirmação velada da apocalíptica e com influencia gnóstica.
88
A carta como a I Ts. fala de Paulo, Silvano e de Timóteo, pode ser
uma forma fictícia., por isso se r adicionada aos escritos paulinos. Ela foi redigida
no ano depois do ano 70 d.C. Esta foi a primeira epistola atribuída a Paulo e
depois colocada em duvida a autoria e autenticidade paulina, por vários motivos:
a. a escatologia : não é uma forma paulina, pode-se notar através dos escritos
autênticos que esta forma ano ocorre. Este escrito fala do anti-Cristo ( Nero)e é de
68-70 d.C., Paulo não usa a apocalíptica como gênero literário, e não falou do fim
próximo.
b. relação literária: as duas Tess. são próximas literariamente, exceto a
escatologia, a primeira é parenética e a segunda é catequética. A II Ts. foi escrita
no período de 70 d.C. e reflete a destruição de Jerusalém na mesma época, esta
carta foi escrita por um discípulo de Paulo, é pseudepígrafe e pós paulina.
Conteúdo de II Ts.
1,1-2 Saudação
1,3-12 Vinda de Cristo - Parusia
2,1-12 Apocalipse
2,13-17 Salvação
3,1-5 Palavra de Deus
3,6-15 Trabalhar sem cessar
3,16-17 Benção final
Esta carta é deutero-paulina , pelos motivos expostos acima, é
pseudepigrafe. A carta é elaborada por várias formas e divisões, uma mistura de
escatologia e com terminologia apocalíptica.
89
Teologia de 2 Tess
Esta teologia mostra com evidencia a não paternidade paulina. Esta inserida na
obra a escatologia e o apocalipse que são características do apóstolo Paulo. A
carta centraliza sua mensagem na parusia que não chega e que se deve
continuar a trabalhar e não cruzar os braços esperando a segunda vinda do
Senhor.
COLOSSENSES
Introdução.
Esta carta é doutrinária, está dedicada para a discussão e
controvérsia com os hereges. Composta em vários conteúdos influenciados pela
gnose.
Comunidade.
Colosso é uma cidade da Frígia nas margens do Rio Lico. Era uma
encruzilhada ou entreposto para quem se dirigia para o Oriente nas rotas
comerciais e das caravanas em seus negócios. A cidade foi fundada em
homenagem a um tal Éfeso Tauro. Era uma cidade rica e comercial, não era tão
importante quanto Laodicéia e como Hérapolis. Ela foi destruída como ocorreu
com Laodicéia num terremoto em 60/61 d.C. por isso se tornou pouco importante.
A comunidade era ameaçada por uma heresia e a comunidade pede socorro ao
apóstolo que está prisioneiro. Os hereges vem de duas cidades próximas a ela , já
90
citadas. A carta fala de certa filosofia "elementos deste mundo". Não é a filosofia
normal dos gregos, mas certa especulação e dualismo.
A forma desta doutrina que faz parte da heresia: o estoicismo. Esta filosofia
estóica é mais um fundamento moral que filosófico. O estoicismo prega a prática
da abstinência, contrário ao epicurismo que é a prática de todas as coisas. A
questão está na comida e a bebida: carne e vinho ofertados aos deuses e a
abstinência sexual.
A carta narra a mortificação da carne e o despojo do corpo carnal
(2,11.23). Outro fator importante implícito é a questão dos cultos de mistérios e o
fenômeno sincretista, a gnosis.
Data, redação autor.
O autor não é Paulo, ela é deutero - paulina. Foi redigida em Éfeso,
na língua e no estilo diferem de cartas autênticas do apóstolo Paulo. Ela está
inserida dentro da tradição paulina, mas não é dele. A teologia pode ser do
apóstolo, a luta da carta é contra a gnosis e a data mais provável é de 80 d.C.
Conteúdo de Colossenses
1,1-2 - Prefácio
1,3-8 - Introdução
1,9-2,23 - Senhorio de Cristo
1,9-11 - Conhecimento de Deus
1,12 - Cristo Salvador e criador do mundo
1,21-23 - Exortação em se manter no evangelho
1,24-2,5 - Apóstolo, evangelho e a comunidade
91
2,6-23 - Hereges
2,6-15 - Senhorio de Cristo
2,16-23 - Liberdade ante as prescrições legais
3,1-4,6 - exortação
3,1-4 - exortação
3,18-4,1- Deveres domésticos
4,2-6 - Exortações finais
4,7-18 - Final da carta
4,7-9 - Notificações pessoais
4,10 -17 - Saudações
4,18 - Autógrafo
Teologia de Col.
A teologia da epistola de Col esta centrada no Senhorio universal de
Cristo. Este que é o Salvador e o Criador do mundo. O autor demonstra o
conhecimento de Deus, fala da fidelidade ao evangelho como boa nova
diferentemente da pratica da lei. A carta prega os deveres domésticos e a
parenese. A exortação da fidelidade à Cristo, prega ainda contra certas heresias
da comunidade. Esta carta deveria ser chamada de Carta aos Laodicenses. Tem
uma Cristologia implícita e uma Eclesiologia inserida em seu bojo.
EFÉSIOS
Introdução
Esta carta é uma exortação doutrinária para uma comunidade
formada por judeus e cristãos.
92
Conteúdo
1,1-2 - Prefácio
1,3-3,21 -Introdução – vocação dos pagãos
1,4-14 - louvor a Deus
1,15-23 - Petição aos pagãos
2,1-3,13 - Salvação
2,11-22 - Os gentios passam da morte para vida
3,1-13 - Apóstolo administrador do ministério divino
3,14-21- Petições doxologia
4,1-6,20 - Parenese e conduta da vocação
4,1-16 - Unidade da Igreja e a conduta da mesma
4,1-6 - a Unidade
6, 1-16 - Dons e Cristo
4,17-24 - Conduta gentil
4,25-5,20 - Exortação
5,21-6,9 - Deveres domésticos
10-20 - Armadura divina
6,21-24 - 0 Fim da carta
6,21-22 - Tiquico
6,23- 24 – Saudação final.
Motivo
A carta se parece com a 1 e 2 Tess. : as ações de graças, a petição,
a epístola e a parenese, falta-lhe o núcleo central. Os destinatários desta carta
são: Tiquico é o portador da mesma carta, redigida na prisão, e a comunidade é
Éfeso. Em todas as cartas Paulo tem uma identidade para escrever que é “prós”,
mas nesta carta em manuscritos mais antigos ocorre “en”. Isto pode ocorrer pela
falta de um destinatário ou de um local, foi levada por Tíquico e que a carta
93
deveria ser lida em várias comunidades. Desta forma a carta não é paulina e sim
deutero- paulina.
Efésios é uma narração em linguagem do culto e litúrgica. Na carta
existem muitas partes glosadas. A linguagem teológica é paulina, tem a sua
paternidade, mas o estilo literário e terminológico não é dele, pois difere e em
muito. Comparando Ef. Com Col. Anterior, esta é dualista, tem acúmulo de
sinônimos, construções com preposições, interrogações indiretas e infinitivos em
abundância, formas longas e desproporcionais e com muitos semitismos.
Existem re-elaborações, interpolações posteriores que foram acrescidas nas
leituras das comunidades. A epístola é uma parenese com diferenças teológicas
gritantes em relação as anteriores. É uma carta eclesiologica, reflete a estrutura
eclesial pós paulina. A data provável pode ser do final do I século d.C., talvez 80 a
90 d.C. ou até no início do II século em 100 ou 110 d.C.
Teologia de Efésios.
A carta fala da salvação, tanto de pagãos como de judeus. Também
é uma parenese sobre a unidade da igreja. A advertência e a exortação quanto à
conduta dentro da igreja. Exorta a mesma a ter unidade. Também é uma carta que
prega os deveres domésticos, como a de Colossenses.
A eclesiologia prega a unidade dos judeus e gentios. Usando uma
linguagem antropológica e mistura o homem com o homem celestial. Combate a
heresia gnóstica e por isso usa esta linguagem gnóstica e mitológica.
AS CARTAS PASTORAIS
Introdução
94
Estas cartas são denominadas de pastorais pela forma de narração,
de escrito e por serem consideradas com funções pastorais. Elas não são
autênticas paulinas. A linguagem e o estilo não são de Paulo. São também
pseudonímicas e pseudepígrafes.
Conteúdos.
I Tm.
1,1-2 - Prefácio
1,3-20 - Combate à heresia
1,3-7 - Encargos
1,8-11 - O evangelho com o lei
1,12-17 - O apóstolo
1,18-20 - Outro encargo
2,1-2 - Disciplina eclesiástica
2,3-7 - Oração pela autoridade
2,8-15 - Oração por homens e mulheres
3,1-13 - Comportamento do bispo e do diácono
3,14-16- igreja de Deus
4 - Combate à heresia
4,1-5 - Hereges como ascetas
4,6-11 - Encargo
4,12-16 - Timóteo modelo de vida
5,1-6,2 - Disciplina eclesiástica
5,1s - Comportamento na Igreja
5,3-16 -Viúvas
5,17-19 - Presbíteros
5,20-25 - Exortação a Timóteo
6,1s - Escravos
6,3-21- Advertência e exortações
95
6,3-10 -Falsos mestres
6,17-19 -Exortação a Timóteo pelo combate a fé
6,20s - Saudação e paz
IITm.
1,1s -Introdução
1,3-14 - Proêmio
1,15-18 - Paulo
2,1-4,8 - Exortação a Timóteo
2,1s - Doutrina
2,3-6 - Alegria no sofrimento
2,7-13 - Sofrimento de Paulo
2,14-26- Hereges
3,1-9 - Hereges
3,10-4,5 - Doutrina do apóstolo
4,9-21 - martírio do apóstolo
4, 9-12 - A situação de Paulo
4,13-15 - Encargos
4,16-18 - Processo do apóstolo Paulo
4,19-21 -Saudações
4,22 - Final da Carta
Tito
1,1-4- Prefácio
1,5-3,11 - Disposições eclesiásticas
1,5-16 -Missão de Tito em Creta
1,5s - Ordenação dos presbíteros
1,7-9 - Bispo como modelo
1,10-16 -Heresia
2,1-10 - Deveres domésticos
2,11-1s - História da salvação
96
3,1s - Cidadania
3,3-7 - Fundamento da História da salvação
3,8-11- Combate aos hereges
3,12-14 - Final da carta e notícias pessoais
3,15 - Saudação final
Destinatários
A carta é enviada aos colaboradores mais importantes do apóstolo.
Porém estes escritos são pseudonímicos. Timóteo de Listra é filho de um pagão e
uma judia cristã chamada Eunice em At. 16.35.
Desde a 2ª viagem missionária de Paulo este foi o seu acompanhante assíduo, e
aparece como colaborador na coleta para a comunidade pobre de Jerusalém. Ele
é citado em muitas cartas de Paulo e também nas cartas deutero-paulinas.
Tito só é conhecido em gálatas e em 2 Coríntios, ele era um pagão
cristão, talvez grego de nascimento e foi eleito por Paulo para tarefas especiais.
Os escritos
A partir da Macedônia, Paulo deixa Timóteo em Éfeso para combater
os hereges. Para se encontrar de novo com Paulo onde recebe os escritos para
retornar de novo a Éfeso. Paulo deixa Timóteo em Creta, onde organiza as
comunidades da ilha e também deixa Ceutas na luta contra os hereges em
Nicopolis, Artemas ou Tiquíco sucede-o na ilha de Creta.
Timóteo vai a Malta como narra II Tm. Nesta epístola diz que o apóstolo está
preso em Roma perto de sua morte e com processo romano adiantado.
Paulo se defende. Onesífero visita o apóstolo, Lucas se encontra com ele onde
redige sua carta. Seus colaboradores, Demas em Tessalonia, Crescente na
97
Galácia ou Gália e Tito na Dalmácia, Tiquico em Éfeso e Timóteo ainda se
encontra na mesma ilha. Paulo lhe pede para que traga Marcos e os livros que o
apóstolo havia deixado em Trôade. Notifica a Eranto que estava em Corinto e
Trifimo enfermo em Mileto.
A situação de II Tm não encaixa com os dados das outras obras de Paulo e das
pastorais, mesmo assim deram como obras paulinas, mas estes encaixes que
faltam declaram que não são do apóstolo.
Linguagem e Estilo literário
As cartas pastorais são muito uniformes entre si em estilo e a
linguagem, mas muito diferentes dos outros escritos de Paulo. A teologia pode ser
a mesma, tem a paternidade paulina, mas, assim mesmo, difere também da
teologia paulina.
Fala dos falsos apóstolos, dos falsos mestres, da Igreja, da hierarquia eclesial, da
falsa doutrina, da profecia e do futuro, do gnosticismo, da qnose falsa, dos mitos,
potestades angelicais e os eons, dualismo e proibição de matrimônio mistos,
abstenção de alimentos, pureza ritual, ascetismo, acusações morais, catálogo de
vícios, de bispos, presbíteros e diáconos. Estes temas em sua maioria e nos
demais estão ausentes nos escritos autênticos do apóstolo.
A disciplina na Igreja e a sua hierarquia são fatores predominantes
para datar estes escritos no final do I século e meados do II século d.C. A oração
cultual, comportamento de homens e mulheres, deveres domésticos não são
características de Paulo.
Datas e Locais
98
No capitulo sobre cânon e o texto como havíamos dito que estes
escritos somente foram acrescentados ao cânon no início do II século d.C.
Marcião data estes manuscritos do ano 130 d.C. e os localizas na Ásia Menor.
Elas são pseudonímicas. Pode ser da época de Policarpo e que este seria o autor
das pastorais em Esmirna por causa das heresias correspondentes.
Teologia das pastorais
A teologia das cartas pastorais parte da proximidade de seus
escritos com a organização da igreja nascente e da hierarquia. Esta teologia é a
eclesiologia. Trata dos cargos eclesiásticos, dos deveres domésticos, de
apóstolos, de discípulos dos apóstolos: dos bispos ( 1 Tm. 3,1-7; Tt.1.7-9); dos
presbíteros ( 1 Tm. 5,17-19; Tt. 1, 5s), do presbitério como região eclesiástica ( 1
Tm. 4.14); os diáconos ( 1 Tm. 3.8-13) e das viúvas( 1 Tm. 5,3-16). Estas epistolas
descrevem fórmulas do culto, o comportamento de homens e de mulheres ( 1 Tm.
2s) e os deveres domésticos ( 1 Tm. 5).
Conclusão:
Evidentemente, as epistolas, são escritas contra heresias e narra
uma forma nova de deveres domésticos ( Tt 1 s). A teologia centraliza-se nos
deveres e no comportamento domestico, no comportamento dos cargos públicos e
eclesiásticos. Encontramos nas epistolas um catalogo de vícios ( o que pode fazer
e o que não deveriam fazer) isto tudo sob o influxo do estoicismo, do epicurismo,
do cinismo. Nas cartas ainda encontramos fórmulas cristológicas e formas
litúrgicas. Incentiva-se piedade e a sã doutrina.
99
CARTAS PASTORAIS
CARTA AOS HEBREUS
A questão da teoria da Epistola de Hebreus permanece em
grande discussão, quem escreveu esta Carta não deu nenhuma informação
acerca do seu escritor.
Alguns autores baseados em Hb 13.23-24 sugerem a
paternidade paulina. Este texto comenta que não há muita esperança que se veja
o resultado da leitura desta Carta. Este texto é uma conclusão orientada para ser
reconhecida como paulina. É uma adição secundária possivelmente não é do
autor de Hb, mas de um colecionador de escritos; por outro lado, este
colecionador deseja ser entendido no contexto da teologia paulina. Em outra
visão, lembra a tradição que através da interpretação das Cartas, tem sido
atribuída a várias personalidades de cristianismo primitivo. O mais correto da
atualidade, é a afirmação de que o autor é desconhecido. O acordo entre
escritores hoje, é que o autor foi familiar à tradição judaica, e que conhecia
profundamente o Antigo Testamento e faz uma hermenêutica judaica para os
judeus helênicos. Quem escreveu Hb conhece bem o método da retórica.
Quem escreveu esta Carta era um mestre e professor na
igreja Hb 1.2, 2.1, 5.12, 6.1-2 , 13.9. O escritor era um bom ouvinte. Ele evidência
que o cristão deve viver para a fé. Esta é a nova interpretação compreensiva da
pregação de Cristo.
Augusto Strobel considera Apolo como escritor de Hb. Hans
Hegermam diz que o escritor tinha uma grande proximidade com Paulo, que era
seu companheiro e teve uma educação judaica helenística.
100
Erich Grässer, discorda de todos desses autores anteriores
dizendo que, o escritor aos Hb era pseudomínico. Esta obra foi redigida, conforme
a feminista E. S. Fiorenza, dizendo que, quem escreveu Hebreus foi uma mulher,
e esta mulher que escreveu a Epístola foi Priscilla (Prisca).
LUGAR E TEMPO DA COMPOSIÇÃO LITERÁRIA DE HEBREUS DO ESCRITO
Hb 13.23-24 mostra que o documento fora escrito na Itália. I
Clemente 36.2-5 cita Hb 1.3-4, dizendo que estE escrito é verdadeiramente
romano.
O termo Romano foi substituído dos escritos portugueses por
causa da tradição da Igreja. O termo indicado que existe no grego ( um termo
romano trocado por um termo grego ). Hb 13,17; Hb 13,24; I Clemente 1,3.
Hb foi escrito em Roma e pretende ser entendido como
origem da preocupação da religião imperial romana. A Epístola mostra um novo
modo de fé. A fé é a base de tudo.
“ A fé é um salto no escuro” (incondicional). O importante não
é ter fé em Jesus, mais ter a fé de Jesus. Neset contexto a Carta aos Hebreus
debate a fé dos cristãos e a fé ao Deus de Roma.
O imperador exigia a fé em Zeus. E os cristãos se recusam a
reconhecer esta fé ao imperador. O imperador é a encarnação das atitudes divinas
romanas.
101
“Hb 8,13 traz referência da destruição do templo de
Jerusalém”.
Hb fala de tabernáculo e não de templo, porquê o mesmo
não existia mais, Hb 9.1-7.
Hb10. 33-34 cita a perseguição da Igreja (espetáculo no circo
romano), quando os cristãos eram lançados aos leões.
Pela descrição de I Clemente aos romanos, é mais seguro
falar que Hb foi escrito entre o final do século I e início do século II
(aproximadamente entre 120-130).
LEITURA DE HEBREUS
A mensagem da Carta aos Hb mostra a salvação da
comunidade cristã que é difícil de ser entendida, ou de ser interpretada.
Esta Carta critica o culto que foi negligenciado, e que deve
retornar à verdadeira fé (capítulo 5). O que ocorre no interior da Igreja de Roma é
a apostasia da fé.
Hb 3.12;
“ 6.4-6;
“ 10.26-29;
“ 12.16-17;
“ 12.25.
102
O culto à fertilidade é uma coisa própria das religiões romana
e cananéia.
A fé está ligada à obediência; ela é uma construção de vida.
A fé é inacabada, sempre caminha, sempre progride, sempre está em movimento.
A Igreja necessita de uma confissão e de uma pureza de fé.
Se não houver, corre o risco de idolatria e apostasia.
A Carta de Hb exorta e denuncia o perigo de uma fé pronta e
acabada, ( quer dizer, o cristão nunca pode encontrar-se perfeito e tornar-se uma
obra terminada ) 2.2-3; 3,13.
A Epístola traz um encorajamento para a Igreja a partir de
uma confissão de fé. ( Hb 6.1-2 prega contra os judeus e gentios ) Hb 6.12
endereça aos fiéis cultos pagãos esta fé, porquê ainda permanecia mais de obras
mortas do que a fé em Deus.
Hb 3.12 prega contra os judeus e gentios cristãos, portanto,
esta comunidade não é somente de gentios. Ela era composta de vários grupos
sociais e várias etnias.
O autor desta Carta prega renovação da fé, principalmente
com os familiares ao Antigo Testamento e ao culto judaico. As argumentações
exegéticas e teológicas de Hb 7, devem ser atendidas nesta perspectiva.
Em Hb 13 mostra o conflito na comunidade com a questão
do puro e impuro, sendo assim, a comunidade cristã (esta Igreja) vivia uma
heresia judaica, e os judaizantes ainda estavam presentes nesta comunidade.
103
A Carta aos Hb deve ser compreendida através desta leitura
teológica (estrutura exegética).
FORMA E ESTRUTURA DE HEBREUS
I – 1,1-4,13 escatologia = Cristo, o Filho de Deus (1º início);
II – 4,14-10,31 Cristo superior a todos;
III – 10,32-13,25 preservação da fé.
I
1,1-4 o discurso escatógico do Pai e do Filho; (2º
INÍCIO )
1,5-14 o testemunho das escrituras sobre o Filho; (INTRODUÇÃO)
2,1-4 admoestação: ouvir e obedecer a Palavra;
2,5-18 o Filho e os filhos;
3,1-6 Admoestação: visão a Jesus como S. S.;
3,7-4,11 ser o remanescente de Deus através da fé;
4,12-13 admoestação: Deus é o Juiz dos juízes.
II
4,14-16 admoestação*;
5,1-10 Jesus, o S.S. escolhido;
5,11-6,20 adm*: mudança p/ conhecer e ter segmento
na fé;
7,1-28 o S.S. segundo a Ordem de Melkisedek;
104
8,1-13 renovação da Aliança;
9,1-28 uma nova adoração/culto no céu;
10,1-18 o sacrifício de Jesus feito por todos;
10,19-31 adm*: mudança para ter uma fé melhor;
III
10,32-39 fortalecimento pela fé durante o sofrimento;
11,1-40 exemplos de testemunhos antigos na fé;
12,1-29 fortalecimento na fé;
13,1-19 Ferenezi (exortação);
13,20-21 benção;
13,22-25 parousia apostólica – chegada do reino; (CONCLUSÃO)
A introdução de Hebreus é uma seção didática sobre Jesus,
fala do exaltado sobre revelação, aos anjos, e a conclusão é uma benção
apostólica.
As partes 4,12-13 e 2,5-18 são peças litúrgicas de dois hinos,
que transmitem Deus falando através de seu Filho.
De outra forma, de Heb 5.11 a 6.20, fala do conhecimento e
da fé, e a seção didática de Heb 7.1 a 10.18, fala de Jesus como Sumo Sacerdote
e que ele é o próprio sacrifício sacrificador.
FORMA LITERÁRIA E TRADIÇÃO, FONTES E TEOLOGIA
105
Quem escreveu Hb teve contato com várias fontes e várias
tradições do Antigo Testamento e Novo Testamento.
Heb 3.1, 4.14, 10.23, 13.15 menciona as confissões de fé e
os credos da Igreja primitiva. 1,3 é um hino cristão. Outros grandes hinos são 5.7-
10, 7.1-3,26 e estão nesta mesma perspectiva.
A Carta ao Hb cita 35 vezes o Antigo Testamento sempre na
versão dos Setenta – Septuaginta – LXX. 80 vezes interpreta os textos do Antigo
Testamento.
LIVROS QUE HEBREUS CITA
Salmos
Jeremias
Pentateuco
o apócrifo Jesus Ben Sirac (Sirácida).
LIVROS DO NOVO TESTAMENTO CITADOS
João 1.1-18 ( hino gnóstico )
Filipenses 2.6-11 ( hino dos gnósticos )
Romanos 1.3-4 , 3.25
I Coríntios 8.6, 11.23-26
106
Colossenses 1.15
Conforme alguns autores, Hb foi escrito para combater o
gnosticismo nessa Igreja. O motivo teológico desta Carta é o povo de Deus
caminhando. A interpretação gnóstica de Hb mostra que Cristo é o Redentor que
caminha com o povo redimido.
Uma outra interpretação de Hb é que foi escrito com o
fundamento apocalíptico. Apocalipse é uma literatura de resistência e luta contra o
império político e econômico.
Alguns autores colocam o escrito de Hb juntamente com o
judaísmo helenístico Alexandrino, principalmente a relação (72 sábios que
traduziram o Antigo Testamento) com este período.
Hb Livros
1.1-4 Confusão de Línguas 145 – 148;
“ da Sobriedade 1, 2, 5;
4.14-5.10 Leis 1.82-97, 228, 230; 2.164
“ Vida de Moisés 2.109-135
11 Vida de Abraão 268-270
1-3 Sabedoria de Salomão 7,26
1.38 Sirácida ( apócrifo ) 44-50
“ Sabedoria de Salomão 10
107
A Epístola aos Hb foi escrito numa época em que a teologia
do judaísmo helênico era proeminente na cidade de Alexandria.
TEOLOGIA DE HEBREUS
A base do conhecimento de Hb é o conhecimento da
salvação pela fé.
O poder do pecado que separa da salvação não pode vir da
Lei porquê ela é incapaz de levar à perfeição, Heb 7.18-19. É incapaz a Lei de
retirar os pecados, Heb 10.11, dos homens.
A Lei não tem poder para levar o ser humano ao seu
verdadeiro objetivo:
1 – o livre acesso a Deus;
2 – à participação na santidade e à natureza da glória de
Deus;
Tudo isto é dado pelo Filho que faz com que todo os
humanos sejam irmãos e irmãs, 12.17. porquê Jesus próprio sofreu e libertou de
toda a tentação do pecado, é ele quem nos purifica de todo pecado, Hb 1.3, 2.7,
2.18, 4.15, 5.8.
108
A concepção soteriológica de Hb está em duas palavras:
ω ς ’α μ α ρ τ ι α Hb 4.15,16
O ato de salvação do Filho está em contraste com o culto
levítico e o desenvolvido desta Carta aos Hb. A nova economia da salvação é
desenvolvida como antítese da revelação e de Jesus. A salvação é superior a
todos os Atos Superiores Hb 1,2. Porquê Jesus é o sacerdote que sacrificou de
uma vez por todas, a si mesmo, enquanto que no sacrifício levítico tinha que
sacrificar sempre para o perdão de seus pecados, para sua salvação e salvação
dos outros, Hb 5. 1-10 e 8.1-6.
Jesus é o mediador da nova aliança eterna.
Hb fala do alto sacrifício do Filho eterno, que a comunidade
deve entender de Cristo, na Cruz, e exaltação como em termos teológicos, cúlticos
da ação salvadora de Deus, que compreende céu, terra, tempo e eternidade.
Esta teologia mostra a segurança da comunidade da
realidade da salvação. A forma única e o sacrifício Majestoso de Jesus Cristo
admoestam que a obra salvadora dele não combina com apostasia.
Apostasia significa seguir somente a morte d’Ele na cruz. O
sacrifício d’Ele que trás a salvação não é a sua morte na cruz, mas a sua
ressurreição, que trás a salvação.
A mensagem de Hb está orientada aqui e agora, a ênfase é
dada na salvação completa. A preservação da salvação está na luta da fé contra a
batalha a situação presente.
109
CARTAS CATÓLICAS
1, 2, 3 Jo
1, 2 Pe
Tg
Jd
Eusébio de Cesaréia
História Eclesiástica 2.23,25
Jerônimo
Orígenes
Agostinho
Pápis
Pastor de Hermas (Estes autores classificam estas cartas
desta forma).
São estes autores os que ajudaram a formar o Cânon do
Novo Testamento,
3 Jo 9.
CARTA DE TIAGO
No Novo Testamento – ’. Tem
cinco personagens com este nome Tiago=
110
1 – Tiago filho de Zebedeu – morreu aos 44 anos (durante o
governo do rei Agripa) Mc 1.19, 3.17; At 2.12;
2 – Tiago filho de Alfeu – Mc 3,18;
3 – Tiago irmão de Jesus, Mc 6.5, I Co 15.7, Gl 1.19, 2.12, At
12.17, 15.13, 21.18, Jd 1;
4 – Tiago o jovem, Mc 15.40;
5 – Tiago pai de Judas (apóstolo, não o Iscariotes), Lc 6.16,
At 1.13.
A carta de Tg fala de um homem conhecido e respeitado no
cristianismo. Desta forma, somente o filho de Alfeu e o irmão de Jesus podem ser
considerados não os escritores, mas o Pai da Epístola (a paternidade da
comunidade fundada por estes apóstolos).
Tiago filho de Zebedeu foi executado por Agripa I no ano 44,
At 12.2. Portanto, não foi escrito por ele. Desde então, a carta de Tg pressupõe
uma história da situação do cristianismo primitivo.
Tiago, irmão do Senhor, criou a comunidade após a morte e
ressurreição de Cristo; ele não foi um apóstolo, Mc 3.21,31 e Jô 7.5.
A influência de Tiago, irmão do Senhor, formou-se numa
comunidade que foi fundada por Paulo, no encontro com ele em Jerusalém, Gl
1.19.
111
A perseguição da Igreja antiga sob Agripa I e a saída de
Pedro de Jerusalém, At 2.1-17, leva a mudanças decisivas na estrutura da
liderança da Igreja em Jerusalém entre os anos 43-48 (ver Gl 2.9), Tiago
permanece como o primeiro entre os pilares da igreja nascente, que
provavelmente significa que ele foi o líder da Igreja de Jerusalém.
O incidente em Antioquia com a chegada de umas das
pessoas com Tiago, Gl 12.2, indica tanto a prática estrita judaica cristã, e que a
liderança da Igreja associou-se com Tiago, irmão de Senhor.
Sabe-se que em 62 d.C. deve ter sido a data deste escrito. O
autor não sabe se era judeu ou se era cristão, foi condenado à morte por
apedrejamento pelo Sumo Sacerdote Anás, por ter violado a Tora ( Flávio Josefo –
Antigo Judaísmo 20.199-203 ). Este estrago enfrenta os mesmos Sumos
Sacerdotes do julgamento de Jesus:
Anás era Sadoquita
Caifás era levita.
Estes dois Sumos Sacerdotes governavam o templo ainda
neste período .
Em Tg 2.14-26, parece que há um debate entre Paulo e o
irmão do Senhor. A ênfase na fé e o ponto principal das obras, mostram que este
Tiago é mais cristão do que judeu. O ótimo grego da Carta e a retórica do autor,
indicam que este Tiago não é irmão do Senhor (que só falava aramaico).
112
Os argumentos pesam contra Tiago irmão do Senhor, como
o autor da Carta. Os temas centrais desta Epístola são:
Circuncisão,
Sábado,
Israel,
a Lei da pureza,
o Templo,
as obras.
Todos estes termos são contrários a um escritor judeu, mas
a autoria de um grego. A prática e o contexto ético, à vida do cristão e sua prática
da obras são o fundamento da teologia da Carta de Tg.
A Soteriologia desta Carta indica que o autor foi um seguidor
de Paulo e que há um reconhecimento de sua proclamação do Evangelho entre os
gentios.
Tg 3.1 pressupõe um ataque ao ensino, aos oficiais e
mestres, e perpetra uma critica aqueles que estão associados a eles. Desta forma,
Tiago irmão do Senhor não corresponde ao autor desta Carta. Se fosse ele o autor
desta Carta, como explicar, então, Tg 5.10,11?
LUGAR E ÉPOCA DA COMPOSIÇÃO DA CARTA DE TG
113
Alguns locais podem caracterizar a proveniência da Carta de
Tg.
Jerusalém
Síria
Roma
Alexandria
Egito
Todos estes locais podem ser hipoteticamente correto,
porém, podemos ficar com Alexandria como local da igreja desse Tiago
(discípulo), porquê algumas referências mostram e comprovam tal realidade:
Tg
3.4 navios, cais
3.7 animais do mar
3.12 fonte da água salgada
4.13 atitudes pessoais
5.7 lembranças da terra natal
5.18 “
6.1 ondas do mar
Alexandria foi o centro da leitura sapiencial helenístico-
judaico. A autenticidade desta Epístola vai ser discutida já no Iº século d.C., e que
a mesma era pseudoepígrafe, fazendo parte de um contexto histórico teológico
cristão:
114
- o conflito entre ricos e pobres;
- a disputa pelo discipulado de Paulo;
- “à doze tribos na dispersão”, fora da Palestina ou do
Oriente Médio ( Roma ou Alexandria ) Tg 1, 1; Jd 1
- crime, orgulho, vaidade, disputas Tg 3.13, 4.1,12; 5.9 ;
- O rico tem tratamento preferencial, Tg 1.27;
- Pavões, 2.16;
- Proprietário explorador, 5.1-6;
- Opressão, 2,6;
- Confusão entre piedade e pobreza espiritual, e a
tentativa de mudança do comportamento da Igreja.
Isto mostra que a Carta foi escrita muito tempo depois de
Paulo, I Tm 6.6-8, indica a exigência da virtude como contentamento.
O perigo e as conseqüências do dinheiro, I Tm 6.9-10.
Admoestação ao rico, I Tm 6.17-19.
ESTRUTURA E FORMA DE TG
1.1 prólogo;
1.2-18 tentações;
1.19-27 ouvir e praticar a palavra;
2.1-13 fé em Jesus e cumprimento da Lei;
2.14-26 justificação pela fé e pelas obras;
115
3.1-12 responsabilidade pela palavra;
3.13-18 a essência da sabedoria;
4.1-12 contra as pelejas e as cobiças na Igreja;
4.13-17 o tempo está nas mãos de Deus;
5.1-6 contra o rico antisocial;
5.7-11 admoestação para pacientemente esperar a
parousia;
5.12 não fazer juramento;
5.13-18 o poder da oração;
5.19-20 a responsabilidade de levar irmãos e irmãs à
verdade.
Esta Carta utiliza a 3ª pessoa do plural e a 1ª pessoa do
singular, combinado com a 1ª pessoa do plural como no Livro e (ato dos
Apóstolos).
A forma literária está entre dois modos:
Admoestação – parênese
Sabedoria – sapiencial
(Disposição como se fosse elaborada por dois autores)
A Epístola de Tg fundamenta em sua teologia não uma
contraposição entre fé e obra, mas uma complementação entre fé e obras. Como
esta Carta tem um tom paranético e exortativo, onde a parênese serve de uma
116
admoestação para uma não fé teórica, mas para uma fé prática. A questão
teológica essencial em Tg é praticar e não somente ouvir.
A questão ético-teológca em Tg foi elaborada para a prática
de todas as Igrejas ou comunidades. Esta Epístola não ensina questões
moralescas ( regras e morais ), mas como devem viver o imperativo da vida
( ética da vida).
A contraposição existente entre fé e prática não é que a fé é
mais importante que a prática (vice-versa), mas que um deve levar a outra.
1ª Pe
A – Autoria
117
A igreja primitiva sempre acreditou que esta epístola fora
escrita pelo Apóstolo Pedro. As evidências internas apontam para tal fato, II Pe
3.1, esse texto fora escrito em 110 d.C., também Policarpo de Esmirna em sua
epístola esmirnense 8.1 e Pápias de Hierárcules. Eusébio de Cesaréia pressupõe
a autoria petrina, por outro lado Iª Pe nem se encontra no Cânon Muratoreano.
Pedro é somente citado na Carta de Ireneo na sua obra :
“Contra os hereges”. Há muitas considerações contra a autoria petrina. A carta de
I Pe foi escrito num grego sofisticado (epístola pseudomínica), mas a
probabilidade de que Pedro tenha escrito alguma coisa ou em aramaico ou em
grego é total/nula.
O estilo de Iª Pe não corresponde à tradução oral petrina,
porquê essa epístola não foi escrita no grego Koiné, pois o autor não conhecia
nenhum desses dois gregos.
Iª Pe 1.1 usa o termo “Apóstolo”, mas em 5.1 usa o termo
presbítero-ancião. Possivelmente quem escrevera o 1º texto não escrevera o 2º
texto citado acima.
O nome dessa epístola aparece num contexto eclesiológico
de uma comunidade dos seguidores de Pedro. A referência à paixão de Jesus e
sua ressurreição e as tradições cristã antigas são pouco encontradas nas
epístolas de Pedro.
Iª Pe não menciona e nem há relação com as cartas
paulinas, toma como evidência as Igrejas da Ásia, cita o Antigo Testamento na
tradução da Septuaginta, exceto Pv 10.12 Pe 4.8.
B – Local
118
A região da Ásia Menor (I Pe 5.9 e 10) é o local da
comunidade a qual a 1ª epístola foi endereçada. A exegese moderna mostra que a
1ª Pe é uma epístola pseudoepigrafe.
Silvano e Silas, as mesmas pessoas ?
R: Iª Pe; At 15-22 a 32.
ESBOÇO, ESTRUTURA E FORMA DE 1 Pe
Introdução 1, 1-2 Pré-escrito
1, 3-9 agradecimento
1, 10-12 culto recomendação-Epistolário
Corpo 1, 13 – 2,10 Nova Vida
2, 11 – 3, 12 Cristãos no mundo
2, 13 – 4, 11 Aflição
4, 12 – 19 Perseguição
Conclusão 5,1 – 11 parênese
12 a Carta
13 Congratulações
14 Adeus final escatológico
119
1ª Pe foi uma homilia batismal. Foi escrito como forma de
enlogia (auto-elogio). A forma literária é parenética αράκαλώ. Existem ainda
breves seções de encorajamento quanto ao sofrimento presente e a glória futura.
Pode a 1ª Carta de Pe ser uma liturgia batismal. A conclusão
seria a participação da comunidade no batismo.
Alguns autores comentam que 1ª Pe circularam
independentemente. 5.14 é uma forma cristológica-escatológica.
A Teologia de 1ª Pe pode ser denominada como “esperança
em sofrimento”. Esta Epístola circulou quando as igrejas funcionavam em casas.
A novidade da existência cristã mostra que 1ª Pe é uma carta
tardia do N.T.
CARTA DE JUDAS
A introdução tem endereço genérico, dirige-se a toda
cristandade e termina com doxologia, contra os hereges que estão na
comunidade, refere-se ainda ao tempo todo ao AT, polemiza e exorta os leitores a
perseverarem na fé e lutar contra as heresias.
120
Judas, irmão de Tiago, é uma pseudomínia, este não se tem
notícia de quem seja, realmente é uma homenagem ao irmão de Jesus. Os netos
de Judas, Eusébio revela que Domiciano, perseguindo os cristãos em 96 d.C., e
dando caça aos herdeiros do reino de Davi, mandou prende-los, irmão de Jesus.
Disseram ao rei que eles eram lavradores, viviam do trabalho de suas mãos.
Depois de interrogados por Domiciano e colocados em liberdade, e foram
dirigentes de comunidades até a época de Trajano.
Mas há ainda quatro possibilidades para autoria desta carta:
1) Judas, irmão de Jesus;
2) “ um dos doze;
3) ” Barrabás
4) autor desconhecido que escreveu com pseudomínia;
Conforme alguns autores, a Carta de Judas tenta apresentar
um escrito de Judas irmão do Senhor, o qual está claramente em Jd 1. A atividade
missionária de irmão do Senhor é relatada em I Co 9.5, porém esta possibilidade
de autoria do irmão do Senhor pode ser descartada através das seguintes
possibilidades:
I – porque o escritor desta carta não diz logo que ele é irmão do
Senhor, ou por que não diz que é irmão de Tiago ?
II – O termo αδελφός μού ( irmão meu ) é diferentemente interpretado
nos evangelhos, nas cartas paulinas e em Jd. Nos outros escritos
significa irmão e em Jd significa companheiro e cooperador (Cl 1.1 )
121
III – o conceito de tradição em Jd 3.20, nas disputas entre ortodoxos e
os hereges; e na origem dos falsos mestres como sinais dos últimos
dias. Isto significa que esta obra foi escrita no período patrístico.
Ex: I Tm 4. 1-3
II Tm 4. 3-4
I Jo 2. 18
I Jo 4. 1-3
Didaquê 16. 3
IV - Em Jd 17.18, o autor indica a si próprio como pertencente ao
período tardio do cristianismo primitivo e como que estivesse olhando e
escrevendo no tempo do apóstolo.
V – Jd realmente é um escrito pseudoepígrafe (falso escrito) e um
pseudonímico (falso nome) de um autor desconhecido judeu-ceristão,
que utiliza o nome do irmão do Senhor numa controvérsia de sua
época.
LUGAR E ÉPOCA DE COMPOSIÇÃO
O conteúdo de Jd sugere um lugar não bem determinado. As
sugestões são várias:
pode ter sido escrito na Palestina: na Síria, Alexandria
ou Ásia Menor.
Atribuição a Judas e ao irmão do Senhor e a Teologia e o
escrito sendo judeu cristão, sugere dois locais:
Palestina ou Síria
122
Contra as todas esta possibilidades, o endereço pode ser
Síria. A história da influência de Jd narrada por Clemente de Alexandria no seu
escrito “Stromata” mostra que o escrito pode ter sido em Alexandria, e que pode
ter sido escrito no final do I Séc. d.C. Porém, esta hipótese é um pouco limitada, e
pode ser sugerida à Ásia Menor como local desta obra, se forem vistas as
concordâncias entre Judas e Colossenses sobre a doutrina dos anjos. Ou as
similaridades dom as cartas pastorais.
Jd pode ser compreendido como testemunha da influência da
Teologia Paulina Jd 19, 20, 24 a 26. Se II Pe estiver correta, Jd foi escrita na Ásia
Menor. Provavelmente, a carta foi escrita entre 80 e 120 d.C. Podemos concluir que
a literatura pseudoepígrafe ocorre entre 80 e 120 d.C. e que as idéias apocalípticas
estavam em vaga neste período.
PROPÓSITO
Ao que parece uma epístola geral aos cristãos do primeiro
século, Jd adverte contra a incipiente heresia do gnosticismo, uma filosofia que fazia
pronunciada distinção entre a matéria, inerentemente má, e o espírito, bom. Tal
sistema de pensamento tinha sérias complicações para a vida e doutrinas cristãs.
Desafiava a doutrina bíblica da criação, e dava lugar à idéia de que o corpo de Cristo
foi apenas aparente, não real, pois se Cristo tivesse um corpo real, teria sido mau.
Nos seus efeitos sobre a ética cristã, o Gnosticismo provocou
dois resultados inteiramente diferentes: de um lado, o antiminianismo, a crença de
que não há obrigação de se obedecer à lei moral, e de outro, uma forma de abuso
do corpo para promoção da espiritualidade. A Escritura se opõe a ambas. Pode-se
deduzir da Epístola que os leitores eram culpados, em diversos graus, de rebeldia
123
contra autoridade, irreverência, conversa presunçosa e um espírito libertino. O tom
de Jd é polêmico, pois ele repreende os falsos mestres que enganam crentes
instáveis e corrompem a mesa do Senhor.
ESBOÇOS, FORMAS E ESTRUTURA
Introdução
1 – 2 Pré-escrito
3 – 4 Ocasião e tema
Centro
5 – 16 falsos Mestres
17 – 23 lembranças e tradições
Conclusão
24 – 25 doxologia
A doxologia chama os fiéis ã reta doutrina, a fé e a conduta
frente aos falsos mestres.
O pré-escrito sofreu uma influência das cartas paulinas e
deuteropaulinas. A oração encontrada em Jd 2 parece-se com II Tm1, 2; I Tm 1.2; Tt
1,4. O corpo da carta, 5-23, mostra uma dedicatória que pode ter sido escrita por um
discípulo de Paulo, Rm 16. 25-27, Jd 17 e 20. A expressão que aparece nas cartas
de Paulo e Judas.
Esta obra começa com uma fórmula epistolar, tem uma
doxologia, é uma epístola católica. O motivo do escrito é por causa dos hereges, que
ainda estão dentro da comunidade, participam do ágape (festas) querem seus
pneumáticos e são psíquicos e tem uma controvérsia gnóstica em seu escrito.
124
A forma literária de Judas ainda é muito discutida. Alguns
autores classificam como um tratado de situação particular; outros colocam no pólo
“folha antierética”. Outros falam que é uma carta aberta. Outros a chamam midrashe
outros a chamam Carta Real. Para esta denominação de Carta Real, o fator
importante em Jd é a adição do pré-escrito e da conclusão doxológica. Desta forma,
este autor escreve sua obra como o que a tradição apostólica fez em seus escritos e
cartas.
A integridade literária desta carta é incontestável, ela
desenvolve uma argumentação que está embebida nas tradições de um complexo
esboçado e compreensível. Esta carta fez numerosas alusões e referências ao
Antigo Testamento. Ela usa com densidade, as Tradições do Antigo judaísmo, como
por exemplo, podemos citar dos versos 5 a 7 em conexão com o juízo divino e a
vida. Tem paralelos com escritos apócrifos:
Sir 16, 6 - 15 Jesus Bem Sirac
CD 2, 17 – 3, 12 Códgo de Damasco
3 Mac Macabeus
Test. Naf. Testamento de Naftali
I En 10, 4 – 6
10, 11 – 13
12, 4 – 13, 1
Citando Gn 6, 1 – 4
Jd 7cita Sodoma e Gomorra e 3 Mac 2.5, Jubileu 1,6; 20,5;
22,22, Test. As ( testamento de Aser ); Test. Moi (Testamento de Moisés); Guerras
Judaicas. Esta carta/espístola, por ser uma das últimas a ser escritas do Novo
Testamento, conhece a patrística, e os livros apócrifos e os cita em abundância.
Citações, alusões, técnica de argumentação, esta epístola é uma cópia das antigas
tradições judaicas.
125
Judas é a testemunha principal do diálogo judaico-cristão que
começa a surgir no final do 1º século para o início do 2º século.
Jd 9 cita Caim, Balaão e Cora (é). Esta epístola fez uma
interpretação das Antigas Tradições judaicas. (Judas era um judeu que conhecia
bem as técnicas judaicas, é discípulo de Paulo, convertido ao Evangelho).
Teologia= entrelinhas= o que está por trás.
Midrash= interpretação rabínica
Didaque= ensino dos apóstolos
TEOLOGIA DE JUDAS
A epístola foi escrita contra os falsos mestres que orientavam
em costumes libertinos. Tem um caráter antignóstico e contra a divisão de psíquicos
e pneumáticos e a auto-vãglória. Contra os sonhadores e visionários que se
autoglorificavam. A epístola mostra como deveriam ser os seguidores de Cristo e
como deveria ser a fé dos cristãos em oposição aos falsos mestres que negavam
Cristo através das discussões teológicas e da libertinagem. A epístola tinha um
requisito essencial: a verdadeira moral e a verdadeira fé.
Esta carta foi escrita contra o oponente dos cristãos que são
advogados do hipertinismo e possivelmente são gnósticos. Jd 4 diz que estes
oponentes difamam o senhorio de Jesus Cristo, negando a existência celestial.
Homoosius – é Deus (essência) total
Homohosius – (substância) parte
126
Jd 12 questiona a salvação individual e que o sacramento
salva, e se não praticar, não será salvo.
Profecia – ver (réu)
- ouvir (coser)
- denunciar (nabi)
escatologia – futura
- conseqüente (momento, imediato).
apocalíptica – luta e resistência contra o poder instituído.
Cristo revela sua misericórdia à comunidade de fé, Jd 21. Mas
os adversários dos fieis serão punidos por suas obras. Na igreja de Judas, existiam
os adoradores de anjos, e os que tinham idéias judaicas da purificação e, que
tinham uma ética diferente, Jd 8.
CONCLUSÃO
Esta carta é típica dos escritos católicos, onde a tradição é
mais importante do que o Espírito. O Espírito foi absorvido pela tradição, é muito
parecida com II Pe 1, 20.
127
1 – qual é o luzer desta epístola no NT?
2 – qual a importância desta epístola para a história do
cristianismo ?
3 – qual é a função teológica desta epístola?
Respostas
1 – a tradição de Jd não é só negativa, mas também positiva,
pois combate a heresia na comunidade.
2 – historicamente, Judas está entre Tg e II Pe, ela depende de
uma tradição palestina de sua época. O autor procura estabelecer as bases da
tradição apostólica da fé, para o seu tempo e para futuras gerações, combate os
falsos mestres e resiste a heresia.
3 – os falsos mestres, na história da teologia, são aqueles que
misturam fenômenos espiritual e a gestão dos anjos em oposição à vida terrena.
Estes estão dentro da Teologia Cristã, são mestres peregrinos orientados pelo
fenômeno espiritual não aceitando Paulo e o denominando como o advogado do
antinomismo (contrario a Lei judaica, sendo por isto chamado assim). Judas está
passando de uma tradição judaica para uma tradição cristã, e que deve haver uma
continuidade, uma conciliação entre as duas tradições. Judas quer mostrar um
diálogo destas duas tradições.
A carta de Judas foi escrita para esclarecer a identidade de sua
igreja. Esta igreja luta por uma fé que é a dos santos (Jd 3). Esta fé é idêntica à fé
dos apóstolos (Jd 17) e fundamenta a fé da comunidade. Esta comunidade
enfrentava o falso ensino por causa da tradição; esta tradição estava enraizada no
pensamento judaico que tinha o elemento essencial da tradição de Enoque,
cristianizando este livro. Diferente é a concepção desta carta de Judas que tem
128
como centro uma cristologia da expectação da vinda do κύριοЅ que virá com os
seus anjos para julgar a todos.
2ª CARTA DE PEDRO
2ª Pe 1. 1 e 1. 13-15 mostra que esta segunda carta representa
o testamento final da morte de Pedro.
2ª Pe 1. 18 alude à transfiguração de Pedro por Jesus. A
referência em 2ª Pe 3. 1 a 1ª Pe; 2ª Pe 3. 15,16 pinta Paulo como indivíduo forte e
impressionante.
Contra a historicidade da autoria de Pedro Simão temos:
1) 2ª Pe refere-se à Carta de Judas, portanto, foi escrita depois de
Judas. Ora, se foi escrita depois (+/- 130, 140 d.C.) e Pedro já havia
morrido, em 80/90 d.C., essa exclui a procedência petrina.
129
2) Em 2ª Pe3. 4, o autor rompe a ficção literária que havia criado com os
pais e a parousia, então Pedro é o próprio pai.
3) 2ª Pe é totalmente diferente de 1ª Pe, portanto quem escreveu uma
não escreveu outra.
A 1ª epístola é considerada pseudomínia, a 2ª é
pseudoepígrafe (se 2ª Pe foi escrito para as igrejas da Ásia Menor encontrada em 1ª
Pe 1.1, então a autoria é pseudomínica). Assim, 2ª Pe1. 20, 21 desenvolve a
doutrina da inspiração que é uma criação da igreja onde disputa-se a experiência de
2ª Pe, portanto, as indicações mostram que a obra foi escrita em um período bem
posterior do cristianismo primitivo.
4) Quem escreveu 2ª Pe foi educado no cristianismo helenístico e
procurou prover para sua igreja o sentimento da protelação da
parousia.
LUGAR E TEMPO DA COMPOSIÇÃO DE 2ª PEDRO
Algumas conjecturas podem ser dadas para o tempo e lugar da
composição de 2ª Pe. O fator mais importante é a disputa da recepção desta carta
na igreja.
Esta carta pertence ao círculo do apóstolo Pedro e a sua
comunidade. Essa carta cita o Apocalipse de Pedro.
130
O Apocalipse de Pedro foi escrito no Egito após o ano 135 d.C.
e seus escritos pressupõem 2ª Pe. Os mesmos citam a epístola de Judas. 2ª Pe 3,
15, 16 pressupõe que havia uma coleção de epístola que falavam da protelação da
parousia que é encontrado em um pai apostólico chamado Clemente de Alexandria
(1 Clem 23. 37) que é deste período.
O Cânon Muratoreano, Orígenes e Eusébio de Cesaréia (He 6.
25) não colocam 2ª Pe em suas listas.
O lugar pode ter sido tanto Egito como Roma. A história
fornece ao Egito ou Roma porquê Paulo ou Pedro morreram nesta cidade.
Esta carta teve dificuldade de permanência no cânon pela
existência de palavras gnósticas. Ex:
epignoses, gnoses, “divindade/eucebéia;
hipomone (uma só coisa);
encratéia (auto controle);
aetê (virtude);
epopitê (testemunha ocular);
teadinomus (poder divino).
Os conceitos helenísticos, a igreja gentio-cristã caracterizada
pelas confusões éticas, 2ª Pe 1, 5; 1, 20; 2, 2; 3, 14 e s controvérsias sobre
interpretação das Escrituras 1, 20-21 e a expectação da parousia, o autor responde
às incertezas pessoais com a promessa de Deus.
ESBOÇO, ESTRUTURA E FORMA
131
1, 1-2 pré-escrito começo da carta
1, 3-11 proêmio
1, 12-21 partida dos apóstolos
2, 1-22 advento dos falsos mestres
3, 1-13 certeza da vinda do Senhor
A composição de 2ª Pe tem como fundamento à promessa ou
retorno do Senhor. Os falsos mestres ensinam que a partida dos discípulos deixa
vago a liderança da igreja, por outro lado, os falsos profetas pregam que o Senhor
não retornará mais, sendo assim; sendo assim, a carta tem duas características
literárias:
Combinam o gênero do testamento e epistolar terminando com
as breves admoestações ou exortações.
A carta tem uma característica especial que é a carta aberta
aos leitores. Esta carta refere-se a uma situação histórica concreta, foi escrita bem
depois da morte de Pedro, 2ª Pe 1, 13,14.
A carta é um discurso de adeus, II Pe 1, 12, 13 e 3,1. Este
discurso não é um discurso ao passado, mas ao futuro 1, 20-33.
COMPARANDO JUDAS COM 2ª PEDRO
Pe Tg
2 1, 2
132
4 2, 1-3
5a 1, 12
6 2, 4
7 2, 6-10a
8 2, 10b
9 2, 11
10 2, 12
11 2, 15
12 2, 13
12f 2, 17
16 2, 18
17 3, 2
18 3, 3
A semelhança entre a carta de Pedro e Judas sugerem
algumas coisas importantes:
1) Quem escreveu Judas pode ter escrito 2ª Pe;
2) A hipótese da crítica literária é que Judas foi escrito e inserido em 2ª
Pe.
3) Os textos e alusões em Judas da pseudoepigrafia judaica e a
questão dos anjos em Judas não aparece em Pedro.
4) O v. 19 que é o centro de Judas, concernente ao Espírito Santo não
aparece em 2ª Pe.
5) Por outro lado, os falsos mestres e os falsos profetas de 2ª Pe não
aparecem em Judas.
133
6) Algumas ênfases em 2ª Pe são cópias do Evangelho de Mateus,
como:
- A transfiguração, 2ª Pe 1, 17; Mt 17.5;
- Sodoma e Gomorra, 2ª Pe 2.6, Mt 15;
- A questão dos cães e porcos, 2ª Pe 2,22; Mt 17,
5.
- Apócrifos em 2ª Pe:
a) Vida de Adão e Eva;
b) Oráculos cibilinos;
c) I Enoch;
d) Antigüidade de Flávio Josefo.
- Antigo Testamento em 2ª Pe, Hb 2.4;
- Manuscrito do Mar Morto em 2ª Pe:
I Que Pesher de Hb 7, 1-14;
TEOLOGIA DE 2ª PEDRO
2ª Pe tem um caráter polêmico contra os oponentes da
comunidade. Esses oponentes são os interpretes das Escrituras. Os falsos mestres
opõem-se a anjos, parousia, juízo final e fim do mundo ao conhecimento próprio.
Proclamam uma falsa liberdade, são glutões e tem uma vida impura. Estes
oponentes são os gnósticos que ensinam o dualismo, opondo a justiça ao
conhecimento de Deus pela razão.
134
2ª Pe mostra a volta do Senhor, o juízo escatológico e o juízo
terreno, o arrependimento, a criação de Deus, e que o único conhecimento é Jesus
Cristo nosso Senhor e salvador, este sim é o Senhor da história e consumador da fé.
135
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