História dos Portugueses no Mundo (2012/2013) Aula n.º 2 «Descobrimento» e Colonização das...

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História dos Portugueses no Mundo

(2012/2013)

Aula n.º 2

«Descobrimento» e Colonização das ilhas Atlânticas I

Os arquipélagos da Madeira e dos Açores

Colonização – Estabelecimento, por parte de um Estado, em terras de além-mar, de estruturas administrativas (feitorias, capitanias, praças fortificadas…) destinadas a promover o povoamento e/ou a exploração dessas regiões.

«Descobrimento» – Acto de descobrir terras ignoradas. Trata-se de um conceito eurocêntrico, uma vez que algumas desses territórios já eram conhecidos por outros povos.

Colonização do arquipélago da MadeiraAs ilhas do arquipélago da Madeira já aparecem representadas em mapas do século XIV e foram visitadas por Castelhanos e Portugueses, embora continuassem desertas até ao século XV.

Castela fez despertar o interesse português por estas ilhas quando, em 1417, enviou uma importante frota à ilha de Porto Santo.

Em 1419, uma expedição comandada por João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira ocupou a Madeira. Estes navegadores, acompanhados por Bartolomeu Perestrelo, ocuparam Porto Santo, em 1420.

O infante D. Henrique, senhor das ilhas por doação régia, tomou as medidas necessárias à sua colonização. Foram organizadas em capitanias, sendo nomeado, para cada uma delas, um capitão do donatário com o encargo de as defender, povoar e explorar os seus recursos naturais.

Capitanias-donatárias

Foi sob a forma de capitanias-donatarias que os portugueses promoveram a administração insular, modelo que, mais tarde, transplantaram para terra do Brasil.

Criava-se uma capitania sempre que o rei doava (vitalícia ou hereditariamente) a particulares da sua confiança e estima – na maior parte das vezes nobres ou os próprios descobridores – largos domínios, onde usufruíam de grandes proventos e privilégios, bem como de autoridade soberana. Com este processo, povoaram-se e tornavam-se produtivas as terras descobertas, sem despesas do tesouro público.

Através da doação de uma capitania, ficavam os capitães-donatários senhores de amplos poderes:

elevavam a vilas as povoações que, na capitania, se fizessem;

nomeavam os funcionários administrativos e judiciais;

detinham, por doação, todas as alcaidarias-mores;

recebiam, da parte dos colonos, serviço militar, em caso de guerra, assim como o pagamento de impostos pela utilização dos moinhos e fornos;

cobravam um décimo (1/10) de todos os bens da Coroa e de quaisquer outros direitos pagos a esta e à Ordem de Cristo. (Tais bens e direitos consistiam na chamada dízima, pelo que os tributos devidos ao donatário eram apelidados - décimo de dízima).

A densa vegetação e o relevo montanhoso das ilhas constituíram fortes obstáculos à fixação de colonos; daí o ter-se inicialmente ocupado apenas o litoral, após a realização de queimadas e o derrube de árvores.

O arquipélago da Madeira, os colonos não só aproveitaram os recursos naturais – madeira e plantas tintureiras – como introduziram novas culturas – trigo e cana-de-açúcar.

O açúcar tornou-se a principal produção do arquipélago da Madeira, dando enormes lucros. Desenvolveram-se igualmente a pesca e a criação de gado.

O povoamento do arquipélago da Madeira foi feito com colonos originário em grande parte, do Algarve e do Minho, e a estes juntaram-se alguns estrangeiros, como flamengos, genoveses e ingleses.

Produção açucareira da Madeira

Exportação do açúcar da Madeira

em 1498

Colonização do arquipélago dos AçoresO Atlântico em volta da Madeira e das Canárias era bem conhecido dos navegadores portugueses. Contudo, sempre que navegavam um pouco mais para ocidente, não encontravam ventos favoráveis que os trouxessem a Portugal. Os navios tinham de dar uma longa volta para encontrarem esses ventos.

Num desses desvios, Diogo de Silves, em 1427, terá encontrado a ilha de Santa Maria, depois a de São Miguel e, sucessivamente, as outras cinco que se apercebem à distância umas das outras (Terceira, Pico, São Jorge, Faial, Graciosa).

Mais tarde foram descobertas as duas restantes (Flores e Corvo).

Nos Açores também se utilizou o sistema de capitanias para a colonização, no entanto, o processo de ocupação e exploração foi mais lento devido à maior distância a que este arquipélago se encontra de Portugal e à dificuldade em conseguir povoadores.

Alguns povoadores partiram de Portugal, sobretudo da Estremadura, do Alto Alentejo e do Algarve. No entanto, visto que o recrutamento de colonos metropolitanos não ser tarefa fácil, D. Henrique deu, em 1450, ao flamengo Jácome de Bruges a capitania donatária da ilha Terceira, para onde levou um número considerável de compatriotas.

As características do solo e do clima permitiram o desenvolvimento da cultura do trigo e das plantas tintureiras (urzela e pastel). Desenvolveram-se, igualmente, a pesca e a criação de gado.

O arquipélago dos Açores tinha condições mais favoráveis do que a Madeira. Possuía melhores portos naturais, solo menos montanhoso e maiores dimensões (cerca de três vezes as da Madeira).

Desde os meados da década de 60 do século XV, a Madeira começou a sofrer de escassez cerealífera (diminuição da produção de cereais).

Nesta altura, o arquipélago açoriano substituiu o madeirense no que concerne ao papel de «celeiro» abastecedor do Reino e do Império.

Os Açores, devido à sua posição geográfica, passou a ser escala obrigatória para os navios que regressavam da América espanhola, do Brasil, da Índia, e da Mina (na costa ocidental africana).

Os Açores tornaram-se assim fornecedores das armadas de pão e biscoito, carne e vinho.