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Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração- CPPA
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial
Diogo Galvão Leite de Moura
Métodos de Ensino para Estudantes da Geração Y:
um Estudo de Caso no Curso de Turismo da
Faculdade Santa Helena, Recife-PE.
Recife, 2012
Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração- CPPA
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial
Classificação de acesso a dissertações
Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o
acesso à dissertação do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE do Centro de
Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA – da Faculdade Boa Viagem é definido
em três graus:
Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e
indiretas);
Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em consequência,
restrita a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada;
Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por
isso, o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob
chave ou custódia;
A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.
Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem as
condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.
Título da Dissertação: “Métodos de Ensino para Estudantes da Geração Y: um Estudo de
Caso no Curso de Turismo da Faculdade Santa Helena, Recife-PE”.
Nome do(a) autor(a): Diogo Galvão Leite de Moura
Data da Aprovação: 24 de agosto de 2012
Classificação conforme especificação acima:
Grau 1 X
Grau 2 ×
Grau 3 ×
Recife, 30 de outubro de 2012
__________________________
Assinatura do(a) Autor(a)
Diogo Galvão Leite de Moura
Métodos de Ensino para Estudantes da Geração Y:
um Estudo de Caso no Curso de Turismo da
Faculdade Santa Helena, Recife-PE.
Orientadora: Prof.ª Lúcia Maria Barbosa de Oliveira (PhD)
Dissertação apresentada como requisito
complementar para obtenção do grau de
Mestre em Gestão Empresarial do Centro de
Pesquisa e Pós-Graduação em Administração–
CPPA da Faculdade Boa Viagem - DeVry
Brasil
Recife, 2012
3
Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração- CPPA
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial
Métodos de Ensino para Estudantes da Geração Y:
um Estudo de Caso no Curso de Turismo da
Faculdade Santa Helena, Recife-PE.
Diogo Galvão Leite de Moura
Dissertação submetida ao corpo docente do
Mestrado Profissional em Gestão Empresarial do
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em
Administração– CPPA da Faculdade Boa Viagem –
DeVry Brasil e aprovada em 24 de agosto de 2012.
Banca examinadora
________________________________________________________
Profª Lúcia Maria Barbosa de Oliveira, Ph.D.
Orientadora
________________________________________________________
Profa Fátima Regina Ney Matos, Dra. – UNIFOR
Examinadora externa
________________________________________________________
Profª Maria Auxiliadora Diniz de Sá, Dra.
Examinadora Interna
4
Dedico este trabalho à minha família, em especial, à
minha esposa, Roberta, à minha mãe, Eunice, e ao meu,
pai Genival. Dedico também aos alunos que contribuíram
para a realização desta pesquisa e à Instituição Faculdade
Santa Helena por ter sido o palco para a realização deste
estudo.
5
AGRADECIMENTOS
Como não agradecer pela conquista de um sonho? Sendo assim, preciso expor minha alegria e
mostrar a todos o quanto esta vitória foi importante. E o bom de alcançar um objetivo como
este é saber que você não fez nada só, ao contrário, a sua caminhada foi trilhada em grupos,
presentes em pensamento ou acompanhando-o no seu dia a dia.
Sendo assim essa comemoração é coletiva. É preciso dividi-la com quem é de merecimento e
com quem lhe ajudou em vibrações positivas, com orientações, palavras de incentivo, lhe
confiando credibilidade e lhe dando segurança nos seus passos, lhe mostrando caminhos
possíveis.
Agradeço aos meus companheiros de mestrado, em especial a Antônio, Érika, Lindevany,
Alessandra, Alexandre, Marise e Daniela. Desse grupo não poderia deixar de dizer um muito
obrigado mais do que merecido a Daniela, minha constante companheira de dupla de trabalho
e com quem sempre pude contar, impulsionando-me a fazer o melhor. Ela, um exemplo de
perfeccionismo e de dedicação, sensível e de personalidade forte. Pude aprender muito com o
seu jeitão.
Agradeço também aos professores que nos acompanharam nesta trajetória: James, Dorinha,
Augusto. Todos eles foram especiais e contribuíram tanto para o meu crescimento
profissional, como também para que eu me tornasse uma pessoa melhor, através de exemplos
de conduta e esmero em suas atividades. Sem dúvida são pessoas admiráveis.
Sobretudo preciso dizer um muitíssimo obrigado a minha orientadora, profª Lúcia. Confesso
que, desde que eu entrei no mestrado, já senti que poderia encontrar nela uma mentora e uma
pessoa com quem eu poderia contar e trabalhar. Desde o início a admirei como profissional,
espelhando-me na sua trajetória. Espero, um dia, ser um pouco do que ela representa como
professora, pois é sinônimo de dedicação, amor ao que faz, responsabilidade e muito, muito
respeito pela tarefa de educar. Agradeço muito por ter sido seu orientando. Admiro-a muito e
lhe quero um bem especial.
6
Tenho, também, que agradecer aos meus amigos. Companheiros de vida, escolhidos para me
inspirar e transformar nossas rotinas em momentos de alegria. Tornar a vida mais leve e
intensa ao mesmo tempo. Tenho muitos amigos com quem sei que posso contar. Sinto de cada
um deles um carinho que é refletido em seus olhos, na maneira como me querem bem. Isso
não tem preço. É uma riqueza poder ter amigos tão maravilhosos. Muito obrigado por terem
cruzado meu caminho e por me elegeram como seus amigos.
Agradeço a minha família. Estes foram os primeiros a me dar força, a acreditar em tudo que
eu me proponho a fazer. Minha mãe, Eunice, meu pai, Genival, me transmitem uma energia
muito forte, um amor incondicional que me preenche e me faz olhar para mim mesmo como
se os visse. São exemplos de pessoas mais do que maravilhosas, são anjos que Deus mandou
ao mundo para iluminar a quem estiver aos seus lados. E eu tive a sorte de ter nascido destas
duas pessoas ímpares. Em tudo eu os agradeço, por ser quem sou, por querer ser uma pessoa
melhor, por ser feliz!!! Por terem me preenchido de amor desde sempre.
Como se não bastasse ter tido a bênção de possuir pais maravilhosos, ainda encontrei uma
parceira a quem eu amo incondicionalmente e admiro como ser humano e mulher. Minha
esposa, Roberta, coroa minha felicidade e é meu apoio, hoje, em todas as situações que
poderiam ser encaradas por qualquer um como um problema, mas que, por enfrentarmos
juntos, tornam-se pequenas, como de fato são. Olho para ela e vejo que tenho do mundo o
mais importante, que é a sua presença. É muito bom olhar para o lado e saber que você pode
contar com uma pessoa que te ama, que quer te ver feliz. Um sorriso dela já me transmite a
energia que preciso. A você, Roberta, meu muito obrigado pela força neste período de
mestrado, pelo incentivo e principalmente por você iluminar meus dias.
Enfim, obrigado a Deus por me proporcionar tudo isso!!! Só eu e as pessoas mais próximas
sabemos o quanto a conquista do mestrado foi importante para mim. Não o fiz para apenas ter
um título, mas por querer sempre aprender mais, por gostar de estudar, de aprender. Quero
sempre aprender, e sou o primeiro a dizer aos meus alunos, em sala de aula, que nunca devem
parar de estudar. Sendo assim, sentia-me na obrigação de dar o exemplo. Sentia-me com essa
dívida para comigo mesmo. Na conclusão deste mestrado de certa forma estou acertando as
contas com minha própria consciência. Eu me devia isto e me sinto leve e extremamente
realizado por ter acreditado e investido neste sonho.
7
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que
ensina”
Cora Coralina
8
RESUMO
O foco desta dissertação foi o estudo da geração Y, pertencente ao grupo dos nativos
digitais, e que possui um perfil diferente do das gerações anteriores. Estas diferenças
começaram nas relações familiares e seguiram para as escolas, universidades e para o
mercado de trabalho. Este estudo, então, apresenta as características da geração Y, baseado
nos estudos de Prensky (2001) e qual a relação do perfil destes com o processo de ensino-
aprendizagem, em um ambiente de educação superior. A pesquisa busca identificar quais são
os métodos de ensino, segundo o modelo de Libâneo (1994), favoráveis para o aprendizado de
alunos universitários da geração Y. Para isso, foi realizado um estudo de caso no curso de
Turismo da Faculdade Santa Helena, em Recife-PE. Tratou-se, então, de uma pesquisa
qualitativa, com dados coletados por meio de pesquisa documental e entrevistas por pauta,
sendo esta última restrita a alunos que nasceram entre os anos de 1984 e 1999. Observou-se
que o perfil da geração Y se estreita com a forma pela qual os alunos, na visão deles mesmos,
aprendem, pois os métodos preferidos são aqueles que estimulam as qualidades inerentes a
esta geração. Os alunos têm preferência por métodos de trabalho em grupo, no qual eles
podem debater sobre os temas que são tratados em sala de aula e entender a opinião de outros
colegas. Também dizem aprender com o método de exposição, mesmo fazendo ressalvas ao
uso de equipamentos como o datashow. Os entrevistados, além de expor os métodos de ensino
preferidos, apresentaram algumas competências essenciais para que os docentes tenham maior
êxito em seus trabalhos, tais como dinamismo e interação, fazer relação entre a teoria e a
prática, ser descontraído, contextualizar os assuntos e se relacionar bem com a turma.
Palavras-chave: geração Y, métodos de ensino, educação superior e aprendizagem
9
ABSTRACT
The aim of this dissertation was the study of the Y generation, which belongs to the
digital natives group, and has a different profile from the previous generations. These
differences started inside the family relationships and followed to the schools, universities and
to the work market. So, this paper, shows the specifications of the Y generation, based in the
research of Prensky( 2001 ) and which is the relation of those profiles in the process of
teaching-learning, inside the envoriment of higher education. This research aims for
identifying the teaching methods, according on the model of Libâneo( 1994 ), favorable to the
learning of the Y generation university students. For this purpose, it was done a study of case
in the tourism course of Santa Helena, in Recife, PE. It was , so, a qualitative research, with
the datas collected through a documental survey and guided interviews, being this last one,
restricted to students that were born between the years of 1984 to 1999. Is was noticed that
the profile of the Y generation is close to the way the students, in their own point of view,
learn, because of the favorite methods are those that stimutaled the qualities inherent to this
generation. The students have preferences to work in group methods, with those ones they
can debate about the topics and themes that are presented in the classroom and also they can
comprehend everyone’s opinion. The students also mention that they can learn through the
method of exposition, even though the exception of the datashow equipament . Besides
exposing their favorite learning methods, the respondents showed some essencial skills which
each teacher should have in order to be very successful to them in the process of teaching,
such as dynamism, interaction, making a close relation between the theory and practice, being
relaxing, contextualizing the topics and having a good relationship to the group.
Key-words: Y generation, learning methods, higher education and learning
.
10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABMES Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino Superior
COVEST Comissão de Processos Seletivos e Treinamentos
CPA Comissão Própria de Avaliação
ENADE Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes
FSH Faculdade Santa Helena
IES Instituição Ensino Superior
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
PDI Plano de Desenvolvimento Institucional
SINAES Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior
11
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: Representação das principais características das gerações... ........................ 46
QUADRO 2: Diferenças entre alunos nativos digitais e professores imigrantes digitais .. 48
QUADRO 3: Etapas da pesquisa ........................................................................................ 53
QUADRO 4: Frequência para pergunta de como as aulas são ministradas. .............................. 61
QUADRO 5: Frequência para pergunta de como aprendem .................................................... 67
QUADRO 6: Qual a relação do aluno y com o trabalho em grupo ........................................... 82
QUADRO 7: Como o aluno y usa a internet nos estudos................................................... 84
QUADRO 8: Qual a relação do aluno y com as redes sociais .................................................. 87
12
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................. 20
1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 20
1.1.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 20
1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 21
1.2.1 Justificativa Teórica .......................................................................................... 21
1.2.2 Justificativa Prática ........................................................................................... 22
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 25
2.1 INOVAÇÃO E TECNOLOGIA ............................................................................... 25
2.2 ENSINO SUPERIOR NO BRASIL ......................................................................... 27
2.3 POLÍTICAS DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO PAÍS ............ 29
2.4 EVOLUÇÃO DOS CURSOS DE TURISMO.......................................................... 32
2.5 AULA E APRENDIZAGEM ................................................................................... 35
2.6 MÉTODOS DE ENSINO ......................................................................................... 38
2.7 TECNOLOGIAS PARA O ENSINO ....................................................................... 40
2.8 GERAÇÕES ............................................................................................................. 45
2.9 O ENSINO PARA NATIVOS DIGITAIS ............................................................... 47
2.10 GESTÃO INOVADORA DAS IES ....................................................................... 49
3. METODOLOGIA ............................................................................................................ 52
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ........................................................................ 52
3.2 DESENHO DA PESQUISA ..................................................................................... 53
3.3 LOCUS DA INVESTIGAÇÃO ................................................................................ 54
3.4 SUJEITOS DA PESQUISA...................................................................................... 56
3.5 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS .................................................. 57
3.6 PRÉ-TESTE .............................................................................................................. 58
3.7 TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................................... 58
3.8 LIMITES E LIMITAÇÕES DO ESTUDO .............................................................. 59
4. ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................ 60
4.1 MÉTODOS DE ENSINO UTILIZADOS PELOS PROFESSORES (PRIMEIRO
OBJETIVO ESPECÍFICO) ..................................................................................... 60
4.1.1 Método de exposição pelo professor (uso de datashow) ................................... 61
4.1.2 Método de trabalho em grupo (debate) ............................................................. 62
4.1.3 Método de trabalho em grupo (trabalho em grupo) .......................................... 63
4.1.4 Método de trabalho independente (atividades/exercícios) ................................ 64
4.1.5 Método de trabalho independente (leitura) ....................................................... 64
4.1.6 Atividades especiais .......................................................................................... 65
4.1.7 Métodos mais utilizados pelos professores ....................................................... 65
4.2 MÉTODOS DE ENSINO FAVORÁVEIS AO APRENDIZADO (SEGUNDO
OBJETIVO ESPECÍFICO) ..................................................................................... 66
4.2.1 Competências para o ensino .............................................................................. 67
4.2.1.1 Competência da comunicação (dinamismo/interação) .............................. 69
13
4.2.1.2 Competência do domínio da área do conhecimento (relação entre teoria e
prática) ....................................................................................................... 71
4.2.1.3 Competência da empatia (descontração) ................................................... 72
4.2.1.4 Competência da visão sistêmica (contextualização do assunto) ............... 73
4.2.1.5 Competência do relacionamento interpessoal (relacionamento com o
professor) ................................................................................................... 74
4.2.2 Métodos de ensino preferidos....................................................................... 76
4.2.2.1 Método de trabalho em grupo (debate e trabalho em grupo) .................... 77
4.2.2.2 Método de exposição pelo professor (datashow) ...................................... 78
4.2.2.3 Método de trabalho independente (atividades/exercícios) ........................ 79
4.2.2.4 Atividades especiais (visita técnica) .......................................................... 80
4.3 RELAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE ENSINO E OS NATIVOS DIGITAIS
(TERCEIRO OBJETIVO ESPECÍFICO) ................................................................ 81
4.3.1 Preferências por trabalho em grupo .................................................................. 81
4.3.2 Relação com a internet ...................................................................................... 84
4.3.3 Relação com as redes sociais ............................................................................ 86
5. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 89
5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................... 95
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 98
APÊNDICE ......................................................................................................................... 105
Apêndice A - Roteiro de entrevista por pauta ..................................................................... 106
Apêndice B - Categorização inicial das entrevistas com frequência ................................... 108
ANEXO ............................................................................................................................... 110
Anexo 1 - Resultado da Comissão Própria de Avaliação – CPA FSH (curso de turismo) . 111
14
1 INTRODUÇÃO
No mercado atual entender o sentido da palavra inovação é uma condição
essencial para sobreviver a uma concorrência cada vez mais especializada. No entanto, para
inovar é preciso, antes de qualquer processo de planejamento, desprender-se de modelos de
gestão antigos, já ultrapassados, partindo para a descoberta do novo.
A grande novidade do nosso mundo contemporâneo é a valorização, sem
precedentes, do inédito, da mudança, do novo. A transformação prevalece,
simbolicamente, em relação à permanência, a ruptura sobre a continuidade;
será este o preço, por vezes, da instabilidade e de um sentimento de
insegurança. (UNESCO, 2005, p. 60).
A necessidade por inovação deve perpassar por todas as organizações modernas e
envolver o olhar dos gestores para todos os processos que existem na empresa. Para inovar, é
importante estimular a criatividade e aceitar os erros como etapas naturais da aprendizagem
para o novo. De acordo com Bateman e Snell (2011, p. 566):
Embora possa parecer estranho, comemorar o fracasso pode ser vital para o
processo de inovação. O fracasso é a essência do aprendizado, do
crescimento e do sucesso. Empresas inovadoras têm muitas bolas no ar ao
mesmo tempo, com muitas pessoas tentando muitas ideias novas. A maioria
dessas ideias falhará – mas é somente por meio desse processo que algumas
grandes ideias surgem e fazem da empresa uma estrela da inovação.
Diante de um contexto no qual as forças externas cada vez mais impactam as
decisões de grandes executivos, vê-se que, para sobressair em relação aos concorrentes, é
preciso acompanhar a velocidade das mudanças e criar um sistema de aprendizagem
organizacional capaz de fazer com que as empresas desenvolvam competências que possam
lhes dar uma vantagem competitiva sustentável no mercado. Um dos fatores que mais
impulsionam a necessidade pela inovação são os avanços tecnológicos. O que é novo hoje
pode ser ultrapassado amanhã, pois o mundo globalizado propõe novos modelos de negócios
(TEIXEIRA; ZACCARELLI, 2008).
Sabe-se que a evolução da tecnologia de fato influencia praticamente todos os
setores da sociedade. Neste sentido, mais especificamente em virtude da facilidade que hoje
se tem para acessar a internet, acompanha-se um movimento no qual se estreita ainda mais um
mundo que já era globalizado. Com base nas ideias de Teixeira e Zaccarelli (2008, p.7) “o
avanço tecnológico influencia não só a dimensão de tempo e espaço [...], como também a
comunicação, que pode adquirir as propriedades de instantaneidade e interatividade”.
15
As barreiras geográficas, culturais e sociais que existem entre os povos cada vez
mais se tornam inexistentes. Atualmente, o mundo cabe na palma da mão, num simples
celular, por meio do qual é possível estar conectado 24 horas por dia, antenado com as
notícias do mundo inteiro, interagindo, de fato, com pessoas de diversas nações. E essa
transformação muda a forma sob a qual as pessoas se relacionam umas com as outras.
Hoje se vive um paradigma, ao mesmo tempo em que se observa o distanciamento
entre as pessoas, quando, por exemplo, ficam mais horas na frente de um computador,
aumenta significativamente o número de indivíduos com os quais alguém pode se relacionar,
devido às inúmeras redes sociais que existem na internet (OLIVEIRA, 2010). Pode-se afirmar
que a vida de muita gente se transformou em um livro aberto, só que para o mundo inteiro,
que não apenas acompanha os fatos de sua rotina, mas opina sobre suas decisões, impressões
e opiniões. De acordo com Oliveira (2010), hoje não mais se vive a era do conhecimento, mas
sim a era das conexões, na qual o principal valor é o relacionamento com as pessoas.
Vive-se numa sociedade com barreiras quase invisíveis e algumas vezes até
inexistentes. E para quem já nasceu neste universo virtual, por exemplo, que não apenas
entende a linguagem da tecnologia, mas também interage de forma mais intensa com estes
ambientes, seja nas redes sociais ou até mesmo em sites de compartilhamento de vídeos,
músicas, conteúdos, dentre diversos outros, muitas vezes desconhece estas barreiras, pois seu
mundo já foi construído sob a perspectiva de uma sociedade virtualizada. As novas gerações
vivem no mundo da WEB 2.0, na qual a interação é constante (BORUTA, CHANG, 2011).
Não se vive mais na época do anonimato, todos querem aparecer, dar a sua
opinião, contribuir de alguma forma. De acordo com Lipkin e Perrymore (2010, p.103) este
grupo vive numa espécie de exibicionismo tecnológico, em que “ninguém parece ter vergonha
de mostrar ao mundo o que está fazendo em determinado momento”. Ao contrário, nota-se
que expõem as suas vidas e opiniões com frequência.
Essas transformações não poderiam deixar de causar efeitos nas escolas,
faculdades, empresas e até mesmo nas próprias relações familiares. Com base nas ideias de
Veras (2011, p. 2) nota-se que os jovens de hoje:
[...] estão começando a transformar todas as instituições da vida moderna.
Desde o local de trabalho até o mercado, passando pela política, pela
educação, até a unidade básica de qualquer sociedade – a família –, estão
substituindo uma cultura de controle por uma cultura de capacitação.
16
Todos sentem as mudanças ocasionadas pela tecnologia, só que uns,
evidentemente, de forma mais intensa que outros. Em geral, os mais novos, por já entenderem
a linguagem desta nova tecnologia virtual, conhecem mais as novidades e aproveitam mais os
recursos e ferramentas de aprendizado disponíveis neste universo. É por isso que os jovens
das gerações Y e Z são nativos digitais enquanto as gerações anteriores podem ser
consideradas imigrantes digitais. (LIPKIN; PERRYMORE, 2010).Os nativos digitais são
aqueles que fazem parte das gerações Z e Y, e são precedidos pelas gerações x, Baby
Boomers e Belle Époque, que por sua vez são considerados imigrantes digitais por não terem
nascido e crescido no universo da tecnologia virtual (OLIVEIRA, 2010).
No mundo atual estas mudanças tecnológicas ocorrem cada vez mais rapidamente
e por isso é preciso aceitá-las. Faz-se necessário sair de um estado de negação para o estágio
do comprometimento, no qual se observa que há a quebra da resistência para iniciar um
processo de exploração, aceitação e envolvimento com o novo. Oliveira (2010, p. 34) afirma
que:
O cenário atual exige esse esforço, por isso devemos criar condições para
nos desprendermos de nossas premissas e voltarmos nossa atenção para as
novas experiências que surgem a cada dia, com as novas tecnologias e com
as novas gerações de pessoas.
O trabalho em questão trata de métodos de ensino para nativos digitais. Nesse
sentido, entende-se que Instituições de Ensino, vistas como uma organização, precisam inovar
em diversos aspectos de sua gestão, como acontece com qualquer empresa, contudo,
necessitam investir naquilo que possuem de mais importante, o seu ensino. É fundamental
fazer diferente aquilo que já vem sendo feito, para que além de um diferencial competitivo no
mercado estas instituições possam desenvolver novos métodos de ensino mais eficazes e que
atendam às necessidades de alunos, consumidores, filhos de uma era digital. Presnky (2001, p.
2) afirma que:
[...] isto não é uma piada. Porque o maior problema que a educação enfrenta
hoje são os nossos professores imigrantes digitais, que falam uma linguagem
ultrapassada (a da era pré-digital) e que estão lutando para ensinar uma
população que fala numa linguagem inteiramente nova.
É preciso que, ao desenvolver um método de ensino, os docentes as e instituições
das quais eles fazem parte, tenham como base o máximo interesse pelo aprendizado de seus
17
alunos, o que lhes levam a entender como se comunicar com eles, ou seja, como quebrar
barreiras de comunicação e desenvolver métodos de ensino eficazes (LIBÂNEO, 1994).
O interesse e o papel do professor, obviamente, continuam voltados para que seus
alunos se tornem cidadãos conscientes e antenados com as necessidades do mercado. Passos
(2009, p.17) diz que:
A função docente, na sociedade hodierna, permeia enfoques que giram em
torno das competências e habilidades, para atingir capacidades genéricas de
gestão, cujo espaço da instituição é lugar, na maioria das vezes, de
reprodução de estruturas sociais e de transferência da cultura de uma geração
para outra.
Professores que desenvolvam novos métodos de ensino, mais eficazes, também
poderão contribuir para uma aprendizagem mais efetiva dos alunos e como consequência
poderão formar profissionais mais bem preparados e que agreguem ao seu conhecimento de
tecnologia os comportamentos e as competências que as organizações buscam nos novos
funcionários. Afinal de contas as organizações procuram encontrar profissionais da geração
digital, pessoas que já nasceram no universo da tecnologia. Prensky (2001, p. 1) já dizia que:
Hoje os alunos – que estão na faculdade – representam as primeiras gerações
que cresceram com esta nova tecnologia. Eles passaram a vida inteira
rodeados por computadores, videogames, tocadores de música digital,
filmadoras, celulares e todos os brinquedos e instrumentos da era digital.
Hoje, em média, os estudantes universitários gastam menos de 5000 horas de
suas vidas lendo, e mais de 10000 horas jogando videogames (para não falar
das 20000 horas assistindo televisão). Jogos de computador, e-mail, internet,
telefones celulares e mensagens instantâneas são partes integrantes de suas
vidas.
Como uma nova geração de talentos já ingressou e continuará ingressando no
mercado, é preciso conhecê-los, para, a partir daí, criar mecanismos de incentivo e motivação
para o aprendizado deste grupo. Assim, há possibilidade de fazer com que este novo talento,
já pertencente às gerações Y ou Z, ou seja, um nativo digital, queira dar o máximo pela
organização onde trabalha. Conforme Prensky (2001) este grupo pertencente às novas
gerações tem um perfil bem diferente daqueles das gerações anteriores e enxerga o mundo
também de outra forma.
Assim, observa-se que se faz necessário primeiro entender a maneira pela qual os
membros destas novas gerações aprendem para depois saber se a forma como os professores
ensinam está atendendo às expectativas destes grupos. Não obstante a isso, os responsáveis
18
pela transmissão de conhecimento para estes grupos, os professores, ainda ensinam nos
moldes tradicionais (SERRES, 2008).
É preciso entender as novas gerações para que seja possível propor novas formas
de aprendizado. Mas a forma como uma parcela dos professores ensina está fundamentada em
um modelo tradicional.
[...] é um momento polifônico, de vozes que precisam se juntar. Os
professores ainda estão num modelo criado no século XIX [...] no qual o
professor é um pregador e a interatividade é mínima. Mas a era polifônica
obriga que o ambiente seja interativo. Eles precisam se abrir para as novas
tecnologias e novas formas de pluralidade. (VERAS, 2011, p. 3)
Outrossim, faz-se importante discutir sobre os efeitos que a tecnologia trouxe para
a educação. Observa-se que novos equipamentos, ferramentas e programas estão sendo
criados para dar aos professores mais subsídios técnicos que podem, se bem utilizados,
aperfeiçoar suas aulas. Esta nova geração de alunos Y e Z que já chegaram às instituições de
ensino muitas vezes encontram professores que não compartilham do mesmo universo da
tecnologia e como consequência não falam a mesma língua que eles, o que pode comprometer
a comunicação e os resultados na aprendizagem (SERRES, 2008).
Já é uma realidade dentro de Faculdades e Universidades esta convivência entre
professores das gerações Baby Boomers e X e alunos das gerações Y e Z. Porém, esta
situação ainda é nova e a comunicação entre esses grupos muitas vezes não é eficaz uma vez
que possuem ritmos e interesses diferentes. De acordo com Palfrey e Gasser (2008, p.239)
Para que as escolas se adaptem aos hábitos dos nativos digitais e de que
como eles processam as informações, os educadores precisam aceitar que o
modo de aprender está mudando rapidamente em uma era digital. Antes de
responder a perguntas sobre como exatamente usar a tecnologia nas escolas,
temos que entender estas mudanças. Para isso, é necessário pensar em todo o
processo de aprendizagem, não considerando apenas o que acontece em sala
de aula.
O estudo em questão tem o intuito de identificar métodos de ensino favoráveis ao
aprendizado de alunos pertencentes à geração Y. Para isso a pesquisa será desenvolvida sob a
perspectiva de alunos do curso de Turismo da Faculdade Santa Helena. Optou-se por não
fazer a pesquisa com os professores para evitar um viés, uma vez que dificilmente o professor
responderia que seu método não é favorável ao aprendizado. De acordo com Bachelard
(1996, p. 24) “O educador não tem o senso do fracasso justamente porque se acha um mestre.
Quem ensina manda.” Sendo assim, a pesquisa poderia ser prejudicada pela visão do
19
professor, que teria uma tendência, em pesquisa desenvolvida dentro da instituição onde
trabalha, a não fazer observações negativas a respeito de seu desempenho em sala de aula.
No curso em questão a maioria dos alunos pertence à geração Y. Dessa forma esta
dissertação busca trabalhar com o seguinte problema de pesquisa:
- Quais os métodos de ensino favoráveis ao aprendizado de alunos da
geração Y do curso de Turismo da Faculdade Santa Helena, em Recife-PE?
20
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral:
Identificar os métodos de ensino favoráveis ao aprendizado de alunos da geração
Y do curso de Turismo da Faculdade Santa Helena, em Recife-PE.
1.1.2 Objetivos Específicos:
Identificar, segundo o modelo de Libâneo (1994), quais são os métodos de
ensino utilizados pelos professores na visão do aluno da geração Y.
Identificar qual o método de ensino favorável ao aprendizado, na visão de
alunos da geração Y, segundo o modelo de Libâneo (1994), a saber: método
de exposição pelo professor; método de trabalho independente; método de
elaboração conjunta; método de trabalho de grupo e atividades especiais.
Relacionar os métodos de ensino utilizados pelos professores com as
características da geração digital, apresentadas por Prensky (2001), a saber:
intimidade com a tecnologia; busca por informações em diversas fontes e de
forma randômica; preferência em trabalhar com imagens, som e vídeo;
facilidade em trabalhar com grupos; habilidade de interação; interesse pelo
aprendizado de forma lúdica; e desejo pela obtenção de gratificações
instantâneas.
21
1.2 JUSTIFICATIVA
1.2.1 Justificativa Teórica
É de grande importância desenvolver pesquisas no âmbito da aprendizagem,
especificamente voltadas para a geração Y, uma vez que se observa uma mudança no perfil
comportamental dos estudantes desta geração. Alunos destas gerações se comunicam com o
mundo de outra forma, têm um ritmo e aspirações diferentes dos das gerações anteriores. A
tecnologia mudou a forma pela qual o mundo é visto e entendido por este novo grupo
intitulado de nativos digitais. Assim, parece ser preciso mudar a forma de ensino, fugindo de
um modelo tradicional, baseado na transmissão de conhecimento do professor para o aluno,
chegando a um processo de interação. É preciso, literalmente, conectar-se com estes novos
alunos. No entanto, ainda se encontra pouco material bibliográfico que dê direção para que
professores e instituições comecem a desenvolver novos métodos de ensino.
Além disso, quando este assunto é direcionado para educação de nível superior,
observa-se que há ainda uma maior escassez de pesquisas acerca do tema. Porém, esta nova
geração já está no mercado de trabalho, o que leva este dilema das escolas para as empresas,
que também têm dificuldades de interação e comunicação com estes novos profissionais.
Assim, faz-se mister compreender o processo de aprendizagem nas instituições de ensino
superior, que são hoje a grande porta de entrada de novos profissionais no mercado de
trabalho. O modelo de aprendizagem para o ensino superior pode servir de referência para que
as empresas desenvolvam seus projetos de treinamento e desenvolvimento, já numa
linguagem efetiva para os integrantes destas novas gerações.
Não obstante ao que já foi exposto, nota-se, em contrapartida, que é comum
encontrar pesquisas que tratam sobre novos métodos educacionais e novas competências a
serem desenvolvidas pelos educadores. No entanto, poucos trabalhos abordam este tema sob a
perspectiva da educação superior. Logo, a contribuição desta pesquisa passa a ser de grande
relevância para as ciências humanas, principalmente nos âmbitos da educação e da
administração, uma vez que trará um diagnóstico que vai apontar as melhores técnicas de
ensino para os estudantes nativos digitais. O resultado da pesquisa poderá ser utilizado em
outras instituições de ensino e também em empresas que oferecem treinamento para
funcionários desta geração.
22
Também já é possível encontrar pesquisas que falem sobre os perfis das novas
gerações, no entanto, pouco se explora a relação existente entre este novo grupo, e a forma
pela qual a aprendizagem destes nativos digitais pode ser mais efetiva. É preciso que no
campo da educação se discutam novas formas de estimular o aprendizado, mas para isso é
preciso saber como se ensina hoje e como estes novos alunos aprendem.
1.2.2 Justificativa Prática
O mundo atual é altamente dependente da tecnologia. A evolução das ferramentas
tecnológicas foi e continua sendo tão rápida que acaba criando grandes abismos
comportamentais entre as gerações Baby Boomers, X, Y e Z. O universo de cada uma é
diferente do da geração anterior. Isso é mais visível quando se comparam as gerações Baby
Boomers e X, que são imigrantes digitais, com os nativos digitais das gerações Y e Z. No
entanto, a convivência entre esses grupos é cada vez mais frequente. Começa nas relações
familiares, passa para instituições de ensino, com professores e alunos vivendo o desafio de
ensinar e aprender, chegando até as empresas, que formam equipes de gerações diferentes que
têm a responsabilidade de não apenas conviver bem, mas também de gerar resultados para os
negócios.
Os métodos de ensino nas Instituições de Ensino Superior precisam acompanhar
as inovações do mundo moderno. Sendo assim, o professor é peça fundamental neste processo
e, por sua vez, nunca pode esquecer o seu verdadeiro foco, o aprendizado. Para isso é
fundamental conhecer as características destas gerações. Métodos tradicionais podem não ter
mais o mesmo efeito. O estudante de hoje vive num mundo diferente e a sua comunicação
com este mundo acompanhou essas mudanças. O acesso à informação é ilimitado, tudo é
instantâneo. Esses grupos se caracterizam pela necessidade de interação e de
compartilhamento de informações. Em sala de aula é preciso acompanhar as necessidades
desses alunos, chamados de nativos digitais, a fim de, ao falar a mesma linguagem deles,
haver uma comunicação mais efetiva e, por conseguinte, resultados de aprendizados mais
satisfatórios.
Diante dessa nova realidade é preciso dar respostas rápidas para um dilema da
sociedade atual: como o sistema educativo precisa reagir frente aos desafios impostos pelos
nativos digitais. Carrol (2000, p. 118) diz que:
23
Se continuarmos a preparar os professores como sempre os preparamos,
vamos continuar a recriar as escolas que sempre tivemos. Temos que
começar a preparar professores de forma diferente. Se vamos continuar a
preparar os professores para trabalhar sozinhos, de forma autônoma, em
salas de aula isoladas, nós estaremos perpetuando as escolas de hoje. Se
queremos escolas para ser diferente, temos que começar hoje a preparar os
professores de forma diferente... significativamente diferente.
Conhecer como professores e alunos estão interagindo pode apontar caminhos
possíveis e respostas que contribuam para a melhoria da educação em nosso país. Para isso
será pesquisada a realidade da Faculdade Santa Helena, localizada em Recife-PE. Neste caso,
os resultados terão importância direta para a instituição Faculdade Santa Helena e
direcionamentos importantes para outras IES.
Além disso, sob a ótica empresarial, estudos sobre este tema têm importância cada
vez maior porque as empresas investem quantias altas de recursos financeiros a fim de treinar
seus funcionários apostando, ainda, no sistema tradicional de ensino. Há pesquisas que
mostram a falta de efetividade destes treinamentos e o acúmulo de prejuízo por parte das
organizações (ABBAD; MENESES, 2009).
Sendo assim, talvez seja possível modificar a estrutura atual pensando que em
pouco tempo as empresas estarão treinando uma massa de ex-estudantes pertencentes à
geração Y. Para isso, acredita-se que seria preciso mudar os métodos de ensino tradicionais,
pensar em novas metodologias ou adaptá-las a uma linguagem mais próxima ao estudante Y.
Além disso, seria preciso avaliar quais técnicas e qual linguagem se precisariam utilizar para
se comunicar com estas novas gerações. Por isso, o foco desta pesquisa está na geração Y.
Também se optou por desenvolver as pesquisas que compõem este trabalho em
uma Instituição de Ensino Superior, especificamente na Faculdade Santa Helena, em Recife-
PE, por saber que em sala de aula encontram-se professores nativos digitais formando os
profissionais das gerações atuais.
Justifica-se, ainda, a importância da pesquisa, porque, a partir dos seus resultados,
poderá ser possível desenvolver, para o curso de Turismo da Faculdade Santa Helena, um
novo método de ensino capaz de garantir uma aprendizagem mais efetiva para os alunos
pertencentes às gerações digitais. Além disso, a cada semestre ingressam novas turmas de 40
alunos em média, dos quais, de acordo com o banco de dados da própria IES, são 70%
pertencentes à geração digital. Este número tende a crescer ano a ano.
Saber como se dá o processo de ensino e aprendizagem nessa instituição pode
apontar caminhos para um melhor resultado na formação destes estudantes. Nesse caso os
24
professores poderão desenvolver suas aulas com foco na aprendizagem deste grupo e obter
melhores resultados. Conhecer a forma pela qual os alunos aprendem dá um direcionamento
metodológico essencial para a aproximação do professor e da instituição de ensino com o
universo do aluno pertencente a uma geração digital.
No próximo capítulo será apresentada a fundamentação que dará sustentação
teórica a esta dissertação. Conhecer pesquisas ou discussões sobre os temas que estão sendo
tratados neste trabalho darão o conhecimento necessário para que os assuntos possam ser
aprofundados e as pesquisas realizadas de forma coerente.
25
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo apresenta uma discussão sobre os temas que dão base teórica a esta
dissertação. Aqui serão estudados, inicialmente, assuntos que envolvam a inovação e a sua
relação com o ensino superior. No entanto, para inovar é preciso conhecer a si mesmo e,
sendo assim, as políticas de avalição de IES também ganham espaço neste debate, por serem
capazes de dar subsídios para uma mudança pensada, fundamentada no estudo da realidade da
instituição de ensino.
Como a dissertação trata-se de um estudo de caso, em específico estudando os
alunos do curso de turismo, fez-se importante conhecer um pouco sobre esta área do
conhecimento. Foi preciso entender no que consiste a formação do turismólogo e como se deu
a evolução deste curso no Brasil, considerando as especificidades do profissional que atua
neste ramo.
A partir daí se fez importante começar a entender os conceitos de aula e
aprendizagem para que fosse possível relacioná-los aos métodos de ensino. O trabalho busca
conhecer quais são os métodos de ensino que mais favorecem o aprendizado dos alunos, na
visão deles mesmos e, sendo assim, para compreender esta relação, foi fundamental conhecer
o que é aprendizagem e o que são métodos de ensino.
No entanto, o estudo tem foco nos estudantes da geração Y, que possuem
características diferentes daqueles que fazem parte das gerações anteriores. Nesse caso, por se
tratar de um grupo marcado pela sua relação com a tecnologia, fez-se importante, também,
estudar as tecnologias para o ensino, além de conhecer algumas discussões sobre o ensino
voltado para estes, que são considerados os nativos digitais.
Por fim, abordam-se aspectos relacionados à gestão das Instituições de Ensino
Superiores, pois, para que qualquer mudança aconteça (em relação aos métodos de ensino,
dentre outros aspectos pedagógicos e administrativos), é preciso entender como conduzi-la.
Tratar de gestão em ensino superior se faz importante porque é comum não enxergar uma
instituição de ensino como uma empresa.
2.1 Inovação e tecnologia
De acordo com Bateman e Snell (2011, p. 551) “inovação é uma mudança na
tecnologia – um abandono das maneiras anteriores de fazermos as coisas”. É comum,
26
atualmente, haver uma necessidade de fazer diferente aquilo que já é feito a fim de se buscar
uma vantagem competitiva no mercado. Por conta disso, observa-se que os processos de
inovação acontecem cada vez mais rapidamente. Antes, novos produtos levavam anos para
serem lançados no mercado. Hoje é tudo instantâneo. Na visão de Freeman (2008, p. 19)
As inovações, portanto, são cruciais não apenas para aqueles que desejam
acelerar ou sustentar a taxa de crescimento econômico de seus próprios
países ou de outros, mas também para os que se assombram com
preocupações sobre a quantidade de bens e que desejam mudar a direção do
avanço econômico, em busca de melhor qualidade de vida.
Outras contribuições são dadas ao estudo da inovação. De acordo com Morand e
Manceau (2009, p. 13):
Do ponto de vista das empresas e de seus dirigentes uma visão de inovação
baseada em pesquisa, desenvolvimento e em patentes é extremamente
parcial. A inovação é fruto de processos globais nos quais a pesquisa e
desenvolvimento são ingredientes, dentre outros, que integram uma
abordagem organizacional complexa. A inovação é tanto um processo de
desenvolvimento, de proteção das tecnologias, de organização, de marketing,
de desing, de criatividade, de estratégias empresariais, de organização, de
políticas de recrutamento, como também de todos os componentes que
envolvem a gestão.
É possível inovar em produtos e processos, caracterizando-se, este último, como
uma transformação nos métodos de trabalho. Logo, para inovar não é preciso fazer mudanças
complexas. Novas ideias, maneiras diferentes de enxergar os processos organizacionais,
podem apontar novos caminhos a serem seguidos, muitas vezes mais eficazes, econômicos e
de maior produtividade para uma organização.
Quando se fala em aumento de produtividade, é comum se fazer uma relação com
o ritmo em que são adotadas as novas tecnologias. Nesse sentido, para Rosenberg (2006, p.
163)
[...] as expectativas a respeito do curso futuro da inovação tecnológica
constituem um componente significativo e negligenciado de tais questões, na
medida em que são um importante determinante de decisões empresariais
com respeito à adoção de inovações.
É preciso observar o mundo que está ao redor das empresas para encontrar
soluções que estejam fundamentadas com os interesses do mercado. Afinal de contas uma
27
empresa se relaciona com os ambientes interno e externo, tendo estes dois que interagir
harmonicamente. (MAXIMIANO, 2008; BATEMAN; SNELL, 2011)
Nesse sentido a tecnologia surge como uma mola propulsora para as inovações.
Entende-se que a tecnologia são os métodos utilizados nos processos de transformação dos
produtos. Assim, novas ferramentas, mais modernas, surgem a cada dia e podem beneficiar as
empresas que aproveitam as suas vantagens. (BATEMAN; SNELL, 2011).
Outro fator de destaque deve-se ao fato de que os clientes cada vez mais vivem
em um universo onde a tecnologia faz parte do seu dia a dia. Uma vez que o consumidor
entende e sabe que aquele serviço ou produto que ele consome pode ser melhorado, é comum
que estes novos clientes, mais antenados, procurem empresas que deem novas soluções para
suas necessidades. Um novo mercado surge pela mudança dos seus consumidores.
(TEIXEIRA; ZACCARELLI, 2008).
É fundamental compreender que o uso da tecnologia, isoladamente, não faz com
que uma empresa seja inovadora. É preciso, conforme já descrito acima, que as novas
tecnologias sejam agregadas aos processos organizacionais, dentro da realidade de cada
mercado e de cada empresa. Assim, as mudanças serão observadas em toda a organização
(MORAND; MANCEAU, 2009).
Os processos de inovação devem ser transportados para a realidade das
instituições de ensino superior, objeto de estudo desta dissertação, uma vez que o público que
hoje começa a ingressar nas faculdades e universidades possuem características diferentes
daqueles que outrora ocupavam as cadeiras das salas de aula. Outrossim, o contexto atual é
diferente do de outras épocas, e empresas que trabalham com educação precisam acompanhar
a realidade dos mercados atuais e preparar alunos para o tempo atual.
2.2 Ensino superior no Brasil
Os desafios para sobreviver a um mercado cada vez mais competitivo também
fazem parte da realidade das Instituições de Ensino Superior – IES, no Brasil. A expansão da
oferta de vagas para o nível superior fez surgir, principalmente, na década de 90, um grande
número de Instituições de Ensino com interesse em aproveitar este novo nicho de mercado,
ainda latente. Como não poderia ser diferente, por conta de uma grande demanda, mais
especificamente, uma massa de alunos que não conseguiam vagas nas instituições públicas, o
crescimento deste setor foi muito veloz. (MACHADO, 2008).
28
A partir desse cenário, observa-se que as IES brasileiras, mais especificamente as
particulares, precisam desenvolver políticas de planejamento estratégico capazes de responder
a um mercado que hoje, pode-se dizer, é altamente competitivo, mas ainda dominado por
modelos tradicionais de gestão organizacional. (MACHADO, 2008).
Uma vez que este cenário começa a se profissionalizar, nota-se que algumas
instituições privadas já dão sinais de adoção de uma gestão profissional, afinal de contas a
sobrevivência destas organizações está ligada à profissionalização do setor. De acordo com
Porto e Régnier (2003, p.7)
[...] a educação superior e profissional em particular, deixou de ser sinônimo
de um conjunto de instituições – agindo de forma mais ou menos coordenada
ou estável – para se tornar um setor em expansão: uma ‘área de negócios’,
como preferem alguns. Atraindo recursos, gerando oportunidades,
ampliando e diversificando seus ‘produtos’ e ‘serviços’, preocupando-se
com seus clientes e suas necessidades diferenciadas e investindo em
marketing, em ‘marcas’, em qualidade.
As instituições de ensino privadas devem ser vistas como um negócio, regulado
pelo Governo, com grande responsabilidade para com o aprendizado de seus alunos, mas que
também precisam ser sustentáveis do ponto de vista financeiro. Dessa forma, processos
inovadores podem conferir uma vantagem competitiva para estas IES. (MACHADO, 2008)
Em paralelo vale ressaltar que o ensino superior no Brasil enfrenta diversos
problemas, dentre eles: professores com baixa qualificação; grande número de professores
horistas; exigência por pesquisas sem que haja tempo e instrumentos para tal; alunos mal
preparados; perda de tempo com processos meramente burocráticos, como o preenchimento
de cadernetas; dificuldade de comunicação com os alunos. Essas exigências podem tirar o
foco do professor para aquilo que é o essencial, o aprendizado de seus alunos. (PASSOS,
2009)
As IES precisam remodelar seus processos e modificar principalmente aqueles
que estão relacionados aos métodos de ensino, pois novos estudantes ingressam nessas
instituições, que ainda permanecem com um modelo pedagógico tradicional, baseado na
transmissão do conhecimento e não na interatividade. (PRENSKY, 2000)
Uma forma de acompanhar o rendimento de seus processos, numa instituição de
ensino, é através de programas de avaliação. É preciso avaliar as aulas, os professores, os
processos administrativos e os alunos para que seja possível entender o que pode ser feito para
melhorar o desempenho da IES. Na realidade, as faculdades e universidades são reguladas
29
pelo Governo Federal, e dentre as obrigações que precisam atender, encontra-se a necessidade
de desenvolver políticas de avaliação. Sendo assim, estas políticas podem ser de fato
implementadas e utilizadas como uma ferramenta gerencial de importância ímpar para que a
IES seja bem sucedida.
2.3 Políticas de avalição da educação superior no país
As Instituições de Ensino Superior, a partir da Lei 10.861, de 2004, estão sendo
submetidas a um sistema de avaliação constante que abarca todos os níveis das IES. Esse é o
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). De acordo com Barreyro et
al (2006, p.430)
O SINAES fundamenta-se na necessidade de promover a melhoria da
qualidade da educação superior, a orientação da expansão da sua oferta, o
aumento permanente da sua eficácia institucional, efetividade acadêmica e
social e, especialmente, o aprofundamento dos compromissos e
responsabilidades sociais. Ele tem como objetivo assegurar o processo de
avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de graduação e
do desempenho acadêmico de seus estudantes.
Sabe-se que, para uma IES obter uma boa avaliação, é preciso atender a 10
dimensões estabelecidas pelo Ministério da Educação. Além dessas dimensões, os cursos
superiores são submetidos a avalições in loco, por comissões do Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), além de também serem avaliados por meio
do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) e por uma política interna de
autoavaliação. Todas essas avaliações têm o intuito de acompanhar o funcionamento e a
qualidade da educação no país. Nos parágrafos abaixo serão discutidas as 10 dimensões do
SINAES, com algumas observações baseadas em Barreyro et al (2006), ABMES (2004) e na
própria Lei do SINAES (2004).
A dimensão 1 trata da missão e do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI).
Todas as instituições devem desenvolver um planejamento estratégico para estabelecer sua
missão. O fruto desse planejamento é o PDI. No entanto, este plano não deve ser estanque, ao
contrário, precisa ser constantemente revisado e atualizado. O ouvidor deve conhecer a IES e
todos os seus projetos, a fim de que a partir das informações coletadas com a comunidade
acadêmica, possa questionar o Plano ou mesmo redirecioná-lo caso os seus objetivos não
estejam sendo alcançados conforme esperado.
30
A dimensão 2 versa sobre as perspectivas científica e pedagógica formadoras:
políticas, normas e estímulos para o ensino, a pesquisa e a extensão. Quando se pensa em
educação, deve-se buscar envolver os alunos numa filosofia de trabalho que lhes dê a
oportunidade de desenvolver pesquisas, ou seja, gerar conhecimento e também de praticar
ações extensionistas que mostrem à sociedade que o conhecimento existente em um curso
superior pode ser aproveitado para comunidades que necessitem de apoio.
A dimensão 3 aborda a responsabilidade social da IES. É fundamental que os
alunos sejam inseridos numa perspectiva de Responsabilidade Social. Se a instituição de
ensino desenvolver estas ações e envolver seu corpo discente de maneira coerente e
continuada, formará profissionais mais éticos e capazes de contribuir para diminuir as
desigualdades sociais do Brasil.
A dimensão 4 aborda a questão da comunicação com a sociedade. Uma
comunicação eficaz com a sociedade torna uma IES conhecida e muito mais competitiva. Não
basta apenas fazer propagandas em televisão, outdoors, outbus, dentre outros meios de
publicidade, deve-se estabelecer um link, com a sociedade, capaz de fazer com que a
instituição seja sempre conhecida e respeitada. Esse tipo de comunicação se dá através de
planos de marketing e também a partir das ações que já foram elencadas acima. Manter essa
comunicação acaba sendo uma excelente alternativa mercadológica.
A dimensão 5 discute as políticas de pessoal, carreira, aperfeiçoamento, condições
de trabalho. As IES oferecem para seus alunos um serviço. Todo serviço para ser bem
prestado deve também possuir profissionais capacitados. O setor de serviços funciona como
um sistema, no qual facilmente se pode observar que, se o trabalho de uma pessoa for ruim,
afetará o restante do serviço. Para que isso não aconteça, deve-se investir nos funcionários,
uma vez que eles podem apoiar os alunos e contribuir para o aprendizado de maneira efetiva.
Neste grupo de funcionários incluem-se desde os de nível operacional até os de nível
estratégico.
A dimensão 6 discute a organização e gestão da instituição. Neste caso é preciso
que a IES possua um sistema de gestão profissional para manter toda a sua estrutura de
funcionamento e garantir a qualidade do ensino.
A dimensão 7 fala da infraestrutura física e recursos de apoio. Este item é
facilmente observado pelos alunos e, portanto, fator de grande preocupação das IES. Muitas
vezes a falta de recursos impede que os projetos de ordem estrutural sejam implementados
deixando lacunas visíveis para alunos e professores.
31
A dimensão 8 discute sobre o processo de planejamento e avaliação. O gestor da
IES, junto com sua equipe, incluindo professores e funcionários, deve conceber e acompanhar
todo o processo de planejamento. Sugere-se que as IES trabalhem com um profissional
chamado de ombudsman, ou ouvidor. Este, a partir das informações colhidas, pode oferecer os
subsídios necessários para um planejamento coerente e harmônico. No contexto atual
encontrar um profissional com características capazes de assumir uma função como esta se
torna difícil. Além disso, faz-se importante que este profissional seja alguém inserido no
contexto das IES da localidade, para que suas ações e diagnósticos sejam mais coerentes.
Problemas podem ser facilmente identificados pelos gestores da IES, no entanto, o ouvidor
torna-se importante por conhecer o mercado e também por oferecer alternativas condizentes
com a realidade local. Este é um papel que exige um perfil de alguém altamente capacitado.
A dimensão 9 aborda as políticas de atendimento aos estudantes. As instituições
de ensino superior devem aprender a ouvir seus estudantes para que entendam suas
necessidades. Em contrapartida, nem todas as solicitações feitas devem ser atendidas, uma vez
que os alunos possuem um contrato de educação e, como tal, exige impor limitações para o
contratante. A IES deve se preocupar acima de tudo com a formação de seu estudante e não
com o dinheiro que ele está pagando.
A dimensão 10 fala da sustentabilidade financeira. Uma instituição que trabalha
com educação e tem o objetivo de formar cidadãos entende que pode haver um equilíbrio
entre os anseios dos alunos com a necessidade de capital da empresa. Não é possível manter
uma IES com qualidade sem que haja capital para manter estrutura, funcionários, pesquisas,
dentre outras ações. É preciso gastar o que pode ser gasto, de maneira controlada, para que a
instituição possa crescer de maneira sustentável nos níveis econômicos e também nas
propostas de cunho educacional. É preciso “dar um passo por vez”.
Barreyro et al (2006) abordam que a avaliação precisa ser um processo contínuo.
No entanto, observa-se que em períodos de avaliação as instituições correm para atender às
dimensões do SINAES, mas acabam oferecendo soluções temporárias que são facilmente
identificas pela comunidade acadêmica. É preciso que as IES invistam em políticas de
avaliação constantes, capazes de encontrar soluções para os seus problemas rotineiros e
encontrar caminhos para enriquecer o aprendizado dos seus alunos. O foco é o acadêmico. Os
processos de uma Instituição de Ensino, suas políticas de avalição, sejam elas internas, ou
impostas pelo MEC, existem para possibilitar que sua atividade fim, o aprendizado dos
alunos, aconteça de forma satisfatória.
32
As avalições são condição fundamental para que os cursos possam melhorar a sua
qualidade de ensino e desenvolver um trabalho mais condizente com as necessidades dos
alunos e do mercado de trabalho. Cursos que ainda estão em processo de construção e
evolução curricular, por serem relativamente novos, como é o caso de turismo, por exemplo,
precisam implementar avalições capazes de apontar caminhos que facilitem a construção de
um curso mais atrativo para os alunos e que atendam às expectativas das empresas do setor,
por terem um viés prático muito presente na sua estrutura. Em relação ao curso de turismo,
especificamente, é importante entender a sua evolução e os problemas que enfrenta.
2.4 Evolução dos cursos de turismo
Depois de acompanhar a evolução das Instituições de Ensino Superior no país e
seus principais dilemas gerenciais, vale discutir sobre a evolução dos cursos de turismo no
Brasil. Enquanto atividade econômica o turismo tem importância ímpar para o
desenvolvimento do país, uma vez que possibilita a entrada de divisas estrangeiras. (BENI,
2004).
Assim como qualquer atividade econômica, o turismo também segmenta seu
mercado em diversas opções para atender às necessidades de seus clientes. A atividade
turística é divida em turismo de aventura, cultural, ecoturismo, da terceira idade, dentre
outros. Vê-se, assim, que se parte para uma segmentação a fim de conquistar mercados de
interesses específicos e que isso não é uma tendência apenas para o turismo e sim das diversas
atividades econômicas que buscam acompanhar o cenário dos negócios da atualidade. De
acordo com Ansarah (2001, p. 27):
Segmentar o mercado é identificar clientes com comportamentos
homogêneos quanto a seus gostos e preferências. A segmentação possibilita
o conhecimento dos principais destinos geográficos, dos tipos de transportes,
da composição demográfica dos turistas e da sua situação social e estilo de
vida, entre outros elementos.
Sendo assim, estudar o turismo é importante para que seja possível planejar a
atividade e possibilitar uma gestão profissional dos recursos naturais, culturais e dos
equipamentos de suporte à atividade. A matéria-prima do turismo são recursos coletivos, é a
natureza, a cultura de uma região e, por conseguinte, a responsabilidade de transformar estes
recursos em produtos é muito grande, pois, se mal administrado, pode comprometer um bem
de toda a sociedade. (RODRIGUES, 2001)
33
É comum, no turismo, encontrar profissionais que não planejam o seu trabalho e
causam impactos irreversíveis ao meio ambiente natural e cultural, justamente por não haver
profissionalização do setor e por utilizar recursos, sejam naturais ou culturais, de forma
desmedida, comprometendo a sobrevivência de um ambiente natural ou de uma manifestação
cultural de uma determinada localidade. (BENI, 2004)
Para que o país cresça, também a partir da atividade turística, é fundamental que
haja profissionais preparados e conscientes da responsabilidade de trabalhar com a gestão do
turismo. É fundamental que as instituições de ensino preparem seus alunos com uma
formação ampla, diversificada, ou seja, multidisciplinar, para que sejam formados
profissionais aptos e cientes da responsabilidade que têm em mãos. Para Ansarah (2001, p.
13):
Infelizmente não existe hoje a preocupação voltada para a consciência crítica
dos alunos, tampouco para o desenvolvimento do pensamento crítico, mas
sim do imediatismo profissional, da sua experiência prática, tão requisitada
pelo mercado de trabalho. Na elaboração de planos de estudo, muitas vezes
se esquece que a educação turística também é educação e, por conseguinte,
deve desenvolver no indivíduo um espírito, para que ele seja criativamente
funcional ao enfrentar sem traumas as novas situações que se apresentam
continuamente neste setor, tão mutante e dinâmico.
O primeiro curso de turismo no país começou no ano de 1971 e teve um pequeno
crescimento durante anos, até 1995, quando houve uma grande expansão do ensino superior
no país. A partir daí houve uma multiplicação de cursos de turismo em todo o Brasil e uma
concorrência acirrada nos vestibulares para ingressar nesta nova área, pois ainda era uma
novidade para a grande maioria das pessoas. (RAMOS et al, 2010)
No entanto, não havia nas instituições de ensino, ainda na década de 90,
profissionais formados em turismo em número suficiente para dar conta da demanda de
professores necessários para ocupar as vagas criadas nestas novas instituições. A saída foi
contar com profissionais de outras áreas, com o objetivo de suprir a necessidade de bacharéis
formados e pós-graduados em turismo. Conflitos foram inevitáveis neste processo natural de
crescimento desta nova área, porém o maior dilema seguiu depois. Uma grande quantidade de
profissionais estava se formando e o mercado não tinha a cultura de absorver esta mão de obra
agora qualificada em nível superior. Consequência: diversos novos graduados começaram a
procurar uma carreira paralela para ingressar no mercado. Outros seguiram para o meio
acadêmico, que naquele momento absorvia estes novos formados. Para Ramos et al (2011,
p.784):
34
[...] no período em que ocorreu crescimento da atividade turística no Brasil,
aumentando o fluxo turístico e uma diversificação dos empreendimentos e
serviços turísticos, tornando necessário capacitar recursos humanos para dar
conta desta demanda verificou-se uma explosão de cursos superiores em
Turismo, provocando um efeito socialmente perverso na formação
acadêmica nesta área, através do ensino pago.
Esse processo acarretou uma diminuição da demanda para os cursos de turismo.
Em Pernambuco, na Universidade Federal, por exemplo, verificou-se uma concorrência de 20
candidatos por vaga no ano de 2001, com base em notícia publicada no site da Covest. Agora,
em 2011, este número caiu para 5 candidatos por vaga, de acordo com nota publicada pelo JC
Online no mesmo ano. Sendo assim, as instituições particulares de turismo começaram a ver
que as turmas que antes eram abertas com concorrência, já não mais abriam, e que o índice de
evasão era muito alto. Atualmente, algumas faculdades já tradicionais no turismo optaram por
fechar o curso a fim de evitar prejuízos. Em contrapartida, hoje se vê que a gestão do turismo
está cada vez mais nas mãos de profissionais formados na área e que poderá haver um
equilíbrio maior entre a demanda por profissionais da área e a oferta de pessoas formadas e
preparadas para assumir funções ligadas ao turismo. Na realidade, o profissional do turismo
sempre teve uma profissão incompreendida. A maioria da população não entende o trabalho
do profissional formado em turismo. Existe um senso comum de que é uma área fácil, sem
grandes responsabilidades e que não exige um profissional tão qualificado. Esse entendimento
perdurou por décadas e ainda hoje existe, porém com menos intensidade.
Enfim, sabe-se que a formação do turismólogo precisa ser multidisciplinar e
envolve o desenvolvimento, nos alunos, de competências técnicas, gerenciais e
comportamentais muito amplas. A formação desse aluno exige que os professores
desenvolvam suas aulas com objetivos claros, atendendo a todas as competências necessárias
para uma boa formação desse profissional. Sendo assim, é preciso conhecer os processos que
envolvem a preparação das aulas com foco num aprendizado amplo e sistêmico. Também se
faz essencial entender como esse processo de aprendizagem acontece em instituições de
ensino superior e quais são as barreiras encontradas pelos professores ao escolher trabalhar
com educação no Brasil.
35
2.5 Aula e aprendizagem
Abordar o tema educação em um país como o Brasil é sempre um desafio. É
verdade que por não ser uma profissão reconhecida, como deveria, pela sociedade, muitos que
têm vocação para a área deixam de lado este chamado para ingressar em outras carreiras.
Também é uma profissão cercada de preconceitos. Gauthier (2005) afirma que os professores
sofrem com algumas opiniões da sociedade, muito comuns, como imaginar que para dar aula
basta saber do conteúdo, ou que só precisa ter talento, ter intuição para docência, que ter
experiência é suficiente ou que uma base cultural já é aceitável para a formação de um
professor. Esquece-se que é uma profissão de importância ímpar para o desenvolvimento de
uma sociedade e se banaliza o trabalho do docente através de um senso comum.
Vê-se, então, assumirem o espaço da sala de aula profissionais que não possuem
uma formação adequada para transmitir conhecimento. Estes professores já são, em vários
casos, acostumados a repassar o conhecimento, sem se preocupar com a forma pela qual seus
alunos aprendem. Há um trabalho de memorização e não de compreensão. (KARWOSKI,
2012). No entanto, observa-se também que as instituições de ensino básico deixam de lado a
preocupação com a formação da criança e do adolescente para focar os resultados em boas
notas no vestibular. Neste processo o aluno aprende a não aprender. O importante é decorar.
Este sistemas segue do ensino básico para o superior.
O parágrafo anterior é importante para que todos possam entender os desafios e as
barreiras que se devem transpor para modificar esta cultura do mero repasse de informações.
De acordo com Amaral (2010, p.28):
Mas, o que se espera de um professor universitário, além de uma orientação
para a pesquisa, é que ele seja também capaz de auxiliar os alunos na
transformação das informações em conhecimento. Embora hoje se fale muito
em rede, em substituição aos pré-requisitos para o conhecimento, uma
importante tarefa do professor é auxiliar na estruturação dos campos
teóricos. Infelizmente, há “exposições” e “exposições”, “professores” e
“professores”...
Principalmente entre o universo do ensino superior os novos professores já são
fruto de uma geração que não compreende a importância da pedagogia e o real papel docente
na formação dos educandos. Deve-se planejar uma mudança para que realmente se veja o
resultado esperado: alunos capazes de aprender constantemente sem se tornarem escravos do
36
crivo dos seus professores. É importante que os professores saibam ensinar para que os alunos
possam aprender. (DANTAS, 2012)
É preciso entender que uma instituição de ensino não pode ter a filosofia de que
os professores devem ser máquinas de dar aula, seguindo modelos prontos de outros docentes
ou repetindo assuntos que foram ministrados em semestres anteriores. Cabe à instituição de
ensino criar, de maneira controlada, uma mudança de cultura no seu corpo de professores. É
importante compreender que dar aula é um compromisso que precisa estar fundamentado no
aprendizado e não na repetição de ideias de autores. (MORAN, 2007)
Pensa-se que quanto mais assunto for repassado para o aluno, mais este professor
cumpriu com sua obrigação. E o pior, os estudantes, muitas vezes, cobram quantidade de
assunto e não qualidade. Muitos deles questionam quando precisam construir conhecimento e
se acham inaptos para isso. O professor não deve aceitar essa situação. Cabe a ele transformar
seu encontro com os alunos em um momento de reconstrução de conhecimento. É preciso que
eles aprendam a aprender, a pensar criticamente, a produzir a partir do que lhes foi
transmitido em forma de leitura ou pesquisa. Um professor que tenha esta mentalidade será
um grande diferencial no mercado. (DEMO, 2004)
É muito mais fácil “enrolar” os alunos com aulas “shows” do que conduzi-los ao
caminho do conhecimento. Demo (2004, p. 677) afirma que:
A aula foi, com o tempo, também cada vez mais “enfeitada”, entretanto na
pedagogia como peça chave da aprendizagem. A mídia tem contribuído
enormemente para “enfeitar” a aula, através de todos os truques motivadores
e atrativos, sem perceber que está “enfeitando defunto”.
Tornar a aula de fato produtiva exige que o professor seja um pesquisador
incansável, capaz de buscar novidades e fazer com que os seus alunos tenham este interesse. É
preciso despertar neles o desejo pelo aprendizado. De nada adianta repetir para seus alunos
assuntos que foram retirados de livros, pois o conhecimento não pode ser reproduzido, mas
sim reconstruído. O ser humano ao entrar no processo de aprendizagem faz relações com
aquilo que ele já conhece, ou seja, ele reconstrói o seu conhecimento baseado em novas
ideias. Este é um processo que se dá de dentro para fora. Nota-se que por vezes o aluno deixa
de ser o centro das atenções, dando lugar à aula sem nenhuma preocupação com o
aprendizado, e sim com o mero repasse de informações. (FREIRE, 1996)
37
De acordo com Demo (2004) é mais interessante um docente deixar de repassar
todo o assunto de uma ementa do que abordá-lo apenas como informações, sem nenhuma
preocupação com a construção do conhecimento. É importante que o aluno realmente aprenda
algo de forma mais aprofundada e a partir desta experiência saiba como também buscar o
conhecimento de temas que não puderam ser bem explorados em sala. Assim, o aluno será
estimulado a pensar e somente as sociedades pensantes têm condições de um
desenvolvimento mais equilibrado.
Nesse sentido, prega-se uma mudança de paradigmas. A aula não pode ser
colocada como didática central, tampouco como instrumento meramente reprodutivo. Podem-
se aproveitar os encontros com os alunos para fazê-los realmente aprenderem. Para isso, faz-
se mister o planejamento detalhado de uma aula, a fim de que este momento seja aproveitado
não para o professor demonstrar que tem conhecimento, mas para que o aluno tenha a
oportunidade de reconstruir aquilo que já sabe (MASETTO, 2010).
Enfim, a aula precisa ser encarada como um momento de integração, de troca, na
qual o aluno é o protagonista do processo e merece destaque. O professor conduz o grupo,
leva-o à discussão, ao aprendizado.
O momento aula é sumamente precioso pelo encontro entre professores e
alunos, quando ambos trazendo suas colaborações criam condições de troca
de pesquisa, de estudo, de debate, de perguntas e apresentação de dúvidas,
de solução de problemas. (MASETTO, 2010, p. 20)
É necessário, assim, que os professores mudem um pouco o conceito de que sua
tarefa é dar aulas para entender que seu trabalho é fazer com que seus alunos aprendam. Para
que se aprenda, é preciso investir em métodos capazes de fazer o aluno pensar, construir e
reconstruir conhecimento. Os métodos de ensino são condição fundamental para que os
objetivos da instituição, da disciplina e como consequência dos professores, sejam
alcançados. Nesse sentido, faz-se necessário conhecer o que são métodos de ensino e quais
são aqueles que podem ser utilizados pelos docentes em suas aulas.
38
2.6 Métodos de ensino
Para que haja uma comunicação mais efetiva entre professor e aluno, é preciso
que dentre as inúmeras possibilidades de métodos de ensino os docentes façam uso daquelas
que mais se encaixam com as necessidades dos nativos digitais. Libâneo (2002, p. 4) diz que:
Os alunos mais velhos comentam entre si: “Gosto dessa professora porque
ela tem didática”. Os mais novos costumam dizer que com aquela professora
eles gostam de aprender. Provavelmente, o que os alunos querem dizer é que
essas professoras têm um modo acertado de dar aula, que ensinam bem, que
com eles, de fato, aprendem.
Nesse sentido é importante entender o significado de método de ensino. O mesmo
tem o objetivo de apontar o caminho, o trajeto, o percurso para se alcançar a meta desejada no
que diz respeito ao aprendizado do aluno. Para alcançar esta meta, faz-se uso de técnicas que
em seu sentido definem como chegar ao caminho para se realizar algo.
[...] o método é o caminho, e a técnica é “como fazer”, “como percorrer”
esse caminho. A metodologia didática refere-se, então, ao conjunto de
métodos e técnicas de ensino para a aprendizagem. (RANGEL, 2007, p.9)
Assim, o método se relaciona com a definição de uma sequência de atividades que
o professor deve estabelecer para atingir seu aluno. Existem diversas classificações para os
métodos de ensino. Neste trabalho, será feito uso do modelo de Libâneo (1994), a saber:
Método de exposição pelo professor – é muito utilizado, uma vez que se
caracteriza pela exposição de um assunto pelo professor, seja verbalmente,
com demonstrações, ilustrações ou com exemplos.
Método de trabalho independente – a forma mais comum para este tipo de
trabalho é o estudo dirigido, seja ele individual ou em dupla. Neste caso, as
tarefas são coordenadas pelo professor. Este método estimula a criatividade e
a resolução de problemas de forma independente.
Método de elaboração conjunta – dá-se pela interação entre o docente e o
discente. É utilizado para a assimilação de assuntos novos.
Método de trabalho de grupo – caracteriza-se pela formação de grupos com
tarefas diferentes ou similares. Há diversas técnicas para este método, tais
como: tempestade mental, grupo de verbalização, grupo de observação (GV-
GO), seminário.
39
Atividades especiais – buscam uma complementação para o método de ensino.
Optou-se pela escolha deste modelo por entender que propõe uma análise enxuta
dos métodos de ensino, traduzindo-os de forma didática e, por conseguinte, com possibilidade
de maior compreensão. Além disso, o Dr. José Carlos Libâneo, autor deste modelo, dedicou
sua carreira de pesquisador ao estudo da educação, colocando-o como um dos maiores
teóricos progressistas da área. Desde a sua dissertação de mestrado em filosofia da educação,
na PUC-SP, até a sua tese de doutoramento, vê-se que seus estudos estão ligados diretamente
à didática, mais especificamente aos fundamentos teóricos e práticos sobre o trabalho docente.
Suas publicações mais conhecidas são a Democratização da Escola Pública: A pedagogia
crítico-social dos conteúdos (1984); Didática (1990) e Educação na Era do Conhecimento em
Rede e Transdisciplinaridade (2010).
Ressalta-se que o uso das técnicas deve ser feito com base no conhecimento
térico/prático que o professor já possui. De nada adianta conhecer métodos e técnicas de
ensino se o principal objetivo, que é a aprendizagem, não puder ser alcançado. Assim, além de
conhecimento técnico acerca dos assuntos trabalhados em sala de aula, o professor precisa
desenvolver, também, uma série de competências que lhes confiram uma gama maior de
possibilidades de se comunicar efetivamente com os alunos. No mundo atual, novas
competências são cada vez mais necessárias (PERRENOUD, 1999).
Sendo assim, o professor precisa sempre buscar uma formação contínua. A busca
pelo aperfeiçoamento e aprimoramento de suas diversas competências precisa ser encarada
como uma necessidade inerente à profissão do docente. O aprender sempre é o principal
instrumento de trabalho do professor que, se deixar de lado esta tarefa, pode acabar
esquecendo o que já estudou. Perrenoud (1999, p. 153) afirma que:
Organizar e dirigir situações de aprendizagem, administrar a progressão das
aprendizagens, conceber e saber evoluir dispositivos de diferenciação,
envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho, trabalhar em
equipe, participar da administração da escola, informar e envolver os pais,
utilizar tecnologias novas, enfrentar os deveres e dilemas éticos da profissão:
todas essas competências conservam-se graças a um exercício constante.
Observa-se que o aprendizado é a competência responsável por manter todas as
outras, uma vez que a sociedade e o ambiente escolar, por consequência, não são estáticos. Ao
contrário, mudam constantemente e exigem o desenvolvimento ininterrupto de cada uma das
competências elencadas por Perrenoud.
40
O ensino já evoluiu muito e, mesmo que de forma despercebida, teve grandes
avanços, como por exemplo: hoje se respeita mais o ritmo do aluno, suas opiniões, propõe-se
maior cooperação em sala, tem-se um planejamento didático flexível, mais interativo, tem
maior foco na profissionalização, é pluricultural. É preciso continuar a evolução, na realidade
é inevitável e acontece mesmo de forma natural. Se a escola não se aproxima do mundo, o
aluno acaba se distanciando da escola, de forma inevitável. (MORAN, 2007)
A tecnologia pode ser utilizada em sala de aula com uso de recursos multimídias e
ferramentas web, mas com o cuidado de estarem ligados às necessidades de cada disciplina. O
professor deve decidir pelo seu uso com a preocupação no aprendizado do aluno. A tecnologia
não garante um bom resultado e não é solução para todas as dificuldades de interação entre
professor e aluno. É mais um instrumento, um recurso que pode em algumas situações
estimular o aprendizado. (JOLY, 2002)
Nesse caso, vale conhecer um pouco mais sobre tecnologia aplicada ao ensino, a
fim que quebrar paradigmas e aproximar esta possibilidade da realidade dos docentes. A
tecnologia faz parte da vida tanto dos alunos como dos professores e pode ser aplicada ao
ensino sem medo, quebrando preconceitos e aproximando educador e educando.
2.7 Tecnologias para o ensino
Antes de falar sobre a relação entre tecnologia e ensino, é preciso compreender a
realidade do mundo atual em relação a este assunto. Destaca-se, então, que o grande avanço
tecnológico de impacto mundial, nos últimos 30 anos, deve-se ao uso da internet. A partir
dessa inovação, que teve início nos anos 80, começa uma caminhada rápida para um mundo
conectado. As mudanças são tão velozes que dos anos 80 para a década atual já se enxerga um
grande abismo. Atualmente, por exemplo, observa-se uma evolução da comunicação através
da web, onde este ciberespaço abre as portas para a expressão pública. (LEMOS; LÉVY,
2010).
O espaço virtual descentralizou a disseminação da informação, que antes era
restrita a mídias tipográficas e televisivas. Agora todo o conhecimento produzido pode ser
compartilhado e receber contribuições diretas e instantâneas. Vive-se num mundo sem
privacidade, sem controle. Tudo pode ser público, inclusive o que por muitos deveria ser
estritamente privado. Por exemplo, um fragmento descontextualizado e, por conseguinte,
confuso, de uma aula de um professor pode ser veiculado na web e receber críticas de um
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número incontável de pessoas. Os sites que você pesquisa, os vídeos que vê na internet são
compartilhados automaticamente em suas redes sociais. Às vezes o cidadão passa a
desconhecer o limite entre a sua privacidade e o que é público. (LEMOS; LÉVY, 2010).
Em decorrência do grande avanço tecnológico apontado no parágrafo anterior,
nota-se que as relações sociais sofreram grande impacto. Através do ciberespaço as pessoas
estão ligadas umas às outras em redes cada vez mais complexas. De acordo com Lemos e
Lévy (2010, p. 12):
Os indivíduos implicados nas atividades de colaboração interativas da Web
2.0 participam geralmente de várias comunidades, navegam entre vários
blogs, mantêm vários endereços eletrônicos para diferentes usos e são, em
certa medida, os nós principais, os cruzamentos, os comutadores da
computação social, recolhendo, filtrando, redistribuindo, fazendo circular a
informação, a influência, a opinião, a atenção e a reputação de um
dispositivo a outro.
Observa-se, então, um mundo diferente, que possui novas tecnologias, que
evoluem cada vez mais rapidamente e que exigem de todos um entendimento deste universo,
pois é uma estrutura cada vez mais presente na vida de todos e necessária para o crescimento
de um país, que tem que acompanhar as mudanças que acontecem nas relações sociais e
econômicas mundiais, condicionadas ao mundo Web. Essas tecnologias precisam ser
ensinadas para que se faça proveito delas. Para isso, é preciso que professores conheçam este
novo cenário e compreendam como se beneficiar dessas mudanças para favorecer o processo
de ensino-aprendizagem. (JOLY, 2002)
As novas tecnologias são importantes no processo de ensino-aprendizagem, uma
vez que podem ajudar a conectar o aluno y ao conteúdo trabalhado, de forma mais lúdica e
aprofundada. No entanto, não são a base do aprendizado. Essas tecnologias podem dar suporte
ao trabalho do docente, como uma ferramenta. Porém, como qualquer ferramenta é preciso
que quem a utilize saiba bem como o fazer a fim de evitar um acidente. Neste caso, se o
professor não tiver planejado seu trabalho com antecedência e encaixado a tecnologia de
forma eficaz, poderá apenas trazer prejuízo ao aprendizado dos alunos. (MORAN, 2007)
Não se pode restringir o uso da tecnologia à Educação a Distância. De acordo com
Kenski (2007, p. 13):
Centenas de universidades e colégios do mundo inteiro já possuem seus
espaços de estudos em ambientes virtuais tridimensionais. Não se trata de
simples projetos de educação a distância, mas de novas concepções de
42
educação, em que são utilizadas as mais atuais tecnologias digitais, para se
aprender mais e melhor.
Ainda com base nas ideias de Kenski (2007), as instituições de ensino, como em
qualquer setor, precisam inovar nos seus processos de aprendizagem para acompanhar o
desenvolvimento da sociedade e possibilitar ao aluno um aprendizado mais completo,
dinâmico e contextualizado ao tempo em que vive. Não se trata de padronizar o método de
trabalho de todos os professores em um único formato e de este ser essencialmente
tecnológico, mas de introduzir ao estilo de cada um características mais atuais a fim de
melhorar o ensino e se aproximar do universo de uma nova geração que está nas salas de aula.
Entende-se que hoje se vive numa sociedade extremamente tecnológica, na qual as novas
tecnologias alteram o padrão de relacionamento entre os grupos.
Hoje a tecnologia digital invadiu o dia a dia das pessoas e como consequência faz
parte da realidade de um enorme grupo de alunos, principalmente daqueles que já nasceram e
cresceram rodeados por estas novas tecnologias. No mundo, hoje, encontramos “[...] uma
nova geografia, em que já não importa o lugar onde cada um habita, mas as suas relações de
acesso às novas realidades tecnológicas” (KENSKI, 2007, p. 18). Onde há acesso à
tecnologia, há inclusão e possibilidade de diminuição de barreiras, sejam elas sociais,
culturais, de gênero ou idade. Nesse contexto, o jovem de hoje tem acesso a uma quantidade
de informações maior que os jovens de um tempo quando não existia a internet, por exemplo,
além da possibilidade de interagir com pessoas do mundo inteiro. De alguma forma surgem
cidadãos do mundo, através do acesso por ambientes digitais.
Observa-se que não se pode separar a tecnologia da educação. É preciso ensinar
desde cedo o uso das mais diversas tecnologias. O ser humano precisa se apropriar dela para
se inserir no contexto do mundo atual. O novo papel da escola, segundo Libâneo (2011, p.10)
é:
[...] formar cidadãos participantes de todas as instâncias da vida social
contemporânea, o que implica articular os objetivos convencionais da escola
– transmissão-assimilação ativa dos conteúdos escolares, desenvolvimento
do pensamento autônomo, crítico e criativo, formação de qualidades morais,
atitudes, convicções – às exigências postas pela sociedade comunicacional,
informática e globalizada [...]
Não é possível formar cidadãos participantes de todas as instâncias da vida social
de hoje sem inseri-los no universo da tecnologia digital. Nesse sentido as instituições de
ensino têm uma grande responsabilidade, pois é o espaço social do aprendizado. Uma
43
formação de qualidade deve ser assegurada ao estudante de qualquer nível de formação, seja
do ensino básico ao superior e para isso é fundamental que os professores sejam bem
formados. Exige-se do professor de hoje, segundo Libâneo (2011, p. 12) uma capacidade de:
[...] ajustar sua didática às novas realidades da sociedade, do conhecimento,
do aluno, dos diversos universos culturais, dos meios de comunicação. O
novo professor precisaria, no mínimo, de uma cultura geral mais ampliada,
capacidade de aprender a aprender, competência para saber agir na sala de
aula, habilidades comunicativas, domínio da linguagem informacional, saber
usar meios de comunicação e articular as aulas com as mídias e multimídias.
É fundamental que as instituições de ensino invistam na qualidade, principalmente
em relação aos processos que envolvem a aprendizagem, para que se torne possível uma
integração entre os novos conteúdos, as novas mídias e as novas gerações. O professor deve
ter condições de acompanhar toda essa inovação e inseri-la nas aulas, possibilitando uma
participação mais efetiva de seus alunos. (TERUYA, 2009)
A formação do professor tem importância chave no processo de desenvolvimento
dos seus alunos em consonância com as novas necessidades do mercado e da sociedade em
geral. Observa-se que há pouco interesse pela carreira docente devido à falta de valorização
da profissão de professor. Devido a isso, há também profissionais despreparados em sala de
aula. O professor precisa dominar não apenas conteúdos técnicos ou métodos de ensino, mas
também diversos saberes relacionados a assuntos diversos. O docente precisa de um grande
acervo de conhecimento teórico e prático, além de uma cultura geral ampla, capaz de lhe
possibilitar a elaboração de uma aula mais dinâmica e contextualizada com o universo atual.
(LIBÂNEO, 2011).
É importante a busca de uma Qualidade Total no ensino, que pode ser alcançada
quando se aplicar as novas tecnologias da comunicação e informação “[...] para desenvolver
competências cognitivas e operacionais por meio de uma nova racionalidade nos processos de
aprendizagem baseada na informática”. (LIBÂNEO, 2011, p. 78). Nota-se a importância dada
ao saber fazer. Sendo assim, a tecnologia não é a solução, simplesmente, enquanto
ferramenta. Sua importância vai mais além, pois as mudanças no mundo impõem novas
exigências de formação, como por exemplo, capacitação tecnológica, educação ambiental,
respeito à diversidade, ética, dentre outros conteúdos que surgem cada vez com mais força no
cenário globalizado.
É o professor quem deve conduzir o aluno para a descoberta desses
conhecimentos, levando-o a aprender a aprender, sendo uma espécie de cúmplice de seus
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alunos no aprendizado. É fundamental relacionar assuntos teóricos com práticas, introduzir
práticas interdisciplinares e inserir nos currículos escolares o viés cultural, no qual a escola
deve registrar seu posicionamento em relação ao caminho de ensino adotado. (DUARTE,
2006)
Em suma, é fundamental desenvolver programas de formação para professores
que não se resumam a treinamentos esporádicos para uso de técnicas, que acabem fugindo da
articulação necessária para uma construção de conhecimento mais densa. Libâneo (2011, p.
88) descreve que uma formação adequada para os professores implica em:
busca respostas aos desafios decorrentes das novas relações entre
sociedade e educação, a partir de um referencial crítico e qualidade
de ensino. Isto supõe levar em conta os novos paradigmas da
produção e do conhecimento, subordinando-os a uma concepção
emancipadora de qualidade de ensino;
uma concepção de formação do professor crítico-reflexivo,
dentro do entendimento de que a prática é a referência da
teoria, a teoria o nutriente de uma prática de melhor qualidade;
utilização da investigação-ação como uma das abordagens
metodológicas orientadoras da pesquisa;
adoção da perspectiva sociointeracionista do processo de
ensino e aprendizagem;
competências e habilidades profissionais em novas condições e
modalidades de trabalho, indo além de suas responsabilidades
de sala de aula, como membro de uma equipe que trabalha
conjuntamente, discutindo no grupo suas concepções, práticas
e experiências, tendo como elemento norteador o projeto
pedagógico.
Todos esses elementos foram citados na íntegra por traduzirem a grande
importância de se investir na formação dos professores. Não haverá uso adequado de
tecnologias se não houver professores preparados para as utilizarem de forma correta. Deve-se
exigir muito do professor, principalmente num momento de quebra de paradigmas, de
modelos de ensino baseados na transmissão de conhecimento para outro com foco na
interatividade e uso de novas tecnologias.
Enfim, falar de uma nova tecnologia quer dizer falar de uma inovação em relação
a algo que já era feito antes de forma diferente. É sair do comum e encontrar novos caminhos,
mais conectados com a realidade do momento. Em se tratando da educação, uma nova
tecnologia quer dizer fazer diferente aquilo já vem sendo feito, ou seja, desenvolver ou
aprimorar os métodos de ensino às novas exigências contemporâneas. Esse é um caminho sem
fim, que deve ser sempre redescoberto pelos professores e estudiosos do assunto. É preciso
45
aprender a desaprender para que novos aprendizados sejam absorvidos sem ranços já
arraigados que impedem a aceitação do novo. (BASTOS, 1997)
Este conceito de novas tecnologias para o ensino atende à demanda de uma
geração que está nas salas de aula e pertence a um mundo tecnológico, onde as mudanças
acontecem diariamente e, devido a isso, já encaram o novo de forma natural. É um grupo com
menos resistência às novidades, em suma é uma geração imersa na tecnologia. Logo,
conhecer as características dos alunos desta nova geração, e das anteriores, faz-se necessário
para que os processos de comunicação e os resultados em sala de aula sejam mais efetivos.
2.8 Gerações
Os novos alunos que ingressam nas IES brasileiras pertencem a uma geração com
comportamento diferente daqueles das gerações anteriores. Este novo grupo pode ser
intitulado de nativos digitais, por terem nascido num mundo onde a internet mudou a forma
como as pessoas se relacionam. (PRENSKY, 2000)
Os nativos digitais são os jovens pertencentes às gerações Y e Z. Já os imigrantes
digitais são aqueles que fazem parte do grupo das gerações Belle Époque, Baby Boomers e
Geração X. Cada grupo possui características que lhes são peculiares, mas que, contudo, não
podem rotular toda uma população. (OLIVEIRA, 2010).
O grupo pertencente à Belle Époque ou também conhecidos como Tradicionais,
nascidos até 1950, são aqueles que já enfrentaram uma grande guerra e um período de forte
recessão. Por conta deste acontecimento, que marcou esta geração, este grupo, que teve a
responsabilidade de reconstruir um mundo, possui as características de praticidade, dedicação,
estabilidade e gosto por estruturas hierárquicas rígidas. (LOIOLA, 2009)
Já o grupo intitulado de Baby Boomers, nascidos entre 1951 e 1964, são
representados pelo desejo de paz, uma vez que são os filhos do período pós-guerra. Este grupo
mudou os padrões de disciplina, ordem e obediência. Buscavam reconhecimento profissional
e pessoal, como fruto do seu trabalho. Além disso, o cuidado com a saúde e o bem-estar
fizeram parte das preocupações desta geração, neste caso, no período de sua maturidade.
(OLIVEIRA, 2010).
Após esta geração surge um novo grupo, nascido entre 1965 e 1983, a geração X.
De acordo com Loiola (2009) esta geração já faz uso da tecnologia e devido a isso já
consegue equilibrar trabalho e vida pessoal. Já pensa em qualidade de vida e tem um perfil
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cético e superprotetor. Os pertencentes desta geração priorizam o trabalho e respeitam as
autoridades.
Destaca-se, agora, uma geração que nasceu no universo da tecnologia, entre 1984
e 1999. Esta é a geração Y. Este grupo cresceu com a universalização do computador, com a
internet e um mundo mais estável. Possuem autoestima, sabem trabalhar em rede e a relação
de autoridade é diferente daquela estabelecida pela geração anterior, pois lidam com chefes
como colegas. (VERAS, 2011).
Além da geração Y, uma nova geração, nomeada de geração Z já está sendo
estudada e caracterizada. Estes são os jovens nascidos a partir do ano 2000. Este grupo nasceu
no mundo da Web e utilizam o Google para tudo. São inteiramente conectados. De acordo
com Veras (2011, p. 7) “essa geração é calculista, prática, imediatista e tem um poder de
concentração menor do que das gerações passadas”. Este grupo é marcado pelo termo zapear,
ou seja, muda de canal, site, música, constantemente.
Cada geração possui diferenças de comportamentos, conforme observado no
Quadro I, que aponta as principais características das gerações, com exceção da Z:
Tradicionais Baby boomers Geração X Geração Y
Ano de nascimento Até 1950 1951-1964 1965-1983 1984-1999
Perspectiva Prática Otimista Cética Esperançosa
Ética profissional Dedicados Focados Equilibrados Decididos
Postura diante da
autoridade Respeito Amor/ódio Desinteresse Cortesia
Liderança por... Hierarquia Consenso Competência Coletivismo
Espírito de... Sacrifício Automotivação Anticompromisso Inclusão
Quadro 1: Representação das principais características das gerações.
Fonte: Veras (2011, p. 6)
É importante conhecer as principais características de cada geração a fim de
entender quais são os principais conflitos entre estes grupos. Em se tratando da convivência
entre gerações nas Instituições de Ensino Superiores, verifica-se que professores imigrantes
digitais buscam se comunicar, nas suas aulas, com os nativos digitais e usam métodos de
ensino baseados na transmissão de conhecimento. Alguns estudos apontam que é necessária
uma comunicação mais interativa, numa linguagem nova, moderna, mais efetiva, no que diz
respeito ao aprendizado, que leve em consideração as nuances das gerações Y e Z. (SERRES,
2008).
Dessa forma, é importante entender como se dá o processo de ensino para esta
nova geração, os nativos digitais. Compreender como o professor deve fundamentar suas
aulas para que o ensino seja mais efetivo é essencial para que haja aprendizado. A
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comunicação entre professores e alunos, muitas vezes de gerações diferentes, precisa ser
estudada para que os nativos digitais tenham um ensino mais direcionado, voltado para as
suas necessidades e aspirações.
2.9 O Ensino para Nativos Digitas
Os nativos digitais estão nas salas de aula convivendo e se comunicando com
professores imigrantes digitais. No entanto, esta comunicação precisa ser mais efetiva. Os
professores precisam encontrar métodos de ensino que sejam mais eficazes, no que tange ao
aprendizado, para que este novo grupo de alunos possa aproveitar mais o espaço escolar com
uma apreensão maior dos conteúdos ministrados. Prensky (2001, p.1) afirma que:
Agora fica claro que como resultado deste ambiente onipresente e o grande
volume de interação com a tecnologia, os alunos de hoje pensam e
processam as informações de forma bem diferentes das gerações anteriores.
Estas diferenças vão mais longe e são mais intensas do que muitos
educadores suspeitam ou percebem. [...] é bem provável que as mentes de
nossos alunos tenham mudado fisicamente – e sejam diferentes das nossas.
Ainda de acordo com as ideias de Prensky (2001) os professores imigrantes
digitais precisam adaptar sua linguagem para se comunicar melhor com os nativos digitais. É
preciso ir mais rápido, menos passo a passo, buscando relações aleatórias com outros temas.
Para o autor os conteúdos são divididos em dois: legados e futuros. O primeiro inclui as
tarefas de leitura, escrita, raciocínio lógico, aritmética, ou seja, conteúdos de um currículo
tradicional que, para o autor, continuam importantes. No entanto, precisa dar espaço para o
segundo tipo de conteúdo, o futuro, muito atual, com discussões sobre nanotecnologia,
genoma, mas também sobre sociologia, política, línguas, etc. São temas mais atraentes.
(PRENSKY, 2001)
Para desenvolver métodos de trabalhos eficazes que atendam às necessidades dos
nativos digitais, é muito importante distinguir quais são as principais características dos
alunos, nativos digitais em comparação com os professores, imigrantes digitais. O quadro 2
aponta as principais diferenças entre estes grupos:
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Alunos Nativos Digitais Professores Imigrantes Digitais
Estão conectados a objetos e a tecnologia é uma
extensão do cérebro.
Controlam objetos e a tecnologia é um recurso
eventual.
Preferem receber informação rapidamente, de
múltiplas fontes.
Preferem a oferta de informação lenta e
controlada, de fontes limitadas.
Preferem processamento paralelo e multitarefa. Preferem processamento linear e tarefas únicas ou
limitadas.
Preferem trabalhar com imagens, som e vídeo, ao
invés de texto.
Preferem oferecer texto ao invés de figuras, som e
vídeo.
Preferem acesso randômico a informação múltipla
hiperligada.
Preferem oferecer informação de forma linear,
lógica e sequencial.
Preferem interagir simultaneamente com muitos,
são adeptos do coletivo.
Preferem ensinar “se for o caso” (pode cair na
prova).
Preferem aprender na hora (just in time) Preferem adiar as gratificações e recompensas para
o final do período.
Preferem gratificação e recompensas instantâneas. Preferem ensinar o que está no currículo e testes
padronizados.
Preferem aprender coisas que são relevantes,
instantaneamente úteis, lúdicas e divertidas
Estão orientados para o trabalho, limitando-se a
cumprir o programa e a fazer os testes de
avaliação.
Quadro 2: Diferenças entre alunos nativos digitais e professores imigrantes digitais
Fonte: Veras (2011, p. 8)
A preparação deste grupo de nativos digitais deve ser encarada com bastante
cuidado, pois as instituições não podem esquecer que têm obrigações quanto à formação dos
seus alunos. Serres (2008, p.19) afirma que:
[...] os desafios impostos pela evolução tecnológica e da sociedade nunca foi
tão grande para as instituições de ensino. Como combinar o potencial das
tecnologias de informação com as missões mais fundamentais da escola, os
da transmissão de conhecimentos e de formação de indivíduos com
autonomia cognitiva e intelectual?
Sendo assim, o grande desafio das Instituições de ensino é encontrar soluções
metodológicas que se aproximem do novo mundo destas gerações, mas que também não
deixem de lado valores fundamentais para a formação de qualquer indivíduo. Acrescenta-se a
isso o fato de que esses valores serão fundamentais para que os nativos digitais tenham
sucesso profissional, pois o mercado exige diversas competências, sejam elas pessoais,
comportamentais ou gerenciais dos novos profissionais. (SERRES, 2008; VERAS, 2011).
Prensky (2008) aprofunda a discussão trazendo à tona o termo “educação de
backup”. Ele afirma que alguns conteúdos que são transmitidos em sala de aula já são
desnecessários, pois o estudante de hoje tem acesso a ferramentas tecnológicas e de
informação que tornam a memorização destes assuntos totalmente dispensáveis. É muito mais
importante preparar este novo estudante para lidar com as possibilidades do mundo moderno,
49
pois no futuro não haverá espaço para assuntos de backup, uma vez que o conhecimento
acerca da tecnologia vai se tornar muito mais poderoso do que já é hoje.
Enfim, é preciso encontrar métodos, que não necessariamente sejam tecnológicos,
mas que mudem a forma como os estudantes são estimulados a pensar. É importante repensar
conteúdos e a maneira pela qual eles serão transmitidos a fim de que haja uma sala de aula
mais interativa, dinâmica, desafiadora, que estimule o aluno a recorrer a múltiplas fontes de
informação, uma vez que a tecnologia permite isso. Os professores precisam se preparar para
este novo universo, pois só assim poderão formar cidadãos prontos para um mundo diferente,
tecnológico, mas que tragam consigo um arcabouço de conhecimento apreendido nas
academias, fundamentais para o sucesso no mundo dos negócios e nas suas vidas em
sociedade. (BASTOS, 1997)
Para que esse ensino, direcionado para os nativos digitais, tenha êxito, é preciso
que as IES desenvolvam políticas administrativas capazes de promover uma melhoria
contínua dos seus processos internos. Os gestores devem inovar a fim de conseguir preparar
alunos nativos digitais otimizando ao máximo suas qualidades e investindo na formação de
competências essenciais para que eles tenham sucesso nos ambientes profissionais. Pensar
numa gestão inovadora implica avaliar os processos educacionais e administrativos e
remodelá-los ou modificá-los de acordo com o mercado e também buscando uma
sustentabilidade para as IES, incluindo o aspecto financeiro.
2.10 Gestão Inovadora das IES
Pensar estrategicamente, agir com velocidade, antecipar-se às novidades, olhar
para frente, enxergar o futuro com clareza. Tudo isso se torna cada vez mais necessário e
desafiador. Gerir uma Instituição de Ensino Superior envolve não apenas conhecimento
técnico sobre gestão, mas também vivência e amor pela educação. Quando se educa, nem
sempre o desejo do aprendiz, que é tido como cliente, pode prevalecer. É preciso impor
limites e conquistar seu aluno pela qualidade e não por facilidades. Reis (2007, p.25) afirma
que:
Alguns princípios são importantes para se pensar um novo modelo de gestão
qualificada: postura ética, formação e valorização das pessoas, vontade de
mudar a cultura institucional, conhecimento da complexidade da educação
superior e a capacidade de planejar, avaliar e repensar a instituição. Além
disso, os princípios se completam e podem ser considerados como
indicadores da capacidade de gestão.
50
Ao pensar em gestão inovadora, não se pode esquecer que inovar não significa
inventar campanhas de marketing que não condizem com a realidade da instituição, baixar
preços das mensalidades sem fazer pesquisa de mercado para ganhar alunos a todo custo,
contratar professores menos preparados para baixar custo e, tampouco, atender às imposições
de alguns alunos para não perdê-los para o concorrente mais próximo. É preciso entender a
realidade do mundo atual e conhecer quem são os jovens, os adultos, e por que não os idosos
de hoje. Saber dos anseios destes, que são possíveis educandos, do universo em que vivem e
quais são suas necessidades é fundamental. De acordo com Franco (2007, p. 64)
Inovação exige conquista de atuação e uma excelente performance docente.
Inovação não é questão de nomenclatura. É de essência. Os resultados
podem ser promissores. Mas para ser considerada inovadora, a IES terá de
investir recursos de monta em publicidade, anunciando a inovação praticada.
A inovação pode resultar da fácil empregabilidade dos alunos formados pela
IES.
Existem caminhos que não podem mais ser desviados, como, por exemplo, o da
tecnologia. Inova-se quando se descobrem recursos tecnológicos que vão contribuir na
formação de um aluno. Vive-se hoje em um mundo que cada vez mais se transforma num
ambiente de colaboração em massa. Pode-se pensar, ainda, em como a tecnologia pode
contribuir no marketing de uma IES. Será que só é possível divulgar cursos em TV, rádio,
outdoor e outros meios de comunicação tradicionais? Por que não produzir um marketing
viral? Por que não participar de comunidades de sites de relacionamento e interagir com seus
participantes? (SANTOMAURO, 2012)
Neto e Carneiro (2007, p.57) afirmam que se observa uma mudança nas
estratégias de marketing adotadas pelas IES:
[...] mostrando não só a evolução entre a oferta de um bom produto ao
envolvimento dos usuários na concepção e aperfeiçoamento dos bens
produzidos – engenharia simultânea – como também a necessidade de
surpreender com a oferta de produtos e serviços inesperados, a partir da
observação das inquietações humanas. Há necessidade de uma destruição
criativa no sentido de que é necessário abandonar práticas antigas para
substituí-las por outras.
Não obstante a tudo que foi descrito, vale destacar que por vezes o
tradicionalismo impede que os gestores da área de educação inovem em suas matrizes
curriculares, que abram espaço para novas ideias diferentes daquelas que são vivenciadas há
51
anos. É possível mudar uma estrutura curricular sem perder a qualidade, tornando-a mais
enxuta, atual e econômica. Pode-se oferecer aulas online, aproximar-se do mercado de
trabalho, da família e da vida do aluno, para conquistá-lo e prepará-lo ainda mais. As IES
ficam muito presas a um sistema tradicional que de acordo com Reis (2007, p.30):
De modo geral, as instituições ainda são gerenciadas de forma tradicional.
Há IES que não estão preparadas para assumir riscos, para inovar seus
modelos de ensino ou de gestão acadêmica e administrativa. Os processos de
decisão são lentos, burocráticos, centralizados, autoritários e corporativos. A
liderança institucional é frágil e fragmentada. As decisões não são pautadas
na visão estratégica e profissional e muitas vezes predomina o “achismo”.
Para obter destaque em um mercado tão competitivo, é preciso criar, utilizar seu
senso inventivo e pensar em tudo que é possível ser feito. Mas antes disso, estudar e
compreender o real sentido da educação. Compreender a responsabilidade de formar pessoas e
profissionais. Não de deve enxergar o ramo de educação como apenas um negócio, mas
também com um negócio que precisa de profissionais, gestores, atentos e de olhos abertos
para aproveitar as oportunidades que surgem. (TACHIZAWA; ANDRADE, 2006)
Com o aprendizado obtido a partir da fundamentação teórica, torna-se possível, no
próximo capítulo, apresentar a metodologia adotada para a realização desta pesquisa. Com a
metodologia bem desenhada a pesquisa passa a apresentar caráter científico e os leitores
podem entender como ela foi desenvolvida.
52
3 METODOLOGIA
Neste capítulo será apresentado todo o planejamento metodológico necessário
para validar a realização da pesquisa. Dessa forma os leitores podem acompanhar e entender
como os resultados foram obtidos. Sendo assim, será possível saber qual a metodologia
utilizada para responder ao objetivo da pesquisa, que busca apontar quais são os métodos de
ensino favoráveis ao aprendizado de alunos da geração Y do curso de turismo da Faculdade
Santa Helena, em Recife, PE.
3.1 Delineamento da pesquisa
A pesquisa que balizou a realização deste trabalho teve um caráter qualitativo, no
qual, ao invés de prender-se a mensurações, o pesquisador buscou descrever, compreender e
interpretar os fatos e fenômenos (MARTINS, 2008). Importante destacar, também, que se
trata de um estudo de caso, que de acordo com Gil, (2009, p. 6) “pode ser considerado um
delineamento em que são utilizados diversos métodos ou técnicas de coleta de dados, como,
por exemplo, a observação, a entrevista e a análise de documentos”.
Ressalta-se, também, que a pesquisa, para esta dissertação teve caráter
exploratório, no qual o pesquisador não obtém uma resposta definitiva para o problema. De
acordo com Gil (2009, p.49), o estudo exploratório
[...] visa é obter uma visão mais acurada do problema para posteriormente
realizar uma pesquisa mais aprofundada. Ou construir hipóteses capazes de
orientar trabalhos futuros. Esta modalidade de delineamento é recomendada
quando o tema escolhido foi pouco explorado ou se pretende abordá-lo sob
novos enfoques.
A importância da utilização do método qualitativo, nos estudos de caso, pode ser
confirmada por Alves-Mazzotti (2006, p.650), quando ela diz que:
O estudo de caso qualitativo constitui uma investigação de uma unidade
específica, situada em seu contexto, selecionada segundo critérios
predeterminados e, utilizando múltiplas fontes de dados, que se propõe a
oferecer uma visão holística do fenômeno estudado.
Já Martins (2008) afirma que o estudo de caso é uma pesquisa naturalística que
investiga os fenômenos dentro do seu contexto real. E assim será conduzido este trabalho, no
53
qual a investigação acontecerá, em profundidade, como deve ser um estudo de caso, no
universo da Faculdade Santa Helena, em Recife-PE, com alunos do curso de Turismo.
3.2 Desenho da pesquisa
Para a realização da pesquisa, optou-se por seguir um roteiro adaptado do modelo
de Yin (2001), com as seguintes etapas: formulação do problema; definição da unidade-caso;
determinação do número de casos; planejamento da pesquisa; coleta de dados; avaliação e
análise dos dados e redação da dissertação. Esta sequência, apresentada no Quadro 3, ao ser
respeitada, confere maior confiabilidade à pesquisa:
Etapa Ação
1 Problema: Quais são os métodos de ensino favoráveis ao aprendizado de
alunos da geração Y do curso de turismo da Faculdade Santa
Helena, em Recife, PE?
2 Definição da unidade-caso: Alunos do curso de turismo da Faculdade Santa Helena; Alunos
da geração Y;
3 Determinação do número de
casos:
Trata-se de um estudo de caso único. Também possui caráter
descritivo.
4 Planejamento da pesquisa: Constitui um guia com os passos para a realização da pesquisa,
contemplando as seguintes informações, segundo Gil (2009):
dados de identificação, introdução, procedimentos de campo;
questões específicas; previsão de análise de dados; e guia para a
elaboração do relatório.
5 Coleta de dados: Pesquisa documental; Entrevista por pauta.
6 Análise dos dados: Será utilizado o método da análise de conteúdo.
7 Redação da dissertação: Trata-se da redação final para a dissertação.
Quadro 3: Etapas da pesquisa
Fonte: Autoria própria, 2012
Assim, o primeiro momento da pesquisa foi dedicado à formulação do problema.
Essa etapa foi marcada pelo levantamento bibliográfico acerca do tema pesquisado, a fim de
garantir uma base teórica que sustentasse a elaboração desta dissertação. A definição desse
problema foi de fundamental importância, pois, só depois de tê-lo apresentado de forma clara,
é que foi possível compreender que se tratava de um trabalho em que o estudo de caso é o
modelo mais apropriado de pesquisa. Delimitou-se como unidade-caso do estudo o
grupo de alunos da geração Y do curso de Turismo da Faculdade Santa Helena. Em relação
54
ao período de realização da pesquisa, optou-se por fazê-la no semestre de 2012.1, com a
coleta de dados programada para os meses de maio e junho.
3.3 Locus da Investigação
O locus de investigação desta dissertação é Faculdade Santa Helena – FSH,
localizada em Recife-PE, no Bairro da Madalena. A FSH, com aproximadamente 15 anos de
atuação no mercado pernambucano, possui cursos de graduação na área de negócios,
especificamente formando alunos em administração, ciências contábeis e turismo.
A criação da Faculdade Santa Helena se deu no ano de 1999, após a fundação da
Associação Século XXI de Educação, Ciência e Cultura, sua Mantenedora, através da Portaria
Ministerial N.º 1434 em 01/10/1999 – D.O.U. de 04/10/1999 – Seção 1. A Faculdade Santa
Helena, em 1999, implantou os cursos de Graduação nas áreas de Administração, com ênfase
em Gestão de Negócios; Turismo, com ênfase em Hotelaria; e Ciências Contábeis. No
decorrer de sua história educacional, a Instituição sempre se manteve prestando serviços
relevantes à sociedade recifense e região, e sempre se preocupou com a formação de
profissionais aptos para o exercício profissional e cidadãos conscientes.
A Faculdade Santa Helena é uma Instituição que incentiva um ensino moderno,
apoiado em uma base de princípios humanísticos e éticos cujos ideais se voltam para a
transformação da sociedade atual, em uma sociedade cidadã, consciente dos seus direitos e
deveres, pretendendo, como fonte propulsora, que seus alunos mudem o meio em que vivem,
através de pilares sustentados pela autoaprendizagem. Assim, faz-se necessária a apreensão de
conceitos e paradigmas inovadores, como forma de possibilitar ao indivíduo o pleno exercício
da cidadania responsável e a qualificação profissional, condições indispensáveis para sua
inserção e ascensão social.
É com essa filosofia que a Faculdade Santa Helena baseia seu planejamento
estratégico, a fim de que proporcione uma orientação necessária para que os cursos que fazem
a IES possam alcançar o cumprimento com êxito das suas missões e objetivos levando a toda
comunidade a oportunidade para poder transformar em realidade um país mais justo onde a
democracia no seu sentido mais completo possa se efetivar.
Depois de conhecer a Faculdade Santa Helena, é importante apresentar o curso de
turismo, para que se compreenda o ambiente pesquisado. O Bacharelado em Turismo da FSH
apresenta como objetivo geral formar profissionais aptos à pluralidade de competências no
desempenho do trabalho ético e sustentável no campo do turismo, com ênfase nas seguintes
55
áreas: Organização, Planejamento e Gestão de Empresas de Turismo; Gestão Hoteleira
Lazerística e Hospitalar; Criação e Desenvolvimento de Eventos; e Produção Cultural. O
curso está organizado em regime de módulos, e se organiza em 6 períodos letivos, semestrais,
em um total de 2.440 horas-aula de tempo útil.
Vale ressaltar que o curso de Turismo foi concebido de forma a proporcionar uma
vivência acadêmica e profissional inovadora, com vistas à formação de gestores e
empreendedores de múltiplas habilidades, efetivamente qualificados às necessidades do
mercado de trabalho. Mais que uma graduação tradicional, a matriz curricular do Curso de
Turismo oferece um avançado modelo educacional em módulos que possibilita uma maior
autonomia no processo de aprendizagem, além de viabilizar a antecipação da atuação
profissional do aluno nas áreas de interesse para a sua carreira. Por exemplo, já a partir do
segundo módulo o aluno estará capacitado para atuar como produtor cultural; após o terceiro
terá recebido as habilidades necessárias à formação de um agente de viagem; ao completar o
quarto módulo, dominará as competências voltadas às atividades gestoras dos meios de
hospedagem, tanto lazerísticas quanto hospitalares; ao finalizar o quinto módulo, terá
apreendido a formação necessária ao organizador e planejador do turismo, desde a sua
inventariação de potencialidades, concepção de produtos, gestão, marketing até a
comercialização; o sexto módulo o tornará capaz de exercer as múltiplas atividades ligadas ao
lazer e à recreação em geral, assim como criar e gerir eventos em todas as suas tipologias.
Concluídos todos os módulos, estará formado um Bacharel com sólidos conhecimentos
teóricos e práticos, pronto a contribuir para o desenvolvimento do turismo e à sociedade em
geral.
Essa modalidade de aprendizado permite ao aluno combinações conforme seu
interesse. O módulo um, Integrador, associado às disciplinas comuns aos cursos de
Administração e de Ciências Contábeis, possibilita que o Bacharel em Turismo complemente
a sua formação multidisciplinar em tempo reduzido e a baixo custo, tornando-se também
Administrador, ou ainda um Contador. Por outro lado, Administradores e Contadores também
terão a opção de ampliar seus conhecimentos e ampliar seu mercado de trabalho através dos
módulos do Curso de Turismo. Assim, a concepção curricular em módulos apresenta
benefícios que se ampliam além do próprio Curso de Bacharelado em Turismo: maior
flexibilidade, desenvolvendo a vocação dos alunos e diversificando as suas aptidões;
integração curricular, promovendo a interdisciplinaridade de conhecimentos científicos,
tecnológicos e criativos; e ainda convalidação de competências e economia, pois o tempo de
conclusão de um segundo curso superior e o valor investido torna-se reduzido.
56
Uma vez conhecida a Faculdade Santa Helena e o curso de Turismo, justifica-se o
fato pela escolha do local, por primeiro, o pesquisador conhecer bem a IES e ser o
coordenador do curso, mas também, por constatar que os alunos de Turismo possuem uma
faixa-etária, na sua maioria, dentro do perfil desejado na pesquisa. São estudantes oriundos do
ensino médio, que, notadamente, relacionam-se com mídias sociais de forma intensa, fator já
identificado pela própria instituição. Logo, a escolha por se trabalhar com o curso de turismo
não foi aleatória.
3.4 Sujeitos da Pesquisa
A pesquisa foi desenvolvida junto aos alunos do curso de turismo da Faculdade
Santa Helena, pertencentes à geração Y. O curso de turismo da FSH possuía, no momento da
pesquisa, em 2012.1, 193 alunos, divididos em seis períodos, do primeiro ao sexto e último.
Como se tratou de uma pesquisa de caráter qualitativo a amostra foi determinada pela
saturação, ou seja, as entrevistas foram interrompidas quando os resultados começarem a se
repetir e o investigador pôde observar que o grupo pesquisado já garantiu o alcance das metas
estabelecidas. Neste caso, foram entrevistados 23 alunos, momento no qual já se identificou
uma saturação. Este grupo de alunos pertence a turmas diferentes, a fim de evitar vieses. De
acordo com Thiry-Cherques (2009, p.21) a saturação:
[...] designa o momento em que o acréscimo de dados e informações em uma
pesquisa não altera a compreensão do fenômeno estudado. É um critério que
permite estabelecer a validade de um conjunto de observações.
Alguns pontos, que têm relação com o grupo escolhido para a realização da
pesquisa, precisam ser levantados, tanto sob suas implicações positivas como também pelas
negativas. Primeiramente, ressalta-se que há grande envolvimento do pesquisador com a
Faculdade Santa Helena, pois o mesmo é o coordenador geral e do curso de turismo da IES há
cinco anos. Nesse sentido, como fator favorável à pesquisa deve-se considerar o acesso, por
parte do pesquisador, às informações de forma fidedigna, pois o mesmo pôde obter dados
diretamente do sistema gerencial da Faculdade, além de ser o principal elo entre professores e
alunos do curso. Um fator que o pesquisador teve o máximo de atenção, que poderia ter
implicação negativa, deve-se também pelo seu envolvimento com a IES. Por isso, houve o
cuidado, para que, através da utilização correta dos instrumentos de pesquisa, não houvesse
57
vieses que comprometessem a qualidade do trabalho. Na realidade esse tipo de preocupação
deve existir com todo estudo de caso, pois conforme Martins (2008, p. xiii):
Como o pesquisador, em geral, conhece profundamente o fenômeno em
estudo, ou melhor, pensa que o conhece totalmente, poderá,
deliberadamente, enviesar os dados e evidências de forma a comprovar suas
pressuposições iniciais.
Enfim, o interesse pela qualidade do trabalho pôde ser destacado tanto pelo
âmbito pessoal, por ser um assunto de total interesse do pesquisador, que já atua no ramo de
educação há aproximadamente 10 anos, como também pela esfera profissional, por se tratar
de um trabalho realizado dentro da Instituição que o pesquisador coordena. Nesse sentido,
reforça-se o interesse duplo pela realização e fidedignidade da pesquisa.
3.5 Instrumentos para coleta de dados
Segundo Merriam (1988) um estudo de caso coloca o investigador em uma
espécie de oceano, sem que o mesmo esteja mapeado. Por isso, o pesquisador tem que: ser
capaz de formular boas questões – e interpretar as respostas; ser um bom “ouvinte” - e não ser
atrapalhado por suas próprias ideologias ou preconceitos; ser adaptável e flexível – para que
situações novas possam ser vistas como oportunidades, não como ameaças; ter noção clara
dos assuntos em estudo, mesmo no modo exploratório; ser imparcial sobre as noções
preconcebidas – incluindo as derivadas da teoria.
No estudo de caso, utiliza-se mais de uma técnica de coleta de dados e os
resultados obtidos devem ser provenientes da convergência ou da divergência das observações
obtidas de diferentes procedimentos. Os dados podem ser coletados através de seis fontes de
evidência: documentação, registros em arquivos, entrevistas, observações diretas, observação
participante e análise de artefatos físicos. No entanto, a lista não é taxativa. (MARTINS,
2008)
Para o trabalho em questão, realizou-se uma pesquisa documental, uma vez que o
pesquisador tem acesso à base do banco de dados da Faculdade Santa Helena e a relatórios de
avaliação dos professores do curso.
Outra fonte de dados foram as entrevistas por pauta (ver apêndice A), pois o seu
número reduzido de perguntas possibilita, por parte do entrevistador, aprofundar ao máximo o
tema pesquisado. Essas entrevistas:
58
Orientam-se por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai
explorando ao longo de seu curso. O entrevistador faz poucas perguntas
diretas e deixa o entrevistado falar livremente, à medida que se refere às
pautas assinaladas. Mas, à medida que vai se afastando da pauta, o
entrevistador vai intervindo de maneira sutil, dando prosseguimento à
entrevista. (GIL, 2009, p. 64)
Este tipo de entrevista foi feita com alunos de maneira a obter, com poucas
perguntas, o máximo de informações que relevantes para o trabalho. No entanto, houve uma
pauta, a fim de que os entrevistados não fugissem do foco da pesquisa.
3.6 Pré-teste
Foi realizado um pré-teste dos instrumentos de pesquisa, com 3 alunos, da geração
Y. Dessa forma, tornou-se possível saber se os instrumentos utilizados, neste caso as
entrevistas, estavam claros e atendendo às necessidades do estudo. A partir deste pré-teste,
constatou-se que o ordenamento das perguntas estava adequado ao objetivo do trabalho,
possibilitando aos entrevistados dar respostas claras e contextualizadas ao foco da pesquisa.
Nesse momento também foram testados os equipamentos de som, utilizados para
as gravações das entrevistas. Verificou-se, ainda, que as respostas dos alunos tinham uma
tendência a serem breves, o que levou o pesquisador a repetir questões e insistir em alguns
pontos a fim de que os alunos pesquisados detalhassem ao máximo suas respostas.
3.7 Tratamento dos dados
Para o tratamento dos dados foi utilizado o método da análise de conteúdo. De
acordo com Bardin (1977, p.42), a análise de conteúdo é:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção [...] destas
mensagens.
Com a interpretação dos dados sendo feitas por meio da análise de conteúdo, foi
possível analisar todas as entrevistas realizadas, com o cuidado necessário ao aproveitamento
das informações relevantes para a dissertação.
59
Todas as entrevistas foram transcritas de forma literal, a fim de manter as
expressões e termos que faziam parte das mensagens. Essa transcrição permitiu uma leitura
cuidadosa das entrevistas, momento que possibilitou a criação de um quadro com os
principais trechos de cada entrevistado, no que tange aos assuntos pesquisados.
Como se tratou de entrevistas por pauta, inicialmente se pôde categorizá-las com
base nas próprias perguntas, porém como este tipo de método abre espaço para que o
entrevistado possa falar do tema de forma livre, como consequência, novos itens acabam
surgindo, que não estavam previstos, mas que enriquecem sobremaneira o trabalho.
Com os novos itens foi possível criar categorias baseadas nas entrevistas (ver
apêndice B) e relacioná-las com as perguntas que foram feitas. Destaca-se que as perguntas
em pauta buscavam respostas para o problema de pesquisa e devido a isso serviram como uma
sequência lógica que norteou as perguntas e garantiu uma unidade de trabalho.
Depois desta etapa foi possível identificar a frequência das respostas que tinham
relação com cada categoria. Com esta frequência foi possível avaliar a importância de cada
categoria, na visão dos entrevistados e fazer inferências mais ricas e substanciadas.
3.8 Limites e limitações do estudo
Algumas limitações precisaram ser consideradas na pesquisa. Primeiramente,
como se tratou de um estudo de caráter descritivo/exploratório, foi preciso entrar num
universo ainda novo, um campo de pesquisa que está em fase de discussões. A escolha por
trabalhar com estudantes da geração Y em instituições de ensino superior, com foco nos
métodos de ensino, não possuía um arcabouço teórico específico, no entanto, pesquisas sobre
cada uma destes temas deram condição de fundamentar a dissertação.
Outra limitação encontrada deve-se ao fato de que os alunos tinham uma
tendência a responder as perguntas de forma breve, cabendo ao entrevistador conseguir
respostas mais amplas. Além disso, por se tratar de um estudo de caso único, os resultados
obtidos não podem ser generalizados, uma vez que apontam a realidade de um determinado
local, com sujeitos de pesquisa que são diferentes dos de outros locais, que sofrem, inclusive,
uma interferência da cultura da organização onde estudam.
O estudo em questão teve como limite o universo de alunos do curso de turismo
da geração Y. Não se poderiam fazer entrevistas fora deste escopo, pois a pesquisa iria perder
seu valor, uma vez que o objeto de estudo se resume ao grupo da geração digital.
60
4 ANÁLISE DE DADOS
Este capítulo apresenta os resultados encontrados na pesquisa, respondendo ao
objetivo geral e aos específicos. Sendo assim, optou-se em apresentar a análise de dados em
tópicos, nomeados com base nestes objetivos. O primeiro objetivo específico aponta quais são
os métodos de ensino mais utilizados pelos professores, na visão dos alunos; o segundo
objetivo específico descreve quais os métodos de ensino são mais favoráveis ao aprendizado;
e o terceiro e último objetivo específico faz uma relação entre os métodos de ensino e as
características dos nativos digitais. Enfim, juntos os objetivos mostram quais são os métodos
de ensino favoráveis ao aprendizado de alunos da geração Y da Faculdade Santa Helena,
sendo este o objetivo geral do estudo.
4.1 Métodos de ensino utilizados pelos professores (primeiro objetivo específico)
A realização da pesquisa para a concretização desta dissertação teve o intuito
inicial de identificar o método de ensino utilizado pelos professores, na visão dos alunos. Para
isso, foi adotado o modelo de Libâneo (1994), no qual ele divide os métodos de ensino em 5
grupos, a saber:
Método de exposição pelo professor;
Método de trabalho independente;
Método de elaboração conjunta;
Método de trabalho de grupo; e
Atividades especiais.
Os sujeitos pesquisados, alunos do curso de turismo da Faculdade Santa Helena,
Recife-PE, foram questionados, para falarem livremente, sobre a forma pela qual os seus
professores ministravam as aulas, ou seja, como o conteúdo de uma disciplina era trabalhado
pelo professor. Assim, buscou-se com êxito evitar vieses, pois se no ato da entrevista fossem
dadas categorias de métodos de ensino para o aluno escolher, poderia haver uma tendência a
optar por qualquer uma delas, evitando a reflexão por parte do entrevistado.
Até mesmo o termo “método de ensino” não foi utilizado na entrevista, para evitar
interpretações diferentes. Sendo assim, os alunos entrevistados tinham que descrever a forma
61
pela qual as aulas eram ministradas, detalhando, ao máximo, um dia completo, com
atividades, exercícios, trabalhos em grupo.
Antes de fazer um paralelo entre as respostas alcançadas nas entrevistas e o
modelo de métodos de ensino apresentado por Libâneo (1994), é importante destacar os
pontos de maior relevância encontrados na pesquisa. Inicialmente, vale reforçar que todos os
entrevistados responderam às perguntas de forma livre, sem nenhuma referência de métodos,
como já foi dito, a fim de evitar um viés. Coube ao pesquisador fazer as devidas alusões,
através de uma análise de conteúdo, para encontrar as relações entre as respostas e os
objetivos da pesquisa delimitados em cada pergunta. No quadro abaixo, verifica-se a
frequência das respostas:
Como as aulas são ministradas
Perguntas Respostas Total
Como as aulas são ministradas? Método de exposição pelo
professor (datashow) 16
Em algumas entrevistas, nota-se que o uso do
datashow não impede que a aula seja produtiva.
Porém há vários relatos de que este instrumento
deixa a aula cansativa e pouco interativa.
Método de trabalho em grupo
(debate) 6
Método de trabalho em grupo
(trabalho em grupo) 8
Método de trabalho
independente
(atividades/exercícios)
4
Método de trabalho
independente (leitura) 3
Quadro 4: Frequência para pergunta de como as aulas são ministradas.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012
Para apresentar os resultados de acordo com o modelo proposto nesta pesquisa, as
categorias encontradas no quadro 4 foram relacionadas aos métodos de ensino propostos por
Libâneo (1994). Sendo assim, quando se fala em uso de datashow, faz-se uso do método de
exposição pelo professor. O debate e o trabalho em grupo representam o método de
trabalho em grupo e o uso de atividades, exercícios e de leitura se enquadra no método de
trabalho independente.
4.1.1 Método de exposição pelo professor (uso de datashow)
Com base nas respostas dadas pelos entrevistados, destaca-se que prioritariamente
os professores fazem uso de datashow para ministrar os assuntos de suas disciplinas para os
alunos. Quanto a este recurso é importante tecer alguns comentários. Observa-se que os
62
alunos reconhecem que há um uso exagerado do datashow e que por isso os professores
acabam deixando de preparar suas aulas utilizando métodos mais eficientes para o
aprendizado. Algumas vezes as aulas se tornam cansativas porque o docente não abre muito
espaço para a participação de seus alunos, pois abordam temas extensos, com pouca interação
com a sala. Alguns trechos das entrevistas merecem comentários:
“A maioria das aulas hoje que eles passam pra gente é em formato de slide.”
(aluna S.K., 23 anos)
“Geralmente é só explicar mesmo o assunto, utiliza slides, vídeos, essas coisas.”
(aluna J.L,. 19 anos)
“A maioria dos professores usa mais o tradicional, quadro, slide, basicamente é
isso. Alguns ainda se arriscam com métodos de ensino que facilitam a
compreensão dos alunos.”(aluno J.C, 21 anos).
Observa-se que os alunos, em seus discursos, deixam transparecer um certo
cansaço em relação a esta forma de ensinar. O aluno J.C., por exemplo, analisa que, quando se
faz algo diferente, o professor está arriscando. Este comentário pode deixar subentendido que
o aluno em questão enxerga certa acomodação do docente, que não investe em métodos mais
dinâmicos.
No entanto, não foram todos os discursos que apontaram desinteresse por este
método. Vários entrevistados apenas expuseram que esta forma de transmissão de conteúdo é
a mais utilizada em sala. Sendo assim, é correto afirmar que o método mais utilizado pelo
professor, na visão dos alunos é o de exposição. Com base em Libâneo (1994, p. 161) este
método pressupõe que “a atividade dos alunos é receptiva, embora não necessariamente
passiva”. Neste caso o ato de expor abre espaço para a interação.
4.1.2 Método de trabalho em grupo (debate)
Outra forma utilizada pelos professores em suas aulas é o debate. Observa-se a
ocorrência deste método nos trechos abaixo:
“Num momento inicial dá teoria, dá introdução e logo após vem o debate pra
saber a opinião de cada um.” (aluno R..G., 20 anos).
63
“Assim, em alguns que trabalham com mais atividades de sala, com debates. Eles
preferem mais textos, mas geralmente a maioria se apega mais no texto, a maioria
vem em sala de aula e trabalha com leitura então basicamente a gente lê
bastante.” (aluna S.F., 21 anos).
Nas aulas, ressalta-se que os professores fazem debates acerca dos assuntos a
serem ministrados. Os debates não aparecem com tanta frequência quanto à aula expositiva,
mas são lembrados por um número relevante de alunos. O debate acontece, como pôde ser
observado, após a apresentação inicial do assunto, o que dá ao aluno conhecimento anterior
sobre o tema e condição de interagir com o grupo expondo a sua compreensão sobre o
conteúdo em questão. Nesse caso, os professores trabalham com o método de exposição, em
conjunto com outros métodos, tais como o de trabalho independente, no qual os estudantes
podem ter espaço para uma reflexão maior sobre o tema e o de trabalho em grupo. Neste
último, o professore reúne grupos de 3 a 5 alunos para que eles interajam entre si e depois
exponham seus comentários em debate.
4.1.3 Método de trabalho em grupo (trabalho em grupo)
No que tange ao método de trabalho em grupo, vê-se que é um formato muito
utilizado pelos professores. Este método consiste, a partir da ideia de Libâneo (1994, p.170),
“em distribuir temas de estudo iguais ou diferentes a grupos fixos ou variáveis, compostos de
3 a 5 alunos”. Neste tipo de método merece destaque a realização do seminário, no qual os
alunos, em grupo, preparam uma apresentação sobre um tema pré-determinado pelo professor.
Depois das apresentações pode haver espaço para um debate ou uma conversação didática em
relação ao assunto com a turma. Geralmente estes seminários são de cunho avaliativo,
contribuindo para a nota final dos alunos nas disciplinas. O seminário, de acordo com Rangel
(2007, p.56), “[...] é uma das formas de se abordarem vários subtemas relacionados ao tema
geral, amplo”. A colocação abaixo embasa essa percepção:
Aqui é assim, cada professor tem um jeito. Tem professor que trabalha usando a
internet, tudo o que ele quer fazer é através da internet e outros não, outros vão
mais no contato com o aluno, com seminário, que eu acho que é uma forma muito
64
boa de você conhecer o aluno. Eu acho que é mais ou menos isso. (aluna G.F., 28
anos)
Para a aluna G.F. o método de trabalho em grupo possibilita ao professor
conhecer melhor seus alunos. Talvez porque todos têm espaço para se apresentar e serem
vistos pelo docente. Em sala, em aulas expositivas, muitas vezes alguns alunos não abrem
espaço para outros colegas interagirem. Há uma dominância de poucos e como consequência
muitos outros preferem não expor suas opiniões na aula.
4.1.4 Método de trabalho independente (atividades/exercícios)
Já as atividades e exercícios podem ser enquadrados no método de trabalho
independente. Este método pressupõe que o professor dê tarefas para que seus alunos as
desenvolvam com seu devido acompanhamento e orientação. No entanto, esta orientação não
pode tolher a criatividade do aluno, tampouco impedir que ele se arrisque em respostas. O
erro faz parte deste processo (LIBÂNEO, 1994).
Houve relatos deste tipo de método sendo utilizado pelos professores em sala de
aula.
“O professor chega na sala de aula, passa o que ele vai trabalhar naquele dia, ele
explica o conteúdo, pode ter uma dinâmica ou não, geralmente não tem, e passa
uma atividade relacionada ao conteúdo que ele deu nesse dia.” (aluno C..B., 20
anos)
Neste caso citado, o professor apresenta o tema no início das aulas e depois abre espaço
para que os alunos possam trabalhar individualmente os assuntos. É um formato que permite a fixação
de um conteúdo, porque estimula cada um a pensar individualmente.
4.1.5 Método de trabalho independente (leitura)
A leitura para Rangel (2007) não pode ser considerada exclusivamente
individualizada porque, mesmo quando há a leitura, existe um diálogo entre o autor e o leitor.
A leitura também pode ser utilizada no método de trabalho independente quando o professor
aplica um estudo dirigido. Nesta técnica, que se enquadra, também, no método de trabalho
independente, o aluno faz leituras prévias de alguns textos, por exemplo, para formar sua
65
opinião sobre o assunto, com o objetivo de ter condições de elaborar seus próprios conceitos
sobre o tema. O estudo dirigido pode ser feito em duplas. A aluna R. S., diz:
“Trabalha com debate, discussão em sala sobre o tema específico a cada dia, a
atividade em grupo, a maioria é atividade em grupo. Trabalha também com o
texto, com leitura em voz alta para a turma; trabalha muito com dinâmica
também.” (aluna R..S., 19 anos)
.
“Eles preferem mais textos, mas geralmente a maioria se apega mais no texto, a
maioria vem em sala de aula e trabalha com leitura então basicamente a gente lê
bastante.” (aluna S..F., 21 anos).
Alguns professores levam textos para serem lidos e debatidos em sala de aula. No
caso da aluna R.S, vê-se o uso de mais de um método de ensino. É possível trabalhar estes
métodos paralelamente, como forma de melhorar a aprendizagem. No discurso acima foi
possível inferir que o uso dos métodos são simultâneos.
4.1.6 Atividades Especiais
Em pesquisa documental, através da análise dos planos de aula dos professores,
observa-se que muitos incluem nos seus planejamentos o método de Atividades Especiais
com a realização de estudos do meio, no qual os alunos fazem atividades de campo para
conhecer a realidade social que os circunda. No entanto, apesar de ser uma atividade comum
em algumas disciplinas, os alunos entrevistados não fizeram menção a este método.
4.1.7 Métodos mais utilizados pelos professores
Enfim, observa-se que o método mais utilizado em sala de aula é o de exposição
pelo professor. No entanto, este método é trabalhado, comumente, em conjunto com outros, o
que pode ser observado em vários discursos. Como os alunos têm 4 horas de aula por dia, da
mesma disciplina, é preciso que o docente crie alternativas pedagógicas para possibilitar um
aprendizado mais efetivo para o aluno. O trecho abaixo corrobora com o que foi elencado
acima, afirmando que o professor:
66
“Bom, assim, as aulas elas são bem dinâmicas. Eles se esforçam realmente para
passar pra gente e pra turma o conteúdo, com slides e ainda a apresentação
diariamente de Datashow. E as aulas são bem dinâmicas. Alguns professores
dependendo da matéria, eles utilizam a dinâmica de grupo, que facilita bastante o
aprendizado... Assim, a participação geral com a sala, se dividindo em grupos e
apresentações.” (aluno L.P., 23 anos).
“A maioria dos professores utilizam slides, debates e tal. Mas assim o que eu acho
mais interessante em todos eles é assim a fixação do aluno aprender. O maior
interesse do professor não é que o aluno decore o assunto.” (aluno P.V., 19 anos)
Assim como observado nestes discursos, vê-se, com clareza, que o método de
exposição está presente em praticamente o discurso de todos os alunos, porém, na maioria das
vezes aparece junto de outros métodos complementares. Há debates, interação com a turma,
leituras, exercícios. Juntos, estes métodos acabam garantindo uma boa percepção de qualidade
por parte dos alunos.
E vale ressaltar que essa percepção de qualidade pode ser comprovada por meio
das pesquisas de satisfação dos docentes realizadas pela Faculdade Santa Helena, com a qual
foi possível ter acesso aos resultados de todas as turmas, incluindo todos os professores do
semestre de 2012.2 e 2012.1. Nesses dois semestres, os alunos avaliaram positivamente os
professores.
4.2 Métodos de ensino favoráveis ao aprendizado (segundo objetivo específico)
Logo após conhecer os métodos de ensino utilizados pelos professores em sala de
aula, a pesquisa buscou identificar os métodos que os alunos afirmam que mais aprendem. O
quadro 5 apresenta, em categorias, e também em frequências, as respostas encontradas na fase
de pesquisa.
67
Como os alunos aprendem
Perguntas Respostas Total
Como aprende? Competência da comunicação
(dinamismo/interação) 12
Muitos entrevistados destacam que querem que
os professores saiam um pouco do método de
só falar, falar, falar... Mesmo que não tenha
sido comentado pela maioria, verifica-se que o
relacionamento com o professor faz diferença
no aprendizado. Slide não é sinônimo de aula
chata. Trata-se do uso dos slides. O professor
deve ajudar fora da sala também, preocupar-se
de verdade com o aluno. Busca-se um professor
com características de liderança.
Competência do domínio da área do
conhecimento (relação entre teoria e
prática)
6
Competência da Empatia
(descontração) 5
Competência da visão sistêmica
(contextualização do assunto) 4
Competência do relacionamento
interpessoal (relacionamento com o
professor)
7
Método de trabalho em grupo
(debate) 10
Método de trabalho em grupo
(trabalho em grupo) 5
Método de exposição pelo professor
(datashow) 9
Método de trabalho independente
(atividades/exercícios) 4
Atividades especiais (visita técnica) 4
Quadro 5: Frequência para pergunta de como aprendem.
Fonte: Dados da pesquisa, 2012
Antes de comentar cada item, fazendo inferências e observações acerca do
material coletado, é importante relacionar as categorias criadas com os métodos de ensino,
seguindo o modelo de Libâneo (1994). É importante ressaltar, também, que no quadro 5
alguns tópicos não são caracterizados como métodos, tais como dinamismo/interação,
relacionamento com o professor, relação teoria e prática, descontração e contextualização do
assunto. No entanto, foram resultados da pesquisa e merecem ser discutidos, uma vez que
tiveram frequência relevante. Aqui eles serão considerados como competências para o ensino
e serão discutidas antes mesmo de apresentar os resultados dos métodos de ensino mais
favoráveis ao aprendizado dos alunos, segundo a percepção deles mesmos.
4.2.1 Competências para o Ensino
Os tópicos que aparecem no quadro 5 e não são considerados métodos de ensino
podem ser caracterizados como competências para o ensino. De acordo com Fleury (2002, p.
53)
68
Nos últimos anos, o tema competência entrou em pauta nas discussões
acadêmicas e empresarias associando as diferentes instâncias de
compreensão: no nível da pessoa (a competência do indivíduo), das
organizações (core competences) e dos países (sistemas educacionais e
formação de competências).
Aqui será adotado o modelo de Pereira (2007) no qual há uma divisão das
competências dos docentes entre os grupos de conhecimentos, habilidades e atitudes. Das
características que foram apontadas pelos alunos nas entrevistas é possível enquadrá-las da
seguinte forma, a partir de um resumo de Pereira (2007), adaptado especificamente aos
resultados desta pesquisa:
Conhecimentos: destaca-se uma competência por ter sido citada
espontaneamente pelos alunos. Considera-se a formação do docente com o
seu domínio da área de conhecimento. Só assim, o professor pode ter base
para relacionar a teoria e a prática.
Habilidades: neste grupo, destaca-se a questão da competência da
comunicação, representando a capacidade de dinamizar uma aula e
interagir com os alunos; a competência da visão sistêmica, que permite
contextualizar o assunto; e a competência do relacionamento interpessoal
que é marcada pela relação do professor com sua turma.
Atitudes: em relação às atitudes, infere-se que mais próximo à
característica de descontração apontada pelos alunos nas entrevistas,
encontra-se a competência da empatia. Neste caso, a descontração pode
aproximar professor e aluno, deixando o ambiente mais aberto, com maior
espaço para conselhos e sugestões.
O modelo de Pereira (2007) elenca um grupo de 14 competências, as quais não
foram retratadas neste trabalho por não configurarem o objetivo da pesquisa. Apenas foram
mencionadas aquelas que surgiram nas entrevistas de forma espontânea e que podem servir de
base para futuros trabalhos, uma vez que foram colocadas por alunos da geração Y como
sendo importantes para eles.
As aulas, independentemente do método a ser trabalhado, podem ser dinâmicas,
considerar o universo dos alunos, descontraídas, relacionadas com a prática e facilitadas a
partir do relacionamento entre o professor e o aluno. Neste último caso, pode-se observar que
69
há o surgimento do sentimento de confiança e respeito pelo educador, por parte dos alunos,
sentimento que favorece com que o educando tenha uma atitude de interesse pela matéria
dada pelo professor que se relaciona positivamente com a turma. Não se trata de uma postura,
por parte do professor, permissiva, mas de respeito, com separação entre o universo pessoal e
profissional.
4.2.1.1 Competência da comunicação (dinamismo/interação)
Inicialmente já merece destaque a categoria da competência da comunicação
(dinamismo/interação). Estes dois itens, dinamismo e interação, aparecem juntos por que
quando os entrevistados falavam de dinamismo, faziam referência à interação, ou seja, a
comunicação entre professor e aluno em sala e aula. Esta interação pode fazer parte de
qualquer um dos métodos de ensino, sendo na realidade uma condição para que funcionem
adequadamente. De acordo com Medeiros (2007) há uma relação entre comunicação e
conhecimento, uma vez que o aluno só consegue perceber o grau de conhecimento de um
professor a partir de sua habilidade de comunicação. E é na interação que a comunicação
acontece de forma eficaz.
Os métodos só vão funcionar se o professor conhecer o grupo com o qual ele vai
trabalhar. Em suma, a comunicação é essencial para todo o processo educativo. Por isso,
acredita-se que este item teve destaque por parte dos alunos. Quando o professor apenas fala,
sem que haja uma interação, ou um maior dinamismo, o encontro se torna cansativo, pois o
personagem principal do processo deixa de ser o aluno e se torna o professor.
“Eu gosto quando sai dessa coisa, porque quando fica lá na frente, passa, passa,
passa slide e ele fica só falando, falando, falando. É interessante quando divide a
turma e assim cada turma fica com um tema e fica discutindo aquele tema, aí você
vai expor para os outros grupos o que o seu tema aborda. Com professor que se
destaca porque sabe passar bem a informação. Interessa a forma como ele explica,
assim, meio que o diálogo dele.” (aluna S.K., 23 anos)
“As aulas poderiam ser ministradas de forma mais dinâmica, porque puxa o aluno
para participar mais, interagindo junto com o professor e não daquela forma de só
falar, falar, falar, porque a aula fica monótona.” (aluno R.F., 26 anos)
70
O diálogo que o professor estabelece com o seu grupo de trabalho faz com que
todos se tornem protagonistas do processo de aprendizado, podendo expor suas ideias e
entender a opinião de outros colegas de turma. É uma troca de conhecimento. Com base nas
ideias de Torre (2008. p.9):
O papel do docente em lugar de centrar-se na explicação de conteúdo
assume o caráter de estimulador, mediador e criador de cenários e ambientes
[...] O docente não determina mais a aprendizagem (mudanças), mas as
sugere, estimula, incentiva, cria condições e meios para que seja o próprio
aluno que as construa.
O diálogo assume um papel fundamental no processo de aprendizagem,
propiciando uma interação maior e, por conseguinte, uma aprendizagem mais efetiva,
construída pelo próprio aluno. O discurso do aluno R.L. merece menção.
“Eu acho assim que o diálogo no início da aula, até pra saber alguma coisa que
foi dada no dia anterior, depois começar um novo assunto com os slides mostrados
e sempre abrindo parêntesis para que hajam argumentos relacionados ao assunto
porque isso faz com que o nosso poder argumentativo melhore bastante. E no final
da aula concluir e sempre abrir um espaço para que a gente discuta as situações
de acordo com o assunto. Isso fixa muito na cabeça do aluno, quando ele expõe a
realidade dele em relação aquilo que ele está estudando. A interação com os
professores é importante, muitas vezes a gente quer expor algo e não encontra
espaço.” (aluno R.L., 21 anos)
Este diálogo ajuda, conforme relato do aluno R.L., na organização das ideias e
melhor compreensão dos assuntos. Além disso, o próprio aluno disse que o poder
argumentativo melhora, uma vez que possuem mais espaço para verbalizar seus pensamentos.
É interessante que no discurso do aluno há uma necessidade por interação no início, meio e
fim das aulas, ou seja, em todos os momentos o diálogo é condição importante para o
aprendizado. De acordo com Masetto (2010, p. 12):
[...] sala de aula é espaço e tempo no qual e durante o qual os sujeitos de um
processo de aprendizagem (professor e alunos) se encontram para juntos, ora
professor e alunos, ora alunos e alunos, ora alunos individualmente
realizarem uma série de atividades (na verdade, interatividades).
71
Essas interatividades dão condição de aprendizado, uma vez que o aluno é parte
fundamental do processo de aprendizagem. Sendo assim, a interação acontece com
professores, outros alunos e entre eles mesmos (o aluno consigo mesmo), considerando o
conhecimento que já possuem, ou seja, suas experiências.
4.2.1.2 Competência do domínio da área do conhecimento (relação entre teoria e
prática)
Outro aspecto de grande relevância é a importância que os alunos dão aos
professores que fazem relação entre teoria e prática. Estes conseguem maior interação com a
turma. Este fato pode acontecer porque, uma vez que o docente tem a vivência sobre
determinado tema, consegue ilustrar com mais detalhes, para seus alunos, os assuntos a serem
trabalhados. Isso acaba propiciando uma maior interação. O estudante sente muita
necessidade de entender a teoria relacionando-a com a prática. Buscam saber qual a
aplicabilidade do que estão aprendendo e, quando o professor consegue demonstrar a relação
teoria e prática, o assunto torna-se mais interessante. Os trechos seguintes retratam a opinião
de dois entrevistados sobre o assunto.
“Professor que o que ele aplicava ele explicava o cotidiano, aí ficava bem mais
fácil pra você compreender o que ele falava. Ele dava exemplos, algo assim do
nosso cotidiano que realmente facilitava o aprendizado [sic].” (aluna S.C., 25
anos).
“Nessa questão mesmo deles darem exemplos no mercado de trabalho no meio,
como deveria se comportar, eu acho que é isso mesmo, exercícios, prática
mesmo.” (aluno L.P. 22 anos).
Mais do que uma interação apenas com o mercado de trabalho, é fundamental
conseguir relacionar o assunto, também, com o universo do aluno, para que ele possa
compreender melhor através da possibilidade de contextualizar o que está aprendendo. A
tarefa do aprendizado torna-se mais interessante e menos distante, pois se aproxima do
universo conceitual do aluno. Em outra entrevista é retratada mais uma vez a relevância da
junção entre teoria e prática.
72
“A relação da teoria com a prática, principalmente e a forma também de
trabalhar. Falar o conteúdo, dar ações práticas, falar em lugares, ter visita técnica
também pra gente conhecer o lugar, pra gente conhecer na técnica, na prática, a
teoria.” (aluna A.B., 21 anos)
O aluno valoriza o seu professor quando observa que ele fala de algo que conhece,
não apenas nos livros, mas em sua vivência. Infere-se que este aspecto dá maior segurança ao
educando e maior credibilidade ao educador. Cria-se uma relação de confiança que, por sua
vez, facilita o processo de ensino-aprendizagem.
4.2.1.3 Competência da empatia (descontração)
Faz-se interessante, também, apresentar outro ponto que surgiu nas entrevistas: a
característica de descontração do professor, aqui relacionada à competência da empatia.
Espontaneamente, alguns entrevistados falaram que, quando o professor consegue criar um
ambiente descontraído em sala, eles ficam mais interessados em aprender, e até mesmo
relacionam-se melhor com o professor devido a isso. O aluno sente maior empatia pelo
docente, pois há uma quebra de barreiras através da descontração. Para Pereira (2007, p.135)
o professor que tem empatia é aquele que tem “a capacidade de se colocar no lugar do aluno,
e a partir disto criar uma relação de confiança e harmonia que conduza a um maior grau de
abertura deles para aceitar conselhos e sugestões”.
Acredita-se que sala de aula não precisa ser um espaço de tensão, onde o professor
impõe-se aos alunos como autoridade. No ensino superior, busca-se uma troca, um espaço
prazeroso, de debates, exercícios, mas com alegria e a empatia favorece estas características.
Os alunos disseram nas entrevistas que preferem aulas:
Dinâmicas. Maior descontração, não ficar muito preso. Desenrolar mais o
assunto, mais objetivo, mais claro de forma que o aluno entenda. Descontração,
não é? Se ficar muito concentrado naquele assunto você fica um pouco tenso.
(aluno B.R., 19 anos)
Dinâmica. Atividade em grupo, exercícios, leitura, uma interação mais em
conjunto. Escrita ou participativa. Professor extrovertido, carismático. De
confiança. (aluna R. S., 19 anos)
73
É assim, bem alegre, é uma aula bem alegre, bem extrovertida, bem dinâmica.
Explicar de uma forma diferente, não só naquele momento de quadro, de xerox.
(aluno A.F., 23 anos)
A descontração faz com que estes alunos sintam maior prazer pelas aulas. Mas
não é apenas isso. Infere-se que esta descontração não está relacionada ao fato do professor
ter que contar piadas ou contar fatos engraçados sobre determinado assunto. O ambiente
descontraído passa a existir quando o docente possibilita uma maior interação entre a turma e
assume um papel de abertura, e não de rigidez, tolhendo a criatividade dos alunos.
Em uma das entrevistas o aluno chega a dizer que um professor carismático é um
professor de confiança, ou seja, uma pessoa que estabelece um laço fraterno com a sua turma
e cria elos que não são caracterizados pela autoridade e sim pelo respeito mútuo. Em nenhum
momento os alunos disseram que os docentes precisavam ser “comediantes”. O que ficou
claro foi a disposição de ser simpático e carismático com todos. Não é preciso se distanciar do
educando, criar barreiras, obstáculos físicos e mentais, surgidos por uma postura autoritária ou
apenas fechada, não aberta a interações.
4.2.1.4 Competência da visão sistêmica (contextualização do assunto)
Outro ponto de frequência relevante nas entrevistas, colocado como importante
para o aprendizado, foi a contextualização. Os entrevistados disseram ser produtivo quando o
professor, antes de iniciar um novo conteúdo, ou quando estiver explicando algo, trazer o
assunto para a realidade deles, ou contextualizar com fatos que estejam acontecendo na
atualidade. Na leitura do discurso do aluno R.G, é possível observar que a contextualização o
ajuda a aprender.
“Um modo que facilita muito esse transpassar do assunto é contextualizando.
Contextualiza, se baseia no que está ocorrendo no dia a dia da gente e você tem
uma noção basicamente como é o assunto que ele trata.” (aluno R.G., 20 anos)
“Brincadeiras com alguns fatos cotidianos que aconteciam com elas e você
falando sobre o que acontece as pessoas sentem o que é aquilo e pode ajudar a
você na prática a compreender melhor as coisas.” (aluna R.R., 19 anos)
74
Quando se contextualiza, há uma quebra de um distanciamento que existe entre o
aluno e a matéria. O professor traz o conteúdo para a realidade do estudante fazendo com que
o mesmo entenda que há uma relação entre a vida dele e o assunto que está sendo abordado.
Isso torna o processo de aprendizado mais interessante e menos distante da realidade do
aluno.
4.2.1.5 Competência do relacionamento interpessoal (relacionamento com o professor)
Outro item de relevante importância encontrado nas entrevistas foi a questão do
relacionamento com o professor, enquadrado na competência do relacionamento interpessoal,
que de acordo com Pereira (2007, p.122) “é a capacidade de estabelecer um relacionamento
harmônico e saudável com seus alunos, inclusive sabendo administrar de forma equilibrada as
eventuais situações conflitantes que possam surgir”. Observou-se que em vários discursos os
alunos dizem aprender quando possuem uma relação positiva com o docente. Este fator se faz
presente, provavelmente, porque os alunos buscam na figura do professor alguém em quem
eles possam se espelhar e ter liberdade para interagir. Quando os entrevistados não possuem
uma relação positiva com os professores, uma porta se fecha e também diminui o interesse
pelo aprendizado. Talvez, então, o aluno confunda o professor com a matéria e perca o
interesse pelo assunto, associando-o a um mestre com quem ele não se identifica. O
fragmento abaixo, retirado das entrevistas, mostra o quanto é importante para o aluno este
relacionamento.
“A forma que eu mais aprendo é aquela em que o professor tem uma relação mais
direta com o aluno, não é apenas uma relação de professor com o aluno, mas é
aquele que se envolve com a turma, que nos corredores diz, olhe, participe, faça
isso, faça aquilo; no seu trabalho se você fizer assim vai ficar muito bom, procure
tal turma. É aquele que sempre dá uma orientação e tem um envolvimento maior,
além da sala de aula.”(aluna A.B., 21 anos)
Nesta colocação nota-se, também, que a entrevistada valoriza quando o professor
se preocupa de verdade com o seus alunos. Não é apenas aquele docente que em sala de aula
ensina um determinado assunto, mas aquele que, de fato, sente prazer em contribuir para o
crescimento dos estudantes. E isso se torna perceptível aos olhos do educando, que passa a se
75
interessar mais por determinado assunto, devido à postura de entrega e interesse do seu
professor. Outro estudante faz uma colocação que corrobora com esta interpretação.
“Geralmente a gente vê o professor lá na frente, mas ele vinha atrás, conversava,
perguntava se a gente estava entendendo. Ele ouvia nossas opiniões, eu achei
interessante.” (aluno L.P., 21 anos)
Esse trecho tem grande importância porque deixa claro que a preocupação que o
aluno gosta de ter, do seu professor, é a de que ele se importe com todos. Que dê aula para os
alunos que sentam na frente e também para aqueles que sentam no fundo da sala. Todos são
importantes e merecem atenção. Para garantir uma solidez de conhecimento, Libâneo (1994,
p.160), afirma que é preciso adotar a seguinte medida:
Considerar que a capacidade de assimilação da matéria, a motivação para o
estudo e os critérios de valorização das coisas não são iguais para todos os
alunos: tais particularidades requerem uma atenção especial do professor a
fim de colocar os alunos isolados em condições de participar do trabalho
coletivo.
Essa preocupação tem valor porque pode fazer com que o educador garanta uma
solidez de conhecimento para toda a sua turma, uma vez que está atento para o entendimento
dos seus alunos, por maior ou menor dificuldade que eles tenham, acabando por integrar a
todos, dando-lhes condição de aprendizado.
Outro trecho que merece menção mostra que o estudante teve a percepção de que
o importante não era passar na matéria, mas sim aprender. E essa percepção surgiu da
proximidade que ele percebeu ter do professor, uma vez que sentiu dele um interesse em fazer
o possível para que a matéria fosse apreendida.
“Mas assim, o ato dele explicar, dele conversar várias vezes o assunto. A gente
nunca teve esse problema como aluno, entendeu? Te vira. O interesse era não que
todo mundo passasse, o interesse era que todo mundo aprendesse e ele conseguiu
fazer isso.”(aluno P.V., 19 anos)
“Ensina muito bem, você pode perguntar quantas vezes que ela vai estar sempre
disposta. Dentro e fora da Faculdade ela sempre está na ativa.” (aluna R.B., 21
anos)
76
Enfim, infere-se, com base nos discursos, que quando o educando percebe que o
seu professor se importa com ele, não apenas chegando em sala de aula para cumprir com
uma obrigação de ministrar um determinado assunto, passa a se interessar mais em aprender,
pois entende que o seu professor está interessado, também, de verdade, em não apenas
ensinar, mas de fazê-lo aprender.
4.2.2 Métodos de ensino preferidos
Depois de analisar os dados que foram enquadrados como competências de
ensino, já se torna possível discutir acerca dos métodos de ensino que são percebidos pelos
próprios alunos como eficazes para o aprendizado deles. Antes, contudo, se fez importante
tratar dos princípios para que ficasse claro que os métodos são os meios adotados pelos
professores para alcançar os seus objetivos, mas que precisam ser associados a princípios
norteadores capazes de possibilitar um maior êxito nas escolhas pelos métodos a serem
adotados. O método sozinho não pode garantir que uma aula seja avaliada como positiva,
deve estar associado a outros pontos, tais como os princípios, que merecem uma grande
atenção por parte dos docentes.
A partir da análise da categorização, fez-se necessário relacionar, também, como
no tópico 4.1, os itens apontados pelos alunos com os métodos de ensino segundo o modelo
de Libâneo (1994). Dessa forma foi possível fazer as seguintes inferências:
Quando os alunos falam da prática do debate e do trabalho em grupo,
pode-se entender que os dois caracterizam-se como o método de trabalho
em grupo. É assim, porque primeiro o professor traz o tema para ser
estudado pelos alunos, para que haja conhecimento do grupo acerca do
assunto, para depois, em grupos de discussão, haver um debate com toda a
turma. Libâneo (1994) diz que este método envolve a prática da
coletividade. Também é muito comum a realização de seminários, prática
de trabalho em grupo na qual os alunos apresentam de forma expositiva ou
numa conversação didática um determinado assunto.
Foi muito frequente nas entrevistas ouvir os alunos falarem do uso do
datashow, mas ficou claro que este recurso é utilizado no método de
exposição pelo professor. Neste método, de acordo com Libâneo (1994) o
docente faz uma apresentação, geralmente por exposição verbal, de um
77
determinado assunto sem que o grupo de trabalho necessariamente o
conheça. Os alunos devem ter uma postura receptiva, porém não quer
dizer que precisam ser passivos em sala de aula.
Também houve alunos que apontaram aprender com a realização de
atividades/exercícios, que geralmente se enquadram no método de
trabalho independente. Este tipo de trabalho para Libâneo (1994)
consiste na realização de tarefas criadas pelos professores que possibilitam
ao aluno criar respostas a partir do aprendizado que tiveram em sala. Este
trabalho deve ser feito individualmente ou no máximo em duplas. O
professor pode propor um estudo dirigido, exercícios de aprofundamento
dos temas já tratados ou exercícios de preparação, que vão servir de
introdução a um determinado assunto.
Houve um grupo de respostas que apontou a visita técnica como um
método de grande relevância. Neste caso temos as atividades especiais.
Libâneo (1994) diz que os alunos fazem, neste caso, um estudo do meio,
que acontece, nos casos citados nas entrevistas, com a realização de
passeios e excursões.
O único método que não foi identificado claramente foi o método de
elaboração conjunta. Neste caso Libâneo (1994) afirma que deve existir
uma conversação didática sobre um determinado tema, com orientação e
controle do docente, mas que considera a opinião dos alunos. Neste
método o educando precisa conhecer assunto para que seja possível haver
um debate rico e com conteúdo. Este seria o caso de haver, por parte dos
educandos, uma leitura sobre o tema, antes da aula.
4.2.2.1 Método de trabalho em grupo (debate e trabalho em grupo)
O método que teve maior frequência, como sendo um formato de aula que faz
com que os alunos aprendam, foi o método de trabalho em grupo. Neste, há um trabalho
coletivo. Os alunos podem debater, em grupos, determinados temas, aos quais foram
apresentados no dia da aula e também em grupos podem apresentar seminários. Observa-se
que este foi um dos formatos mais utilizados pelos professores da Faculdade Santa Helena e
que aparece como sendo o mais interessante por parte dos alunos. Estes alunos dizem:
78
“É interessante quando divide a turma e assim cada turma fica com um tema e fica
discutindo aquele tema, aí você vai expor para os outros grupos o que o seu tema
aborda.” (aluna S.K., 22 anos)
“Eu acho que os slides são muito cansativos, eu acho que com mais dinamismo a
gente absorve mais. A professora fazia um círculo para a gente se apresentar,
dava um tema pra gente falar.” (aluna J.L. 19 anos)
“Eu tenho mais facilidade de aprender as coisas lendo. Eu prefiro bem esse estilo
do que chegar simplesmente e colocar lá na lousa o assunto e explicar, explicar,
explicar. É melhor debatendo, com debate de caso.” (aluna S.F., 21 anos)
Em todos os depoimentos, observa-se que os alunos destacam que o trabalho em
grupo é importante para que eles aprendam mais. Neste método eles têm a chance de se expor,
falar a percepção deles sobre o tema. Também se pode inferir que os alunos acham que
trabalhar em grupo é menos cansativo.
4.2.2.2 Método de exposição pelo professor (datashow)
Os alunos falaram do datashow para retratar uma aula expositiva. Vale ressaltar,
também, que este recurso, é normalmente utilizado por grande parte dos professores,
conforme já foi apontado neste trabalho. Nesta pesquisa a sua utilização chegou a receber
críticas negativas em vários depoimentos, como sendo sinônimo de uma aula “chata”. No
entanto, também foi colocado como sendo importante para ensino, como método positivo.
Alguns depoimentos merecem destaque.
“Uma aula, ela sendo feita dessa forma, com a apresentação de slides, com
material, com xerox pra gente acompanhar mais detalhado, é bem proveitoso.”
(aluno J.P., 20 anos)
“Usa slide e brincando mesmo, brincando com o aluno, passa e fixa melhor.”
(aluno L.P., 22 anos)
“Mas eu gosto muito de recursos, quando o professor bota um vídeo ou um slide,
um coisa assim, eu prefiro que seja com recurso. Mas a maioria dos professores
79
trabalha assim. A gente não tem muito tempo pra ler, não para pra ler um livro ou
pra fixar algum assunto. Eu gosto de associar o assunto a uma imagem, sabe?
Tipo uma foto.” (aluna T.C., 20 anos)
É preciso observar que nestes discursos o uso do datashow, ou slides, não são
vinculados a experiências negativas em sala de aula. A percepção destes alunos mostra que é
possível trabalhar o assunto, de forma expositiva, e conseguir despertar o real interesse por
parte deles.
Nota-se que o uso do datashow, numa aula expositiva, pode ser explorado pelos
professores, de acordo com a aluna T.C., através de vídeos, imagens, ou seja, não é apenas
utilizar este recurso com textos, mas sim aproveitar as suas possibilidades. Ressalta-se que o
método de exposição pode ser trabalhado através da exposição verbal, da ilustração, da
exemplificação ou de demonstração, inclusive essas formas podem ser utilizadas em conjunto
(LIBÂNEO, 1994).
Também o discurso do aluno L.P. mostra que é possível dinamizar a aula com o
método de exposição, sem torná-la chata. A aula pode ser expositiva e interativa. Apesar da
aula expositiva pressupor a postura receptiva por parte do aluno, não quer dizer que estes
precisam ser passivos. Também vale fazer uma referência ao que o aluno J.P. falou, pois
mostra que além do datashow é importante que haja material de apoio, como textos ou
fotocópias dos próprios slides para que os alunos acompanhem e façam suas observações.
4.2.2.3 Método de trabalho independente (atividades/exercícios)
Com menos frequência do que os métodos anteriores, alguns entrevistados
expuseram a importância da realização de exercícios para o fortalecimento do aprendizado, ou
seja, apontaram o uso do método de trabalho independente. Observou-se que este método
reforça o conteúdo que foi trabalhado pelo professor, em método expositivo, por exemplo,
fazendo com que o aluno apreenda o assunto. Para Libâneo (1994) este é um método de
trabalho independente porque o estudante tem a liberdade de expor suas impressões sobre um
determinado tema, conforme o que assimilou sobre a matéria ensinada.
A importância deste método teve destaque nas seguintes entrevistas.
“Aula bastante dinâmica, tinha bastante dinâmica, sempre tinha provas, debates.”
(aluno E.A., 24 anos)
80
“Ao mesmo tempo em que ele passava o conteúdo ele pedia para a gente fazer
algum trabalho, alguma dinâmica em grupo pra que a gente desenvolvesse aquilo
que a gente aprendeu.” (aluna A.B., 20 anos)
“Nessa questão mesmo deles darem exemplos no mercado de trabalho no meio,
como deveria se comportar, eu acho que é isso mesmo, exercícios, prática
mesmo.” (aluno L.P. 22 anos)
“Atividade em grupo, exercícios, leitura, uma interação mais em conjunto. Escrita
ou participativa.” (aluna R.S., 21 anos)
Nota-se que os exercícios compõem, para estes alunos, o processo de
aprendizagem. Fazem parte do processo, não como atividade isolada, mas dentro de um
contexto no qual outros métodos são aparentes, como por exemplo, o método de trabalho em
grupo, como pode ser observado no discurso do aluno E.A., quando diz que sempre tem
provas, debates. Infere-se que são exercícios de avaliação e debates sobre os assuntos
trabalhados pelos professores, sendo que este último diz respeito ao método de trabalho em
grupo.
Para Rangel (2007, p. 23) este tipo de método possibilita ao aluno:
“aprender a agir; exercitar formas de agir; optar por tipos de atividades e
possibilidades de ação; fortalecer a disposição de agir; desenvolver
possibilidades de elaboração e estruturação do conhecimento, com pouca
interferência do professor; desenvolver confiança em sua capacidade de
aprendizagem; exercitar a predisposição ao trabalho de estudar/aprender.”
Enfim, é um método capaz de fazer com que o aluno precise se concentrar para
obter resultados. Cada um vai trabalhar da maneira que é melhor para o seu aprendizado,
buscando a compreensão do assunto ao seu modo de aprender.
4.2.2.4 Atividades especiais (visita técnica)
Também houve frequência de menções nas entrevistas, como sendo um método
favorável ao aprendizado a realização de visitas técnicas, que de acordo com Libâneo (1994)
se encaixa nas atividades especiais.
81
“Tentar mostrar o conteúdo não só em aula, mas em prática do dia-a-dia. Fazer
visitas técnicas.” (aluno R.F., 26 anos)
“E quando fazem pesquisas fora, externas também eu acho bem interessante, aí
todo mundo fica junto, eu gosto.” (aluna V.N., 26 anos)
“Eu preferia a gente saindo para pesquisar em locais diferentes, não ficar só na
sala de aula, porque a sala de aula é bom pra aprender também mas é bom a gente
sair pra pesquisar e tal.” (aluno A.S., 23 anos)
“Falar o conteúdo, dar ações práticas, falar em lugares, ter visita técnica também
pra gente conhecer o lugar, pra gente conhecer na técnica, na prática, a teoria.”
(aluno J.P., 20 anos)
Verifica-se que a visita técnica tem o efeito de fazer com que estes alunos
observem na prática a teoria que é debatida em sala de aula. É uma maneira diferente,
segundo os próprios entrevistados, de aprender. Assim é possível até mesmo, segundo a aluna
V.N., unir a turma, aproximar as pessoas. A visita técnica é uma forma de sair da rotina de
aulas que acontecem dentro do espaço físico da instituição de ensino e passar a ter aulas em
espaços externos, relacionados aos assuntos existentes nas ementas das disciplinas do curso.
Em específico, o curso de turismo possui diversas disciplinas de cunho prático que podem ser
enriquecidas através das visitas orientadas pelos professores.
4.3 Relação entre os métodos de ensino e os nativos digitais (terceiro objetivo específico)
O objetivo deste capítulo é apontar relações entre as características encontradas
nos alunos pertencentes à geração Y da Faculdade Santa Helena e os métodos de ensino que
são utilizados pelos professores que dão aula nesta faculdade. Serão apresentadas as
características encontradas nesta geração, através dos alunos entrevistados.
4.3.1 Preferência por trabalhos em grupo
O primeiro aspecto relaciona-se com o interesse em trabalhar em grupos. A partir
dos resultados apresentados no quadro 6 é possível fazer algumas análises.
82
Qual a relação com o trabalho em grupo
Pergunta Respostas Total
Qual a relação com o trabalho em grupo? Preferem trabalhar em grupo 16
Vários alunos sentem-se líderes. Esta é uma
característica da geração Y.
Preferem trabalhar em grupo,
dependendo da composição da
equipe
4
Preferem trabalhar sozinhos 2
Tanto faz trabalhar em grupo ou
sozinho 1
Dentro de um grupo sente-se um
líder 12
Quadro 6: Qual a relação do aluno Y com o trabalho em grupo
Fonte: Dados da pesquisa, 2012
Pode-se concluir que grande parte dos alunos gosta de trabalhar em grupo. Na
realidade, apenas dois dos entrevistados colocaram que acham mais produtivo fazer atividades
sozinho.
“Prefiro fazer trabalhos em grupos, porque a gente aprende mais com a opinião
das outras pessoas, é positivo.” (aluna J.L., 19 anos)
“Eu tenho uma certa capacidade de liderar, atrapalha um pouco a minha relação
porque tem pessoas que querem liderar e só querem liderar e só. Eu tipo agora em
sala de aula estava estudando sobre um material e as pessoas tipo as pessoas não
tem muita disposição de falar em público e isso pra mim é fácil; Então meio que
atrapalha porque se estou num grupo me sobressaio e por falar muito as pessoas
meio que não gostam.” (aluna G.N., 24 anos)
“Agora, eu prefiro fazer em grupo. Porque é um auxílio maior que a gente tem e
que a gente vai ter, por exemplo, num tema ‘xis’, em que cada um tem uma visão
diferente.” (aluno R.G., 20 anos)
Os entrevistados demostram que gostam e aprendem mais quando trabalham em
grupo, pois podem conhecer a opinião de outros colegas e somar conhecimento. Mostra, a
maioria, que sabe lidar com pontos de vista diferentes e obter no final melhores resultados.
Esta afirmação pode ser comprovada no quadro elaborado por Veras (2001), no qual o autor
diz que alunos nativos digitais têm preferência por interações com muitos, que eles gostam da
coletividade.
83
Esta qualidade foi encontrada nas entrevistas, pois os métodos de maior destaque,
quando se fala de um formato de aula favorável ao aprendizado, é aquele que propõe
trabalhos em grupo. Os alunos disseram aprender mais quando trabalham de forma coletiva,
quando podem interagir com o professor e os demais companheiros de sala, sejam em
seminários ou debates.
Um ponto de destaque nas entrevistas, que surgiu espontaneamente, foi a visão
que a maioria dos alunos tem deles mesmos quando se veem em uma trabalho de grupo. Um
número relevante dos entrevistados se autointitula como um líder. O trecho abaixo mostra um
discurso espontâneo.
“Um líder, um líder porque eles mesmos me elegeram líder. Então não é só a
minha visão, mas a visão geral do grupo. Então eu exerço a liderança do grupo,
mas não toda, tem mais dois que se pode dizer que são líderes também.” (aluno
A.N., 18 anos)
“Eu tenho uma certa capacidade de liderar, atrapalha um pouco a minha relação
porque tem pessoas que querem liderar e só querem liderar e só. Eu tipo agora em
sala de aula estava estudando sobre um material e as pessoas tipo as pessoas não
tem muita disposição de falar em público e isso pra mim é fácil; Então meio que
atrapalha porque se estou num grupo me sobressaio e por falar muito as pessoas
meio que não gostam.”(aluna G.N., 24 anos)
É interessante explanar que esta característica não constava como qualidade
própria da geração Y. Porém, por ter sido uma questão de grande constância na pesquisa,
mereceu destaque e comentários. Para Oliveira (2010) esta geração é marcada também por
manter uma relação diferente, quando comparada às gerações anteriores, com as autoridades.
Este grupo questiona os chefes, opina, discorda, sem as barreiras psicológicas de gerações
anteriores.
Talvez por isso, sintam-se líderes, pois se veem sempre em condição de
igualdade em relação a outras pessoas com nível hierárquico mais elevado. Quando se parte
para uma relação com seus grupos de trabalho, acabam assumindo um perfil de controle, pois
não gostam de esperar pelos outros para decidir o rumo dos seus projetos.
84
4.3.2 Relação com a internet
Os nativos digitais nasceram no mundo da web e por isso se relacionam com o
universo da internet de forma diferente dos imigrantes digitais. Usam a internet para suas
relações sociais e também nos seus estudos (Prensky, 2001).
No quadro 7, pode-se avaliar que todos os entrevistados demonstraram que fazem
pesquisa na internet, mesmo quando recorrem a outros meios. A maioria dos alunos também
lê arquivos no computador, ao invés de imprimi-los.
Uso da internet nos estudos
Pergunta Respostas
To
tal
Usa internet nos estudos? Faz pesquisas na internet 23
Todos utilizam a internet para fazer suas
pesquisas. Muitos deixam de recorrer à
pesquisa em livros da biblioteca para se
concentrar em pesquisas na web.
Prefere fazer pesquisas em livros 3
Costuma ler no computador arquivos
encontrados na internet 10
Costuma imprimir para ler o
conteúdo encontrado na internet 2
Não lê no computador 1
Usa a internet como fonte secundária
de pesquisa 5
Quadro 7: Como o aluno Y usa a internet nos estudos
Fonte: Dados da pesquisa, 2012
Umas das características da geração Y é a relação com a tecnologia. Para este
grupo a tecnologia acaba sendo uma extensão dos seus cérebros. Isso mostra que é comum
para eles, quando possuem alguma atividade acadêmica de pesquisa, recorrer primeiramente
ao universo da web para fazer suas consultas. Os discursos que seguem apontam esta
tendência de pensamento.
“Na minha base de estudos está principalmente a internet, principalmente no
google.” (aluno R.F. 26 anos)
“Eu utilizo ‘pra caramba’. Internet, celular. Celular é muito porque tô sem
internet em casa, aí é que eu uso o celular, muito e-mail. Todos os professores
utilizam o e-mail.” (aluno A.N., 18 anos)
“Vou pra internet, leio livros assim... Pesquiso muito.” (aluna V.N., 26 anos)
85
“Pra tudo. Hoje a tecnologia pra mim é a formação.” (aluno C.B. 20 anos)
“Sim, bastante. Pesquisa de trabalho, assunto, tema, até para que a gente possa
debater em sala; Eu sempre utilizo isso.” (aluna R.S. 21 anos)
Os entrevistados apontaram uma qualidade desta geração, que na internet pode
encontrar o que precisam através de diversas fontes. De acordo com Veras (2011) esta é outra
característica deste grupo, uma vez que quando buscam alguma informação gostam de ter
retorno rápido e a internet dá esta possibilidade. Além disso, é possível através de vários sites,
artigos disponíveis na web, conseguir os dados de uma pesquisa por múltiplas fontes, outro
atributo que é inerente aos nativos digitais.
Apesar de pesquisarem na internet, alguns alunos demostraram interesse, também,
pela pesquisa na biblioteca, mesmo associada a uma investigação na web. Mas, foram poucos
discursos neste caminho.
“Sempre pego livros da cadeira que estou pagando atualmente, aí começo a fazer
o trabalho e faço pelos dois.” (aluna S.K., 22 anos)
“Eu gosto muito de livros, eu não sou muito fã, eu sei que na internet tem tudo,
mas eu gosto muito de livros e jornais, essas coisas, porque no computador você já
pega trabalhos formados. Pesquiso na internet, mas não é muito não. Quando se
precisa realmente da internet aí que eu vou, mas eu gosto muito de livros, de
jornais...” (aluna G.F., 26 anos)
Estes discursos foram isolados, porém mereceram destaque porque mesmo
quando o aluno demonstra não recorrer tanto à web, acaba cedendo. Para Oliveira (2010) a
internet já está arraigada ao universo daqueles que fazem parte da geração Y. A aluna G.F. diz
que quando precisa ela recorre à internet. Logo, infere-se que é muito comum precisar
recorrer a este meio.
Outra característica comum à geração dos nativos digitais é a facilidade por fazer
leituras na tela do computador. Para os imigrantes digitais é preferível imprimir um arquivo
para fazer a sua leitura. Para Veras (2011), para a geração Y, ler no computador é natural.
A pesquisa encontrou como resultado uma maioria de alunos que fazem
naturalmente suas leituras na tela do computador, mas também um grupo que não se
86
posicionou de forma clara e outros que disseram que a leitura no computador cansa. O
discurso da aluna S.C. aponta um posicionamento contrário.
“Eu não gosto muito de ler na internet. A maioria das coisas eu gosto de imprimir
porque eu não gosto de ficar totalmente na frente do computador.” (aluna S.C., 25
anos)
No entanto, pode-se observar que no posicionamento da aluna é possível entender
que a ela ainda faz suas leituras no próprio computador, apesar de na maioria das vezes ter
preferência em imprimir os arquivos. É possível, também, que as leituras feitas pelos alunos
da geração Y sejam de pequenos arquivos, ou até mesmo que sejam feitas de forma
“dinâmica”, pois leem vários arquivos ao mesmo tempo, de forma randômica, colhendo
fragmentos de uma fonte e de outra.
Acredita-se que esta característica pode prejudicar esta geração, uma vez que
muitas fontes de pesquisa na internet não têm valor científico e também porque estes novos
alunos fazem leituras rápidas e incompletas das diversas fontes, o que pode comprometer o
entendimento do assunto pesquisado, uma vez que os textos não lidos na íntegra.
4.3.3 Relação com as redes sociais
Um aspecto muito comum às novas gerações é a participação deste grupo nas
redes sociais. Os entrevistados demonstraram que esta é uma realidade inerente aos nativos
digitais. De todos os alunos apenas uma pessoa relatou que não faz parte de nenhuma rede
social, conforme aponta o quadro 8.
87
Relação do aluno Y com as redes sociais
Pergunta Respostas Total
Qual a relação com as redes sociais? Faz parte de muitas redes sociais 11
A rede social é utilizada principalmente para a
interação com amigos. O facebook é a rede que
mais possui adeptos.
Utiliza o facebook como rede social 22
Usa a rede social para encontrar
amigos 16
Usa a rede social profissionalmente 7
Usa a rede social para fazer
pesquisas para a faculdade 6
Usa a rede social para acompanhar
notícias 4
É indiferente ao uso de redes sociais 1
Não usa rede social 2
Quadro 8: Qual a relação do aluno Y com as redes sociais
Fonte: Dados da pesquisa, 2012
Praticamente todos os alunos fazem parte da rede social facebook com o interesse
de se relacionar com amigos, de estreitar barreiras existentes, pela distância, entre outros
estados, países. É uma forma de se conectar com o mundo, de fazer parte de uma sociedade
virtualizada, da qual, pôde-se observar nos discursos, todos fazem parte.
“Na verdade é mais assim porque a maioria do pessoal tem, é uma forma de se
comunicar, tipo família mesmo que eu tenho longe e posso me comunicar. O
pessoal também da turma, a gente já tem até um grupo no facebook e facilita muito
a comunicação.” (aluna S.C., 25 anos)
“Porque é uma forma de você obter conhecimento não só sobre a vida das
pessoas, pra fofocar, mas também pra obter sobre o mundo, sobre economia, sobre
o curso que eu estou estudando também. Ali tem as informações.” (aluna R.S., 21
anos)
“Porque facebook é uma forma assim que eu encontrei de interagir com os meus
amigos sem sair de casa, as vezes é muito longe, tem pessoas de outros estados, de
outros lugares também. É uma coisa interessante você conversar em tempo real
com pessoas que estão a quilômetros de você.” (aluna I.R., 17 anos)
“Há muito tempo e antes eu tinha facebook e Orkut. Eu comecei a fazer facebook
por conhecimento porque tinha vários amigos meus porque eu conheci muita gente
de fora que não tinha Orkut e eu queria interagir, uma forma de interagir, e
diziam, ah, tenho facebook, não sei o que é. Aí eu conheço muita gente pelo
88
facebook, muita gente da Itália e tal e criei o facebook mais pra isso.” (aluna T.C.,
20 anos)
É fundamental destacar que, nos discursos obtidos através das entrevistas, os
alunos têm grande necessidade de interagir com outras pessoas. Esta é uma característica da
geração Y apontada por Oliveira (2010, p. 67) quando destaca que “o mundo para esses
jovens é muito menor. As barreiras do idioma são facilmente superadas pela maior intimidade
com a língua inglesa, que é amplamente utilizada na internet”.
Relaciona-se, então, que o fato de ter havido uma grande quantidade de respostas,
no que tange aos métodos de ensino, favoráveis a princípios de aprendizado que possibilitam
uma interação do aluno com os professores, reforça o quão importante é esta característica
para a geração Y. Os alunos demonstraram que aprendem mais quando têm a possibilidade de
interagir em aula.
Para Lemos, Levy (2010) a participação numa rede social também existe para que
seja possível acompanhar a vida de outras pessoas e ter a chance de expor o que acontece com
as suas vidas, numa busca de aceitação e aprovação, quando alguém curte ou comenta uma
foto, texto, ou vídeo que são compartilhados na rede. Todos fogem do anonimato. Na
realidade buscam mostrar ao mundo seus pontos de vista.
89
5 CONCLUSÕES
O estudo teve como objetivo identificar os métodos de ensino favoráveis ao
aprendizado de estudantes da geração Y. Para isso, inicialmente, foi preciso discutir o tema
inovação a fim de entender que não é preciso criar novos métodos de ensino para que um
professor seja considerado inovador. Na realidade, é possível fazer diferente aquilo que já
vem sendo feito em sala de aula a partir do entendimento de como a nova geração, que
ingressou nas universidades, tem mais facilidade em aprender e a partir, também, do
entendimento do que já é feito por outros professores, no tocante aos métodos utilizados.
Geralmente, quando se fala em métodos de ensino para nativos digitais, as pessoas
pensam que é preciso usar de forma densa, alguns recursos tecnológicos como apoio ao
professor em sala de aula. No entanto, observou-se que a tecnologia é um recurso que tem
papel secundário em sala. Os alunos precisam de professores que pensem suas aulas de forma
a levar o assunto, para eles, através de um método capaz de facilitar o aprendizado. O
estudante sabe quando o professor planeja uma aula conduzindo o grupo ao processo do
aprender, e isso faz grande diferença.
É notável que alguns docentes acabam acreditando que apenas preparar slides
caprichados para uma aula expositiva, em datashow, é sinônimo de uma boa aula. Nestes
casos, os alunos, em sua maioria, consideram que este tipo de aula é cansativa, e que não
prende a atenção para o conteúdo tratado. O professor, muitas vezes, faz uma leitura
comentada dos tópicos que constam nos slides, tornando a aula fatigante. A consequência
disto pode ser o não aprendizado.
Porém, vale ressaltar que o uso de um recurso tecnológico pode ter êxito a partir
do momento que se encaixa numa aula planejada, com espaço para exposição de assuntos,
através de vídeos, imagens, mas principalmente, quando o debate e a interação entre professor
e aluno possam existir. O método é o meio utilizado pelo professor para alcançar o objetivo
do aprendizado. É o caminho adotado pelo docente para conseguir que o seu aluno aprenda.
Sendo assim, a escolha de um método é fundamental no processo pedagógico, pois demonstra
que houve um plano para transmissão de um conteúdo.
Para que um método de ensino seja eficaz, é preciso que o professor o adeque ao
assunto a ser abordado, mas também à sua plateia, ou seja, seus alunos. Conhecer as
características de um grupo é importante para que haja uma adequação da linguagem do
docente às necessidades que este grupo de alunos possa ter numa aula. Trata-se de um
90
processo de comunicação e como tal é preciso que todas as partes envolvidas tenham interesse
pelo assunto. Conhecer as características dos alunos facilita o processo de planejamento de
uma aula, pois dá ao professor a possibilidade de escolher um método que seja eficaz para o
aprendizado de seus educandos.
Isso não quer dizer que o professor tem que trabalhar apenas com métodos
considerados interessantes por um determinado grupo. Porém, pode apontar caminhos e
ajudá-lo a formular estratégias de ensino que atendam aos interesses de seus alunos. É claro
que a depender do assunto e do objetivo que o professor tem, os métodos podem ser alterados,
mas dentro de um contexto que tenha o foco no aprendizado dos alunos. Também é preciso
destacar que, provavelmente quando um método é utilizado de maneira repetida, pode acabar
banalizando-se, pois cabe ao docente ser criativo para despertar nos seus alunos o interesse
por um determinado assunto e manter suas aulas sempre dinâmicas.
É preciso que os professores entendam que o papel principal numa sala de aula é
do aluno. O professor é coadjuvante, é um técnico que tem a missão de fazer despertar no seu
grupo o desejo de aprender e fazê-lo caminhar para o alcance deste objetivo. Para que isso
aconteça, é necessário que este, dito técnico, tenha preparo. O professor precisa conhecer os
assuntos abordados, mas também precisa saber como transmitir esses conteúdos de uma
maneira eficiente, que chegue aos seus alunos de forma criativa e seja compreendido.
Contudo, é preciso lembrar que o foco é o aluno e não si a mesmo, ou seja, o professor.
Conclui-se por ora que é preciso inovar em relação aos métodos, não os criando,
mas conhecendo-os e adaptando-os a realidade dos alunos. Provavelmente boa parte dos
professores que dão aulas em cursos superiores não conhecem os métodos de ensino e, talvez
por isso, não possam utilizá-los de forma consciente. O que se vê é um uso intuitivo de
métodos, mas que por vezes ficam perdidos e são mal utilizados, fazendo com que os alunos
percam uma oportunidade de aprender. Outras vezes, mesmo que intuitivamente, nota-se que
há acertos, porém, provavelmente poderiam ser otimizados se o professor, que já naturalmente
tem êxito, conhecesse os métodos de ensino e as características de seu grupo.
Pode-se utilizar, como exemplo, as aulas expositivas. Nos discursos dos alunos
entrevistados, nota-se que há uma espécie de cansaço quanto ao uso deste método. É possível
que este sentimento seja consequência de aulas expositivas, com o uso de datashow, sem
interação entre o professor e a turma. Afirma-se isso porque também é perceptível nas
entrevistas que os alunos gostam de aulas expositivas, mas quando o professor é dinâmico,
que segundo eles, é quando há uma interação com a turma. Uma aula expositiva não é
sinônimo de uma aula sem espaço para o aluno. Ao contrário, é um método muito eficiente
91
para apresentar novos temas, assuntos, e que pode ser conduzida com a participação de todos
da sala.
Outro ponto de destaque no trabalho se deve ao fato de que os estudantes sentem
uma grande necessidade em ter uma relação positiva com seus professores. Quando o
educador se aproxima da turma, quebra barreiras que são desnecessárias para uma geração
que se relaciona com a autoridade de forma diferente daqueles de gerações anteriores.
Acredita-se que os alunos não respeitam um professor pela sua posição de autoridade, ao
contrário, respeita-se quando há uma relação de proximidade. Isso não quer dizer que o
educador precisa ser o melhor amigo de todos, mas que, quando cativa a sua turma, possui
uma condição mais favorável ao aprendizado. Os alunos passam a ter satisfação em estar na
sala de aula.
Uma característica da geração Y que surgiu nas entrevistas de forma espontânea
foi a menção, por parte dos alunos, em gostar de aulas ministradas por professores divertidos,
que deixam as aulas mais alegres através de exemplos, histórias de vida, experiências
divertidas. A geração Y é um grupo que prefere ambientes lúdicos. É uma característica que,
quando presente em sala de aula, torna o ambiente torna mais propício ao aprendizado, de
acordo com os entrevistados. Faz-se necessário compreender que os entrevistados esperam
que seus professores sejam divertidos, mas isso não quer dizer que o conteúdo seja colocado
de lado. É possível ter educadores que sabem, ou seja, têm a percepção do momento ideal
para uma descontração, capaz até de fazer com que um grupo retome a atenção para a sua
aula. No entanto, não quer dizer que o professor precisa “contar piadas”.
Falar de métodos de ensino para alunos de instituições de ensino superior tem
grande relevância por ser um tema pouco estudado. Porém, observa-se que os estudos sobre
métodos são generalistas e podem ser aplicados para qualquer nível de ensino, contanto que
sejam coerentes com os objetivos que foram elencados nas ementas das disciplinas e estejam
de acordo com o contexto de cada aula. Porém, é fundamental que as IES’s, além de gerirem
processos administrativos, observem que seu principal processo é aquele que acontece em sala
de aula. É importante acompanhar os professores, treiná-los, atualizá-los. É preciso
instrumentalizá-los quanto à forma de saber preparar uma aula, de contextualizá-la com os
objetivos da IES, dos planos de curso e dos objetivos de cada disciplina. É preciso que tudo
esteja conectado, a fim de garantir uma formação sólida para o educando.
Uma forma que pode ajudar as instituições a conhecer seus alunos são as
avalições institucionais. Uma política de avaliação interna aponta o crescimento acadêmico
dos alunos, além de aspectos estruturais que podem ser alvo de melhorias por parte de uma
92
instituição. É essencial avaliar os professores, no que tange a aspectos pedagógicos, não para
utilizar este instrumento como forma de manter ou afastar professores que são bem ou mal
avaliados. Uma pesquisa com os docentes precisa ter foco no crescimento deles, através de
um feedback capaz de possibilitar-lhes uma condição de desenvolvimento e de melhoria de
suas aulas, tornando-as mais produtivas e condizentes com as metas das instituições.
No curso de turismo, palco do estudo de caso desta pesquisa, essas políticas de
avaliação já acontecem e dão subsídios para que a coordenação do curso acompanhe os
resultados de cada professor e saiba, se na visão dos alunos, os resultados estão sendo
alcançados, sob diversos aspectos pedagógicos. Não se trata de um instrumento único, mas de
uma fonte de informação preciosa capaz de dar condições de melhoria para o processo de
ensino-aprendizagem, pois o aluno, protagonista, precisa ser ouvido e levado em
consideração.
Em relação à Faculdade Santa Helena, os excelentes resultados, obtidos nestas
pesquisas de satisfação docente, apontam, acredita-se que intuitivamente, que a maioria dos
professores do curso de turismo da FSH já consegue, provavelmente, atender às expectativas
de seus alunos, comunicando-se com eles de forma eficaz. Sendo assim, é possível
aperfeiçoar estes resultados através dos caminhos apontados nesta dissertação, que mostra a
visão dos alunos no tocante a aspectos relacionados ao processo de ensino-aprendizagem. E
para professores que não tenham alcançado bons resultados a pesquisa para esta dissertação
pode apontar possíveis caminhos para uma melhoria de suas aulas, sempre com foco no
aprendizado.
Tal aspecto não quer dizer que tudo aquilo que os alunos apontam numa pesquisa
de satisfação é verdade absoluta, pois uma gestão de uma instituição de ensino não pode se
tornar refém de situações de insatisfação isoladas por parte dos educandos, ou de feedbacks
negativos com o intuito de afastar professores, muitas vezes por retaliação a resultados ruins
nas avalições de uma disciplina. É preciso avaliar cada situação, considerando que o docente
tem uma tarefa difícil em sala de aula. Contudo, reforça-se que as impressões dos alunos,
quando coletadas através de pesquisas bem coordenadas, são uma fonte de dados de extrema
relevância para o planejamento de uma IES.
Sendo assim, é interessante que uma instituição de ensino se desprenda de
modelos de gestão baseados em estruturas de universidades públicas uma vez que possuem
uma dinâmica organizacional diferente e busquem modelos de gestão coerentes com suas
características, necessidades e objetivos. No entanto, o principal resultado de uma IES deve
93
ser o aprendizado de seus alunos. Por isso, é fundamental estudar métodos de ensino e
conhecer o perfil dos estudantes que estão ingressando no ensino superior.
Também se faz importante observar que há uma tentativa dos professores do curso
de turismo da FSH em entrar no universo dos alunos da geração Y. Os próprios educandos
acabam conduzindo seus professores neste caminho, uma vez que têm a cultura de dar
feedback aos seus professores em relação às aulas. Dessa forma, os docentes podem
direcionar seus trabalhos para atingir os objetivos da disciplina em consonância com as
necessidades dos seus alunos. Por exemplo, praticamente todos os professores do curso
ingressaram em redes sociais e são ativos no que tange ao contato com seus alunos. Como os
nativos digitais convivem em redes sociais de forma intensa, os professores possuem este
caminho para se comunicar com suas turmas e até mesmo estimulá-los a aprender. Alguns
docentes se aproximam dos seus alunos através das redes sociais e, como consequência,
passam a ter um melhor relacionamento com suas turmas.
Como a internet é um espaço público, é preciso ter cuidado quanto ao uso desse
recurso. No entanto, é fato de que os ambientes virtuais são essenciais para se comunicar com
os nativos digitais e inclusive passar a melhor conhecê-los, pois boa parte dos participantes de
redes sociais, por exemplo, expõem suas vidas abertamente e muitas vezes usam este espaço
para se abrir quanto aos seus problemas, raivas, alegrias, tristezas e até insatisfações. Uma
IES pode acompanhar, indiretamente, a satisfação de seus alunos através desse meio. É
possível acompanhar sem filtros como se alguém da instituição estivesse escutando uma
conversa entre alunos, a opinião daqueles que conversam, na internet, publicamente, como se
estivessem no anonimato. Claro que é preciso ter um grande cuidado com este tipo de
acompanhamento.
Já é possível ver com frequência, alunos e professores colocando fotos de
trabalhos, visitas técnicas, de aulas, para receber os comentários e aprovação de seus amigos
virtuais. No curso de turismo da FSH é comum ver alunos elogiando seus professores no
facebook. Também se tornou frequente professores agradecendo aos alunos por um semestre
proveitoso. Nesse sentido, é muito rico esse espaço, pois aproxima professor de aluno,
quebrando uma barreira cultural de que para ensinar o professor precisa se distanciar
emocionalmente do seu grupo. É possível cobrar resultados de uma turma sem, tampouco,
precisar se distanciar dela. Na realidade, em se tratando da geração Y, a proximidade entre
professor e aluno é extremamente salutar para um bom resultado acadêmico. Não é condição
para este resultado, mas um fator positivo neste processo.
94
Afinal, a pesquisa conseguiu apontar os métodos de ensino que estão sendo
adotados pelos professores em sala de aula. Também assinalou quais são os métodos, na visão
dos alunos, que mais favorecem o aprendizado deles, e por fim comparou os métodos de
preferência destes alunos com as características da geração dos nativos digitais. Observou-se
que de fato os interesses por determinado tipo de aula, ou método, se relacionam com as
qualidades desta geração. A necessidade de expor suas opiniões, de interagir, a relação deles
com a autoridade, a preferência por trabalhos em grupo, a imersão em ambientes virtuais, a
característica de liderança, foram resultados que puderam corroborar com o sucesso da
pesquisa.
Conhecer as características dos nativos digitais e relacioná-las com métodos de
ensino, propondo uma inovação neste processo, pode favorecer o surgimento de um professor
mais preparado para lidar com as aspirações deste grupo e mais capaz de conduzi-los ao
aprendizado. No entanto, saber do perfil desta nova geração não garante um bom resultado em
sala de aula. Mesmo dentro de um grupo com características homogêneas podem existir
fatores diferentes, que merecem ser considerados pelos professores. Não se pode esquecer que
cada aluno também possui qualidades individuais ou limitações que outros não têm. Logo, o
docente precisa olhar para o grupo e para o individual ao mesmo tempo.
Considerar a individualidade de seus alunos é um fator primordial e um princípio
pedagógico importante para a educação. É preciso que o professor esteja atento a cada aluno
seu para possibilitar àqueles que possuem dificuldades específicas uma condição de
aprendizado. No entanto, em turmas com grande quantidade de alunos esse cuidado fica
comprometido.
Sendo assim, não vai existir um método infalível, que tenha êxito em todas as
circunstâncias e para todos os alunos. O diálogo com a turma, a abertura de um espaço para
uma avaliação das aulas e dos métodos que estão sendo trabalhados pode ajudar um professor
a redirecionar seus planos e conseguir alcançar maior êxito. Mesmo assim, é preciso ter
cuidado para analisar se o feedback coletado com a turma é reflexo da percepção de todo o
grupo ou de apenas alguns alunos.
É importante, também, que os professores busquem conhecer melhor esta nova
geração de alunos que ingressam nas instituições de ensino. Dessa forma, o diálogo entre
docente e discente acontecerá de forma mais eficaz. Além disso, os professores precisam
conhecer os métodos de ensino, para que seja possível, para eles, preparar aulas focadas no
aprendizado dos seus alunos. É preciso investir na formação de professor para não apenas
ensinar, mas principalmente, criar meios para os alunos aprenderem.
95
Enfim, o sucesso de uma aula não está baseado no uso de novas tecnologias ou
ferramentas modernas que transformam uma sala num palco para a apresentação de algum
show. Uma boa aula é o resultado de uma confluência de fatores, complexos e variáveis, pois
envolve o trabalho com pessoas. Ou seja, não existe uma receita pronta, é um aprender a
aprender constante, tanto por parte dos alunos, como também dos professores e da própria
instituição de ensino. Todos juntos precisam concentrar seus esforços na tarefa do
aprendizado e transformar a sala de aula num ambiente mágico, no qual a tarefa de aprender é
vivida por todos. Quando estes fatores existem, é possível o professor acrescentar recursos,
criar técnicas, construir processos junto com os próprios alunos. Para aprimorar uma aula, é
preciso que os alunos queiram aprender, que os professores queiram ensinar (e que estes
possuam conhecimento do assunto e instrumentos pedagógicos suficientes para transmiti-los)
e que a instituição queira ser o palco da educação.
5.1 Sugestões para trabalhos futuros
A partir do conhecimento do perfil de aprendizado dos alunos da geração Y, é
possível estudar como elaborar programas de treinamento, dentro das empresas, que sejam
mais efetivos, didaticamente favoráveis ao aprendizado. Sabe-se que há grandes
investimentos em programas de treinamento, desenvolvimento e educação dentro das
corporações e alguns estudos apontam que estes, muitas vezes não são bem sucedidos. Ao
ponto em que se sabe de métodos mais eficazes para as aulas que acontecem em instituições
de ensino superior, pode-se adaptá-los para as empresas. Afinal esta nova geração já começa a
ganhar espaço no mercado de trabalho.
Interessante, também, seria conhecer como os nativos digitais avaliam cursos ou
treinamentos oferecidos à distância. Com este tipo de pesquisa seria possível tentar avaliar
quais as variáveis envolvidas no sucesso ou no fracasso de quando se faz pesquisas na internet
e de quando se utiliza ferramentas de educação à distância. Estudos sobre este tema têm
importância cada vez maior porque, como já foi dito, as empresas investem quantias altas de
recursos financeiros a fim de treinar seus funcionários apostando, ainda, num sistema de
ensino presencial. Não quer dizer que aulas presenciais não são efetivas, pois como foi
analisado nesta dissertação, são sim essenciais e podem ser inovadas a partir do momento em
que se conhece melhor o público para o qual a aula está sendo direcionada. Porém, cursos à
distância podem representar grande economia para as empresas e quem sabe ainda dar
resultados tão eficientes quanto um ensino presencial.
96
Há pesquisas que mostram a falta de efetividade destes treinamentos e o acúmulo
de prejuízo por parte das organizações. Acredita-se que ferramentas de educação à distância
podem otimizar resultados e diminuir custos atendendo a um novo grupo de profissionais que
ingressam no mercado e que possuem características diferentes dos empregados de gerações
anteriores.
Neste caso esta nova pesquisa sugerida poderia indicar quais seriam as melhores
condições para a realização de treinamentos ou cursos à distância, considerando aspectos
como: a intimidade do público selecionado com a tecnologia; o layout dos ambientes virtuais
de aprendizagem; preparação do tutor em relação ao conteúdo abordado; estrutura e
frequência das avalições de aprendizagem; interesse do grupo pelo conteúdo abordado e
flexibilidade de horário para os estudos.
Este tipo de pesquisa poderia ajudar a identificar a efetividade de cursos à
distância voltados para a geração Y. Além de buscar respostas para compreender quais as
dificuldades dos grupos que utilizam ambientes virtuais de aprendizagem; entender se as
novas gerações interagem bem com cursos à distância; e identificar quais os fatores
envolvidos nos sucessos destes cursos ou treinamentos. Assim essa sugestão de pesquisa
poderia apontar o caminho para métodos de ensino para cursos que são oferecidos à distância,
diferente deste estudo que se deteve ao universo do ensino presencial. Porém, como ainda é
relativamente recente a popularização dos cursos à distância, é preciso descobrir quais são os
seus resultados quanto ao aprendizado e buscar métodos que possam ser utilizados nos
ambientes virtuais.
Outra sugestão de estudo é avaliar quais são as competências mais requeridas no
mercado de trabalho e confrontá-las com o perfil dos nativos digitais, para saber qual deve ser
o foco das IES na formação de seus alunos, no que tange a aspectos conceituais, técnicos e
comportamentais. Pode ser possível, com este tipo de estudo, desenvolver nesta geração, a
partir do trabalho do docente em sala de aula, competências essenciais para o sucesso deste
grupo, que não são qualidades naturais desta geração.
Com uma pesquisa direcionada para este fim seria possível preparar alunos de
forma mais consciente e com um diferencial competitivo de sucesso para o mercado de
trabalho, uma vez que poderiam suprir lacunas comportamentais requeridas em ambientes de
negócio, onde se precisa, a depender da área de atuação, de perfis de profissionais diferentes.
A IES já trabalharia os seus conteúdos com foco na formação de competências estratégicas. E,
como o ser humano é o ativo mais estratégico numa organização, profissionais bem formados
97
possuem espaço garantido num mercado altamente competitivo, no qual muitas vezes sobram
vagas de emprego, por não haver mão de obra preparada para ocupar estas funções.
98
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106
Apêndice A – roteiro de entrevista por pauta
FBV - Faculdade Boa Viagem
Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração
Curso: Mestrado Profissional em Gestão Empresarial
Mestrando: Diogo Galvão Leite de Moura
Orientadora: Prof.ª Lúcia Maria Barbosa de Oliveira (PhD)
Roteiro de Entrevista por Pauta
A entrevista em questão, aplicada para estudantes que nasceram entre os anos de 1984 e 1999,
nativos digitais segundo classificação de Veras (2011), busca atingir os objetivos da pesquisa
intitulada Métodos de Ensino para Estudantes da Geração Y: um Estudo de Caso no Curso de
Turismo da Faculdade Santa Helena, Recife-PE. Esta entrevista foi estruturada em pauta e
relaciona-se com o objetivo geral e os específicos definidos no projeto de pesquisa.
1. Como são ministradas as aulas dos professores do curso.
1.1 Descreva a forma pela qual as aulas são ministradas. Detalhe como se estivesse
falando de um dia completo, com atividades, exercícios, trabalhos em grupo.
2. Identificar qual o método de ensino mais favorável ao aprendizado dos alunos da
geração y.
2.1 Como você prefere que as aulas sejam ministradas pelos professores?
2.2 Pense nos melhores professores que você teve no curso. Sem dizer o nome destes
professores, responda por que eles são os melhores, em sua opinião?
2.3 Como são as aulas destes professores?
2.4 Quais as técnicas de ensino, utilizadas pelos professores, você considera mais
eficazes para o seu aprendizado?
3. Quais as características dos alunos da sua geração Y e a relação com o ensino.
3.1 Como você utiliza a tecnologia nos estudos? Lê no computador ou em livros?
Como faz suas pesquisas?
3.2 Você faz parte de alguma rede social? Por quê?
3.3 Você prefere fazer trabalhos individuais ou em grupo? Por quê?
107
3.4 Quando você está no seu momento de descanso, que temas lhe chamam mais
atenção, nos jornais, revistas, televisão?
3.5 Que recursos tecnológicos, no seu ponto de vista, devem ser mais utilizados pelos
professores? De que forma?
108
Apêndice B – categorização inicial das entrevistas com frequência
Quadro de categorização das entrevistas
Perguntas Respostas Total
Como as aulas são ministradas? Datashow 16
Em algumas entrevistas, nota-se que o uso do
datashow não impede que a aula seja produtiva.
Porém há vários relatos de que este instrumento
deixa a aula cansativa e pouco interativa.
Trabalho em grupo 8
Debate 6
Leitura 3
Atividades / exercícios 4
Como aprende? Trabalho em grupo 5
Muitos entrevistados destacam que querem que
os professores saiam um pouco do método de
só falar, falar, falar... / Mesmo que não tenha
sido comentado pela maioria, verifica-se que o
relacionamento com o professor faz diferença
no aprendizado. / Slide não é sinônimo de aula
chata. Trata-se do uso dos slides. / O professor
deve ajudar fora da sala também. Se preocupar
de verdade com o aluno. / Busca-se um
professor com características de liderança.
Datashow 9
Debate 10
Dinamismo/interação 12
Visita técnica 4
Relacionamento com o professor 7
Relação teoria e prática 6
Leitura 1
Descontração 5
Atividades / exercícios 4
Contextualização do assunto 4
Qual a relação com o trabalho em grupo? Prefere 16
Vários alunos sentem-se líderes. Esta é uma
característica da geração Y.
Depende do grupo 4
Prefere sozinho 2
Indiferente 1
Sente-se um líder 12
Qual a relação com as redes sociais? Tem muitas 11
A rede social é utilizada principalmente para a
interação com amigos. O facebook é a rede que
mais possue adeptos.
Facebook 22
Usa para encontrar amigos 16
Profissionalmente 7
Pesquisa para a faculdade 6
Notícias 4
É indiferente 1
Não usa 2
Usa internet nos estudos? Faz pesquisas 23
Todos utilizam a internet para fazer suas Destacou que faz pesquisas em livros 3
109
pesquisas. Muitos deixam de recorrer à
pesquisa em livros da biblioteca para se
concentrar em pesquisas na web.
Lê no computador 10
Geralmente imprime para ler 2
Não lê no computador 1
Usa como fonte secundária de
pesquisa 5
111
ANEXO 1 – resultado da comissão própria de avaliação – CPA
FSH (curso de turismo)
Pesquisa Discente – Turismo
A pesquisa realizada no curso de Turismo foi feita em um formato diferenciado dos demais
cursos, uma vez que o mesmo é modular e tem duração de 3 anos. Cada disciplina foi avaliada
pelos alunos em 8 variáveis, posteriormente acrescidas de 2 outros aspectos (perguntas 9 e
10). Neste caso, a pesquisa foi realizada com todos os alunos do curso, período a período, no
semestre 2011.2. Vale ressaltar que este formato de pesquisa foi testado primeiramente em
Turismo, mas pretende ser ampliado para os demais cursos a partir de 2012. Os resultados em
cada período e, ao final do curso como um todo, serão apresentados a seguir:
Resultado 1º Período:
Para os alunos do 1º Período do curso de Turismo, o semestre teve média geral 8,7. Seguem
as médias de cada questão estudada:
1. Pertinência da disciplina para sua formação acadêmica: Média 8,6
2. O professor tem domínio do conteúdo da disciplina? Média 8,9
3. Como você avalia a capacidade de transmissão de conhecimento do professor? Média 8,4
4. Em que nível os recursos didáticos utilizados em sala pelo professor são satisfatórios para o
aproveitamento da aula? Média 8,5
5. Pontualidade do professor (início e término das aulas): Média 8,6
6. Frequência do professor durante o módulo: Média 9,3
7. Relacionamento do professor com a turma: Média 8,8
8. Como você avalia seu próprio desempenho na disciplina? Média 8,7
9. O professor procurou exemplos práticos, trabalhou exercícios e estudos de caso? Média 8,7
10. Como você avalia o seu conhecimento nesta disciplina após as aulas ministradas. Escolha
uma nota que represente o desenvolvimento do seu aprendizado: Média: 8,6
112
De acordo com este resultado, pode-se observar que os alunos têm uma percepção muito boa
em relação ao seu curso e às questões abordadas, com destaque para a frequência dos
professores durante o módulo, o que é favorecido pelo formato do curso, e o domínio do
conteúdo por parte dos professores, o que decorre do esforço da coordenação em selecionar
professores com conhecimentos específicos nas disciplinas que ministram.
Resultado 2º Período:
Para os alunos do 2º Período do curso de Turismo, o semestre teve média geral 8,7. Seguem
as médias de cada questão estudada:
1. Pertinência da disciplina para sua formação acadêmica: Média 8,9
2. O professor tem domínio do conteúdo da disciplina? Média 9,3
3. Como você avalia a capacidade de transmissão de conhecimento do professor? Média 8,8
4. Em que nível os recursos didáticos utilizados em sala pelo professor são satisfatórios para o
aproveitamento da aula? Média 8,6
5. Pontualidade do professor (início e término das aulas): Média 9,1
6. Frequência do professor durante o módulo: Média 9,2
7. Relacionamento do professor com a turma: Média 8,4
8. Como você avalia seu próprio desempenho na disciplina? Média 8,4
9. O professor procurou exemplos práticos, trabalhou exercícios e estudos de caso? Média 8,6
10. Como você avalia o seu conhecimento nesta disciplina após as aulas ministradas.
Escolha uma nota que represente o desenvolvimento do seu aprendizado: Média 8,3
De acordo com este resultado, pode-se observar que os alunos do 2º período continuam
mantendo uma percepção muito boa em relação ao curso, novamente destacando-se a
frequência e a pontualidade dos professores durante o módulo, assim como o domínio do
conteúdo.
Resultado 3º Período:
Para os alunos do 3º Período do curso de Turismo, o semestre teve média geral 9,0. Seguem
as médias de cada questão estudada:
113
1. Pertinência da disciplina para sua formação acadêmica: Média 9,0
2. O professor tem domínio do conteúdo da disciplina? Média 9,1
3. Como você avalia a capacidade de transmissão de conhecimento do professor? Média 8,6
4. Em que nível os recursos didáticos utilizados em sala pelo professor são satisfatórios para o
aproveitamento da aula? Média 8,5
5. Pontualidade do professor (início e término das aulas): Média 9,2
6. Frequência do professor durante o módulo: Média 9,7
7. Relacionamento do professor com a turma: Média 9,1
8. Como você avalia seu próprio desempenho na disciplina? Média 8,8
9. O professor procurou exemplos práticos, trabalhou exercícios e estudos de caso? Média 8,4
10. Como você avalia o seu conhecimento nesta disciplina após as aulas ministradas. Escolha
uma nota que represente o desenvolvimento do seu aprendizado: Média 8,9
De acordo com este resultado, podemos observar que a média do semestre subiu para a casa
dos 90% de aproveitamento. Nota-se um gradativo incremento da percepção por parte do
aluno da pertinência das disciplinas do semestre para a sua formação acadêmica, ao longo da
passagem dos semestres. Os mesmos pontos dos demais semestres mereceram destaque no 3º
período: frequência e pontualidade dos professores e o domínio do conteúdo.
Resultado 4º Período:
Para os alunos do 4º Período do curso de Turismo, o semestre teve média geral 9,3. Seguem
as médias de cada questão estudada:
1. Pertinência da disciplina para sua formação acadêmica: Média 9,2
2. O professor tem domínio do conteúdo da disciplina? Média 9,5
3. Como você avalia a capacidade de transmissão de conhecimento do professor? Média 9,3
4. Em que nível os recursos didáticos utilizados em sala pelo professor são satisfatórios para o
aproveitamento da aula? Média 9,0
5. Pontualidade do professor (início e término das aulas): Média 9,5
6. Frequência do professor durante o módulo: Média 9,7
7. Relacionamento do professor com a turma: Média 9,5
8. Como você avalia seu próprio desempenho na disciplina? Média 8,8
9. O professor procurou exemplos práticos, trabalhou exercícios e estudos de caso? Média 9,6
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10. Como você avalia o seu conhecimento nesta disciplina após as aulas ministradas. Escolha
uma nota que represente o desenvolvimento do seu aprendizado: Média 9,1
Observamos que o 4º período do curso de Turismo foi o que obteve maior nota, destacando-se
a atuação do professor em sala de aula. Destacamos também a percepção dos alunos em
relação ao desenvolvimento do seu aprendizado ao longo do semestre, que para os estudantes
do 4º período é o maior observado até agora. O relacionamento dos professores com a turma
também foi mais bem avaliado neste período, sendo considerado num nível ótimo (nota 9,5).
Resultado 5º e 6º Períodos:
Esta turma pesquisada era formada por alunos entrantes em 2009.1 e em 2009.2. Para esses
alunos, a média geral do semestre foi 9,1. Seguem as médias de cada questão estudada:
1. Pertinência da disciplina para sua formação acadêmica: Média 9,2
2. O professor tem domínio do conteúdo da disciplina? Média 9,2
3. Como você avalia a capacidade de transmissão de conhecimento do professor? Média 9,1
4. Em que nível os recursos didáticos utilizados em sala pelo professor são satisfatórios para o
aproveitamento da aula? Média 8,9
5. Pontualidade do professor (início e término das aulas): Média 9,6
6. Frequência do professor durante o módulo: Média 9,5
7. Relacionamento do professor com a turma: Média 9,4
8. Como você avalia seu próprio desempenho na disciplina? Média 9,0
9. O professor procurou exemplos práticos, trabalhou exercícios e estudos de caso? Média 8,5
10. Como você avalia o seu conhecimento nesta disciplina após as aulas ministradas. Escolha
uma nota que represente o desenvolvimento do seu aprendizado: Média 8,4
Este é o semestre em que os alunos melhor se autoavaliaram. Consideraram que seu próprio
desempenho nas disciplinas chegou ao patamar de 90% de aproveitamento, dado de extrema
relevância, quando se considera que esses alunos estão em vias de concluir o curso e se
consolidar no mercado de trabalho. O papel do professor, na frequência, na pontualidade, no
seu relacionamento com a turma e na sua capacidade de transmissão de conhecimento foi
relevante novamente para o resultado da pesquisa.
115
Considerações gerais:
O curso de Turismo obteve média geral aproximada de 9,0, na percepção dos alunos, o que
denota grande satisfação com o curso. Pudemos observar o comprometimento dos professores
do curso, uma vez que o item que se refere à frequência dos mesmos foi o que obteve maior
nota geral (superior a 9,5), fato este reconhecido pelos alunos na avaliação.
De acordo com a pesquisa, vemos que o ponto forte do curso se confirma como sendo o
professor, tanto pelo domínio na disciplina, quanto pela pontualidade (média 9,1). O formato
modular do curso, proporcionando um contato diário e intenso com os alunos durante um
período determinado (que pode ser de 2 ou 3 semanas, aproximadamente), favorece o bom
relacionamento dos docentes com as turmas, ponto que mereceu média 9,0 por parte dos
entrevistados.
Outros aspectos avaliados com média aproximada de 9,0 foram os que avaliaram a pertinência
das disciplinas para a formação acadêmica do discente e o uso de exemplos práticos,
exercícios e estudos de caso pelos professores. No primeiro caso, verificamos que os alunos
têm uma ótima percepção a respeito da matriz curricular do curso e de sua contribuição para a
formação acadêmica dos mesmos. Esse dado é de extrema importância, pois faz com que o
aluno se envolva com o curso e se dedique às aulas e às atividades de maneira bem
interessada, procurando dar o melhor de si no curso.
O segundo aspecto, referente ao uso de exemplos práticos pelo professor, denota a
preocupação da Instituição com a preparação do aluno para a realidade do mercado de
trabalho, não se limitando aos aspectos teóricos, mas procurando aplicar esses conhecimentos
à prática das organizações e da sociedade de forma geral. Assim, consegue-se uma formação
mais completa entregando ao mercado de trabalho pessoas mais preparadas para enfrentar os
desafios que venham a surgir. A capacidade de transmissão do conhecimento por parte dos
professores foi avaliada com média 8,8, o que demonstra haver no quadro de professores do
curso pessoas, não apenas com muito conhecimento da área, mas também com capacidade
didática para transmitir adequadamente esses conhecimentos aos alunos.
Um dado que merece relevância é como o aluno se autoavaliou (itens 8 e 10): os discentes de
Turismo têm uma percepção muito boa do próprio desempenho nas disciplinas (média 8,7) e
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do desenvolvimento do seu aprendizado (média 8,6). Esses dados são de extrema importância,
uma vez que o objetivo primordial de uma Instituição de Ensino é preparar adequadamente os
estudantes. A partir do momento em que eles próprios se avaliam positivamente, tendo a
percepção de que estão bem formados e preparados e de que desenvolveram o conhecimento,
mais seguros para o desempenho de suas funções profissionais eles se tornam, incrementando
seus resultados no ambiente de trabalho ou adquirindo uma maior facilidade de obter emprego
na área que desejam.
A pesquisa mostrou, ainda, que os recursos didáticos utilizados em sala de aula são bastante
satisfatórios para o desenvolvimento das disciplinas e para a transmissão de conhecimento
(média 8,7). A Faculdade disponibiliza recursos audiovisuais (TV, DVD, datashow,
retroprojetor), além do tradicional quadro branco.
Podemos concluir, a partir da pesquisa realizada, que o curso de Turismo tem uma avaliação
bastante positiva por parte dos alunos, provando que houve um grande acerto no formato
escolhido para o desenvolvimento do mesmo. O resultado estimula a IES a continuar
investindo no curso e a adotar nos demais cursos, dentro das adaptações que se fizerem
necessárias, soluções com repercussão positiva observadas em Turismo.
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