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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA
Setor de Recursos Extraordinários e Especiais Criminais
Rua Riachuelo, 115, 9º andar, sala 906, São Paulo – SP – CEP 01007-904
Tel: (11) 3119-9689 – Fax: (11) 3119-9677 – email: recursoespecial@mpsp.mp.br
Recurso em Sentido Estrito nº 0011570-40.2002.8.26.0510
João Antonio dos Santos Rodrigues
Procurador de Justiça
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OBS: Na jurisprudência citada, sempre que não houver indicação do tribunal,
entenda-se que é do Superior Tribunal de Justiça.
Índices
Ementas – ordem alfabética
Ementas – ordem numérica
Índice do “CD”
Tese 465
SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL ATÉ A RETOMADA DO
CURSO DO PROCESSO OU ATÉ O DECURSO DO PRAZO
PREVISTO COM BASE NA PENA COMINADA EM ABSTRATO.
ARTIGO 366 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL.
O prazo prescricional, que foi suspenso com base no artigo 366 do
Código de Processo Penal, só volta a fluir com a retomada do curso
processual ou após o decurso do prazo previsto no artigo 109 do
Código Penal, tendo como parâmetro o máximo da pena privativa de
liberdade cominada ao crime (Súmula 415 do STJ).
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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR
PRESIDENTE DA EGRÉGIA SEÇÃO CRIMINAL DO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Recurso em Sentido Estrito nº 0011570-40.2002.8.26.0510
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO
PAULO, nos autos do Recurso em Sentido Estrito nº 0011570-
40.2002.8.26.0510, em que figura como recorrente A. S. R. e recorrido
Ministério Público de 1º grau, vem perante Vossa Excelência, com
fundamento no art. 105, inciso III, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal,
art. 255, § 1o, do RISTJ e art. 1.029 do Código de Processo Civil, interpor
RECURSO ESPECIAL para o Colendo SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA, pelos motivos adiante aduzidos:
1 – RESUMO DOS AUTOS
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A. S. R. foi pronunciada em primeira instância1 pela
prática de crime previsto no art. 124 “caput” do Código Penal2.
Inconformada, recorreu ao Tribunal de Justiça de São
Paulo3, pleiteando sua impronúncia ou reconhecimento da prescrição da
pretensão punitiva.
A Egrégia Procuradoria de Justiça, pelo Excelentíssimo
Procurador Doutor Walter Tebet Filho, apresentou parecer pelo não
provimento do Recurso em Sentido Estrito da defesa4.
Porém a 2ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo, dando provimento ao recurso, julgou extinta
a punibilidade da recorrente A. S. R., em razão da prescrição da pretensão
punitiva, com base na pena abstratamente cominada ao ilícito
Segue adiante a imagem do v. acórdão (fls. 351/355):
1 Fls. 294/297 2 Provocação de aborto em si mesma 3 Fls. 318/324 4 Fls. 342/345
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Assim decidindo, a Egrégia Corte Paulista contrariou e
negou vigência ao disposto no art. 366 do Código de Processo Penal, bem
como dissentiu de anterior julgamento do Superior Tribunal de Justiça,
autorizando a manifestação do presente inconformismo, com base nas alíneas
“a” e “c” do inciso III do art. 105 da Constituição Federal, com a seguinte
tese:
O prazo prescricional, que foi suspenso com base no art. 366 do Código
de Processo Penal, só volta a fluir com a retomada do curso processual ou
após o decurso do prazo previsto no art. 109 do Código Penal, tendo como
parâmetro o máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime
(Súmula 415 do STJ).
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2 – DA CONTRARIEDADE OU NEGATIVA DE VIGÊNCIA A
DISPOSITIVOS DE LEI FEDERAL (art. 366 do Código de
Processo Penal)
O art. 366 do Código de Processo Penal está assim
redigido:
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem
constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do
prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção
antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso,
decretar prisão preventiva, nos termos do disposto
no art. 312. (Redação dada pela Lei nº 9.271, de
17.4.1996)
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No v. acórdão está dito, ipsis litteris:
“Ora, a recorrente foi citada por edital e não atendeu ao
chamamento judicial. Por conta disso, e nos termos do artigo 366
do Código de Processo Penal, o processamento foi corretamente
suspenso em 26 de agosto de 2003 (fls. 59), para ser retomado
somente em 27 de novembro de 2013 (fls. 95), quando a acusada,
por advogado, peticionou nos autos.
Ocorre que a imputação é de crime com pena máxima
abstratamente cominada de 3 anos de detenção, cujo prazo de
prescrição, portanto, em princípio é de 8 anos (Código Penal,
artigo109, inciso IV). Assim, esse prazo estava verificado desde 26
de agosto de 2011, quando a extinção da punibilidade já haveria de
ter sido declarada pelo juízo (Código de Processo Penal, artigo 61,
caput).”
O v. acórdão, “data venia”, confundiu suspensão de
prazo prescricional, prevista no art. 366 do Código de Processo Penal, com
interrupção do prazo prescricional.
Portanto, neste caso tem inteira aplicação à hipótese, a
lição do saudoso Ministro ALIOMAR BALLEIRO, para quem “... denega-se
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vigência de lei não só quando se diz que esta não está em vigor, mas
também quando se decide em sentido diametralmente oposto ao que nela
está expresso e claro” (RTJ 48/788).
Ou, no mesmo sentido, “... equivale negar vigência o
fato de o julgador negar aplicação a dispositivo específico, único aplicável
à hipótese, quer ignorando-o, quer aplicando outro inadequado” (REsp
63.816, RTJ 51/126).
Na suspensão, não se despreza o tempo decorrido
anterior à data em que o prazo prescricional foi declarado suspenso, porém
ele, prazo prescricional, só retomará seu curso quando cessar o período de
suspensão.
Na interrupção, o prazo prescricional que já decorreu é
totalmente desconsiderado, porém ele retoma seu curso imediatamente, como
se novo prazo tivesse surgido.
O melhor exemplo de suspensão de prazo prescricional é
justamente aquele previsto no art. 366 do Código de Processo Penal.
“O entendimento adotado quase de forma unânime por
doutrina e jurisprudência foi o de que o prazo prescricional deve
ficar suspenso pelo prazo da prescrição da pretensão punitiva
(prescrição em abstrato), levando em conta o máximo da pena e
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considerando-se as balizas do art. 109 do CP. Assim, se o delito
prescreve, abstratamente, em 8 anos, é por esse tempo que a
contagem da prescrição deve ficar suspensa, após o que volta a
correr pelo saldo restante” -destaques nossos- (GOMES, Luiz
Flávio. MACIEL, Silvio. Contagem da prescrição durante a
suspensão do processo: súmula 415 do STJ . Disponível
em http://www.lfg.com.br - 20 janeiro. 2010
Já como exemplos de interrupção de prazo prescricional
podemos citar todas as causas previstas nos vários incisos do art. 117 do
Código Penal (recebimento da denúncia; pronúncia; etc.), ou seja, eventos que
provocam o reinício da contagem do prazo prescricional.
Em resumo, na suspensão o prazo prescricional fica
parado por um determinado período, porém o tempo já decorrido será
computado quando ele voltar a fluir. Na interrupção não ocorre paralização
do prazo prescricional, mas o seu reinício, desprezando-se totalmente o tempo
já decorrido.
E é por este motivo que o v. acórdão negou vigência ao
art. 366 do Código de Processo Penal, pois considerou o prazo prescricional
interrompido em 26 de agosto de 2.003, de modo que, segundo ele, ocorreu a
prescrição da pretensão punitiva 8 (oito) anos depois, ainda durante o período
de suspensão do processo.
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Evidente a violação do art. 366 do Código de Processo
Penal, que fala em suspensão do prazo prescricional e não em interrupção.
Deste modo, temos os seguintes fatos incontroversos nos
autos.
Interrompeu-se o prazo prescricional com o recebimento
da denúncia em 24 de julho de 2.003 (fls. 56). Este prazo foi suspenso em 26
de agosto de 2.003, data em que se aplicou a regra prevista no art. 366 do
Código de Processo Penal (fls. 59). O prazo prescricional retomou seu curso
8 (oito) anos depois (tempo previsto com base na pena máxima em abstrato –
sumula 411 do Superior Tribunal de Justiça), ou seja, em 26 de agosto de
2.011. Finalmente a ré foi pronunciada em 5 de maio de 2.017 (fls. 294/297).
Percebemos então que entre a data do recebimento da
denúncia (marco interruptivo do prazo prescricional) e a data da pronúncia
(outro marco interruptivo do prazo prescricional) passaram-se 13 (treze) anos;
9 (nove) meses e 11 (onze) dias.
Descontando-se o período de 8 (oito) anos em que o prazo
prescricional permaneceu suspenso, temos 5 (cinco) anos, 9 (nove) meses e
11 (onze) dias, tempo muito inferior ao prazo prescricional previsto pela pena
em abstrato para o crime do art. 124 do Código Penal.
Ante o exposto, tendo em vista o que está disposto no art.
366 do Código de Processo Penal que fala em suspensão do prazo
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prescricional e não em interrupção, deve ser descontado o período em que o
prazo prescricional ficou suspenso, de modo que deverá ser cassada a decisão
que reconheceu a extinção da punibilidade da ré A. S. R., pela prescrição da
pretensão punitiva.
3 - DISSIDIO JURISPRUDENCIAL
O COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
firmou o entendimento de que o prazo prescricional não flui durante o
período de suspensão, o qual deve ser fixado de acordo com os parâmetros
traçados no art. 109 do Código Penal, tendo como base o máximo da pena
prevista em abstrato para o delito.
3.1- ACÓRDÃO PARADIGMA
No julgamento do AgRg no AREsp nº 466.438 - DF (STJ,
j. 30/06/2015, DJe 04/08/2015, Rel. Min. GURGEL DE FARIA), cujo
acórdão se oferece como paradigma e que se encontra publicado na Revista
Eletrônica de Jurisprudência (cópia em anexo), a COLENDA QUINTA
TURMA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, assim decidiu:
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Nesta decisão, ficou evidente que o prazo prescricional
não correu durante o período em que ficou suspenso com base no art. 366 do
Código de Processo Penal.
Adiante, na integra, a imagem deste v. acórdão deste
Superior Tribunal de Justiça.
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Emerge patente, assim, a instauração de divergência
jurisprudencial, causado pela prolação, no Egrégio Tribunal de Justiça
bandeirante, da decisão ora guerreada.
3.2- DEMONSTRAÇÃO ANALÍTICA DE SEMELHANÇA
Verifica-se pela transcrição ora realizada ser evidente o
paralelismo entre o caso trazido à colação e a hipótese decidida pelo v.
acórdão recorrido.
Para o v. acórdão recorrido:
“nos termos do artigo 366 do Código de Processo Penal,
o processamento foi corretamente suspenso em 26 de agosto de 2003 (fls. 59),
para ser retomado somente em 27 de novembro de 2013 (fls. 95), quando a
acusada, por advogado, peticionou nos autos.
Ocorre que a imputação é de crime com pena máxima
abstratamente cominada de 3 anos de detenção, cujo prazo de prescrição,
portanto, em princípio é de 8 anos (Código Penal, artigo109, inciso IV).
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Assim, esse prazo estava verificado desde 26 de agosto de 2011, quando a
extinção da punibilidade já haveria de ter sido declarada pelo juízo (Código
de Processo Penal, artigo 61, caput)”.
Já para o aresto paradigma:
“Desse modo, não há que se falar em ocorrência da
prescrição entre o recebimento da denúncia e a publicação da sentença
condenatória, porquanto transcorreu lapso temporal de
aproximadamente 6 meses, em virtude de o referido prazo prescricional
ter permanecido suspenso no período de 29/09/2008 a 16/08/2012
(...)
No caso concreto, depois de terminados oito anos de
suspensão do lapso extintivo (a pena do crime do art. 302 do CTB é de
quatro anos - art. 109, IV do Código Penal), o prazo continuou a fluir e
incluídos os quase três meses entre o recebimento da denúncia e a data
em que aplicado o art. 366 do CPP, passaram-se aproximadamente sete
anos, o que não é suficiente para fazer incidir a prescrição.
(...)
Nos termos do enunciado 415 do Superior Tribunal de
Justiça, nos casos do artigo 366 do Código de Processo Penal, ‘o período
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de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da pena
cominada’
Uma vez decorrido o prazo prescricional com base na
pena máxima em abstrato para o crime durante a suspensão, esta cessa e
a prescrição volta a fluir”. (grifamos)”.
Percebemos então que os dois julgados cuidam da mesma
situação jurídica, ou seja, método de contagem do prazo prescricional,
durante o período previsto no art. 366 do Código de Processo Penal.
Em síntese:
Para a r. decisão recorrida: “nos termos do artigo 366 do
Código de Processo Penal, o processamento foi corretamente
suspenso em 26 de agosto de 2003 (fls. 59), para ser retomado
somente em 27 de novembro de 2013 (fls. 95), quando a
acusada, por advogado, peticionou nos autos. Ocorre que a
imputação é de crime com pena máxima abstratamente
cominada de 3 anos de detenção, cujo prazo de prescrição,
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portanto, em princípio é de 8 anos (Código Penal, artigo109,
inciso IV). Assim, esse prazo estava verificado desde 26 de
agosto de 2011, quando a extinção da punibilidade já haveria
de ter sido declarada pelo juízo (Código de Processo Penal,
artigo 61, caput).”
Para o aresto paradigma, nesta mesma hipótese em sentido
contrário, entendeu-se que “Uma vez decorrido o prazo
prescricional com base na pena máxima em abstrato para
o crime durante a suspensão, esta cessa e a prescrição volta
a fluir”.
Por seu acerto, deve prevalecer nestes autos a orientação
jurisprudencial do Colendo Superior Tribunal de Justiça, de que o prazo
prescricional não flui durante o período em que o processo está suspenso
com base no art. 366 do Código de Processo Penal, pelo tempo previsto
para a prescrição com base na pena em abstrato.
MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO PROCURADORIA-GERAL DE JUSTIÇA
Setor de Recursos Extraordinários e Especiais Criminais
Rua Riachuelo, 115, 9º andar, sala 906, São Paulo – SP – CEP 01007-904
Tel: (11) 3119-9689 – Fax: (11) 3119-9677 – email: recursoespecial@mpsp.mp.br
Recurso em Sentido Estrito nº 0011570-40.2002.8.26.0510
João Antonio dos Santos Rodrigues
Procurador de Justiça
24
4 - DO PEDIDO
Ante o exposto, demonstrados fundamentadamente a
contrariedade à lei federal e o dissídio jurisprudencial quanto aos temas
destacados, o Ministério Público do Estado de São Paulo aguarda seja
deferido o processamento do presente RECURSO ESPECIAL, a fim de
que, submetido à elevada apreciação do Egrégio Superior Tribunal de Justiça,
mereça CONHECIMENTO e PROVIMENTO, para a cassação do v.
acórdão de fls. 351/355, retomando-se a marcha processual, com a revogação
da decisão que reconheceu a extinção da punibilidade da ré em razão de
prescrição da pretensão punitiva.
São Paulo, 28 de junho de 2018.
João Antonio dos Santos Rodrigues - Procurador de Justiça -
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