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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – São Paulo - SP – 05 a 09/09/2016
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"It's just a naked woman!": Embates Sobre o Corpo Feminino, Artista Independente e
Mídia de Massa1.
Beatriz Azevedo Medeiros2
Universidade Federal Fluminense, Niterói, RJ
Resumo
Este trabalho propõe uma análise das performances artísticas que se chocam com
doutrinações da instituição cultural midiática, tendo como base a teoria de instituições
disciplinares e a tese da disputa de poder em torno do corpo feminino. Utilizando a análise
de gêneros musicais, o artigo contempla a resposta da musicista nova-iorquina Amanda
Palmer, endereçada ao jornal Daily Mail, e performada posteriormente, após uma resenha
sobre o seio exposto da cantora durante uma apresentação. Tendo em vista o caso relatado,
pode-se admitir o envolvimento entre o corpo artístico e a mídia de massa como
conflituoso, principalmente ao se tratar de um corpo feminino não sexualizado, que passa a
ser alvo de críticas, pois é visto como um corpo não silenciado.
Palavras-chave: corpo; performance; música; Amanda Palmer
Introdução
No dia 28 de junho de 2013, o jornal britânico Daily Mail publicou uma resenha
sobre uma performance realizada pela musicista estadunidense Amanda Palmer no festival
de música de Glastonbury. A matéria é aberta com a seguinte sentença: "She's never afraid
to make a statement but Amanda Palmer made a bit of a boob of herself on stage at
Glastonbury"3. Em seguida, o tabloide reporta como Palmer, no meio de sua apresentação,
"permitiu" que seu seio "escapulisse" do sutiã, ficando à mostra. Enquanto tais tipos de
matéria parecem ser recorrentes em meios de comunicação de massa, principalmente em
jornais, revistas e websites voltadas para o universo das celebridades4, o Daily Mail
provavelmente não previu o que uma reportagem que expunha o corpo de Palmer poderia
gerar.
Amanda Palmer não se coloca apenas como uma artista musical, mas também como
uma performer. Durante anos, a cantora se engajou em causas relacionadas ao movimento
1 Trabalho apresentado no GP de Comunicação, Música e Entretenimento, XVI Encontro de Grupos de Pesquisa em
Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação.
2 Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFF, email: biamedeiros44@gmail.com
3 "Ela nunca tem medo de fazer uma declaração mas Amanda Palmer embaraçou a si mesma no palco em Glastonbury"
[tradução livre]. Link: <http://www.dailymail.co.uk/tvshowbiz/article-2351373/Making-boob-Amanda-Palmers-breast-
escapes-bra-performs-stage-Glastonbury.html>, último acesso 28/06/2016. 4Vide: <http://br.eonline.com/enews/dianna-agron-paga-peitinho-em-evento-de-gala/> e < http://hypervocal.com/news/2012/hathaway-crotch-questions-today/>, último acesso: 09/07/2016.
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feminista, visando certa liberdade tanto da exposição do corpo feminino quanto artística,
para produzir músicas sem depender necessariamente de uma major5. Iniciando sua carreira
musical aos 24 anos de idade, Amanda Palmer se uniu ao baterista Brian Viglione6 e ambos
criaram o duo The Dresden Dolls, que ficou conhecido pelos seus rostos pintados como os
de mímicos e figurinos que ofereciam um tom teatral às performances. Além disso, Palmer
e Viglione carregavam suas composições líricas com temáticas favoráveis à liberdade
sexual, principalmente a feminina.
Esse início de carreira com o Dresden Dolls já mostrava todo o incômodo que
Amanda Palmer tinha quanto a imposições feitas pelo que poderíamos chamar de uma
"moral burguesa" (SIBILIA, 2014, p. 8), principalmente com relação ao seu corpo. No
entanto, foi apenas com sua carreira solo que Palmer conseguiu efetivamente expor sua
indignação de forma mais artística. Seu primeiro álbum sem Viglione, Who Killed Amanda
Palmer?, lançado em 2008, teve um conceito peculiar. Amanda tirou diversas fotos em
locais aleatórios, simulando assassinatos de si mesma – que poderiam vir a ser suicídios, ou
não. Tal performance engendrou uma notável participação do público, que ofereceu uma
visibilidade representativa para Palmer e seu álbum (POTTS, 2012). A partir deste
momento, Amanda se viu cada vez menos necessitada da gravadora da qual fazia parte
desde a época do Dresden Dolls, a Roadrunner Records. Ela conseguiu fidelizar um nicho
de fãs online de tamanho representativo. Tais fãs inclusive auxiliaram no lançamento do
segundo álbum da artista, o Theater is Evil, considerado um sucesso do crowdfunding na
plataforma Kickstarter7.
Amanda Palmer, após se desligar da gravadora e lançar um segundo álbum com a
ajuda do público, ficou conhecida por suas práticas "Do It Yourself" (POTTS, 2012, p.
361), ou, traduzindo literalmente, "faça você mesmo", que é um termo que se popularizou
nos anos 1970 com o crescente movimento Punk. O termo segue uma espécie de ideologia
que incentiva a independência do sujeito em relação ao sistema em vigência, ou às grandes
corporações e massificações culturais (MORAN, 2011). Atualmente, a cultura Do It
Yourself (D.I.Y.) poderia ser lida como a busca da independência que artistas musicais, por
exemplo, procuram ao se distanciarem de majors ou da super exposição em mídias de
massa consolidadas, como jornais e revistas de grande circulação. Amanda Palmer acredita
5 Gravadoras e/ou produtoras de artistas musicais que visam grandes vendas e popularização daqueles que agenciam. 6 Atualmente, Viglione trabalha como baterista na banda Scarlet Sails. 7 Mais informações em: <http://www.fastcocreate.com/1681569/deep-inside-amanda-palmers-crowd-powered-naked-
creativity-machine> e <https://www.kickstarter.com/projects/amandapalmer/amanda-palmer-the-new-record-art-book-
and-tour>, último acesso: 28/06/2016.
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nessa ideologia. Ela não apenas ela se desliga de grandes gravadoras, como se porta de
forma diferenciada com relação ao público e à própria mídia, muitas vezes causando
polêmicas para defender seus valores pessoais. Em diversas ocasiões utiliza sua visibilidade
para promover causas e pessoas8 nas quais acredita, sem, aparentemente, se preocupar com
a repercussão que isso pode gerar em relação ao seu próprio público.
A equidade de gênero mostra-se como uma das causas em que a artista mais se
engaja. Declaradamente feminista, Palmer fica nua em apresentações públicas, bem como
em vídeo clipes e em fotos compartilhadas pela mesma em seus Sites de Redes Sociais. Ela
explica em uma entrevista dizendo: "It’s not about sexiness. It’s not even about nakedness.
It really makes people think about what the rules are and why they’re following them."9.
Um questionamento que a cantora recorrentemente levanta para seu público é justamente o
motivo da vergonha de verem corpos nus, sobretudo corpos de mulheres nuas, que se expõe
com todos os seus detalhes e – como ela – não se preocupam em seguir hábitos estéticos
socialmente entendidos como agradáveis10
.
Após a resenha publicada pelo Daily Mail, na qual este não fala em momento algum
sobre a performance que estava acontecendo no palco, mas decide focar no seio exposto de
Palmer, a cantora produziu uma carta resposta, que foi posteriormente musicada e cantada
em um show para o jornal inglês. No conteúdo da carta, Amanda Palmer denuncia o Daily
Mail pela sua escolha de conteúdo jornalístico, mas não se atém a apenas isso. Ela também
denuncia a própria sociedade, que, segundo a musicista, objetifica o corpo feminino,
impedindo-o de ser exposto se não de forma sexualizada.
Tal ação de Palmer remete ao movimento Riot Grrrl, que surgiu dentro da cena
Punk, com o objetivo de denunciar as práticas machistas sociais, que privilegiam o gênero
masculino, fazendo das mulheres meras espectadoras, ou panos de fundo de acontecimentos
histórico-sociais. As bandas do movimento Riot compõem músicas com conteúdos
políticos, mas focando na questão dos problemas de gênero. Seguindo a lógica Punk do
D.I.Y., a cena feminista apresenta uma instrumentalização pouco complexa, tendo as letras
8 Nesse ano (2016), durante a época da primeira fase das eleições estadunidenses, Amanda Palmer se aliou ao candidato
democrata Bernie Sanders. A cantora fez vídeos, postou votos e chamou seus seguidores para votar, ressaltando seu
candidato escolhido. Ela inclusive realizou um show para levantar fundos para a campanha do senador. Vide: < http://www.stereogum.com/1870702/michael-stipe-miley-cyrus-amanda-palmer-sean-lennon-other-artists-endorse-bernie-
sanders-in-new-video/video/>, último acesso: 09/07/2016. 9 "Não é sobre ser sexy. Não é, nem mesmo, sobre ser estar nua. Na realidade, isso deixa as pessoas pensando sobre quais
são as regras e porque [elas] as seguem." (nossa tradução). Declaração dada em entrevista ao site Austin Chronicle.
Disponível em: <http://www.austinchronicle.com/daily/music/2012-09-14/the-naked-authenticity-of-amanda-palmer/>,
último acesso: 28/06/2016. 10 Amanda Palmer não depila suas axilas ou área pubiana, o que gera debates enormes entre haters e fãs da artista, sendo
feministas ou não.
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como foco principal. É entendido que são nelas que estão incutidas as mensagens de
protesto e essas músicas devem ser tocadas e entendidas por quem desejar (BODANSKY,
2013).
Defendemos neste trabalho a inclusão de Amanda Palmer no Riot Grrrl, tendo em
vista o histórico da artista e o propósito da carta analisada. Acreditamos que os embates
ideológicos e os protestos que a artista promove partem da premissa dela estar inserida
dentro do movimento feminista Punk Riot Grrrl, movimento este que tenta se desligar da
massificação midiática tradicional, pois tem como objetivo desfazer construções sociais que
diminuem a existência feminina (BODANSKY, 2013). Para tal defesa, utilizaremos a
análise de gêneros musicais (JANOTTI JR., 2004), complementando a pesquisa com as
linhas teóricas dos Estudos de Performance, corpo e Estudos Feministas.
Sobre performance
A performance neste trabalho se mostrará como uma variante importante para ser
analisada, já que é através dela que Palmer passa sua mensagem. Para Butler (1988), a
"performatividade" faz parte da representação da identidade do sujeito a partir do momento
em que ele acredita na ação que realiza, assim como esta é creditada por terceiros
(BUTLER, 1988, p. 520). Para ser acreditada, a performance precisa não apenas ser
assistida, mas entendida como tal, mesmo que as interpretações variem de receptor para
receptor (SCHECHNER, 2006; ZUMTHOR, 2000). Portanto, a presença de um público que
compreenda a performance, basta para que a mesma seja passível de existência.
Richard Schechner irá concordar com Butler ao afirmar que: "Performances marcam
identidades, dobram o tempo, remodulam e adornam o corpo" (2006, p. 28), ou seja fazem
parte da construção do sujeito e de sua própria identidade. Paul Zumthor (2000) irá afirmar
que a performance está entrelaçada com a prática e a forma comunicacional. O autor não se
aprofunda no mérito da performance como um componente importante para a construção da
identidade, mas irá concordar com Butler e Schechner ao dizer que as ações performáticas
são vivas, pois fazem parte do "corpo vivo" (ZUMTHOR, 2000, p. 31), ou seja, estão em
constante mudança conforme são interpretadas de formas diferenciadas, todas as vezes que
o performer as realiza. O significado de uma performance nunca é fixo, mas complexo e
fluido.
As performances também serão entendidas como precursoras de afetações, não
apenas em quem as assiste, mas também em quem as realiza. Schechner (2006), citando
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Goffman, irá afirmar que uma performance "serve para influenciar de qualquer maneira
qualquer um dos participantes" (p. 29). Ou seja, não existe no ideário performático,
nenhuma ação que não influencie quem faz parte dela – seja como emissor, seja como
receptor da mensagem. Ainda segundo Schechner, a performance necessariamente irá afetar
seus participantes, seja para entreter ou para "formar ou modificar uma identidade"
(SCHECHNER, 2006, p. 46). A performance tem como objetivo causar algo em –
principalmente – quem a assiste, seja choque ou maravilhamento. Zumthor (2000) irá
correlacionar a performance a um texto que influencia por completo não apenas o receptor,
mas o próprio emissor. Para o autor, a "performance, de qualquer jeito, modifica o
conhecimento" (ZUMTHOR, 2000, p. 32), ou seja, ela sempre surte uma influência na
própria mensagem que é comunicada, marcando-a, produzindo significado. Por isso, o autor
também entende a performance como algo vivo, em constante mudança, uma influenciadora
de afetações naqueles com que ela se envolvem.
Com isso, entendemos que as performances – sejam artísticas, sejam cotidianas –
são parte representativas do próprio ser humano. Elas integram aquilo em que as pessoas
acreditam e desejam que outros acreditem. Amanda Palmer, quando constrói sua
performance de forma impactante, realizando ações para afetar o público que a assiste,
constrói sua própria identidade. Quando ela se coloca como uma feminista, produzindo um
tipo de música acessível e que denuncia práticas de opressão do corpo feminino, ela expõe
sua performance como integrante da cena Riot Grrrl, cumprindo as categorizações
simbólicas desse cenário, inclusive ao ir de encontro à mídia de massa tradicional.
Corpo (feminino) e suas disputas
O corpo, atentado através da lente da performance, pode ser entendido como um
"dispositivo contemporâneo" que inspira representações e afetividades, principalmente se
este corpo se vê presente nos meandros das mídias de massa ou da Indústria Cultural
(GARCIA, 2005). Sendo uma artista performática, Amanda Palmer tenta transformar seu
próprio corpo em peça ou ferramenta de inspiração artística. Ao ficar nua e permitir que seu
público a risque – sendo essa uma forma de intervenção comum em peças como as da
artista contemporânea Marina Abramović – deseja demonstrar que existe nela mesma a
confiança em seu próprio público (PALMER, 2015). Palmer revisita a forma de arte
performática iniciada nos anos 70 e conhecida como happenings, que tinham como objetivo
estimular o pensamento crítico a partir de atos artísticos impactantes (SALGADO, 2013).
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Judith Butler (1990) irá colocar o corpo como parte fundamental da edificação da
identidade do sujeito. O poder da performance, ou ato performativo, estaria ligado a como o
corpo trabalha em conjunto com a palavra, chegando à capacidade de subverter as leis
paternalistas vigentes na sociedade e influenciando a identidade do sujeito, assim como os
atos performativos são influenciados pela identidade já existente. Percebe-se, portanto, que
este trabalho segue a vertente que enxerga a "ordem natural" imposta socialmente como a
ordem da lei paternalista, que privilegia o posicionamento masculino na sociedade, mas que
oferece bases para disputas de discurso entre gêneros e questionamentos, iniciados
principalmente pela parcela feminina da sociedade (LIMA COSTA, 2002).
Butler (1990) ainda afirma que o corpo sempre "antecipa algum significado que
pode ser atribuído somente pela consciência transcendente" (p. 129, nossa tradução), ou
seja, o corpo só irá representar expectativas e entendimentos já constituídos socialmente
pelo que é entendido como "senso comum". Antes da resposta de Amanda Palmer para o
Daily Mail, compreendemos que a matéria cobriu a exposição do torso nu de uma mulher.
Na diferenciação de gênero, e pela construção cultural, o corpo exposto masculino não
representaria um escândalo tão grande quanto o corpo exposto feminino, como vemos
acontecer de forma recorrente.
De fato, esta construção não é um movimento apenas midiático, mas algo
socialmente recorrente. A ação de transformar o corpo – e principalmente, o corpo feminino
– em algo perfeito aos olhos da sociedade, remontam à Idade Média, quando o corpo
feminino exposto passa a ser enxergado como algo impuro, não digno de ser visto no
âmbito público, "indecente". Esta noção parte da pesquisadora Paula Sibilia, ao questionar
quando o corpo feminino nu começa a ser visto como obsceno (2014). Sibilia resgata
imagens sacras, como A Virgem do Leite, que tinham seus seios expostos em quadros ao
longo da Idade Média. Após a Reforma Luterana e o Concílio de Trento, os seios de santas
passam a ser censurados com a prerrogativa da obscenidade. Chamando essas mudanças de
"processos de secularização" e "erotização" (SIBILIA, 2014, p. 41), a representação de
corpo feminino é encoberta com a justificava de evitar o desejo e o olhar masculinizado da
sociedade que ditava aquele corpo como "indecente", impróprio aos olhos públicos.
Ainda utilizando a pesquisadora, em um outro texto, Sibilia (2014) irá afirmar que o
incômodo com o corpo contemporâneo exposto se dá justamente no corpo sem os efeitos de
ferramentas de aprimoramento de imagens, como o Photoshop. Ou seja, o nu "espontâneo"
e "natural", sem que ele tenha, necessariamente, o objetivo da sexualização.
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Michelle Perrot (2003) traz uma outra perspectiva quanto ao "silenciamento" do
corpo feminino. A pesquisadora revê a modernidade e como o corpo feminino era
representado e estudado por artistas, poetas, médicos e políticos. No entanto, aquele corpo
era quase sempre "assimilado à função anônima" (PERROT, 2003, p. 13). Esta seria a
primeira instância do silêncio imposto ao feminino, os homens que expunham o corpo
feminino sob a perspectiva masculina, negligenciando a representatividade necessária da
mulher. A autora irá trabalhar com a ideia do corpo público e o corpo privado. O corpo
público seria aquele que se mostra, mas nunca se expressa, amarrado e moldado para os
olhos da sociedade. "No palco do teatro, nos muros da cidade, a mulher é o espetáculo do
homem." (PERROT, 2003, p. 14). O corpo privado é o corpo que ninguém vê, oculto,
portanto não real. O corpo feminino exposto e calado é o ideal. A partir do momento em
que este corpo adquire voz e exprime o que deseja, há o repúdio e o rechaço; a segunda
instância do silêncio imposto.
Diferentemente de Sibilia (2014), Perrot (2003) entende a censura como existente
puramente para impedir a "voz" feminina. A censura não se dará somente na exposição do
corpo, mas no próprio discurso. O que percebemos no caso da carta/música "Dear Daily
Mail" é a disputa pelo poder de representação do corpo feminino e seu direito de
"liberdade" ou a imposição pelo "recatado"11
. Tais disputas mostram-se recorrentes na cena
de Punk Riot Grrrl.
"Dear Daily Mail"12
, a análise
Para atestar nossa teoria que inclui Amanda Palmer no movimento Riot, usaremos a
análise de gêneros musicais utilizando como base teórica o pesquisador Jedder Janotti Jr.
(2004). A utilização do mesmo se dá pela eficiência com que discute autores igualmente
importantes, sendo eles Simon Frith e David Brackett, salvando certo espaço nesse trabalho
para a análise efetiva. Iniciaremos a observação com as chamadas regras de gêneros, sendo
elas:
Regras econômicas (direcionamento e apropriações culturais), regras semióticas
(estratégias de produção de sentido inscritas nos produtos musicais) e regras
técnicas e formais (que envolvem a produção e a recepção musical em sentido
estrito) (JANOTTI JR, 2004, p. 192)
11 Compreendemos que esses dois conceitos mostram-se problemáticos a partir do momento em que se ponderam os
conceitos de liberdade ou recato. Esses termos terão significados diferenciados conforme se diversificam questões como
construção histórico-social, econômica, moral vigente, etc. 12 A letra da música está disponível em: <http://blog.amandapalmer.net/20130713/>. A carta musicada está disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=OiAffX0x04k>. Último acesso: 11/07/2016
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Entendemos que Palmer oferece material suficiente para cumprir os requesitos das
regras citadas acima. Entendemos, também, que a contextualização histórica e social se
mostrará um dos fatores de maior relevância, nesse caso, portanto nossa maior atenção para
tal elemento.
Por aparentar certa condição e defesa de uma ideia de autenticidade (PALMER,
2015; POTTS, 2012), é comum que Amanda Palmer inclua em suas composições conteúdos
autobiográficos. Isso se faz presente em "Dear Daily Mail", não apenas pela situação em
que foi composta, mas pela própria construção de identidade da artista. Tal característica
também se aparece no movimento Riot Grrrl, um dos primeiros indícios de similaridade
entre a artista e o movimento.
dear daily mail,13
it has come to my recent attention
that my recent appearance at glastonbury festivals kindly received a mention
(PALMER, 2013)14
A carta musical de Palmer é introduzida com a estrofe acima, uma contextualização
do evento que acarretou em sua resposta. A artista se utiliza da ironia – o riso feminino, tão
repudiado pela sociedade patriarcal, segundo Perrot (2003) – ao escolher, com cuidado, as
palavras que empregaria inicialmente em seu discurso. "Querido Daily Mail" e
"gentilmente" foram expressões escolhidas previamente, como se a cantora estivesse se
referindo a um conhecido, quem sabe um amigo. Essa percepção é quebrada nas palavras
seguintes da música:
i was doing a number of things on that stage up to and including singing songs
but you choose to ignore that and instead you published a feature review of my
boob
(...)
there's a thing called a search engine: use it!
if you'd googled my tits in advance you'd found that your photos are hardly
exclusive (PALMER, 2013, grifo nosso)15
Percebemos a utilização de um "tom" – se é que esse termo é passível de utilização
para referenciar textos escritos –, com o objetivo de causar impacto. Ao dizer "existe uma
coisa chamada ferramenta de pesquisa: use-a!", poderíamos entender que Amanda Palmer
desafia a inteligência do Daily Mail, já que parte do princípio de que o jornal possui certo
conhecimento de como utilizar ferramentas disponíveis online, levando em conta que ele
13 O não uso de letras maiúsculas no início das sentenças, ou pontuação a final das mesmas, foi uma escolha que a artista
fez ao postar a letra da música em seu blog.
14 "querido daily mail/chegou à minha atenção recentemente/que minha recente aparência no festival de glastonbury
gentilmente recebeu uma menção" (nossa tradução) 15 "eu estava fazendo um número de coisas no palco inclusive cantando músicas/mas você decidiu ignorar isso e publicou
uma crítica sobre o meu peito/(...)/existe uma coisa chamada ferramenta de pesquisa: use!/ se você pesquisasse as minhas
tetas anteriormente veria que suas fotos não são exclusivas" (nossa tradução, grifo nosso)
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possui um site próprio e contas em Sites de Redes Sociais como Facebook, Twitter, entre
outros.
Tal enfrentamento de Palmer poderia ser categorizado como algo presente dentro da
cena Riot Grrrl. Segundo Rachel Bodansky (2013), o movimento Punk feminista escolheu
se retirar da mídia tradicional, optando por alcançar um número menor de meninas, mas
valorizando as mídias alternativas e o processo de D.I.Y. Além disso, o enfrentamento à
mídia de massa era algo recorrente para artistas do movimento, como por exemplo a ex-
vocalista da Bikini Kill, Kathleen Hanna. Ela confrontava o público com suas letras16
, bem
como possuía um histórico de desentendimento com a mídia popular, principalmente
jornais e revistas que insistiam em "desvendar" sua história pessoal, algo que a incomodava
profundamente (PUNK..., 2013).
Um outro trecho muito interessante para ser analisado é o seguinte:
it's so sad what you tabloids are doing
your focus on debasing women's appearances ruins our species of humans
but a rag is a rag, and far be it from me to go censoring anyone OH NO
(PALMER, 2013)17
Nesse momento, Amanda Palmer levanta uma conscientização sobre o papel que
fazem os meios de mídia massiva – entendidos como meios tradicionais – ao "rebaixar a
aparência das mulheres" e como isso as degrada. Entende-se a mídia tradicional como uma
repercussora de discursos maculados com a lógica do moralismo vigente; um moralismo
que remonta padronizações de censura do corpo feminino, iniciado no início da
modernidade e ainda reforçado atualmente, mesmo que com diferentes formas de crítica
(SIBILIA, 2014). Palmer se queixa justamente dessa moralização sobre os corpos femininos
"reais" como ela irá, mais tarde, ressaltar em seu livro auto-biográfico A Arte de Pedir
(2015), ou seja, os corpos com "imperfeições", sem estarem previamente padronizados
através de programas de edição de imagens, como Photoshop, corpos expostos de forma
natural, que não buscam o "olhar 'pornificador'" (SIBILIA, 2014, p. 16) da sociedade
contemporânea.
Ainda nessa estrofe, um detalhe que nos chama a atenção é o fato do início da
problematização que Palmer dá quanto à censura da crítica a partir do sujeito feminino.
Mesmo não discorrendo sobre tal minúcia, o fato da cantora utilizar a ironia para dizer que
tudo bem falarem do corpo dela, contanto que ela não julgue ninguém por isso, mostra-se
16 Um exemplo é a letra de "Alien She" que possui o refrão: "Feminista/ Sapatão puta/ Eu sou tão bonita/ Alienada" (nossa
tradução). Disponível em: <http://www.lyricsfreak.com/b/bikini+kill/alien+she_20017746.html>, último acesso:
11/07/2016 17 "é tão triste o que vocês, tabloides, andam fazendo/seu foco em rebaixar a aparência das mulheres arruína nossa espécie
humana/mas tanto faz, e que eu não vá censurando ninguém por aí, oh não" (nossa tradução).
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bem emblemático não apenas para servir de ilustração da primeira e segunda instâncias do
silenciamento feminino citada por Perrot (2003), o impedimento da representatividade
feminina perante seu próprio gênero, esse trecho também remonta a uma das críticas
presentes no Riot Grrrl: a do silenciamento de mulheres em shows. Silenciamento este, que
era respondido por bandas como Bikini Kill, que chamavam as jovens presentes em seus
concertos para a frente do palco, enquanto os homens deveriam se posicionar ao fundo das
casas de show (BODANSKY, 2013; PUNK..., 2013).
O choque mostrou-se algo importante na estruturação do movimento Riot. Segundo
Rachel Bodansky, "elas chocavam e deixavam pessoas desconfortáveis, porque estavam
desafiando normas de gênero convencionais" (2013, p. 39, nossa tradução). O valor do
choque é algo estimado na cultura Punk (MORAN, 2011) e foi abarcado com a mesma
intensidade pelo Riot Grrrl. É possível dizer que o choque chama atenção para o que está
sendo dito pelo emissor, e este será um artifício utilizado por Amanda Palmer ao longo de
sua carreira. Na performance de Dear Daily Mail, esse fato não se faz insólito. A artista fica
nua diante do público, enquanto toca e canta sua carta, para provar que seu seio não tem
vontade própria, mas ela mesma a possui, e o fato de ter o corpo exposto não a incomoda
como a moral dita que deveria.
Figura 1: Amanda Palmer fica nua na performance de "Dear Daily Mail"
Fonte: Tumblr Scribomaniac18
Amanda fica nua nesta performance para provar um ponto. Como já explicou em
entrevista, ela deseja chamar atenção para aquilo que está sendo dito por ela. Nesse
momento, o que ela quer dizer é que não importa qual parte do corpo ela deixa à mostra,
18 Disponível em: <https://scribomaniac.wordpress.com/2013/11/11/blah-blah-blah-gender-shit-nsfw/>, último acesso:
13/07/2016
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isso não é motivo de vergonha. Palmer busca, portanto, uma despornificação do olhar
midiático (SIBILIA, 2014), e critica o Daily Mail não só por não fazê-lo, mas por
repreender quem não se importa com aquilo. Uma atitude que reflete o embate com a mídia,
como já ressaltamos anteriormente.
Por fim, Amanda Palmer expressa exatamente aquilo que entende por ser o Daily
you misogynist pile of twats
i'm tired of these baby bumps, vadge flashes, muffintops19
where are the newsworthy COCKS? (PALMER, 2013)20
E complementa, ressaltando uma verdade, mas sem perder o tom irônico que a
música contempla:
if iggy or jagger or bowie go topless the news barely causes a ripple
blah bla blah feminist bla blah blah gender shit blah blah blah
OH MY GOD A NIPPLE (PALMER, 2013)21
Esses dois trechos, já quase no final da carta/música, parecem ser os mais
"empoderadores" no sentido de confronto direto àquilo que Palmer entende como
problemático no discurso jornalístico do Daily Mail. Ao ofender o jornal britânico,
chamando-o de "pilha de misóginos babacas", Amanda parece expor toda a raiva pessoal
que sente. Até então, a cantora não havia utilizado palavras propriamente ofensivas para
atingir o meio de comunicação, ela parece satisfeita fazendo uso apenas da ironia. E de fato,
esse será o único momento em que a artista usará uma palavra efetivamente hostil.
De qualquer forma, esse trecho pode ser comparado a muitas músicas de bandas
Riot Grrrl. Além disso, a comparação entre gêneros também é uma abordagem comum na
cena. A busca nesse momento, aparentemente, é de um confronto direto entre artista e mídia
de massa através da música, remontando práticas do movimento Punk, como aponta
Bodansky (2013, p. 39).
Por fim, ainda se tratando do poder midiático, Amanda Palmer canta o seguinte
trecho quase ao final da música/carta: "but thanks to the internet people all over the world
you can enjoy this discourse" (PALMER, 2013)22
. Enxergamos aqui o reconhecimento que
a cantora oferece ao poder da mídia alternativa, à internet, da mesma forma que as
19 Termos populares utilizados, geralmente quando uma mulher deixa alguma parte do corpo à mostra. Poderia ser
traduzido como "pagar peitinho", "pagar pepeca", ou variações. 20 "sua pilha de misóginos babacas/estou cansada desses baby bumps, vadge flashes, muffintops/onde estão os pintos
interessantes?" (nossa tradução, grifo nosso) 21 "se iggy [Pop] ou [Mick] jagger ou [David] bowie ficam sem blusa as notícias mal fazem um murmúrio/ blá blá blá
feminista blá blá blá merda de gênero blá blá blá/ OH MEU DEUS UM MAMILO" (nossa tradução). 22 "mas graças às pessoas da internet vocês conseguem aproveitar esse discurso" (nossa tradução).
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integrantes do Riot Grrrl fazem com zines23
e também com as ferramentas da web como
blogs, quando migraram para o meio digital. Nessa afirmação, a artista demonstra que não
necessita de um representante da mídia de massa como o Daily Mail para sua auto
promoção (isso também se faz presente quando, antes de começar a performance, ela pede
para que os presentes no concerto gravem o show naquele momento com suas câmeras ou
celulares e depois postem os vídeos produzidos), mas ainda assim repudia o fato do jornal
ter dado um foco depreciativo à ela, mostrando que compreende que esse tipo de mídia
também vem a ser um formador de opinião pública.
Assim como as feministas Punk do Riot Grrrl, Palmer compreende a importância da
mídia de massa, mas prefere "perambular" por meios mais alternativos, talvez para se
blindar de certo moralismo secularizado e ganhar uma suposta "liberdade", como fizeram as
integrantes do movimento previamente citado o (PUNK..., 2013).
Conclusão
Após a performance da carta/música, o Daily Mail não respondeu ou mencionou
Palmer e o caso. No entanto, alguns vídeos da apresentação foram gravados e bastante
replicados, com mais de 1.200.000 visualizações, 1.700 compartilhamentos e 4.200
"curtidas"24
, dando a entender que a mensagem proposta pela cantora foi de fato passada e
entendida enquanto performance. Além disso, conseguimos encontrar algumas postagens
em blogs pessoais de pessoas concordando, ou não, com a ação realizada por Palmer, o que,
na percepção da presente análise, prova que o conflito entre artista e mídia de massa é algo
real e reconhecido pelo próprio público, alvo de ambos os emissores. Tal conflito mostra-se
ainda mais característico quando se trata das relações problemáticas existentes entre o corpo
feminino e a sociedade com sua moral vigente.
O conflito no entorno do corpo feminino e da mídia ainda se mostra vigente, pois é
recorrente o julgamento moral de corpos (femininos) expostos ao acaso. Tal arbitrariedade
perpassa pela construção social de juízo de valor que dita que um corpo pode ser exposto,
desde que seja "magro, bonito e bronzeado" (FOUCAULT, 1979, p. 147), podendo essa
prerrogativa ser complementada por corpos constituídos para olhares sexualizados e
voltados para o público masculino. A presente análise demonstra que meios de veiculação
de massa, como o próprio Daily Mail, também ressaltam tais padrões de exposição do corpo
23 Revistas de circulação na cena punk (e subsequentemente, na Riot Grrrl) que eram produzidas através do sistema D.I.Y.
para promover mensagens, bandas, músicas e ideologias (BODANSKY, 2013; MORAN, 2013). 24 Segundo as estatísticas do site de vídeos Youtube, presentes na página do vídeo utilizado. Link de acesso: <
https://www.youtube.com/watch?v=OiAffX0x04k&list=RDOiAffX0x04k#t=2>.
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feminino, o que pode causar certo incômodo em artistas como Palmer, engendrando
produções artísticas com o intuito da disputa pelo poder de ser ouvida, bem como a disputa
para a visibilidade de si mesma.
Tais embates não são engendrados aleatoriamente. Entendendo a importância dessas
disputas dentro do âmbito social, não é surpresa quando a mesma se faz em outros
segmentos e setores culturais. O movimento Riot Grrrl cumpriu e ainda cumpre esse papel,
mas ele se expande para além da lógica do gênero musical Punk, abarcando outros artistas,
como Amanda Palmer, que se entendem – por rótulos mercadológicos – mais inseridos
dentro de gêneros ligados ao pop ou a outros estilos ainda por serem definidos (POTTS,
2013).
O que se mostra em jogo nesse momento é justamente o desejo de poder por ambas
as partes, o jornal britânico, que deseja salientar moralismos sociais já impostos e lucrar ao
publicar uma matéria que gera "polêmica" por reproduzir moralismos sociais, e a artista
estadunidense, que deseja possuir a autonomia total de seu corpo – exposto ou não – sem se
preocupar com momentos reportados como "vergonhosos". Amanda Palmer coloca-se,
portanto, como transgressora feminista – título muitas vezes cedido, também, às integrantes
do Riot Grrrl – para gerar uma autopromoção caucada na lógica de "autenticidade".
Disputar o discurso com um meio de comunicação de massa "tradicionalista" como o Daily
Mail oferece a oportunidade de legitimação desse papel social, focalizando a atenção no
grupo o qual ela deseja estar inserida.
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