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Faculdade Boa Viagem DeVry Brasil Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração- CPPA Mestrado Profissional em Gestão Empresarial Diogo Galvão Leite de Moura Métodos de Ensino para Estudantes da Geração Y: um Estudo de Caso no Curso de Turismo da Faculdade Santa Helena, Recife-PE. Recife, 2012

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Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração- CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

Diogo Galvão Leite de Moura

Métodos de Ensino para Estudantes da Geração Y:

um Estudo de Caso no Curso de Turismo da

Faculdade Santa Helena, Recife-PE.

Recife, 2012

Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração- CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

Classificação de acesso a dissertações

Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o

acesso à dissertação do Mestrado Profissional em Gestão Empresarial - MPGE do Centro de

Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA – da Faculdade Boa Viagem é definido

em três graus:

Grau 1: livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e

indiretas);

Grau 2: com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em consequência,

restrita a consulta em ambientes de bibliotecas com saída controlada;

Grau 3: apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por

isso, o texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob

chave ou custódia;

A classificação desta dissertação se encontra, abaixo, definida por seu autor.

Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, afim de que se preservem as

condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área de administração.

Título da Dissertação: “Métodos de Ensino para Estudantes da Geração Y: um Estudo de

Caso no Curso de Turismo da Faculdade Santa Helena, Recife-PE”.

Nome do(a) autor(a): Diogo Galvão Leite de Moura

Data da Aprovação: 24 de agosto de 2012

Classificação conforme especificação acima:

Grau 1 X

Grau 2 ×

Grau 3 ×

Recife, 30 de outubro de 2012

__________________________

Assinatura do(a) Autor(a)

Diogo Galvão Leite de Moura

Métodos de Ensino para Estudantes da Geração Y:

um Estudo de Caso no Curso de Turismo da

Faculdade Santa Helena, Recife-PE.

Orientadora: Prof.ª Lúcia Maria Barbosa de Oliveira (PhD)

Dissertação apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de

Mestre em Gestão Empresarial do Centro de

Pesquisa e Pós-Graduação em Administração–

CPPA da Faculdade Boa Viagem - DeVry

Brasil

Recife, 2012

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Faculdade Boa Viagem – DeVry Brasil

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração- CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

Métodos de Ensino para Estudantes da Geração Y:

um Estudo de Caso no Curso de Turismo da

Faculdade Santa Helena, Recife-PE.

Diogo Galvão Leite de Moura

Dissertação submetida ao corpo docente do

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial do

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em

Administração– CPPA da Faculdade Boa Viagem –

DeVry Brasil e aprovada em 24 de agosto de 2012.

Banca examinadora

________________________________________________________

Profª Lúcia Maria Barbosa de Oliveira, Ph.D.

Orientadora

________________________________________________________

Profa Fátima Regina Ney Matos, Dra. – UNIFOR

Examinadora externa

________________________________________________________

Profª Maria Auxiliadora Diniz de Sá, Dra.

Examinadora Interna

4

Dedico este trabalho à minha família, em especial, à

minha esposa, Roberta, à minha mãe, Eunice, e ao meu,

pai Genival. Dedico também aos alunos que contribuíram

para a realização desta pesquisa e à Instituição Faculdade

Santa Helena por ter sido o palco para a realização deste

estudo.

5

AGRADECIMENTOS

Como não agradecer pela conquista de um sonho? Sendo assim, preciso expor minha alegria e

mostrar a todos o quanto esta vitória foi importante. E o bom de alcançar um objetivo como

este é saber que você não fez nada só, ao contrário, a sua caminhada foi trilhada em grupos,

presentes em pensamento ou acompanhando-o no seu dia a dia.

Sendo assim essa comemoração é coletiva. É preciso dividi-la com quem é de merecimento e

com quem lhe ajudou em vibrações positivas, com orientações, palavras de incentivo, lhe

confiando credibilidade e lhe dando segurança nos seus passos, lhe mostrando caminhos

possíveis.

Agradeço aos meus companheiros de mestrado, em especial a Antônio, Érika, Lindevany,

Alessandra, Alexandre, Marise e Daniela. Desse grupo não poderia deixar de dizer um muito

obrigado mais do que merecido a Daniela, minha constante companheira de dupla de trabalho

e com quem sempre pude contar, impulsionando-me a fazer o melhor. Ela, um exemplo de

perfeccionismo e de dedicação, sensível e de personalidade forte. Pude aprender muito com o

seu jeitão.

Agradeço também aos professores que nos acompanharam nesta trajetória: James, Dorinha,

Augusto. Todos eles foram especiais e contribuíram tanto para o meu crescimento

profissional, como também para que eu me tornasse uma pessoa melhor, através de exemplos

de conduta e esmero em suas atividades. Sem dúvida são pessoas admiráveis.

Sobretudo preciso dizer um muitíssimo obrigado a minha orientadora, profª Lúcia. Confesso

que, desde que eu entrei no mestrado, já senti que poderia encontrar nela uma mentora e uma

pessoa com quem eu poderia contar e trabalhar. Desde o início a admirei como profissional,

espelhando-me na sua trajetória. Espero, um dia, ser um pouco do que ela representa como

professora, pois é sinônimo de dedicação, amor ao que faz, responsabilidade e muito, muito

respeito pela tarefa de educar. Agradeço muito por ter sido seu orientando. Admiro-a muito e

lhe quero um bem especial.

6

Tenho, também, que agradecer aos meus amigos. Companheiros de vida, escolhidos para me

inspirar e transformar nossas rotinas em momentos de alegria. Tornar a vida mais leve e

intensa ao mesmo tempo. Tenho muitos amigos com quem sei que posso contar. Sinto de cada

um deles um carinho que é refletido em seus olhos, na maneira como me querem bem. Isso

não tem preço. É uma riqueza poder ter amigos tão maravilhosos. Muito obrigado por terem

cruzado meu caminho e por me elegeram como seus amigos.

Agradeço a minha família. Estes foram os primeiros a me dar força, a acreditar em tudo que

eu me proponho a fazer. Minha mãe, Eunice, meu pai, Genival, me transmitem uma energia

muito forte, um amor incondicional que me preenche e me faz olhar para mim mesmo como

se os visse. São exemplos de pessoas mais do que maravilhosas, são anjos que Deus mandou

ao mundo para iluminar a quem estiver aos seus lados. E eu tive a sorte de ter nascido destas

duas pessoas ímpares. Em tudo eu os agradeço, por ser quem sou, por querer ser uma pessoa

melhor, por ser feliz!!! Por terem me preenchido de amor desde sempre.

Como se não bastasse ter tido a bênção de possuir pais maravilhosos, ainda encontrei uma

parceira a quem eu amo incondicionalmente e admiro como ser humano e mulher. Minha

esposa, Roberta, coroa minha felicidade e é meu apoio, hoje, em todas as situações que

poderiam ser encaradas por qualquer um como um problema, mas que, por enfrentarmos

juntos, tornam-se pequenas, como de fato são. Olho para ela e vejo que tenho do mundo o

mais importante, que é a sua presença. É muito bom olhar para o lado e saber que você pode

contar com uma pessoa que te ama, que quer te ver feliz. Um sorriso dela já me transmite a

energia que preciso. A você, Roberta, meu muito obrigado pela força neste período de

mestrado, pelo incentivo e principalmente por você iluminar meus dias.

Enfim, obrigado a Deus por me proporcionar tudo isso!!! Só eu e as pessoas mais próximas

sabemos o quanto a conquista do mestrado foi importante para mim. Não o fiz para apenas ter

um título, mas por querer sempre aprender mais, por gostar de estudar, de aprender. Quero

sempre aprender, e sou o primeiro a dizer aos meus alunos, em sala de aula, que nunca devem

parar de estudar. Sendo assim, sentia-me na obrigação de dar o exemplo. Sentia-me com essa

dívida para comigo mesmo. Na conclusão deste mestrado de certa forma estou acertando as

contas com minha própria consciência. Eu me devia isto e me sinto leve e extremamente

realizado por ter acreditado e investido neste sonho.

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“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que

ensina”

Cora Coralina

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RESUMO

O foco desta dissertação foi o estudo da geração Y, pertencente ao grupo dos nativos

digitais, e que possui um perfil diferente do das gerações anteriores. Estas diferenças

começaram nas relações familiares e seguiram para as escolas, universidades e para o

mercado de trabalho. Este estudo, então, apresenta as características da geração Y, baseado

nos estudos de Prensky (2001) e qual a relação do perfil destes com o processo de ensino-

aprendizagem, em um ambiente de educação superior. A pesquisa busca identificar quais são

os métodos de ensino, segundo o modelo de Libâneo (1994), favoráveis para o aprendizado de

alunos universitários da geração Y. Para isso, foi realizado um estudo de caso no curso de

Turismo da Faculdade Santa Helena, em Recife-PE. Tratou-se, então, de uma pesquisa

qualitativa, com dados coletados por meio de pesquisa documental e entrevistas por pauta,

sendo esta última restrita a alunos que nasceram entre os anos de 1984 e 1999. Observou-se

que o perfil da geração Y se estreita com a forma pela qual os alunos, na visão deles mesmos,

aprendem, pois os métodos preferidos são aqueles que estimulam as qualidades inerentes a

esta geração. Os alunos têm preferência por métodos de trabalho em grupo, no qual eles

podem debater sobre os temas que são tratados em sala de aula e entender a opinião de outros

colegas. Também dizem aprender com o método de exposição, mesmo fazendo ressalvas ao

uso de equipamentos como o datashow. Os entrevistados, além de expor os métodos de ensino

preferidos, apresentaram algumas competências essenciais para que os docentes tenham maior

êxito em seus trabalhos, tais como dinamismo e interação, fazer relação entre a teoria e a

prática, ser descontraído, contextualizar os assuntos e se relacionar bem com a turma.

Palavras-chave: geração Y, métodos de ensino, educação superior e aprendizagem

9

ABSTRACT

The aim of this dissertation was the study of the Y generation, which belongs to the

digital natives group, and has a different profile from the previous generations. These

differences started inside the family relationships and followed to the schools, universities and

to the work market. So, this paper, shows the specifications of the Y generation, based in the

research of Prensky( 2001 ) and which is the relation of those profiles in the process of

teaching-learning, inside the envoriment of higher education. This research aims for

identifying the teaching methods, according on the model of Libâneo( 1994 ), favorable to the

learning of the Y generation university students. For this purpose, it was done a study of case

in the tourism course of Santa Helena, in Recife, PE. It was , so, a qualitative research, with

the datas collected through a documental survey and guided interviews, being this last one,

restricted to students that were born between the years of 1984 to 1999. Is was noticed that

the profile of the Y generation is close to the way the students, in their own point of view,

learn, because of the favorite methods are those that stimutaled the qualities inherent to this

generation. The students have preferences to work in group methods, with those ones they

can debate about the topics and themes that are presented in the classroom and also they can

comprehend everyone’s opinion. The students also mention that they can learn through the

method of exposition, even though the exception of the datashow equipament . Besides

exposing their favorite learning methods, the respondents showed some essencial skills which

each teacher should have in order to be very successful to them in the process of teaching,

such as dynamism, interaction, making a close relation between the theory and practice, being

relaxing, contextualizing the topics and having a good relationship to the group.

Key-words: Y generation, learning methods, higher education and learning

.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABMES Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino Superior

COVEST Comissão de Processos Seletivos e Treinamentos

CPA Comissão Própria de Avaliação

ENADE Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

FSH Faculdade Santa Helena

IES Instituição Ensino Superior

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional

SINAES Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Representação das principais características das gerações... ........................ 46

QUADRO 2: Diferenças entre alunos nativos digitais e professores imigrantes digitais .. 48

QUADRO 3: Etapas da pesquisa ........................................................................................ 53

QUADRO 4: Frequência para pergunta de como as aulas são ministradas. .............................. 61

QUADRO 5: Frequência para pergunta de como aprendem .................................................... 67

QUADRO 6: Qual a relação do aluno y com o trabalho em grupo ........................................... 82

QUADRO 7: Como o aluno y usa a internet nos estudos................................................... 84

QUADRO 8: Qual a relação do aluno y com as redes sociais .................................................. 87

12

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 14

1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................. 20

1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................... 20

1.1.2 Objetivos Específicos ........................................................................................ 20

1.2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 21

1.2.1 Justificativa Teórica .......................................................................................... 21

1.2.2 Justificativa Prática ........................................................................................... 22

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 25

2.1 INOVAÇÃO E TECNOLOGIA ............................................................................... 25

2.2 ENSINO SUPERIOR NO BRASIL ......................................................................... 27

2.3 POLÍTICAS DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO PAÍS ............ 29

2.4 EVOLUÇÃO DOS CURSOS DE TURISMO.......................................................... 32

2.5 AULA E APRENDIZAGEM ................................................................................... 35

2.6 MÉTODOS DE ENSINO ......................................................................................... 38

2.7 TECNOLOGIAS PARA O ENSINO ....................................................................... 40

2.8 GERAÇÕES ............................................................................................................. 45

2.9 O ENSINO PARA NATIVOS DIGITAIS ............................................................... 47

2.10 GESTÃO INOVADORA DAS IES ....................................................................... 49

3. METODOLOGIA ............................................................................................................ 52

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA ........................................................................ 52

3.2 DESENHO DA PESQUISA ..................................................................................... 53

3.3 LOCUS DA INVESTIGAÇÃO ................................................................................ 54

3.4 SUJEITOS DA PESQUISA...................................................................................... 56

3.5 INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS .................................................. 57

3.6 PRÉ-TESTE .............................................................................................................. 58

3.7 TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................................... 58

3.8 LIMITES E LIMITAÇÕES DO ESTUDO .............................................................. 59

4. ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................ 60

4.1 MÉTODOS DE ENSINO UTILIZADOS PELOS PROFESSORES (PRIMEIRO

OBJETIVO ESPECÍFICO) ..................................................................................... 60

4.1.1 Método de exposição pelo professor (uso de datashow) ................................... 61

4.1.2 Método de trabalho em grupo (debate) ............................................................. 62

4.1.3 Método de trabalho em grupo (trabalho em grupo) .......................................... 63

4.1.4 Método de trabalho independente (atividades/exercícios) ................................ 64

4.1.5 Método de trabalho independente (leitura) ....................................................... 64

4.1.6 Atividades especiais .......................................................................................... 65

4.1.7 Métodos mais utilizados pelos professores ....................................................... 65

4.2 MÉTODOS DE ENSINO FAVORÁVEIS AO APRENDIZADO (SEGUNDO

OBJETIVO ESPECÍFICO) ..................................................................................... 66

4.2.1 Competências para o ensino .............................................................................. 67

4.2.1.1 Competência da comunicação (dinamismo/interação) .............................. 69

13

4.2.1.2 Competência do domínio da área do conhecimento (relação entre teoria e

prática) ....................................................................................................... 71

4.2.1.3 Competência da empatia (descontração) ................................................... 72

4.2.1.4 Competência da visão sistêmica (contextualização do assunto) ............... 73

4.2.1.5 Competência do relacionamento interpessoal (relacionamento com o

professor) ................................................................................................... 74

4.2.2 Métodos de ensino preferidos....................................................................... 76

4.2.2.1 Método de trabalho em grupo (debate e trabalho em grupo) .................... 77

4.2.2.2 Método de exposição pelo professor (datashow) ...................................... 78

4.2.2.3 Método de trabalho independente (atividades/exercícios) ........................ 79

4.2.2.4 Atividades especiais (visita técnica) .......................................................... 80

4.3 RELAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS DE ENSINO E OS NATIVOS DIGITAIS

(TERCEIRO OBJETIVO ESPECÍFICO) ................................................................ 81

4.3.1 Preferências por trabalho em grupo .................................................................. 81

4.3.2 Relação com a internet ...................................................................................... 84

4.3.3 Relação com as redes sociais ............................................................................ 86

5. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 89

5.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................... 95

REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 98

APÊNDICE ......................................................................................................................... 105

Apêndice A - Roteiro de entrevista por pauta ..................................................................... 106

Apêndice B - Categorização inicial das entrevistas com frequência ................................... 108

ANEXO ............................................................................................................................... 110

Anexo 1 - Resultado da Comissão Própria de Avaliação – CPA FSH (curso de turismo) . 111

14

1 INTRODUÇÃO

No mercado atual entender o sentido da palavra inovação é uma condição

essencial para sobreviver a uma concorrência cada vez mais especializada. No entanto, para

inovar é preciso, antes de qualquer processo de planejamento, desprender-se de modelos de

gestão antigos, já ultrapassados, partindo para a descoberta do novo.

A grande novidade do nosso mundo contemporâneo é a valorização, sem

precedentes, do inédito, da mudança, do novo. A transformação prevalece,

simbolicamente, em relação à permanência, a ruptura sobre a continuidade;

será este o preço, por vezes, da instabilidade e de um sentimento de

insegurança. (UNESCO, 2005, p. 60).

A necessidade por inovação deve perpassar por todas as organizações modernas e

envolver o olhar dos gestores para todos os processos que existem na empresa. Para inovar, é

importante estimular a criatividade e aceitar os erros como etapas naturais da aprendizagem

para o novo. De acordo com Bateman e Snell (2011, p. 566):

Embora possa parecer estranho, comemorar o fracasso pode ser vital para o

processo de inovação. O fracasso é a essência do aprendizado, do

crescimento e do sucesso. Empresas inovadoras têm muitas bolas no ar ao

mesmo tempo, com muitas pessoas tentando muitas ideias novas. A maioria

dessas ideias falhará – mas é somente por meio desse processo que algumas

grandes ideias surgem e fazem da empresa uma estrela da inovação.

Diante de um contexto no qual as forças externas cada vez mais impactam as

decisões de grandes executivos, vê-se que, para sobressair em relação aos concorrentes, é

preciso acompanhar a velocidade das mudanças e criar um sistema de aprendizagem

organizacional capaz de fazer com que as empresas desenvolvam competências que possam

lhes dar uma vantagem competitiva sustentável no mercado. Um dos fatores que mais

impulsionam a necessidade pela inovação são os avanços tecnológicos. O que é novo hoje

pode ser ultrapassado amanhã, pois o mundo globalizado propõe novos modelos de negócios

(TEIXEIRA; ZACCARELLI, 2008).

Sabe-se que a evolução da tecnologia de fato influencia praticamente todos os

setores da sociedade. Neste sentido, mais especificamente em virtude da facilidade que hoje

se tem para acessar a internet, acompanha-se um movimento no qual se estreita ainda mais um

mundo que já era globalizado. Com base nas ideias de Teixeira e Zaccarelli (2008, p.7) “o

avanço tecnológico influencia não só a dimensão de tempo e espaço [...], como também a

comunicação, que pode adquirir as propriedades de instantaneidade e interatividade”.

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As barreiras geográficas, culturais e sociais que existem entre os povos cada vez

mais se tornam inexistentes. Atualmente, o mundo cabe na palma da mão, num simples

celular, por meio do qual é possível estar conectado 24 horas por dia, antenado com as

notícias do mundo inteiro, interagindo, de fato, com pessoas de diversas nações. E essa

transformação muda a forma sob a qual as pessoas se relacionam umas com as outras.

Hoje se vive um paradigma, ao mesmo tempo em que se observa o distanciamento

entre as pessoas, quando, por exemplo, ficam mais horas na frente de um computador,

aumenta significativamente o número de indivíduos com os quais alguém pode se relacionar,

devido às inúmeras redes sociais que existem na internet (OLIVEIRA, 2010). Pode-se afirmar

que a vida de muita gente se transformou em um livro aberto, só que para o mundo inteiro,

que não apenas acompanha os fatos de sua rotina, mas opina sobre suas decisões, impressões

e opiniões. De acordo com Oliveira (2010), hoje não mais se vive a era do conhecimento, mas

sim a era das conexões, na qual o principal valor é o relacionamento com as pessoas.

Vive-se numa sociedade com barreiras quase invisíveis e algumas vezes até

inexistentes. E para quem já nasceu neste universo virtual, por exemplo, que não apenas

entende a linguagem da tecnologia, mas também interage de forma mais intensa com estes

ambientes, seja nas redes sociais ou até mesmo em sites de compartilhamento de vídeos,

músicas, conteúdos, dentre diversos outros, muitas vezes desconhece estas barreiras, pois seu

mundo já foi construído sob a perspectiva de uma sociedade virtualizada. As novas gerações

vivem no mundo da WEB 2.0, na qual a interação é constante (BORUTA, CHANG, 2011).

Não se vive mais na época do anonimato, todos querem aparecer, dar a sua

opinião, contribuir de alguma forma. De acordo com Lipkin e Perrymore (2010, p.103) este

grupo vive numa espécie de exibicionismo tecnológico, em que “ninguém parece ter vergonha

de mostrar ao mundo o que está fazendo em determinado momento”. Ao contrário, nota-se

que expõem as suas vidas e opiniões com frequência.

Essas transformações não poderiam deixar de causar efeitos nas escolas,

faculdades, empresas e até mesmo nas próprias relações familiares. Com base nas ideias de

Veras (2011, p. 2) nota-se que os jovens de hoje:

[...] estão começando a transformar todas as instituições da vida moderna.

Desde o local de trabalho até o mercado, passando pela política, pela

educação, até a unidade básica de qualquer sociedade – a família –, estão

substituindo uma cultura de controle por uma cultura de capacitação.

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Todos sentem as mudanças ocasionadas pela tecnologia, só que uns,

evidentemente, de forma mais intensa que outros. Em geral, os mais novos, por já entenderem

a linguagem desta nova tecnologia virtual, conhecem mais as novidades e aproveitam mais os

recursos e ferramentas de aprendizado disponíveis neste universo. É por isso que os jovens

das gerações Y e Z são nativos digitais enquanto as gerações anteriores podem ser

consideradas imigrantes digitais. (LIPKIN; PERRYMORE, 2010).Os nativos digitais são

aqueles que fazem parte das gerações Z e Y, e são precedidos pelas gerações x, Baby

Boomers e Belle Époque, que por sua vez são considerados imigrantes digitais por não terem

nascido e crescido no universo da tecnologia virtual (OLIVEIRA, 2010).

No mundo atual estas mudanças tecnológicas ocorrem cada vez mais rapidamente

e por isso é preciso aceitá-las. Faz-se necessário sair de um estado de negação para o estágio

do comprometimento, no qual se observa que há a quebra da resistência para iniciar um

processo de exploração, aceitação e envolvimento com o novo. Oliveira (2010, p. 34) afirma

que:

O cenário atual exige esse esforço, por isso devemos criar condições para

nos desprendermos de nossas premissas e voltarmos nossa atenção para as

novas experiências que surgem a cada dia, com as novas tecnologias e com

as novas gerações de pessoas.

O trabalho em questão trata de métodos de ensino para nativos digitais. Nesse

sentido, entende-se que Instituições de Ensino, vistas como uma organização, precisam inovar

em diversos aspectos de sua gestão, como acontece com qualquer empresa, contudo,

necessitam investir naquilo que possuem de mais importante, o seu ensino. É fundamental

fazer diferente aquilo que já vem sendo feito, para que além de um diferencial competitivo no

mercado estas instituições possam desenvolver novos métodos de ensino mais eficazes e que

atendam às necessidades de alunos, consumidores, filhos de uma era digital. Presnky (2001, p.

2) afirma que:

[...] isto não é uma piada. Porque o maior problema que a educação enfrenta

hoje são os nossos professores imigrantes digitais, que falam uma linguagem

ultrapassada (a da era pré-digital) e que estão lutando para ensinar uma

população que fala numa linguagem inteiramente nova.

É preciso que, ao desenvolver um método de ensino, os docentes as e instituições

das quais eles fazem parte, tenham como base o máximo interesse pelo aprendizado de seus

17

alunos, o que lhes levam a entender como se comunicar com eles, ou seja, como quebrar

barreiras de comunicação e desenvolver métodos de ensino eficazes (LIBÂNEO, 1994).

O interesse e o papel do professor, obviamente, continuam voltados para que seus

alunos se tornem cidadãos conscientes e antenados com as necessidades do mercado. Passos

(2009, p.17) diz que:

A função docente, na sociedade hodierna, permeia enfoques que giram em

torno das competências e habilidades, para atingir capacidades genéricas de

gestão, cujo espaço da instituição é lugar, na maioria das vezes, de

reprodução de estruturas sociais e de transferência da cultura de uma geração

para outra.

Professores que desenvolvam novos métodos de ensino, mais eficazes, também

poderão contribuir para uma aprendizagem mais efetiva dos alunos e como consequência

poderão formar profissionais mais bem preparados e que agreguem ao seu conhecimento de

tecnologia os comportamentos e as competências que as organizações buscam nos novos

funcionários. Afinal de contas as organizações procuram encontrar profissionais da geração

digital, pessoas que já nasceram no universo da tecnologia. Prensky (2001, p. 1) já dizia que:

Hoje os alunos – que estão na faculdade – representam as primeiras gerações

que cresceram com esta nova tecnologia. Eles passaram a vida inteira

rodeados por computadores, videogames, tocadores de música digital,

filmadoras, celulares e todos os brinquedos e instrumentos da era digital.

Hoje, em média, os estudantes universitários gastam menos de 5000 horas de

suas vidas lendo, e mais de 10000 horas jogando videogames (para não falar

das 20000 horas assistindo televisão). Jogos de computador, e-mail, internet,

telefones celulares e mensagens instantâneas são partes integrantes de suas

vidas.

Como uma nova geração de talentos já ingressou e continuará ingressando no

mercado, é preciso conhecê-los, para, a partir daí, criar mecanismos de incentivo e motivação

para o aprendizado deste grupo. Assim, há possibilidade de fazer com que este novo talento,

já pertencente às gerações Y ou Z, ou seja, um nativo digital, queira dar o máximo pela

organização onde trabalha. Conforme Prensky (2001) este grupo pertencente às novas

gerações tem um perfil bem diferente daqueles das gerações anteriores e enxerga o mundo

também de outra forma.

Assim, observa-se que se faz necessário primeiro entender a maneira pela qual os

membros destas novas gerações aprendem para depois saber se a forma como os professores

ensinam está atendendo às expectativas destes grupos. Não obstante a isso, os responsáveis

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pela transmissão de conhecimento para estes grupos, os professores, ainda ensinam nos

moldes tradicionais (SERRES, 2008).

É preciso entender as novas gerações para que seja possível propor novas formas

de aprendizado. Mas a forma como uma parcela dos professores ensina está fundamentada em

um modelo tradicional.

[...] é um momento polifônico, de vozes que precisam se juntar. Os

professores ainda estão num modelo criado no século XIX [...] no qual o

professor é um pregador e a interatividade é mínima. Mas a era polifônica

obriga que o ambiente seja interativo. Eles precisam se abrir para as novas

tecnologias e novas formas de pluralidade. (VERAS, 2011, p. 3)

Outrossim, faz-se importante discutir sobre os efeitos que a tecnologia trouxe para

a educação. Observa-se que novos equipamentos, ferramentas e programas estão sendo

criados para dar aos professores mais subsídios técnicos que podem, se bem utilizados,

aperfeiçoar suas aulas. Esta nova geração de alunos Y e Z que já chegaram às instituições de

ensino muitas vezes encontram professores que não compartilham do mesmo universo da

tecnologia e como consequência não falam a mesma língua que eles, o que pode comprometer

a comunicação e os resultados na aprendizagem (SERRES, 2008).

Já é uma realidade dentro de Faculdades e Universidades esta convivência entre

professores das gerações Baby Boomers e X e alunos das gerações Y e Z. Porém, esta

situação ainda é nova e a comunicação entre esses grupos muitas vezes não é eficaz uma vez

que possuem ritmos e interesses diferentes. De acordo com Palfrey e Gasser (2008, p.239)

Para que as escolas se adaptem aos hábitos dos nativos digitais e de que

como eles processam as informações, os educadores precisam aceitar que o

modo de aprender está mudando rapidamente em uma era digital. Antes de

responder a perguntas sobre como exatamente usar a tecnologia nas escolas,

temos que entender estas mudanças. Para isso, é necessário pensar em todo o

processo de aprendizagem, não considerando apenas o que acontece em sala

de aula.

O estudo em questão tem o intuito de identificar métodos de ensino favoráveis ao

aprendizado de alunos pertencentes à geração Y. Para isso a pesquisa será desenvolvida sob a

perspectiva de alunos do curso de Turismo da Faculdade Santa Helena. Optou-se por não

fazer a pesquisa com os professores para evitar um viés, uma vez que dificilmente o professor

responderia que seu método não é favorável ao aprendizado. De acordo com Bachelard

(1996, p. 24) “O educador não tem o senso do fracasso justamente porque se acha um mestre.

Quem ensina manda.” Sendo assim, a pesquisa poderia ser prejudicada pela visão do

19

professor, que teria uma tendência, em pesquisa desenvolvida dentro da instituição onde

trabalha, a não fazer observações negativas a respeito de seu desempenho em sala de aula.

No curso em questão a maioria dos alunos pertence à geração Y. Dessa forma esta

dissertação busca trabalhar com o seguinte problema de pesquisa:

- Quais os métodos de ensino favoráveis ao aprendizado de alunos da

geração Y do curso de Turismo da Faculdade Santa Helena, em Recife-PE?

20

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral:

Identificar os métodos de ensino favoráveis ao aprendizado de alunos da geração

Y do curso de Turismo da Faculdade Santa Helena, em Recife-PE.

1.1.2 Objetivos Específicos:

Identificar, segundo o modelo de Libâneo (1994), quais são os métodos de

ensino utilizados pelos professores na visão do aluno da geração Y.

Identificar qual o método de ensino favorável ao aprendizado, na visão de

alunos da geração Y, segundo o modelo de Libâneo (1994), a saber: método

de exposição pelo professor; método de trabalho independente; método de

elaboração conjunta; método de trabalho de grupo e atividades especiais.

Relacionar os métodos de ensino utilizados pelos professores com as

características da geração digital, apresentadas por Prensky (2001), a saber:

intimidade com a tecnologia; busca por informações em diversas fontes e de

forma randômica; preferência em trabalhar com imagens, som e vídeo;

facilidade em trabalhar com grupos; habilidade de interação; interesse pelo

aprendizado de forma lúdica; e desejo pela obtenção de gratificações

instantâneas.

21

1.2 JUSTIFICATIVA

1.2.1 Justificativa Teórica

É de grande importância desenvolver pesquisas no âmbito da aprendizagem,

especificamente voltadas para a geração Y, uma vez que se observa uma mudança no perfil

comportamental dos estudantes desta geração. Alunos destas gerações se comunicam com o

mundo de outra forma, têm um ritmo e aspirações diferentes dos das gerações anteriores. A

tecnologia mudou a forma pela qual o mundo é visto e entendido por este novo grupo

intitulado de nativos digitais. Assim, parece ser preciso mudar a forma de ensino, fugindo de

um modelo tradicional, baseado na transmissão de conhecimento do professor para o aluno,

chegando a um processo de interação. É preciso, literalmente, conectar-se com estes novos

alunos. No entanto, ainda se encontra pouco material bibliográfico que dê direção para que

professores e instituições comecem a desenvolver novos métodos de ensino.

Além disso, quando este assunto é direcionado para educação de nível superior,

observa-se que há ainda uma maior escassez de pesquisas acerca do tema. Porém, esta nova

geração já está no mercado de trabalho, o que leva este dilema das escolas para as empresas,

que também têm dificuldades de interação e comunicação com estes novos profissionais.

Assim, faz-se mister compreender o processo de aprendizagem nas instituições de ensino

superior, que são hoje a grande porta de entrada de novos profissionais no mercado de

trabalho. O modelo de aprendizagem para o ensino superior pode servir de referência para que

as empresas desenvolvam seus projetos de treinamento e desenvolvimento, já numa

linguagem efetiva para os integrantes destas novas gerações.

Não obstante ao que já foi exposto, nota-se, em contrapartida, que é comum

encontrar pesquisas que tratam sobre novos métodos educacionais e novas competências a

serem desenvolvidas pelos educadores. No entanto, poucos trabalhos abordam este tema sob a

perspectiva da educação superior. Logo, a contribuição desta pesquisa passa a ser de grande

relevância para as ciências humanas, principalmente nos âmbitos da educação e da

administração, uma vez que trará um diagnóstico que vai apontar as melhores técnicas de

ensino para os estudantes nativos digitais. O resultado da pesquisa poderá ser utilizado em

outras instituições de ensino e também em empresas que oferecem treinamento para

funcionários desta geração.

22

Também já é possível encontrar pesquisas que falem sobre os perfis das novas

gerações, no entanto, pouco se explora a relação existente entre este novo grupo, e a forma

pela qual a aprendizagem destes nativos digitais pode ser mais efetiva. É preciso que no

campo da educação se discutam novas formas de estimular o aprendizado, mas para isso é

preciso saber como se ensina hoje e como estes novos alunos aprendem.

1.2.2 Justificativa Prática

O mundo atual é altamente dependente da tecnologia. A evolução das ferramentas

tecnológicas foi e continua sendo tão rápida que acaba criando grandes abismos

comportamentais entre as gerações Baby Boomers, X, Y e Z. O universo de cada uma é

diferente do da geração anterior. Isso é mais visível quando se comparam as gerações Baby

Boomers e X, que são imigrantes digitais, com os nativos digitais das gerações Y e Z. No

entanto, a convivência entre esses grupos é cada vez mais frequente. Começa nas relações

familiares, passa para instituições de ensino, com professores e alunos vivendo o desafio de

ensinar e aprender, chegando até as empresas, que formam equipes de gerações diferentes que

têm a responsabilidade de não apenas conviver bem, mas também de gerar resultados para os

negócios.

Os métodos de ensino nas Instituições de Ensino Superior precisam acompanhar

as inovações do mundo moderno. Sendo assim, o professor é peça fundamental neste processo

e, por sua vez, nunca pode esquecer o seu verdadeiro foco, o aprendizado. Para isso é

fundamental conhecer as características destas gerações. Métodos tradicionais podem não ter

mais o mesmo efeito. O estudante de hoje vive num mundo diferente e a sua comunicação

com este mundo acompanhou essas mudanças. O acesso à informação é ilimitado, tudo é

instantâneo. Esses grupos se caracterizam pela necessidade de interação e de

compartilhamento de informações. Em sala de aula é preciso acompanhar as necessidades

desses alunos, chamados de nativos digitais, a fim de, ao falar a mesma linguagem deles,

haver uma comunicação mais efetiva e, por conseguinte, resultados de aprendizados mais

satisfatórios.

Diante dessa nova realidade é preciso dar respostas rápidas para um dilema da

sociedade atual: como o sistema educativo precisa reagir frente aos desafios impostos pelos

nativos digitais. Carrol (2000, p. 118) diz que:

23

Se continuarmos a preparar os professores como sempre os preparamos,

vamos continuar a recriar as escolas que sempre tivemos. Temos que

começar a preparar professores de forma diferente. Se vamos continuar a

preparar os professores para trabalhar sozinhos, de forma autônoma, em

salas de aula isoladas, nós estaremos perpetuando as escolas de hoje. Se

queremos escolas para ser diferente, temos que começar hoje a preparar os

professores de forma diferente... significativamente diferente.

Conhecer como professores e alunos estão interagindo pode apontar caminhos

possíveis e respostas que contribuam para a melhoria da educação em nosso país. Para isso

será pesquisada a realidade da Faculdade Santa Helena, localizada em Recife-PE. Neste caso,

os resultados terão importância direta para a instituição Faculdade Santa Helena e

direcionamentos importantes para outras IES.

Além disso, sob a ótica empresarial, estudos sobre este tema têm importância cada

vez maior porque as empresas investem quantias altas de recursos financeiros a fim de treinar

seus funcionários apostando, ainda, no sistema tradicional de ensino. Há pesquisas que

mostram a falta de efetividade destes treinamentos e o acúmulo de prejuízo por parte das

organizações (ABBAD; MENESES, 2009).

Sendo assim, talvez seja possível modificar a estrutura atual pensando que em

pouco tempo as empresas estarão treinando uma massa de ex-estudantes pertencentes à

geração Y. Para isso, acredita-se que seria preciso mudar os métodos de ensino tradicionais,

pensar em novas metodologias ou adaptá-las a uma linguagem mais próxima ao estudante Y.

Além disso, seria preciso avaliar quais técnicas e qual linguagem se precisariam utilizar para

se comunicar com estas novas gerações. Por isso, o foco desta pesquisa está na geração Y.

Também se optou por desenvolver as pesquisas que compõem este trabalho em

uma Instituição de Ensino Superior, especificamente na Faculdade Santa Helena, em Recife-

PE, por saber que em sala de aula encontram-se professores nativos digitais formando os

profissionais das gerações atuais.

Justifica-se, ainda, a importância da pesquisa, porque, a partir dos seus resultados,

poderá ser possível desenvolver, para o curso de Turismo da Faculdade Santa Helena, um

novo método de ensino capaz de garantir uma aprendizagem mais efetiva para os alunos

pertencentes às gerações digitais. Além disso, a cada semestre ingressam novas turmas de 40

alunos em média, dos quais, de acordo com o banco de dados da própria IES, são 70%

pertencentes à geração digital. Este número tende a crescer ano a ano.

Saber como se dá o processo de ensino e aprendizagem nessa instituição pode

apontar caminhos para um melhor resultado na formação destes estudantes. Nesse caso os

24

professores poderão desenvolver suas aulas com foco na aprendizagem deste grupo e obter

melhores resultados. Conhecer a forma pela qual os alunos aprendem dá um direcionamento

metodológico essencial para a aproximação do professor e da instituição de ensino com o

universo do aluno pertencente a uma geração digital.

No próximo capítulo será apresentada a fundamentação que dará sustentação

teórica a esta dissertação. Conhecer pesquisas ou discussões sobre os temas que estão sendo

tratados neste trabalho darão o conhecimento necessário para que os assuntos possam ser

aprofundados e as pesquisas realizadas de forma coerente.

25

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta uma discussão sobre os temas que dão base teórica a esta

dissertação. Aqui serão estudados, inicialmente, assuntos que envolvam a inovação e a sua

relação com o ensino superior. No entanto, para inovar é preciso conhecer a si mesmo e,

sendo assim, as políticas de avalição de IES também ganham espaço neste debate, por serem

capazes de dar subsídios para uma mudança pensada, fundamentada no estudo da realidade da

instituição de ensino.

Como a dissertação trata-se de um estudo de caso, em específico estudando os

alunos do curso de turismo, fez-se importante conhecer um pouco sobre esta área do

conhecimento. Foi preciso entender no que consiste a formação do turismólogo e como se deu

a evolução deste curso no Brasil, considerando as especificidades do profissional que atua

neste ramo.

A partir daí se fez importante começar a entender os conceitos de aula e

aprendizagem para que fosse possível relacioná-los aos métodos de ensino. O trabalho busca

conhecer quais são os métodos de ensino que mais favorecem o aprendizado dos alunos, na

visão deles mesmos e, sendo assim, para compreender esta relação, foi fundamental conhecer

o que é aprendizagem e o que são métodos de ensino.

No entanto, o estudo tem foco nos estudantes da geração Y, que possuem

características diferentes daqueles que fazem parte das gerações anteriores. Nesse caso, por se

tratar de um grupo marcado pela sua relação com a tecnologia, fez-se importante, também,

estudar as tecnologias para o ensino, além de conhecer algumas discussões sobre o ensino

voltado para estes, que são considerados os nativos digitais.

Por fim, abordam-se aspectos relacionados à gestão das Instituições de Ensino

Superiores, pois, para que qualquer mudança aconteça (em relação aos métodos de ensino,

dentre outros aspectos pedagógicos e administrativos), é preciso entender como conduzi-la.

Tratar de gestão em ensino superior se faz importante porque é comum não enxergar uma

instituição de ensino como uma empresa.

2.1 Inovação e tecnologia

De acordo com Bateman e Snell (2011, p. 551) “inovação é uma mudança na

tecnologia – um abandono das maneiras anteriores de fazermos as coisas”. É comum,

26

atualmente, haver uma necessidade de fazer diferente aquilo que já é feito a fim de se buscar

uma vantagem competitiva no mercado. Por conta disso, observa-se que os processos de

inovação acontecem cada vez mais rapidamente. Antes, novos produtos levavam anos para

serem lançados no mercado. Hoje é tudo instantâneo. Na visão de Freeman (2008, p. 19)

As inovações, portanto, são cruciais não apenas para aqueles que desejam

acelerar ou sustentar a taxa de crescimento econômico de seus próprios

países ou de outros, mas também para os que se assombram com

preocupações sobre a quantidade de bens e que desejam mudar a direção do

avanço econômico, em busca de melhor qualidade de vida.

Outras contribuições são dadas ao estudo da inovação. De acordo com Morand e

Manceau (2009, p. 13):

Do ponto de vista das empresas e de seus dirigentes uma visão de inovação

baseada em pesquisa, desenvolvimento e em patentes é extremamente

parcial. A inovação é fruto de processos globais nos quais a pesquisa e

desenvolvimento são ingredientes, dentre outros, que integram uma

abordagem organizacional complexa. A inovação é tanto um processo de

desenvolvimento, de proteção das tecnologias, de organização, de marketing,

de desing, de criatividade, de estratégias empresariais, de organização, de

políticas de recrutamento, como também de todos os componentes que

envolvem a gestão.

É possível inovar em produtos e processos, caracterizando-se, este último, como

uma transformação nos métodos de trabalho. Logo, para inovar não é preciso fazer mudanças

complexas. Novas ideias, maneiras diferentes de enxergar os processos organizacionais,

podem apontar novos caminhos a serem seguidos, muitas vezes mais eficazes, econômicos e

de maior produtividade para uma organização.

Quando se fala em aumento de produtividade, é comum se fazer uma relação com

o ritmo em que são adotadas as novas tecnologias. Nesse sentido, para Rosenberg (2006, p.

163)

[...] as expectativas a respeito do curso futuro da inovação tecnológica

constituem um componente significativo e negligenciado de tais questões, na

medida em que são um importante determinante de decisões empresariais

com respeito à adoção de inovações.

É preciso observar o mundo que está ao redor das empresas para encontrar

soluções que estejam fundamentadas com os interesses do mercado. Afinal de contas uma

27

empresa se relaciona com os ambientes interno e externo, tendo estes dois que interagir

harmonicamente. (MAXIMIANO, 2008; BATEMAN; SNELL, 2011)

Nesse sentido a tecnologia surge como uma mola propulsora para as inovações.

Entende-se que a tecnologia são os métodos utilizados nos processos de transformação dos

produtos. Assim, novas ferramentas, mais modernas, surgem a cada dia e podem beneficiar as

empresas que aproveitam as suas vantagens. (BATEMAN; SNELL, 2011).

Outro fator de destaque deve-se ao fato de que os clientes cada vez mais vivem

em um universo onde a tecnologia faz parte do seu dia a dia. Uma vez que o consumidor

entende e sabe que aquele serviço ou produto que ele consome pode ser melhorado, é comum

que estes novos clientes, mais antenados, procurem empresas que deem novas soluções para

suas necessidades. Um novo mercado surge pela mudança dos seus consumidores.

(TEIXEIRA; ZACCARELLI, 2008).

É fundamental compreender que o uso da tecnologia, isoladamente, não faz com

que uma empresa seja inovadora. É preciso, conforme já descrito acima, que as novas

tecnologias sejam agregadas aos processos organizacionais, dentro da realidade de cada

mercado e de cada empresa. Assim, as mudanças serão observadas em toda a organização

(MORAND; MANCEAU, 2009).

Os processos de inovação devem ser transportados para a realidade das

instituições de ensino superior, objeto de estudo desta dissertação, uma vez que o público que

hoje começa a ingressar nas faculdades e universidades possuem características diferentes

daqueles que outrora ocupavam as cadeiras das salas de aula. Outrossim, o contexto atual é

diferente do de outras épocas, e empresas que trabalham com educação precisam acompanhar

a realidade dos mercados atuais e preparar alunos para o tempo atual.

2.2 Ensino superior no Brasil

Os desafios para sobreviver a um mercado cada vez mais competitivo também

fazem parte da realidade das Instituições de Ensino Superior – IES, no Brasil. A expansão da

oferta de vagas para o nível superior fez surgir, principalmente, na década de 90, um grande

número de Instituições de Ensino com interesse em aproveitar este novo nicho de mercado,

ainda latente. Como não poderia ser diferente, por conta de uma grande demanda, mais

especificamente, uma massa de alunos que não conseguiam vagas nas instituições públicas, o

crescimento deste setor foi muito veloz. (MACHADO, 2008).

28

A partir desse cenário, observa-se que as IES brasileiras, mais especificamente as

particulares, precisam desenvolver políticas de planejamento estratégico capazes de responder

a um mercado que hoje, pode-se dizer, é altamente competitivo, mas ainda dominado por

modelos tradicionais de gestão organizacional. (MACHADO, 2008).

Uma vez que este cenário começa a se profissionalizar, nota-se que algumas

instituições privadas já dão sinais de adoção de uma gestão profissional, afinal de contas a

sobrevivência destas organizações está ligada à profissionalização do setor. De acordo com

Porto e Régnier (2003, p.7)

[...] a educação superior e profissional em particular, deixou de ser sinônimo

de um conjunto de instituições – agindo de forma mais ou menos coordenada

ou estável – para se tornar um setor em expansão: uma ‘área de negócios’,

como preferem alguns. Atraindo recursos, gerando oportunidades,

ampliando e diversificando seus ‘produtos’ e ‘serviços’, preocupando-se

com seus clientes e suas necessidades diferenciadas e investindo em

marketing, em ‘marcas’, em qualidade.

As instituições de ensino privadas devem ser vistas como um negócio, regulado

pelo Governo, com grande responsabilidade para com o aprendizado de seus alunos, mas que

também precisam ser sustentáveis do ponto de vista financeiro. Dessa forma, processos

inovadores podem conferir uma vantagem competitiva para estas IES. (MACHADO, 2008)

Em paralelo vale ressaltar que o ensino superior no Brasil enfrenta diversos

problemas, dentre eles: professores com baixa qualificação; grande número de professores

horistas; exigência por pesquisas sem que haja tempo e instrumentos para tal; alunos mal

preparados; perda de tempo com processos meramente burocráticos, como o preenchimento

de cadernetas; dificuldade de comunicação com os alunos. Essas exigências podem tirar o

foco do professor para aquilo que é o essencial, o aprendizado de seus alunos. (PASSOS,

2009)

As IES precisam remodelar seus processos e modificar principalmente aqueles

que estão relacionados aos métodos de ensino, pois novos estudantes ingressam nessas

instituições, que ainda permanecem com um modelo pedagógico tradicional, baseado na

transmissão do conhecimento e não na interatividade. (PRENSKY, 2000)

Uma forma de acompanhar o rendimento de seus processos, numa instituição de

ensino, é através de programas de avaliação. É preciso avaliar as aulas, os professores, os

processos administrativos e os alunos para que seja possível entender o que pode ser feito para

melhorar o desempenho da IES. Na realidade, as faculdades e universidades são reguladas

29

pelo Governo Federal, e dentre as obrigações que precisam atender, encontra-se a necessidade

de desenvolver políticas de avaliação. Sendo assim, estas políticas podem ser de fato

implementadas e utilizadas como uma ferramenta gerencial de importância ímpar para que a

IES seja bem sucedida.

2.3 Políticas de avalição da educação superior no país

As Instituições de Ensino Superior, a partir da Lei 10.861, de 2004, estão sendo

submetidas a um sistema de avaliação constante que abarca todos os níveis das IES. Esse é o

Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). De acordo com Barreyro et

al (2006, p.430)

O SINAES fundamenta-se na necessidade de promover a melhoria da

qualidade da educação superior, a orientação da expansão da sua oferta, o

aumento permanente da sua eficácia institucional, efetividade acadêmica e

social e, especialmente, o aprofundamento dos compromissos e

responsabilidades sociais. Ele tem como objetivo assegurar o processo de

avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de graduação e

do desempenho acadêmico de seus estudantes.

Sabe-se que, para uma IES obter uma boa avaliação, é preciso atender a 10

dimensões estabelecidas pelo Ministério da Educação. Além dessas dimensões, os cursos

superiores são submetidos a avalições in loco, por comissões do Instituto Nacional de Estudos

e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), além de também serem avaliados por meio

do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) e por uma política interna de

autoavaliação. Todas essas avaliações têm o intuito de acompanhar o funcionamento e a

qualidade da educação no país. Nos parágrafos abaixo serão discutidas as 10 dimensões do

SINAES, com algumas observações baseadas em Barreyro et al (2006), ABMES (2004) e na

própria Lei do SINAES (2004).

A dimensão 1 trata da missão e do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI).

Todas as instituições devem desenvolver um planejamento estratégico para estabelecer sua

missão. O fruto desse planejamento é o PDI. No entanto, este plano não deve ser estanque, ao

contrário, precisa ser constantemente revisado e atualizado. O ouvidor deve conhecer a IES e

todos os seus projetos, a fim de que a partir das informações coletadas com a comunidade

acadêmica, possa questionar o Plano ou mesmo redirecioná-lo caso os seus objetivos não

estejam sendo alcançados conforme esperado.

30

A dimensão 2 versa sobre as perspectivas científica e pedagógica formadoras:

políticas, normas e estímulos para o ensino, a pesquisa e a extensão. Quando se pensa em

educação, deve-se buscar envolver os alunos numa filosofia de trabalho que lhes dê a

oportunidade de desenvolver pesquisas, ou seja, gerar conhecimento e também de praticar

ações extensionistas que mostrem à sociedade que o conhecimento existente em um curso

superior pode ser aproveitado para comunidades que necessitem de apoio.

A dimensão 3 aborda a responsabilidade social da IES. É fundamental que os

alunos sejam inseridos numa perspectiva de Responsabilidade Social. Se a instituição de

ensino desenvolver estas ações e envolver seu corpo discente de maneira coerente e

continuada, formará profissionais mais éticos e capazes de contribuir para diminuir as

desigualdades sociais do Brasil.

A dimensão 4 aborda a questão da comunicação com a sociedade. Uma

comunicação eficaz com a sociedade torna uma IES conhecida e muito mais competitiva. Não

basta apenas fazer propagandas em televisão, outdoors, outbus, dentre outros meios de

publicidade, deve-se estabelecer um link, com a sociedade, capaz de fazer com que a

instituição seja sempre conhecida e respeitada. Esse tipo de comunicação se dá através de

planos de marketing e também a partir das ações que já foram elencadas acima. Manter essa

comunicação acaba sendo uma excelente alternativa mercadológica.

A dimensão 5 discute as políticas de pessoal, carreira, aperfeiçoamento, condições

de trabalho. As IES oferecem para seus alunos um serviço. Todo serviço para ser bem

prestado deve também possuir profissionais capacitados. O setor de serviços funciona como

um sistema, no qual facilmente se pode observar que, se o trabalho de uma pessoa for ruim,

afetará o restante do serviço. Para que isso não aconteça, deve-se investir nos funcionários,

uma vez que eles podem apoiar os alunos e contribuir para o aprendizado de maneira efetiva.

Neste grupo de funcionários incluem-se desde os de nível operacional até os de nível

estratégico.

A dimensão 6 discute a organização e gestão da instituição. Neste caso é preciso

que a IES possua um sistema de gestão profissional para manter toda a sua estrutura de

funcionamento e garantir a qualidade do ensino.

A dimensão 7 fala da infraestrutura física e recursos de apoio. Este item é

facilmente observado pelos alunos e, portanto, fator de grande preocupação das IES. Muitas

vezes a falta de recursos impede que os projetos de ordem estrutural sejam implementados

deixando lacunas visíveis para alunos e professores.

31

A dimensão 8 discute sobre o processo de planejamento e avaliação. O gestor da

IES, junto com sua equipe, incluindo professores e funcionários, deve conceber e acompanhar

todo o processo de planejamento. Sugere-se que as IES trabalhem com um profissional

chamado de ombudsman, ou ouvidor. Este, a partir das informações colhidas, pode oferecer os

subsídios necessários para um planejamento coerente e harmônico. No contexto atual

encontrar um profissional com características capazes de assumir uma função como esta se

torna difícil. Além disso, faz-se importante que este profissional seja alguém inserido no

contexto das IES da localidade, para que suas ações e diagnósticos sejam mais coerentes.

Problemas podem ser facilmente identificados pelos gestores da IES, no entanto, o ouvidor

torna-se importante por conhecer o mercado e também por oferecer alternativas condizentes

com a realidade local. Este é um papel que exige um perfil de alguém altamente capacitado.

A dimensão 9 aborda as políticas de atendimento aos estudantes. As instituições

de ensino superior devem aprender a ouvir seus estudantes para que entendam suas

necessidades. Em contrapartida, nem todas as solicitações feitas devem ser atendidas, uma vez

que os alunos possuem um contrato de educação e, como tal, exige impor limitações para o

contratante. A IES deve se preocupar acima de tudo com a formação de seu estudante e não

com o dinheiro que ele está pagando.

A dimensão 10 fala da sustentabilidade financeira. Uma instituição que trabalha

com educação e tem o objetivo de formar cidadãos entende que pode haver um equilíbrio

entre os anseios dos alunos com a necessidade de capital da empresa. Não é possível manter

uma IES com qualidade sem que haja capital para manter estrutura, funcionários, pesquisas,

dentre outras ações. É preciso gastar o que pode ser gasto, de maneira controlada, para que a

instituição possa crescer de maneira sustentável nos níveis econômicos e também nas

propostas de cunho educacional. É preciso “dar um passo por vez”.

Barreyro et al (2006) abordam que a avaliação precisa ser um processo contínuo.

No entanto, observa-se que em períodos de avaliação as instituições correm para atender às

dimensões do SINAES, mas acabam oferecendo soluções temporárias que são facilmente

identificas pela comunidade acadêmica. É preciso que as IES invistam em políticas de

avaliação constantes, capazes de encontrar soluções para os seus problemas rotineiros e

encontrar caminhos para enriquecer o aprendizado dos seus alunos. O foco é o acadêmico. Os

processos de uma Instituição de Ensino, suas políticas de avalição, sejam elas internas, ou

impostas pelo MEC, existem para possibilitar que sua atividade fim, o aprendizado dos

alunos, aconteça de forma satisfatória.

32

As avalições são condição fundamental para que os cursos possam melhorar a sua

qualidade de ensino e desenvolver um trabalho mais condizente com as necessidades dos

alunos e do mercado de trabalho. Cursos que ainda estão em processo de construção e

evolução curricular, por serem relativamente novos, como é o caso de turismo, por exemplo,

precisam implementar avalições capazes de apontar caminhos que facilitem a construção de

um curso mais atrativo para os alunos e que atendam às expectativas das empresas do setor,

por terem um viés prático muito presente na sua estrutura. Em relação ao curso de turismo,

especificamente, é importante entender a sua evolução e os problemas que enfrenta.

2.4 Evolução dos cursos de turismo

Depois de acompanhar a evolução das Instituições de Ensino Superior no país e

seus principais dilemas gerenciais, vale discutir sobre a evolução dos cursos de turismo no

Brasil. Enquanto atividade econômica o turismo tem importância ímpar para o

desenvolvimento do país, uma vez que possibilita a entrada de divisas estrangeiras. (BENI,

2004).

Assim como qualquer atividade econômica, o turismo também segmenta seu

mercado em diversas opções para atender às necessidades de seus clientes. A atividade

turística é divida em turismo de aventura, cultural, ecoturismo, da terceira idade, dentre

outros. Vê-se, assim, que se parte para uma segmentação a fim de conquistar mercados de

interesses específicos e que isso não é uma tendência apenas para o turismo e sim das diversas

atividades econômicas que buscam acompanhar o cenário dos negócios da atualidade. De

acordo com Ansarah (2001, p. 27):

Segmentar o mercado é identificar clientes com comportamentos

homogêneos quanto a seus gostos e preferências. A segmentação possibilita

o conhecimento dos principais destinos geográficos, dos tipos de transportes,

da composição demográfica dos turistas e da sua situação social e estilo de

vida, entre outros elementos.

Sendo assim, estudar o turismo é importante para que seja possível planejar a

atividade e possibilitar uma gestão profissional dos recursos naturais, culturais e dos

equipamentos de suporte à atividade. A matéria-prima do turismo são recursos coletivos, é a

natureza, a cultura de uma região e, por conseguinte, a responsabilidade de transformar estes

recursos em produtos é muito grande, pois, se mal administrado, pode comprometer um bem

de toda a sociedade. (RODRIGUES, 2001)

33

É comum, no turismo, encontrar profissionais que não planejam o seu trabalho e

causam impactos irreversíveis ao meio ambiente natural e cultural, justamente por não haver

profissionalização do setor e por utilizar recursos, sejam naturais ou culturais, de forma

desmedida, comprometendo a sobrevivência de um ambiente natural ou de uma manifestação

cultural de uma determinada localidade. (BENI, 2004)

Para que o país cresça, também a partir da atividade turística, é fundamental que

haja profissionais preparados e conscientes da responsabilidade de trabalhar com a gestão do

turismo. É fundamental que as instituições de ensino preparem seus alunos com uma

formação ampla, diversificada, ou seja, multidisciplinar, para que sejam formados

profissionais aptos e cientes da responsabilidade que têm em mãos. Para Ansarah (2001, p.

13):

Infelizmente não existe hoje a preocupação voltada para a consciência crítica

dos alunos, tampouco para o desenvolvimento do pensamento crítico, mas

sim do imediatismo profissional, da sua experiência prática, tão requisitada

pelo mercado de trabalho. Na elaboração de planos de estudo, muitas vezes

se esquece que a educação turística também é educação e, por conseguinte,

deve desenvolver no indivíduo um espírito, para que ele seja criativamente

funcional ao enfrentar sem traumas as novas situações que se apresentam

continuamente neste setor, tão mutante e dinâmico.

O primeiro curso de turismo no país começou no ano de 1971 e teve um pequeno

crescimento durante anos, até 1995, quando houve uma grande expansão do ensino superior

no país. A partir daí houve uma multiplicação de cursos de turismo em todo o Brasil e uma

concorrência acirrada nos vestibulares para ingressar nesta nova área, pois ainda era uma

novidade para a grande maioria das pessoas. (RAMOS et al, 2010)

No entanto, não havia nas instituições de ensino, ainda na década de 90,

profissionais formados em turismo em número suficiente para dar conta da demanda de

professores necessários para ocupar as vagas criadas nestas novas instituições. A saída foi

contar com profissionais de outras áreas, com o objetivo de suprir a necessidade de bacharéis

formados e pós-graduados em turismo. Conflitos foram inevitáveis neste processo natural de

crescimento desta nova área, porém o maior dilema seguiu depois. Uma grande quantidade de

profissionais estava se formando e o mercado não tinha a cultura de absorver esta mão de obra

agora qualificada em nível superior. Consequência: diversos novos graduados começaram a

procurar uma carreira paralela para ingressar no mercado. Outros seguiram para o meio

acadêmico, que naquele momento absorvia estes novos formados. Para Ramos et al (2011,

p.784):

34

[...] no período em que ocorreu crescimento da atividade turística no Brasil,

aumentando o fluxo turístico e uma diversificação dos empreendimentos e

serviços turísticos, tornando necessário capacitar recursos humanos para dar

conta desta demanda verificou-se uma explosão de cursos superiores em

Turismo, provocando um efeito socialmente perverso na formação

acadêmica nesta área, através do ensino pago.

Esse processo acarretou uma diminuição da demanda para os cursos de turismo.

Em Pernambuco, na Universidade Federal, por exemplo, verificou-se uma concorrência de 20

candidatos por vaga no ano de 2001, com base em notícia publicada no site da Covest. Agora,

em 2011, este número caiu para 5 candidatos por vaga, de acordo com nota publicada pelo JC

Online no mesmo ano. Sendo assim, as instituições particulares de turismo começaram a ver

que as turmas que antes eram abertas com concorrência, já não mais abriam, e que o índice de

evasão era muito alto. Atualmente, algumas faculdades já tradicionais no turismo optaram por

fechar o curso a fim de evitar prejuízos. Em contrapartida, hoje se vê que a gestão do turismo

está cada vez mais nas mãos de profissionais formados na área e que poderá haver um

equilíbrio maior entre a demanda por profissionais da área e a oferta de pessoas formadas e

preparadas para assumir funções ligadas ao turismo. Na realidade, o profissional do turismo

sempre teve uma profissão incompreendida. A maioria da população não entende o trabalho

do profissional formado em turismo. Existe um senso comum de que é uma área fácil, sem

grandes responsabilidades e que não exige um profissional tão qualificado. Esse entendimento

perdurou por décadas e ainda hoje existe, porém com menos intensidade.

Enfim, sabe-se que a formação do turismólogo precisa ser multidisciplinar e

envolve o desenvolvimento, nos alunos, de competências técnicas, gerenciais e

comportamentais muito amplas. A formação desse aluno exige que os professores

desenvolvam suas aulas com objetivos claros, atendendo a todas as competências necessárias

para uma boa formação desse profissional. Sendo assim, é preciso conhecer os processos que

envolvem a preparação das aulas com foco num aprendizado amplo e sistêmico. Também se

faz essencial entender como esse processo de aprendizagem acontece em instituições de

ensino superior e quais são as barreiras encontradas pelos professores ao escolher trabalhar

com educação no Brasil.

35

2.5 Aula e aprendizagem

Abordar o tema educação em um país como o Brasil é sempre um desafio. É

verdade que por não ser uma profissão reconhecida, como deveria, pela sociedade, muitos que

têm vocação para a área deixam de lado este chamado para ingressar em outras carreiras.

Também é uma profissão cercada de preconceitos. Gauthier (2005) afirma que os professores

sofrem com algumas opiniões da sociedade, muito comuns, como imaginar que para dar aula

basta saber do conteúdo, ou que só precisa ter talento, ter intuição para docência, que ter

experiência é suficiente ou que uma base cultural já é aceitável para a formação de um

professor. Esquece-se que é uma profissão de importância ímpar para o desenvolvimento de

uma sociedade e se banaliza o trabalho do docente através de um senso comum.

Vê-se, então, assumirem o espaço da sala de aula profissionais que não possuem

uma formação adequada para transmitir conhecimento. Estes professores já são, em vários

casos, acostumados a repassar o conhecimento, sem se preocupar com a forma pela qual seus

alunos aprendem. Há um trabalho de memorização e não de compreensão. (KARWOSKI,

2012). No entanto, observa-se também que as instituições de ensino básico deixam de lado a

preocupação com a formação da criança e do adolescente para focar os resultados em boas

notas no vestibular. Neste processo o aluno aprende a não aprender. O importante é decorar.

Este sistemas segue do ensino básico para o superior.

O parágrafo anterior é importante para que todos possam entender os desafios e as

barreiras que se devem transpor para modificar esta cultura do mero repasse de informações.

De acordo com Amaral (2010, p.28):

Mas, o que se espera de um professor universitário, além de uma orientação

para a pesquisa, é que ele seja também capaz de auxiliar os alunos na

transformação das informações em conhecimento. Embora hoje se fale muito

em rede, em substituição aos pré-requisitos para o conhecimento, uma

importante tarefa do professor é auxiliar na estruturação dos campos

teóricos. Infelizmente, há “exposições” e “exposições”, “professores” e

“professores”...

Principalmente entre o universo do ensino superior os novos professores já são

fruto de uma geração que não compreende a importância da pedagogia e o real papel docente

na formação dos educandos. Deve-se planejar uma mudança para que realmente se veja o

resultado esperado: alunos capazes de aprender constantemente sem se tornarem escravos do

36

crivo dos seus professores. É importante que os professores saibam ensinar para que os alunos

possam aprender. (DANTAS, 2012)

É preciso entender que uma instituição de ensino não pode ter a filosofia de que

os professores devem ser máquinas de dar aula, seguindo modelos prontos de outros docentes

ou repetindo assuntos que foram ministrados em semestres anteriores. Cabe à instituição de

ensino criar, de maneira controlada, uma mudança de cultura no seu corpo de professores. É

importante compreender que dar aula é um compromisso que precisa estar fundamentado no

aprendizado e não na repetição de ideias de autores. (MORAN, 2007)

Pensa-se que quanto mais assunto for repassado para o aluno, mais este professor

cumpriu com sua obrigação. E o pior, os estudantes, muitas vezes, cobram quantidade de

assunto e não qualidade. Muitos deles questionam quando precisam construir conhecimento e

se acham inaptos para isso. O professor não deve aceitar essa situação. Cabe a ele transformar

seu encontro com os alunos em um momento de reconstrução de conhecimento. É preciso que

eles aprendam a aprender, a pensar criticamente, a produzir a partir do que lhes foi

transmitido em forma de leitura ou pesquisa. Um professor que tenha esta mentalidade será

um grande diferencial no mercado. (DEMO, 2004)

É muito mais fácil “enrolar” os alunos com aulas “shows” do que conduzi-los ao

caminho do conhecimento. Demo (2004, p. 677) afirma que:

A aula foi, com o tempo, também cada vez mais “enfeitada”, entretanto na

pedagogia como peça chave da aprendizagem. A mídia tem contribuído

enormemente para “enfeitar” a aula, através de todos os truques motivadores

e atrativos, sem perceber que está “enfeitando defunto”.

Tornar a aula de fato produtiva exige que o professor seja um pesquisador

incansável, capaz de buscar novidades e fazer com que os seus alunos tenham este interesse. É

preciso despertar neles o desejo pelo aprendizado. De nada adianta repetir para seus alunos

assuntos que foram retirados de livros, pois o conhecimento não pode ser reproduzido, mas

sim reconstruído. O ser humano ao entrar no processo de aprendizagem faz relações com

aquilo que ele já conhece, ou seja, ele reconstrói o seu conhecimento baseado em novas

ideias. Este é um processo que se dá de dentro para fora. Nota-se que por vezes o aluno deixa

de ser o centro das atenções, dando lugar à aula sem nenhuma preocupação com o

aprendizado, e sim com o mero repasse de informações. (FREIRE, 1996)

37

De acordo com Demo (2004) é mais interessante um docente deixar de repassar

todo o assunto de uma ementa do que abordá-lo apenas como informações, sem nenhuma

preocupação com a construção do conhecimento. É importante que o aluno realmente aprenda

algo de forma mais aprofundada e a partir desta experiência saiba como também buscar o

conhecimento de temas que não puderam ser bem explorados em sala. Assim, o aluno será

estimulado a pensar e somente as sociedades pensantes têm condições de um

desenvolvimento mais equilibrado.

Nesse sentido, prega-se uma mudança de paradigmas. A aula não pode ser

colocada como didática central, tampouco como instrumento meramente reprodutivo. Podem-

se aproveitar os encontros com os alunos para fazê-los realmente aprenderem. Para isso, faz-

se mister o planejamento detalhado de uma aula, a fim de que este momento seja aproveitado

não para o professor demonstrar que tem conhecimento, mas para que o aluno tenha a

oportunidade de reconstruir aquilo que já sabe (MASETTO, 2010).

Enfim, a aula precisa ser encarada como um momento de integração, de troca, na

qual o aluno é o protagonista do processo e merece destaque. O professor conduz o grupo,

leva-o à discussão, ao aprendizado.

O momento aula é sumamente precioso pelo encontro entre professores e

alunos, quando ambos trazendo suas colaborações criam condições de troca

de pesquisa, de estudo, de debate, de perguntas e apresentação de dúvidas,

de solução de problemas. (MASETTO, 2010, p. 20)

É necessário, assim, que os professores mudem um pouco o conceito de que sua

tarefa é dar aulas para entender que seu trabalho é fazer com que seus alunos aprendam. Para

que se aprenda, é preciso investir em métodos capazes de fazer o aluno pensar, construir e

reconstruir conhecimento. Os métodos de ensino são condição fundamental para que os

objetivos da instituição, da disciplina e como consequência dos professores, sejam

alcançados. Nesse sentido, faz-se necessário conhecer o que são métodos de ensino e quais

são aqueles que podem ser utilizados pelos docentes em suas aulas.

38

2.6 Métodos de ensino

Para que haja uma comunicação mais efetiva entre professor e aluno, é preciso

que dentre as inúmeras possibilidades de métodos de ensino os docentes façam uso daquelas

que mais se encaixam com as necessidades dos nativos digitais. Libâneo (2002, p. 4) diz que:

Os alunos mais velhos comentam entre si: “Gosto dessa professora porque

ela tem didática”. Os mais novos costumam dizer que com aquela professora

eles gostam de aprender. Provavelmente, o que os alunos querem dizer é que

essas professoras têm um modo acertado de dar aula, que ensinam bem, que

com eles, de fato, aprendem.

Nesse sentido é importante entender o significado de método de ensino. O mesmo

tem o objetivo de apontar o caminho, o trajeto, o percurso para se alcançar a meta desejada no

que diz respeito ao aprendizado do aluno. Para alcançar esta meta, faz-se uso de técnicas que

em seu sentido definem como chegar ao caminho para se realizar algo.

[...] o método é o caminho, e a técnica é “como fazer”, “como percorrer”

esse caminho. A metodologia didática refere-se, então, ao conjunto de

métodos e técnicas de ensino para a aprendizagem. (RANGEL, 2007, p.9)

Assim, o método se relaciona com a definição de uma sequência de atividades que

o professor deve estabelecer para atingir seu aluno. Existem diversas classificações para os

métodos de ensino. Neste trabalho, será feito uso do modelo de Libâneo (1994), a saber:

Método de exposição pelo professor – é muito utilizado, uma vez que se

caracteriza pela exposição de um assunto pelo professor, seja verbalmente,

com demonstrações, ilustrações ou com exemplos.

Método de trabalho independente – a forma mais comum para este tipo de

trabalho é o estudo dirigido, seja ele individual ou em dupla. Neste caso, as

tarefas são coordenadas pelo professor. Este método estimula a criatividade e

a resolução de problemas de forma independente.

Método de elaboração conjunta – dá-se pela interação entre o docente e o

discente. É utilizado para a assimilação de assuntos novos.

Método de trabalho de grupo – caracteriza-se pela formação de grupos com

tarefas diferentes ou similares. Há diversas técnicas para este método, tais

como: tempestade mental, grupo de verbalização, grupo de observação (GV-

GO), seminário.

39

Atividades especiais – buscam uma complementação para o método de ensino.

Optou-se pela escolha deste modelo por entender que propõe uma análise enxuta

dos métodos de ensino, traduzindo-os de forma didática e, por conseguinte, com possibilidade

de maior compreensão. Além disso, o Dr. José Carlos Libâneo, autor deste modelo, dedicou

sua carreira de pesquisador ao estudo da educação, colocando-o como um dos maiores

teóricos progressistas da área. Desde a sua dissertação de mestrado em filosofia da educação,

na PUC-SP, até a sua tese de doutoramento, vê-se que seus estudos estão ligados diretamente

à didática, mais especificamente aos fundamentos teóricos e práticos sobre o trabalho docente.

Suas publicações mais conhecidas são a Democratização da Escola Pública: A pedagogia

crítico-social dos conteúdos (1984); Didática (1990) e Educação na Era do Conhecimento em

Rede e Transdisciplinaridade (2010).

Ressalta-se que o uso das técnicas deve ser feito com base no conhecimento

térico/prático que o professor já possui. De nada adianta conhecer métodos e técnicas de

ensino se o principal objetivo, que é a aprendizagem, não puder ser alcançado. Assim, além de

conhecimento técnico acerca dos assuntos trabalhados em sala de aula, o professor precisa

desenvolver, também, uma série de competências que lhes confiram uma gama maior de

possibilidades de se comunicar efetivamente com os alunos. No mundo atual, novas

competências são cada vez mais necessárias (PERRENOUD, 1999).

Sendo assim, o professor precisa sempre buscar uma formação contínua. A busca

pelo aperfeiçoamento e aprimoramento de suas diversas competências precisa ser encarada

como uma necessidade inerente à profissão do docente. O aprender sempre é o principal

instrumento de trabalho do professor que, se deixar de lado esta tarefa, pode acabar

esquecendo o que já estudou. Perrenoud (1999, p. 153) afirma que:

Organizar e dirigir situações de aprendizagem, administrar a progressão das

aprendizagens, conceber e saber evoluir dispositivos de diferenciação,

envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho, trabalhar em

equipe, participar da administração da escola, informar e envolver os pais,

utilizar tecnologias novas, enfrentar os deveres e dilemas éticos da profissão:

todas essas competências conservam-se graças a um exercício constante.

Observa-se que o aprendizado é a competência responsável por manter todas as

outras, uma vez que a sociedade e o ambiente escolar, por consequência, não são estáticos. Ao

contrário, mudam constantemente e exigem o desenvolvimento ininterrupto de cada uma das

competências elencadas por Perrenoud.

40

O ensino já evoluiu muito e, mesmo que de forma despercebida, teve grandes

avanços, como por exemplo: hoje se respeita mais o ritmo do aluno, suas opiniões, propõe-se

maior cooperação em sala, tem-se um planejamento didático flexível, mais interativo, tem

maior foco na profissionalização, é pluricultural. É preciso continuar a evolução, na realidade

é inevitável e acontece mesmo de forma natural. Se a escola não se aproxima do mundo, o

aluno acaba se distanciando da escola, de forma inevitável. (MORAN, 2007)

A tecnologia pode ser utilizada em sala de aula com uso de recursos multimídias e

ferramentas web, mas com o cuidado de estarem ligados às necessidades de cada disciplina. O

professor deve decidir pelo seu uso com a preocupação no aprendizado do aluno. A tecnologia

não garante um bom resultado e não é solução para todas as dificuldades de interação entre

professor e aluno. É mais um instrumento, um recurso que pode em algumas situações

estimular o aprendizado. (JOLY, 2002)

Nesse caso, vale conhecer um pouco mais sobre tecnologia aplicada ao ensino, a

fim que quebrar paradigmas e aproximar esta possibilidade da realidade dos docentes. A

tecnologia faz parte da vida tanto dos alunos como dos professores e pode ser aplicada ao

ensino sem medo, quebrando preconceitos e aproximando educador e educando.

2.7 Tecnologias para o ensino

Antes de falar sobre a relação entre tecnologia e ensino, é preciso compreender a

realidade do mundo atual em relação a este assunto. Destaca-se, então, que o grande avanço

tecnológico de impacto mundial, nos últimos 30 anos, deve-se ao uso da internet. A partir

dessa inovação, que teve início nos anos 80, começa uma caminhada rápida para um mundo

conectado. As mudanças são tão velozes que dos anos 80 para a década atual já se enxerga um

grande abismo. Atualmente, por exemplo, observa-se uma evolução da comunicação através

da web, onde este ciberespaço abre as portas para a expressão pública. (LEMOS; LÉVY,

2010).

O espaço virtual descentralizou a disseminação da informação, que antes era

restrita a mídias tipográficas e televisivas. Agora todo o conhecimento produzido pode ser

compartilhado e receber contribuições diretas e instantâneas. Vive-se num mundo sem

privacidade, sem controle. Tudo pode ser público, inclusive o que por muitos deveria ser

estritamente privado. Por exemplo, um fragmento descontextualizado e, por conseguinte,

confuso, de uma aula de um professor pode ser veiculado na web e receber críticas de um

41

número incontável de pessoas. Os sites que você pesquisa, os vídeos que vê na internet são

compartilhados automaticamente em suas redes sociais. Às vezes o cidadão passa a

desconhecer o limite entre a sua privacidade e o que é público. (LEMOS; LÉVY, 2010).

Em decorrência do grande avanço tecnológico apontado no parágrafo anterior,

nota-se que as relações sociais sofreram grande impacto. Através do ciberespaço as pessoas

estão ligadas umas às outras em redes cada vez mais complexas. De acordo com Lemos e

Lévy (2010, p. 12):

Os indivíduos implicados nas atividades de colaboração interativas da Web

2.0 participam geralmente de várias comunidades, navegam entre vários

blogs, mantêm vários endereços eletrônicos para diferentes usos e são, em

certa medida, os nós principais, os cruzamentos, os comutadores da

computação social, recolhendo, filtrando, redistribuindo, fazendo circular a

informação, a influência, a opinião, a atenção e a reputação de um

dispositivo a outro.

Observa-se, então, um mundo diferente, que possui novas tecnologias, que

evoluem cada vez mais rapidamente e que exigem de todos um entendimento deste universo,

pois é uma estrutura cada vez mais presente na vida de todos e necessária para o crescimento

de um país, que tem que acompanhar as mudanças que acontecem nas relações sociais e

econômicas mundiais, condicionadas ao mundo Web. Essas tecnologias precisam ser

ensinadas para que se faça proveito delas. Para isso, é preciso que professores conheçam este

novo cenário e compreendam como se beneficiar dessas mudanças para favorecer o processo

de ensino-aprendizagem. (JOLY, 2002)

As novas tecnologias são importantes no processo de ensino-aprendizagem, uma

vez que podem ajudar a conectar o aluno y ao conteúdo trabalhado, de forma mais lúdica e

aprofundada. No entanto, não são a base do aprendizado. Essas tecnologias podem dar suporte

ao trabalho do docente, como uma ferramenta. Porém, como qualquer ferramenta é preciso

que quem a utilize saiba bem como o fazer a fim de evitar um acidente. Neste caso, se o

professor não tiver planejado seu trabalho com antecedência e encaixado a tecnologia de

forma eficaz, poderá apenas trazer prejuízo ao aprendizado dos alunos. (MORAN, 2007)

Não se pode restringir o uso da tecnologia à Educação a Distância. De acordo com

Kenski (2007, p. 13):

Centenas de universidades e colégios do mundo inteiro já possuem seus

espaços de estudos em ambientes virtuais tridimensionais. Não se trata de

simples projetos de educação a distância, mas de novas concepções de

42

educação, em que são utilizadas as mais atuais tecnologias digitais, para se

aprender mais e melhor.

Ainda com base nas ideias de Kenski (2007), as instituições de ensino, como em

qualquer setor, precisam inovar nos seus processos de aprendizagem para acompanhar o

desenvolvimento da sociedade e possibilitar ao aluno um aprendizado mais completo,

dinâmico e contextualizado ao tempo em que vive. Não se trata de padronizar o método de

trabalho de todos os professores em um único formato e de este ser essencialmente

tecnológico, mas de introduzir ao estilo de cada um características mais atuais a fim de

melhorar o ensino e se aproximar do universo de uma nova geração que está nas salas de aula.

Entende-se que hoje se vive numa sociedade extremamente tecnológica, na qual as novas

tecnologias alteram o padrão de relacionamento entre os grupos.

Hoje a tecnologia digital invadiu o dia a dia das pessoas e como consequência faz

parte da realidade de um enorme grupo de alunos, principalmente daqueles que já nasceram e

cresceram rodeados por estas novas tecnologias. No mundo, hoje, encontramos “[...] uma

nova geografia, em que já não importa o lugar onde cada um habita, mas as suas relações de

acesso às novas realidades tecnológicas” (KENSKI, 2007, p. 18). Onde há acesso à

tecnologia, há inclusão e possibilidade de diminuição de barreiras, sejam elas sociais,

culturais, de gênero ou idade. Nesse contexto, o jovem de hoje tem acesso a uma quantidade

de informações maior que os jovens de um tempo quando não existia a internet, por exemplo,

além da possibilidade de interagir com pessoas do mundo inteiro. De alguma forma surgem

cidadãos do mundo, através do acesso por ambientes digitais.

Observa-se que não se pode separar a tecnologia da educação. É preciso ensinar

desde cedo o uso das mais diversas tecnologias. O ser humano precisa se apropriar dela para

se inserir no contexto do mundo atual. O novo papel da escola, segundo Libâneo (2011, p.10)

é:

[...] formar cidadãos participantes de todas as instâncias da vida social

contemporânea, o que implica articular os objetivos convencionais da escola

– transmissão-assimilação ativa dos conteúdos escolares, desenvolvimento

do pensamento autônomo, crítico e criativo, formação de qualidades morais,

atitudes, convicções – às exigências postas pela sociedade comunicacional,

informática e globalizada [...]

Não é possível formar cidadãos participantes de todas as instâncias da vida social

de hoje sem inseri-los no universo da tecnologia digital. Nesse sentido as instituições de

ensino têm uma grande responsabilidade, pois é o espaço social do aprendizado. Uma

43

formação de qualidade deve ser assegurada ao estudante de qualquer nível de formação, seja

do ensino básico ao superior e para isso é fundamental que os professores sejam bem

formados. Exige-se do professor de hoje, segundo Libâneo (2011, p. 12) uma capacidade de:

[...] ajustar sua didática às novas realidades da sociedade, do conhecimento,

do aluno, dos diversos universos culturais, dos meios de comunicação. O

novo professor precisaria, no mínimo, de uma cultura geral mais ampliada,

capacidade de aprender a aprender, competência para saber agir na sala de

aula, habilidades comunicativas, domínio da linguagem informacional, saber

usar meios de comunicação e articular as aulas com as mídias e multimídias.

É fundamental que as instituições de ensino invistam na qualidade, principalmente

em relação aos processos que envolvem a aprendizagem, para que se torne possível uma

integração entre os novos conteúdos, as novas mídias e as novas gerações. O professor deve

ter condições de acompanhar toda essa inovação e inseri-la nas aulas, possibilitando uma

participação mais efetiva de seus alunos. (TERUYA, 2009)

A formação do professor tem importância chave no processo de desenvolvimento

dos seus alunos em consonância com as novas necessidades do mercado e da sociedade em

geral. Observa-se que há pouco interesse pela carreira docente devido à falta de valorização

da profissão de professor. Devido a isso, há também profissionais despreparados em sala de

aula. O professor precisa dominar não apenas conteúdos técnicos ou métodos de ensino, mas

também diversos saberes relacionados a assuntos diversos. O docente precisa de um grande

acervo de conhecimento teórico e prático, além de uma cultura geral ampla, capaz de lhe

possibilitar a elaboração de uma aula mais dinâmica e contextualizada com o universo atual.

(LIBÂNEO, 2011).

É importante a busca de uma Qualidade Total no ensino, que pode ser alcançada

quando se aplicar as novas tecnologias da comunicação e informação “[...] para desenvolver

competências cognitivas e operacionais por meio de uma nova racionalidade nos processos de

aprendizagem baseada na informática”. (LIBÂNEO, 2011, p. 78). Nota-se a importância dada

ao saber fazer. Sendo assim, a tecnologia não é a solução, simplesmente, enquanto

ferramenta. Sua importância vai mais além, pois as mudanças no mundo impõem novas

exigências de formação, como por exemplo, capacitação tecnológica, educação ambiental,

respeito à diversidade, ética, dentre outros conteúdos que surgem cada vez com mais força no

cenário globalizado.

É o professor quem deve conduzir o aluno para a descoberta desses

conhecimentos, levando-o a aprender a aprender, sendo uma espécie de cúmplice de seus

44

alunos no aprendizado. É fundamental relacionar assuntos teóricos com práticas, introduzir

práticas interdisciplinares e inserir nos currículos escolares o viés cultural, no qual a escola

deve registrar seu posicionamento em relação ao caminho de ensino adotado. (DUARTE,

2006)

Em suma, é fundamental desenvolver programas de formação para professores

que não se resumam a treinamentos esporádicos para uso de técnicas, que acabem fugindo da

articulação necessária para uma construção de conhecimento mais densa. Libâneo (2011, p.

88) descreve que uma formação adequada para os professores implica em:

busca respostas aos desafios decorrentes das novas relações entre

sociedade e educação, a partir de um referencial crítico e qualidade

de ensino. Isto supõe levar em conta os novos paradigmas da

produção e do conhecimento, subordinando-os a uma concepção

emancipadora de qualidade de ensino;

uma concepção de formação do professor crítico-reflexivo,

dentro do entendimento de que a prática é a referência da

teoria, a teoria o nutriente de uma prática de melhor qualidade;

utilização da investigação-ação como uma das abordagens

metodológicas orientadoras da pesquisa;

adoção da perspectiva sociointeracionista do processo de

ensino e aprendizagem;

competências e habilidades profissionais em novas condições e

modalidades de trabalho, indo além de suas responsabilidades

de sala de aula, como membro de uma equipe que trabalha

conjuntamente, discutindo no grupo suas concepções, práticas

e experiências, tendo como elemento norteador o projeto

pedagógico.

Todos esses elementos foram citados na íntegra por traduzirem a grande

importância de se investir na formação dos professores. Não haverá uso adequado de

tecnologias se não houver professores preparados para as utilizarem de forma correta. Deve-se

exigir muito do professor, principalmente num momento de quebra de paradigmas, de

modelos de ensino baseados na transmissão de conhecimento para outro com foco na

interatividade e uso de novas tecnologias.

Enfim, falar de uma nova tecnologia quer dizer falar de uma inovação em relação

a algo que já era feito antes de forma diferente. É sair do comum e encontrar novos caminhos,

mais conectados com a realidade do momento. Em se tratando da educação, uma nova

tecnologia quer dizer fazer diferente aquilo já vem sendo feito, ou seja, desenvolver ou

aprimorar os métodos de ensino às novas exigências contemporâneas. Esse é um caminho sem

fim, que deve ser sempre redescoberto pelos professores e estudiosos do assunto. É preciso

45

aprender a desaprender para que novos aprendizados sejam absorvidos sem ranços já

arraigados que impedem a aceitação do novo. (BASTOS, 1997)

Este conceito de novas tecnologias para o ensino atende à demanda de uma

geração que está nas salas de aula e pertence a um mundo tecnológico, onde as mudanças

acontecem diariamente e, devido a isso, já encaram o novo de forma natural. É um grupo com

menos resistência às novidades, em suma é uma geração imersa na tecnologia. Logo,

conhecer as características dos alunos desta nova geração, e das anteriores, faz-se necessário

para que os processos de comunicação e os resultados em sala de aula sejam mais efetivos.

2.8 Gerações

Os novos alunos que ingressam nas IES brasileiras pertencem a uma geração com

comportamento diferente daqueles das gerações anteriores. Este novo grupo pode ser

intitulado de nativos digitais, por terem nascido num mundo onde a internet mudou a forma

como as pessoas se relacionam. (PRENSKY, 2000)

Os nativos digitais são os jovens pertencentes às gerações Y e Z. Já os imigrantes

digitais são aqueles que fazem parte do grupo das gerações Belle Époque, Baby Boomers e

Geração X. Cada grupo possui características que lhes são peculiares, mas que, contudo, não

podem rotular toda uma população. (OLIVEIRA, 2010).

O grupo pertencente à Belle Époque ou também conhecidos como Tradicionais,

nascidos até 1950, são aqueles que já enfrentaram uma grande guerra e um período de forte

recessão. Por conta deste acontecimento, que marcou esta geração, este grupo, que teve a

responsabilidade de reconstruir um mundo, possui as características de praticidade, dedicação,

estabilidade e gosto por estruturas hierárquicas rígidas. (LOIOLA, 2009)

Já o grupo intitulado de Baby Boomers, nascidos entre 1951 e 1964, são

representados pelo desejo de paz, uma vez que são os filhos do período pós-guerra. Este grupo

mudou os padrões de disciplina, ordem e obediência. Buscavam reconhecimento profissional

e pessoal, como fruto do seu trabalho. Além disso, o cuidado com a saúde e o bem-estar

fizeram parte das preocupações desta geração, neste caso, no período de sua maturidade.

(OLIVEIRA, 2010).

Após esta geração surge um novo grupo, nascido entre 1965 e 1983, a geração X.

De acordo com Loiola (2009) esta geração já faz uso da tecnologia e devido a isso já

consegue equilibrar trabalho e vida pessoal. Já pensa em qualidade de vida e tem um perfil

46

cético e superprotetor. Os pertencentes desta geração priorizam o trabalho e respeitam as

autoridades.

Destaca-se, agora, uma geração que nasceu no universo da tecnologia, entre 1984

e 1999. Esta é a geração Y. Este grupo cresceu com a universalização do computador, com a

internet e um mundo mais estável. Possuem autoestima, sabem trabalhar em rede e a relação

de autoridade é diferente daquela estabelecida pela geração anterior, pois lidam com chefes

como colegas. (VERAS, 2011).

Além da geração Y, uma nova geração, nomeada de geração Z já está sendo

estudada e caracterizada. Estes são os jovens nascidos a partir do ano 2000. Este grupo nasceu

no mundo da Web e utilizam o Google para tudo. São inteiramente conectados. De acordo

com Veras (2011, p. 7) “essa geração é calculista, prática, imediatista e tem um poder de

concentração menor do que das gerações passadas”. Este grupo é marcado pelo termo zapear,

ou seja, muda de canal, site, música, constantemente.

Cada geração possui diferenças de comportamentos, conforme observado no

Quadro I, que aponta as principais características das gerações, com exceção da Z:

Tradicionais Baby boomers Geração X Geração Y

Ano de nascimento Até 1950 1951-1964 1965-1983 1984-1999

Perspectiva Prática Otimista Cética Esperançosa

Ética profissional Dedicados Focados Equilibrados Decididos

Postura diante da

autoridade Respeito Amor/ódio Desinteresse Cortesia

Liderança por... Hierarquia Consenso Competência Coletivismo

Espírito de... Sacrifício Automotivação Anticompromisso Inclusão

Quadro 1: Representação das principais características das gerações.

Fonte: Veras (2011, p. 6)

É importante conhecer as principais características de cada geração a fim de

entender quais são os principais conflitos entre estes grupos. Em se tratando da convivência

entre gerações nas Instituições de Ensino Superiores, verifica-se que professores imigrantes

digitais buscam se comunicar, nas suas aulas, com os nativos digitais e usam métodos de

ensino baseados na transmissão de conhecimento. Alguns estudos apontam que é necessária

uma comunicação mais interativa, numa linguagem nova, moderna, mais efetiva, no que diz

respeito ao aprendizado, que leve em consideração as nuances das gerações Y e Z. (SERRES,

2008).

Dessa forma, é importante entender como se dá o processo de ensino para esta

nova geração, os nativos digitais. Compreender como o professor deve fundamentar suas

aulas para que o ensino seja mais efetivo é essencial para que haja aprendizado. A

47

comunicação entre professores e alunos, muitas vezes de gerações diferentes, precisa ser

estudada para que os nativos digitais tenham um ensino mais direcionado, voltado para as

suas necessidades e aspirações.

2.9 O Ensino para Nativos Digitas

Os nativos digitais estão nas salas de aula convivendo e se comunicando com

professores imigrantes digitais. No entanto, esta comunicação precisa ser mais efetiva. Os

professores precisam encontrar métodos de ensino que sejam mais eficazes, no que tange ao

aprendizado, para que este novo grupo de alunos possa aproveitar mais o espaço escolar com

uma apreensão maior dos conteúdos ministrados. Prensky (2001, p.1) afirma que:

Agora fica claro que como resultado deste ambiente onipresente e o grande

volume de interação com a tecnologia, os alunos de hoje pensam e

processam as informações de forma bem diferentes das gerações anteriores.

Estas diferenças vão mais longe e são mais intensas do que muitos

educadores suspeitam ou percebem. [...] é bem provável que as mentes de

nossos alunos tenham mudado fisicamente – e sejam diferentes das nossas.

Ainda de acordo com as ideias de Prensky (2001) os professores imigrantes

digitais precisam adaptar sua linguagem para se comunicar melhor com os nativos digitais. É

preciso ir mais rápido, menos passo a passo, buscando relações aleatórias com outros temas.

Para o autor os conteúdos são divididos em dois: legados e futuros. O primeiro inclui as

tarefas de leitura, escrita, raciocínio lógico, aritmética, ou seja, conteúdos de um currículo

tradicional que, para o autor, continuam importantes. No entanto, precisa dar espaço para o

segundo tipo de conteúdo, o futuro, muito atual, com discussões sobre nanotecnologia,

genoma, mas também sobre sociologia, política, línguas, etc. São temas mais atraentes.

(PRENSKY, 2001)

Para desenvolver métodos de trabalhos eficazes que atendam às necessidades dos

nativos digitais, é muito importante distinguir quais são as principais características dos

alunos, nativos digitais em comparação com os professores, imigrantes digitais. O quadro 2

aponta as principais diferenças entre estes grupos:

48

Alunos Nativos Digitais Professores Imigrantes Digitais

Estão conectados a objetos e a tecnologia é uma

extensão do cérebro.

Controlam objetos e a tecnologia é um recurso

eventual.

Preferem receber informação rapidamente, de

múltiplas fontes.

Preferem a oferta de informação lenta e

controlada, de fontes limitadas.

Preferem processamento paralelo e multitarefa. Preferem processamento linear e tarefas únicas ou

limitadas.

Preferem trabalhar com imagens, som e vídeo, ao

invés de texto.

Preferem oferecer texto ao invés de figuras, som e

vídeo.

Preferem acesso randômico a informação múltipla

hiperligada.

Preferem oferecer informação de forma linear,

lógica e sequencial.

Preferem interagir simultaneamente com muitos,

são adeptos do coletivo.

Preferem ensinar “se for o caso” (pode cair na

prova).

Preferem aprender na hora (just in time) Preferem adiar as gratificações e recompensas para

o final do período.

Preferem gratificação e recompensas instantâneas. Preferem ensinar o que está no currículo e testes

padronizados.

Preferem aprender coisas que são relevantes,

instantaneamente úteis, lúdicas e divertidas

Estão orientados para o trabalho, limitando-se a

cumprir o programa e a fazer os testes de

avaliação.

Quadro 2: Diferenças entre alunos nativos digitais e professores imigrantes digitais

Fonte: Veras (2011, p. 8)

A preparação deste grupo de nativos digitais deve ser encarada com bastante

cuidado, pois as instituições não podem esquecer que têm obrigações quanto à formação dos

seus alunos. Serres (2008, p.19) afirma que:

[...] os desafios impostos pela evolução tecnológica e da sociedade nunca foi

tão grande para as instituições de ensino. Como combinar o potencial das

tecnologias de informação com as missões mais fundamentais da escola, os

da transmissão de conhecimentos e de formação de indivíduos com

autonomia cognitiva e intelectual?

Sendo assim, o grande desafio das Instituições de ensino é encontrar soluções

metodológicas que se aproximem do novo mundo destas gerações, mas que também não

deixem de lado valores fundamentais para a formação de qualquer indivíduo. Acrescenta-se a

isso o fato de que esses valores serão fundamentais para que os nativos digitais tenham

sucesso profissional, pois o mercado exige diversas competências, sejam elas pessoais,

comportamentais ou gerenciais dos novos profissionais. (SERRES, 2008; VERAS, 2011).

Prensky (2008) aprofunda a discussão trazendo à tona o termo “educação de

backup”. Ele afirma que alguns conteúdos que são transmitidos em sala de aula já são

desnecessários, pois o estudante de hoje tem acesso a ferramentas tecnológicas e de

informação que tornam a memorização destes assuntos totalmente dispensáveis. É muito mais

importante preparar este novo estudante para lidar com as possibilidades do mundo moderno,

49

pois no futuro não haverá espaço para assuntos de backup, uma vez que o conhecimento

acerca da tecnologia vai se tornar muito mais poderoso do que já é hoje.

Enfim, é preciso encontrar métodos, que não necessariamente sejam tecnológicos,

mas que mudem a forma como os estudantes são estimulados a pensar. É importante repensar

conteúdos e a maneira pela qual eles serão transmitidos a fim de que haja uma sala de aula

mais interativa, dinâmica, desafiadora, que estimule o aluno a recorrer a múltiplas fontes de

informação, uma vez que a tecnologia permite isso. Os professores precisam se preparar para

este novo universo, pois só assim poderão formar cidadãos prontos para um mundo diferente,

tecnológico, mas que tragam consigo um arcabouço de conhecimento apreendido nas

academias, fundamentais para o sucesso no mundo dos negócios e nas suas vidas em

sociedade. (BASTOS, 1997)

Para que esse ensino, direcionado para os nativos digitais, tenha êxito, é preciso

que as IES desenvolvam políticas administrativas capazes de promover uma melhoria

contínua dos seus processos internos. Os gestores devem inovar a fim de conseguir preparar

alunos nativos digitais otimizando ao máximo suas qualidades e investindo na formação de

competências essenciais para que eles tenham sucesso nos ambientes profissionais. Pensar

numa gestão inovadora implica avaliar os processos educacionais e administrativos e

remodelá-los ou modificá-los de acordo com o mercado e também buscando uma

sustentabilidade para as IES, incluindo o aspecto financeiro.

2.10 Gestão Inovadora das IES

Pensar estrategicamente, agir com velocidade, antecipar-se às novidades, olhar

para frente, enxergar o futuro com clareza. Tudo isso se torna cada vez mais necessário e

desafiador. Gerir uma Instituição de Ensino Superior envolve não apenas conhecimento

técnico sobre gestão, mas também vivência e amor pela educação. Quando se educa, nem

sempre o desejo do aprendiz, que é tido como cliente, pode prevalecer. É preciso impor

limites e conquistar seu aluno pela qualidade e não por facilidades. Reis (2007, p.25) afirma

que:

Alguns princípios são importantes para se pensar um novo modelo de gestão

qualificada: postura ética, formação e valorização das pessoas, vontade de

mudar a cultura institucional, conhecimento da complexidade da educação

superior e a capacidade de planejar, avaliar e repensar a instituição. Além

disso, os princípios se completam e podem ser considerados como

indicadores da capacidade de gestão.

50

Ao pensar em gestão inovadora, não se pode esquecer que inovar não significa

inventar campanhas de marketing que não condizem com a realidade da instituição, baixar

preços das mensalidades sem fazer pesquisa de mercado para ganhar alunos a todo custo,

contratar professores menos preparados para baixar custo e, tampouco, atender às imposições

de alguns alunos para não perdê-los para o concorrente mais próximo. É preciso entender a

realidade do mundo atual e conhecer quem são os jovens, os adultos, e por que não os idosos

de hoje. Saber dos anseios destes, que são possíveis educandos, do universo em que vivem e

quais são suas necessidades é fundamental. De acordo com Franco (2007, p. 64)

Inovação exige conquista de atuação e uma excelente performance docente.

Inovação não é questão de nomenclatura. É de essência. Os resultados

podem ser promissores. Mas para ser considerada inovadora, a IES terá de

investir recursos de monta em publicidade, anunciando a inovação praticada.

A inovação pode resultar da fácil empregabilidade dos alunos formados pela

IES.

Existem caminhos que não podem mais ser desviados, como, por exemplo, o da

tecnologia. Inova-se quando se descobrem recursos tecnológicos que vão contribuir na

formação de um aluno. Vive-se hoje em um mundo que cada vez mais se transforma num

ambiente de colaboração em massa. Pode-se pensar, ainda, em como a tecnologia pode

contribuir no marketing de uma IES. Será que só é possível divulgar cursos em TV, rádio,

outdoor e outros meios de comunicação tradicionais? Por que não produzir um marketing

viral? Por que não participar de comunidades de sites de relacionamento e interagir com seus

participantes? (SANTOMAURO, 2012)

Neto e Carneiro (2007, p.57) afirmam que se observa uma mudança nas

estratégias de marketing adotadas pelas IES:

[...] mostrando não só a evolução entre a oferta de um bom produto ao

envolvimento dos usuários na concepção e aperfeiçoamento dos bens

produzidos – engenharia simultânea – como também a necessidade de

surpreender com a oferta de produtos e serviços inesperados, a partir da

observação das inquietações humanas. Há necessidade de uma destruição

criativa no sentido de que é necessário abandonar práticas antigas para

substituí-las por outras.

Não obstante a tudo que foi descrito, vale destacar que por vezes o

tradicionalismo impede que os gestores da área de educação inovem em suas matrizes

curriculares, que abram espaço para novas ideias diferentes daquelas que são vivenciadas há

51

anos. É possível mudar uma estrutura curricular sem perder a qualidade, tornando-a mais

enxuta, atual e econômica. Pode-se oferecer aulas online, aproximar-se do mercado de

trabalho, da família e da vida do aluno, para conquistá-lo e prepará-lo ainda mais. As IES

ficam muito presas a um sistema tradicional que de acordo com Reis (2007, p.30):

De modo geral, as instituições ainda são gerenciadas de forma tradicional.

Há IES que não estão preparadas para assumir riscos, para inovar seus

modelos de ensino ou de gestão acadêmica e administrativa. Os processos de

decisão são lentos, burocráticos, centralizados, autoritários e corporativos. A

liderança institucional é frágil e fragmentada. As decisões não são pautadas

na visão estratégica e profissional e muitas vezes predomina o “achismo”.

Para obter destaque em um mercado tão competitivo, é preciso criar, utilizar seu

senso inventivo e pensar em tudo que é possível ser feito. Mas antes disso, estudar e

compreender o real sentido da educação. Compreender a responsabilidade de formar pessoas e

profissionais. Não de deve enxergar o ramo de educação como apenas um negócio, mas

também com um negócio que precisa de profissionais, gestores, atentos e de olhos abertos

para aproveitar as oportunidades que surgem. (TACHIZAWA; ANDRADE, 2006)

Com o aprendizado obtido a partir da fundamentação teórica, torna-se possível, no

próximo capítulo, apresentar a metodologia adotada para a realização desta pesquisa. Com a

metodologia bem desenhada a pesquisa passa a apresentar caráter científico e os leitores

podem entender como ela foi desenvolvida.

52

3 METODOLOGIA

Neste capítulo será apresentado todo o planejamento metodológico necessário

para validar a realização da pesquisa. Dessa forma os leitores podem acompanhar e entender

como os resultados foram obtidos. Sendo assim, será possível saber qual a metodologia

utilizada para responder ao objetivo da pesquisa, que busca apontar quais são os métodos de

ensino favoráveis ao aprendizado de alunos da geração Y do curso de turismo da Faculdade

Santa Helena, em Recife, PE.

3.1 Delineamento da pesquisa

A pesquisa que balizou a realização deste trabalho teve um caráter qualitativo, no

qual, ao invés de prender-se a mensurações, o pesquisador buscou descrever, compreender e

interpretar os fatos e fenômenos (MARTINS, 2008). Importante destacar, também, que se

trata de um estudo de caso, que de acordo com Gil, (2009, p. 6) “pode ser considerado um

delineamento em que são utilizados diversos métodos ou técnicas de coleta de dados, como,

por exemplo, a observação, a entrevista e a análise de documentos”.

Ressalta-se, também, que a pesquisa, para esta dissertação teve caráter

exploratório, no qual o pesquisador não obtém uma resposta definitiva para o problema. De

acordo com Gil (2009, p.49), o estudo exploratório

[...] visa é obter uma visão mais acurada do problema para posteriormente

realizar uma pesquisa mais aprofundada. Ou construir hipóteses capazes de

orientar trabalhos futuros. Esta modalidade de delineamento é recomendada

quando o tema escolhido foi pouco explorado ou se pretende abordá-lo sob

novos enfoques.

A importância da utilização do método qualitativo, nos estudos de caso, pode ser

confirmada por Alves-Mazzotti (2006, p.650), quando ela diz que:

O estudo de caso qualitativo constitui uma investigação de uma unidade

específica, situada em seu contexto, selecionada segundo critérios

predeterminados e, utilizando múltiplas fontes de dados, que se propõe a

oferecer uma visão holística do fenômeno estudado.

Já Martins (2008) afirma que o estudo de caso é uma pesquisa naturalística que

investiga os fenômenos dentro do seu contexto real. E assim será conduzido este trabalho, no

53

qual a investigação acontecerá, em profundidade, como deve ser um estudo de caso, no

universo da Faculdade Santa Helena, em Recife-PE, com alunos do curso de Turismo.

3.2 Desenho da pesquisa

Para a realização da pesquisa, optou-se por seguir um roteiro adaptado do modelo

de Yin (2001), com as seguintes etapas: formulação do problema; definição da unidade-caso;

determinação do número de casos; planejamento da pesquisa; coleta de dados; avaliação e

análise dos dados e redação da dissertação. Esta sequência, apresentada no Quadro 3, ao ser

respeitada, confere maior confiabilidade à pesquisa:

Etapa Ação

1 Problema: Quais são os métodos de ensino favoráveis ao aprendizado de

alunos da geração Y do curso de turismo da Faculdade Santa

Helena, em Recife, PE?

2 Definição da unidade-caso: Alunos do curso de turismo da Faculdade Santa Helena; Alunos

da geração Y;

3 Determinação do número de

casos:

Trata-se de um estudo de caso único. Também possui caráter

descritivo.

4 Planejamento da pesquisa: Constitui um guia com os passos para a realização da pesquisa,

contemplando as seguintes informações, segundo Gil (2009):

dados de identificação, introdução, procedimentos de campo;

questões específicas; previsão de análise de dados; e guia para a

elaboração do relatório.

5 Coleta de dados: Pesquisa documental; Entrevista por pauta.

6 Análise dos dados: Será utilizado o método da análise de conteúdo.

7 Redação da dissertação: Trata-se da redação final para a dissertação.

Quadro 3: Etapas da pesquisa

Fonte: Autoria própria, 2012

Assim, o primeiro momento da pesquisa foi dedicado à formulação do problema.

Essa etapa foi marcada pelo levantamento bibliográfico acerca do tema pesquisado, a fim de

garantir uma base teórica que sustentasse a elaboração desta dissertação. A definição desse

problema foi de fundamental importância, pois, só depois de tê-lo apresentado de forma clara,

é que foi possível compreender que se tratava de um trabalho em que o estudo de caso é o

modelo mais apropriado de pesquisa. Delimitou-se como unidade-caso do estudo o

grupo de alunos da geração Y do curso de Turismo da Faculdade Santa Helena. Em relação

54

ao período de realização da pesquisa, optou-se por fazê-la no semestre de 2012.1, com a

coleta de dados programada para os meses de maio e junho.

3.3 Locus da Investigação

O locus de investigação desta dissertação é Faculdade Santa Helena – FSH,

localizada em Recife-PE, no Bairro da Madalena. A FSH, com aproximadamente 15 anos de

atuação no mercado pernambucano, possui cursos de graduação na área de negócios,

especificamente formando alunos em administração, ciências contábeis e turismo.

A criação da Faculdade Santa Helena se deu no ano de 1999, após a fundação da

Associação Século XXI de Educação, Ciência e Cultura, sua Mantenedora, através da Portaria

Ministerial N.º 1434 em 01/10/1999 – D.O.U. de 04/10/1999 – Seção 1. A Faculdade Santa

Helena, em 1999, implantou os cursos de Graduação nas áreas de Administração, com ênfase

em Gestão de Negócios; Turismo, com ênfase em Hotelaria; e Ciências Contábeis. No

decorrer de sua história educacional, a Instituição sempre se manteve prestando serviços

relevantes à sociedade recifense e região, e sempre se preocupou com a formação de

profissionais aptos para o exercício profissional e cidadãos conscientes.

A Faculdade Santa Helena é uma Instituição que incentiva um ensino moderno,

apoiado em uma base de princípios humanísticos e éticos cujos ideais se voltam para a

transformação da sociedade atual, em uma sociedade cidadã, consciente dos seus direitos e

deveres, pretendendo, como fonte propulsora, que seus alunos mudem o meio em que vivem,

através de pilares sustentados pela autoaprendizagem. Assim, faz-se necessária a apreensão de

conceitos e paradigmas inovadores, como forma de possibilitar ao indivíduo o pleno exercício

da cidadania responsável e a qualificação profissional, condições indispensáveis para sua

inserção e ascensão social.

É com essa filosofia que a Faculdade Santa Helena baseia seu planejamento

estratégico, a fim de que proporcione uma orientação necessária para que os cursos que fazem

a IES possam alcançar o cumprimento com êxito das suas missões e objetivos levando a toda

comunidade a oportunidade para poder transformar em realidade um país mais justo onde a

democracia no seu sentido mais completo possa se efetivar.

Depois de conhecer a Faculdade Santa Helena, é importante apresentar o curso de

turismo, para que se compreenda o ambiente pesquisado. O Bacharelado em Turismo da FSH

apresenta como objetivo geral formar profissionais aptos à pluralidade de competências no

desempenho do trabalho ético e sustentável no campo do turismo, com ênfase nas seguintes

55

áreas: Organização, Planejamento e Gestão de Empresas de Turismo; Gestão Hoteleira

Lazerística e Hospitalar; Criação e Desenvolvimento de Eventos; e Produção Cultural. O

curso está organizado em regime de módulos, e se organiza em 6 períodos letivos, semestrais,

em um total de 2.440 horas-aula de tempo útil.

Vale ressaltar que o curso de Turismo foi concebido de forma a proporcionar uma

vivência acadêmica e profissional inovadora, com vistas à formação de gestores e

empreendedores de múltiplas habilidades, efetivamente qualificados às necessidades do

mercado de trabalho. Mais que uma graduação tradicional, a matriz curricular do Curso de

Turismo oferece um avançado modelo educacional em módulos que possibilita uma maior

autonomia no processo de aprendizagem, além de viabilizar a antecipação da atuação

profissional do aluno nas áreas de interesse para a sua carreira. Por exemplo, já a partir do

segundo módulo o aluno estará capacitado para atuar como produtor cultural; após o terceiro

terá recebido as habilidades necessárias à formação de um agente de viagem; ao completar o

quarto módulo, dominará as competências voltadas às atividades gestoras dos meios de

hospedagem, tanto lazerísticas quanto hospitalares; ao finalizar o quinto módulo, terá

apreendido a formação necessária ao organizador e planejador do turismo, desde a sua

inventariação de potencialidades, concepção de produtos, gestão, marketing até a

comercialização; o sexto módulo o tornará capaz de exercer as múltiplas atividades ligadas ao

lazer e à recreação em geral, assim como criar e gerir eventos em todas as suas tipologias.

Concluídos todos os módulos, estará formado um Bacharel com sólidos conhecimentos

teóricos e práticos, pronto a contribuir para o desenvolvimento do turismo e à sociedade em

geral.

Essa modalidade de aprendizado permite ao aluno combinações conforme seu

interesse. O módulo um, Integrador, associado às disciplinas comuns aos cursos de

Administração e de Ciências Contábeis, possibilita que o Bacharel em Turismo complemente

a sua formação multidisciplinar em tempo reduzido e a baixo custo, tornando-se também

Administrador, ou ainda um Contador. Por outro lado, Administradores e Contadores também

terão a opção de ampliar seus conhecimentos e ampliar seu mercado de trabalho através dos

módulos do Curso de Turismo. Assim, a concepção curricular em módulos apresenta

benefícios que se ampliam além do próprio Curso de Bacharelado em Turismo: maior

flexibilidade, desenvolvendo a vocação dos alunos e diversificando as suas aptidões;

integração curricular, promovendo a interdisciplinaridade de conhecimentos científicos,

tecnológicos e criativos; e ainda convalidação de competências e economia, pois o tempo de

conclusão de um segundo curso superior e o valor investido torna-se reduzido.

56

Uma vez conhecida a Faculdade Santa Helena e o curso de Turismo, justifica-se o

fato pela escolha do local, por primeiro, o pesquisador conhecer bem a IES e ser o

coordenador do curso, mas também, por constatar que os alunos de Turismo possuem uma

faixa-etária, na sua maioria, dentro do perfil desejado na pesquisa. São estudantes oriundos do

ensino médio, que, notadamente, relacionam-se com mídias sociais de forma intensa, fator já

identificado pela própria instituição. Logo, a escolha por se trabalhar com o curso de turismo

não foi aleatória.

3.4 Sujeitos da Pesquisa

A pesquisa foi desenvolvida junto aos alunos do curso de turismo da Faculdade

Santa Helena, pertencentes à geração Y. O curso de turismo da FSH possuía, no momento da

pesquisa, em 2012.1, 193 alunos, divididos em seis períodos, do primeiro ao sexto e último.

Como se tratou de uma pesquisa de caráter qualitativo a amostra foi determinada pela

saturação, ou seja, as entrevistas foram interrompidas quando os resultados começarem a se

repetir e o investigador pôde observar que o grupo pesquisado já garantiu o alcance das metas

estabelecidas. Neste caso, foram entrevistados 23 alunos, momento no qual já se identificou

uma saturação. Este grupo de alunos pertence a turmas diferentes, a fim de evitar vieses. De

acordo com Thiry-Cherques (2009, p.21) a saturação:

[...] designa o momento em que o acréscimo de dados e informações em uma

pesquisa não altera a compreensão do fenômeno estudado. É um critério que

permite estabelecer a validade de um conjunto de observações.

Alguns pontos, que têm relação com o grupo escolhido para a realização da

pesquisa, precisam ser levantados, tanto sob suas implicações positivas como também pelas

negativas. Primeiramente, ressalta-se que há grande envolvimento do pesquisador com a

Faculdade Santa Helena, pois o mesmo é o coordenador geral e do curso de turismo da IES há

cinco anos. Nesse sentido, como fator favorável à pesquisa deve-se considerar o acesso, por

parte do pesquisador, às informações de forma fidedigna, pois o mesmo pôde obter dados

diretamente do sistema gerencial da Faculdade, além de ser o principal elo entre professores e

alunos do curso. Um fator que o pesquisador teve o máximo de atenção, que poderia ter

implicação negativa, deve-se também pelo seu envolvimento com a IES. Por isso, houve o

cuidado, para que, através da utilização correta dos instrumentos de pesquisa, não houvesse

57

vieses que comprometessem a qualidade do trabalho. Na realidade esse tipo de preocupação

deve existir com todo estudo de caso, pois conforme Martins (2008, p. xiii):

Como o pesquisador, em geral, conhece profundamente o fenômeno em

estudo, ou melhor, pensa que o conhece totalmente, poderá,

deliberadamente, enviesar os dados e evidências de forma a comprovar suas

pressuposições iniciais.

Enfim, o interesse pela qualidade do trabalho pôde ser destacado tanto pelo

âmbito pessoal, por ser um assunto de total interesse do pesquisador, que já atua no ramo de

educação há aproximadamente 10 anos, como também pela esfera profissional, por se tratar

de um trabalho realizado dentro da Instituição que o pesquisador coordena. Nesse sentido,

reforça-se o interesse duplo pela realização e fidedignidade da pesquisa.

3.5 Instrumentos para coleta de dados

Segundo Merriam (1988) um estudo de caso coloca o investigador em uma

espécie de oceano, sem que o mesmo esteja mapeado. Por isso, o pesquisador tem que: ser

capaz de formular boas questões – e interpretar as respostas; ser um bom “ouvinte” - e não ser

atrapalhado por suas próprias ideologias ou preconceitos; ser adaptável e flexível – para que

situações novas possam ser vistas como oportunidades, não como ameaças; ter noção clara

dos assuntos em estudo, mesmo no modo exploratório; ser imparcial sobre as noções

preconcebidas – incluindo as derivadas da teoria.

No estudo de caso, utiliza-se mais de uma técnica de coleta de dados e os

resultados obtidos devem ser provenientes da convergência ou da divergência das observações

obtidas de diferentes procedimentos. Os dados podem ser coletados através de seis fontes de

evidência: documentação, registros em arquivos, entrevistas, observações diretas, observação

participante e análise de artefatos físicos. No entanto, a lista não é taxativa. (MARTINS,

2008)

Para o trabalho em questão, realizou-se uma pesquisa documental, uma vez que o

pesquisador tem acesso à base do banco de dados da Faculdade Santa Helena e a relatórios de

avaliação dos professores do curso.

Outra fonte de dados foram as entrevistas por pauta (ver apêndice A), pois o seu

número reduzido de perguntas possibilita, por parte do entrevistador, aprofundar ao máximo o

tema pesquisado. Essas entrevistas:

58

Orientam-se por uma relação de pontos de interesse que o entrevistador vai

explorando ao longo de seu curso. O entrevistador faz poucas perguntas

diretas e deixa o entrevistado falar livremente, à medida que se refere às

pautas assinaladas. Mas, à medida que vai se afastando da pauta, o

entrevistador vai intervindo de maneira sutil, dando prosseguimento à

entrevista. (GIL, 2009, p. 64)

Este tipo de entrevista foi feita com alunos de maneira a obter, com poucas

perguntas, o máximo de informações que relevantes para o trabalho. No entanto, houve uma

pauta, a fim de que os entrevistados não fugissem do foco da pesquisa.

3.6 Pré-teste

Foi realizado um pré-teste dos instrumentos de pesquisa, com 3 alunos, da geração

Y. Dessa forma, tornou-se possível saber se os instrumentos utilizados, neste caso as

entrevistas, estavam claros e atendendo às necessidades do estudo. A partir deste pré-teste,

constatou-se que o ordenamento das perguntas estava adequado ao objetivo do trabalho,

possibilitando aos entrevistados dar respostas claras e contextualizadas ao foco da pesquisa.

Nesse momento também foram testados os equipamentos de som, utilizados para

as gravações das entrevistas. Verificou-se, ainda, que as respostas dos alunos tinham uma

tendência a serem breves, o que levou o pesquisador a repetir questões e insistir em alguns

pontos a fim de que os alunos pesquisados detalhassem ao máximo suas respostas.

3.7 Tratamento dos dados

Para o tratamento dos dados foi utilizado o método da análise de conteúdo. De

acordo com Bardin (1977, p.42), a análise de conteúdo é:

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por

procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das

mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de

conhecimentos relativos às condições de produção/recepção [...] destas

mensagens.

Com a interpretação dos dados sendo feitas por meio da análise de conteúdo, foi

possível analisar todas as entrevistas realizadas, com o cuidado necessário ao aproveitamento

das informações relevantes para a dissertação.

59

Todas as entrevistas foram transcritas de forma literal, a fim de manter as

expressões e termos que faziam parte das mensagens. Essa transcrição permitiu uma leitura

cuidadosa das entrevistas, momento que possibilitou a criação de um quadro com os

principais trechos de cada entrevistado, no que tange aos assuntos pesquisados.

Como se tratou de entrevistas por pauta, inicialmente se pôde categorizá-las com

base nas próprias perguntas, porém como este tipo de método abre espaço para que o

entrevistado possa falar do tema de forma livre, como consequência, novos itens acabam

surgindo, que não estavam previstos, mas que enriquecem sobremaneira o trabalho.

Com os novos itens foi possível criar categorias baseadas nas entrevistas (ver

apêndice B) e relacioná-las com as perguntas que foram feitas. Destaca-se que as perguntas

em pauta buscavam respostas para o problema de pesquisa e devido a isso serviram como uma

sequência lógica que norteou as perguntas e garantiu uma unidade de trabalho.

Depois desta etapa foi possível identificar a frequência das respostas que tinham

relação com cada categoria. Com esta frequência foi possível avaliar a importância de cada

categoria, na visão dos entrevistados e fazer inferências mais ricas e substanciadas.

3.8 Limites e limitações do estudo

Algumas limitações precisaram ser consideradas na pesquisa. Primeiramente,

como se tratou de um estudo de caráter descritivo/exploratório, foi preciso entrar num

universo ainda novo, um campo de pesquisa que está em fase de discussões. A escolha por

trabalhar com estudantes da geração Y em instituições de ensino superior, com foco nos

métodos de ensino, não possuía um arcabouço teórico específico, no entanto, pesquisas sobre

cada uma destes temas deram condição de fundamentar a dissertação.

Outra limitação encontrada deve-se ao fato de que os alunos tinham uma

tendência a responder as perguntas de forma breve, cabendo ao entrevistador conseguir

respostas mais amplas. Além disso, por se tratar de um estudo de caso único, os resultados

obtidos não podem ser generalizados, uma vez que apontam a realidade de um determinado

local, com sujeitos de pesquisa que são diferentes dos de outros locais, que sofrem, inclusive,

uma interferência da cultura da organização onde estudam.

O estudo em questão teve como limite o universo de alunos do curso de turismo

da geração Y. Não se poderiam fazer entrevistas fora deste escopo, pois a pesquisa iria perder

seu valor, uma vez que o objeto de estudo se resume ao grupo da geração digital.

60

4 ANÁLISE DE DADOS

Este capítulo apresenta os resultados encontrados na pesquisa, respondendo ao

objetivo geral e aos específicos. Sendo assim, optou-se em apresentar a análise de dados em

tópicos, nomeados com base nestes objetivos. O primeiro objetivo específico aponta quais são

os métodos de ensino mais utilizados pelos professores, na visão dos alunos; o segundo

objetivo específico descreve quais os métodos de ensino são mais favoráveis ao aprendizado;

e o terceiro e último objetivo específico faz uma relação entre os métodos de ensino e as

características dos nativos digitais. Enfim, juntos os objetivos mostram quais são os métodos

de ensino favoráveis ao aprendizado de alunos da geração Y da Faculdade Santa Helena,

sendo este o objetivo geral do estudo.

4.1 Métodos de ensino utilizados pelos professores (primeiro objetivo específico)

A realização da pesquisa para a concretização desta dissertação teve o intuito

inicial de identificar o método de ensino utilizado pelos professores, na visão dos alunos. Para

isso, foi adotado o modelo de Libâneo (1994), no qual ele divide os métodos de ensino em 5

grupos, a saber:

Método de exposição pelo professor;

Método de trabalho independente;

Método de elaboração conjunta;

Método de trabalho de grupo; e

Atividades especiais.

Os sujeitos pesquisados, alunos do curso de turismo da Faculdade Santa Helena,

Recife-PE, foram questionados, para falarem livremente, sobre a forma pela qual os seus

professores ministravam as aulas, ou seja, como o conteúdo de uma disciplina era trabalhado

pelo professor. Assim, buscou-se com êxito evitar vieses, pois se no ato da entrevista fossem

dadas categorias de métodos de ensino para o aluno escolher, poderia haver uma tendência a

optar por qualquer uma delas, evitando a reflexão por parte do entrevistado.

Até mesmo o termo “método de ensino” não foi utilizado na entrevista, para evitar

interpretações diferentes. Sendo assim, os alunos entrevistados tinham que descrever a forma

61

pela qual as aulas eram ministradas, detalhando, ao máximo, um dia completo, com

atividades, exercícios, trabalhos em grupo.

Antes de fazer um paralelo entre as respostas alcançadas nas entrevistas e o

modelo de métodos de ensino apresentado por Libâneo (1994), é importante destacar os

pontos de maior relevância encontrados na pesquisa. Inicialmente, vale reforçar que todos os

entrevistados responderam às perguntas de forma livre, sem nenhuma referência de métodos,

como já foi dito, a fim de evitar um viés. Coube ao pesquisador fazer as devidas alusões,

através de uma análise de conteúdo, para encontrar as relações entre as respostas e os

objetivos da pesquisa delimitados em cada pergunta. No quadro abaixo, verifica-se a

frequência das respostas:

Como as aulas são ministradas

Perguntas Respostas Total

Como as aulas são ministradas? Método de exposição pelo

professor (datashow) 16

Em algumas entrevistas, nota-se que o uso do

datashow não impede que a aula seja produtiva.

Porém há vários relatos de que este instrumento

deixa a aula cansativa e pouco interativa.

Método de trabalho em grupo

(debate) 6

Método de trabalho em grupo

(trabalho em grupo) 8

Método de trabalho

independente

(atividades/exercícios)

4

Método de trabalho

independente (leitura) 3

Quadro 4: Frequência para pergunta de como as aulas são ministradas.

Fonte: Dados da pesquisa, 2012

Para apresentar os resultados de acordo com o modelo proposto nesta pesquisa, as

categorias encontradas no quadro 4 foram relacionadas aos métodos de ensino propostos por

Libâneo (1994). Sendo assim, quando se fala em uso de datashow, faz-se uso do método de

exposição pelo professor. O debate e o trabalho em grupo representam o método de

trabalho em grupo e o uso de atividades, exercícios e de leitura se enquadra no método de

trabalho independente.

4.1.1 Método de exposição pelo professor (uso de datashow)

Com base nas respostas dadas pelos entrevistados, destaca-se que prioritariamente

os professores fazem uso de datashow para ministrar os assuntos de suas disciplinas para os

alunos. Quanto a este recurso é importante tecer alguns comentários. Observa-se que os

62

alunos reconhecem que há um uso exagerado do datashow e que por isso os professores

acabam deixando de preparar suas aulas utilizando métodos mais eficientes para o

aprendizado. Algumas vezes as aulas se tornam cansativas porque o docente não abre muito

espaço para a participação de seus alunos, pois abordam temas extensos, com pouca interação

com a sala. Alguns trechos das entrevistas merecem comentários:

“A maioria das aulas hoje que eles passam pra gente é em formato de slide.”

(aluna S.K., 23 anos)

“Geralmente é só explicar mesmo o assunto, utiliza slides, vídeos, essas coisas.”

(aluna J.L,. 19 anos)

“A maioria dos professores usa mais o tradicional, quadro, slide, basicamente é

isso. Alguns ainda se arriscam com métodos de ensino que facilitam a

compreensão dos alunos.”(aluno J.C, 21 anos).

Observa-se que os alunos, em seus discursos, deixam transparecer um certo

cansaço em relação a esta forma de ensinar. O aluno J.C., por exemplo, analisa que, quando se

faz algo diferente, o professor está arriscando. Este comentário pode deixar subentendido que

o aluno em questão enxerga certa acomodação do docente, que não investe em métodos mais

dinâmicos.

No entanto, não foram todos os discursos que apontaram desinteresse por este

método. Vários entrevistados apenas expuseram que esta forma de transmissão de conteúdo é

a mais utilizada em sala. Sendo assim, é correto afirmar que o método mais utilizado pelo

professor, na visão dos alunos é o de exposição. Com base em Libâneo (1994, p. 161) este

método pressupõe que “a atividade dos alunos é receptiva, embora não necessariamente

passiva”. Neste caso o ato de expor abre espaço para a interação.

4.1.2 Método de trabalho em grupo (debate)

Outra forma utilizada pelos professores em suas aulas é o debate. Observa-se a

ocorrência deste método nos trechos abaixo:

“Num momento inicial dá teoria, dá introdução e logo após vem o debate pra

saber a opinião de cada um.” (aluno R..G., 20 anos).

63

“Assim, em alguns que trabalham com mais atividades de sala, com debates. Eles

preferem mais textos, mas geralmente a maioria se apega mais no texto, a maioria

vem em sala de aula e trabalha com leitura então basicamente a gente lê

bastante.” (aluna S.F., 21 anos).

Nas aulas, ressalta-se que os professores fazem debates acerca dos assuntos a

serem ministrados. Os debates não aparecem com tanta frequência quanto à aula expositiva,

mas são lembrados por um número relevante de alunos. O debate acontece, como pôde ser

observado, após a apresentação inicial do assunto, o que dá ao aluno conhecimento anterior

sobre o tema e condição de interagir com o grupo expondo a sua compreensão sobre o

conteúdo em questão. Nesse caso, os professores trabalham com o método de exposição, em

conjunto com outros métodos, tais como o de trabalho independente, no qual os estudantes

podem ter espaço para uma reflexão maior sobre o tema e o de trabalho em grupo. Neste

último, o professore reúne grupos de 3 a 5 alunos para que eles interajam entre si e depois

exponham seus comentários em debate.

4.1.3 Método de trabalho em grupo (trabalho em grupo)

No que tange ao método de trabalho em grupo, vê-se que é um formato muito

utilizado pelos professores. Este método consiste, a partir da ideia de Libâneo (1994, p.170),

“em distribuir temas de estudo iguais ou diferentes a grupos fixos ou variáveis, compostos de

3 a 5 alunos”. Neste tipo de método merece destaque a realização do seminário, no qual os

alunos, em grupo, preparam uma apresentação sobre um tema pré-determinado pelo professor.

Depois das apresentações pode haver espaço para um debate ou uma conversação didática em

relação ao assunto com a turma. Geralmente estes seminários são de cunho avaliativo,

contribuindo para a nota final dos alunos nas disciplinas. O seminário, de acordo com Rangel

(2007, p.56), “[...] é uma das formas de se abordarem vários subtemas relacionados ao tema

geral, amplo”. A colocação abaixo embasa essa percepção:

Aqui é assim, cada professor tem um jeito. Tem professor que trabalha usando a

internet, tudo o que ele quer fazer é através da internet e outros não, outros vão

mais no contato com o aluno, com seminário, que eu acho que é uma forma muito

64

boa de você conhecer o aluno. Eu acho que é mais ou menos isso. (aluna G.F., 28

anos)

Para a aluna G.F. o método de trabalho em grupo possibilita ao professor

conhecer melhor seus alunos. Talvez porque todos têm espaço para se apresentar e serem

vistos pelo docente. Em sala, em aulas expositivas, muitas vezes alguns alunos não abrem

espaço para outros colegas interagirem. Há uma dominância de poucos e como consequência

muitos outros preferem não expor suas opiniões na aula.

4.1.4 Método de trabalho independente (atividades/exercícios)

Já as atividades e exercícios podem ser enquadrados no método de trabalho

independente. Este método pressupõe que o professor dê tarefas para que seus alunos as

desenvolvam com seu devido acompanhamento e orientação. No entanto, esta orientação não

pode tolher a criatividade do aluno, tampouco impedir que ele se arrisque em respostas. O

erro faz parte deste processo (LIBÂNEO, 1994).

Houve relatos deste tipo de método sendo utilizado pelos professores em sala de

aula.

“O professor chega na sala de aula, passa o que ele vai trabalhar naquele dia, ele

explica o conteúdo, pode ter uma dinâmica ou não, geralmente não tem, e passa

uma atividade relacionada ao conteúdo que ele deu nesse dia.” (aluno C..B., 20

anos)

Neste caso citado, o professor apresenta o tema no início das aulas e depois abre espaço

para que os alunos possam trabalhar individualmente os assuntos. É um formato que permite a fixação

de um conteúdo, porque estimula cada um a pensar individualmente.

4.1.5 Método de trabalho independente (leitura)

A leitura para Rangel (2007) não pode ser considerada exclusivamente

individualizada porque, mesmo quando há a leitura, existe um diálogo entre o autor e o leitor.

A leitura também pode ser utilizada no método de trabalho independente quando o professor

aplica um estudo dirigido. Nesta técnica, que se enquadra, também, no método de trabalho

independente, o aluno faz leituras prévias de alguns textos, por exemplo, para formar sua

65

opinião sobre o assunto, com o objetivo de ter condições de elaborar seus próprios conceitos

sobre o tema. O estudo dirigido pode ser feito em duplas. A aluna R. S., diz:

“Trabalha com debate, discussão em sala sobre o tema específico a cada dia, a

atividade em grupo, a maioria é atividade em grupo. Trabalha também com o

texto, com leitura em voz alta para a turma; trabalha muito com dinâmica

também.” (aluna R..S., 19 anos)

.

“Eles preferem mais textos, mas geralmente a maioria se apega mais no texto, a

maioria vem em sala de aula e trabalha com leitura então basicamente a gente lê

bastante.” (aluna S..F., 21 anos).

Alguns professores levam textos para serem lidos e debatidos em sala de aula. No

caso da aluna R.S, vê-se o uso de mais de um método de ensino. É possível trabalhar estes

métodos paralelamente, como forma de melhorar a aprendizagem. No discurso acima foi

possível inferir que o uso dos métodos são simultâneos.

4.1.6 Atividades Especiais

Em pesquisa documental, através da análise dos planos de aula dos professores,

observa-se que muitos incluem nos seus planejamentos o método de Atividades Especiais

com a realização de estudos do meio, no qual os alunos fazem atividades de campo para

conhecer a realidade social que os circunda. No entanto, apesar de ser uma atividade comum

em algumas disciplinas, os alunos entrevistados não fizeram menção a este método.

4.1.7 Métodos mais utilizados pelos professores

Enfim, observa-se que o método mais utilizado em sala de aula é o de exposição

pelo professor. No entanto, este método é trabalhado, comumente, em conjunto com outros, o

que pode ser observado em vários discursos. Como os alunos têm 4 horas de aula por dia, da

mesma disciplina, é preciso que o docente crie alternativas pedagógicas para possibilitar um

aprendizado mais efetivo para o aluno. O trecho abaixo corrobora com o que foi elencado

acima, afirmando que o professor:

66

“Bom, assim, as aulas elas são bem dinâmicas. Eles se esforçam realmente para

passar pra gente e pra turma o conteúdo, com slides e ainda a apresentação

diariamente de Datashow. E as aulas são bem dinâmicas. Alguns professores

dependendo da matéria, eles utilizam a dinâmica de grupo, que facilita bastante o

aprendizado... Assim, a participação geral com a sala, se dividindo em grupos e

apresentações.” (aluno L.P., 23 anos).

“A maioria dos professores utilizam slides, debates e tal. Mas assim o que eu acho

mais interessante em todos eles é assim a fixação do aluno aprender. O maior

interesse do professor não é que o aluno decore o assunto.” (aluno P.V., 19 anos)

Assim como observado nestes discursos, vê-se, com clareza, que o método de

exposição está presente em praticamente o discurso de todos os alunos, porém, na maioria das

vezes aparece junto de outros métodos complementares. Há debates, interação com a turma,

leituras, exercícios. Juntos, estes métodos acabam garantindo uma boa percepção de qualidade

por parte dos alunos.

E vale ressaltar que essa percepção de qualidade pode ser comprovada por meio

das pesquisas de satisfação dos docentes realizadas pela Faculdade Santa Helena, com a qual

foi possível ter acesso aos resultados de todas as turmas, incluindo todos os professores do

semestre de 2012.2 e 2012.1. Nesses dois semestres, os alunos avaliaram positivamente os

professores.

4.2 Métodos de ensino favoráveis ao aprendizado (segundo objetivo específico)

Logo após conhecer os métodos de ensino utilizados pelos professores em sala de

aula, a pesquisa buscou identificar os métodos que os alunos afirmam que mais aprendem. O

quadro 5 apresenta, em categorias, e também em frequências, as respostas encontradas na fase

de pesquisa.

67

Como os alunos aprendem

Perguntas Respostas Total

Como aprende? Competência da comunicação

(dinamismo/interação) 12

Muitos entrevistados destacam que querem que

os professores saiam um pouco do método de

só falar, falar, falar... Mesmo que não tenha

sido comentado pela maioria, verifica-se que o

relacionamento com o professor faz diferença

no aprendizado. Slide não é sinônimo de aula

chata. Trata-se do uso dos slides. O professor

deve ajudar fora da sala também, preocupar-se

de verdade com o aluno. Busca-se um professor

com características de liderança.

Competência do domínio da área do

conhecimento (relação entre teoria e

prática)

6

Competência da Empatia

(descontração) 5

Competência da visão sistêmica

(contextualização do assunto) 4

Competência do relacionamento

interpessoal (relacionamento com o

professor)

7

Método de trabalho em grupo

(debate) 10

Método de trabalho em grupo

(trabalho em grupo) 5

Método de exposição pelo professor

(datashow) 9

Método de trabalho independente

(atividades/exercícios) 4

Atividades especiais (visita técnica) 4

Quadro 5: Frequência para pergunta de como aprendem.

Fonte: Dados da pesquisa, 2012

Antes de comentar cada item, fazendo inferências e observações acerca do

material coletado, é importante relacionar as categorias criadas com os métodos de ensino,

seguindo o modelo de Libâneo (1994). É importante ressaltar, também, que no quadro 5

alguns tópicos não são caracterizados como métodos, tais como dinamismo/interação,

relacionamento com o professor, relação teoria e prática, descontração e contextualização do

assunto. No entanto, foram resultados da pesquisa e merecem ser discutidos, uma vez que

tiveram frequência relevante. Aqui eles serão considerados como competências para o ensino

e serão discutidas antes mesmo de apresentar os resultados dos métodos de ensino mais

favoráveis ao aprendizado dos alunos, segundo a percepção deles mesmos.

4.2.1 Competências para o Ensino

Os tópicos que aparecem no quadro 5 e não são considerados métodos de ensino

podem ser caracterizados como competências para o ensino. De acordo com Fleury (2002, p.

53)

68

Nos últimos anos, o tema competência entrou em pauta nas discussões

acadêmicas e empresarias associando as diferentes instâncias de

compreensão: no nível da pessoa (a competência do indivíduo), das

organizações (core competences) e dos países (sistemas educacionais e

formação de competências).

Aqui será adotado o modelo de Pereira (2007) no qual há uma divisão das

competências dos docentes entre os grupos de conhecimentos, habilidades e atitudes. Das

características que foram apontadas pelos alunos nas entrevistas é possível enquadrá-las da

seguinte forma, a partir de um resumo de Pereira (2007), adaptado especificamente aos

resultados desta pesquisa:

Conhecimentos: destaca-se uma competência por ter sido citada

espontaneamente pelos alunos. Considera-se a formação do docente com o

seu domínio da área de conhecimento. Só assim, o professor pode ter base

para relacionar a teoria e a prática.

Habilidades: neste grupo, destaca-se a questão da competência da

comunicação, representando a capacidade de dinamizar uma aula e

interagir com os alunos; a competência da visão sistêmica, que permite

contextualizar o assunto; e a competência do relacionamento interpessoal

que é marcada pela relação do professor com sua turma.

Atitudes: em relação às atitudes, infere-se que mais próximo à

característica de descontração apontada pelos alunos nas entrevistas,

encontra-se a competência da empatia. Neste caso, a descontração pode

aproximar professor e aluno, deixando o ambiente mais aberto, com maior

espaço para conselhos e sugestões.

O modelo de Pereira (2007) elenca um grupo de 14 competências, as quais não

foram retratadas neste trabalho por não configurarem o objetivo da pesquisa. Apenas foram

mencionadas aquelas que surgiram nas entrevistas de forma espontânea e que podem servir de

base para futuros trabalhos, uma vez que foram colocadas por alunos da geração Y como

sendo importantes para eles.

As aulas, independentemente do método a ser trabalhado, podem ser dinâmicas,

considerar o universo dos alunos, descontraídas, relacionadas com a prática e facilitadas a

partir do relacionamento entre o professor e o aluno. Neste último caso, pode-se observar que

69

há o surgimento do sentimento de confiança e respeito pelo educador, por parte dos alunos,

sentimento que favorece com que o educando tenha uma atitude de interesse pela matéria

dada pelo professor que se relaciona positivamente com a turma. Não se trata de uma postura,

por parte do professor, permissiva, mas de respeito, com separação entre o universo pessoal e

profissional.

4.2.1.1 Competência da comunicação (dinamismo/interação)

Inicialmente já merece destaque a categoria da competência da comunicação

(dinamismo/interação). Estes dois itens, dinamismo e interação, aparecem juntos por que

quando os entrevistados falavam de dinamismo, faziam referência à interação, ou seja, a

comunicação entre professor e aluno em sala e aula. Esta interação pode fazer parte de

qualquer um dos métodos de ensino, sendo na realidade uma condição para que funcionem

adequadamente. De acordo com Medeiros (2007) há uma relação entre comunicação e

conhecimento, uma vez que o aluno só consegue perceber o grau de conhecimento de um

professor a partir de sua habilidade de comunicação. E é na interação que a comunicação

acontece de forma eficaz.

Os métodos só vão funcionar se o professor conhecer o grupo com o qual ele vai

trabalhar. Em suma, a comunicação é essencial para todo o processo educativo. Por isso,

acredita-se que este item teve destaque por parte dos alunos. Quando o professor apenas fala,

sem que haja uma interação, ou um maior dinamismo, o encontro se torna cansativo, pois o

personagem principal do processo deixa de ser o aluno e se torna o professor.

“Eu gosto quando sai dessa coisa, porque quando fica lá na frente, passa, passa,

passa slide e ele fica só falando, falando, falando. É interessante quando divide a

turma e assim cada turma fica com um tema e fica discutindo aquele tema, aí você

vai expor para os outros grupos o que o seu tema aborda. Com professor que se

destaca porque sabe passar bem a informação. Interessa a forma como ele explica,

assim, meio que o diálogo dele.” (aluna S.K., 23 anos)

“As aulas poderiam ser ministradas de forma mais dinâmica, porque puxa o aluno

para participar mais, interagindo junto com o professor e não daquela forma de só

falar, falar, falar, porque a aula fica monótona.” (aluno R.F., 26 anos)

70

O diálogo que o professor estabelece com o seu grupo de trabalho faz com que

todos se tornem protagonistas do processo de aprendizado, podendo expor suas ideias e

entender a opinião de outros colegas de turma. É uma troca de conhecimento. Com base nas

ideias de Torre (2008. p.9):

O papel do docente em lugar de centrar-se na explicação de conteúdo

assume o caráter de estimulador, mediador e criador de cenários e ambientes

[...] O docente não determina mais a aprendizagem (mudanças), mas as

sugere, estimula, incentiva, cria condições e meios para que seja o próprio

aluno que as construa.

O diálogo assume um papel fundamental no processo de aprendizagem,

propiciando uma interação maior e, por conseguinte, uma aprendizagem mais efetiva,

construída pelo próprio aluno. O discurso do aluno R.L. merece menção.

“Eu acho assim que o diálogo no início da aula, até pra saber alguma coisa que

foi dada no dia anterior, depois começar um novo assunto com os slides mostrados

e sempre abrindo parêntesis para que hajam argumentos relacionados ao assunto

porque isso faz com que o nosso poder argumentativo melhore bastante. E no final

da aula concluir e sempre abrir um espaço para que a gente discuta as situações

de acordo com o assunto. Isso fixa muito na cabeça do aluno, quando ele expõe a

realidade dele em relação aquilo que ele está estudando. A interação com os

professores é importante, muitas vezes a gente quer expor algo e não encontra

espaço.” (aluno R.L., 21 anos)

Este diálogo ajuda, conforme relato do aluno R.L., na organização das ideias e

melhor compreensão dos assuntos. Além disso, o próprio aluno disse que o poder

argumentativo melhora, uma vez que possuem mais espaço para verbalizar seus pensamentos.

É interessante que no discurso do aluno há uma necessidade por interação no início, meio e

fim das aulas, ou seja, em todos os momentos o diálogo é condição importante para o

aprendizado. De acordo com Masetto (2010, p. 12):

[...] sala de aula é espaço e tempo no qual e durante o qual os sujeitos de um

processo de aprendizagem (professor e alunos) se encontram para juntos, ora

professor e alunos, ora alunos e alunos, ora alunos individualmente

realizarem uma série de atividades (na verdade, interatividades).

71

Essas interatividades dão condição de aprendizado, uma vez que o aluno é parte

fundamental do processo de aprendizagem. Sendo assim, a interação acontece com

professores, outros alunos e entre eles mesmos (o aluno consigo mesmo), considerando o

conhecimento que já possuem, ou seja, suas experiências.

4.2.1.2 Competência do domínio da área do conhecimento (relação entre teoria e

prática)

Outro aspecto de grande relevância é a importância que os alunos dão aos

professores que fazem relação entre teoria e prática. Estes conseguem maior interação com a

turma. Este fato pode acontecer porque, uma vez que o docente tem a vivência sobre

determinado tema, consegue ilustrar com mais detalhes, para seus alunos, os assuntos a serem

trabalhados. Isso acaba propiciando uma maior interação. O estudante sente muita

necessidade de entender a teoria relacionando-a com a prática. Buscam saber qual a

aplicabilidade do que estão aprendendo e, quando o professor consegue demonstrar a relação

teoria e prática, o assunto torna-se mais interessante. Os trechos seguintes retratam a opinião

de dois entrevistados sobre o assunto.

“Professor que o que ele aplicava ele explicava o cotidiano, aí ficava bem mais

fácil pra você compreender o que ele falava. Ele dava exemplos, algo assim do

nosso cotidiano que realmente facilitava o aprendizado [sic].” (aluna S.C., 25

anos).

“Nessa questão mesmo deles darem exemplos no mercado de trabalho no meio,

como deveria se comportar, eu acho que é isso mesmo, exercícios, prática

mesmo.” (aluno L.P. 22 anos).

Mais do que uma interação apenas com o mercado de trabalho, é fundamental

conseguir relacionar o assunto, também, com o universo do aluno, para que ele possa

compreender melhor através da possibilidade de contextualizar o que está aprendendo. A

tarefa do aprendizado torna-se mais interessante e menos distante, pois se aproxima do

universo conceitual do aluno. Em outra entrevista é retratada mais uma vez a relevância da

junção entre teoria e prática.

72

“A relação da teoria com a prática, principalmente e a forma também de

trabalhar. Falar o conteúdo, dar ações práticas, falar em lugares, ter visita técnica

também pra gente conhecer o lugar, pra gente conhecer na técnica, na prática, a

teoria.” (aluna A.B., 21 anos)

O aluno valoriza o seu professor quando observa que ele fala de algo que conhece,

não apenas nos livros, mas em sua vivência. Infere-se que este aspecto dá maior segurança ao

educando e maior credibilidade ao educador. Cria-se uma relação de confiança que, por sua

vez, facilita o processo de ensino-aprendizagem.

4.2.1.3 Competência da empatia (descontração)

Faz-se interessante, também, apresentar outro ponto que surgiu nas entrevistas: a

característica de descontração do professor, aqui relacionada à competência da empatia.

Espontaneamente, alguns entrevistados falaram que, quando o professor consegue criar um

ambiente descontraído em sala, eles ficam mais interessados em aprender, e até mesmo

relacionam-se melhor com o professor devido a isso. O aluno sente maior empatia pelo

docente, pois há uma quebra de barreiras através da descontração. Para Pereira (2007, p.135)

o professor que tem empatia é aquele que tem “a capacidade de se colocar no lugar do aluno,

e a partir disto criar uma relação de confiança e harmonia que conduza a um maior grau de

abertura deles para aceitar conselhos e sugestões”.

Acredita-se que sala de aula não precisa ser um espaço de tensão, onde o professor

impõe-se aos alunos como autoridade. No ensino superior, busca-se uma troca, um espaço

prazeroso, de debates, exercícios, mas com alegria e a empatia favorece estas características.

Os alunos disseram nas entrevistas que preferem aulas:

Dinâmicas. Maior descontração, não ficar muito preso. Desenrolar mais o

assunto, mais objetivo, mais claro de forma que o aluno entenda. Descontração,

não é? Se ficar muito concentrado naquele assunto você fica um pouco tenso.

(aluno B.R., 19 anos)

Dinâmica. Atividade em grupo, exercícios, leitura, uma interação mais em

conjunto. Escrita ou participativa. Professor extrovertido, carismático. De

confiança. (aluna R. S., 19 anos)

73

É assim, bem alegre, é uma aula bem alegre, bem extrovertida, bem dinâmica.

Explicar de uma forma diferente, não só naquele momento de quadro, de xerox.

(aluno A.F., 23 anos)

A descontração faz com que estes alunos sintam maior prazer pelas aulas. Mas

não é apenas isso. Infere-se que esta descontração não está relacionada ao fato do professor

ter que contar piadas ou contar fatos engraçados sobre determinado assunto. O ambiente

descontraído passa a existir quando o docente possibilita uma maior interação entre a turma e

assume um papel de abertura, e não de rigidez, tolhendo a criatividade dos alunos.

Em uma das entrevistas o aluno chega a dizer que um professor carismático é um

professor de confiança, ou seja, uma pessoa que estabelece um laço fraterno com a sua turma

e cria elos que não são caracterizados pela autoridade e sim pelo respeito mútuo. Em nenhum

momento os alunos disseram que os docentes precisavam ser “comediantes”. O que ficou

claro foi a disposição de ser simpático e carismático com todos. Não é preciso se distanciar do

educando, criar barreiras, obstáculos físicos e mentais, surgidos por uma postura autoritária ou

apenas fechada, não aberta a interações.

4.2.1.4 Competência da visão sistêmica (contextualização do assunto)

Outro ponto de frequência relevante nas entrevistas, colocado como importante

para o aprendizado, foi a contextualização. Os entrevistados disseram ser produtivo quando o

professor, antes de iniciar um novo conteúdo, ou quando estiver explicando algo, trazer o

assunto para a realidade deles, ou contextualizar com fatos que estejam acontecendo na

atualidade. Na leitura do discurso do aluno R.G, é possível observar que a contextualização o

ajuda a aprender.

“Um modo que facilita muito esse transpassar do assunto é contextualizando.

Contextualiza, se baseia no que está ocorrendo no dia a dia da gente e você tem

uma noção basicamente como é o assunto que ele trata.” (aluno R.G., 20 anos)

“Brincadeiras com alguns fatos cotidianos que aconteciam com elas e você

falando sobre o que acontece as pessoas sentem o que é aquilo e pode ajudar a

você na prática a compreender melhor as coisas.” (aluna R.R., 19 anos)

74

Quando se contextualiza, há uma quebra de um distanciamento que existe entre o

aluno e a matéria. O professor traz o conteúdo para a realidade do estudante fazendo com que

o mesmo entenda que há uma relação entre a vida dele e o assunto que está sendo abordado.

Isso torna o processo de aprendizado mais interessante e menos distante da realidade do

aluno.

4.2.1.5 Competência do relacionamento interpessoal (relacionamento com o professor)

Outro item de relevante importância encontrado nas entrevistas foi a questão do

relacionamento com o professor, enquadrado na competência do relacionamento interpessoal,

que de acordo com Pereira (2007, p.122) “é a capacidade de estabelecer um relacionamento

harmônico e saudável com seus alunos, inclusive sabendo administrar de forma equilibrada as

eventuais situações conflitantes que possam surgir”. Observou-se que em vários discursos os

alunos dizem aprender quando possuem uma relação positiva com o docente. Este fator se faz

presente, provavelmente, porque os alunos buscam na figura do professor alguém em quem

eles possam se espelhar e ter liberdade para interagir. Quando os entrevistados não possuem

uma relação positiva com os professores, uma porta se fecha e também diminui o interesse

pelo aprendizado. Talvez, então, o aluno confunda o professor com a matéria e perca o

interesse pelo assunto, associando-o a um mestre com quem ele não se identifica. O

fragmento abaixo, retirado das entrevistas, mostra o quanto é importante para o aluno este

relacionamento.

“A forma que eu mais aprendo é aquela em que o professor tem uma relação mais

direta com o aluno, não é apenas uma relação de professor com o aluno, mas é

aquele que se envolve com a turma, que nos corredores diz, olhe, participe, faça

isso, faça aquilo; no seu trabalho se você fizer assim vai ficar muito bom, procure

tal turma. É aquele que sempre dá uma orientação e tem um envolvimento maior,

além da sala de aula.”(aluna A.B., 21 anos)

Nesta colocação nota-se, também, que a entrevistada valoriza quando o professor

se preocupa de verdade com o seus alunos. Não é apenas aquele docente que em sala de aula

ensina um determinado assunto, mas aquele que, de fato, sente prazer em contribuir para o

crescimento dos estudantes. E isso se torna perceptível aos olhos do educando, que passa a se

75

interessar mais por determinado assunto, devido à postura de entrega e interesse do seu

professor. Outro estudante faz uma colocação que corrobora com esta interpretação.

“Geralmente a gente vê o professor lá na frente, mas ele vinha atrás, conversava,

perguntava se a gente estava entendendo. Ele ouvia nossas opiniões, eu achei

interessante.” (aluno L.P., 21 anos)

Esse trecho tem grande importância porque deixa claro que a preocupação que o

aluno gosta de ter, do seu professor, é a de que ele se importe com todos. Que dê aula para os

alunos que sentam na frente e também para aqueles que sentam no fundo da sala. Todos são

importantes e merecem atenção. Para garantir uma solidez de conhecimento, Libâneo (1994,

p.160), afirma que é preciso adotar a seguinte medida:

Considerar que a capacidade de assimilação da matéria, a motivação para o

estudo e os critérios de valorização das coisas não são iguais para todos os

alunos: tais particularidades requerem uma atenção especial do professor a

fim de colocar os alunos isolados em condições de participar do trabalho

coletivo.

Essa preocupação tem valor porque pode fazer com que o educador garanta uma

solidez de conhecimento para toda a sua turma, uma vez que está atento para o entendimento

dos seus alunos, por maior ou menor dificuldade que eles tenham, acabando por integrar a

todos, dando-lhes condição de aprendizado.

Outro trecho que merece menção mostra que o estudante teve a percepção de que

o importante não era passar na matéria, mas sim aprender. E essa percepção surgiu da

proximidade que ele percebeu ter do professor, uma vez que sentiu dele um interesse em fazer

o possível para que a matéria fosse apreendida.

“Mas assim, o ato dele explicar, dele conversar várias vezes o assunto. A gente

nunca teve esse problema como aluno, entendeu? Te vira. O interesse era não que

todo mundo passasse, o interesse era que todo mundo aprendesse e ele conseguiu

fazer isso.”(aluno P.V., 19 anos)

“Ensina muito bem, você pode perguntar quantas vezes que ela vai estar sempre

disposta. Dentro e fora da Faculdade ela sempre está na ativa.” (aluna R.B., 21

anos)

76

Enfim, infere-se, com base nos discursos, que quando o educando percebe que o

seu professor se importa com ele, não apenas chegando em sala de aula para cumprir com

uma obrigação de ministrar um determinado assunto, passa a se interessar mais em aprender,

pois entende que o seu professor está interessado, também, de verdade, em não apenas

ensinar, mas de fazê-lo aprender.

4.2.2 Métodos de ensino preferidos

Depois de analisar os dados que foram enquadrados como competências de

ensino, já se torna possível discutir acerca dos métodos de ensino que são percebidos pelos

próprios alunos como eficazes para o aprendizado deles. Antes, contudo, se fez importante

tratar dos princípios para que ficasse claro que os métodos são os meios adotados pelos

professores para alcançar os seus objetivos, mas que precisam ser associados a princípios

norteadores capazes de possibilitar um maior êxito nas escolhas pelos métodos a serem

adotados. O método sozinho não pode garantir que uma aula seja avaliada como positiva,

deve estar associado a outros pontos, tais como os princípios, que merecem uma grande

atenção por parte dos docentes.

A partir da análise da categorização, fez-se necessário relacionar, também, como

no tópico 4.1, os itens apontados pelos alunos com os métodos de ensino segundo o modelo

de Libâneo (1994). Dessa forma foi possível fazer as seguintes inferências:

Quando os alunos falam da prática do debate e do trabalho em grupo,

pode-se entender que os dois caracterizam-se como o método de trabalho

em grupo. É assim, porque primeiro o professor traz o tema para ser

estudado pelos alunos, para que haja conhecimento do grupo acerca do

assunto, para depois, em grupos de discussão, haver um debate com toda a

turma. Libâneo (1994) diz que este método envolve a prática da

coletividade. Também é muito comum a realização de seminários, prática

de trabalho em grupo na qual os alunos apresentam de forma expositiva ou

numa conversação didática um determinado assunto.

Foi muito frequente nas entrevistas ouvir os alunos falarem do uso do

datashow, mas ficou claro que este recurso é utilizado no método de

exposição pelo professor. Neste método, de acordo com Libâneo (1994) o

docente faz uma apresentação, geralmente por exposição verbal, de um

77

determinado assunto sem que o grupo de trabalho necessariamente o

conheça. Os alunos devem ter uma postura receptiva, porém não quer

dizer que precisam ser passivos em sala de aula.

Também houve alunos que apontaram aprender com a realização de

atividades/exercícios, que geralmente se enquadram no método de

trabalho independente. Este tipo de trabalho para Libâneo (1994)

consiste na realização de tarefas criadas pelos professores que possibilitam

ao aluno criar respostas a partir do aprendizado que tiveram em sala. Este

trabalho deve ser feito individualmente ou no máximo em duplas. O

professor pode propor um estudo dirigido, exercícios de aprofundamento

dos temas já tratados ou exercícios de preparação, que vão servir de

introdução a um determinado assunto.

Houve um grupo de respostas que apontou a visita técnica como um

método de grande relevância. Neste caso temos as atividades especiais.

Libâneo (1994) diz que os alunos fazem, neste caso, um estudo do meio,

que acontece, nos casos citados nas entrevistas, com a realização de

passeios e excursões.

O único método que não foi identificado claramente foi o método de

elaboração conjunta. Neste caso Libâneo (1994) afirma que deve existir

uma conversação didática sobre um determinado tema, com orientação e

controle do docente, mas que considera a opinião dos alunos. Neste

método o educando precisa conhecer assunto para que seja possível haver

um debate rico e com conteúdo. Este seria o caso de haver, por parte dos

educandos, uma leitura sobre o tema, antes da aula.

4.2.2.1 Método de trabalho em grupo (debate e trabalho em grupo)

O método que teve maior frequência, como sendo um formato de aula que faz

com que os alunos aprendam, foi o método de trabalho em grupo. Neste, há um trabalho

coletivo. Os alunos podem debater, em grupos, determinados temas, aos quais foram

apresentados no dia da aula e também em grupos podem apresentar seminários. Observa-se

que este foi um dos formatos mais utilizados pelos professores da Faculdade Santa Helena e

que aparece como sendo o mais interessante por parte dos alunos. Estes alunos dizem:

78

“É interessante quando divide a turma e assim cada turma fica com um tema e fica

discutindo aquele tema, aí você vai expor para os outros grupos o que o seu tema

aborda.” (aluna S.K., 22 anos)

“Eu acho que os slides são muito cansativos, eu acho que com mais dinamismo a

gente absorve mais. A professora fazia um círculo para a gente se apresentar,

dava um tema pra gente falar.” (aluna J.L. 19 anos)

“Eu tenho mais facilidade de aprender as coisas lendo. Eu prefiro bem esse estilo

do que chegar simplesmente e colocar lá na lousa o assunto e explicar, explicar,

explicar. É melhor debatendo, com debate de caso.” (aluna S.F., 21 anos)

Em todos os depoimentos, observa-se que os alunos destacam que o trabalho em

grupo é importante para que eles aprendam mais. Neste método eles têm a chance de se expor,

falar a percepção deles sobre o tema. Também se pode inferir que os alunos acham que

trabalhar em grupo é menos cansativo.

4.2.2.2 Método de exposição pelo professor (datashow)

Os alunos falaram do datashow para retratar uma aula expositiva. Vale ressaltar,

também, que este recurso, é normalmente utilizado por grande parte dos professores,

conforme já foi apontado neste trabalho. Nesta pesquisa a sua utilização chegou a receber

críticas negativas em vários depoimentos, como sendo sinônimo de uma aula “chata”. No

entanto, também foi colocado como sendo importante para ensino, como método positivo.

Alguns depoimentos merecem destaque.

“Uma aula, ela sendo feita dessa forma, com a apresentação de slides, com

material, com xerox pra gente acompanhar mais detalhado, é bem proveitoso.”

(aluno J.P., 20 anos)

“Usa slide e brincando mesmo, brincando com o aluno, passa e fixa melhor.”

(aluno L.P., 22 anos)

“Mas eu gosto muito de recursos, quando o professor bota um vídeo ou um slide,

um coisa assim, eu prefiro que seja com recurso. Mas a maioria dos professores

79

trabalha assim. A gente não tem muito tempo pra ler, não para pra ler um livro ou

pra fixar algum assunto. Eu gosto de associar o assunto a uma imagem, sabe?

Tipo uma foto.” (aluna T.C., 20 anos)

É preciso observar que nestes discursos o uso do datashow, ou slides, não são

vinculados a experiências negativas em sala de aula. A percepção destes alunos mostra que é

possível trabalhar o assunto, de forma expositiva, e conseguir despertar o real interesse por

parte deles.

Nota-se que o uso do datashow, numa aula expositiva, pode ser explorado pelos

professores, de acordo com a aluna T.C., através de vídeos, imagens, ou seja, não é apenas

utilizar este recurso com textos, mas sim aproveitar as suas possibilidades. Ressalta-se que o

método de exposição pode ser trabalhado através da exposição verbal, da ilustração, da

exemplificação ou de demonstração, inclusive essas formas podem ser utilizadas em conjunto

(LIBÂNEO, 1994).

Também o discurso do aluno L.P. mostra que é possível dinamizar a aula com o

método de exposição, sem torná-la chata. A aula pode ser expositiva e interativa. Apesar da

aula expositiva pressupor a postura receptiva por parte do aluno, não quer dizer que estes

precisam ser passivos. Também vale fazer uma referência ao que o aluno J.P. falou, pois

mostra que além do datashow é importante que haja material de apoio, como textos ou

fotocópias dos próprios slides para que os alunos acompanhem e façam suas observações.

4.2.2.3 Método de trabalho independente (atividades/exercícios)

Com menos frequência do que os métodos anteriores, alguns entrevistados

expuseram a importância da realização de exercícios para o fortalecimento do aprendizado, ou

seja, apontaram o uso do método de trabalho independente. Observou-se que este método

reforça o conteúdo que foi trabalhado pelo professor, em método expositivo, por exemplo,

fazendo com que o aluno apreenda o assunto. Para Libâneo (1994) este é um método de

trabalho independente porque o estudante tem a liberdade de expor suas impressões sobre um

determinado tema, conforme o que assimilou sobre a matéria ensinada.

A importância deste método teve destaque nas seguintes entrevistas.

“Aula bastante dinâmica, tinha bastante dinâmica, sempre tinha provas, debates.”

(aluno E.A., 24 anos)

80

“Ao mesmo tempo em que ele passava o conteúdo ele pedia para a gente fazer

algum trabalho, alguma dinâmica em grupo pra que a gente desenvolvesse aquilo

que a gente aprendeu.” (aluna A.B., 20 anos)

“Nessa questão mesmo deles darem exemplos no mercado de trabalho no meio,

como deveria se comportar, eu acho que é isso mesmo, exercícios, prática

mesmo.” (aluno L.P. 22 anos)

“Atividade em grupo, exercícios, leitura, uma interação mais em conjunto. Escrita

ou participativa.” (aluna R.S., 21 anos)

Nota-se que os exercícios compõem, para estes alunos, o processo de

aprendizagem. Fazem parte do processo, não como atividade isolada, mas dentro de um

contexto no qual outros métodos são aparentes, como por exemplo, o método de trabalho em

grupo, como pode ser observado no discurso do aluno E.A., quando diz que sempre tem

provas, debates. Infere-se que são exercícios de avaliação e debates sobre os assuntos

trabalhados pelos professores, sendo que este último diz respeito ao método de trabalho em

grupo.

Para Rangel (2007, p. 23) este tipo de método possibilita ao aluno:

“aprender a agir; exercitar formas de agir; optar por tipos de atividades e

possibilidades de ação; fortalecer a disposição de agir; desenvolver

possibilidades de elaboração e estruturação do conhecimento, com pouca

interferência do professor; desenvolver confiança em sua capacidade de

aprendizagem; exercitar a predisposição ao trabalho de estudar/aprender.”

Enfim, é um método capaz de fazer com que o aluno precise se concentrar para

obter resultados. Cada um vai trabalhar da maneira que é melhor para o seu aprendizado,

buscando a compreensão do assunto ao seu modo de aprender.

4.2.2.4 Atividades especiais (visita técnica)

Também houve frequência de menções nas entrevistas, como sendo um método

favorável ao aprendizado a realização de visitas técnicas, que de acordo com Libâneo (1994)

se encaixa nas atividades especiais.

81

“Tentar mostrar o conteúdo não só em aula, mas em prática do dia-a-dia. Fazer

visitas técnicas.” (aluno R.F., 26 anos)

“E quando fazem pesquisas fora, externas também eu acho bem interessante, aí

todo mundo fica junto, eu gosto.” (aluna V.N., 26 anos)

“Eu preferia a gente saindo para pesquisar em locais diferentes, não ficar só na

sala de aula, porque a sala de aula é bom pra aprender também mas é bom a gente

sair pra pesquisar e tal.” (aluno A.S., 23 anos)

“Falar o conteúdo, dar ações práticas, falar em lugares, ter visita técnica também

pra gente conhecer o lugar, pra gente conhecer na técnica, na prática, a teoria.”

(aluno J.P., 20 anos)

Verifica-se que a visita técnica tem o efeito de fazer com que estes alunos

observem na prática a teoria que é debatida em sala de aula. É uma maneira diferente,

segundo os próprios entrevistados, de aprender. Assim é possível até mesmo, segundo a aluna

V.N., unir a turma, aproximar as pessoas. A visita técnica é uma forma de sair da rotina de

aulas que acontecem dentro do espaço físico da instituição de ensino e passar a ter aulas em

espaços externos, relacionados aos assuntos existentes nas ementas das disciplinas do curso.

Em específico, o curso de turismo possui diversas disciplinas de cunho prático que podem ser

enriquecidas através das visitas orientadas pelos professores.

4.3 Relação entre os métodos de ensino e os nativos digitais (terceiro objetivo específico)

O objetivo deste capítulo é apontar relações entre as características encontradas

nos alunos pertencentes à geração Y da Faculdade Santa Helena e os métodos de ensino que

são utilizados pelos professores que dão aula nesta faculdade. Serão apresentadas as

características encontradas nesta geração, através dos alunos entrevistados.

4.3.1 Preferência por trabalhos em grupo

O primeiro aspecto relaciona-se com o interesse em trabalhar em grupos. A partir

dos resultados apresentados no quadro 6 é possível fazer algumas análises.

82

Qual a relação com o trabalho em grupo

Pergunta Respostas Total

Qual a relação com o trabalho em grupo? Preferem trabalhar em grupo 16

Vários alunos sentem-se líderes. Esta é uma

característica da geração Y.

Preferem trabalhar em grupo,

dependendo da composição da

equipe

4

Preferem trabalhar sozinhos 2

Tanto faz trabalhar em grupo ou

sozinho 1

Dentro de um grupo sente-se um

líder 12

Quadro 6: Qual a relação do aluno Y com o trabalho em grupo

Fonte: Dados da pesquisa, 2012

Pode-se concluir que grande parte dos alunos gosta de trabalhar em grupo. Na

realidade, apenas dois dos entrevistados colocaram que acham mais produtivo fazer atividades

sozinho.

“Prefiro fazer trabalhos em grupos, porque a gente aprende mais com a opinião

das outras pessoas, é positivo.” (aluna J.L., 19 anos)

“Eu tenho uma certa capacidade de liderar, atrapalha um pouco a minha relação

porque tem pessoas que querem liderar e só querem liderar e só. Eu tipo agora em

sala de aula estava estudando sobre um material e as pessoas tipo as pessoas não

tem muita disposição de falar em público e isso pra mim é fácil; Então meio que

atrapalha porque se estou num grupo me sobressaio e por falar muito as pessoas

meio que não gostam.” (aluna G.N., 24 anos)

“Agora, eu prefiro fazer em grupo. Porque é um auxílio maior que a gente tem e

que a gente vai ter, por exemplo, num tema ‘xis’, em que cada um tem uma visão

diferente.” (aluno R.G., 20 anos)

Os entrevistados demostram que gostam e aprendem mais quando trabalham em

grupo, pois podem conhecer a opinião de outros colegas e somar conhecimento. Mostra, a

maioria, que sabe lidar com pontos de vista diferentes e obter no final melhores resultados.

Esta afirmação pode ser comprovada no quadro elaborado por Veras (2001), no qual o autor

diz que alunos nativos digitais têm preferência por interações com muitos, que eles gostam da

coletividade.

83

Esta qualidade foi encontrada nas entrevistas, pois os métodos de maior destaque,

quando se fala de um formato de aula favorável ao aprendizado, é aquele que propõe

trabalhos em grupo. Os alunos disseram aprender mais quando trabalham de forma coletiva,

quando podem interagir com o professor e os demais companheiros de sala, sejam em

seminários ou debates.

Um ponto de destaque nas entrevistas, que surgiu espontaneamente, foi a visão

que a maioria dos alunos tem deles mesmos quando se veem em uma trabalho de grupo. Um

número relevante dos entrevistados se autointitula como um líder. O trecho abaixo mostra um

discurso espontâneo.

“Um líder, um líder porque eles mesmos me elegeram líder. Então não é só a

minha visão, mas a visão geral do grupo. Então eu exerço a liderança do grupo,

mas não toda, tem mais dois que se pode dizer que são líderes também.” (aluno

A.N., 18 anos)

“Eu tenho uma certa capacidade de liderar, atrapalha um pouco a minha relação

porque tem pessoas que querem liderar e só querem liderar e só. Eu tipo agora em

sala de aula estava estudando sobre um material e as pessoas tipo as pessoas não

tem muita disposição de falar em público e isso pra mim é fácil; Então meio que

atrapalha porque se estou num grupo me sobressaio e por falar muito as pessoas

meio que não gostam.”(aluna G.N., 24 anos)

É interessante explanar que esta característica não constava como qualidade

própria da geração Y. Porém, por ter sido uma questão de grande constância na pesquisa,

mereceu destaque e comentários. Para Oliveira (2010) esta geração é marcada também por

manter uma relação diferente, quando comparada às gerações anteriores, com as autoridades.

Este grupo questiona os chefes, opina, discorda, sem as barreiras psicológicas de gerações

anteriores.

Talvez por isso, sintam-se líderes, pois se veem sempre em condição de

igualdade em relação a outras pessoas com nível hierárquico mais elevado. Quando se parte

para uma relação com seus grupos de trabalho, acabam assumindo um perfil de controle, pois

não gostam de esperar pelos outros para decidir o rumo dos seus projetos.

84

4.3.2 Relação com a internet

Os nativos digitais nasceram no mundo da web e por isso se relacionam com o

universo da internet de forma diferente dos imigrantes digitais. Usam a internet para suas

relações sociais e também nos seus estudos (Prensky, 2001).

No quadro 7, pode-se avaliar que todos os entrevistados demonstraram que fazem

pesquisa na internet, mesmo quando recorrem a outros meios. A maioria dos alunos também

lê arquivos no computador, ao invés de imprimi-los.

Uso da internet nos estudos

Pergunta Respostas

To

tal

Usa internet nos estudos? Faz pesquisas na internet 23

Todos utilizam a internet para fazer suas

pesquisas. Muitos deixam de recorrer à

pesquisa em livros da biblioteca para se

concentrar em pesquisas na web.

Prefere fazer pesquisas em livros 3

Costuma ler no computador arquivos

encontrados na internet 10

Costuma imprimir para ler o

conteúdo encontrado na internet 2

Não lê no computador 1

Usa a internet como fonte secundária

de pesquisa 5

Quadro 7: Como o aluno Y usa a internet nos estudos

Fonte: Dados da pesquisa, 2012

Umas das características da geração Y é a relação com a tecnologia. Para este

grupo a tecnologia acaba sendo uma extensão dos seus cérebros. Isso mostra que é comum

para eles, quando possuem alguma atividade acadêmica de pesquisa, recorrer primeiramente

ao universo da web para fazer suas consultas. Os discursos que seguem apontam esta

tendência de pensamento.

“Na minha base de estudos está principalmente a internet, principalmente no

google.” (aluno R.F. 26 anos)

“Eu utilizo ‘pra caramba’. Internet, celular. Celular é muito porque tô sem

internet em casa, aí é que eu uso o celular, muito e-mail. Todos os professores

utilizam o e-mail.” (aluno A.N., 18 anos)

“Vou pra internet, leio livros assim... Pesquiso muito.” (aluna V.N., 26 anos)

85

“Pra tudo. Hoje a tecnologia pra mim é a formação.” (aluno C.B. 20 anos)

“Sim, bastante. Pesquisa de trabalho, assunto, tema, até para que a gente possa

debater em sala; Eu sempre utilizo isso.” (aluna R.S. 21 anos)

Os entrevistados apontaram uma qualidade desta geração, que na internet pode

encontrar o que precisam através de diversas fontes. De acordo com Veras (2011) esta é outra

característica deste grupo, uma vez que quando buscam alguma informação gostam de ter

retorno rápido e a internet dá esta possibilidade. Além disso, é possível através de vários sites,

artigos disponíveis na web, conseguir os dados de uma pesquisa por múltiplas fontes, outro

atributo que é inerente aos nativos digitais.

Apesar de pesquisarem na internet, alguns alunos demostraram interesse, também,

pela pesquisa na biblioteca, mesmo associada a uma investigação na web. Mas, foram poucos

discursos neste caminho.

“Sempre pego livros da cadeira que estou pagando atualmente, aí começo a fazer

o trabalho e faço pelos dois.” (aluna S.K., 22 anos)

“Eu gosto muito de livros, eu não sou muito fã, eu sei que na internet tem tudo,

mas eu gosto muito de livros e jornais, essas coisas, porque no computador você já

pega trabalhos formados. Pesquiso na internet, mas não é muito não. Quando se

precisa realmente da internet aí que eu vou, mas eu gosto muito de livros, de

jornais...” (aluna G.F., 26 anos)

Estes discursos foram isolados, porém mereceram destaque porque mesmo

quando o aluno demonstra não recorrer tanto à web, acaba cedendo. Para Oliveira (2010) a

internet já está arraigada ao universo daqueles que fazem parte da geração Y. A aluna G.F. diz

que quando precisa ela recorre à internet. Logo, infere-se que é muito comum precisar

recorrer a este meio.

Outra característica comum à geração dos nativos digitais é a facilidade por fazer

leituras na tela do computador. Para os imigrantes digitais é preferível imprimir um arquivo

para fazer a sua leitura. Para Veras (2011), para a geração Y, ler no computador é natural.

A pesquisa encontrou como resultado uma maioria de alunos que fazem

naturalmente suas leituras na tela do computador, mas também um grupo que não se

86

posicionou de forma clara e outros que disseram que a leitura no computador cansa. O

discurso da aluna S.C. aponta um posicionamento contrário.

“Eu não gosto muito de ler na internet. A maioria das coisas eu gosto de imprimir

porque eu não gosto de ficar totalmente na frente do computador.” (aluna S.C., 25

anos)

No entanto, pode-se observar que no posicionamento da aluna é possível entender

que a ela ainda faz suas leituras no próprio computador, apesar de na maioria das vezes ter

preferência em imprimir os arquivos. É possível, também, que as leituras feitas pelos alunos

da geração Y sejam de pequenos arquivos, ou até mesmo que sejam feitas de forma

“dinâmica”, pois leem vários arquivos ao mesmo tempo, de forma randômica, colhendo

fragmentos de uma fonte e de outra.

Acredita-se que esta característica pode prejudicar esta geração, uma vez que

muitas fontes de pesquisa na internet não têm valor científico e também porque estes novos

alunos fazem leituras rápidas e incompletas das diversas fontes, o que pode comprometer o

entendimento do assunto pesquisado, uma vez que os textos não lidos na íntegra.

4.3.3 Relação com as redes sociais

Um aspecto muito comum às novas gerações é a participação deste grupo nas

redes sociais. Os entrevistados demonstraram que esta é uma realidade inerente aos nativos

digitais. De todos os alunos apenas uma pessoa relatou que não faz parte de nenhuma rede

social, conforme aponta o quadro 8.

87

Relação do aluno Y com as redes sociais

Pergunta Respostas Total

Qual a relação com as redes sociais? Faz parte de muitas redes sociais 11

A rede social é utilizada principalmente para a

interação com amigos. O facebook é a rede que

mais possui adeptos.

Utiliza o facebook como rede social 22

Usa a rede social para encontrar

amigos 16

Usa a rede social profissionalmente 7

Usa a rede social para fazer

pesquisas para a faculdade 6

Usa a rede social para acompanhar

notícias 4

É indiferente ao uso de redes sociais 1

Não usa rede social 2

Quadro 8: Qual a relação do aluno Y com as redes sociais

Fonte: Dados da pesquisa, 2012

Praticamente todos os alunos fazem parte da rede social facebook com o interesse

de se relacionar com amigos, de estreitar barreiras existentes, pela distância, entre outros

estados, países. É uma forma de se conectar com o mundo, de fazer parte de uma sociedade

virtualizada, da qual, pôde-se observar nos discursos, todos fazem parte.

“Na verdade é mais assim porque a maioria do pessoal tem, é uma forma de se

comunicar, tipo família mesmo que eu tenho longe e posso me comunicar. O

pessoal também da turma, a gente já tem até um grupo no facebook e facilita muito

a comunicação.” (aluna S.C., 25 anos)

“Porque é uma forma de você obter conhecimento não só sobre a vida das

pessoas, pra fofocar, mas também pra obter sobre o mundo, sobre economia, sobre

o curso que eu estou estudando também. Ali tem as informações.” (aluna R.S., 21

anos)

“Porque facebook é uma forma assim que eu encontrei de interagir com os meus

amigos sem sair de casa, as vezes é muito longe, tem pessoas de outros estados, de

outros lugares também. É uma coisa interessante você conversar em tempo real

com pessoas que estão a quilômetros de você.” (aluna I.R., 17 anos)

“Há muito tempo e antes eu tinha facebook e Orkut. Eu comecei a fazer facebook

por conhecimento porque tinha vários amigos meus porque eu conheci muita gente

de fora que não tinha Orkut e eu queria interagir, uma forma de interagir, e

diziam, ah, tenho facebook, não sei o que é. Aí eu conheço muita gente pelo

88

facebook, muita gente da Itália e tal e criei o facebook mais pra isso.” (aluna T.C.,

20 anos)

É fundamental destacar que, nos discursos obtidos através das entrevistas, os

alunos têm grande necessidade de interagir com outras pessoas. Esta é uma característica da

geração Y apontada por Oliveira (2010, p. 67) quando destaca que “o mundo para esses

jovens é muito menor. As barreiras do idioma são facilmente superadas pela maior intimidade

com a língua inglesa, que é amplamente utilizada na internet”.

Relaciona-se, então, que o fato de ter havido uma grande quantidade de respostas,

no que tange aos métodos de ensino, favoráveis a princípios de aprendizado que possibilitam

uma interação do aluno com os professores, reforça o quão importante é esta característica

para a geração Y. Os alunos demonstraram que aprendem mais quando têm a possibilidade de

interagir em aula.

Para Lemos, Levy (2010) a participação numa rede social também existe para que

seja possível acompanhar a vida de outras pessoas e ter a chance de expor o que acontece com

as suas vidas, numa busca de aceitação e aprovação, quando alguém curte ou comenta uma

foto, texto, ou vídeo que são compartilhados na rede. Todos fogem do anonimato. Na

realidade buscam mostrar ao mundo seus pontos de vista.

89

5 CONCLUSÕES

O estudo teve como objetivo identificar os métodos de ensino favoráveis ao

aprendizado de estudantes da geração Y. Para isso, inicialmente, foi preciso discutir o tema

inovação a fim de entender que não é preciso criar novos métodos de ensino para que um

professor seja considerado inovador. Na realidade, é possível fazer diferente aquilo que já

vem sendo feito em sala de aula a partir do entendimento de como a nova geração, que

ingressou nas universidades, tem mais facilidade em aprender e a partir, também, do

entendimento do que já é feito por outros professores, no tocante aos métodos utilizados.

Geralmente, quando se fala em métodos de ensino para nativos digitais, as pessoas

pensam que é preciso usar de forma densa, alguns recursos tecnológicos como apoio ao

professor em sala de aula. No entanto, observou-se que a tecnologia é um recurso que tem

papel secundário em sala. Os alunos precisam de professores que pensem suas aulas de forma

a levar o assunto, para eles, através de um método capaz de facilitar o aprendizado. O

estudante sabe quando o professor planeja uma aula conduzindo o grupo ao processo do

aprender, e isso faz grande diferença.

É notável que alguns docentes acabam acreditando que apenas preparar slides

caprichados para uma aula expositiva, em datashow, é sinônimo de uma boa aula. Nestes

casos, os alunos, em sua maioria, consideram que este tipo de aula é cansativa, e que não

prende a atenção para o conteúdo tratado. O professor, muitas vezes, faz uma leitura

comentada dos tópicos que constam nos slides, tornando a aula fatigante. A consequência

disto pode ser o não aprendizado.

Porém, vale ressaltar que o uso de um recurso tecnológico pode ter êxito a partir

do momento que se encaixa numa aula planejada, com espaço para exposição de assuntos,

através de vídeos, imagens, mas principalmente, quando o debate e a interação entre professor

e aluno possam existir. O método é o meio utilizado pelo professor para alcançar o objetivo

do aprendizado. É o caminho adotado pelo docente para conseguir que o seu aluno aprenda.

Sendo assim, a escolha de um método é fundamental no processo pedagógico, pois demonstra

que houve um plano para transmissão de um conteúdo.

Para que um método de ensino seja eficaz, é preciso que o professor o adeque ao

assunto a ser abordado, mas também à sua plateia, ou seja, seus alunos. Conhecer as

características de um grupo é importante para que haja uma adequação da linguagem do

docente às necessidades que este grupo de alunos possa ter numa aula. Trata-se de um

90

processo de comunicação e como tal é preciso que todas as partes envolvidas tenham interesse

pelo assunto. Conhecer as características dos alunos facilita o processo de planejamento de

uma aula, pois dá ao professor a possibilidade de escolher um método que seja eficaz para o

aprendizado de seus educandos.

Isso não quer dizer que o professor tem que trabalhar apenas com métodos

considerados interessantes por um determinado grupo. Porém, pode apontar caminhos e

ajudá-lo a formular estratégias de ensino que atendam aos interesses de seus alunos. É claro

que a depender do assunto e do objetivo que o professor tem, os métodos podem ser alterados,

mas dentro de um contexto que tenha o foco no aprendizado dos alunos. Também é preciso

destacar que, provavelmente quando um método é utilizado de maneira repetida, pode acabar

banalizando-se, pois cabe ao docente ser criativo para despertar nos seus alunos o interesse

por um determinado assunto e manter suas aulas sempre dinâmicas.

É preciso que os professores entendam que o papel principal numa sala de aula é

do aluno. O professor é coadjuvante, é um técnico que tem a missão de fazer despertar no seu

grupo o desejo de aprender e fazê-lo caminhar para o alcance deste objetivo. Para que isso

aconteça, é necessário que este, dito técnico, tenha preparo. O professor precisa conhecer os

assuntos abordados, mas também precisa saber como transmitir esses conteúdos de uma

maneira eficiente, que chegue aos seus alunos de forma criativa e seja compreendido.

Contudo, é preciso lembrar que o foco é o aluno e não si a mesmo, ou seja, o professor.

Conclui-se por ora que é preciso inovar em relação aos métodos, não os criando,

mas conhecendo-os e adaptando-os a realidade dos alunos. Provavelmente boa parte dos

professores que dão aulas em cursos superiores não conhecem os métodos de ensino e, talvez

por isso, não possam utilizá-los de forma consciente. O que se vê é um uso intuitivo de

métodos, mas que por vezes ficam perdidos e são mal utilizados, fazendo com que os alunos

percam uma oportunidade de aprender. Outras vezes, mesmo que intuitivamente, nota-se que

há acertos, porém, provavelmente poderiam ser otimizados se o professor, que já naturalmente

tem êxito, conhecesse os métodos de ensino e as características de seu grupo.

Pode-se utilizar, como exemplo, as aulas expositivas. Nos discursos dos alunos

entrevistados, nota-se que há uma espécie de cansaço quanto ao uso deste método. É possível

que este sentimento seja consequência de aulas expositivas, com o uso de datashow, sem

interação entre o professor e a turma. Afirma-se isso porque também é perceptível nas

entrevistas que os alunos gostam de aulas expositivas, mas quando o professor é dinâmico,

que segundo eles, é quando há uma interação com a turma. Uma aula expositiva não é

sinônimo de uma aula sem espaço para o aluno. Ao contrário, é um método muito eficiente

91

para apresentar novos temas, assuntos, e que pode ser conduzida com a participação de todos

da sala.

Outro ponto de destaque no trabalho se deve ao fato de que os estudantes sentem

uma grande necessidade em ter uma relação positiva com seus professores. Quando o

educador se aproxima da turma, quebra barreiras que são desnecessárias para uma geração

que se relaciona com a autoridade de forma diferente daqueles de gerações anteriores.

Acredita-se que os alunos não respeitam um professor pela sua posição de autoridade, ao

contrário, respeita-se quando há uma relação de proximidade. Isso não quer dizer que o

educador precisa ser o melhor amigo de todos, mas que, quando cativa a sua turma, possui

uma condição mais favorável ao aprendizado. Os alunos passam a ter satisfação em estar na

sala de aula.

Uma característica da geração Y que surgiu nas entrevistas de forma espontânea

foi a menção, por parte dos alunos, em gostar de aulas ministradas por professores divertidos,

que deixam as aulas mais alegres através de exemplos, histórias de vida, experiências

divertidas. A geração Y é um grupo que prefere ambientes lúdicos. É uma característica que,

quando presente em sala de aula, torna o ambiente torna mais propício ao aprendizado, de

acordo com os entrevistados. Faz-se necessário compreender que os entrevistados esperam

que seus professores sejam divertidos, mas isso não quer dizer que o conteúdo seja colocado

de lado. É possível ter educadores que sabem, ou seja, têm a percepção do momento ideal

para uma descontração, capaz até de fazer com que um grupo retome a atenção para a sua

aula. No entanto, não quer dizer que o professor precisa “contar piadas”.

Falar de métodos de ensino para alunos de instituições de ensino superior tem

grande relevância por ser um tema pouco estudado. Porém, observa-se que os estudos sobre

métodos são generalistas e podem ser aplicados para qualquer nível de ensino, contanto que

sejam coerentes com os objetivos que foram elencados nas ementas das disciplinas e estejam

de acordo com o contexto de cada aula. Porém, é fundamental que as IES’s, além de gerirem

processos administrativos, observem que seu principal processo é aquele que acontece em sala

de aula. É importante acompanhar os professores, treiná-los, atualizá-los. É preciso

instrumentalizá-los quanto à forma de saber preparar uma aula, de contextualizá-la com os

objetivos da IES, dos planos de curso e dos objetivos de cada disciplina. É preciso que tudo

esteja conectado, a fim de garantir uma formação sólida para o educando.

Uma forma que pode ajudar as instituições a conhecer seus alunos são as

avalições institucionais. Uma política de avaliação interna aponta o crescimento acadêmico

dos alunos, além de aspectos estruturais que podem ser alvo de melhorias por parte de uma

92

instituição. É essencial avaliar os professores, no que tange a aspectos pedagógicos, não para

utilizar este instrumento como forma de manter ou afastar professores que são bem ou mal

avaliados. Uma pesquisa com os docentes precisa ter foco no crescimento deles, através de

um feedback capaz de possibilitar-lhes uma condição de desenvolvimento e de melhoria de

suas aulas, tornando-as mais produtivas e condizentes com as metas das instituições.

No curso de turismo, palco do estudo de caso desta pesquisa, essas políticas de

avaliação já acontecem e dão subsídios para que a coordenação do curso acompanhe os

resultados de cada professor e saiba, se na visão dos alunos, os resultados estão sendo

alcançados, sob diversos aspectos pedagógicos. Não se trata de um instrumento único, mas de

uma fonte de informação preciosa capaz de dar condições de melhoria para o processo de

ensino-aprendizagem, pois o aluno, protagonista, precisa ser ouvido e levado em

consideração.

Em relação à Faculdade Santa Helena, os excelentes resultados, obtidos nestas

pesquisas de satisfação docente, apontam, acredita-se que intuitivamente, que a maioria dos

professores do curso de turismo da FSH já consegue, provavelmente, atender às expectativas

de seus alunos, comunicando-se com eles de forma eficaz. Sendo assim, é possível

aperfeiçoar estes resultados através dos caminhos apontados nesta dissertação, que mostra a

visão dos alunos no tocante a aspectos relacionados ao processo de ensino-aprendizagem. E

para professores que não tenham alcançado bons resultados a pesquisa para esta dissertação

pode apontar possíveis caminhos para uma melhoria de suas aulas, sempre com foco no

aprendizado.

Tal aspecto não quer dizer que tudo aquilo que os alunos apontam numa pesquisa

de satisfação é verdade absoluta, pois uma gestão de uma instituição de ensino não pode se

tornar refém de situações de insatisfação isoladas por parte dos educandos, ou de feedbacks

negativos com o intuito de afastar professores, muitas vezes por retaliação a resultados ruins

nas avalições de uma disciplina. É preciso avaliar cada situação, considerando que o docente

tem uma tarefa difícil em sala de aula. Contudo, reforça-se que as impressões dos alunos,

quando coletadas através de pesquisas bem coordenadas, são uma fonte de dados de extrema

relevância para o planejamento de uma IES.

Sendo assim, é interessante que uma instituição de ensino se desprenda de

modelos de gestão baseados em estruturas de universidades públicas uma vez que possuem

uma dinâmica organizacional diferente e busquem modelos de gestão coerentes com suas

características, necessidades e objetivos. No entanto, o principal resultado de uma IES deve

93

ser o aprendizado de seus alunos. Por isso, é fundamental estudar métodos de ensino e

conhecer o perfil dos estudantes que estão ingressando no ensino superior.

Também se faz importante observar que há uma tentativa dos professores do curso

de turismo da FSH em entrar no universo dos alunos da geração Y. Os próprios educandos

acabam conduzindo seus professores neste caminho, uma vez que têm a cultura de dar

feedback aos seus professores em relação às aulas. Dessa forma, os docentes podem

direcionar seus trabalhos para atingir os objetivos da disciplina em consonância com as

necessidades dos seus alunos. Por exemplo, praticamente todos os professores do curso

ingressaram em redes sociais e são ativos no que tange ao contato com seus alunos. Como os

nativos digitais convivem em redes sociais de forma intensa, os professores possuem este

caminho para se comunicar com suas turmas e até mesmo estimulá-los a aprender. Alguns

docentes se aproximam dos seus alunos através das redes sociais e, como consequência,

passam a ter um melhor relacionamento com suas turmas.

Como a internet é um espaço público, é preciso ter cuidado quanto ao uso desse

recurso. No entanto, é fato de que os ambientes virtuais são essenciais para se comunicar com

os nativos digitais e inclusive passar a melhor conhecê-los, pois boa parte dos participantes de

redes sociais, por exemplo, expõem suas vidas abertamente e muitas vezes usam este espaço

para se abrir quanto aos seus problemas, raivas, alegrias, tristezas e até insatisfações. Uma

IES pode acompanhar, indiretamente, a satisfação de seus alunos através desse meio. É

possível acompanhar sem filtros como se alguém da instituição estivesse escutando uma

conversa entre alunos, a opinião daqueles que conversam, na internet, publicamente, como se

estivessem no anonimato. Claro que é preciso ter um grande cuidado com este tipo de

acompanhamento.

Já é possível ver com frequência, alunos e professores colocando fotos de

trabalhos, visitas técnicas, de aulas, para receber os comentários e aprovação de seus amigos

virtuais. No curso de turismo da FSH é comum ver alunos elogiando seus professores no

facebook. Também se tornou frequente professores agradecendo aos alunos por um semestre

proveitoso. Nesse sentido, é muito rico esse espaço, pois aproxima professor de aluno,

quebrando uma barreira cultural de que para ensinar o professor precisa se distanciar

emocionalmente do seu grupo. É possível cobrar resultados de uma turma sem, tampouco,

precisar se distanciar dela. Na realidade, em se tratando da geração Y, a proximidade entre

professor e aluno é extremamente salutar para um bom resultado acadêmico. Não é condição

para este resultado, mas um fator positivo neste processo.

94

Afinal, a pesquisa conseguiu apontar os métodos de ensino que estão sendo

adotados pelos professores em sala de aula. Também assinalou quais são os métodos, na visão

dos alunos, que mais favorecem o aprendizado deles, e por fim comparou os métodos de

preferência destes alunos com as características da geração dos nativos digitais. Observou-se

que de fato os interesses por determinado tipo de aula, ou método, se relacionam com as

qualidades desta geração. A necessidade de expor suas opiniões, de interagir, a relação deles

com a autoridade, a preferência por trabalhos em grupo, a imersão em ambientes virtuais, a

característica de liderança, foram resultados que puderam corroborar com o sucesso da

pesquisa.

Conhecer as características dos nativos digitais e relacioná-las com métodos de

ensino, propondo uma inovação neste processo, pode favorecer o surgimento de um professor

mais preparado para lidar com as aspirações deste grupo e mais capaz de conduzi-los ao

aprendizado. No entanto, saber do perfil desta nova geração não garante um bom resultado em

sala de aula. Mesmo dentro de um grupo com características homogêneas podem existir

fatores diferentes, que merecem ser considerados pelos professores. Não se pode esquecer que

cada aluno também possui qualidades individuais ou limitações que outros não têm. Logo, o

docente precisa olhar para o grupo e para o individual ao mesmo tempo.

Considerar a individualidade de seus alunos é um fator primordial e um princípio

pedagógico importante para a educação. É preciso que o professor esteja atento a cada aluno

seu para possibilitar àqueles que possuem dificuldades específicas uma condição de

aprendizado. No entanto, em turmas com grande quantidade de alunos esse cuidado fica

comprometido.

Sendo assim, não vai existir um método infalível, que tenha êxito em todas as

circunstâncias e para todos os alunos. O diálogo com a turma, a abertura de um espaço para

uma avaliação das aulas e dos métodos que estão sendo trabalhados pode ajudar um professor

a redirecionar seus planos e conseguir alcançar maior êxito. Mesmo assim, é preciso ter

cuidado para analisar se o feedback coletado com a turma é reflexo da percepção de todo o

grupo ou de apenas alguns alunos.

É importante, também, que os professores busquem conhecer melhor esta nova

geração de alunos que ingressam nas instituições de ensino. Dessa forma, o diálogo entre

docente e discente acontecerá de forma mais eficaz. Além disso, os professores precisam

conhecer os métodos de ensino, para que seja possível, para eles, preparar aulas focadas no

aprendizado dos seus alunos. É preciso investir na formação de professor para não apenas

ensinar, mas principalmente, criar meios para os alunos aprenderem.

95

Enfim, o sucesso de uma aula não está baseado no uso de novas tecnologias ou

ferramentas modernas que transformam uma sala num palco para a apresentação de algum

show. Uma boa aula é o resultado de uma confluência de fatores, complexos e variáveis, pois

envolve o trabalho com pessoas. Ou seja, não existe uma receita pronta, é um aprender a

aprender constante, tanto por parte dos alunos, como também dos professores e da própria

instituição de ensino. Todos juntos precisam concentrar seus esforços na tarefa do

aprendizado e transformar a sala de aula num ambiente mágico, no qual a tarefa de aprender é

vivida por todos. Quando estes fatores existem, é possível o professor acrescentar recursos,

criar técnicas, construir processos junto com os próprios alunos. Para aprimorar uma aula, é

preciso que os alunos queiram aprender, que os professores queiram ensinar (e que estes

possuam conhecimento do assunto e instrumentos pedagógicos suficientes para transmiti-los)

e que a instituição queira ser o palco da educação.

5.1 Sugestões para trabalhos futuros

A partir do conhecimento do perfil de aprendizado dos alunos da geração Y, é

possível estudar como elaborar programas de treinamento, dentro das empresas, que sejam

mais efetivos, didaticamente favoráveis ao aprendizado. Sabe-se que há grandes

investimentos em programas de treinamento, desenvolvimento e educação dentro das

corporações e alguns estudos apontam que estes, muitas vezes não são bem sucedidos. Ao

ponto em que se sabe de métodos mais eficazes para as aulas que acontecem em instituições

de ensino superior, pode-se adaptá-los para as empresas. Afinal esta nova geração já começa a

ganhar espaço no mercado de trabalho.

Interessante, também, seria conhecer como os nativos digitais avaliam cursos ou

treinamentos oferecidos à distância. Com este tipo de pesquisa seria possível tentar avaliar

quais as variáveis envolvidas no sucesso ou no fracasso de quando se faz pesquisas na internet

e de quando se utiliza ferramentas de educação à distância. Estudos sobre este tema têm

importância cada vez maior porque, como já foi dito, as empresas investem quantias altas de

recursos financeiros a fim de treinar seus funcionários apostando, ainda, num sistema de

ensino presencial. Não quer dizer que aulas presenciais não são efetivas, pois como foi

analisado nesta dissertação, são sim essenciais e podem ser inovadas a partir do momento em

que se conhece melhor o público para o qual a aula está sendo direcionada. Porém, cursos à

distância podem representar grande economia para as empresas e quem sabe ainda dar

resultados tão eficientes quanto um ensino presencial.

96

Há pesquisas que mostram a falta de efetividade destes treinamentos e o acúmulo

de prejuízo por parte das organizações. Acredita-se que ferramentas de educação à distância

podem otimizar resultados e diminuir custos atendendo a um novo grupo de profissionais que

ingressam no mercado e que possuem características diferentes dos empregados de gerações

anteriores.

Neste caso esta nova pesquisa sugerida poderia indicar quais seriam as melhores

condições para a realização de treinamentos ou cursos à distância, considerando aspectos

como: a intimidade do público selecionado com a tecnologia; o layout dos ambientes virtuais

de aprendizagem; preparação do tutor em relação ao conteúdo abordado; estrutura e

frequência das avalições de aprendizagem; interesse do grupo pelo conteúdo abordado e

flexibilidade de horário para os estudos.

Este tipo de pesquisa poderia ajudar a identificar a efetividade de cursos à

distância voltados para a geração Y. Além de buscar respostas para compreender quais as

dificuldades dos grupos que utilizam ambientes virtuais de aprendizagem; entender se as

novas gerações interagem bem com cursos à distância; e identificar quais os fatores

envolvidos nos sucessos destes cursos ou treinamentos. Assim essa sugestão de pesquisa

poderia apontar o caminho para métodos de ensino para cursos que são oferecidos à distância,

diferente deste estudo que se deteve ao universo do ensino presencial. Porém, como ainda é

relativamente recente a popularização dos cursos à distância, é preciso descobrir quais são os

seus resultados quanto ao aprendizado e buscar métodos que possam ser utilizados nos

ambientes virtuais.

Outra sugestão de estudo é avaliar quais são as competências mais requeridas no

mercado de trabalho e confrontá-las com o perfil dos nativos digitais, para saber qual deve ser

o foco das IES na formação de seus alunos, no que tange a aspectos conceituais, técnicos e

comportamentais. Pode ser possível, com este tipo de estudo, desenvolver nesta geração, a

partir do trabalho do docente em sala de aula, competências essenciais para o sucesso deste

grupo, que não são qualidades naturais desta geração.

Com uma pesquisa direcionada para este fim seria possível preparar alunos de

forma mais consciente e com um diferencial competitivo de sucesso para o mercado de

trabalho, uma vez que poderiam suprir lacunas comportamentais requeridas em ambientes de

negócio, onde se precisa, a depender da área de atuação, de perfis de profissionais diferentes.

A IES já trabalharia os seus conteúdos com foco na formação de competências estratégicas. E,

como o ser humano é o ativo mais estratégico numa organização, profissionais bem formados

97

possuem espaço garantido num mercado altamente competitivo, no qual muitas vezes sobram

vagas de emprego, por não haver mão de obra preparada para ocupar estas funções.

98

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105

APÊNDICE

106

Apêndice A – roteiro de entrevista por pauta

FBV - Faculdade Boa Viagem

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração

Curso: Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

Mestrando: Diogo Galvão Leite de Moura

Orientadora: Prof.ª Lúcia Maria Barbosa de Oliveira (PhD)

Roteiro de Entrevista por Pauta

A entrevista em questão, aplicada para estudantes que nasceram entre os anos de 1984 e 1999,

nativos digitais segundo classificação de Veras (2011), busca atingir os objetivos da pesquisa

intitulada Métodos de Ensino para Estudantes da Geração Y: um Estudo de Caso no Curso de

Turismo da Faculdade Santa Helena, Recife-PE. Esta entrevista foi estruturada em pauta e

relaciona-se com o objetivo geral e os específicos definidos no projeto de pesquisa.

1. Como são ministradas as aulas dos professores do curso.

1.1 Descreva a forma pela qual as aulas são ministradas. Detalhe como se estivesse

falando de um dia completo, com atividades, exercícios, trabalhos em grupo.

2. Identificar qual o método de ensino mais favorável ao aprendizado dos alunos da

geração y.

2.1 Como você prefere que as aulas sejam ministradas pelos professores?

2.2 Pense nos melhores professores que você teve no curso. Sem dizer o nome destes

professores, responda por que eles são os melhores, em sua opinião?

2.3 Como são as aulas destes professores?

2.4 Quais as técnicas de ensino, utilizadas pelos professores, você considera mais

eficazes para o seu aprendizado?

3. Quais as características dos alunos da sua geração Y e a relação com o ensino.

3.1 Como você utiliza a tecnologia nos estudos? Lê no computador ou em livros?

Como faz suas pesquisas?

3.2 Você faz parte de alguma rede social? Por quê?

3.3 Você prefere fazer trabalhos individuais ou em grupo? Por quê?

107

3.4 Quando você está no seu momento de descanso, que temas lhe chamam mais

atenção, nos jornais, revistas, televisão?

3.5 Que recursos tecnológicos, no seu ponto de vista, devem ser mais utilizados pelos

professores? De que forma?

108

Apêndice B – categorização inicial das entrevistas com frequência

Quadro de categorização das entrevistas

Perguntas Respostas Total

Como as aulas são ministradas? Datashow 16

Em algumas entrevistas, nota-se que o uso do

datashow não impede que a aula seja produtiva.

Porém há vários relatos de que este instrumento

deixa a aula cansativa e pouco interativa.

Trabalho em grupo 8

Debate 6

Leitura 3

Atividades / exercícios 4

Como aprende? Trabalho em grupo 5

Muitos entrevistados destacam que querem que

os professores saiam um pouco do método de

só falar, falar, falar... / Mesmo que não tenha

sido comentado pela maioria, verifica-se que o

relacionamento com o professor faz diferença

no aprendizado. / Slide não é sinônimo de aula

chata. Trata-se do uso dos slides. / O professor

deve ajudar fora da sala também. Se preocupar

de verdade com o aluno. / Busca-se um

professor com características de liderança.

Datashow 9

Debate 10

Dinamismo/interação 12

Visita técnica 4

Relacionamento com o professor 7

Relação teoria e prática 6

Leitura 1

Descontração 5

Atividades / exercícios 4

Contextualização do assunto 4

Qual a relação com o trabalho em grupo? Prefere 16

Vários alunos sentem-se líderes. Esta é uma

característica da geração Y.

Depende do grupo 4

Prefere sozinho 2

Indiferente 1

Sente-se um líder 12

Qual a relação com as redes sociais? Tem muitas 11

A rede social é utilizada principalmente para a

interação com amigos. O facebook é a rede que

mais possue adeptos.

Facebook 22

Usa para encontrar amigos 16

Profissionalmente 7

Pesquisa para a faculdade 6

Notícias 4

É indiferente 1

Não usa 2

Usa internet nos estudos? Faz pesquisas 23

Todos utilizam a internet para fazer suas Destacou que faz pesquisas em livros 3

109

pesquisas. Muitos deixam de recorrer à

pesquisa em livros da biblioteca para se

concentrar em pesquisas na web.

Lê no computador 10

Geralmente imprime para ler 2

Não lê no computador 1

Usa como fonte secundária de

pesquisa 5

110

ANEXO

111

ANEXO 1 – resultado da comissão própria de avaliação – CPA

FSH (curso de turismo)

Pesquisa Discente – Turismo

A pesquisa realizada no curso de Turismo foi feita em um formato diferenciado dos demais

cursos, uma vez que o mesmo é modular e tem duração de 3 anos. Cada disciplina foi avaliada

pelos alunos em 8 variáveis, posteriormente acrescidas de 2 outros aspectos (perguntas 9 e

10). Neste caso, a pesquisa foi realizada com todos os alunos do curso, período a período, no

semestre 2011.2. Vale ressaltar que este formato de pesquisa foi testado primeiramente em

Turismo, mas pretende ser ampliado para os demais cursos a partir de 2012. Os resultados em

cada período e, ao final do curso como um todo, serão apresentados a seguir:

Resultado 1º Período:

Para os alunos do 1º Período do curso de Turismo, o semestre teve média geral 8,7. Seguem

as médias de cada questão estudada:

1. Pertinência da disciplina para sua formação acadêmica: Média 8,6

2. O professor tem domínio do conteúdo da disciplina? Média 8,9

3. Como você avalia a capacidade de transmissão de conhecimento do professor? Média 8,4

4. Em que nível os recursos didáticos utilizados em sala pelo professor são satisfatórios para o

aproveitamento da aula? Média 8,5

5. Pontualidade do professor (início e término das aulas): Média 8,6

6. Frequência do professor durante o módulo: Média 9,3

7. Relacionamento do professor com a turma: Média 8,8

8. Como você avalia seu próprio desempenho na disciplina? Média 8,7

9. O professor procurou exemplos práticos, trabalhou exercícios e estudos de caso? Média 8,7

10. Como você avalia o seu conhecimento nesta disciplina após as aulas ministradas. Escolha

uma nota que represente o desenvolvimento do seu aprendizado: Média: 8,6

112

De acordo com este resultado, pode-se observar que os alunos têm uma percepção muito boa

em relação ao seu curso e às questões abordadas, com destaque para a frequência dos

professores durante o módulo, o que é favorecido pelo formato do curso, e o domínio do

conteúdo por parte dos professores, o que decorre do esforço da coordenação em selecionar

professores com conhecimentos específicos nas disciplinas que ministram.

Resultado 2º Período:

Para os alunos do 2º Período do curso de Turismo, o semestre teve média geral 8,7. Seguem

as médias de cada questão estudada:

1. Pertinência da disciplina para sua formação acadêmica: Média 8,9

2. O professor tem domínio do conteúdo da disciplina? Média 9,3

3. Como você avalia a capacidade de transmissão de conhecimento do professor? Média 8,8

4. Em que nível os recursos didáticos utilizados em sala pelo professor são satisfatórios para o

aproveitamento da aula? Média 8,6

5. Pontualidade do professor (início e término das aulas): Média 9,1

6. Frequência do professor durante o módulo: Média 9,2

7. Relacionamento do professor com a turma: Média 8,4

8. Como você avalia seu próprio desempenho na disciplina? Média 8,4

9. O professor procurou exemplos práticos, trabalhou exercícios e estudos de caso? Média 8,6

10. Como você avalia o seu conhecimento nesta disciplina após as aulas ministradas.

Escolha uma nota que represente o desenvolvimento do seu aprendizado: Média 8,3

De acordo com este resultado, pode-se observar que os alunos do 2º período continuam

mantendo uma percepção muito boa em relação ao curso, novamente destacando-se a

frequência e a pontualidade dos professores durante o módulo, assim como o domínio do

conteúdo.

Resultado 3º Período:

Para os alunos do 3º Período do curso de Turismo, o semestre teve média geral 9,0. Seguem

as médias de cada questão estudada:

113

1. Pertinência da disciplina para sua formação acadêmica: Média 9,0

2. O professor tem domínio do conteúdo da disciplina? Média 9,1

3. Como você avalia a capacidade de transmissão de conhecimento do professor? Média 8,6

4. Em que nível os recursos didáticos utilizados em sala pelo professor são satisfatórios para o

aproveitamento da aula? Média 8,5

5. Pontualidade do professor (início e término das aulas): Média 9,2

6. Frequência do professor durante o módulo: Média 9,7

7. Relacionamento do professor com a turma: Média 9,1

8. Como você avalia seu próprio desempenho na disciplina? Média 8,8

9. O professor procurou exemplos práticos, trabalhou exercícios e estudos de caso? Média 8,4

10. Como você avalia o seu conhecimento nesta disciplina após as aulas ministradas. Escolha

uma nota que represente o desenvolvimento do seu aprendizado: Média 8,9

De acordo com este resultado, podemos observar que a média do semestre subiu para a casa

dos 90% de aproveitamento. Nota-se um gradativo incremento da percepção por parte do

aluno da pertinência das disciplinas do semestre para a sua formação acadêmica, ao longo da

passagem dos semestres. Os mesmos pontos dos demais semestres mereceram destaque no 3º

período: frequência e pontualidade dos professores e o domínio do conteúdo.

Resultado 4º Período:

Para os alunos do 4º Período do curso de Turismo, o semestre teve média geral 9,3. Seguem

as médias de cada questão estudada:

1. Pertinência da disciplina para sua formação acadêmica: Média 9,2

2. O professor tem domínio do conteúdo da disciplina? Média 9,5

3. Como você avalia a capacidade de transmissão de conhecimento do professor? Média 9,3

4. Em que nível os recursos didáticos utilizados em sala pelo professor são satisfatórios para o

aproveitamento da aula? Média 9,0

5. Pontualidade do professor (início e término das aulas): Média 9,5

6. Frequência do professor durante o módulo: Média 9,7

7. Relacionamento do professor com a turma: Média 9,5

8. Como você avalia seu próprio desempenho na disciplina? Média 8,8

9. O professor procurou exemplos práticos, trabalhou exercícios e estudos de caso? Média 9,6

114

10. Como você avalia o seu conhecimento nesta disciplina após as aulas ministradas. Escolha

uma nota que represente o desenvolvimento do seu aprendizado: Média 9,1

Observamos que o 4º período do curso de Turismo foi o que obteve maior nota, destacando-se

a atuação do professor em sala de aula. Destacamos também a percepção dos alunos em

relação ao desenvolvimento do seu aprendizado ao longo do semestre, que para os estudantes

do 4º período é o maior observado até agora. O relacionamento dos professores com a turma

também foi mais bem avaliado neste período, sendo considerado num nível ótimo (nota 9,5).

Resultado 5º e 6º Períodos:

Esta turma pesquisada era formada por alunos entrantes em 2009.1 e em 2009.2. Para esses

alunos, a média geral do semestre foi 9,1. Seguem as médias de cada questão estudada:

1. Pertinência da disciplina para sua formação acadêmica: Média 9,2

2. O professor tem domínio do conteúdo da disciplina? Média 9,2

3. Como você avalia a capacidade de transmissão de conhecimento do professor? Média 9,1

4. Em que nível os recursos didáticos utilizados em sala pelo professor são satisfatórios para o

aproveitamento da aula? Média 8,9

5. Pontualidade do professor (início e término das aulas): Média 9,6

6. Frequência do professor durante o módulo: Média 9,5

7. Relacionamento do professor com a turma: Média 9,4

8. Como você avalia seu próprio desempenho na disciplina? Média 9,0

9. O professor procurou exemplos práticos, trabalhou exercícios e estudos de caso? Média 8,5

10. Como você avalia o seu conhecimento nesta disciplina após as aulas ministradas. Escolha

uma nota que represente o desenvolvimento do seu aprendizado: Média 8,4

Este é o semestre em que os alunos melhor se autoavaliaram. Consideraram que seu próprio

desempenho nas disciplinas chegou ao patamar de 90% de aproveitamento, dado de extrema

relevância, quando se considera que esses alunos estão em vias de concluir o curso e se

consolidar no mercado de trabalho. O papel do professor, na frequência, na pontualidade, no

seu relacionamento com a turma e na sua capacidade de transmissão de conhecimento foi

relevante novamente para o resultado da pesquisa.

115

Considerações gerais:

O curso de Turismo obteve média geral aproximada de 9,0, na percepção dos alunos, o que

denota grande satisfação com o curso. Pudemos observar o comprometimento dos professores

do curso, uma vez que o item que se refere à frequência dos mesmos foi o que obteve maior

nota geral (superior a 9,5), fato este reconhecido pelos alunos na avaliação.

De acordo com a pesquisa, vemos que o ponto forte do curso se confirma como sendo o

professor, tanto pelo domínio na disciplina, quanto pela pontualidade (média 9,1). O formato

modular do curso, proporcionando um contato diário e intenso com os alunos durante um

período determinado (que pode ser de 2 ou 3 semanas, aproximadamente), favorece o bom

relacionamento dos docentes com as turmas, ponto que mereceu média 9,0 por parte dos

entrevistados.

Outros aspectos avaliados com média aproximada de 9,0 foram os que avaliaram a pertinência

das disciplinas para a formação acadêmica do discente e o uso de exemplos práticos,

exercícios e estudos de caso pelos professores. No primeiro caso, verificamos que os alunos

têm uma ótima percepção a respeito da matriz curricular do curso e de sua contribuição para a

formação acadêmica dos mesmos. Esse dado é de extrema importância, pois faz com que o

aluno se envolva com o curso e se dedique às aulas e às atividades de maneira bem

interessada, procurando dar o melhor de si no curso.

O segundo aspecto, referente ao uso de exemplos práticos pelo professor, denota a

preocupação da Instituição com a preparação do aluno para a realidade do mercado de

trabalho, não se limitando aos aspectos teóricos, mas procurando aplicar esses conhecimentos

à prática das organizações e da sociedade de forma geral. Assim, consegue-se uma formação

mais completa entregando ao mercado de trabalho pessoas mais preparadas para enfrentar os

desafios que venham a surgir. A capacidade de transmissão do conhecimento por parte dos

professores foi avaliada com média 8,8, o que demonstra haver no quadro de professores do

curso pessoas, não apenas com muito conhecimento da área, mas também com capacidade

didática para transmitir adequadamente esses conhecimentos aos alunos.

Um dado que merece relevância é como o aluno se autoavaliou (itens 8 e 10): os discentes de

Turismo têm uma percepção muito boa do próprio desempenho nas disciplinas (média 8,7) e

116

do desenvolvimento do seu aprendizado (média 8,6). Esses dados são de extrema importância,

uma vez que o objetivo primordial de uma Instituição de Ensino é preparar adequadamente os

estudantes. A partir do momento em que eles próprios se avaliam positivamente, tendo a

percepção de que estão bem formados e preparados e de que desenvolveram o conhecimento,

mais seguros para o desempenho de suas funções profissionais eles se tornam, incrementando

seus resultados no ambiente de trabalho ou adquirindo uma maior facilidade de obter emprego

na área que desejam.

A pesquisa mostrou, ainda, que os recursos didáticos utilizados em sala de aula são bastante

satisfatórios para o desenvolvimento das disciplinas e para a transmissão de conhecimento

(média 8,7). A Faculdade disponibiliza recursos audiovisuais (TV, DVD, datashow,

retroprojetor), além do tradicional quadro branco.

Podemos concluir, a partir da pesquisa realizada, que o curso de Turismo tem uma avaliação

bastante positiva por parte dos alunos, provando que houve um grande acerto no formato

escolhido para o desenvolvimento do mesmo. O resultado estimula a IES a continuar

investindo no curso e a adotar nos demais cursos, dentro das adaptações que se fizerem

necessárias, soluções com repercussão positiva observadas em Turismo.