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Regras simplificadas para o jogo de historias do Barão Munchausen, em portugues
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Guia de Protocolo e Boas-Maneiras para Acompanhar o Barão durante o Chá
Ou, As Regras do Jogo.
Às 4 e meia da tarde em ponto, todos os convidados do Barão devem dirigir-se à mesa
do chá. Se não sabe onde esta está localizada, chame V/Exa. o primeiro servo ou plebeu que
veja passar, e pergunte-lhe. Se este, por incompetência ou falta de educação, não souber, deverá
V/Exa. mandar o traste descobrir – afinal, todos os convidados do Barão são nobres da mais
fina linhagem e tem o direito a ser respeitados como tal.
Parte Primeira: Criação de Personagem Assim que um convidado chegar à mesa, papel e material de escrita ser-lhe-á fornecido
pelo pessoal do Barão – ou o plebeu que lhe indicou o caminho. Se o plebeu não tiver o material
necessário, mande-o procurar papel e caneta. Se por acaso o plebeu for o mesmo que não soube
indicar a V/Exa. onde era a mesa do chá, arranje um novo criado e/ou plebeu que este é
claramente inútil.
Deverá criar um cartão de nome para colocar à frente de V/Exa. durante o chá para evitar
que um convidado se dirija a outro pelo título errado (cruzes!) por acidente: cada convidado
deve, então, escrever o seu nome. Se tiver um nome lamentavelmente curto ou aborrecido, pode
tomar liberdades e torna-lo mais interessante, à base de acrescentar um ou dois (ou dez) nomes
próprios extra (“Maria” é nojentamente aborrecido e vulgar – mas “Maria Josefina Zeferina
Arancha Leopoldina Popota” é algo digno de nobreza). Se tal não bastar, invente um nome de
família (acrescentar “D’Avis” ou o nome de qualquer outra dinastia portuguesa ou estrangeira
dá sempre um toque de classe). Sendo V/Exa. membro da alta aristocracia, ninguém lhe levará
a mal tal coisa – decerto que louvarão a ideia, porque qualquer casa nobre seria elevada pela
sua presença (mesmo que temporária) nela.
Assim que tiver um nome, escreva V/Exa. à frente (ou por cima), a letras bem legíveis
o seu título (“Graaf”, “Don”, “Sultão”, “Chefe-Eunuco”, “Xeque”, “Pachá”, “Chief in
Command”, etc. são apenas alguns dos títulos possíveis para os cavalheiros; “Baronesa”,
“Condessa”, “Imperatriz”, e por aí fora, servirão bem as damas).
Parte Segunda: Início do Jogo Assim que todos os convidados estiverem adequadamente identificados e sentados, o
Barão dará início ao chá. A cada convidado será oferecida uma delicada e deliciosa trufa de
chocolate, representado o favor do Barão. Se V/Exa. assim o desejar, poderá comê-la de
imediato, mas sugerimos que não o faça (ver Parte Terceira).
O Barão, então, irá dirigir-se a um dos convidados, inquirindo sobre alguma fabulosa
façanha do convidado (o Barão sabe tudo), como, por exemplo “Conte-nos, então, Duquesa
Fifi de Pompadour, como conseguiu escapar do terrível exército Turco armada apenas com
um copo de água e um palito.”
O convidado interpelado deverá contar a história da façanha (e nunca afirmar que o
Barão ouviu mal, porque o Estimado Barão nunca se engana), tendo cinco minutos para tal. Ao
fim de cinco minutos, ser-lhe-á indicado de forma educada mas insistente, que se despache a
acabar (tem 2 ou 3 frases para o fazer) ou irá ficar com a história a meio – e o Barão abomina
tais coisas.
Assim que a história for concluída, o Barão irá interpelar o próximo convidado, e pedir-
lhe a sua história, até que todos tenham serenado o anfitrião com contos magníficos dos seus
feitos.
É perfeitamente aceitável V/Exa. consumir o delicioso repasto (sob pena capital do chá
arrefecer) enquanto escuta as admiráveis aventuras dos seus companheiros, mas imploramos
que se abstenha de o fazer se estiver V/Exa. a contar as suas façanhas, de forma a evitar borrifar
o convidado à frente com comida semi-mastigada.
Assim que todos os convidados tiverem contado a sua história, o Barão irá indicar quem
foi o seu favorito, e recompensá-lo com um prémio (e, possivelmente, mais trufas).
Parte Terceira: Interrupções, Desafios e Trufas Enquanto um dos convidados estivar a falar sobre os seus feitos, qualquer outro
convidado poderá interrompê-lo com uma pergunta (“Mas todos sabemos que a Lua é feita de
queijo! Como é que conseguiu não desmaiar com o cheiro se andava por ali sem capacete?”),
um comentário, ou uma jocosidade. Este desafio, obviamente, terá que ser devidamente
respondido, e o Contador deverá justificar-se (“Infelizmente, devido a um acidente com uma
caçadeira de dois canos, duas bolas de chumbo alojaram-se no topo do meu nariz, e perdi toda
e qualquer capacidade olfativa”), ou responder à letra ele também com uma jocosidade
(imploramos a V/Exa. que evite piadas de cariz maternal, já que são excessivamente usadas).
Apenas um destes desafios ou interrupções pode ser feito por conto, logo,
velocidade é importante. Assim que o conto for interrompido, não pode voltar a sê-lo.
No entanto, para o desafio\pergunta\piada ser válido, o Interruptor terá que apostar a sua
trufa – apostando que o Barão vai achar interessante, apesar de ser uma terrível e óbvia quebra
de etiqueta. Se o Barão, de facto, ficar impressionado com a perspicácia do Interruptor, irá
recompensá-lo com uma nova trufa; se for uma interrupção indigna do tempo do Barão, ou algo
pedante, ou, quiçá, francamente aborrecido, o anfitrião terá todo o direito de lhe comer a trufa
na cara.
Por outro lado, se o Contador responder com graça, leveza ou de forma interessante, o
Barão recompensá-lo-á pelo seu esforço com uma nova trufa. É totalmente possível que quer o
Interruptor, quer o Contador recebam trufas – mas também é possível que apenas um (ou
nenhum) as receba.
Se não tiver nenhuma trufa, não poderá desafiar ou interromper a história de outro
convidado – mas pode apreciar o delicioso chá na mesma. Se tiver muitas trufas, parabéns,
mesmo que não ganhe o prémio, terá algo apetitoso para comer.
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