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Centro Universitário Faculdade Boa Viagem/ Unifbv Wyden Brasil Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração - CPPA Mestrado Profissional em Gestão Empresarial Alan Mendes Ventura O ICIA INSTITUTO DO CÂNCER INFANTIL DO AGRESTE: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A INTERFERÊNCIA DAS AS ESTRATÉGIAS DE MARKETING UTILIZADAS NA DOAÇÃO. Recife, 2018

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Centro Universitário Faculdade Boa Viagem/ Unifbv Wyden Brasil

Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração - CPPA

Mestrado Profissional em Gestão Empresarial

Alan Mendes Ventura

O ICIA – INSTITUTO DO CÂNCER INFANTIL DO AGRESTE: UM ESTUDO DE

CASO SOBRE A INTERFERÊNCIA DAS AS ESTRATÉGIAS DE MARKETING

UTILIZADAS NA DOAÇÃO.

Recife, 2018

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Alan Mendes Ventura

O ICIA – INSTITUTO DO CÂNCER INFANTIL DO AGRESTE: UM ESTUDO DE

CASO SOBRE A INTERFERÊNCIA DAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING

UTILIZADAS NA DOAÇÃO.

Dissertação apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de

mestre em Gestão Empresarial do Centro de

Pesquisa e Pós-Graduação em Administração

- CPPA do Centro Universitário Faculdade

Boa Viagem - Wyden Brasil, sob a orientação

da Professora Dra. Janaína de Holanda Costa

Calazans.

Recife, 2018

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Catalogação na fonte -

Biblioteca do Centro Universitário UniFBV | Wyden, Recife/PE

V468 Ventura, Alan Mendes.

O ICIA – Instituto do Câncer Infantil do Agreste: Um estudo

de caso sobre a interferência das estratégias de marketing

utilizadas na doação. / Alan Mendes Ventura. – Recife: UniFBV |

Wyden 2018.

100 f. : il.

Orientador(a): Janaína de Holanda Costa Calazans.

Dissertação (Mestrado) Gestão Empresarial -- Centro

Universitário UniFBV | Wyden.

1. Estratégia de marketing. 2. Marketing sem fins lucrativos.

3. Doação. 4. Marketing. 5. Gestão. I. Título. DISS

658[18.1]

Ficha catalográfica elaborada pelo setor de processamento técnico da Biblioteca.

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“ É a intenção, e não a doação, que faz o

doador''

Gotthold Ephraim Lessing

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer à Professora Doutora Janaína de Holanda Costa Calazans, por aceitar

ser minha orientadora, por acreditar no meu estudo, pela paciência, disponibilidade e amizade

demostradas durante toda a orientação desta dissertação, sabendo esta de todos os problemas

por mim enfrentados no final deste trabalho.

Agradeço a todos os meus professores de Mestrado pela contribuição de ensino que

permitiram enriquecer meus conhecimentos e abrir novos horizontes.

Aos meus maravilhosos amigos e colegas de turma, meu muito obrigado, pelos momentos de

partilha de angústias, alegrias, aprendizagem e, sobretudo, amizade que marcaram nossa

passagem pelo curso, em especial ao meu amigo Rogers Andrade pela verdadeira definição do

que é amizade, bem como a Karla Lacerda pela constante parceria no curso deste mestrado.

Quero agradecer, também, à minha família, cujo apoio foi indispensável para a realização do

mestrado e para a conclusão desta dissertação, por compreender minhas ausências,

principalmente neste último ano, em especial ao meu filho Vinícius, aos meus pais Valdy e

Maria do Carmo e meus avós Coriolano e Maria de Barros pela constante presença nos

momentos mais difíceis.

Agradeço ao ICIA – Instituto do Câncer Infantil do Agreste, por permitir a realização das

pesquisas nesta instituição, através da pessoa de Antônio Romão, o qual saúdo os demais

membros do ICIA, por terem acreditado neste trabalho e na colaboração que o mesmo dará

para continuidade do belíssimo trabalho que é realizado por esta instituição.

Finalmente, agradeço a Unifavip Wyden por ter dado a oportunidade de fazer parte deste

grandioso grupo educacional bem como à coordenação do Mestrado e aos diretores da Unifbv

Wyden e a todos que, de forma direta ou indireta, contribuíram para a realização deste

trabalho.

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RESUMO

Este estudo visa identificar e descrever as estratégias de marketing do Instituto do Câncer

Infantil do Agreste (ICIA) identificadas pelos doadores na busca de captação de recursos para

o projeto social, bem como o sentimento dos doadores diante destas estratégias. O texto faz

uma apresentação sobre o Terceiro Setor, entidade sem fins lucrativos e de estratégias de

marketing, com o objetivo de identificar a eficácia das estratégias de marketing na percepção

dos doadores. É discutido o sentimento dos doadores em relação ao trabalho realizado pelo

ICIA, além das definições de marketing social, marketing de causa social e marketing sem

fins lucrativos. A pesquisa foi desenvolvida em 2017 e teve como entrevistados 12 doadores

de perfis diversos da cidade de Caruaru - PE. A coleta de dados fundamentou-se na

abordagem qualitativa, com aplicação de entrevista semiestruturada, com questões abertas,

que foram direcionadas aos doadores, onde se constatou nos resultados a identificação pelos

doadores das estratégias de marketing utilizadas, a interferência das estratégias na captação de

recursos e o sentimento e a percepção dos doadores em relação ao trabalho realizado pelo

ICIA.

Palavras-chave: Estratégia de marketing. Marketing sem fins lucrativos. Doação. Marketing.

Gestão.

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ABSTRACT

This study aims to identify and describe the marketing strategies of the Instituto de Câncer

Infantil do Agreste (ICIA) identified by donors in the search for fundraising for the social

project, as well as the donors' feeling about these strategies. The text presents a presentation

on the Third Sector, a non-profit organization and marketing strategies, with the objective of

identifying the effectiveness of marketing strategies in the perception of donors. Donors'

feelings about ICIA's work, as well as definitions of social marketing, social cause marketing,

and nonprofit marketing, are discussed. The research was developed in 2017 and had as

respondents 12 donors of diverse profiles of the city of Caruaru - PE. Data collection was

based on the qualitative approach, with a semi-structured interview, with open questions that

were directed to the donors, where the donors identified the marketing strategies used, the

interference of strategies in fundraising and donor sentiment and perception of ICIA's work.

Palavras-chave: Marketing strategy. Non-profit marketing. Donation. Marketing.

Management.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: início da construção ICIA 21

Figura 2: imagem atual do ICIA 22

Figura 3: projeção da construção do ICIA 22

Figura 4: primeira marca do ICIA 27

Figura 5: segunda marca do ICIA 27

Figura 6: terceira marca do ICIA 27

Figura 7: pesquisa de registro de marca na base de dados do INPI 28

Figura 8: página inicial do Facebook 63

Figura 9: palestra sobre câncer infantil em instituição de ensino 63

Figura 10: imagem de criança atendida pelo ICIA 64

Figura 11: imagem da cartela do título de capitalização 66

Figura 12: imagem dos selos comercializados com empresas parceiras 68

Figura 13: primeira marca do ICIA 83

Figura 14: segunda marca do ICIA 83

Figura 15: terceira marca do ICIA 84

Figura 16: pesquisa de registro de marca na base de dados do INPI 85

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 8 1.1 Contextualização da pesquisa .................................................................................. 8

1.2 Objetivos .................................................................................................................. 11

1.2.1 Objetivo geral ........................................................................................................ 11

1.2.2 Objetivos específicos ............................................................................................. 11

1.3 Justificativa da pesquisa ........................................................................................ 11

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 14 2.1 Terceiro Setor no Brasil ......................................................................................... 14

2.1.1 Conceito de Terceiro Setor .................................................................................... 15

2.1.2 Finalidade do Terceiro Setor ................................................................................. 16

2.1.3 O Terceiro Setor e suas formas de organização .................................................... 17

2.2 Associação Civil ...................................................................................................... 18

3 O Instituto do Câncer Infantil do Agreste (ICIA) .................................................. 21 3.1 A Marca ICIA ......................................................................................................... 24

3.2 Posicionamento da marca ICIA ............................................................................ 24

3.3 A identidade da marca ICIA ................................................................................. 26

3.4 Do registro da marca ICIA .................................................................................... 27

4 Marketing ................................................................................................................... 29

4.1 Marketing social ..................................................................................................... 30

4.2 Distinção de marketing comercial, marketing social e marketing de causa sociais.

........................................................................................................................................ 31

4.3 Marketing sem fins lucrativos e o Terceiro Setor ................................................ 33

4.4 Estratégias de Marketing ....................................................................................... 35

4.4.1 Redes sociais digitais ............................................................................................. 36

4.4.2 Dos meios de Comunicação de massa: Rádio e Televisão .................................... 37

4.4.3 Empresas Parceiras ................................................................................................ 37

4.4.4 Telemarketing ........................................................................................................ 38

4.4.5 Sorteio: Certificado de contribuição do Caruaru da Sorte ..................................... 39

4.4.6 Outras estratégias: eventos e comercialização de produtos ................................... 40

5 METODOLOGIA ...................................................................................................... 42 5.1 A escolha do método ............................................................................................... 42

5.2 Campo de pesquisa ................................................................................................. 44

5.3 Sujeitos da pesquisa ................................................................................................ 45

5.4 Técnica de coleta dos dados ................................................................................... 46

5.5 Técnica de análise dos dados ................................................................................. 48

5.6 Limites e limitação da pesquisa ............................................................................. 49

6 RESULTADOS DA PESQUISA .............................................................................. 51 6.1 Estratégias de marketing percebidas pelo doador .............................................. 54

6.1.1 A fidelização do doador ......................................................................................... 55

6.1.2 Marketing boca a boca. .......................................................................................... 56

6.1.3 O telemarketing ..................................................................................................... 58

6.1.4 a televisão e o rádio ............................................................................................... 59

6.1.5 Redes sociais digitais ............................................................................................. 61

6.2 A relação entre as estratégias de marketing e a captação de recursos .............. 64

6.2.1 A marca ICIA e as empresas privadas parceiras ................................................... 65

6.2.2 A marca ICIA e outros projetos de captação de recursos: caminhada do ICIA, brechó

ICIA e produtos ICIA. .................................................................................................... 70

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6.3 Sentimentos do doador em relação ao ato de doar .............................................. 71

6.3.1 Motivação para doar .............................................................................................. 72

6.3.2 Reação do doador ao ser abordado para doar ........................................................ 74

6.3.3 Motivação para doar mais...................................................................................... 76

6.3.4 Motivação para doar ao ICIA ................................................................................ 78

6.4 Percepções do doador em relação ao trabalho desenvolvido pelo ICIA ............ 79

6.4.1 Do não conhecimento do projeto ICIA pessoalmente pelos doadores .................. 80

6.4.2 O sentimento do doador de credibilidade ao ICIA ................................................ 81

6.5 Falha na construção da identidade visual e da proteção da marca ICIA ......... 82

6.5.1 A falha de identidade visual da marca ................................................................... 83

6.5.2 A falha no registro da marca ICIA ........................................................................ 85

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 87

REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 92

APÊNDICE A – ROTEIRO DA ENTREVISTA INDIVIDUAL ............................. 97

APÊNDICE B – TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE ENTREVISTA ..................... 98

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1 INTRODUÇÃO

A doação ganhou força no Brasil a partir da regulamentação do Terceiro Setor, que tem a

precípua missão de dar ao Estado suporte na área social. Noutros termos, a sociedade buscou

intervir nas necessidades sociais, ao invés de esperar pelo Estado, para que este o fizesse. As

entidades sem fins lucrativos buscaram, então, organizar-se como associações, com o objetivo

maior de fazer algo mais pelo social.

Segundo pesquisa organizada pelo Instituto pelo Desenvolvimento do Investimento Social

(IDIS), em 2015, “as doações individuais dos brasileiros totalizaram R$ 13,7 bilhões, valor

que corresponde a 0,23% do PIB do Brasil”. Ainda segundo o estudo, “77% dos brasileiros

fizeram algum tipo de doação, sendo que 62% doaram bens, 52% doaram dinheiro e 34%

doaram seu tempo para algum trabalho voluntário”. Considerando apenas os que doaram

dinheiro para organizações sociais – entes do terceiro setor - temos o percentual de 46%

(IDIS, 2015). Evidente que essa pesquisa revela uma cultura de doação no país e de impacto

relevante na economia e nas realizações sociais advindas das entidades do terceiro setor.

Definir uma relação entre os doadores e as entidades filantrópicas é papel fundamental para

existência e funcionamento destas. Comum então é o trabalho de desenvolvimento de uma

marca sólida por parte destas entidades para fidelizar as doações.

Nesse contexto, as entidades sem fins lucrativos buscam cada vez mais estratégias de

marketing que possam atender e direcionar a atuação das mesmas perante os doadores, na

tentativa de gerar um vínculo emocional entre estes e garantir uma continuidade nas doações.

Em outras palavras, sabendo da necessidade de recursos para sua manutenção, as entidades

filantrópicas procuram definir bem as estratégias de marketing para intervirem diretamente na

vontade de doar das pessoas. Dessa forma, o trabalho em tela tem por objetivo investigar

quais estratégias de marketing são empregadas pelo ICIA, entidade sem fins lucrativos, que

trabalha no tratamento e recuperação de crianças com câncer, para atrair e fidelizar doadores,

garantindo, assim, a continuidade das suas atividades.

1.1 Contextualização da pesquisa

A fidelização é sempre perseguida por todas as marcas, no intuito de produzir no consumidor

o desejo não só de consumir, mas de pertencer a um determinado grupo, sentindo no

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consumo, os valores contidos na marca. Isso porque a marca não é apenas um elemento

identificador de um produto ou serviço, mas também uma promessa de “concretizar aquilo

que ela simboliza em termos de benefícios funcionais, emocionais, de auto expressão e

socais” (AAKER, 2015, p. 02).

A criação da marca, a identidade, o seu posicionamento, e a delimitação do público alvo é

tarefa primordial para definir as estratégias que serão utilizadas para influenciar os seus

consumidores. Contudo, estabelecer um público alvo quando se trata de uma marca que

envolve uma questão social é tarefa difícil, pois, em se tratando da intenção de doar das

pessoas é evidente que, na sociedade, todos são doadores em potencial.

A sociedade já identificou que não basta esperar pelo Estado para que este cumpra o seu papel

de garantir condições dignas de vida aos seus cidadãos, até porque as necessidades sociais são

infinitas. Dessa forma, pessoas imbuídas da ideia de fazer algo mais pelo bem comum,

buscam desenvolver projetos sociais que possam transformar o meio em que vivem. No

entanto, esses projetos dependem, quase sempre, de outras pessoas, seja no que se refere à

força de trabalho, seja no que tange o financiamento da iniciativa. Aí é onde entra a

necessidade da captação de recursos através da doação.

Diversas são as formas para captação de recursos por meio da doação. É necessário que haja

uma definição de quais estratégias de marketing melhor se adequam aos objetivos e valores

sociais da entidade filantrópica e da marca para, assim, buscar no mercado influenciar o

comportamento do doador.

A relevância deste trabalho está justamente em definir quais estratégias de marketing

impactam de fato os doadores a ponto de influenciar a doação, identificando as estratégias

mais relevantes empregadas na entidade, no intuito de fomentar e fidelizar a doação.

As estratégias de marketing, quando bem definidas e ligadas aos objetivos da entidade

possuem a capacidade de impactar a ponto de gerar emoção naqueles a quem são dirigidas as

estratégias influenciando diretamente na doação. Segundo Aaker (2015, p. 58), “a

personalidade de marca, as associações organizacionais, os benefícios emocionais, os

benefícios de auto expressão e os benefícios sociais são fatores poderosos na fidelidade e nos

relacionamentos de marca”.

Para Kotler e Kartajaya (2010, p.11), os profissionais de marketing não possuem mais o

controle sobre as marcas, pois antes podiam estabelecer as estratégias com base no produto.

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Nos dias atuais, ouvir o consumidor é papel fundamental na criação e desenvolvimento das

estratégias na definição do produto ou serviço. No caso das entidades que desenvolvem

trabalhos sociais, não temos um produto ou serviço definido, mas sim a captação de recursos e

força de trabalho.

A proposta, então, é despertar no público a vontade de doar, utilizando, para isso, estratégias

de marketing. A existência de um motivo social, por si só, não basta para definir e influenciar

a doação, ou seja, é necessário observar o comportamento e a atitude do doador para, a partir

daí, estabelecer as estratégias mais adequadas para a sua sensibilização e posterior captação

de recursos. É nesse contexto que assume o presente trabalho, a tentativa de investigar quais

estratégias de marketing são adotadas pelo Instituto do Câncer Infantil do Agreste (ICIA), e se

estas estratégias são eficazes na proposta de influenciar o comportamento do doador e de

estimular a doação.

Como campo de pesquisa para o estudo de caso temos o Instituto do Câncer Infantil do

Agreste, localizado na cidade de Caruaru, entidade sem fins lucrativos que cresceu e se tornou

pólo no interior de Pernambuco, como centro de referência no combate ao câncer infantil,

abrangendo 27 municípios.

A escolha do ICIA é dada em decorrência do crescimento do projeto social no interior do

estado de Pernambuco, que tem apresentado uma capacidade de arrecadar consideráveis

valores, como se verá adiante, advindos exclusivamente do setor privado, através de doações,

projetos e parcerias com empresas atentas ao marketing social. Para melhor compreensão, o

ICIA apresenta em números, segundo fontes do site institucional1, no último mês de janeiro

de 2018, uma despesa contabilizada e publicada, de R$ 680.256,12 (seiscentos e oitenta mil,

duzentos e cinquenta e seis reais e doze centavos) sem recebimento de qualquer recurso

público (ICIA, 2018).

Para definição do trabalho no tocante ao referencial teórico analisa-se na primeira seção do

trabalho o que vem a ser uma entidade pertencente ao Terceiro Setor, definindo-a,

estabelecendo sua configuração, sua área de atuação, e sua diferenciação em relação aos

demais setores do mercado, estabelecendo o entendimento sobre associação civil. Na segunda

seção, discorre-se sobre marketing, estabelecendo o conceito, as distinções entre marketing

comercial, marketing social e marketing de causas sociais, além de definir estratégias de

marketing utilizadas pelo ICIA.

1 Disponível em: https://www.icia.org.br/prestacao-de-contas?ano=2018&mes=1

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Na terceira seção do referencial teórico estabelece-se, conforme informações do site

institucional do ICIA, a missão, objetivos, valores e finalidade do instituto, trazendo à baila a

gestão da marca ICIA. Ao final, Investiga-se quais as estratégias de marketing utilizadas e

quais impactam o doador ou influenciam o mesmo com mais eficácia, ainda que

indiretamente, a doar e manter-se doando ao ICIA.

Seguindo esse raciocínio, podemos chegar ao seguinte problema de pesquisa: Como as

estratégias de marketing utilizadas pelo Instituto do Câncer Infantil do Agreste (ICIA)

influenciam os doadores? para responder a esta pergunta, foram estabelecidos alguns

objetivos, a seguir, que nortearam a pesquisa.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Verificar como as estratégias de marketing utilizadas pelo Instituto do Câncer Infantil do

Agreste (ICIA) influenciam os doadores.

1.2.2 Objetivos específicos

* Identificar se os doadores reconhecem ou têm consciência das estratégias de marketing

utilizadas pelo ICIA.

* Identificar a interferência entre as estratégias de marketing adotadas pelo ICIA e a captação

dos recursos pela doação.

* Identificar o sentimento dos doadores com relação ao trabalho realizado pelo ICIA diante

das estratégias de marketing utilizadas.

1.3 Justificativa da pesquisa

No campo teórico, a pesquisa busca um estudo sobre o marketing, estabelecendo as

diferenciações do marketing comercial, marketing social, marketing de causa social e

marketing sem fins lucrativos. Ainda é grande a confusão em relação aos conceitos, o que se

espera explicar a diferença entre eles, sobretudo quando temos uma instituição sem fins

lucrativos realizando um trabalho de marketing.

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O estudo acerca do marketing social quase sempre está atrelado a empresas do primeiro setor

- que querem criar uma imagem de socialmente responsáveis para seus clientes, vinculando

seus produtos ou serviços a causas sociais, (KOTLER; LEE, 2011, p. 26). Contudo, o

contexto de marketing social é mais amplo quando se estuda entidades sem fins lucrativos –

do terceiro setor – onde se tem empresas que trazem nelas a própria causa social como

objetivo maior. Daí a confusão em identificar o tipo de marketing para essas entidades, pois,

por vezes, praticam marketing social, marketing comercial, marketing de causas sociais e

marketing sem fins lucrativos.

Outro ponto a ser discutido são as estratégias de marketing empregadas por empresas do

terceiro setor. Quando adequadas, estas são capazes de influenciar diversos públicos e

construir bons resultados. Segundo Kotler e Lee (2011, p.29), o mercado é uma composição

rica de diversidades, no qual as estratégias serão definidas para um determinado grupo e

podem não atingir outro grupo; logo, é necessária a divisão do mercado para estabelecer um

público alvo e passar a influenciar o mercado-alvo usando a ferramenta dos “4Ps” ou seja,

produto, preço, praça, promoção.

Observe que na concepção da empresa que não tem fins lucrativos, não há consumo. O cliente

é aquele que se utiliza do serviço social prestado pela entidade e não há lucro. Por vezes, as

entidades do terceiro setor vivem de doações e também não possuem produtos a serem

comercializados. Daí a relevância teórica em buscar os elementos que traduzem a atuação do

marketing no campo social, uma vez que a ferramenta dos “4Ps” não preenche os campos

para definição das estratégias. Assim o estudo irá mostrar justamente quais estratégias causam

ao doador algum impacto, pois, como dito antes, doador pode ser qualquer um em potencial.

Logo, definir as melhores estratégias é algo de extrema relevância para ampliação das

doações.

No campo prático, a pesquisa irá revelar quais estratégias de marketing de fato são notadas

pelo doador, e se estas influenciam ou não a doação de alguma forma. Uma vez definida a

relação entre as estratégias e o comportamento do doador, diante das práticas de marketing,

será possível entender quais são as estratégias mais eficientes. Neste contexto, este trabalho

poderá ajudar o ICIA a, se oportuno, definir novas estratégias de marketing, para contínua

melhoria na arrecadação de fundos, podendo ser replicada em outras instituições do país.

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Quanto à produção acadêmica nas plataformas Scielo, Spell e Capes acerca do tema, percebe-

se a relevância deste trabalho diante da escassez de trabalhos nos objetivos traçados na

pesquisa. Cumpre ressaltar que as buscas nos três repositórios foram realizadas de forma

associada, evitando-se a busca de expressões “marketing”, “doação”, “entidades não

governamentais – ONG”, “marketing social” e “terceiro setor” de forma isolada, tendo em

vista que, individualmente, não traduzem a pesquisa a que se propõe este trabalho.

Desta forma, ao buscar nas citadas plataformas as expressões “marketing social e doação”

foram encontrados 32 trabalhos na Capes, 4 trabalhos na Sielo e 0 trabalho na Spell. Há de se

ressaltar que nenhum dos trabalhos identificados nas plataformas tratam do terceiro setor

ligados à doação de recursos para custeio de entidades sem fins lucrativos, ou seja, são

estudos realizados que identificam a necessidade de impulsionar algum comportamento do

consumidor para fazer algo em favor da coletividade por influência Estatal, tal como doação

de sangue, doação de órgãos, de tecidos, dentre outros.

Do mesmo modo, ao se buscar “Marketing e entidades sem fins lucrativos” não foram

localizados trabalhos na Scielo e na Spell. Na Capes, foram localizados 3 trabalhos, no qual

apenas 1 trata da temática abordada na presente pesquisa, não de forma direta, visto que

aborda o comportamento do consumidor ao doador, trançando um paralelo para definição do

marketing, sem contudo tratar de estratégias de marketing.

Ao pesquisar nas plataformas “estratégias de marketing no terceiro setor”, verificou-se a

inexistência de trabalhos neste sentido. Por fim, investigou-se nas plataformas citadas

“estratégias de marketing e doação”, onde novamente não obtivemos nenhum trabalho nas

plataformas Spell e Scielo e 2 trabalhos na Capes, relacionados à doação de sangue. Nesse

sentido, a presente pesquisa busca justamente desenvolver o estudo sobre estratégias de

marketing utilizadas na definição da doação para entidade do terceiro setor, sendo pois, um

trabalho de relevância acadêmica.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para que se possa compreender como as estratégias de marketing utilizadas pelo Instituto do

Câncer Infantil do Agreste (ICIA) impactam os doadores e o sentimento destes doadores

diante do projeto, faz-se necessário maior compreensão do que vem a ser uma instituição sem

fins lucrativos, o entendimento do Terceiro Setor, o posicionamento da marca, conceitos de

Marketing e suas estratégias, a ser visto a seguir.

2.1 Terceiro Setor no Brasil

Entende-se por Terceiro Setor as pessoas jurídicas, sem fins lucrativos que realizam projetos

sociais de interesse do Estado e da população. Para melhor compreensão e diferenciação em

relação ao Primeiro e Segundo Setor, é importante defini-los. Temos o Primeiro Setor,

reservado às organizações governamentais, ou seja, este setor é compreendido pelo Estado

propriamente dito. O Segundo Setor, que engloba as empresas privadas que objetivam o lucro

e compreendem o meio empresarial, como concebemos regidas pelas leis do mercado. O

Terceiro setor, como dito antes, é composto por entidades sem fins lucrativos fomentadas pelo

Estado, ou custeadas por doações de particulares, segundo conceitua Torres e Baltar Neto

(2015, p. 134):

O terceiro Setor não pertence ao Estado, pode-se concebê-lo como elemento

privado; reconhecendo que ele institucionalmente se diferencia das pessoas naturais,

pode-se restringir sua análise às organizações personalizadas e detentoras de direitos

e deveres jurídicos, dotadas, portanto, de personalidade jurídica; por fim

acrescentando sua diferenciação em relação aos entes pertencentes ao mercado,

pode-se identificar que as atividades exercidas por tais não visam ao lucro.

É visível a carência na prestação dos serviços nas áreas de educação, saúde e cultura, por

parte do Estado, o que abre espaços para parceiros também destinados ao serviço social. As

empresas privadas sem finalidade lucrativa, atuam de forma independente, mas, por vezes,

podem buscar apoio público, firmando com o Estado, onde se qualificam como Organizações

Sociais (OS), ou termos de parceria, qualificando-se como Organizações da Sociedade Civil

de Interesse Público (OSCIPS). Acrescentam-se, ainda ao Terceiro Setor as entidades

formadoras dos Sistemas de Serviços Sociais Autônomos, com fins filantrópicos, como Sesi,

Sesc, Senai, denominados o Sistema “S”.

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O estudo em questão tem como campo de pesquisa uma entidade do Terceiro Setor que atua

de forma independente, sem a participação de forma direta do Estado no custeio de suas

operações sociais, ou seja, depende apenas de doações advindas do setor privado.

No Brasil, o Terceiro Setor teve grandes transformações entre as décadas de 1980 e 1990,

devido a reforma do Estado que, por meio do neoliberalismo, “processa-se fundamentalmente

com privatizações de empresas públicas, ajuste de gastos estatais, reformas tributárias, da

previdência e das legislações trabalhista e eleitoral, recorte do financiamento da área social”

(TORRES; BALTAR NETO, 2015, p. 134, apud MONTANÕ, 2012, p. 219). Em tal período,

esta reforma do Estado ocorreu pela necessidade de transformar um Estado burocrático e

intervencionista, em um Estado eficiente e gerencial, com fundamento na Constituição

Federal de 1988 (TORRES; BALTAR NETO, 2015).

Neste panorama, o Estado percebeu que era necessário auxílio de determinados setores da

sociedade para contribuir na prestação de serviços sociais, e o surgimento do Terceiro Setor

corroborou com essa expectativa. Em 1998, ocorreram mudanças que possibilitaram a

existência dessas entidades como elemento de integração para questões sociais, com o Plano

Diretor de Reforma do Aparelho do Estado idealizado pelo Ministério da Administração

Federal e de Reforma do Estado (TORRES; BALTAR NETO, 2015) criando os setores não-

exclusivos do Estado, prevendo as Organizações Sociais, através da Lei n. 9.637/98.

Embora se destinem a serviços não competitivos, sem visão de mercado, as entidades do

Terceiro Setor possuem caráter institucional. Assim preocupam-se com sua imagem perante a

sociedade, lembrando que têm base jurídica construída em pessoas jurídicas de direito

privado, tal qual as sociedades; associações; partidos políticos. Contudo, o seu grande

diferencial em relação a algumas dessas pessoas jurídicas, é o escopo na prestação de

serviços, não lucrativos.

2.1.1 Conceito de Terceiro Setor

O nome Terceiro Setor, apesar de pouco difundido no Brasil antes de 1980, como dito antes,

já era utilizado no contexto internacional. “A expressão Terceiro Setor foi traduzida do inglês

Third Sector e difundida a partir da década de setenta do século XX” (TORRES, 2013 apud

MÂNICA, 2006). Tal expressão designaria as entidades formadas sem o intuito de lucro e

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possuem a finalidade de concretude de interesses sociais. Devido a tais características é

comum a discussão sobre as delimitações do que compreende tais entidades (TORRES,

2013).

Segundo Paes (2000, p. 56), o Terceiro Setor é tido como sendo “o conjunto de organismos,

organizações e instituições dotados de autonomia e administração própria, que apresentam

como função e objetivo principal atuar voluntariamente junto à sociedade civil, visando ao

seu aperfeiçoamento”.

Já Boaventura de Souza Santos (1999) conceitua Terceiro Setor destacando sua natureza

privada e em sua definição enfoca a ausência da finalidade lucrativa:

Terceiro sector é uma designação residual e vaga com que se pretende dar conta de

um vastíssimo conjunto de organizações sociais que não são nem estatais nem

mercantis, ou seja, organizações sociais que, por um lado, sendo privadas, não visam

fins lucrativos, e, por outro lado, sendo animadas por objectivos sociais, públicos ou

coletivos, não são estatais. Entre tais organizações podem mencionar-se

cooperativas, associações mutualistas, associações não lucrativas, organizações não

governamentais, organizações quase-não governamentais, organizações de

voluntariado, organizações comunitárias ou de base, etc (SANTOS, 1999, p. 243).

Pelos conceitos traçados é evidente que não há um consenso na delimitação de quais

entidades fazem parte do Terceiro Setor, mas está claro que este se refere ao conjunto de

entidades que se constituem pela sociedade civil, são desprovidas de finalidade lucrativa e

possuem como objetivos a concretização de interesses sociais. Desta forma, são pessoas

jurídicas, detentoras de personalidade que assumem um papel social e não objetivam o lucro

(TORRES, 2013).

As discussões quanto à definição do que abrange o Terceiro Setor, revela um campo ainda em

construção onde a cada momento novas entidades com designações diferentes são inseridas

nesse grupo. O que se tem em mente é que são organizações de caráter privado, autônomas e

altruísticas, desprovidas de finalidade lucrativa e vinculadas à promoção do bem-estar

coletivo (TORRES, 2013).

2.1.2 Finalidade do Terceiro Setor

Sabemos que o Estado possui como princípio basilar a supremacia do interesse público. Essa

supremacia é definida pela necessidade de atuar sempre visando o interesse público, que tem

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em um de seus fundamentos, o interesse da coletividade (TORRES, 2015). Neste sentido, é o

interesse público que norteia a atuação do Estado e define as políticas sociais.

Observa-se que o interesse público, visto como o interesse de satisfazer as necessidades

sociais, também é o interesse das entidades que compõe o Terceiro Setor, pois o interesse que

permeia estas é formado com a finalidade de atender o bem estar da coletividade. Por vezes, o

interesse do Estado será o mesmo definido como finalidade de determinada entidade do

Terceiro Setor, o que justifica a atuação subsidiária do Estado, fomentando a atuação dessas

entidades, quando elas se apresentem insuficientes ao atendimento da demanda social

(TORRES, 2013).

Logo, a finalidade do Terceiro Setor é buscar a atuação dos seus esforços no alcance de

demandas sociais de finalidades públicas, englobando diversos segmentos de necessidades da

coletividade. Versa sobre atividade assistencialista onde as instituições criadas objetivam

alguma prática social, sem fins lucrativos, gerando um bem social.

Trata-se de entidades privadas da sociedade civil, na forma de entes paraestatais,

que, prestando atividade de interesse público, por iniciativa privada, não almejam o

lucro, mas a prática de política assistencialista, ao lado do chamado, primeiro setor,

que é o próprio Estado, e do segundo setor, que é o mercado (SABBAG, 2014, p.

357).

Torna-se essencial, então, o Terceiro Setor para o melhor funcionamento do Estado, diante de

uma sociedade de patente desigualdades sociais, na proporção de possibilitar a atuação de tais

entidades em práticas sociais na complementação da prestação Estatal, contribuindo, assim,

para a melhoria do bem estar e qualidade de vida dos mais necessitados, seja idoso, criança,

enfermos, o meio ambiente, dentre outros (PAES, 2015).

2.1.3 O Terceiro Setor e suas formas de organização

Foi estabelecido, do ponto de vista conceitual, uma discussão com relação a nome das

entidades, e o que de fato compõe como entidade o Terceiro Setor. Há, na doutrina e na

prática, uma série de temos para designar uma entidade deste setor, sendo os mais comuns os

termos sociedade sem fins lucrativos, Organizações Não Governamentais (ONGs),

Organizações Sociais, dentre outros. De fato, o Terceiro Setor é conhecido pela sua grande

diversidade de formas de organização, fato este que gera discussão, já que envolve aspectos

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organizacionais relevantes (MEREGE, 2000). Castro Coelho tenta definir essa diversidade

expondo que:

[...] um conjunto de organizações sociais sem fins lucrativos (associações,

fundações, institutos, etc.) presentes desde longa data em nossa sociedade, com uma

atuação voltada ao atendimento das necessidades de segmentos da população e

unidas por uma mesma legislação reguladora. A literatura internacional, no entanto,

denomina esse agrupamento de diferentes maneiras: organizações voluntárias,

organizações sem fins lucrativos, organizações não-governamentais, terceiro setor

(COELHO, 2005, p. 53).

Segundo a mesma autora, o Terceiro Setor possui em seu rol, as seguintes organizações:

Organizações Não Governamentais (ONGs), entidades filantrópicas, Organizações Sociais

(OSs), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), organizações sem

fins lucrativos e outras formas de associações sem fins lucrativos (COELHO, 2005).

Como sabemos, o trabalho se propõe ao estudo de estratégias de marketing diante das doações

realizadas ao Instituto do Câncer Infantil do Agreste (ICIA). Neste contexto, saber qual a sua

forma de organização é tarefa primordial para elucidação do referencial teórico a que se

enquadra. Diante disto, com base no estatuto social da entidade, verifica-se que a mesma se

trata de uma associação civil sem fins lucrativos. Desta forma, tendo em vista o objetivo deste

trabalho, busca-se a abordar apenas as associações civis, sem fins lucrativos, não

aprofundando, pois, nas demais denominações e formas de organização.

2.2 Associação Civil

As associações civis são pessoas jurídicas de direito privado, prevista na lei 10.406 de 2002,

do Código Civil, que basicamente são constituídas de pessoas que se reúnem com objetivos

comuns, para realização de fins não lucrativos, com finalidade voltada para o social, cultural,

político, coorporativos, esportivos, dentre outros.

Segundo Gonçalves, (2010, p.233) podemos definir associações como:

As associações são pessoas jurídicas de direito privado constituídas de pessoas que

reúnem os seus esforços para a realização de fins não econômicos. Nesse sentido,

dispõe o art. 53 do novo diploma, constituem-se as associações pela união de

pessoas que se organizem para fins não econômicos A definição legal ressalta o seu

aspecto eminentemente pessoal.

Diante do conceito exposto, o que define a estrutura da associação é ser formada por um

conjunto de pessoas que se organizam na formação de uma pessoa jurídica sem finalidade

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lucrativa. “A entidade então é formada por membros que possuem direitos e obrigações

recíprocos, não possuem a intenção de dividir resultados” (GONÇALVES, 2010, p. 233).

Observa-se que os objetivos traçados são dos mais diversos, podendo alcançar fins

“altruísticos científicos, artísticos, beneficentes, religiosos, educativos, culturais, políticos,

esportivos ou recreativos” (PEREIRA, 2011, p. 292)

Há de se entender que as associações diferem das sociedades. Essa diferença está estampada

nos objetivos pois as sociedades visam lucro, enquanto que as associações não buscam a

lucratividade. Neste sentido, cumpre então estabelecer que de um lado temos as pessoas

jurídicas formadas por um grupo de pessoas, visando a uma finalidade econômica

(sociedades), e, de outro lado (associações), constituídas de um número mais avantajado de

indivíduos, tendo em vista objetivos não econômicos.

Isso não quer dizer que as entidades sem fins lucrativos não possam manter negócios

definidos como práticas comerciais. Nesse sentido, Gonçalves explica:

A circunstância de uma associação eventualmente, realizar negócios para manter ou

aumentar o seu patrimônio, sem, todavia, proporcionar, ganhos aos associados não a

desnatura, sendo comum a existência de entidades recreativas que mantêm serviço

de venda de refeições aos associados de cooperativas que fornecem gêneros

alimentícios e conveniências a seus integrantes, bem como agremiações esportivas

que vendem uniforme bolas etc. aos seus componentes (GONÇALVES, 2010, p.

234).

Corrobora com pensamento de Carlos Gonçalves, os argumentos apresentados por Caio

Pereira que aduz ser a associação, entidade sem finalidade lucrativa, mas que busca vantagens

materiais, indispensáveis para que a associação funcione e atinja suas finalidades de ordem

moral, não retirando o caráter de ente sem fins lucrativos, os valores arrecadados em

contribuição dos associados, doações, vendas de produtos diversos, desde que voltados a

finalidade social da entidade (PEREIRA, 2011, p. 293).

No tocante à formação da associação, o Código Civil determina que a mesma será

estabelecida através do seu estatuto social. O artigo 54 do Código Civil dispõe que o estatuto

das associações conterá, sob pena de nulidade:

I - a denominação, os fins e a sede da associação; II - os requisitos para a admissão,

demissão e exclusão dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV -

as fontes de recursos para sua manutenção; V— o modo de constituição e

funcionamento dos órgãos deliberativos; VI — as condições para a alteração das

disposições estatutárias e para a dissolução; VII — a forma de gestão administrativa

e de aprovação das respectivas contas”

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O estatuto social consiste, pois, na peça fundamental para caracterização da associação, pois

delimita os objetivos, e fins sociais a que se destina, a forma de ingresso e saída dos

associados, a regulação dos associados em relação a entidade, o modo de se constituir,

funcionar e de se manter, estabelecendo como irá captar os recursos necessários para sua

manutenção e atingir os fins a que se destina, e as regras de uma eventual extinção da pessoa

jurídica.

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3 O Instituto do Câncer Infantil do Agreste (ICIA)

O Instituto do Câncer Infantil do Agreste (ICIA) é uma Associação Civil sem fins lucrativos,

com objetivo de proporcionar tratamento e amenizar o sofrimento de crianças com câncer,

oferecendo atendimento gratuito e multidisciplinar para pacientes e familiares. A ideia de

criar tal instituto surgiu em abril de 2003, quando o médico caruaruense Dr. Luiz Henrique

conheceu o Instituto do Câncer Infantil do Rio Grande do Sul, coordenado pelo Dr. Aldemir

Lunardi Brunetto (ICIA, 2016).

Em setembro de 2003, imbuído no pensamento de tornar real o instituto de câncer infantil na

cidade de Caruaru, o Dr Luiz Henrique buscou apoio da sociedade, e, ao final de setembro,

reuniu um grupo de quarenta pessoas, entre eles médicos, comerciantes, profissionais liberais,

empresários, e empresas, que abraçaram a causa social e decidiram pela constituição do

Instituto do Câncer Infantil do Agreste, o ICIA.

O instituto iniciou apenas da vontade e da doação dos fundadores para iniciar o projeto social.

O ICIA desenvolveu como projeto inicial a Caminhada pela Vida, projeto que serviu para

divulgação inicial da entidade e arrecadação de recursos, disseminando informações sobre o

câncer infanto-juvenil, bem como a realização de exames para diagnóstico de câncer infantil

através do projeto Caravana Diagnóstico Precoce.

O ICIA é na verdade, desde sua fundação, um verdadeiro canteiro de obras, pois, se de um

lado trabalha na luta contra o câncer infantil, doutra banda não para a construção de sua

unidade em Caruaru, conforme imagens abaixo.

Figura 1: Início da construção

Fonte: arquivo de imagens ICIA

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Figura 2: Foto atual do ICIA

Fonte: Facebook do ICIA

Figura 3: Projeção da construção do ICIA

Fonte: arquivo de imagens ICIA

O ICIA tem por finalidade definida no seu estatuto social em seu artigo 3º:

A promoção da saúde como instrumento de assistência social, realizada através de

serviços ambulatoriais na área da Oncologia Pediátrica às crianças e adolescentes

portadoras do câncer infantil perseguindo a elevação da qualidade de vida dos

assistidos, através da realização da promoção humana destes.

O ICIA, atua no Agreste de Pernambuco, na assistência e tratamento do câncer infanto-

juvenil, com a missão, valores e visão:

MISSÃO de Proporcionar atendimento médico-social digno e humanizado às

crianças e aos adolescentes carentes portadores de câncer do interior de

Pernambuco, visando uma melhor qualidade de vida para eles e seus familiares,

além de reinseri-los na sociedade.

VALORES à Honestidade; integridade; responsabilidade; transparência e respeito.

VISÃO ser um centro de referência no atendimento à criança e adolescente com

câncer no nordeste do Brasil.

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Após sua fundação o ICIA mantém constante crescimento, baseado principalmente nas

doações que recebe mensalmente, não dependendo de repasses do setor público. Os números

apresentados estabelecem a grandiosidade do projeto nestes 13 anos de existência, com

resultados2 expressivos, como se percebe nos números apresentados na tabela abaixo:

Tabela 01: números ICIA

NÚMEROS ATUAÇÃO

58.259 Total de atendimentos desde a sua fundação

28.007 Total de exames desde sua fundação

227 Exames em março de 2018

387 Atendimento médicos em março de 2018

190 Crianças em tratamento em março de 2018

14 Cestas básicas em março de 2018

Fonte: site do ICIA, março 2018.

O ICIA busca constantemente transmitir transparência a seus doadores, mantendo prestação

de contas no próprio site do ICIA, discriminando todas as despesas. Desta forma o ICIA

apresenta como despesa, em seu valor total, referente a alguns meses disponíveis do ano 2017

e de 20183:

Tabela 2: despesas ICIA

MÊS/ANO (R$) VALOR TOTAL DAS DESPESAS

Julho/2017 R$ 702.914,60

Agosto/2017 R$ 513.876,58

Setembro/2017 R$ 549.305,93

outubro/ 2017 R$ 492.975,78

Novembro/2017 R$ 610.716,33

Janeiro /2018 R$ 680.256,12

Fonte: site do ICIA

Evidente que os números acima retratam a importância deste instituto com gastos mensais na

ordem de mais de meio milhão de reais mensalmente, e tudo isso com o apoio dos doadores

mensais, sem qualquer ingerência financeira ou doações por parte do ente público.

2 Disponível em: https://www.icia.org.br/nossos-numeros 3 Disponível em: https://www.icia.org.br/prestacao-de-contas?ano=2018&mes=1

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3.1 A Marca ICIA

A marca inicialmente pode traduzir-se como um sinal visualmente perceptível, que serve para

identificar produtos e serviços, estabelecendo, para o consumidor uma identidade, conforme

preceitua a lei de registro de marcas no Brasil, Lei 9.279/96. A visão tradicional de uma

marca traduz a ideia de diferenciar um produto ou serviço de outro, através de estratégias

utilizadas em um ambiente competitivo denominado mercado.

A marca, contudo, estabelece diversos significados, conforme ensina Kapferrer:

Uma marca é ao mesmo tempo signo, palavra, objeto, conceito. Signo, pois a marca

é multiforme: ela integra os signos figurativos, como os logotipos, os emblemas, as

cores, as formas, as embalagens e o design. Palavra, no caso o nome da marca, que o

suporte de informação oral ou escrita sobre o produto. Objeto, pois a marca

distingue um ou vários produtos de outros produtos ou serviços. Conceito, enfim,

pois a marca, como todo signo, tem um significado, ou seja, um sentido (VAZ, 2007

apud KAPFERRER, 1998, p.190).

Logo, é a última significância que buscamos para marca, ou seja, um sentido. Neste conceito a

marca é tida como capaz de transmitir percepções, emoções, ou seja, podemos estabelecer “o

conjunto de caraterísticas humanas associadas a marca” (AAKER, 2015, p. 35). Segundo

Lovelock; Wirtz e Hemzo (2011) as marcas transmitem as estratégias e envolvem decisões

sobre atributos relevantes aos consumidores. Neste sentido, a marca transmite a promessa de

entregar ao consumidor não só um produto ou serviço de forma identificada, mas sim com

características, benefícios, percepções que estabelecem, para o consumidor, o real sentido da

marca.

3.2 Posicionamento da marca ICIA

Kotler (2005, p. 220) afirma que “uma marca forte é aquela que consegue construir e manter

fortes percepções nas mentes dos consumidores”. Uma marca transmite, quando bem

posicionada, confiabilidade e valoração sendo estes percebido pelos consumidores. O

posicionamento da marca consiste então, em transmitir ao consumidor, através da marca,

compromisso e valores que a empresa possui, conectando com a mente dos consumidores.

Neste sentido Tybout e Calkins (2006, p. 11) apontam que,

O posicionamento de marca refere-se ao significado específico pretendido para uma

marca nas mentes dos consumidores. Mais precisamente, um posicionamento de

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marca articula a meta que um consumidor atingirá ao usá-la e explica por que é

superior a outros meios de realizar essa meta.

Observa-se que o objetivo e os valores precisam estar claros no desenvolvimento da marca

ICIA a ponto de posicionar a mesma em um lugar de destaque na mente do mercado alvo, ou

seja do doador.

Segundo o Kotler (2005, p. 221), para que haja um posicionamento eficaz, a administração do

posicionamento da marca deve ir além da simples propaganda e promoção. Faz-se necessário

uma atuação mais efetiva em todos os pontos de contato com o cliente com ações

consistentes, afim de que o cliente intuitivamente pense na marca e confie na posição da

empresa.

Por se tratar de um projeto social onde o objetivo é cuidar de crianças com câncer inegável

que o posicionamento da marca ICIA deve buscar estratégias de marketing que transmitam ao

doador os valores, bem como, trabalhe os benefícios funcionais da oferta. Isso porque o

projeto social perpassa pela emoção daquele que doa, ou seja, existem benefícios emocionais

e sociais que o doador sente ao doar.

Segundo Aaker (2015), a emoção que a marca traduz ao consumidor pode ser definida em

benefícios emocionais e benefícios sociais. Cita o autor (2015, p.54) que o benefício

emocional “relaciona a capacidade da marca de fazer o comprador ou usuário sentir algo

durante o processo de compra ou experiência de uso”.

Por sua vez, o benefício social ocorre:

(...) quando uma marca define ou se liga a um grupo de referência, um grupo com o

qual o indivíduo se identifica e valoriza. O indivíduo pode não ser parte do grupo de

referência, ou pelo menos não se ativamente parte dele, mas sua identificação é tão

forte que o grupo se torna importante em sua vida (AAKER, 2015, p.56)

Assim, a definição de posicionamento está diretamente ligada à percepção, sentimentos do

consumidor, o que no caso do ICIA, a marca possui a necessidade de ocupar uma posição na

mente dos doadores da forma que possa incutir nestes a existência de um instituto que

desenvolve um tratamento digno e humanizado às crianças e aos adolescentes carentes

portadores de câncer do interior de Pernambuco, agindo de forma honesta, responsável e

transparente, e influenciando o doador ao sentimento de partícipe de um projeto social.

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3.3 A identidade da marca ICIA

Conforme visto antes, a marca traduz percepções ao consumidor. Essas percepções, definem

as estratégias do negócio (AAKER, 2015, p. 7). Ao definir a marca, a empresa estabelece as

estratégias de marketing e de negócios. No caso das entidades do Terceiro Setor, a estratégia

deve ser adaptada a um ambiente não direcionado à concorrência, mas direcionado à

fidelização de determinado público-alvo, segundo Lovelock; Wirtz e Hemzo (2011, p 85):

Fidelidade é uma palavra antiquada que, por tradição, é usada para descrever a lealdade e a

devoção entusiásticas a um país, a uma causa ou a um indivíduo. Mais recentemente, tem

sido utilizada em negócios para descrever a disposição de um cliente para prestigiar uma

empresa a longo prazo, de preferência com exclusividade, e recomendar sus produtos e

serviços a amigos e colegas. A fidelidade de marca significa mais do que comportamento e

abrange preferência, amizade e intenções futuras. Pergunte a si mesmo a quais empresas

você é fiel e por quê.

É neste ponto que se identifica a importância de se ter uma marca forte junto ao público alvo,

já que busca-se fidelizar os doadores e por encontrar-se classificada como marca social,

deverá transmitir de forma transparente e confiante suas intenções direcionada à sociedade

como um todo.

O ICIA estabeleceu a identidade da marca no sentido de mostrar suas raízes, o contexto social

no qual se encontra inserido o instituto, ou seja, o interior de Pernambuco, mais precisamente

o Agreste e a cidade de Caruaru. O termo identidade da marca traduz a necessidade da marca

ter uma visão definida sobre o que ela irá representar em relação aos doadores, parceiros e

usuários do serviço prestado pelo ICIA (AAKER, 2015, p.25).

Segundo Kotler (2006), as marcas apresentam posicionamento quando conseguem projetar a

imagem da entidade para ocupar um lugar diferenciado na mente do público a fim de

potencializar a vantagem da empresa. A marca ICIA busca a fidelização da sociedade

caruaruense, pois traduz a visão da marca em identidades de raízes da terra, nos bonecos de

barro, além de retratar crianças, as festividades juninas, associando essas percepções a marca

e ao sentimento do doador de criança feliz.

O ICIA apresentou, desde sua fundação, três marcas. A figura 01 representa a primeira marca

utilizada pelo ICIA. A figura 02 apresenta a marca com melhor definição do tipo de fonte da

letra, mantendo-se a ideia original quanto à identidade da marca no tocante as crianças de

mãos dadas.

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Figura 4: 1º marca ICIA

Figura 5: 2º marca ICIA

Fonte: Site ICIA

Em terceiro momento, vem a marca ICIA, em completa transformação, apresentando uma

nova identidade, com a definição de uma imagem em substituição aos bonecos anteriores, e a

vinculação ao instituto à Confederação Nacional das Instituições de Apoio as Crianças com

Câncer (CONIACC), de modo a conferir ao instituto maior credibilidade.

Figura 6: 3º marca ICIA e CONIACC

Fonte: site do ICIA

A identidade da marca precisa refletir a essência, a confiabilidade a personalidade e a forma

de trabalho da empresa. A identidade deve ser tratada como algo que perdure, afim de se

garantir a eficiência da marca (KOTLER, 2006, p. 106)

Neste sentido, a identidade da marca deve favorecer os atributos que a empresa possui e quer

ofertar, de modo a definir um relacionamento de confiabilidade com o cliente, influenciando o

comportamento do cliente (AAKER, 2015, p. 42).

3.4 Do registro da marca ICIA

A necessidade de proteção das marcas junto aos órgãos governamentais de proteção à

propriedade industrial traz segurança jurídica à empresa que protege sua marca, que pode

desenvolver um trabalho de marketing sem receio de, em decorrência de alguma

circunstância, vir a perder a propriedade imaterial.

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Diante disso, no Brasil, para que haja a devida proteção da marca, faz-se necessário o registro

diante do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Autarquia Federal. De acordo

com a legislação brasileira, o registro garante a propriedade sobre a marca por 10 anos,

podendo ser renovado por igual período sucessivamente. A marca, segundo Barbosa, sob um

prisma jurídico pode ser definida como:

Assim, marca é o sinal visualmente representado, que é configurado para o fim

específico de distinguir a origem dos produtos e serviços. Símbolo voltado a um fim,

sua existência fática depende da presença destes dois requisitos: capacidade de

simbolizar, e capacidade de indicar uma origem específica, sem confundir o

destinatário do processo de comunicação em que se insere: o consumidor. Sua

proteção jurídica depende de um fator a mais: a apropriabilidade, ou seja, a

possibilidade de se tornar um símbolo exclusivo, ou legalmente unívoco, em face do

objeto simbolizado (2010, p.700).

Desta feita, a importância do registro está justamente na apropriabilidade, ou seja, na

declaração, por parte da entidade pública que a empresa de fato é proprietária da marca,

podendo assim, fazer uso, gozo e proteção a mesma contra pretensos violadores.

Verificando o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), em uma consulta na base

de dados observa-se que o ICIA não possui marca registrada, nem tão pouco, marca em

procedimento de registro, conforme tela abaixo.

Figura 7: pesquisa de registro da marca na base de dados do INPI

Fonte: site do INPI

A pesquisa fora realizada tanto na modalidade de pesquisa exata como pesquisa por radical.

Inegável a necessidade de registro da marca ICIA para maior proteção jurídica, pois uma

eventual violação quanto ao uso indevido da marca, ficará o Instituto em situação de

vulnerabilidade.

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4 Marketing

Segundo Kotler (2005, p.6), o marketing pode ser conceituado sob dois prismas: o gerencial e

o social. Sob o aspecto gerencial é um instrumento essencial para concretização do sucesso de

uma empresa, pois o seu papel é identificar e compreender as necessidades humanas e sociais,

para fomentar consumo, aduzindo que o marketing é descrito como “a arte de vender

produtos”. No aspecto social, o marketing busca a satisfação do cliente pela negociação dos

produtos e serviços.

Por sua vez, Cristensen (1999, p.15) conceitua marketing como “uma função gerencial, que

busca ajustar a oferta da organização a demandas específicas do mercado, utilizando como

ferramental um conjunto de princípios e técnicas” ou ainda, o processo social pelo qual são

reguladas as ofertas e a demanda de bens e serviços para atender as necessidades sociais. De

acordo com Kotler (2005, p.6), a administração do marketing nas empresas pode ser vista

como o processo de “planejar e executar a determinação do preço, a promoção, a distribuição

de ideias, produtos e serviços para criar trocas que satisfaçam metas individuais e

organizacionais”.

Evidentemente que os conceitos acima traçados estabelecem uma congruência de valores,

aspecto gerencial e aspecto social. Contudo, o marketing, na sua definição, torna-se cada vez

mais uníssono. Leite (2007) revela que o avanço da tecnologia, sobretudo das redes sociais

digitais que impactou o marketing na medida em que facilitou a comunicação e implementou

o comércio eletrônico, desencadeando uma verdadeira revolução na logística.

Com tais mudanças, vieram também as modificações no marketing, que antes buscava

clientes em massa, com foco no produto, passando agora a uma conduta pautada na

preocupação com o bem estar da sociedade e com a satisfação do cliente. Desta forma, o

marketing pode ser entendido como o estudo de mercado, capaz de envolver uma infinidade

de técnicas em um processo que visa lucro, através de uma troca, seja de bens ou serviços,

que visa a satisfação do cliente e bem estar social.

Observa-se que os conceitos acima citados trazem à baila uma ideia mercantilista, com a

venda de produtos ou serviços, mas não traduzem de fato uma causa social. Temos ainda

como possibilidade, conceituar o marketing como sendo elemento de concretização de

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satisfação pessoal, trazendo o foco para o consumidor e não para o produto, quando

estabelece que marketing é:

Atividade de fazer, criar, descobrir, ofertar, ou trabalhar com mercados na tentativa

de satisfazer necessidades e desejos de pessoas, grupos de pessoas, empresas,

governos e organizações, não governamentais, pela venda ou troca de bens e

serviços. (ZAPPELINI, 2011, p.49).

Segundo Kotler (2010, p.51), o marketing passa por uma transição onde seu ápice é identificar

a identidade, a integridade e a imagem da marca, incorporando ao marketing a missão, a visão

e os valores da empresa. Ou seja, o marketing passa de mero sinônimo de ferramenta de

vendas para ser a estrutura da empresa que transmite confiança ao consumidor. Os

profissionais do marketing devem buscar, então, os anseios dos consumidores, entendendo,

suas mentes, bem como perseguir as causas sociais em seus objetivos, contribuindo para

transformar a sociedade (KOTLER, 2010, p.45).

Segundo Barros (2013, apud BLYTHE, 2005, p.27)

A definição de marketing social inclui o conceito de marketing, na medida em que

reconhece as necessidades individuais dos consumidores, mas vai mais longe, pois

visa melhorar o bem-estar de toda a sociedade em que a empresa opera. Isto

significa que a organização assume a responsabilidade pela boa cidadania, ao invés

de esperar que os consumidores a compreendam ou levem em conta as implicações

mais amplas de seu comportamento de consumo.

Diante disso as causas sociais vieram à tona como estratégias de marketing das empresas,

visando conquistar novos mercados. De acordo com Milton e Kotler (2013, p.127), uma das

principais estratégias é fomentar a reputação da empresa voltada para responsabilidade social,

determinando a constante promoção de ações sociais.

4.1 Marketing social

O desenvolvimento do Terceiro Setor, gerou uma necessidade de captar maiores recursos

financeiros para as entidades assistenciais sem fins lucrativos. As entidades filantrópicas

tornam-se cada vez mais relevantes para sociedade em que estão inseridas, causando, por

consequência, a estruturação cada vez mais complexa na gestão das entidades e o alcance dos

objetivos traçados. Nesse interim faz-se necessário entender o que vem a ser marketing social.

O marketing social é a aplicação dos princípios e técnicas de marketing para criar, comunicar

e entregar valor, com o objetivo de influenciar o comportamento em benefício do público alvo

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e de toda a sociedade, estabelecendo que “refere-se fundamentalmente a esforços focados em

influenciar comportamentos que vão melhorar a saúde, evitar acidentes, proteger o meio

ambiente e contribuir para as comunidades em geral” (LEE e KOTLER, 2011, p.26).

Visa, portanto, influenciar comportamentos para, de alguma forma, melhorar a comunidade

em geral e trazer para sociedade algum benefício. Nesse interim, o foco do marketing será

definir comportamentos, seja a mudança dele, seja a aceitação de um comportamento não

assimilado por determinado público.

Segundo Dias:

Marketing social consiste na aplicação de tecnologias próprias do marketing

comercial na análise, planejamento, execução e avaliação de programas criados para

influenciar o comportamento de determinados grupos sociais ou da população de um

modo geral com o objetivo de melhorar suas condições de vida (DIAS, 2012, p.53).

O funcionamento do marketing social, então, é definido pelas mesmas técnicas e princípios

que estabelecem o marketing tradicional. Define-se o mercado de atuação, estabelece-se o

público alvo, define-se um comportamento que se espera alcançar – tal como exemplo deixar

de fumar - o posicionamento da causa social e a aplicação das estratégias de marketing

apropriadas para promover as mudanças comportamentais pretendidas (LEE e KOTLER,

2011, p. 29).

Em temos gerais, o objetivo do marketing social é influenciar comportamentos. A primeira

vista, parece que o Terceiro Setor utiliza-se do marketing social, pois, para manter os

objetivos traçados pela entidade sem fins lucrativos que busca recursos para sua manutenção,

a mesma precisará influenciar o comportamento dos doadores (LEE e KOTLER, 2011, p. 26).

Contudo, esse não é o tipo de marketing usado por tais entidades sem fins lucrativos, como se

verá no item seguinte.

4.2 Distinção de marketing comercial, marketing social e marketing de causa sociais.

Comum é a confusão entre tais conceitos. Isso porque a ideia do marketing comercial consiste

em fomentar o consumo de bens e serviços utilizando a concepção dos motivos íntimos do

consumidor. Isso evidencia o interesse do marketing comercial em influenciar comportamento

de consumo. Já o marketing social busca promover a mudança de comportamento dos

indivíduos.

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O marketing social, como visto antes, é a gestão estratégica do processo de mudança no

comportamento dos indivíduos, mudanças de atitudes do comportamento humano.

Geralmente, tal conceito está atrelado a ideia de fomentar nas pessoas um fazer, ou um não

fazer (LEITE, 2007, apud FONTES 2001).

Neste sentido, a concepção de marketing social encontra-se em estimular comportamentos.

Identifica-se tal circunstância quando Estado – Primeiro Setor - deseja incutir na mente da

população alguma política pública, tais como prevenção de acidentes, saúde pública, meio

ambiente, dentre outros. “No marketing social, os segmentos são escolhidos com base em um

conjunto de critérios diferentes, a prevalência do problema social, a capacidade de atingir o

público, a aceitação da mudança” (LEE; KOTLER, 2011, p.30). De acordo com Kotler e

Eduardo (1992):

Marketing social é uma estratégia de mudança de comportamento. Ele combina os

melhores elementos das abordagens tradicionais da mudança social num esquema

integrado de planejamento e ação, além de aproveitar os avanços na tecnologia das

comunicações e na capacidade do marketing.

Lee e Kotler (2011) explicam que o processo de marketing social visa vender um

comportamento enquanto o processo de marketing comercial é definido pela venda de

produtos ou serviços com intuito de lucratividade. Logo, não há como confundir, pois no

marketing comercial o processo gira em torno da venda de produtos e serviços. Trançando um

paralelo entre os conceitos, é evidente que a maior distinção encontra-se na finalidade de cada

um deles, pois no marketing comercial o objetivo final é obter lucro, enquanto que no

marketing social, o ganho é de comportamento para sociedade (LEE; KOTLER, 2011, p.32).

Barros (2013, p.31), citando Albuquerque (2006, p.104), estabelece de forma sistêmica as

diferenças entre marketing comercial e marketing social. Aduz ele que o marketing comercial

é o marketing voltado para comercialização de produtos ou bens com obtenção de lucro, onde

se identifica os desejos do público alvo, trabalhando os bens de consumo e serviços para

consecução dos objetivos traçados pela empresa. Já o marketing social, por sua vez, tem

interesse em apoio de causas sociais, onde se tenta modificar comportamentos do mercado

alvo, trabalhando as ideias e causas sociais para alcance dos interesses sociais traçados.

Da mesma forma, o marketing social não pode ser confundido com o marketing de causas

sociais.

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O marketing de causa social é desenvolvido por empresas do Segundo Setor que buscam

promover a sua marca através da associação da mesma a marcas de instituições filantrópicas.

Neste sentido, Kotler (2010, p.32) revela que as empresas escolhem uma causa social e

passam a doar recursos pessoais coorporativos à causa, percebendo que a filantropia

coorporativa tem valor de marketing, como, por exemplo, empresas do ramo de alimentação

que apoiam causas de crianças com câncer. Segundo Yanaze (2007, p.34), o marketing

relacionado a causas deve ser entendido como “gestão estratégica que associa empresas e

marcas a uma questão ou causa social relevante, com benefício para toda a sociedade e para

elas mesmas”.

Michel e Lampert (2009, p.29) estabelecem que é necessário que as empresas que buscam o

marketing de causa estabeleçam uma determinada causa, associada com finalidade e objetivos

para agregar valores sociais à sua marca, fomentando a venda dos produtos ou serviços. Logo,

o “marketing de causa social é uma poderosa ferramenta estratégica de posicionamento, pois,

ao utilizar algumas técnicas do marketing tradicional, consegue associar a marca de uma

empresa a uma questão ou causa social” (MICHEL, LAMPERT, 2009, p.29).

Estabelecer uma causa social para contribuir, no meio competitivo empresarial é estratégia

que vislumbra a preocupação com o marketing relacionado às causas sociais que valorizam a

imagem das empresas que contribui com a entidade nos seus fins sociais.

4.3 Marketing sem fins lucrativos e o Terceiro Setor

Há uma zona cinzenta em definir se o marketing para o Terceiro Setor é de fato marketing

social ou marketing sem fins lucrativos. Como estabelecido anteriormente, o marketing social

busca uma atuação mais voltada para consecução de comportamentos. Em outras palavras,

quando há necessidade de influenciar pessoas para que façam algo - como exemplo uma

campanha publicitária para doação de sangue - ou deixem de fazer algo – como uma

campanha para parar de fumar, termos o marketing social.

De outra banda, as entidades do Terceiro Setor necessitam de recursos para sua manutenção,

recursos estes formados principalmente pela doação. Daí a confusão aparente, pois, por buscar

o perfil do doador, muitas vezes confunde-se com a necessidade em definir o comportamento

do doador e influenciá-lo a doar.

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Lee e Kotler (2011, p. 33) estabelecem que o marketing social é diferente do marketing sem

fins lucrativos, uma vez que este tem por objetivo apoiar a utilização dos serviços da entidade,

servindo inclusive para defesa de uma causa e arrecadação de fundos. Barros afirma

(BARROS, 2013, p.31apud KOTLER, 1994, p.20), ao tratar de marketing sem fins lucrativos,

que:

Toda organização é uma aglutinação proposital de pessoas, materiais e instalações,

procurando alcançar algum propósito no mundo exterior. Para sobreviver e ser bem

sucedida, a organização deve (1) atrair recursos suficientes, (2) converter esses

recursos em produtos, serviços e ideias e (3) distribuir esses produtos a vários

públicos consumidores. Essas três tarefas são normalmente realizadas numa

estrutura voluntária pelas partes coparticipantes. A organização não utiliza forças

para atrair recursos, convertê-los ou distribuí-los. Nem pede doações

desinteressadas. Ela depende principalmente da oferta e da troca de valores entre as

diferentes partes, e de incentivos suficientes para obter a cooperação entre elas. Em

resumo, depende dos mecanismos de troca em vez dos sistemas de ameaças, de um

lado, ou de sistemas sentimentais.

Por este contexto, as entidades sem fins lucrativos possuem então o que podemos chamar de

marketing sem fins lucrativos. Tais entidades do Terceiro Setor possuem causas sociais, como

traz à baila a própria pesquisa em que tem por bojo uma instituição de tratamento de crianças

com câncer. É necessário estabelecer ainda que, apesar de definirmos então o marketing sem

fins lucrativos como determinante para captação de doações, não estão afastadas totalmente

das demais espécies de marketing.

Isso porque as entidades do Terceiro Setor praticam marketing social ao tentar, por exemplo,

modificar o comportamento ao difundir o conhecimento para o diagnóstico precoce do câncer

infantil; ou ainda relacionam-se no campo do marketing de causas sociais, ao estabelecer a

utilização da marca da entidade por empresas parceiras; e por fim utilizam-se das técnicas do

marketing comercial para venda dos produtos afetos a instituição.

Shiraishi (2011) estabelece que “As atividades de marketing em organizações privadas sem

fins lucrativos são, em sua essência, semelhantes às atividades genéricas já consolidadas no

marketing tradicional”. Segundo o mesmo autor, citando Fox e Kotler (1980), o termo

Marketing Social tem sido utilizado de forma equivocada para conceituar a atuação das

organizações sem fins lucrativos, uma vez que não se trata de marketing social mas, como

visto, marketing sem fins lucrativo.

Portanto percebe-se conforme Kotler e Roberto (1992) que o marketing social objetiva mudar

o comportamento das pessoas, ou seja mudança de condutas sociais das pessoas na sua forma

de pensar e agir. Já o marketing sem fins lucrativos é desenvolvido pela entidade sem fins

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lucrativos que estabelece uma causa social, e apresenta estratégias que visam motivar a

doação.

4.4 Estratégias de Marketing

Segundo Chistensen (1999, p.249, apud KOTLER, 1972) as estratégias de marketing são

“conjunto de objetivos, políticas e normas que guiam o esforço de marketing da empresa, seu

nível, mix e alocação, em parte de forma independente e em parte como resposta a mudanças

nas condições competitivas e ambientais”. Logo, a estratégia constitui um conjunto de

determinantes, metas, objetivos e ações estabelecidos pela empresa para determinar a atuação

da mesma perante o mercado.

Nem sempre estas estratégias estão definidas em um plano estratégico. Por vezes, as

estratégias são estabelecidas de forma implícita, sendo desenvolvidas através de um processo

contínuo de planejamento e realização, diante das várias situações existentes meio externo

empresarial (CHISTENSEN, 1999, p.249).

As estratégias podem ser aplicadas de forma genérica onde baseia-se no binômio: produto –

mercado. Sobre este aspecto, Chistensen (1999, p.249) estabelece que após a definição do

produto a ser ofertado, define-se o mercado e o público alvo, sendo este, consumidores que

apresentarem as mesmas necessidades.

Ferrel (2000, p.35), no mesmo sentido, estabelece que:

As estratégias de marketing envolvem a seleção e a análise de mercados – alvos e a

criação e manutenção de um composto de marketing apropriado (produto,

promoção, distribuição e preço) para fazer as necessidades destes mercados – alvos.

Logo, percebe-se que as estratégias partem sempre de definir o mercado, seja a região de

atuação, o perfil do consumidor, enfim, todas as circunstancias que podem repercutir na

relação de mercado. Há de se observar que a empresa deve entender as necessidades do

consumidor e principalmente, quais os benefícios que este consumidor poderá perceber,

diante dos resultados das estratégias empregadas (FERREL, 2000, p.36).

Uma vez entendido o conceito de estratégias, necessário então definir quais estratégias são

apresentadas pelo ICIA. Como já explanado, nem sempre as estratégias são claras e precisas

definidas em um plano de estratégias. Na verdade tais estratégias a seguir tratadas foram

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definidas com base nas realizadas pelo instituto e levantadas pela pesquisa, por não possuir

um plano estratégico.

4.4.1 Redes sociais digitais

O avanço tecnológico dos últimos anos tem modificando o mercado dada a velocidade que

surgem as inovações. A internet transformou as relações sociais, comerciais, reduzindo

fronteiras e estabelecendo novos rumos para o marketing. As redes sociais tornaram-se não só

mecanismos de comunicação, mas também de troca onde as pessoas discutem e debatem suas

relações de consumo abertamente.

KIMURA (2006, p.161, apud KEMPE et al., 2005) estabelece que “a rede social é uma

representação das relações e interações entre indivíduos de um grupo e possui um papel

importante como meio de propagação de informação, ideias e influências”. Nesse contexto

explica ainda Kimura (2006, p.161) que as interações nas redes sociais entre as pessoas

provocam uma infinidade de possibilidades trazidas pela internet, e dentre essas

possibilidades, está a propagação de ideias que influenciam o comportamento.

As redes sociais, segundo Tomaél (2006, p.75), traduzem o mundo em movimento onde

referem-se a um conjunto de pessoas (ou organizações ou outras entidades sociais)

“conectadas por relacionamentos sociais, motivados pela amizade e por relações de trabalho

ou compartilhamento de informações e, por meio dessas ligações, vão construindo e

reconstruindo a estrutura social.”

De acordo com Silva (2013, p. 102), na atual conjuntura, onde a competitividade impera, é

necessário o posicionamento da organização no meio das redes sociais:

A participação nas redes sociais digitais na estratégia da empresa não é algo trivial.

Para que esta estratégia tenha sucesso, é preciso incorporá-la ao processo

organizacional utilizando o conceito de participação atuante nas redes sociais

digitais para compreender o novo comportamento on-line do usuário que é cliente.

Silva (2013, p.103, apud VAZ, 2008) estabelece ainda que:

Nas estratégias de marketing voltadas para as redes sociais digitais é essencial um

conjunto de ações que seguem um plano coerente e consistente. Informações

cruciais, como o comportamento do consumidor, a identificação do público-alvo, a

região em que ele se encontra, as palavras-chave mais digitadas por ele, seu

comportamento de compra e tantas outras são competências do marketing e fazem

com que as tarefas executadas para essas redes tenham um norte e uma unidade.

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É evidente que a rede social digital serve como meio de contato diário, com repercussões

imediatas daquilo que é postado. Tem-se, então, dentre os instrumentos, o Facebook e o

Instagran como uma forma de comunicação e que servem para difundir ideias, pensamentos,

opiniões, informações, enfim, tem a capacidade de comunicar e influenciar comportamentos

daqueles que delas participam.

Desta forma, é estratégia primordial a atualização de informações e definições dos projetos

sociais do ICIA por meio das redes sociais digitais, postando diariamente a atuação do ICIA

para influenciar a doação.

4.4.2 Dos meios de Comunicação de massa: Rádio e Televisão

Segundo Paulo Serra (2007, p.144), o rádio e a televisão são meios que permitem fazer chegar

de forma efetiva a todas as pessoas e em todos os lugares, as informações que permitem a sua

integração no todo social. Desta forma, a comunicação em massa atinge uma importância

social a ponto de transmitir o conhecimento.

Embora as mídias sociais tenham ganhado força a ponto de levar as empresas a construírem e

fortalecerem suas marcas nesses canais, o rádio e a televisão mantêm de forma massificada o

caminho mais curto entre empresa cliente como ressalta Pinho (2012, p.38), a televisão exerce

papel essencial no processo de veiculação do produto como meio de comunicação

publicitária, possibilitando a venda de forma uniforme em diversas regiões.

O ICIA verificando o potencial dessa estratégia diariamente leva ao conhecimento das

pessoas o trabalho que o instituto vem desenvolvendo, bem como, faz a correlação deste

trabalho com a empresa Caruaru da Sorte, empresa esta que comercializa os títulos de

capitalização emitidos pelo ICIA, conforme a seguir explicado no tópico relativo a sorteio.

4.4.3 Empresas Parceiras

As entidades do Terceiro Setor estabelecem, dentre suas estratégias para arrecadação,

parcerias com empresas privadas, no intuito de buscar recursos por meio de doações, e, em

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contrapartida, associam às empresas doadoras a marca da entidade assistencial. Tal relação

estabelecida entre as mesmas é definida por marketing de causas sociais, já abordado na

presente pesquisa.

Em outros termos, as empresas buscam otimizar suas marcas, associando-as a entidades que

trabalham com causas voltadas para o social. É nesse contexto que o ICIA busca a parceria e

apoio de empresas privadas que realizam doações e vinculam sua marca ao instituto.

4.4.4 Telemarketing

O telemarketing é um mecanismo de comunicação padronizado entre uma organização e seus

clientes e público em geral, utilizando-se de tecnologia da telecomunicação. Stone (2015, p.5)

define telemarketing como:

A aplicação integrada e sistemática de tecnologias de comunicações e

processamento de dados, com sistemas administrativos, com o propósito de otimizar

o mix das comunicações de marketing, usado por uma companhia para atingir seus

clientes. O telemarketing desenvolve a interação personalizada com clientes,

enquanto, simultaneamente, tenta fazer face às necessidades dos clientes e melhorar

a eficiência dos custos.

A ideia do telemarketing é estabelecer relação empresa – cliente, de forma mais rápida,

planejada, eficiente e barata, na concretização de uma infinidade de situações, tais como,

oferta de produtos, reclamações, sugestões, dúvidas, dentre outros. Logo Jung Lau (2005)

aduz que telemarketing é a tecnologia que favorece o contato da empresa de forma

especializada, para que, operando as ferramentas tecnológicas disponíveis, possa interagir

com o cliente.

O ICIA possui uma equipe de telemarketing que busca novos doadores diariamente. No ICIA

constata-se uma equipe formada por 1 (uma) coordenadora, 2 (duas) supervisoras e 22 (vinte e

duas) atendentes de telemarketing, totalizando 25 (vinte e cinco) pessoas que formam dois

grupos de trabalho, sendo 11 (onze) pessoas pela manhã e 11 (onze) pela tarde, de segunda a

sábado. As ligações são realizadas para os já doadores da instituição para agradecer a

contribuição, informar o trabalho do ICIA, bem como indagar se é possível aumentar o valor

da doação. As operadoras de telemarketing solicitam ainda a indicação do número de telefone

de não doadores para que o ICIA possa entrar em contato e apresentar a causa social,

solicitando assim a doação destes.

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4.4.5 Sorteio: Certificado de contribuição do Caruaru da Sorte

Semanalmente, o ICIA realiza sorteio de prêmios, através da empresa Caruaru da Sorte, com

de venda de cartelas (certificados de contribuição), e acompanhamento do sorteio e resultado

pela televisão. Entender, contudo, essa complexa operação exige estabelecer inicialmente o

que vem a ser sorteio, explicando neste contexto, a atuação do ICIA e do Caruaru da Sorte.

Por sorteio, Pinho (2015, p.61) assevera que:

O sorteio é uma ação promocional em que o participante compete isoladamente com

a sorte. Os sorteios possuem grande importância na credibilidade que pode ser

conquistada por meio de apurações que tenham cobertura da TV ou que sejam feitas

em programas de auditório, principalmente se comandadas por apresentadores de

programas de TV.

A força da marca tem o poder de influenciar diretamente o consumidor em razão das

premiações ofertadas bem como a receptividade do consumidor também está relacionada à

percepção que o mesmo tem das chances de ganhar o prêmio (PINHO, 2015, p. 62).

O sorteio foi uma das estratégias de divulgação da marca ICIA e de arrecadação de doações.

Para isso, inicialmente, o ICIA contratou com a empresa INVESTCAP, detentora dos direitos

de emissão de títulos de capitalização na modalidade incentivo, para emitir títulos em seu

nome. Após, esses títulos emitidos são entregues à empresa Caruaru da Sorte que, por sua vez

realiza a comercialização dos títulos, divulgação do evento, sorteio, e pagamento dos prêmios

aos participantes. Trata-se na verdade de uma atuação conjunta, onde as três empresas

realizam esse trabalho.

No site do Caruaru da Sorte4 a empresa explica a sua atuação quando diz que comercializa:

Um Certificado de Contribuição emitido pelo INSTITUTO DO CÂNCER

INFANTIL DO AGRESTE (ICIA) inscrito sob CNPJ nº 06.061.422/0001-53.

Adquirindo o CARUARU DA SORTE você contribui para o tratamento e

atendimento médico-social digno e humanizado às crianças e aos adolescentes

carentes portadores de câncer do interior de Pernambuco e ainda participa de muitos

sorteios, lastreados em títulos de capitalização, na modalidade incentivo, emitidos

pela Invest Capitalização S.A (CNPJ nº 93.202.448/0001-79).

A parte financeira desta operação fica a cargo do ICIA, que detém o controle do pagamento

dos títulos à INVESCAP, ao pagamento dos custos operacionais que a empresa CARUARU

4 Disponível em: http://www.caruarudasorte.com.br/quemsomos.html

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DA SORTE tem, ao pagamento dos prêmios aos participantes, ficando ao final com lucro

obtido pelo sorteio, a título de doação, com os resgates dos títulos de capitalização.

4.4.6 Outras estratégias: eventos e comercialização de produtos

Além das estratégias apresentadas outras estratégias de marketing são desenvolvidas por

entidades do Terceiro Setor que atingem um público alvo determinado e estabelecem de

alguma forma a relação com a entidade. Essas estratégias são definidas por eventos socais, ou

seja, atividades, que buscam envolver a sociedade e a empresa/marca. Os eventos são de

grande importância para a empresa. Isso porque, segundo Pinho (2015, p.66):

O uso de evento ou acontecimento como técnica promocional pela empresa é uma

decisão estratégica adotada como resultado de uma análise de mercado, produto e

concorrência e dos demais elementos componentes do mix de marketing. Em geral a

sua realização assume isoladamente ou em conjunto os propósitos de predispor aos

consumidores aproximar públicos de interesse da empresa e do produto, associar

uma marca ao evento ou atividade visando criar uma residual de lembrança, criar

imagem favorável da organização na opinião pública, ampliar o nível de

conhecimento da marca ou do produto, atrair novos distribuidores, incentivar

equipes de vendas e motivar os revendedores.

Neste sentido, o ICIA realiza anualmente as caminhadas voltadas para divulgação do projeto

social e arrecadação de recursos na venda de camisas aos participantes, além da vinculação da

causa social aos consumidores/doadores que resolvem participar, aproveitando a venda,

entrega dos kits e evento para divulgar o trabalho realizado.

O ICIA realiza ainda brechós sendo este entendido como uma loja de artigos usados,

principalmente roupas, calçados, louças, objetos de arte, bijuterias e objetos de uso doméstico,

que serve para vender tais produtos para pessoas de baixa renda, na sua maioria, ou àqueles

que procuram produtos genuínos, tais como colecionadores, dentre outros. Segundo Beltrame

(2015) “os brechos são desenvolvidos na sua maioria das vezes por mulheres que querem

vender suas roupas usadas ou às vezes peças novas que nunca foram utilizadas”; bem como

são desenvolvidos por ações sociais para arrecadação de fundos para entidades sem fins

lucrativos.

Outro atrativo desenvolvido pelo ICIA, e comum que as entidades sem fins lucrativos

desenvolvam, é uma loja de produtos com a marca da instituição. Nestes casos, a entidade

busca estabelecer uma grife, com um mix de produtos, como, camisas, bonés, canetas, dentre

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outros, afim de, além de arrecadar com a venda dos produtos e obter melhores resultados com

o trabalho realizado.

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5 METODOLOGIA

Nesta seção buscou demonstrar o percurso metodológico trilhado, revelando o método de

pesquisa utilizado e indicando o procedimento aplicado para alcançar a proposta do problema

de pesquisa. Para isso, demonstrou-se a escolha do método, o campo de pesquisa, os sujeitos

da pesquisa, a técnica de coleta dos dados e a técnica da análise dos dados.

5.1 A escolha do método

O método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que permite alcançar o objetivo

proposto no estudo, traçando o caminho a ser seguido (MARCONDI, 2003, p.83).

Entende-se a metodologia e, consequentemente, a escolha do método, como o o caminho a ser

percorrido, no sentido de alcançar os objetivos do estudo em tela.

Em outras palavras, o fenômeno deve ser perceptível, sensível e classificável, ainda

que o cientista social possa trabalhar com conceitos teoricamente abstratos, tais

como: amor, aprendizagem e qualidade de vida; antes de estudá-los empiricamente,

deve procurar comportamentos, estímulos, características ou fatos que representem

estes conceitos (RICHARDSON, 1989, p.21).

A pesquisa foi desenvolvida, perante os objetivos propostos, onde se impôs uma abordagem

de cunho qualitativo, pelo qual o tema em questão exigiu um estudo do fenômeno da doação,

no intuito de se investigar se há uma interferência das estratégias de marketing utilizadas pelo

ICIA nas doações captadas, determinando ao final se houve alguma influência das estratégias

de marketing em relação aos doadores. Assim, segundo Gil (2008, p.14), “busca o

pesquisador preocupar-se em mostrar e esclarecer o que é dado”, tentando estabelecer quais

estratégias de marketing de fato repercutem na doação.

Os objetivos traçados na problemática revelam a pesquisa qualitativa, pois, busca-se respostas

no campo das motivações, pretensões, crenças, valores, e permeará no universo das

percepções, dos sentimentos. Neste sentido, a pesquisa qualitativa revela que:

A pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações,

crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das

relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à

operacionalização de variáveis. Aplicada inicialmente em estudos de Antropologia e

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Sociologia, como contraponto à pesquisa quantitativa dominante, tem alargado seu

campo de atuação a áreas como a Psicologia e a Educação (MINAYO, 2011).

Logo, a pesquisa qualitativa preocupa-se, portanto, com aspectos da realidade que não podem

ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais,

onde se buscou entender o comportamento do doador diante das estratégias de marketing

adotadas pelo ICIA.

A abordagem qualitativa opõe-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa

para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma

metodologia própria.

Os pesquisadores qualitativos recusam o modelo positivista aplicado ao estudo da

vida social, uma vez que o pesquisador não pode fazer julgamentos nem permitir

que seus preconceitos e crenças contaminem a pesquisa. (GOLDENBERG, 1997).

A ideia da pesquisa qualitativa consiste em não utilizar de métodos e técnicas estáticas, mas

sim por ter o ambiente natural como fonte direta para coleta de dados, na qual serão colhidas

informações através do estudo fenomenológico. Afinal, impõe-se o estudo minucioso desses

fenômenos sob as estratégias usadas na busca de entender a doação e seus motivos, diante da

determinante estratégia de marketing utilizada.

A pesquisa social tem por sua natureza buscar respostas de problemas sociais através da

utilização de métodos de pesquisa (GIL, 2008, p. 26). A pesquisa da relação marketing e

doação caracteriza-se como pesquisa do campo social. Ademais, trata-se de uma pesquisa

descritiva, pois, segundo Gil (2008), “as pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a

descrição das características de determinada população ou fenômeno” ou seja, “têm por

objetivo levantar as opiniões, atitudes e crenças de uma população”. Evidencia-se a natureza

descritiva quando, na pesquisa em tela, buscou-se levantar o porquê das doações e sua

correlação com as estratégias de marketing adotadas pelo ICIA.

No tocante a técnica para realização da pesquisa, o estudo de caso adequa-se a presente

pesquisa, onde se buscou a percepção e o comportamento do doador em relação as estratégias

desenvolvidas pelo ICIA, que obtém recursos por diversas estratégias para manutenção do

projeto social.

De acordo com Yin (2001, p. 11):

Em geral, os estudos de caso representam a estratégia preferida quando se colocam

questões do tipo "como" e "por que", quando o pesquisador tem pouco controle

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sobre os eventos e quando o foco se encontra em fenômenos contemporâneos

inseridos em algum contexto da vida real.

O estudo de caso se harmoniza com a pesquisa social a ser realizada, onde se buscou “como”

e “por que” as estratégias de marketing desenvolvidas repercutem na doação, realizada a

pesquisa considerando a entidade ICIA. A pesquisa destinou-se justamente a explorar as

situações definidas e existentes de doação, descreveu como essas doações são realizadas em

decorrência das estratégias de marketing utilizadas para captação de recursos e ao final

buscou - se descrever as determinantes da doação no estudo do fenômeno (GIL, 2008, p. 58).

Para compreender comportamento do doador diante das estratégias apresentadas, percebeu-se

as explicações, percepções, sentimentos do doador, através das entrevistas individuais

realizadas, semiestruturada, onde se considerou a necessidade de entender se os doadores do

ICIA conhecem e lembram, de fato, das estratégias de marketing, ou alguma delas; qual a

percepção que os doadores possuem da marca ICIA em relação as estratégias utilizadas e se

estas estratégias transmitem algum sentimento ao doador correlacionando as estratégias de

marketing à captação de recursos pela doação.

A pesquisa foi exploratória pois teve como principal finalidade desenvolver, esclarecer,

entender, conforme os objetivos traçados, quais estratégias influenciam melhor o doador, ou

não influenciam. O aprofundamento do estudo das estratégias de gestão de marketing,

possibilitou entender o funcionamento da entidade sem fins lucrativos para assim responder o

problema de pesquisa: De que forma as estratégias de marketing usadas pelo ICIA, impactam

os seus doadores.

Em suma, o tipo de pesquisa caracterizou-se em uma abordagem qualitativa, através do

método de estudo fenomenológico e de caráter exploratório.

5.2 Campo de pesquisa

Partindo da concepção que a pesquisa deve manter relação com o objeto de estudo que, no

trabalho em questão, relaciona-se as estratégias de marketing e a doação, O Instituto do

Câncer Infantil do Agreste (ICIA), no Município de Caruaru (PE), foi o local onde se

encontraram os sujeitos da pesquisa, uma vez que o campo de estudo é o instituto da doação

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diante da influência das estratégias de marketing desta entidade, razão pela qual o campo se

define nesses fenômenos.

Na busca dos motivos e da relação doação versus estratégias desenvolveu-se a pesquisa no

ICIA, no Município de Caruaru – PE. Devido a problematização, que considera as estratégias

de marketing, observou-se, neste processo, o instituto ICIA, entidade não governamental que

atua no tratamento de crianças com neoplasia maligna, e que, pela amplitude do projeto em

razão do número de atendimentos a crianças, da estrutura que se constrói no interior de

Pernambuco, e do volume de arrecadação que o instituto obtém mensalmente, revelou-se o

ambiente adequado e ideal para os objetivos propostos (BOLGDAM e BICKLEM, 1986).

Observe que o foco do estudo foi entender o impacto que as estratégias de marketing causam

no fenômeno da doação. Evidente que o mesmo precisa ser desenvolvido onde haja doação,

onde haja captação de recursos, e doadores que possam contribuir com a pesquisa. Contudo, o

ICIA não pode ser visto apenas como o local onde se encontra os doadores, pois, se assim

fosse, a pesquisa poderia ser realizada em qualquer lugar, com qualquer pessoa, já que todos

podem sem doadores em potencial.

A ideia do estudo residiu no foco não da intenção de doar por si só, mas sim, se estratégias de

marketing utilizadas pelo ICIA influenciam e estabelecem uma relação com a doação. Daí o

motivo pelo qual se buscou a instituição e não várias, pois delimitou-se quais as estratégias de

marketing são utilizadas, já que estas podem sofrer variações a depender do estudo de uma

instituição para outra, e de um projeto social para outro.

Nesse contexto, a pesquisa desenvolvida no ICIA tornou-se relevante pois é uma entidade

sem fins lucrativos, que surgiu no interior de Pernambuco com o objetivo de “proporcionar

tratamento, amenizar o sofrimento de crianças com câncer, oferecer apoio e atendimento

gratuito e multidisciplinar para pacientes e familiares” (ICIA, 2017).

5.3 Sujeitos da pesquisa

Considerando que a problemática indagou se as estratégias de marketing impactam de alguma

maneira os indivíduos que doam, a presente pesquisa buscou os sujeitos da pesquisa dentre os

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cidadãos comuns que mantém a pratica de doação ao Instituto do Câncer Infantil do Agreste-

ICIA.

A pesquisa buscou catorze pessoas, doadores do ICIA, que foram escolhidos através do

Cadastro de doadores existente no ICIA, levando - se em consideração para essa escolha os

maiores, os medianos e os menores doadores, para assim traçarmos possíveis diferenças na

relação da estratégia empregada e a doação realizada. Os entrevistados foram convidados a

participar voluntariamente das entrevistas com ciência da proposta do trabalho.

A opção dos sujeitos da presente pesquisa indicou a viabilidade da investigação temática, qual

seja a relação entre estratégias de marketing e a doação. Destaque-se que para ser doador

pouco importa se o gênero é masculino ou feminino, uma vez que, não se buscou, na

pesquisa, saber do gênero, quem de fato doa mais, mas sim buscou-se a correlação das

estratégias empregadas com a doação. Quanto à idade dos sujeitos da pesquisa todos foram

maiores de 18 anos, sem um limite especifico. Com relação à classificação de sujeito como

pessoa comum, partiu-se do pressuposto que qualquer pessoa pode tornar-se um doador.

5.4 Técnica de coleta dos dados

A técnica de coleta de dados utilizada na pesquisa foi a entrevista semiestruturada, visando

uma maior flexibilidade do roteiro e da possibilidade de novas formulações de

questionamentos no decorrer da entrevista (SILVA, GODOI e BANDEIRA-DE-MELO,

2010).

A entrevista teve o propósito de identificar, segundo os objetivos específicos, se as estratégias

de marketing usadas pelo ICIA influenciaram no comportamento e na atitude do doador, de

forma que precisa fluir com a exposição efetiva da fala, contextualizando a temática e seus

detalhes. Daí a importância de ser semiestruturada definido por um roteiro prévio das

questões abordadas, mas sem retirar do pesquisador a condição de, através da percepção do

pesquisador, formular outros questionamentos em consonância com o que fora inicialmente

proposto no roteiro de entrevista, tal qual fora feito, quando da constatação de identidade da

marca, como se verá na análise dos dados.

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O roteiro da entrevista (APÊNDICE A) é composto por três blocos, sendo o primeiro de

identificação pessoal do entrevistado, abordando ainda o patamar da renda auferida, e perfil

do doador. No segundo bloco, apontou questionamentos que objetivaram identificar a doação

no intuito de responder de que forma foram influenciados a doar, como se sente ao ser

abordado para doar e o que levariam a doar mais. No terceiro bloco as perguntas que

buscaram perceber os sentimentos dos entrevistados e o comportamento segundo a estratégias

de marketing já usadas pelo ICIA.

Com o roteiro de entrevista proposto buscou-se responder aos objetivos traçados para a

pesquisa, organizando as perguntas com base nestes. Assim, o primeiro objetivo buscou

identificar se os doadores reconhecem ou têm consciência das estratégias de marketing

utilizadas pelo ICIA na captação de recursos. As estratégias utilizadas foram inicialmente

buscadas através de algum documento que estabelecesse o plano de marketing do ICIA. Ficou

constatado a inexistência de um plano de marketing, definindo-se então as estratégias através

dos documentos informações contidas no site do ICIA, acerca das estratégias utilizadas, ou

ainda das informações prestadas pelas pessoas responsáveis pelo marketing. No tocante aos

documentos, Flores (apud CALADO; FERREIRA, 2004) explica que considera-se

documentos fontes de dados brutos que o investigador pode buscar analisar os mesmos

atribuindo significado relevante em relação ao problema de pesquisa. Observe ainda que a

pesquisa partiu das estratégias já em aplicação pelo ICIA, uma vez que, o estudo não se

propôs a criar um plano de estratégias, mas sim, avaliar se o plano adotado pelo ICIA,

influencia o doador.

O segundo objetivo buscou identificar a relação entre as estratégias de marketing adotadas

pelo ICIA e a captação dos recursos pela doação no qual o terceiro bloco das perguntas se

propôs a alcançar esta perspectiva. Já o terceiro objetivo tratou de identificar o sentimento dos

doadores com relação ao trabalho realizado pelo ICIA diante das estratégias de marketing

utilizando como determinante, para o estudo realizado, as respostas às questões estabelecidas

no bloco dois e três do questionário.

O primeiro bloco das questões serviu para entender o perfil do doador do ICIA, traçando a

relação das questões estabelecidas no bloco um com as questões definidas no bloco três do

questionário, no intuito de se verificar se, com a variação de perfil do doador, verifica-se

diferentes estratégias, ou estas alcançam todas as faixas de rendimento dos doadores.

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Logo, foi aplicada entrevista semiestruturada, por meio de gravação dos doze entrevistados,

mediante termo de autorização assinado (APÊNDICE B), e transcritas as respostas de forma

fidedigna, pelo qual viabilizou uma análise efetiva dos dados coletados.

5.5 Técnica de análise dos dados

Com base nas percepções dos doadores em relação as estratégias de marketing utilizadas pelo

ICIA, buscou responder os objetivos propostos através da análise de conteúdo dos dados

coletados pelas gravações, analisando-os através das seguintes categorias: as estratégias de

marketing percebidas pelo doador; a relação entre as estratégias de marketing e a captação de

recursos; o sentimento do doador em relação a doar; o sentimento do doador em relação ao

trabalho realizado pelo ICIA; a falha na construção da imagem da marca ICIA e a falha na

proteção da marca ICIA.

A análise de conteúdo é a técnica que atende, na pesquisa, o método e a abordagem que se

destina, buscando a interpretação dos resultados, conforme Gil (2010, p. 153), com uma

análise em que as informações obtidas serão confrontadas com informações já existentes,

podendo-se chegar a amplos resultados.

Nesse sentido, quando a análise de conteúdo é estabelecida como procedimento para análise, é

de se observar que após a coleta dos dados em seu estado latente, será necessário do

pesquisador a lapidação dos elementos coletados para dar um sentido apropriado.

A análise de conteúdo torna - se um instrumento que legitima os estudos qualitativos nas

diversas áreas da administração. A análise de conteúdo faz parte de uma visão mais ampla,

onde dá ao pesquisador o meio coerente, ético, reflexivo, flexível e crítico, para estabelecer os

resultados que a pesquisa se insere (MOZZATO, 2011). “Reitera-se, a análise de conteúdo

como técnica de análise de dados rica, importante e com grande potencial para o

desenvolvimento teórico no campo da administração, principalmente nos estudos com

abordagem qualitativa”. (MOZZATO,2011).

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5.6 Limites e limitação da pesquisa

A pesquisa limitou-se a tratar apenas das estratégias de marketing utilizadas pelo ICIA na

perspectiva do doador cadastrado junto ao ICIA, e que doa mensalmente, pois estes, de

alguma forma, estão fidelizados à causa, e assim poder-se-ia identificar o sentimento destes

em relação ao trabalho realizado pelo instituto. Estabeleceu-se assim que os sujeitos da

pesquisa seriam 14 pessoas, nos moldes da metodologia já explanados acima.

Diversas, foram as limitações, contudo encontradas na pesquisa. Inicialmente tivemos a

necessidade de esperar a autorização de acesso ao cadastro de doadores, que após as devidas

explicações por parte deste pesquisador, a mesma fora autorizada, sendo que os doadores

foram escolhidos aleatoriamente pela empresa, pela coordenação de telemarketing do

instituto, sem nenhuma ingerência do pesquisador que tão pouco obteve o número exato de

doadores cadastrados e ativos junto ao instituto.

Fora então apresentado pelo ICIA uma lista de 20 nomes de doadores com telefones e

endereço dos mesmos, para ligar marcando dia e hora da entrevista.

A ideia da pesquisa, inicialmente seria realizar as entrevistas semiestruturadas em um só dia,

no próprio instituto, convidando o número de pessoas necessárias para tal. O problema

encontrado foi definir uma data para conciliar a agenda de 14 ou mais doadores, com a agenda

do instituto. Ao entrar em contato com os doadores por telefone, ligando do próprio instituto,

os doadores atendiam e falavam que não possuíam tempo para virem ao instituto participar da

pesquisa.

Diante de tal limitação, houve a necessidade de modificar a forma das entrevistas, buscando

então os doadores onde quer que estivessem, de acordo com os endereços e telefones

fornecidos. Observe que o ICIA forneceu uma lista de 20 (vinte) nomes, dos quais apenas 12

doadores quiseram participar das entrevistas, reduzindo-se então para o número de 12 pessoas

entrevistadas.

Por fim tivemos a limitação com relação a impossibilidade de mensuração e seleção dos

doadores – como visto acima os doadores foram selecionados pelo ICIA sem ingerência do

pesquisador – de acordo com o estabelecido na metodologia, no sentido de selecionar os

maiores, menores e medianos doadores, para assim verificar algum padrão entre estes e os

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objetivos propostos na pesquisa. Ressalte-se que apesar desta limitação, o objetivo do trabalho

proposto não sofreu alterações em razão desta circunstância.

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6 RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capítulo serão analisados os resultados das entrevistas realizadas com os doadores do

ICIA na cidade de Caruaru - PE. A apresentação e análise dos dados colhidos, cujo objetivo

geral estabelecido buscou verificar como as estratégias de marketing utilizadas pelo Instituto

do Câncer Infantil do Agreste (ICIA) impactam os doadores, serão apresentados seguindo a

ordem dos objetivos específicos de forma categorizada.

Inicialmente cumpre relatar e apresentar os doadores que foram entrevistados. Todos os

entrevistados residem na cidade de Caruaru – PE. Optou-se no presente trabalho apontar os

entrevistados pela palavra “respondentes”, indicados pela letra “R”, seguida dos números

correspondentes em razão da posição dos entrevistados, cronologicamente do início ao fim

das entrevistas, sendo R1, o primeiro respondente da pesquisa e R12 o último respondente.

As entrevistas foram realizadas nos meses de agosto a outubro de 2017, atingindo o número

de 12 respondentes.

Em relação a idade dos respondentes foi identificado que 3 possuem idade entre 25 e 35 anos,

3 possuem idade entre 36 a 45 anos, 3 dos possuem idade dos 46 aos 55 anos e 3 possuem

idade superior aos 56 anos sendo o respondente R2 o mais idoso com 72 anos de idade. Foram

entrevistados 6 homens e 6 mulheres. Devido a limitação da pesquisa apresentada em relação

a escolha dos entrevistados, a definição de paridade de sexo, bem como da proporcionalidade

com relação a idade dos doadores ocorreu de forma aleatória, mas que ao final, proporcionou

uma visão diversificada e equilibrada.

Dos respondentes apenas 1 possui 1º grau de instrução, 3 possuem o 2º grau completo e os

demais, em sua maioria, possuem nível superior. Em se tratando da renda familiar 3

respondentes recebem entre 1 e 2 salários mínimos, 3 respondentes recebem entre 3 e 5

salários mínimos, 3 respondentes recebem entre 6 a 10 salários mínimos e 3 respondentes

recebem entre 15 a 20 salários mínimos, sendo tais valores percebidos mensalmente pelos

entrevistados.

Não foram os respondentes perguntados com relação aos valores doados mensalmente, uma

vez que a pesquisa buscou, no início, partir do pressuposto que o instituto ICIA iria

estabelecer respondentes em razão do montante das doações, o que não ocorreu. Isso contudo,

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não implica em afetar a pesquisa pois, o objetivo é verificar as estratégias de marketing e a

percepção do doador, independente do montante arrecadado nas doações.

Os questionamentos realizados nas entrevistas na presente pesquisa foram organizados em

três blocos com identificação dos doadores, motivos de doar e sentimento dos doadores diante

das estratégias de marketing, levando em consideração objetivos específicos propostos que

foram: 1. Identificar se os doadores reconhecem ou têm consciência das estratégias de

marketing utilizadas pelo ICIA; 2. Identificar a influência entre as estratégias de marketing

adotadas pelo ICIA e a captação dos recursos pela doação; 3. identificar o sentimento dos

doadores com relação ao trabalho realizado pelo ICIA diante das estratégias de marketing

utilizadas.

Assim, temos os seguintes questionamentos temáticos (perguntas) correlacionadas com os

objetivos específicos estabelecidos:

Tabela 3: Questionamentos x objetivos específicos

1 - Por qual razão você doa? Objetivo específico 3

2 - Quando você é abordado para fazer

alguma doação, qual a sua reação mais

comum?

Objetivo específico 3

3 - Existe algo que faria você doar mais? Objetivo específico 3

1 - Como tomou conhecimento do projeto

desenvolvido pelo ICIA?

Objetivo específico 1

2 – Quais meios de comunicação (TV, rádio,

jornal, redes sociais você identifica a marca

ICIA?

Objetivo específico 1

3 - Se você não fosse doador, o que faria você

mudar de ideia e passar a doar para o ICIA?

Objetivo específico 3

4 - Qual a sua percepção em relação ao

trabalho desenvolvido pelo ICIA com relação

ao dinheiro doado?

Objetivo específico 3

5 - O que você sente ao observar a utilização

da marca ICIA por outras empresas privadas,

tal como o Caruaru da Sorte?

Objetivos específicos 1 e 2

6 – além de doação em dinheiro, já participou

de outros projetos desenvolvidos pelo ICIA

para captação de recursos (Caminhada ICIA,

Brechó solidário, aquisição de produtos na

loja ICIA)? Por que?

Objetivos específicos 1 e 2

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7 – qual dessas marcas apresentadas é a atual

marca do ICIA?

Objetivos específicos 1 e 3

Fonte: autor

Diante dos questionários apresentados e dos objetivos definidos e correlacionados passa-se a

analisar o conteúdo dos dados coletados. A análise de conteúdo é a técnica que busca, na

pesquisa, a interpretação dos resultados (GIL,2010, p. 153). Para análise, contudo, o

pesquisador, instaura um processo de codificação das respostas, elaborando categorias que

possam nortear os caminhos trilhados.

Segundo Silva e Fossá (2015, p.08) “a codificação se deu em função da repetição das

palavras, que uma vez triangulada com os resultados observados, foram constituindo-se em

unidades de registro, para então efetuar-se a categorização progressiva”.

Assim, as unidades de registro foram estabelecidas nesta pesquisa com base nas respostas dos

doadores, que, ao verificar identidades de respostas, foram condensadas e definidas com

nomenclaturas próximas ao conteúdo apresentado, ressaltando que não existem “regras” para

a nomeação das categorias” (SILVA; FOSSÁ, 2015, p.08)

Destaca-se então abaixo a nomeação dada a cada unidade de registro inicial, categorizando-os

e correlacionando com os objetivos propostos:

Tabela 4: Unidades de registro x categorias de análise x objetivos específicos

Unidades de registro Categorias Objetivos específicos

Fidelização do doador

Marketing boca a

boca

Telemarketing

Televisão e rádio

Redes sociais digitais

Estratégias de marketing

percebidas pelo doador

1. Identificar se os doadores

reconhecem ou têm

consciência das estratégias de

marketing utilizadas pelo

ICIA;

A marca ICIA e as

empresas privadas

parceiras

A marca ICIA e

outros projetos de

A relação entre as estratégias

de marketing e a captação de

recursos

2. Identificar a correlação

entre as estratégias de

marketing adotadas pelo ICIA

e a captação dos recursos pela

doação;

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captação de recursos:

Caminhada do ICIA,

Brechó ICIA e

Produtos ICIA.

As crianças

Fazer o bem

(intenção de ajudar)

Câncer na família

Omissão do estado

Sentimento do doador em

relação a doar

3. identificar o sentimento

dos doadores com relação ao

trabalho realizado pelo ICIA

diante das estratégias de

marketing utilizadas.

Motivação da causa

Não conhecimento ao

projeto

Credibilidade

Visita ao ICIA

Empresa idônea

Sentimento do doador em

relação ao trabalho realizado

pelo ICIA

3. identificar o sentimento

dos doadores com relação ao

trabalho realizado pelo ICIA

diante das estratégias de

marketing utilizadas.

Posicionamento e

identidade da marca

Registro da marca

Falha na construção da

imagem e da proteção da

marca ICIA

3. identificar o sentimento

dos doadores com relação ao

trabalho realizado pelo ICIA

diante das estratégias de

marketing utilizadas.

Fonte: dados da pesquisa 2017/2018

Conforme apresentado na tabela acima temos como categorias definidas: as estratégias de

marketing percebidas pelo doador; a relação entre as estratégias de marketing e a captação de

recursos; o sentimento do doador em relação a doar; o sentimento do doador em relação ao

trabalho realizado pelo ICIA e a falha na construção da imagem da marca ICIA. Passemos

então a análise de cada uma destas.

6.1 Estratégias de marketing percebidas pelo doador

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A estratégia de marketing consiste em um processo contínuo de planejamento e realização de

ações capazes de fomentar a atuação do ICIA no mercado escolhido para captação de

doadores e continuidade dos seus objetivos.

Diante dos respondentes apresentados na pesquisa, observou-se, inicialmente, que o ICIA é

uma empresa que entende as necessidades dos doadores e, principalmente, define os

benefícios que este doador poderá perceber, diante dos resultados das estratégias empregadas

(FERREL, 2000).

A análise desta categoria levou em consideração as seguintes unidades de registro: a

fidelização do doador, o marketing boca a boca, o telemarketing, a televisão e o rádio e as

redes sociais digitais. Vejamos então:

6.1.1 A fidelização do doador

A fidelização de um cliente com uma marca é definida pela interação que este possui com o

produto e os valores da empresa, a ponto de tornar-se fiel na utilização do produto ou serviço.

No caso ICIA, fidelização produz no doador o desejo de fazer parte do projeto social, sentindo

e percebendo os valores contidos na marca, pois a marca concretiza os benefícios funcionais e

emocionais. (AAKER, 2005)

Contudo, a fidelização vista como unidade de registro desta categoria, não visa, em si,

demonstrar uma estratégia utilizada pelo ICIA, mas sim comprovar que as estratégias

utilizadas estão produzindo o efeito de vincular o doador ao Instituto e a causa social.

A expressão fidelidade tem ganhado conotação nas relações empresariais ao estabelecer um

vínculo entre um cliente e uma empresa, onde “a longo prazo, de preferência com

exclusividade”, o cliente passa a recomendar seus produtos e serviços a amigos e a colegas

(LOVELOCK; WIRTZ; HEMZO, 2011, p 85):

A fidelização do doador é perceptível ao verificar a questão relativa ao tempo, em que os

respondentes afirmaram doar ao ICIA. A última pergunta do bloco 1 de questões indaga a

todos: a quanto tempo é doador do ICIA? Dos 12 respondentes, apenas R5, R6 e R7 possuem

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menos de um ano de doação. Os demais possuem mais de 2 anos de doação, sendo os

respondentes R2 e R9 os mais antigos com doações realizadas desde a fundação do Instituto.

Os motivos desta fidelização, serão abordados na categoria relativa ao sentimento dos

doadores em relação ao trabalho realizado pelo ICIA, uma vez que essa fidelização decorre

justamente do sentimento de confiabilidade dos doadores em relação ao instituto.

Entretanto, a fidelização não é percebida somente pelo tempo de doação dos respondentes. Já

que ao cruzarmos as perguntas relativas a outros objetivos, iremos encontrar também

justificativas para a fidelização do doador.

Assim, ao verificar as respostas dadas às perguntas de 1 a 3 do bloco 2, que trata do

sentimento de doar, constatou-se que a fidelização dos doadores está presente, como podemos

comprovar como as respostas abaixo, que traduzem um sentimento de compromisso do

doador com o ICIA, nos termos:

[...] eu nunca vou deixar de doar para o ICIA [...] (R1);

[...] esse é o compromisso que eu tenho com o ICIA[...] (R2)

[...] gostaria de doar mais ao ICIA [...] (R8).

Da mesma forma, ao verificar as respostas à pergunta 3 do bloco 3, no tocante a o que faria

(estimularia) os entrevistados doarem para o ICIA, novamente pergunta relativa a sentimento

de doar, temos entre as respostas: “enquanto vida tiver eu vou doar ao ICIA” do respondente

R2, ficando claramente demonstrado que esses entrevistados estão fidelizados à causa.

6.1.2 Marketing boca a boca.

A segunda unidade de registro encontrada na pesquisa, deu-se com relação ao marketing boca

a boca. Esse tipo de marketing consiste na promoção de produtos, serviços, enfim de

empresas, pelos próprios consumidores de forma voluntária.

Segundo Bentivegna (2002, p.79) “a divulgação de novos produtos e serviços por canais

interpessoais é também conhecida como propaganda boca a boca” (apud SCHIFFMAN E

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KANUK, 1995, p. 395). Esse marketing voluntário “pode ocorrer pessoalmente, num

encontro face a face, ou por meio de uma tecnologia de comunicação, como um diálogo por

telefone” (BENTIVEGNA, 2002, p.79).

Quando indagados sobre qual a forma pela qual os mesmos tomaram conhecimento do projeto

do ICIA, a pesquisa verificou que dos 12 entrevistados, metade teve o primeiro contato com a

empresa por meio de terceiros, que apresentaram a estes o projeto ICIA, ou seja, sem qualquer

ingerência do instituto para buscar estes doadores. Isso é perceptível conforme as respostas:

[...] Através de uma cliente minha que trabalha no ICIA e ela veio falar de ajudar

[...] (R1).

[...] Eu tenho uma amiga que sempre falava que ela é doadora e que conheceu o

ICIA [...] (R5).

[...] Através de uma amiga (R6).

[...] Foi através de uma colega (R7).

[...] Eu fiquei sabendo do ICIA aqui na cidade. (R8).

[...] mas já conhecia o trabalho de ouvir dos outros a respeito. (R10).

[...] Através de um amigo meu chamado Gilberto, disse que fazia doação lá, que

chegou a conhecer o projeto e sentiu-se motivado e conversando comigo estimulou e

me motivou a fazer a doação (R12).

Evidencia-se que o marketing boca a boca vem estimulando pessoas a ingressarem como

doadores do ICIA, sem influência do Instituto. Tal circunstância, corrobora com a unidade de

registro anterior (fidelização), pois os doadores percebem os valores do instituto e sentem-se

estimulados a não só fazer parte deste, como também buscar novos doadores. Observem que

essa ação dos doadores em promover o Instituto é um dos tipos de marketing identificado na

pesquisa, sem ingerência, como dito antes, do ICIA.

Observou-se ainda que R8 e R9, em suas respostas mostram que o boca-a-boca não partiu

apenas de uma pessoa, mas de diversas delas. Isso pode ser percebido nas suas declarações,

quando dizem: “aqui na cidade” ou “ouvir dos outros” respectivamente. Não se pode

verificar, contudo, se estas pessoas que falaram do projeto ICIA eram ou não doadores.

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Diante desta situação, é viável que o Instituto possa pensar em uma estratégia de marketing

com foco na utilização dos próprios doadores, vinculando-os às ações do ICIA.

6.1.3 O telemarketing

Dentre as estratégias apresentadas pelo ICIA, esta, talvez seja aquela mais organizada e

utilizada pelo Instituto. Isso porque, como visto antes, o ICIA possui toda uma estrutura

montada, com um grupo treinado para este serviço.

Segundo Stone (2015, p.5), o telemarketing é ação integrada da utilização de informações e da

tecnologia da telecomunicação com o propósito de realizar uma comunicação de marketing e

interação com o cliente, alcançando o doador de forma mais eficiente e com menor custo.

Como dito antes, o ICIA possui uma equipe de telemarketing que busca novos doadores

diariamente. São 1 (uma) coordenadora, 2 (duas) supervisoras e 22 (vinte e duas) atendentes

de telemarketing, totalizando 25 (vinte e cinco) pessoas que formam dois grupos de trabalho,

sendo 11 (onze) pessoas pela manhã e 11 (onze) pela tarde, de segunda a sexta, das 8h à 13h;

das 13h às 20h e aos sábados das 8h às 12h.

As ligações são realizadas para os já doadores da instituição para agradecer a contribuição,

informar o trabalho do ICIA, bem como indagar se é possível aumentar o valor da doação. As

operadoras de telemarketing solicitam ainda a indicação do número de telefone de não

doadores para que o ICIA possa entrar em contato e apresentar a causa social, solicitando

assim a doação destes.

Da mesma forma que o marketing boca a boca fora facilmente identificado, a estratégia do

ICIA em se tratando do telemarketing fora devidamente identificada pelos respondentes, que

quando indagados como haviam tomado conhecimento do projeto realizado pelo ICIA

(questionário, bloco 3, questão 01), afirmaram:

[...] Eles ligaram para mim desde o início [...] (R2).

[...] Ai na outra semana a mulher ligou aqui para minha casa perguntando se eu

podia continuar a doar [...] (R3).

[...] foi o pessoal de lá do telemarketing que ligou [...] (R4)

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[...] E nesse meio tempo teve a ligação das meninas. Na época, inicialmente eu

estava apertado e não doei. Tempos depois voltaram a ligar e eu disse que iria lá

(ICIA), para conhecer o projeto, faço sempre a doação lá no ICIA e a cada 6 meses

elas ligam para me lembrar [...] (R8)

[...]O pessoal ligaram para mim perguntando se eu poderia doar [...] (R9)

[...]eu soube como doar pela ligação do ICIA [...] (R10).

Metade dos respondentes afirmaram que foram abordados pelas operadoras de telemarketing e

resolveram doar. Tal estratégia demonstra-se, portanto, eficiente diante da perspectiva do

número de entrevistados doadores que aceitaram doar.

Cumpre ressaltar, que estes mesmos doadores acima citados, quando cruzada as informações

entre a atuação do telemarketing e a percepção do trabalho desenvolvido pelo ICIA em

relação a aplicação do dinheiro doado, nota-se que apenas os respondentes R2 e R9 visitaram

o ICIA. Em outros termos, os demais respondentes - R3, R4, R8 e R10 - realizam doações

mensais ao ICIA pela confiança que depositam no projeto, mesmo que não façam ideia

alguma do que faz o Instituto na prática, por nunca terem visitado as instalações.

É evidente que, o trabalho realizado pela estratégia de telemarketing, com o diálogo realizado

pelas operadoras, associada às demais estratégias, asseguram um trabalho de credibilidade a

ponto dos doadores não procurarem o Instituto para verificar sua atuação.

6.1.4 a televisão e o rádio

A televisão e o rádio são meios de comunicação de massa que possuem uma forte influência

naqueles que, diariamente, estão a assistir ou a ouvir, respectivamente.

Isso porque a televisão e o rádio facilitam que a informação chegue a todas as pessoas e nos

mais diversos lugares. Desta forma, a comunicação em massa atinge uma importância social,

a ponto de transmitir conhecimento (SERRA, 2007, p.144).

A pesquisa revelou a importância da televisão como estratégia de marketing realizada pelo

ICIA. Quando questionados acerca de a partir de quais meios de comunicação (TV, rádio,

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jornal, redes sociais) você identifica a marca ICIA, dos 12 respondentes, 10 apontaram a

televisão como um meio pelo qual identificam a marca ICIA, Assim, tivemos como respostas.

[...] Sim em TV [...] (R1)

[...] Já vi pela televisão falando do ICIA [...] (R3)

[...] Na verdade recordo que já vi a marca na TV [...] (R4)

[...] TV sempre passa o Caruaru da Sorte e o ICIA, onde ao comprar o Caruaru da

Sorte, parte será destinada ao ICIA [...] (R5)

[...] na TV em campanhas do ICIA durante o ano [...] (R6)

[...] Verifico a sigla ICIA em alguns lugares. A TV [...] (R7)

[...] Já identifiquei várias vezes...Sim vi na TV [...] (R8)

[...] A gente sempre vê na TV [...] (R9)

[...] Vejo sempre em TV, principalmente porque a marca foi associada a um título de

capitalização, o Caruaru da Sorte [...] (R11)

Sempre vejo a marca em TV e na rádio através do Caruaru da Sorte (R12)

A televisão foi o meio mais apontado pelos respondentes como responsável pelo

conhecimento da marca ICIA dentre as estratégias utilizadas, o que demonstra a sua eficiência

em relação a estabelecer uma continua lembrança da marca na mente das pessoas. Kotler

(2006) estabelece que as marcas apresentam um posicionamento quando conseguem projetar a

imagem da entidade na mente do público gerando um vínculo entre a marca e doador.

Dos respondentes que afirmaram ter visualizado a marca na televisão, observou-se ainda que

a estratégia de divulgação semanal da marca foi observada nas palavras como “várias vezes”,

expressão usada por R8. Já R9, R11 e R12 usaram a palavra “sempre” ao se referir a

constância em que a marca foi observada.

O ICIA realiza ainda divulgação através do rádio. A pesquisa, contudo, revelou que apenas

um entrevistado, R12, identificou a marca por este meio de comunicação. Essa situação não

revela, por si só, que esta estratégia não produz resultado, pois para que fosse possível saber

acerca desta condição, seria preciso verificar se estes respondentes escutam rádio, pois

sabemos que a depender do perfil do indivíduo, este pode não fazer parte da audiência do

veículo, diferente da televisão que, habitualmente, encontra-se ligada onde quer que

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estejamos. Tal argumento é comprovado quando R7 estabelece que “rádio não, pois é meio

que não utilizo”, ou seja, a depender da pessoa, pode ou não ouvir rádio.

A pesquisa revelou ainda que 3 respondentes - R5, R11 e R12 - lembraram de ter visto a

marca ICIA na televisão, vinculando sua imagem a da empresa CARUARU DA SORTE,

responsável pela venda dos títulos de capitalização emitidos pelo ICIA para fomentar a

arrecadação. Ao verificar a estratégia da vinculação da marca ICIA à marca CARUARU DA

SORTE, percebe-se que os respondentes associam estas marcas, o que, demonstra ser uma

estratégia que traduz uma visão definida na mente dos doadores.

6.1.5 Redes sociais digitais

As redes sociais digitais consistem em um conjunto de interações existentes entre as pessoas

que participam de um mesmo grupo na internet e compartilham informações, ideias,

sentimentos, pensamentos, dentre outros. Essas trocas promovem uma infinidade de

interações entre os indivíduos participantes influenciando comportamentos (AAKER, 2015).

Pois bem, a pesquisa revela que o ICIA utiliza as redes sociais digitais na divulgação dos

trabalhos e no desenvolvimento da marca. De acordo com Silva (2013), na atual conjuntura,

onde a competitividade impera, é necessário o posicionamento da organização no meio das

redes sociais, estabelecendo um processo organizacional que possa compreender o

comportamento on line do usuário o que, no caso, temos a figura do usuário doador.

Assim, ao serem indagados sobre em quais meios de comunicação (TV, rádio, jornal, redes

sociais) você identifica a marca ICIA, dos 12 respondentes, 8 afirmam terem algum contato

com a marca através da rede social digital, onde tivemos como respostas:

[...] sim em TV, redes sociais, [...] (R1)

[...] nas redes sociais falando o que é o projeto, que precisa de doadores que precisa

da gente para que possa desenvolver um trabalho [...] (R5)

[...] verifico sim em redes sociais, onde é mais forte a divulgação [...] (R6)

[...] Verifico sim em redes sociais [...] (R7)

[...] e em redes sociais... vi no face onde sempre estão divulgando algo [...] (R8)

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[...] Verifico a marca do ICIA em redes sociais [...] (R9)

[...] Já vi também no face principalmente a divulgação da caminhada do ICIA [...]

(R10)

[...] através do Caruaru da Sorte, além de face que também já vi [...] (R12)

Ao verificar as respostas, inicialmente temos que mencionar que a expressão redes sociais

retrata na verdade o termo redes sociais digitais, tendo como espécies o facebook, o

instagram, dentre outras definidas nestas relações por meio da internet. Sendo assim, a

expressão rede social também comporta um conjunto de pessoas que produzem interações em

grupos organizados, como exemplo, uma associação de moradores de um bairro, que mantém

uma rede social entre seus associados, o que não retrata nosso objeto de pesquisa.

Observa-se ainda que nenhum respondente utilizou a expressão instagram para referir-se a

redes sociais. Isso não implica dizer que este instrumento, como rede social digital, não esteja

sendo utilizado nem tão pouco surtindo efeitos, pois a pesquisa se limitou a saber se tinha

conhecimento da marca ICIA nas redes sociais digitais, sem contudo estabelecer qual.

Em se tratando da estratégia apresentada verifica-se de uma forma positiva sua utilização, não

só pelo número de respondentes que identificam a marca ICIA e o projeto social, mas também

pelo efeito que causa nos doadores. Assim, a frase de R7 mostra uma relação de

conhecimento e afeição com o projeto, ao dizer: “falando o que é o projeto, que precisa de

doadores, que precisa da gente para que possa desenvolver um trabalho”, verifica-se a

preocupação e a empatia com a causa.

Por sua vez, as expressões: “forte divulgação”, dita por R6; “sempre divulgando algo”,

mencionada por R8; e “divulgação da caminhada do ICIA”, citada por R10, apresenta um

resultado esperado da estratégia empregada, pois há nestes respondentes a identificação de

continuidade de um trabalho, bem como de identificação de novos projetos do ICIA para

otimização da arrecadação. De fato, o ICIA procura atuar nas redes sociais digitais de forma

marcante, conforme visitas ao facebook e instagram do Instituto, abaixo colacionadas:

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Figura 8: página do ICIA no Facebook

Fonte: página do Facebook

Na página inicial do ICIA no Facebook, verifica-se tratar de comunidade formada por mais de

148 mil pessoas, que acompanham as postagens realizadas pelo ICIA. importante ressaltar,

que as postagens feitas no Facebook, são também realizadas no instagram, mantendo uma

harmonia na atuação nas redes sociais digitais, postando quase sempre nas duas redes as

mesmas postagens. Cumpre ressaltar que as redes têm linguagem e propostas completamente

diferentes e que, portanto, as postagens deviam obedecer as particularidades de cada uma

delas.

Figura 9: palestra sobre câncer infantil em instituição de ensino

Fonte: página do Facebook

Acima, temos ações divulgadas no Facebook, sendo uma palestra sobre o câncer infantil em

uma das instituições de ensino da cidade. Após a palestras, os estudantes foram estimulados a

colaborar com o ICIA através de doações. O efeito desse tipo de ação é comprovado quando

da análise das respostas. R3 afirmou, quando indagado sobre como tomou conhecimento do

projeto ICIA (pergunta 1 do bloco 3 de questões): “minha netinha tava na escola aí pegou um

papel para doar e disse: vó tem uma doação para fazer ao ICIA, me dê 10 reais”.

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A outra postagem abaixo solicita doações, utilizando a imagem de uma das crianças

atendidas. Observa-se nos comentários da foto o engajamento do doador com o projeto,

quando cita nos comentários da postagem: “sou doadora, junto com o marido e o cunhado,

com muito amor e carinho”. Em continuidade, nos comentários, outra pessoa diz: “gostaria

muito de ser voluntária...”. As imagens acima corroboram as respostas dadas na pesquisa,

reiterando a fidelização dos doadores junto ao projeto.

Figura 10: imagem de uma das crianças atendidas pelo ICIA

Fonte: página do Facebook

Diante destas unidades de registro apresentadas nesta categoria, percebeu-se que as estratégias

utilizadas pelo ICIA são identificadas pelos doadores, o que proporciona a fidelização do

doador com o Instituto. Passemos então à segunda categorização.

6.2 A relação entre as estratégias de marketing e a captação de recursos

Traçada a estratégia, a pesquisa buscou a avaliação acerca da captação de recursos por parte

do ICIA com o objetivo de identificar a correlação entre as estratégias de marketing adotadas

pelo ICIA e a captação de recursos pela doação.

Assim, os respondentes foram indagados através das perguntas 5 e 6 do bloco 3 de questões,

para assim verificar uma correlação entre estratégia e captação. As perguntas foram

direcionadas a observar a utilização da marca e captação de recursos diante da vinculação da

marca ICIA ao Caruaru da Sorte, e a outras empresas privadas; bem como saber do doador se

já participou de outros projetos de captação de recursos realizados pelo ICIA.

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Ao analisar as respostas para se chegar a esta categoria, foram estabelecidas e consideradas as

seguintes unidades de registro: a marca ICIA e as empresas privadas parceiras; a Caminhada

ICIA; Brechó ICIA; Produtos ICIA; e Cofrinho de moedas ICIA. Vejamos então.

6.2.1 A marca ICIA e as empresas privadas parceiras

A pesquisa já apresentou estratégias utilizadas e a força de fidelização dos doadores.

Sabemos, contudo, que a causa social existente, por si só, desperta empatia naqueles que

observam o trabalho realizado, sentindo-se instigados a participarem do projeto.

O ICIA, diante do que foi dito, buscou ampliação da marca através de parcerias com outras

empresas, que já se mostravam abertas às causas sociais. Isso porque a marca é capaz de

transmitir emoção para a audiência a ponto de estimular as pessoas a consumirem, doarem,

enfim, fazer parte. De fato, a marca tem o poder de transmitir percepções, emoções da

empresa que a desenvolve, associando a marca esses valores e entregando ao consumidor o

real sentido desta. (AAKER, 2015)

Assim, diante da possibilidade de ampliação da arrecadação de recursos, o ICIA buscou estas

empresas, denominadas aqui de empresas parceiras, para, além de fomentar como estratégia

de marketing a marca ICIA, aumentar a captação de recursos necessários para causa. Nasce

assim, a associação com o Caruaru da Sorte e com as demais empresas parceiras ao projeto.

O Caruaru da Sorte surgiu da necessidade da comercialização de títulos de capitalização, pois

ao estabelecer estratégias de comercialização destes títulos, verifica-se uma certa dificuldade

logística, já que essa atuação traduz-se numa complexa articulação empresarial.

O ICIA, ao estabelecer o contrato com a empresa detentora dos direitos de emissão dos títulos

a INVESTCAP, fica responsável por estes, tanto em relação a comercialização, como ao

sorteio, a compra dos prêmios, a divulgação semanal dos prêmios que serão sorteados, a

entrega dos prêmios, a divulgação dos resultados, a prestação de contas junto a empresa que

emite os títulos e a remuneração das pessoas que vendem os títulos, enfim, uma série de atos

empresariais que desvirtuariam os objetivos institucionais do ICIA.

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Assim, o ICIA, através de um contrato de parceria, estabeleceu relação com a empresa

Caruaru da Sorte para cuidar desta logística. Assim, ao final, o valor arrecadado com os

resgates dos títulos de capitalização entra para o ICIA como doação.

Figura 11: cartela do título de capitalização

Fonte: aquisição pelo autor

Conforme cartela comercializada, acima apresentada, observa-se tanto a marca ICIA quanto a

marca Caruaru da Sorte, bem como os dizeres que adquirindo o certificado de contribuição, o

adquirente contribuirá para o Instituto do Câncer Infantil do Agreste (ICIA), deixando claro a

finalidade agregada da ação.

Foi explanado anteriormente nesta pesquisa, que a televisão é um veículo de grande impacto,

o que foi também confirmado pelos respondentes. Observe que ao falar do reconhecimento da

marca ICIA na televisão, na categoria anterior, no item 6.1.4, os respondentes

correlacionaram a marca ICIA ao Caruaru da Sorte, demonstrando o bom resultado da

estratégia.

Ao indagar os respondentes sobre o que eles sentiam ao observar a utilização da marca ICIA

pelo Caruaru da Sorte, 6 dos respondentes afirmaram como positiva e válida a utilização da

marca ICIA pelo Caruaru da Sorte, como vemos:

[...] Eu acho bacana pois é uma fonte de ajudar mais as crianças e é ação que inicia –

se e tem que tomar essa expansão mesmo [...] (R1)

[...] Que já vi várias vezes eles falando do ICIA e isso é bom [...] (R3)

[...] Acredito contudo que é positiva a utilização da marca por empresas que se

envolvem em questões sociais [...] (R5)

[...] Acho positivo, porque qualquer ação que vá trazer mais benefícios para o

projeto é muito bom [...] (R6)

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[...] Acho valido, pois estimula as pessoas a doação pela divulgação, pois eu não

conhecia o instituto e passando assim a divulgar outras empresas passaria a ter mais

doadores [...] (R7)

[...] É positivo pois outras pessoas não teria opção de doar, as empresas então dão

opção de doar [...] (R10)

Percebe-se, assim, que existe por parte dos respondentes a visão de credibilidade em razão do

uso da marca ICIA pela empresa Caruaru da Sorte. Expressões como “acho bacana”, dita por

R1; “acho positivo”, por R6 e “acho válido”, mencionada por R10, estabelece a aceitabilidade

por parte dos doadores desta relação de marketing de causa social.

Ao estabelecer a relação captação de recurso x estratégia, observou-se que os respondentes

identificam que tal estratégia produz a captação de recursos. Observou -se que R1, quando diz

“é uma fonte de ajudar mais as crianças”, estabelece o sentido de captação a mais de recursos

para o projeto social.

Essa percepção de que a marca ICIA usada pelo Caruaru da Sorte aumenta a captação de

recursos também é identificada pelos respondentes R6, quando aduz que essa estratégia trará

mais benefícios para o projeto, referindo-se, assim, ao acréscimo de recursos. No mesmo

sentido, R7 percebe que haverá o estímulo para as pessoas doarem mais e ainda a resposta

dada pelo R10, quando define que haverá não só a doação direta para o ICIA, mas que

também, o Caruaru da Sorte abre outras opções de doar, aumentando assim a arrecadação.

A pergunta realizada aos entrevistados buscou não só entender a relação ICIA - Caruaru da

Sorte, mas também qual era a percepção que os doadores possuíam em relação a existência de

outras empresas também parceiras do ICIA, que utilizam a marca nas suas atividades

empresariais.

O ICIA, anualmente, comercializa selos para empresas parceiras, aquelas que doam ao

Instituto. Ao realizarem doações, através de cotas chamadas de bronze, prata e ouro, as

empresas recebem um selo para utilizar no seu estabelecimento, vinculando, assim a marca

ICIA à marca da empresa que adquiriu o selo.

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Figura 12: selos comercializados para as empresas parceiras

Fonte: site do ICIA

A pergunta formulada sobre essas empresas parceiras foi totalmente aberta, sem indução de

resposta por parte do pesquisador em relação a qualquer empresa, ressalvada apenas a

empresa Caruaru da Sorte, por ser justamente aquela que mantém uma maior arrecadação e

tratar-se da estratégia de comercialização de títulos de capitalização do ICIA. Sendo assim,

buscou a pesquisa verificar se os doadores percebiam a marca ICIA em outras empresas e não

apenas junto a empresa Caruaru da Sorte.

Os respondentes apresentaram:

[...] A minha empresa tornaria parceira do ICIA com certeza [...] (R1)

[...] Já verifiquei também em algumas empresas eu já vi na saída das empresas a

marca ICIA, em alguns lugares, não são muitos mais eu vejo [...] (R6)

[...] já verifiquei a marca ICIA sendo exposta em alguns caixas de empresas que

entrei, e acho viável isso. [...] (R9)

[...] Os cofrinhos mesmo nas empresas facilitam [...] (R10)

Pelas respostas apresentadas os entrevistados percebem a marca ICIA utilizada por outras

empresas. A respondente R1 ao falar do Caruaru da Sorte complementou que a empresa dela

se tornaria parceira do ICIA, mostrando interesse em associar a marca ICIA à marca da sua

empresa, o que demonstra entendimento do que representa a marca ICIA.

O respondente R6 afirmou que já viu na saída de algumas empresas a marca ICIA e o

respondente R9, por sua vez, afirma que vê a marca ICIA exposta nos caixas das empresas

que o mesmo frequenta. Ora, tal afirmação traduz a percepção do doador de que a marca ICIA

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está sendo representada pelos diversos estabelecimento, percebendo também outra forma de

arrecadação de recursos para a causa.

Insta ressaltar que o respondente R10 identificou o cofrinho de moedas, sendo este utilizado

para arrecadação nos caixas dos estabelecimentos comerciais. Essa estratégia é comum e,

geralmente, posta em prática junto a empresas parceiras do ICIA como um mecanismo a mais

de captação de recursos para o Instituto.

A pergunta também revelou outras percepções dos doadores em relação ao uso da marca ICIA

pelas empresas. Os doadores ao exporem suas percepções estabeleceram uma relação direta

entre a exposição da marca ICIA pelo estabelecimento e o aumento da credibilidade da

empresa e estímulo ao consumo na mesma:

[...] Quando você é colaborador parceiro do ICIA você é motivado a comprar, a ser

cliente dessa empresa (R4)

[...] Vejo sempre em TV, principalmente porque a marca foi associada a um título de

capitalização (o Caruaru da Sorte), mas entendo que o Caruaru da Sorte acaba

beneficiando-se mais que o próprio ICIA (R11)

[...] Eu entendo que as empresas se beneficiam mais com o uso da marca ICIA, e a

doação acaba sendo mínima diante do lucro das empresas. (R11)

[...] Que o ICIA (MARCA) passa credibilidade e as outras empresas procuram o

órgão (instituto) que sabem que o dinheiro vai ser direcionado para coisa certa né

[...] (R12)

Diante das respostas apresentadas é possível identificar que os entrevistados estavam a tratar

do marketing de causa social. As empresas hoje buscam vincular sua marca a causas sociais.

Como visto, a ajuda das empresas à uma causa social estabelece uma relação de

confiabilidade com seus consumidores.

Assim, o marketing de causa social é uma estratégia utilizada por empresas do Segundo Setor

que vinculam sua marca à marca de instituições filantrópicas e causas sociais. Conforme

Yanaze (2007), associa empresas e marcas a uma causa social relevante, com benefício para

todas as pessoas ajudadas pela instituição e benefício das empresas que ajudam.

Esse benefício das empresas ao utilizarem a marca ICIA foi identificado pelos doadores. O

respondente R4 verificou a marca ICIA e afirmou que sente-se motivado a comprar nas

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empresas parceiras do Instituto. Já o respondente R11, afirmou que tanto o Caruaru da Sorte

como as demais empresas privadas, ao fazerem uso da marca ICIA, acabam beneficiando-se

mais que o próprio Instituto, demonstrando, assim, sua percepção de que doar para o ICIA

como empresa parceira, fomenta mais as negociações destas empresas privadas e a “doação

acaba sendo mínima diante do lucro das empresas”.

6.2.2 A marca ICIA e outros projetos de captação de recursos: caminhada do ICIA, brechó

ICIA e produtos ICIA.

A pesquisa ao tratar da captação de recursos, buscou saber dos respondentes se estes, além da

doação em dinheiro, já haviam colaborado também com outros projetos que o ICIA

desenvolve para captação de recursos, especificando nesta pergunta a Caminhada ICIA e o

Brechó Solidário do ICIA pois estes projetos são realizados frequentemente, bem como a

aquisição de produtos do ICIA. A questão apresentada não busca a percepção do doador em

relação a marca ou a captação de recursos, mas tenta verificar se os projetos apresentados pelo

ICIA na captação de recursos afetam estes doadores.

A pesquisa revelou que 7 respondentes não participam de outro projeto junto ao ICIA, ou seja,

os respondentes R3, R4, R5, R6, R9, R10 e R12 responderam que nunca compraram qualquer

produto do ICIA, nem tão pouco participaram da Caminhada ou do Brechó organizados pelo

Instituto, mantendo-se apenas como doadores.

Dos demais entrevistados, 5 respondentes estabeleceram alguma relação com tais projetos, tal

como:

[...] Já participei da caminhada. Foi a única aproximação que eu tive mais do ICIA

foi a caminhada, não comprei produtos nem participei de brechós [...] (R1)

[...] Já comprei roupa no brechó do ICIA e já comprei camisa da caminhada, eu

tenho até uma novinha aí que comprei para ajudar, apesar de não participar [...] (R2)

[...] Na caminhada do ICIA. A outra empresa que eu trabalhava havia uma

funcionária que o filho dela precisou do instituto, aí participei [...] (R7)

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[...] Sempre que eu vou lá eu compro alguma coisa. Recentemente teve a caminhada

e não pude participar, mas gostaria muito de participar [...] (R8)

[...] Já participei da caminhada já comprei muitos produtos até porque tenho muitos

amigos imbuídos nessa causa, a compra de um produto, uma camisa sempre para

ajudar. A empresa realmente faz bem para todo mundo, para quem doa e para quem

faz tratamento lá [...] (R11)

A pesquisa, apesar de mais da metade dos doadores respondentes afirmarem que não

participam de qualquer outro projeto de captação de recursos, revela, ainda assim, que os

projetos desenvolvidos para captação de recursos surtem efeitos. De fato, os entrevistados são

doadores, ou seja, participam de alguma forma do projeto social. Ao estabelecer que 5

respondentes afirmam participar de outro projeto social, constatamos que os doadores não se

limitam apenas a repassar o valor estabelecido de doação, mas participam destes projetos e,

assim, acabam doando mais para o ICIA.

Pelas respostas apresentadas verifica-se que os respondentes R1, R7 e R11 já participaram da

caminhada do ICIA. Tais respondentes demonstram sentimento de cooperação com a causa.

Constata-se isso ao verificar que o respondente R2 comprou a camisa da caminhada “para

ajudar”, apesar de não ter ido para caminhada e o respondente R11 sempre compra um

produto “para ajudar”. A pesquisa demonstra ainda a aquisição de produtos ICIA pelos

respondentes R8 e R11, bem como a aquisição de roupas no brechó do ICIA por R1.

A pesquisa, portanto, revelou que a realização de eventos e comercialização de produtos é

uma decisão adotada pelo Instituto com resultados tanto sob a ótica da estratégia de

divulgação da marca ICIA, quanto da captação de recursos. Logo, percebeu-se que os

doadores estão imbuídos da causa social, com a participação efetiva em outros projetos,

otimizando a arrecadação.

6.3 Sentimentos do doador em relação ao ato de doar

A pesquisa, neste ponto, buscou identificar o sentimento, do doador, em relação Ao ato de

doar. Por se tratar de causa social, os motivos que levam a doar são dos mais diversos. Saber

ou tentar identificar alguns deles permite ao Instituto entender o doador bem como definir as

estratégias mais adequadas para captação dos recursos.

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Assim, os respondentes foram indagados com três perguntas: a motivação pelo qual doa; a

reação ao ser abordado para fazer uma doação; e a motivação em relação ao que faria o

entrevistado doar mais. As perguntas formuladas possuem alto grau de subjetividade e foram

feitas, sem estabelecer para os respondentes qualquer relação com a marca ICIA.

Desta forma, essa categoria de análise decorre das respostas às perguntas acima formuladas,

observando-se, para tanto, a correlação e a complementação das perguntas envolvidas. As

respostas formaram a categorização do sentimento dos doadores ao doar, sendo considerada

as seguintes unidades de registro: motivação para doar, reação quando abordado para doar,

motivação para doar mais e motivação para doar para o ICIA

6.3.1 Motivação para doar

Os entrevistados foram indagados inicialmente na pesquisa em relação a razão de doar. Como

dito antes, as razões são das mais diversas diante da subjetividade. Contudo, saber o que

motiva esse doador possibilita justamente estabelecer uma perspectiva das sensações do

doador para, a partir daí, iniciar um trabalho de marketing, criando estratégias que possam

influenciar o doador a colaborar mais com a causa.

A pesquisa revelou que as crianças são a principal motivação para doar. De fato, a causa

social do ICIA se traduz no tratamento a crianças e aos adolescentes com câncer. Para R1, R4

e R8, o fator criança move a doação. Fica claro isso para pesquisa ao se deparar com as

seguintes respostas:

[...] Pelas crianças, porque sou movida a crianças [...] (R1)

[...] Dou para ajudar as crianças com problemas de saúde, pois perdi uma sobrinha

com 36 anos com câncer [...] (R4)

[...]Meu maior incentivo é pensar em ajudar... E quando é criança mais importante

[...] (R8)

Para estes doadores, a causa criança, por sí só, estabelece a razão de doar. Observamos,

contudo, que R4 estabelece o câncer como outra causa motivação; e R8 possui ainda a

motivação de ajudar. Para este tipo de doador, a pesquisa revela que as estratégias de

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marketing devem dar destaque às crianças sendo ajudadas pelo projeto. O ICIA, em suas

estratégias, envolve sempre imagens das crianças sendo cuidadas, conforme constatado nas

postagens das redes sociais digitais.

Outro motivo de doar apresentado pelos respondentes, encontra-se consubstanciado na

expressão: fazer o bem, ou simplesmente ajudar o próximo. As respostas “Eu dou de bom

coração” (R3), ou “cuidar de pessoas com câncer é importante” (R6) ou ainda “meu maior

objetivo é ajudar” (R8) retratam um senso comum destes doadores de querer o bem das

pessoas de forma indistintas, e diante da causa, sentem o desejo de ajudar. Doadores que

carregam este sentimento, de ajuda de forma indistinta, são influenciados por qualquer causa

social, não só as relacionadas às crianças. Assim, estratégias tal como sorteios (Caruaru da

Sorte), Caminhadas, Feiras, dentre outras, são possíveis de influenciar a doação destes,

bastando, para tanto, demonstrar a causa social.

A pesquisa revelou ainda doadores que são motivados a doar em razão da omissão do Estado.

Como é sabido e esperado o Estado tem o dever de cuidar da saúde de todos de forma

indistinta. É perceptível, contudo, a carência na prestação dos serviços na saúde por parte do

Estado, o que abre espaços para parceiros também destinados ao serviço social.

Nesse sentido, os respondentes entendem essa deficiência do Estado bem como percebem que

o ICIA é uma entidade sem fins lucrativos do Terceiro Setor. Isso é verificado na pesquisa

quando R8 cita, apesar da pergunta não ter estabelecido qualquer relação com o ICIA, que

este instituto é “entidade que ajuda todo mundo, sem fins lucrativos...”.

O respondente R5, por sua vez, relatou que o “Estado é omisso em algumas questões... aí a

gente enquanto sociedade civil se coloca no lugar do outro e procura doar”. Por sua vez,

R11 deixou claro que sua doação decorre da omissão do Estado ao estabelecer que “essas

empresas que não são do governo são empresas extremamente sérias mas que não possuem

ajuda do governo... nos faz incentivo para doar, pelo trabalho prestado a população”.

O interesse de satisfazer as necessidades sociais são os valores que definem essas entidades

que compõe o Terceiro Setor e, por assim dizer, o ICIA. A omissão do Estado justifica uma

atuação subsidiária, quando o Estado se apresenta insuficiente ao atendimento da demanda

social (TORRES, 2013).

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Tais doadores demonstram um sentimento de responsabilidade social, com interesses em

melhoria das necessidades da coletividade. As estratégias para estes doadores devem ser

definidas trazendo à baila um contexto social, em que deixe claro a ideia de atender uma

demanda que o Estado não é eficiente.

A pesquisa revelou também como motivação para doar, a sensibilização dos doadores em

razão de casos de câncer na família. Isso foi verificado nas respostas de R4: "Dou para ajudar

as crianças com problemas de saúde, pois perdi uma sobrinha com 36 anos com câncer”,

bem como na resposta de R9 quando diz: “No momento que você tem família que teve um

câncer você lembra que precisa realmente ajudar”. A definição de estratégias para esse perfil

de doador é a própria causa. Nesta situação, não há uma estratégia para influenciar a doação

pois o sentimento dos doadores, neste caso, é mais forte e ligada à causa diante do sofrimento

que tiveram na família ao acompanhar um caso de câncer.

Por fim, a pesquisa demonstrou que os doadores encontram motivação para doar na

credibilidade que o instituto ICIA demonstra.

[...] Porque é uma entidade que ajuda todo mundo, sem fins lucrativos e a gente sabe

que é uma empresa idônea e sabe que o dinheiro tá sendo investido de modo que

ajude quem não tenha condições de um tratamento [...] (R10)

[...] essas empresas que não são do governo são empresas extremamente sérias mas

que não possuem ajuda do governo... nos faz incentivo para doar, pelo trabalho

prestado a população [...] (R11)

[...] Pela filantropia mesmo, porque é um órgão sério, com um presidente que dá

uma credibilidade a instituição lá [...] (R12)

Observamos que, para estes respondentes, há um descrédulo natural em relação a projetos

sociais. A motivação para doar advém, então, justamente da capacidade que o instituto ICIA

tem de transmitir credibilidade, demonstrando através das estratégias de marketing, tratar-se

de uma empresa idônea e séria, tanto na forma de arrecadação quanto na forma de

investimento. Assim, os doadores deste perfil necessitam estabelecer confiança com o

Instituto e com a causa. Nesse caso, a estratégia a ser definida, necessita mostrar ao doador

transparência e seriedade por parte do Instituto.

6.3.2 Reação do doador ao ser abordado para doar

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Uma vez definida os motivos que levam o cidadão a doar, a pesquisa buscou perceber o

sentimento do doador no momento em que é provocado a doar, ou seja, qual a reação mais

comum dos respondentes quando são abordados para fazer uma doação. Em relação a este

quesito, a reação que os entrevistados estabeleceram como mais comum foi o sentimento de

“ajudar”, palavra que esteve presente em quase todas as respostas.

[...] Quando ligam para mim a vontade é de querer ajudar mais [...] (R3)

[...] Eu procuro sempre a oportunidade de ajudar [...] (R4)

[...] Penso no quanto eu poderia doar, o quanto aquilo vai trazer de benefício para

quem vai estar recebendo doação [...] (R5)

[...] Normalmente é doar, porque gosto de ajudar a quem precisa, principalmente

numa causa nobre dessas, vale muito a pena [...] (R6)

[...] assim a primeira reação é fazer a doação [...] (R7)

[...] A reação é doar. A importância de ajudar. [...] (R9)

Insta ressaltar que a pesquisa não estimulou ou dirigiu a resposta no sentido de definir que a

abordagem da doação era direcionada ao ICIA. Assim, quando indagados sobre a conduta

mais comum ao serem abordados para doar, responderam estabelecendo uma conduta aberta

de ajudar ao próximo. Diante do que fora apresentado como respostas, a estratégia de

telemarketing demonstra, nesta situação, uma excelente estratégia de captação de recursos,

pois verifica-se que os doadores possuem um sentimento de ajuda ao próximo e, assim, são

estimulados a participar do projeto social, sem, contudo, desconsiderar as demais estratégias.

Se a pesquisa revela sentimento de ajuda ao próximo, bem como credibilidade, é evidente que

toda e qualquer estratégia de marketing para captação de recursos para o ICIA deve ser

direcionada para causar no destinatário o sentimento de ajuda.

Apesar desta reação comum apresentada, no sentido de ajudar, os respondentes R10, R11 e

R12 afirmaram que a primeira reação é investigar para saber idoneidade da empresa que pede

a doação, conforme vemos:

[...] Inicialmente eu procuro investigar para saber da idoneidade. Inicialmente

ligaram para mim e eu procurei saber antes. Vi que era sério. [...] (R10)

[...] Certamente. Eu entendo que o governo não faz sua parte bem feito. Quando uma

empresa demonstra ser empresa séria que faz trabalho dinâmico e trabalha com

pessoas com baixa renda devem sim serem ajudadas [...] (R11)

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[...] Primeiro eu estudo a credibilidade da instituição. Tem algumas que não

merecem credibilidade e quando a gente vê que o órgão merece essa credibilidade a

gente sente-se estimulado a doar [...] (R12)

Diante disso, a pesquisa ratifica a necessidade da empresa mostrar-se idônea e transmitir, nas

suas estratégias de marketing, credibilidade para captar a doação daqueles que ao verem

projetos sociais solicitando doação, normalmente desconfiam da seriedade do trabalho.

6.3.3 Motivação para doar mais

Essa unidade de registro buscou estabelecer o sentimento do doador quando abordado para

doar mais do que o valor que já doa. Como é sabido, as necessidades de recursos para um

projeto social desta proporção cresce sistematicamente. As doações em relação ao valor,

contudo, mantém-se por vezes de forma estática, por exemplo, se alguém doa R$ 20,00 (vinte

reais) mensais é bem possível que esse valor perdure por anos sem que haja um aumento do

valor da doação. Daí a importância de saber do doador, o que poderia motivar o aumento

deste valor.

O respondente R1 estabeleceu como motivo para doar mais, as estratégias de marketing do

instituto, quando citou: “tem que motivar para que a gente não deixe de doar”. O

respondente, ao definir isso, mostrou a necessidade de um constante contato entre os doadores

e o Instituto, no sentido de estabelecer uma comunicação para demonstrar, não só a

importância do ICIA, mas, principalmente, a importância do doador para a causa.

A pesquisa demonstrou ainda três circunstâncias que o motivam a doar mais, a melhoria do

orçamento pessoal do doador, as ligações de telemarketing estimulando o doador a doar mais

e, ainda, o conhecimento ao projeto.

De fato os respondentes firmaram que o motivo de não doar mais, ou o que limita doar mais é

o orçamento conforme verifica-se nas respostas:

[...] Devido ao meu compromisso eu sempre gosto de fazer a coisa equilibrada [...]

(R2)

[...] porque se eu tivesse condição doaria muito mais[...] (R3)

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[...] A limitação é do orçamento [...] (R4)

[...] Se eu viesse a ganhar mais seria motivo de doar mais [...] (R6)

[...] Se eu tivesse mais dinheiro. Gostaria de doar mais ao ICIA. [...] (R8)

[...] Eu dou para várias instituições, e nesse sentido acaba apertando um pouco. [...]

(R11)

Todos estes entrevistados estabeleceram a limitação de recursos financeiros como o

empecilho para não doar mais. Esses doadores apresentam um perfil natural de doar, de

ajudar, um sentimento de compartilhar o que se ganha para pessoas que necessitam, ou

instituições que trabalhem por uma causa social.

A pesquisa revelou também que os doadores quando estimulados, provocados a doarem mais,

geralmente acabam cedendo a este apelo da instituição, quando esta estabelece alguma causa

que haja necessidade de mais recursos. Assim:

[...] Mas tem uma vez no ano que a menina liga para mim que é no dia das crianças,

nas páscoa e no natal. Aí eu dou 50, que normalmente eu dou 20. Ela faz o maior

festejo e fico muito bem satisfeito então nesses três dias, nestas datas eu digo, pode

confirmar 50 então. [...] (R2)

[...] assim vontade de doar muito mais eu até já falei com a mulher de lá que liga

para cá e daqui a mais alguns dias dou uma “aumentadinha” porque 10 reais é muito

pouco [...] (R3)

[...] Sim. Quando eles precisam lá, eles tem alguns eventos, datas de aniversário, dia

das crianças, final de ano, eles pedem uma colaboração a mais e a gente tem o prazer

de colaborar. [...] (R12)

Pelas respostas apresentadas, datas comemorativas, tais como dia das crianças, natal, final de

ano, aniversário do ICIA, eventos em geral, estabelecem a possibilidade do instituto de

indagarem aos doadores uma maior doação. A pesquisa mostra que os doadores estão abertos

a colaborar com este valor a mais e que sentem-se feliz em saber que estão ajudando mais a

causa quando falam expressões como: “fico muito bem satisfeito”, dita por R2 e “a gente tem

o prazer de colaborar”, de autoria de R12.

Frise-se que essa captação extra de recursos alcançada pelo ICIA decorre, justamente, da

capacidade do instituto de influenciar os doadores por meio da estratégia de telemarketing,

identificado nas respostas essa estratégia, nas expressões: “a menina liga para mim que é no

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dia das crianças” (R2), “a mulher de lá que liga para cá” (R3) e “eles pedem uma

colaboração a mais” (R12).

Assim, a pesquisa revela ser de extrema importância para o aumento da arrecadação, o

contato direto dos operadores de telemarketing com o doador, em uma relação, inclusive, de

troca, pois eleva a arrecadação e permite ao doador uma experiência de sentir-se participante,

importante enfim, satisfeito e com prazer ao doar.

A pesquisa, em relação à motivação para doar, mais revelou ainda doadores que doariam mais

se conhecessem melhor o projeto, tal como percebemos nas respostas:

[...] se eu tivesse disponibilidade e chegasse e visse que realmente o que acontece

com o que a gente doa, eu acho que me motivaria a doar mais.[...] (R5)

[...] Chamar as pessoas que fazem a doação para conhecer o instituto as pessoas,

acompanhar o quadro de cada criança, a evolução do tratamento, eu acho que faria

eu doar mais [...] (R7)

Para estes doadores, a motivação para dar uma quantia maior que o valor já doado, está em

verificar, na prática, o que o Instituto faz, inclusive com o acompanhamento de crianças em

tratamento, bem com o a evolução deste. Isso evidencia que para estes doadores, estratégias

de marketing que estabeleçam sempre demonstrar o trabalho que o instituto desenvolve.

6.3.4 Motivação para doar ao ICIA

Verificado os sentimentos do doador em relação a doar, a pesquisa buscou instigar os

doadores, correlacionando este sentimento com a marca ICIA. Observe-se que todas as

unidades de registros desta categorização trouxeram perguntas sem direcionar a resposta ao

ICIA, sendo pois, livres de estímulo ao doador. Nessa unidade de registro, buscamos, então,

saber do doador caso não contribuíssem com o ICIA, o que faria os mesmos passarem a doar

para o instituto.

Os entrevistados apresentaram respostas diversas para motivar a doação, caso estes não

fossem doadores. O respondente R3 estabeleceu como motivo de iniciar doações para o ICIA

“a boa vontade das pessoas” que lá trabalham e fazem pelo social. Da mesma forma, o

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respondente R12 traduz que “a credibilidade de conhecer o projeto” define o motivo de

iniciar a doação ao ICIA. Observou-se, então, que na verdade, estamos diante da credibilidade

que o ICIA transmite, pois para este respondente existe um trabalho desenvolvido que

transmite essa sensação.

O respondente R5, por sua vez, estabeleceu que doaria ao ICIA, se não fosse doador, “por

morar aqui em Caruaru, em vez de fazer doação para outra cidade” deixando claro que

doaria de qualquer jeito para uma instituição que trabalhasse com causa social, optando por

ajudar o ICIA por ser da cidade.

Os respondentes R4, R7 e R10 disseram que o que levaria iniciar doações ao ICIA seria

“conhecer o projeto” social. O respondente R4 falou que um “convite para ir ao ICIA” o

motivaria a doar. Da mesma forma, o respondente R10 disse que o que o motivaria a doar ao

ICIA seria mostrar as “pessoas que já se tratam lá, mostrando os tratamentos” do ICIA.

Os respondentes R6, R8 e R9, por sua vez, estabeleceram que o motivo de doar inicialmente

ao ICIA seria a causa social. Isso porque “a causa por si só é motivo para se doar... acho que

o trabalho que eles (ICIA) realiza já diz” (R6). O respondente R8 aduz que “o que meche

com criança me sensibiliza” demonstrando o sentimento claro de vinculo à causa, e por isso

“se eu não fosse doador procuraria um jeito para doar” (R8).

Da mesma forma, o respondente R9 deixa claro que procuraria o ICIA pela causa em sí ao

dizer que “com certeza eu doaria mesmo que ninguém tivesse me procurado para doar. Eu

doaria”

É de se ressaltar, por fim, que as estratégias anteriormente percebidas já estabelecem um

trabalho voltado para divulgar ao doador e ao não doador do ICIA o trabalho desenvolvido

pela instituição e a necessidade de ajuda à causa social, identificado as percepções dos

doadores em iniciar a doação ao ICIA em relação a conhecer o projeto, e em relação a causa

ICIA.

6.4 Percepções do doador em relação ao trabalho desenvolvido pelo ICIA

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Após verificado na pesquisa, o sentimento dos doadores em relação a doar, a pesquisa buscou

estabelecer a percepção dos doadores em relação ao que o ICIA faz. Para isso, foi perguntado

qual a percepção dos entrevistados doadores em relação ao trabalho desenvolvido pelo ICIA.

A categorização foi definida estabelecendo duas unidades de registro, a saber: a do não

conhecimento do projeto pessoalmente pelos doadores; e o sentimento do doador em relação à

credibilidade do ICIA, isso com base no objetivo de identificar o sentimento dos doadores em

relação ao trabalho realizado pelo ICIA diante das estratégias de marketing utilizadas.

6.4.1 Do não conhecimento do projeto ICIA pessoalmente pelos doadores

Os doadores, quando indagados sobre a percepção que tinham sobre o trabalho desenvolvido

pelo ICIA, assim responderam:

[...] Preciso conhecer mais... Não conheço os benefícios que o dinheiro traz, só faço

a doação [...] (R1)

[...] Eu nunca fui lá, mas já recebi vários convites para ir lá conhecer[...] (R3)

[...] Não, não necessariamente, mas eu tenho certeza que são instituições sérias [...]

(R4)

[...] Fica difícil de responder por não ter ido de fato ao ICIA, para ter apropriação

disso, eu sei pelo que eu escuto [...] (R5)

[...] Não conheço o ICIA, nunca fui mas o pouco que conheço do ICIA é que ajudam

muitas crianças e famílias[...] (R6)

[...] Não conheço pessoalmente o trabalho[...] (R7)

Observou-se nas respostas acima que, metade dos entrevistados não conheciam pessoalmente

o ICIA nem, tão pouco, o trabalho que está sendo realizado com o dinheiro arrecadado.

Observamos, contudo, o interesse em “conhecer mais” (R1), ou a necessidade de conhecer

“para ter apropriação” (R5) ao trabalho desenvolvido.

O respondente R3 aduziu ainda que, apesar de nunca ter ido ao ICIA, já recebeu vários

convites para conhecer. Essa afirmação traduz-se na estratégia de telemarketing que,

habitualmente, entra em contato com o doador para doar, para demostrar ao doador o

sentimento de importância deste em relação à causa e para transmitir informações que geram

confiança no doador.

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O fato dos doadores não conhecerem pessoalmente o trabalho, mas continuarem doando,

confirma a credibilidade do ICIA bem como a eficiência das estratégias de marketing

adotadas. Isso, deve-se à construção de uma relação sólida dessas estratégias que transmitem

ao doador essa confiança na marca ICIA e no projeto social.

Interessante frisar a resposta de R9, ao afirmar que: “nunca se interessou em saber do

trabalho” realizado pelo ICIA e que faz “a doação mas só visitou o ICIA uma vez mas faz

muito tempo”, apesar de reconhecer os convites do ICIA. Como foi visto, a doação se faz

pela credibilidade e confiabilidade de que goza o instituto. O não interesse do respondente em

saber o que é feito com o dinheiro arrecadado, traduz em uma completa confiabilidade pois

chegou a visitar uma vez e desde então mantém um conceito formado sobre o instituto a ponto

de não buscar a verificação do trabalho realizado.

6.4.2 O sentimento do doador de credibilidade ao ICIA

Como visto antes na unidade de registro acima, metade dos doadores não conhecem

pessoalmente o trabalho realizado pelo ICIA. Contudo, ao manter as doações mesmo sem

conhecer o projeto ou o que é feito com o dinheiro arrecadado, há, inegavelmente, a confiança

destes doadores no projeto desenvolvido.

Essa credibilidade do ICIA foi percebida na pesquisa quando:

[...] Eu dou bastante credibilidade ao trabalho. Eu já fui lá bastante vez... sei que é

um trabalho de honestidade e responsabilidade, pra mim é o que vale [...] (R2)

[...] Minha percepção é o cuidado que eles tem com as crianças, mas não visitei e

não sei explicar mais [...] (R3)

[...] Não, não necessariamente, mas eu tenho certeza que são instituições sérias [...]

(R4)

[...] Tenho uma boa percepção sobre o ICIA [...] (R6)

[...] Eu vejo que eles conseguem mostrar o que estão fazendo com o dinheiro que a

gente doa... Tenho visão positiva do que eles pedem eles usam [...] (R7)

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[...] A percepção que tenho do trabalho é maravilhosa... são pessoas evoluídas e

fiquei muito feliz com a última visita pois vi que ampliaram a estrutura do hospital

(tratamento ambulatorial) [...] (R8)

[...] Boa percepção pois a gente sabe para onde está indo o dinheiro, que está sendo

feito alguma coisa [...] (R10)

[...] É trabalho sério, seríssimo [...] (R11)

A pesquisa revela a credibilidade dada ao trabalho desenvolvido pelo ICIA diante das

expressões usadas pelos doadores ao tratarem da percepção que possuem em relação ao

trabalho do Instituto.

Expressões como “honestidade e responsabilidade” (R2), “cuidado com as crianças” (R3),

“instituição séria” (R4), “uma boa percepção” (R6), “visão positiva” (R7), “trabalho

maravilhoso” (R8), “trabalho sério, seríssimo” (R11), revelam que os doadores percebem

que o ICIA faz um trabalho que transmite confiabilidade aos doadores.

A implementação de estratégias de marketing consistentes traduz-se em resultados

competitivos e sustentáveis em relação a percepção dos valores traduzidos na marca (ROSSI,

2006). Assim, afirma-se que uma marca forte se traduz nas percepções e manutenção nas

mentes dos consumidores. Uma marca transmite, quando bem posicionada, confiabilidade e

valoração sendo estes percebido pelos consumidores (KOTLER, 2005).

Diante das respostas dadas, verificou a pesquisa que as estratégias de marketing utilizadas

influenciam o sentimento dos doadores a doarem, bem como são capazes de transmitir

sentimento aos doadores em relação ao trabalho realizado pelo ICIA.

6.5 Falha na construção da identidade visual e da proteção da marca ICIA

Para estudo das estratégias de marketing, da intenção de doar e da percepção dos doadores em

relação ao trabalho realizado pelo ICIA, tivemos como elemento em comum a marca ICIA.

A construção da marca ICIA, enquanto posicionamento, obteve um excelente resultado,

diante do que se verificou na pesquisa ao se tratar, no item anterior, sobre a percepção do

doador em relação ao trabalho realizado pelo Instituto. Observe que o ICIA demonstrou ter

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uma marca forte a ponto de se manter na mente dos doadores transmitindo os valores que a

instituição possui.

Assim, a definição de posicionamento está diretamente ligada à percepção, os sentimentos do

doador que, no caso do ICIA, a marca demostrou ocupar uma posição na mente dos doadores

de forma a incutir a existência de um instituto de credibilidade e confiabilidade.

Contudo, a pesquisa revelou ao se buscar a imagem da marca ICIA, três imagens distintas.

Diante da existência destas, foram as mesmas apresentadas aos respondentes para se saber,

qual das três marcas o entrevistado identificava a marca ICIA. Ainda com relação à marca,

mas sobre a ótica de proteção intelectual, a pesquisa revelou a ausência do registro da marca

ICIA. Assim, para definição desta categoria, foram identificados como unidades de registro a

falha com relação à construção da identidade visual da marca e a falha com relação à proteção

da marca.

6.5.1 A falha de identidade visual da marca

O ICIA apresentou, desde sua fundação, três marcas. A figura 01 representa a primeira marca

utilizada pelo ICIA. A figura 02 apresenta a marca com melhor definição do tipo de fonte da

letra, mantendo-se a ideia original quanto à identidade da marca, no tocante as crianças de

mãos dadas.

Figura 13: primeira marca ICIA Figura 14: segunda marca ICIA

Fonte: site do ICIA

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Em terceiro momento, vem a marca ICIA, em completa transformação, apresentando uma

nova identidade visual, com a definição de uma imagem em substituição aos bonecos

anteriores conforme figura abaixo.

Figura 15: marca ICIA

Fonte: site do ICIA

A identidade da marca precisa refletir a essência, a confiabilidade a personalidade e a forma

de trabalho da empresa de forma a definir um relacionamento de confiabilidade com o cliente,

influenciando o comportamento do cliente (AAKER, 2015)

A identidade visual da marca ICIA, conforme figura 01, buscou um posicionamento no

sentido de mostrar suas raízes, o contexto social no qual se encontra inserida, ou seja, o

interior de Pernambuco, mais precisamente o agreste e a cidade de Caruaru. A marca busca a

fidelização da sociedade caruaruense e o interior de Pernambuco, que tem suas identidades no

boneco de barro, originado do famoso Mestre Vitalino, além de retratar as festividades

juninas, estas de grande importância para o Nordeste.

A identidade visual da marca ICIA, em segundo momento, retrata uma melhoria com

pequenas alterações, principalmente para gerar uma melhor percepção do doador tanto com

relação a imagem melhorada das crianças quanto da formatação da letra.

A figura 3 relata uma nova identidade da marca para restabelecer a identidade visual. A

mudança principal foi a saída das duas crianças para de mãos dadas, para a imagem que

define uma criança de mãos juntas e de cabeça baixa, mantendo-se a fonte com relação a letra

utilizada.

Assim, os entrevistados foram indagados sobre qual das três identidades visuais eles

identificavam a marca ICIA, sendo a eles mostradas as imagens. Mais da metade dos

respondentes ainda identificam a marca ICIA, pela figura 1. Apenas os respondentes R2 e

R10 acreditavam que a identidade visual seria a marca ICIA da figura 02 e os respondentes

R5 e R9 identificam a marca ICIA à figura 03.

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Assim, verificamos uma falha em relação à identidade da marca ICIA, pois, apesar das

estratégias demonstrarem efetividade na sua atuação, os doadores respondentes estão ligados

à causa e ao nome do Instituto, não sabendo identificar a imagem da marca ICIA. Há,

portanto, a definição de estratégias que transmita aos doadores uma nova percepção da marca

ICIA, bem como o significado da imagem e a forma de construção da mesma.

6.5.2 A falha no registro da marca ICIA

A necessidade de proteção das marcas junto aos órgãos governamentais de proteção à

propriedade industrial traz segurança jurídica à empresa que protege sua marca, que pode

desenvolver um trabalho de marketing sem receio de, em decorrência de alguma

circunstância, vir a perder a propriedade imaterial.

No nosso sistema jurídico adota-se a proteção da marca através do registro da mesma junto ao

Instituto Nacional da Propriedade Industrial – INPI. A principal importância deste registro é

permitir ao titular certificação de propriedade da marca para uso e, se for o caso, proteção em

razão daqueles que vierem a violar.

A pesquisa revelou, ao consultar a base de dados do INPI a marca ICIA não possui registro,

vale dizer, proteção jurídica.

Figura 16: pesquisa de registro da marca na base de dados do INPI

Fonte: site do INPI

Observe, por exemplo, que o ICIA possui como estratégia a comercialização de produtos, tais

como camisas, bonés, dentre outros. Evidente que terceiros podem buscar, através da

falsificação de produtos, comercializar os mesmos, com a utilização indevida da marca, ou

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até, mesmo, buscar o registro dela e apresentar-se posteriormente como titular da marca,

contra o próprio instituto.

Assim, evidencia a pesquisa, a necessidade de registro da marca para maior proteção jurídica,

pois uma eventual violação quanto ao uso indevido da marca, ficará o instituto em situação de

vulnerabilidade.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve como objetivo geral verificar como as estratégias de marketing utilizadas

pelo Instituto do Câncer Infantil do Agreste (ICIA) influenciam os doadores. A partir da

pesquisa realizada e das entrevistas aos doadores do ICIA foi possível formular respostas aos

objetivos específicos levantados na apresentação do trabalho.

As conclusões aqui apresentadas obedecem a ordem dos objetivos específicos estabelecidos

na pesquisa nos moldes de como fora apresentada na seção relativa à análise dos dados.

O objetivo geral foi atendido, já que foi verificado que as estratégias de marketing utilizadas

pelo ICIA influenciam os doadores na doação, na fidelização do doador em relação à causa

social e no aumento do valor da doação. A pesquisa demostrou ainda, através dos objetivos

específicos de identificar se os doadores reconhecem ou têm consciência das estratégias de

marketing utilizadas pelo ICIA; identificar a correlação entre as estratégias de marketing

adotadas pelo ICIA e a captação dos recursos pela doação; identificar o sentimento dos

doadores com relação ao trabalho realizado pelo ICIA diante das estratégias de marketing

utilizadas, de que forma estas influências ocorrem.

Em relação ao primeiro objetivo, as respostas dadas pelos entrevistados definiram que os

mesmos percebem as estratégias de marketing utilizadas pelo ICIA. Tal percepção, fora

identificada na pesquisa diante das respostas que definiram um doador fidelizado pelo projeto,

com uma força maior nas estratégias de telemarketing, televisão e redes sociais digitais, não

sendo menos importantes as ações, sendo as caminhadas realizadas pelo ICIA, o brechó, os

eventos com a temática saúde e os produtos vendidos pelo ICIA. Além, é claro do marketing

boca-a-boca positivo, que comprova a credibilidade da marca.

Verificou-se, portanto, uma construção sólida de estratégias de marketing apesar da empresa

não possuir um plano de ações nem, tão pouco, um departamento de marketing, destacando-

se, dentre as estratégias, o telemarketing que, foi percebido como estratégia pelos doadores,

nos três objetivos traçados nesta pesquisa

O segundo objetivo específico foi alcançado. Isso porque a captação de recursos pelo ICIA

está diretamente ligada ao trabalho realizado pelo mesmo diante das estratégias. A marca

ICIA busca uma atuação que agregue novas empresas privadas parceiras para não só captar

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mais recursos, como também demonstrar a estas empresas uma visão de marketing de causa

social.

Destaca-se dentre estas empresas a Caruaru da Sorte, que realiza sorteios de prêmios

semanais, todos os domingos, com a comercialização, em parceria com o ICIA, de títulos de

capitalização. Assim, o Instituto consegue manter, além de uma boa estratégia de marketing

bem percebida pelos doadores, uma das maiores captações de recursos para a causa.

Além das formas de captação citadas o ICIA, mantém sempre projetos para captação de

recursos tais como Caminhada do ICIA, Brechó ICIA e Produtos ICIA, onde a pesquisa

revelou uma participação efetiva dos doadores que além de doarem mensalmente para o

instituto, buscam ajudar de outras formas, sempre que verificado outros projetos do ICIA.

O terceiro objetivo mostrou-se respondido pela pesquisa. Observou-se que há identificação de

sentimento do doador diante das estratégias usadas pelo ICIA. Esse sentimento de doar foi

percebido diante das respostas que estabeleceram o que leva os respondentes a doarem para

uma causa social. Assim, constatou-se que o sentimento de confiança na instituição; o

sentimento da causa relacionada a crianças com câncer; o sentimento de conhecer o projeto; o

sentimento de ausência do Estado em fazer algo mais pelo social; e, principalmente; o

sentimento de ajudar ao próximo, estimulou estes doadores a buscarem contribuir com o

instituto.

Destaca-se, novamente, o telemarketing, que esteve sempre relacionado com o sentimento do

doador em doar mais, principalmente, em dias festivos, final de ano, Dia da Criança, Natal e

outras datas comemorativas.

Ainda com relação ao sentimento do doador, a pesquisa revelou a percepção do doador em

relação ao trabalho desenvolvido pelo ICIA. Foi constatado que os doadores não conhecem o

projeto pessoalmente, são doadores que nunca verificaram de que forma o dinheiro vem sendo

investido pelo ICIA. Apesar dessa circunstância, constata-se que as estratégias de marketing

do ICIA vêm dando resultados, pois, mesmo não conhecendo o projeto, os entrevistados

afirmam sentimento de credibilidade ao Instituto e ao trabalho desenvolvido.

Sendo assim, verificamos que o ICIA, através de suas estratégias, consegue transmitir essa

credibilidade aos doadores, comprovando assim o sentimento dos doadores em relação ao

trabalho realizado pelo ICIA diante das estratégias de marketing utilizadas.

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A pesquisa revelou, ainda, falha na construção da identidade visual e da proteção da marca

ICIA. Isso se deve ao fato de que a marca ICIA sofreu três alterações na sua identidade visual

em pouco mais de 15 anos de existência do Instituto. Tal situação causou o desconhecimento

do símbolo da marca, onde a maioria dos respondentes não possuem conhecimento da

identidade visual da nova marca, apesar de perceberem sentimento e associarem a marca ao

trabalho realizado pelo ICIA.

Em relação à proteção da marca ICIA, a pesquisa constatou que o ICIA não possui processo

administrativo de registro da marca junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial

(INPI), o que se traduz em um erro de estratégia comercial, pois o Instituto investe de forma

intensa em marketing e o registro da marca daria proteção jurídica contra eventual uso

indevido da marca, constatando assim, situação de vulnerabilidade do Instituto.

Com relação à contribuição teórica, o trabalho se mostra útil no que diz respeito ao estudo das

diferenciações entre os conceitos de marketing social, marketing de causa social e marketing

sem fins lucrativos, definindo que um instituto como o ICIA, desenvolve estratégias de

marketing sem fins lucrativos que, na prática, não difere da concepção do conceito de

marketing, com adaptações, pois não há consumo. A contribuição prática da pesquisa está na

percepção identificada de quais estratégias uma instituição sem fins lucrativos pode utilizar

para fomentar a marca e aumentar a captação de recursos.

De acordo com a conclusão obtida neste trabalho e das lacunas não preenchidas durante esta

pesquisa, propomos a realização de novas produções científicas, ampliando a investigação

para se verificar e identificar o perfil daqueles que adquirem semanalmente o Caruaru da

Sorte, pois, por se tratar de uma grande captação de recursos, demanda estudo mais

aprofundado sobre tal estratégia. Caberia ainda um estudo mais aprofundado e direcionado

para o marketing digital do instituto, buscando inclusive perceber o marketing feitos entre

usuários das redes sociais digital.

Há ainda a necessidade do ICIA investir mais em relação a construção da identidade visual da

marca ICIA, bem como buscar novas estratégias que possibilitem aos doadores identificarem

a nova marca do ICIA. Por fim, verifica-se a necessidade de registro da marca ICIA junto ao

INPI para que possa garantir segurança jurídica à marca.

Diante da pesquisa apresentada concluiu-se que os projetos sociais estão crescendo cada vez

mais e iniciativas como o ICIA, que transmitem credibilidade, acabam destacando-se. Essa

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confiança depositada no Instituto, por sua vez, decorre não só do trabalho desenvolvido mas

também das estratégias de marketing que direcionam a atuação junto aos doadores gerando

um vínculo emocional entre estes e garantindo uma continuidade nas doações.

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APÊNDICE A – ROTEIRO DA ENTREVISTA INDIVIDUAL

BLOCO 1 – IDENTIFICAÇÃO

1. Qual o seu nome?

2. Qual a sua idade?

3. Qual cidade reside?

4. Qual a sua renda familiar?

5. Qual a atividade exercida?

6. A quanto tempo doa para o ICIA?

BLOCO 2 – IDENTIFICAÇÃO DOS MOTIVOS DE DOAR

1 - Por qual razão você doa?

2 - Quando você é abordado para fazer alguma doação, qual a sua reação mais comum?

3 - Existe algo que faria você doar mais?

BLOCO 3 – IDENTIFICAÇÃO DOS SENTIMENTOS DOS DOADORES DIANTE DA

ENTIDADE ICIA E DIANTE DAS ESTRATÉGIAS DE MARKETING

1 - Como tomou conhecimento do projeto desenvolvido pelo ICIA?

2 - Quais meios de comunicação (TV, rádio, jornal, redes sociais você identifica a marca

ICIA?

3 - Se você não fosse doador, o que faria você mudar de ideia e passar a doar para o ICIA?

4 – Qual a sua percepção em relação ao trabalho desenvolvido pelo ICIA com relação ao

dinheiro doado?

5 - O que você sente ao observar a utilização da marca ICIA por outras empresas privadas, tal

como o Caruaru da Sorte?

6 – além de doação em dinheiro, já participou de outros projetos desenvolvidos pelo ICIA

para captação de recursos (Caminhada ICIA, Brechó solidário, aquisição de produtos na loja

ICIA)? Por que?

7 – qual dessas marcas apresentadas é a atual marca do ICIA?

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APÊNDICE B – TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE ENTREVISTA

CPPA - CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

MPGE – MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

FBV – FACULDADE DE BOA VIAGEM DEVRY BRASIL

Pesquisador: Alan Mendes Ventura

Tema da pesquisa: AS ESTRATÉGIAS DE MARKETING UTILIZADAS PELO ICIA –

INSTITUTO DO CÂNCER INFANTIL DO AGRESTE: UM ESTUDO DE CASO SOBRE

A RELAÇÃO ENTRE AS ESTRATÉGIAS UTILIZADAS NA DEFINIÇÃO DA DOAÇÃO.

AUTORIZAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DO ENTREVISTADO COMO SUJEITO DA

PESQUISA

Eu, __________________________________________________, portador do

RG________________, do CPF_____________________, abaixo assinado, após o devido

esclarecimento do objetivo da entrevista a ser realizada, concordo em dela participar e me

proponho a assinar o presente termo, de livre e espontânea vontade, consentindo a gravação

de todo teor da entrevista.

Local e data :__________________________________________________

x_________________________________________________

Assinatura do sujeito da pesquisa:

____________________________________

Alan Mendes Ventura

Pesquisador Responsável