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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS
MISSÕES - URI - CAMPUS DE ERECHIM
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
CURSO DE MATEMÁTICA
CIBÉLI FÁTIMA CAVALETT
MODELAGEM MATEMÁTICA E A PRODUÇÃO DO VINHO
NA ZONA RURAL
ERECHIM
2008
CIBÉLI FÁTIMA CAVALETT
MODELAGEM MATEMÁTICA E A PRODUÇÃO DO VINHO
NA ZONA RURAL
Monografia apresentada para obtenção do título de Licenciada em Matemática, no Curso de Matemática, do Departamento de Ciências Exatas e da Terra da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus de Erechim. Orientadora: Profa. Dra. Nilce Fátima Scheffer
ERECHIM
2008
AGRADECIMENTOS
Ao chegar ao final do Curso de Matemática, onde obtive realizações e conquistas,
agradeço a Deus por ter guiado meus passos e feito trilhar caminhos às vezes inseguros, mas
com a confiança de que em algum momento eles iriam se concretizar e tudo iria dar certo.
Foram tantos momentos de desânimo, de insegurança, mas sempre confiei em Deus, pois a fé
move montanhas, basta acreditar e ter confiança nele, pois ele nunca desampara seus filhos.
Quero saudar a todos os colegas e amigos verdadeiros, especialmente a minha colega
Paula Collet, que me acolheu em sua casa, quando da realização dos estágios, pois era difícil
me deslocar até a cidade e não havia ônibus que chegasse na hora certa. A todos que, de uma
ou outra forma, sempre estiveram ao meu lado para me apoiar e incentivar nesta longa
caminhada. Colegas, com ombros amigos para consolar e chorar, quando necessário e para dar
boas gargalhadas, os quais marcaram presença em meu coração e que com certeza ficarão
guardados nele para sempre, pois amigos de verdade a gente nunca esquece.
A meus familiares que com muito esforço e dedicação me ajudaram e me incentivaram,
além de contribuírem financeiramente. Passamos por várias dificuldades juntos, mas nunca
desistimos. Com o tempo elas foram superadas. Sempre havia um jeito para alcançar os
objetivos.
Agradeço à minha orientadora, Professora Dra. Nilce Fátima Sheffer, por me incentivar e
direcionar o caminho correto, não somente quando da realização desta monografia, mas desde
o início deste Curso, sempre nos incentivando e mostrando que devemos correr atrás de
nossos ideais e ser persistentes. Não devemos desistir no primeiro tropeço, mas sim, tomá-lo
como exemplo para enfrentar os demais.
Por todas essas pessoas que de uma ou de outra forma participaram da realização desta
conquista, o meu muito obrigada e os mais sinceros votos de felicidades e realizações, pois
sem elas meus objetivos tornar-se-iam mais difíceis de serem alcançados.
RESUMO
Esta pesquisa procura mostrar qual a matemática do Ensino Fundamental utilizada pelos pequenos produtores rurais na fabricação do vinho caseiro. O estudo, de abordagem qualitativa, foi realizado com agricultores do Distrito de Jaguaretê e baseia-se numa análise interpretativa, tendo em vista o referencial teórico e as informações obtidas na coleta de dados. Além disso, a partir dessas informações, os resultados foram organizados em três categorias: a uva em processo de produção e colheita; a fabricação do vinho e a matemática utilizada na produção do vinho. Estas etapas vêm acrescentar o que ficou evidenciado a partir da análise, que a matemática mais utilizada por esse grupo de agricultores são as operações de divisão, sem descartar outras operações trabalhadas no decorrer do processo. Também outros cálculos foram citados pelos agricultores, como a razão e proporção, regra de três simples, o sistema de medidas, o sistema monetário e a porcentagem, todos presentes no Ensino Fundamental.
Palavras-chave: Modelagem Matemática. Produção do vinho. Ensino-aprendizagem.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 6
2 MODELAGEM MATEMÁTICA E MODELO MATEMÁTICO ........ ............................ 7
3 MODELAGEM MATEMÁTICA E O ENSINO ................. ............................................. 11
3.1 ALGUNS EXEMPLOS DE MODELAGEM MATEMÁTICA EM DISCUSSÃO ........... 13
4 HISTÓRIA DO VINHO ...................................................................................................... 15
4.1 CONCEITO ........................................................................................................................ 16
4.1.1 Principais tipos de vinho ............................................................................................... 16
4.2 O VINHO NO BRASIL ..................................................................................................... 17
4.3 O VINHO NO RIO GRANDE DO SUL ............................................................................ 18
4.4 O VINHO EM ERECHIM ................................................................................................. 20
4.5 O VINHO E A SAÚDE HUMANA ................................................................................... 21
5 METODOLOIA ................................................................................................................... 24
5.1TIPO DE PESQUISA .......................................................................................................... 24
5.2 POPULAÇÃO ENVOLVIDA ............................................................................................ 24
5.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS .................................................................... 24
5.4 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .................................................................. 25
6 DADOS E RESULTADOS .................................................................................................. 26
6.1 A UVA EM PROCESSO DE PRODUÇÃO E COLHEITA ............................................... 26
6.2 A FABRICAÇÃO DO VINHO ........................................................................................... 27
6.3 A MATEMÁTICA UTILIZADA NA PRODUÇÃO DO VINHO ...................................... 28
7 ANÁLISE DOS DADOS .................................................................................................... 29
5
8 UMA PROPOSTA EXPLORATÓRIA DO TEMA VINHO NO ENSINO
FUNDAMENTAL ................................................................................................................... 32
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 42
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 44
APÊNDICE ............................................................................................................................. 46
APÊNDICE A: Questionário Anônimo ................................................................................... 47
ANEXO .................................................................................................................................... 51
ANEXO A: Fotos das etapas de fabricação do vinho .............................................................. 52
6
1 INTRODUÇÃO
Tendo em vista as novas ferramentas e formas de ensino que hoje se encontram nas
escolas e as demandas do mercado de trabalho, cada vez mais se buscam maneiras de ensinar
que valorizem a realidade dos educandos, que os ajudem a crescer tanto em sabedoria quanto
profissionalmente.
Por esta razão, procura-se ao longo deste trabalho, resposta para a seguinte questão: Qual
a matemática utilizada pelo pequeno produtor rural na fabricação do vinho caseiro?
Para obtenção da resposta, buscou-se, a partir de uma investigação no contexto rural, explorar
o tema Modelagem Matemática e a Produção do Vinho, verificando os modelos matemáticos,
bem como os conteúdos presentes na exploração do tema a ser proposto e trabalhado no
Ensino Fundamental. Para tanto, destacam-se na revisão teórica autores voltados para o tema,
ou seja, a Modelagem Matemática, e também uma proposta exploratória sobre o tema vinho,
tendo em vista a relação entre a teoria e a prática.
Primeiramente, apresentam-se no referencial teórico as principais idéias de diferentes
autores sobre a Modelagem Matemática e sua importância para o ensino e a aprendizagem dos
alunos, ressaltando alguns exemplos de sua aplicação.
Posteriormente, apresenta-se um breve histórico sobre a história do vinho, bem como sua
trajetória até a chegada ao Brasil e também ao Rio Grande do Sul, destacando a cidade de
Erechim, localizada na região Alto Uruguai, contexto em que transcorreu a pesquisa em
questão.
Discute-se também, na parte a respeito do vinho, seus benefícios e malefícios para a saúde
humana, como uma forma de contribuir para o bem-estar das pessoas e informar ao leitor
sobre as excelentes propriedades que este produto possui, as quais são benéficas e auxiliam na
prevenção de doenças.
Finalmente, apresentam-se dados e resultados da pesquisa, analisando-os e verificando sua
aplicabilidade no Ensino Fundamental, propondo uma prática de Modelagem Matemática que
seja adequada aos resultados obtidos. Nas considerações finais, retoma-se o problema da
pesquisa, apresentando uma resposta para o mesmo e também apontando novas direções e
7
recomendações para a questão.
2 MODELAGEM MATEMÁTICA E MODELO MATEMÁTICO
Ao longo do tempo, muitas transformações vêm ocorrendo, uma delas diz respeito ao
ensino, mais precisamente ao modo de ensinar os conteúdos. Além disso, hoje, mais do que
nunca, busca-se uma nova forma de ensinar, uma maneira que esteja voltada à realidade dos
educandos, algo que eles possam manusear, que lhes desperte o interesse e a curiosidade, aí
entra a Modelagem Matemática.
Tradicionalmente, o ensino tem se centrado na figura do professor que apresenta o
conteúdo oralmente, por meio de definições e exemplos, prosseguindo com exercícios de
fixação. Dessa forma, o aluno aprende pela repetição, o que faz com que ele perca o interesse
pela disciplina, pois não consegue fazer a ligação entre a realidade e o cotidiano escolar. A
partir disso, surge a necessidade da adoção de novas estratégias para ensinar Matemática,
tornando as aulas mais significativas e participativas, aproximando a teoria da prática.
Isso é confirmado por Santos (2004, p.126), quando diz que
com a esperança de melhorar o ensino de Matemática, cada vez mais há discussões crescentes quanto as mudanças com relação à escola, à sala de aula e a prática docente, procurando desvincular-se de um ensino abstrato, centrado na figura do professor, ligado a uma aula de Matemática sem ligação com a vida cotidiana, em que o professor fala, o aluno escuta e repete, não participando da construção de seu conhecimento.
Das palavras de Santos, depreende-se o quanto é importante a interação professor-aluno,
através da qual ambos possam tornar-se ativos na construção do conhecimento.
Na busca de mostrar a matemática de maneira mais próxima da vida do aluno, que permita
dar significado ao conhecimento matemático e não apenas valorizar o acúmulo de
informações, surgiu a investigação que utiliza a Modelagem Matemática como estratégia de
ensino, resultando em uma ação planejada e consciente, pois a aprendizagem ocorre por meio
da dinâmica da realidade.
Segundo Silveira e Ribas (2004), a Modelagem Matemática é, acima de tudo, uma
perspectiva, algo a ser explorado, o imaginável e o inimaginável. Ela surge da necessidade do
8
homem de compreender os fenômenos que o cercam. Os autores destacam dois pontos
fundamentais ao se trabalhar com Modelagem Matemática, um deles é aliar o tema a ser
escolhido com a realidade dos alunos e o outro é aproveitar as experiências extraclasse dos
mesmos e aliá-la às do professor em sala de aula, procurando, desta forma, despertar o
interesse dos educandos.
A Modelagem Matemática é definida por Scheffer (1990a, p.54) como uma alternativa que
desenvolve atitudes positivas em relação ao ensino da Matemática, ou seja, é uma prática que
leva o aluno à busca da relação existente e estabelecida entre o mundo real e o mundo
matemático.
Scheffer destaca que a Modelagem Matemática surge na busca da superação do ensino
tradicional. Assim, o problema passa a ser o ponto de partida para a construção do modelo
matemático, proporcionando o desenvolvimento cognitivo do aluno. Dessa forma, o aluno
passa a ter motivação e envolvimento na construção do conhecimento, podendo analisar um
determinado problema e resolver as partes que estiverem ao seu alcance e sendo motivado
pelo professor para resolver as partes restantes. Bassanezi caracteriza a Modelagem
Matemática como o estudo de problemas e situações reais, usando a Matemática como
linguagem para uma possível previsão ou modificação do objeto estudado.
[...] Uma das tendências mais recentes em Educação Matemática aponta para a necessidade de integrar o ensino desta ciência com o de outras áreas, em todos os níveis. Para que este processo aconteça e para que a Matemática seja valorizada como disciplina e nos ajude a entender e até a modificar o meio em que vivemos, utilizamos a Modelagem Matemática com o objetivo de associar sua teoria à prática. (2003, p. 257) .
A Modelagem Matemática é uma estratégia alternativa que dá ao aluno mais liberdade,
mais autonomia para o seu pensar, raciocinar, que desperta a criatividade. É uma prática de
ensino que não possui uma seqüência rígida de conteúdos, podendo ser adequada às
necessidades de cada turma, permitindo abordar os conteúdos em momentos distintos.
Esta proposta pedagógica vem auxiliar o processo de ensino-aprendizagem dos
educandos. Através da elaboração de um Modelo Matemático, busca-se uma solução para
uma determinada situação-problema, a fim de que os alunos passem a enxergar a Matemática
do cotidiano de uma forma prática e objetiva, não apenas aquela vista nos livros didáticos,
sem vida e distante da realidade de seu dia-a-dia.
9
A Modelagem Matemática é o processo que envolve a construção de modelos. Portanto, a
noção de modelo está presente em todas as áreas. Conforme salienta Biembengut
(2004, p. 16),
um modelo é um conjunto de símbolos, os quais interagem entre si representando alguma coisa. Essa representação pode se dar por meio de desenho ou imagem, projeto, esquema, [...]. Na matemática, por exemplo, um modelo é um conjunto de símbolos e relações matemáticas que traduzem, de alguma forma, um fenômeno em questão.
Os modelos matemáticos podem ter diversas formas, a própria noção de modelo está
presente em quase todas as áreas. Na arte, moda, arquitetura, história, literatura, matemática
etc, existem modelos criados para representar os fenômenos naturais e sociais.
Ponte (1992), em “A Modelação no Processo de Aprendizagem”, define modelo como
uma forma simplificada de uma situação real ou imaginária. Salienta que os modelos
importantes são os que utilizam como base a linguagem e os conceitos desta ciência.
Para uma situação da vida real ser traduzida em um modelo matemático, o primeiro passo
é definir no que consiste o problema. Depois de definido o problema, é preciso escolher uma
estrutura matemática que o represente. Após, utiliza-se a matemática para o analisar e para
que se possa chegar a novas conclusões.
Estas conclusões, segundo Ponte, têm de ser interpretadas de acordo com a situação real
de partida. Nestas condições, avalia-se o modelo e decide-se se ele é ou não adequado. Em
caso negativo, deve-se redefinir o problema e estabelecer novas relações até que se obtenha
um resultado que se julgue satisfatório.
A construção de modelos matemáticos, embora simples como uma tabela, por exemplo,
constitui-se em “momento especial” para a formação do pensar matemático, pois permite a
tomada de decisão sobre um problema real. Scheffer (1999, p. 14) explica que
o modelo matemático vem substituir a linguagem natural por uma linguagem matemática, a lei matemática para determinada situação ou fenômeno. O modelo situa-se no nível do indivíduo, sendo criado como um meio de auxílio à compreensão e interpretação da realidade.
10
Para D'Ambrósio (apud SCHEFFER, 1999, p.14), o modelo seria o ponto de ligação entre
as informações captadas pelo indivíduo e sua ação sobre a realidade. “O caminho da criação
do modelo é o processo mediante o qual se definem as estratégias de ação do indivíduo sobre
a realidade”.
Os modelos ocupam papel significativo no currículo matemático escolar. Toda atividade
associada à resolução de problemas reais envolve a construção de modelos para a situação
apresentada no problema real. Para Bassanezi (apud SCHEFFER, 1990 a, p.58),
o ponto de vista de MODELO é justamente aquele pelo qual a Matemática se desenvolveu e progrediu, e é justamente assim que os mecanismos cognitivos da criança , do adolescente e do adulto se ativam para analisar uma situação ou resolver um problema que a realidade lhes apresenta.
Nesse sentido, pode-se dizer que Modelagem Matemática é o processo que envolve a
obtenção e construção de modelos que tentam descrever matematicamente um fenômeno da
nossa realidade para tentar compreendê-lo e estudá-lo, criando hipóteses e reflexões sobre
eles. Assim, neste estudo busca-se contextualizar matematicamente o tema Produção de Vinho
e levantar os modelos matemáticos presentes na exploração deste tema.
11
3 MODELAGEM MATEMÁTICA E O ENSINO
A Modelagem Matemática se apresenta como uma proposta alternativa para o ensino,
enfatiza a pesquisa, com atividades de investigação. Isso significa ir além das simples
resoluções de questões matemáticas, muitas vezes sem significado para o aluno, e levá-lo a
adquirir uma melhor compreensão tanto da teoria matemática quanto da natureza do problema
a ser modelado.
A Modelagem Matemática no ensino, de acordo com Biembengut e Hein (2003, p.18),
pode ser um caminho para despertar no aluno o interesse por tópicos matemáticos que ele ainda desconhece, ao mesmo tempo que aprende a arte de modelar, matematicamente. Isso porque é dada ao aluno a oportunidade de estudar situações- problema por meio da pesquisa, desenvolvendo seu senso crítico.
Assim, o ensino de matemática ganha novo sentido na sala de aula, o da investigação
criativa.
A Modelagem Matemática, segundo Scheffer (1999, p.14) ,
envolve problematização, porque busca uma situação do interesse dos alunos, dando origem à comunicação, diálogo, perguntas, curiosidades[...]. Envolve o cognitivo, porque leva o aluno a pensar para formular, buscar modelo e resolver a situação-problema de origem em questão; e o afetivo, já que, nesse movimento, o gosto e o prazer pelo trabalho com matemática ocorrem através de uma atividade que envolve o aluno integralmente.
Dessa maneira, percebe-se que o papel do aluno com a Modelagem Matemática não é
mais de mero ouvinte, ele passa a ter uma participação atuante na construção do seu
conhecimento, sendo capaz de pensar, criar e estabelecer relações com a realidade. Ela é um
meio de oportunizar situações para uma aprendizagem significativa, porque possibilita
verificar a aplicabilidade dos conteúdos matemáticos estudados pelo aluno em situações
12
práticas de sua vida. A Modelagem Matemática ainda é tomada por Scheffer (1999, p.12)
como
um processo natural, caminho pelo qual o aluno vai gerando conhecimento a partir de uma situação-problema relacionada a um tema. Até chegar à construção e validação do modelo, ocorre muita criatividade, elemento fundamental para o aluno e professor que representa, na Pedagogia Freinet, o desenvolvimento de segurança afetiva básica, essencial à promoção de qualquer aprendizagem e manutenção do processo de desenvolvimento integral, harmonioso e saudável ao indivíduo e à sociedade.
Nesse sentido, a aprendizagem matemática volta-se para uma prática salutar que valoriza
o contexto e propõe a superação de ansiedades.
Além disso, Biembengut (2004, p.41) destaca alguns princípios como:
proporciona ao aluno valores culturais e alguns princípios gerais concernentes ao papel desempenhado por nós enquanto pessoas responsáveis pela realidade que nos cerca. Contudo requer do professor e dos alunos maior empenho nos estudos, na pesquisa e na interpretação do contexto.[...] A questão é decidir sobre o que ensinar, sobre o que aprender[...].
Deve-se estar consciente de que a Modelagem Matemática no ensino não é a única forma
para superação de problemas relativos às práticas escolares e ao ensino da matemática.
Pesquisas mostram que a Modelagem pode representar um avanço no ensino da matemática
em sala de aula, isso porque a matemática deixa de ser mera transmissão de técnicas de
resolução e passa a ser apresentada como uma nova ferramenta de ensino.
Além disso, segundo Silveira e Ribas (2004), vários motivos são colocados como
obstáculos na implantação da Modelagem no ensino da matemática, como, por exemplo: falta
de tempo, falta de condições físicas e financeiras, dentre outros, que na maioria das vezes são
apenas artifícios para a não-adequação desta proposta.
É evidente que a Modelagem Matemática não deve ser usada como uma única
metodologia de ensino, o professor deve sempre procurar a melhor metodologia. Utilizar
jogos, brincadeiras, a história da matemática, enfim, usar todos os recursos disponíveis para
obter o melhor resultado possível no ensino da matemática.
13
Hoje a escola é responsável pela formação dos alunos, ou seja, do cidadão, por isso deve
proporcionar uma formação diferenciada que possa resgatar valores essenciais, oportunizando
uma educação voltada para tal finalidade.
Da mesma forma que a matemática faz parte do currículo e também do mundo, para que
seja possível formar indivíduos capazes de opinar, construindo uma sociedade mais
democrática, necessita participar dos processos de transformação e construção da realidade,
devendo estar aberta a novas propostas e desafios.
É nas experiências e necessidades do cotidiano que os alunos irão desenvolver
capacidades que lhes permitam lidar com a atividade matemática, reconhecendo os
problemas, buscando e selecionando informações para poderem tomar suas próprias decisões.
Scheffer (1999, p.15) aponta para a importância da matemática e diz que
mostrar a importância da Matemática não apenas como ciência voltada para si mesma, mas como instrumento para compreensão e possível modificação da realidade, eis o verdadeiro sentido do que se convencionou chamar de Modelagem Matemática.
A partir dessa citação pode-se dizer que a Modelagem Matemática apresenta-se como
proposta inovadora para o ensino e que através dela busca-se um melhor aprimoramento dos
conteúdos.
3.1 ALGUNS EXEMPLOS DE MODELAGEM MATEMÁTICA EM DISCUSSÃO
Biembengut e Hein (2003) apresentam algumas propostas para ensinar matemática cuja
intenção é que sejam norteadoras dos trabalhos em sala de aula.
Um exemplo destas propostas é o estudo exploratório das “Embalagens”. Esta proposta
permite desenvolver conceitos de geometria plana e espacial; sistemas de medida linear;
superfície; volume; capacidade; massa e função do segundo grau. Pode ser adaptada para
qualquer período escolar. É possível utilizá-la também como forma de conscientizar os alunos
sobre a conservação do meio ambiente.
14
Na proposta intitulada “Abelhas”, os autores apresentam o dispêndio de energia da abelha
na busca do alimento, sua forma de comunicação chamada a dança do requebrado e a
dinâmica populacional de uma colméia a partir de uma hipótese: as taxas de natalidade e
mortalidade são lineares. Estas duas propostas, segundo os autores, permitem desenvolver a
regra de três, relações métricas do triângulo retângulo, coordenadas retangulares e polares,
progressão aritmética e, como uma progressão é uma função cujo domínio são os números
naturais, pode ser adaptada para desenvolver a função do primeiro grau.
Além destes exemplos citados acima, ainda se destacam outras propostas, como a
Construção de casas, a arte de construir e analisar ornamentos, Razão áurea, Cubagem de
madeira e Criação de perus. Todos estes exemplos abrangem muitos conteúdos matemáticos
importantes na formação escolar da Educação Básica.
Como se pode observar, a Modelagem Matemática está presente em diversas situações do
cotidiano das pessoas, basta ter uma visão diferenciada e saber desvendar a matemática que
está presente nas mais variadas formas e situações-problema do meio em que se vive.
15
4 HISTÓRIA DO VINHO
De acordo com o site http://menbers.tripod.com/edu.explica/origemvin.html, o momento e
a localidade em que surgiu o vinho ainda é uma incerteza, mas as antigas civilizações
homenageiam seus deuses, Dionísio na Grécia, Osíris no Egito e Baco em Roma, com festas
regadas a vinho.
A origem da vitivinicultura deu-se nas planícies da Suméria e nas margens do Nilo.
Contudo foi por intermédio dos Fenícios e dos Gregos que o vinho chegou à Europa. Com a
ocupação romana, a cultura do vinho consolidou-se na Europa central. Os primeiros países na
América a receberem sementes de uva foram: Estados Unidos, Argentina, Chile e Brasil.
Quem trouxe as uvas para as Américas foi Cristóvão Colombo na sua segunda viagem às
Antilhas, em 1493, a seguir foram levadas para o México e sul dos Estados Unidos e às
colônias espanholas da América do Sul. No Brasil, as videiras foram trazidas da Ilha da
Madeira (Portugal), em 1532, por Martim Afonso de Sousa e plantadas por Brás Cubas,
inicialmente no litoral paulista, e depois, em 1551, na região de Tatuapé.
Algumas pesquisas arqueológicas concluíram que provavelmente a uva vem sendo
cultivada há mais de 4.000 anos, e que, apesar das origens das primeiras produções de vinho
serem incertas, a civilização atual vem com o passar do tempo aprimorando o que se conhece
como processo natural de produção de um bom vinho. A produção de vinhos, que inicialmente
era feita em pequena escala, hoje conta com um completo aparato industrial que move uma
logística de nível internacional.
Há inúmeras lendas sobre onde teria começado a produção de vinhos. A primeira delas é
ligada ao velho testamento, no capítulo IX do Gênesis, onde diz que Noé, após ter
desembarcado os animais, plantou um vinhedo do qual fez vinho, bebeu e ficou bêbado.
O vinho também está relacionado à mitologia grega, ou seja, a Dionísio. Segundo dados
do site, nas tumbas dos Faraós foram encontradas pinturas retratando com detalhes várias
etapas da elaboração do vinho, tais como a colheita da uva, a prensagem e a fermentação. O
vinho trouxe uma nova dimensão às relações pessoais e comerciais desses povos.
16
4.1 CONCEITO
O vinho é uma bebida alcoólica, resultante da fermentação do mosto de uvas frescas, sãs e
maduras por intermédio de microorganismos chamadas leveduras, as quais transformam o
açúcar do suco da uva em álcool etílico, anidro carbônico e uma série de elementos
secundários em quantidades variadas. Em função disto, o vinho é considerado um produto
elaborado, diferenciando-se dos produtos fabricados, caracterizados por misturas de diversas
matérias-primas.
O vinho é definido pela O.I.V. (Office International de la Vigne et du Vin) como a bebida
resultante da fermentação do mosto (suco) de uvas frescas. Essa organização é responsável
por regular as normas internacionais de produção do vinho e, também, pela elevação dos
padrões de qualidade.
As leis que regulamentam a produção de uva e dos vinhos ainda não estão bem definidas.
A lei, conforme Simon (2003), exige que nos rótulos esteja escrito:
- nome do produto e do engarrafador ;
- endereço do local de produção e acondicionamento;
- nome, marca, classe, tipo e natureza do produto;
- número de registro do produto no Ministério da Agricultura;
- a expressão Indústria Brasileira;
- o conteúdo líquido;
- a graduação alcoólica do produto;
- os aditivos empregados, os seus códigos indicativos e, por extenso, a respectiva classe.
De acordo com a lei, o vinho de mesa levemente adocicado terá obrigatoriamente no
rótulo a palavra SUAVE ou DOCE. O vinho de mesa é com graduação alcoólica de 10 a
13GL, o vinho leve é o vinho com graduação alcoólica de 7 a 10 GL, obtido exclusivamente
pela fermentação dos açúcares naturais de uva, ou seja, contém de 7 a 10 g/l de açúcar.
Estas e outras especificações garantidas por lei são necessárias e garantem que o cidadão
leve para casa um produto de qualidade.
4.1.1 Principais tipos de vinho
Vinhos Finos ou Nobres são vinhos produzidos somente de uvas viníferas.
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Vinhos Especiais são vinhos mistos, produzidos de uvas viníferas e uvas híbridas ou
americanas.
Vinhos Comuns são os vinhos com características predominantes de variedades híbridas
ou americanas.
Vinhos Gaseificados são os vinhos de mesa com gasificação mínima de 0,5 a 2 GL.
Leve é o vinho que contém de 7 a 10 g/l de açúcar.
Champanha é o vinho espumante, resultante de uma segunda fermentação alcoólica, com
graduação de 10 a 13 g/l.
Licoroso é o vinho doce ou seco, com graduação alcoólica de 14 a 18 GL.
Composto é a bebida com graduação alcoólica de 15 a 18 GL.
Tinto é o vinho elaborado a partir de variedades de uvas tintas. A diferença de tonalidade
depende do tipo do fruto e da maturidade.
Rosado é o vinho produzido de uvas tintas, porém após breve contato , as cascas que dão a
pigmentação ao vinho são separadas. Obtém-se também um vinho rosado pelo corte, isto é,
pela mistura de um vinho branco com um vinho tinto.
Branco é o vinho produzido a partir de uvas brancas ou tintas, a fermentação é feita com a
ausência das cascas.
Seco é o vinho que possui até 5 gramas de açúcar por litro.
Meio Doce é o vinho que possui de 5 a 20 gramas de açúcar por litro.
Suave é o vinho que possui mais de 20 gramas de açúcar por litro.
4.2 O VINHO NO BRASIL
De acordo com Simon (2003), o primeiro vinho no Brasil foi produzido em São Paulo, no
bairro de Tatuapé, em 1551, onde foram plantadas as videiras que Brás Cubas tentou fazer
vingar sem sucesso no litoral paulista, em 1532. Os portugueses, na metade do século XVI,
plantaram videiras em Pernambuco e Bahia mas, como o clima era inadequado, não houve
progresso. Enquanto isso, os espanhóis iniciavam o cultivo da uva à beira do rio Paraná, em
Guaíra.
No sul, o missionário jesuíta Roque Gonzales, à beira do rio Uruguai, já havia plantado
parreiras, as quais haviam sido levadas da Espanha. Em seguida, as plantações foram
expandidas juntamente com o algodão, tabaco, cereais e hortaliças. Infelizmente, com as
18
disputas entre os colonizadores espanhóis e portugueses e o massacre das missões, tudo isso
terminou.
A volta dos vinhedos, no Rio Grande do Sul, ocorreu a partir de 1732, com a chegada dos
imigrantes açorianos, graças a Manoel de Macedo Brum, que trouxe consigo a
industrialização de vinhos tinto e branco, além de vinagre e destilados do bagaço da uva.
Em 1814, o inglês Thomas Messiter plantou pela primeira vez no Brasil, videiras da
famosa uva Isabel, que se adaptou nos solos e climas da região. O fato mais significativo da
história do vinho deu-se com a chegada dos imigrantes europeus ao sul do País. Em 1860, os
portugueses foram os primeiros a plantar videiras em Santa Catarina, Campo Alegre, e
também perto de Florianópolis.
Em 1865 os franceses passaram a investir na viticultura, mas só em 1875 o cultivo da uva
começou a ter importância através dos italianos, herdeiros de uma tradição de mais de 2 mil
anos de experiência. Além de trazerem videiras italianas, trouxeram tecnologias e novas idéias
comerciais. Os alemães também tiveram um papel importante para o desenvolvimento da
cultura do vinho, principalmente nas regiões de São Sebastião do Caí, Bom Princípio e Feliz.
A melhoria na qualidade dos vinhos brasileiros, de acordo com Simon (2003), deveu-se
em parte à campanha realizada pela Secretaria da Agricultura do RS, que estimulava os
agricultores a cultivar uvas européias e a substituir as uvas americanas. Isso contribuiu para a
melhoria do vinho e conseqüentemente para o desenvolvimento do mercado consumidor.
O Brasil, em termos de reconhecimento internacional, deu um significativo passo em
março de 1995, quando assinou um protocolo de intenções para aderir ao Office International
de la Vigne e du Vin, ou simplesmente à Organização Internacional do Vinho. O país, além de
beneficiar-se do apoio técnico e científico desta organização, também obteve um importante
aval aos seus esforços de exportação, o que é importante para valorizar os vinhos e garantir os
produtores sérios que acreditam em seus esforços e investimentos.
4.3 O VINHO NO RIO GRANDE DO SUL
Até os anos 60, antes da campanha realizada pela Secretaria da Agricultura do RS, o
Estado não teve grandes transformações e nem estímulos para um aperfeiçoamento da
produção do vinho em termos de qualidade. Com a campanha citada acima, cujo nome era
“Plante Viníferas”, o nível geral dos produtos brasileiros melhorou significativamente,
19
substituindo as uvas americanas pelas européias.
Depois do sucesso dessa iniciativa, nos anos 80, surgiram campanhas para aumentar o
consumo dos vinhos nacionais, as quais tiveram bons resultados. Muitas vinícolas passaram a
utilizar técnicas e equipamentos sofisticados.
O bom clima e as condições geoclimáticas do Estado fazem com que o vinho aqui
produzido esteja alcançando altos patamares, concorrendo no mercado interno e externo com
vinhos de renome produzidos na França, Itália e Espanha. São cerca de 60 mil hectares,
principalmente espalhados nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São
Paulo, Minas Gerais e Pernambuco. Os produtores são cerca de 16 mil.
No Rio Grande do Sul concentra-se mais de 90% da produção vinícola do país, e aqui
estão as melhores vinícolas brasileiras. A maior parte destas vinícolas está localizada na Serra
Gaúcha, região de montanha a nordeste do Estado, destacando-se as cidades de Bento
Gonçalves, Garibaldi e Caxias do Sul, e vários outros municípios menores: Erechim, no
noroeste do estado; Jaguari, no sudoeste; Viamão e São Jerônimo, no centro-leste; Bagé, Dom
Pedrito, Pinheiro Machado e Santana do Livramento, na campanha, no extremo sul
Situada nas montanhas do nordeste do Estado, a região da Serra Gaúcha é a grande estrela
da vitivinicultura brasileira, destacando-se os municípios de Bento Gonçalves, Caxias do Sul
e Garibaldi pelo volume e pela qualidade dos vinhos que produzem, além de outros
municípios com produções de qualidade.
Fora da região da Serra Gaúcha existem outras regiões vinícolas do Estado menores, como
a região de Viamão e Campanha, sendo que esta última, no extremo sul do Estado, é
atualmente alvo de intensa expansão de vinicultura, com pesquisa no uso de novas variedades
de uvas viníferas de regiões européias.
A região da Serra está próxima das condições geoclimáticas ideais para o melhor
desenvolvimento de vinhedos, mas as chuvas costumam ser excessivas, exatamente na época
em que acontece a colheita, período crucial para a maturação das uvas.
Por essa razão, os viticultores da Serra Gaúcha são verdadeiros heróis, enfrentam os
percalços da natureza, extraem da terra o que de melhor ela pode lhes dar e conseguem, com
trabalho árduo e investimentos em tecnologia, produzir vinhos que surpreendem e melhoram
de qualidade a cada dia.
Hoje as melhores vinícolas da Serra Gaúcha utilizam cepas nobres e contam com a mais
avançada tecnologia, idêntica à utilizada nos principais países vinícolas da Europa.
20
A qualidade de seus vinhos certamente continuará a melhorar, pois já foi implantada a
primeira Denominação de Origem Controlada do país, Vale dos Vinhedos (DOC) como
conseqüência de estudos que vêm sendo desenvolvidos há muitos anos na região.
4.4 O VINHO EM ERECHIM
Trazido pelos colonizadores italianos, no início do século XX, o cultivo das videiras ainda
está muito presente em grande parte das famílias do interior do município e está cada vez
tomando proporções maiores, servindo de fonte de ganhos para muitos, enquanto alguns o
produzem apenas para a sua degustação. As técnicas de cultivo passam de pai para filho, ou
seja, de geração para geração. Desde a saída da Itália, na segunda metade do século XIX, a
etnia italiana nunca dispensou o cultivo da uva, até por uma questão de sobrevivência.
Nos últimos anos a produção de uvas e derivados no território do Alto Uruguai,
principalmente em Erechim, vem crescendo. Erechim já produziu vinhos para o Palácio do
Governo do Estado, em 1925. Era fabricado e engarrafado pelo pioneiro João Tozzo, que aqui
se estabeleceu em 1912. Existiu o parreiral do Professor Carlos Mantovani. Era uma espécie
de Posto Experimental e estava localizado no Bairro das Três Vendas. Atualmente, o número
de produtores de uva no município chega a 150, sendo que 47 têm como principal atividade o
cultivo da parreira, e mais de 100 têm essa como uma das atividades na propriedade. As
cantinas registradas com produção reconhecida na região são: Bandiera, Batistella, Guarnieri
e Slongo.
Todo ano, desde 2001, ocorre a Festa di Bacco – Festa da Uva de Erechim, como forma de
promover o setor da vitivinicultura e resgatar um braço de economia que foi muito expressivo
no município nos anos 20, 30 e 40.
A necessidade de escoamento e o incentivo do consumo de uva “in natura” e seus
derivados fez com que os agricultores, sindicatos, entidades, lideranças municipais e Poder
Público Municipal se organizassem e divulgassem a atividade. Desde o início a preocupação
foi incluir na Festa di Bacco os agricultores familiares, as cantinas, agroindústrias, panifícios,
queijarias, doces caseiros, artesanato local, entre outros.
A programação da Festa di Bacco, conta com o apoio da Prefeitura de Erechim,
Emater/Ascar, SUTRAF-AU, Comissão da Uva e Etnia Italiana, presidida pelo prefeito
municipal. A coordenação das atividades fica a cargo das secretarias municipais de Cultura
21
Esporte e Turismo e Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico. Durante a festa,
além da comercialização dos produtos, são realizadas atividades como desfile de carros
alegóricos, jantares típicos, Missa da uva, apresentações artísticas e culturais, cavalgada,
resgate dos jogos e brincadeiras populares, exposição de artesanato e produtos, passeios
turísticos pelo Vale dos Parreirais. A festa conta ainda com a participação das etnias alemã e
polonesa, grupos organizados e entidades como jipeiros, motoqueiros, carros antigos, vôo
livre e cavalarianos.
A região é essencialmente agrícola. Não existem grandes vinícolas, mas há muitos
imigrantes e seus descendentes que produzem vinho colonial para a comercialização,
mantendo os velhos costumes de produção e armazenamento. (VINHO em Erechim...., 2008)
4.5 O VINHO E A SAÚDE HUMANA
Os efeitos do vinho (e das bebidas alcoólicas em geral) sobre a saúde são objeto de
intenso estudo. Nos Estados Unidos, verificou-se um aumento considerável do consumo de
vinho tinto durante a década de 1990 e, em decorrência deste fato, constatou-se uma menor
incidência de doença coronária na população. Os epidemiologistas suspeitam que isso se deve
ao elevado consumo de vinhos bebidos pela população, no entanto esta suspeita baseia-se em
evidências científicas escassas.
Pesquisas confirmam que um dos componentes do vinho pode reduzir os níveis de
colesterol e aumentar a saúde do coração e dos vasos sangüíneos, além de prevenir e reduzir
o crescimento de alguns cânceres, graças à sua comprovada capacidade de evitar a oxidação
celular e fluidificar o sangue. Trata-se do resveratrol1. Potente antioxidante das uvas e de
algumas bebidas elaboradas com elas, não só ajuda a frear o envelhecimento e a deterioração
das células, mas também tem propriedades antiinflamatórias, antitumorais e ajuda a prevenir
doenças cardiovasculares. Essa substância que ajuda as plantas a resistir aos ataques dos
fungos foi identificada em dezenas de espécies vegetais, desde os amendoins e outros frutos
secos, até as amoras, e inclusive em alguns tipos de trigo, mas suas maiores concentrações
estão nas uvas e em um de seus principais produtos derivados, o vinho tinto.
1É uma substância que não foi desenvolvida nos laboratórios de alta tecnologia e máxima assepsia das
companhias farmacêuticas, mas no mais lento e vasto laboratório da natureza. É um protetor natural das plantas.
22
O composto da família dos polifenóis é produzido e se acumula na casca das uvas, por
isso sua presença em vinhos macerados tintos é muitas vezes superior a dos não-macerados.
Sua concentração diminui com o amadurecimento e a coloração das uvas, quando contém
mais açúcar. Acredita-se que plantas produzem resveratrol como uma reação ao estresse e que
este composto aumenta sua sobrevivência, além de ajudar a evitar infecções e consertar danos.
Alguns destes efeitos parecem se aplicar aos seres humanos.
O resveratrol passou a ganhar importância medicinal em 1997, ele bloqueia a ação dos
agentes cancerígenos, inibindo o desenvolvimento e o crescimento dos tumores e fazendo
com que as células pré-cancerosas retornem à normalidade. Ele reduz o nível de colesterol,
inibe a agregação das plaquetas, fazendo com que o sangue seja menos espesso, previne a
formação dos coágulos sangüíneos que desencadeiam os infartos cardíacos e cerebrais.
Um estudo publicado em 2007 descobriu que tanto o vinho tinto quanto o branco são
agentes antibacterianos eficazes. Em várias partes do mundo, hoje, os vinhos são utilizados
para tratar feridas.
Outra questão muito importante a tratar é o consumo excessivo de bebidas alcoólicas,
incluído o vinho, é causa de várias doenças, como a cirrose do fígado e o alcoolismo. O
alcoolismo é caracterizado pela dependência do etanol. Do ponto de vista médico, é uma
doença crônica devido à qual a pessoa deseja consumir etanol sem saciedade, ocasionando a
embriaguez. O álcool desestrutura as atividades mentais, produzindo quadros semelhantes às
psicoses, delírios e alucinações.
A concentração de álcool nos vinhos é de 11% e pode chegar até 40% nos destilados.
Depois da ingestão, 20% do álcool é absorvido pela mucosa estomacal, apenas 2 a 10% do
etanol são eliminados pela urina e pulmões, sendo o restante oxidado no organismo.
O consumo excessivo de álcool ocasiona a intoxicação que é ocasionada pela embriaguez,
a qual varia de uma breve euforia até o estupor alcoólico. O comprometimento da
coordenação motora e os reflexos são afetados, ocasionando um alto risco de ocorrer
acidentes, pois a capacidade de dirigir veículos é altamente afetada.
Conforme a legislação brasileira, uma pessoa está incapacitada de dirigir veículos com
segurança, se tiver no sangue uma concentração de álcool superior a 0,64 g/l ou um teor
alcoólico de 0,08%.
Um homem de porte médio tem aproximadamente um volume sanguíneo de 5 litros, logo,
utilizando-se da matemática, pode-se calcular nitidamente que a concentração de álcool no
sangue de 0,64 g/litro corresponde a 3,75 ml de álcool puro como limite máximo permitido.
23
Após levantadas estas informações, pode-se perceber que o vinho é um ótimo produto
para a saúde humana, pois é natural e faz bem, desde que não seja consumido
exageradamente. Dessa forma, a pessoa pode se beneficiar de suas propriedades antioxidantes
retiradas da natureza e viver com saúde, que é o mais importante para se ter uma vida melhor.
(AS ORIGENS...., 2008)
24
5 METODOLOGIA
5.1 TIPO DE PESQUISA
Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa.
Para Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2001, 2002), as pesquisas qualitativas procuram
consolidar procedimentos que possam superar os limites das análises meramente
quantitativas, pois respondem a questões muito particulares. A abordagem qualitativa
aprofunda-se no mundo dos significados, das ações e das relações humanas.
5.2 POPULAÇÃO ENVOLVIDA
A pesquisa foi feita com quatro agricultores do interior do município de Erechim, mais
precisamente do Distrito de Jaguaretê. A amostra envolvida teve escolha aleatória, sendo que
a inclusão dos sujeitos ocorreu a partir da localização geográfica de suas propriedades no
Distrito de Jaguaretê.
5.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
A pesquisa teve como instrumento de coleta de dados o questionário anônimo respondido
pelos agricultores a respeito do tema.
Segundo Fiorentini e Lorenzato (2006), o questionário é um dos mais tradicionais
instrumentos de coleta de informações e consiste numa série de perguntas que podem ser:
abertas; fechadas ou mistas.
Na pesquisa em questão, o questionário consistiu em perguntas abertas, ou seja, não
apresentando alternativas para resposta. Conforme salientam os autores, as questões abertas se
prestam melhor a coletar informações qualitativas, podendo ser agrupadas em categorias,
sendo possível também sua quantificação. Os questionários podem servir como uma fonte
25
complementar de informações, sobretudo na fase inicial e exploratória da pesquisa.
5.4 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
As informações obtidas foram organizadas em categorias originadas a partir do
questionário. A análise foi feita tendo em vista o referencial teórico e as informações obtidas
na coleta de dados.
26
6 DADOS E RESULTADOS
Os dados foram coletados a partir do questionário anônimo respondido pelos agricultores
participantes da pesquisa, e foram organizados em categorias como segue:
6.1 A UVA EM PROCESSO DE PRODUÇÃO E COLHEITA
Segundo os agricultores pesquisados, a poda é feita entre os meses de agosto e setembro.
Após alguns dias ocorre a brotação. Dependendo da região, do clima e da variedade da uva,
130 a 200 dias (5 a 6 meses), separam os primeiros botões da colheita, pois as uvas precisam
do sol do fim do verão para amadurecer. Após a poda, com a chegada da primavera, os botões
começam a se abrir. As folhas e os brotos se desenvolvem rapidamente e tornam a videira
aparentemente morta, verde.
A videira floresce no final da primavera, início do verão, de 6 a 12 semanas após o
rompimento dos botões. A floração normalmente dura por até 10 dias. Depois da floração, as
uvas começam a se desenvolver e surgem os cachos. Durante o verão, as uvas começam a
amadurecer. O conteúdo de açúcar das uvas aumenta e elas começam a mudar de cor e a
amolecer. Boas condições climáticas são vitalmente importantes para o processo de
amadurecimento, que continua até o final do verão e começo do outono. Quando elas
estiverem totalmente maduras, a colheita pode começar.
Para poderem ser colhidas, as uvas precisam ter uma graduação apropriada, a qual é
medida através do provinador ou alcoômetro (material usado pelos agricultores para medir a
graduação do vinho), que é uma espécie de termômetro. Para medir a graduação, os
agricultores retiram alguns cachos do parreiral e espremem seu suco. Após, é colocado na
geladeira para esfriar. Com um canudo de taquara, onde o suco é despejado, coloca-se o
provinador dentro e a graduação é medida. Cada variedade de uva tem uma graduação. As
mais produzidas são a uva Berlin e a Francesa, seguidas da Niágara.
A uva Berlin varia entre 20 e 21 graus, a Francesa, de 14 a 16 graus e a Niágara em torno
de 15 graus. Com a graduação adequada, a uva passa a ser colhida. Ela é retirada do parreiral
e é transportada em cestas de vime que são utilizadas para a pesagem.
27
6.2 A FABRICAÇÃO DO VINHO
Após a colheita, as uvas passam por uma seleção para a retirada dos grãos verdes e
podres. Em seguida, são pesadas e levadas para serem moídas, ou seja, para a retirada do
suco. Os agricultores utilizam uma máquina de moer feita de madeira com uma espécie de
rolo instalado em seu interior, que é tocado a mão por um cabo de ferro. As uvas são
despejadas neste recipiente e esmagadas. Após, são depositadas em um mastel de madeira ou
caixa de água, junto com as cascas, o açúcar e a água para que o vinho possa adquirir cor.
A maior parte dos agricultores, nesta etapa, utiliza 50g de açúcar para cada 500ml de água.
Isto é utilizado para a uva Berlin, pois ela possui pouco líquido e bastante graduação.
Necessita de açúcar e água em uma proporção adequada para que tenha a graduação desejada.
Nas demais uvas, só é utilizado o açúcar para aumentar a graduação, pois elas possuem
bastante líquido e pouca graduação.
Somente um agricultor utiliza outros dois produtos na fabricação do vinho, que são o
Metabissulfito de Potássio e o Betonite utilizados para a melhor conservação do vinho.
Depois de serem feitas estas misturas, o vinho leva de 2 a 8 dias para que ocorra a primeira
fermentação ainda com as cascas. É onde se obtém o vinho doce, pois ainda não tem teor
alcoólico. Após uma semana, é feita a transferência do mastel para as pipas ou bombonas de
plástico, separando-o das cascas.
Depois de depositado nesses recipientes, ele passa por uma nova fermentação. As
bombonas ou pipas são lacradas e através de mangueiras finas colocadas em litros pet cheios
de água ligados à pipa, ocorre a formação de bolhas na água (fermentação). A pressão do
vinho faz com que o ar da pipa saia e faça bolhas de ar na água. Quando não ocorre mais a
formação de bolhas, o vinho está pronto. Este processo dura de 20 a 50 dias. Após a
fermentação, normalmente o vinho é turvo. Para tornar o vinho estável e conseguir uma
melhor aparência, é feita uma nova filtragem. Posteriormente ele é novamente colocado nas
pipas ou bombonas, ou até mesmo em litros pet (descartáveis), para que ocorra o seu
envelhecimento e, assim, está pronto para o consumo.
Basicamente os agricultores produzem o vinho tinto, o branco e o rosê, pois, para eles,
além de ser um produto natural e que faz bem para a saúde, ainda ajuda na renda da família.
Em média, para produzir um litro de vinho, são necessários 1,7kg de uva Francesa e Niágara,
pois elas possuem bastante líquido. Já a uva Berlin necessita de 2,2kg de uva para fazer um
litro de vinho, pois possui menos líquido.
28
A produção de vinho nas propriedades pesquisadas varia de 400 a 3.100 litros e exige
muita mão-de-obra, mesmo assim, a maioria dos agricultores concorda que produzir o vinho
é mais lucrativo, desde que seja de boa qualidade, pois, segundo eles, depois de passada a
época não haveria mais nem uvas para comer e nem o vinho.
6.3 A MATEMÁTICA UTILIZADA NA PRODUÇÃO DO VINHO
Conforme salientam os agricultores, a utilização da matemática inicia desde a preparação
do solo, na forma de manejo, nas despesas, até chegar ao vinho. Todos concordam que as
operações de divisão são as mais utilizadas, sem desconsiderar outros cálculos também
aplicados. Ao utilizar 50g de açúcar para cada 500ml de água, os agricultores estão se
utilizando da razão e proporção, da regra de três simples, sem se darem conta de que existem
conteúdos matemáticos muito importantes na formação escolar que passam despercebidos aos
seus olhos.
O lucro obtido com o vinho produzido, segundo um dos agricultores, é 40% a mais do que
vender a uva em grãos. Outro agricultor ganha R$ 2,50 por litro de vinho. Os dois restantes
afirmam que o lucro é ter em casa um vinho de boa qualidade, que é saudável para o consumo
da família; desta forma, o lucro, para eles, é de cem por cento, pois é um produto natural que
eles sabem o que contém, o qual é utilizado para o consumo da família e também para a
venda.
29
7 ANÁLISE DOS DADOS
Tendo em vista tudo o que foi exposto até o momento e, sabendo das dificuldades pelas
quais o ensino vem passando, percebe-se que a Modelagem Matemática é uma ótima
oportunidade, ou seja, uma alternativa a mais para ser trabalhada em sala de aula.
A partir de um problema ou assunto da realidade, pode-se fazer um trabalho maravilhoso,
que desperta o interesse e a curiosidade dos alunos conforme destaca Scheffer (1999) no
referencial teórico. Os educandos deixam de ser receptores passivos e passam a fazer parte da
construção de um aprendizado significativo.
Analisando as etapas do processo de fabricação de vinho, verifica-se que os agricultores
utilizam muita matemática para fazer os cálculos de quanto açúcar irão precisar, de quanta
água. Até para fazer a poda, eles precisam saber qual a época certa, após precisam calcular
quando a parreira começará a brotar. Ocorre toda uma contagem de dias e meses até chegar à
colheita da uva.
Trabalham com as unidades de medidas (kg e g) quando da pesagem das uvas, e também
com o litro, ml para saber quanto vinho foi produzido e qual a quantidade exata de água, que
devem adicionar com a razão e proporção, divisão, regra de três simples e porcentagem.
Todos esses conteúdos são trabalhados no Ensino Fundamental e são muito importantes na
formação escolar.
Com este exemplo do vinho, pode-se mostrar a importância do relacionamento entre a
matemática e a vida prática desse grupo de agricultores e como a Modelagem Matemática
pode ser apresentada como uma concepção de educação que permite fazer essa interação entre
a realidade dos estudantes e os conhecimentos matemáticos necessários, para que possam
compreender melhor sua forma de ver e refletir sobre o mundo que os rodeia.
No decorrer desta pesquisa, observaram-se algumas formas de compreensão da
matemática que não correspondem às formas utilizadas na escola, mas é uma matemática
própria dos agricultores. Observou-se que os conhecimentos e os conceitos matemáticos não
foram impostos, colocados prontos e acabados. Eles foram sendo construídos a partir daquilo
que os agricultores conheciam anteriormente e que, para eles, isso é muito válido, é algo que
eles trazem há muito tempo e que foi adquirido com o passar dos anos de pai para filho.
30
Por isso, mais uma vez, é importante frisar que se deve estar consciente de que os alunos
já trazem uma bagagem enorme de conhecimentos que é preciso aproveitar ao máximo. Deve-
se proporcionar aos educandos um outro modo de entendimento dos conceitos matemáticos
para que eles possam tornar-se seres críticos, capazes de modificar a realidade ao seu redor.
Um aluno que é trabalhado dessa forma não ficará calado diante do professor que explica
a matéria, mas vai sempre perguntar, querer saber mais, se atualizar e descobrir o mundo de
outra forma. Vai tornar-se um ser crítico, capaz de questionar e se posicionar diante de uma
situação-problema.
Conforme bem destacaram Biembengut e Hein (2003), isso só acontece porque é dada ao
aluno a oportunidade de estudar situações-problema por meio da pesquisa, desenvolvendo seu
senso crítico. Dessa forma, percebe-se claramente que, quando incentivado, o educando é
capaz de produzir conhecimento e utilizá-lo para a vida, pois ganha mais liberdade, torna-se
autônomo, despertando sua curiosidade e criatividade.
Assim considera Scheffer (1999), quando diz que o verdadeiro sentido da Modelagem
Matemática é servir de instrumento para a compreensão e modificação da realidade,
mostrando dessa forma a importância da matemática e que ela está inserida na sociedade e no
mundo de diversas formas, basta saber identificá-la e utilizá-la de maneira adequada.
Portanto é importante incentivar cada vez mais os alunos para que se sintam motivados
para as aulas, diminuindo o índice de evasão escolar que hoje em dia é cada vez mais
preocupante e freqüente. Para isso, deve-se buscar um ensino diversificado que abranja
assuntos da realidade para despertar no aluno o interesse por querer vir a aula e lá adquirir
conhecimento que será utilizado no seu dia-a-dia.
É preciso que o aluno seja capaz de descobrir por seu próprio esforço que sem estudo fica-
se sem rumo e distante dos ideais de transformar esse mundo em que se vive. Para tanto, é
importante trabalhar em sala de aula conteúdos que envolvam a realidade, ou seja, que dêem
ao aluno a oportunidade de se sentir bem, importantes, sabendo que, de alguma forma, eles
também podem contribuir com seu saber dentro da sala de aula, tornando-a até mais
interessante e atraente, motivando-os a participarem deste processo de construção do
conhecimento.
Dessa forma, pode-se dizer que a Modelagem Matemática busca dar uma nova imagem à
Matemática, tenta superar aquela ansiedade que se criou em torno da disciplina, que é difícil,
no sentido comum é considerada um bicho de sete cabeças. A Modelagem vem mostrar que
todos são capazes de aprender, que é importante valorizar o conhecimento trazido pelo aluno
31
e desenvolver a capacidade que os educandos têm de criar, modificar o que já está pronto.
Assim, torna-se possível o desenvolvimento da aprendizagem, do raciocínio, da criatividade
e, principalmente, da autonomia. Nesse sentido, a matemática fica mais interessante e atrativa,
passando a contribuir na formação deles, tornando-os capazes de opinar, de participar dos
processos de transformação e construção da realidade.
Conforme Scheffer (1990 a), a Modelagem Matemática possibilita, dentro da sala de aula,
um ambiente de troca de informações, de participação ativa dos alunos, que interagem com o
objeto de estudo.
Outro aspecto muito importante para trabalhar Modelagem Matemática é a possibilidade
de vencer o desafio da desmotivação dos alunos para aprender matemática, a estrutura formal
da escola que cria barreiras e inibe as iniciativas dos professores por causa da carga horária.
Eles precisam vencer todos aqueles conteúdos propostos pelo Projeto Político Pedagógico da
escola.
Conseqüentemente, a iniciativa deve partir da escola e dos professores de matemática para
propor novas formas de aprendizagem a seus alunos, deixando de seguir rigidamente todos os
conteúdos previstos. Essa tarefa nem sempre é fácil, mas se todos fizerem um pouquinho,
quem sabe seja possível transformar essa realidade que hoje é tão preocupante.
32
8 UMA PROPOSTA EXPLORATÓRIA DO TEMA VINHO NO ENSINO
FUNDAMENTAL
1 Tema: Vinho
2 Assunto: Produção do vinho
3 Série: 5ª série do Ensino Fundamental
4 Duração: 10 horas/aula
5 Conteúdos: - números decimais
- arredondamento
- unidades de medida (de litro e massa)
- sistema monetário
- média de dados não-agrupados
6 Objetivos: - Reconhecer e transformar unidades de medida
- Calcular a média de dados
- Estabelecer o arredondamento adequado
- Resolver problemas de aplicação relacionados ao tema
7 Temas Transversais: - Alcoolismo
- Malefícios e benefícios do vinho para a saúde
8 Desenvolvimento:
Propõe-se iniciar a exploração do tema a partir de um breve histórico sobre o vinho,
destacando a cidade de Erechim, seu surgimento, seus malefícios e benefícios à saúde. O
presente texto será exposto oralmente, sendo que os alunos o receberão xerografado.
33
O VINHO, SUA TRAJETÓRIA E SUA IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE HUMANA
A localidade e o momento em que surgiu o vinho ainda é uma incerteza. Os primeiros
países a receberem semente de uva foram: Estados Unidos da América, Argentina, Chile e
Brasil.
Quem trouxe as uvas para as Américas foi Cristóvão Colombo em 1943. As videiras
foram trazidas para o Brasil entre 1532 e 1551. Em 1814, a uva Isabel foi plantada pela
primeira vez no Brasil onde adaptaram-se nos solos, e com os climas de nossa região.
No Rio Grande do Sul, concentra-se mais de 90% da produção vinícola do país, onde
destacam-se várias cidades e regiões pela sua vinicultura. Dentre estas cidades, encontramos
diversos municípios como por exemplo nossa cidade: Erechim.
O cultivo da videira foi trazido pelos colonizadores italianos no início do século XIX e
está presente até hoje em grande parte das famílias do interior do município de Erechim. Essa
cultura vem tomando maiores proporções, servindo de fonte de ganhos para diversas famílias.
A tradição passa de pai para filho. A etnia italiana nunca dispensou o cultivo da uva, até por
uma questão de sobrevivência. Nos últimos anos, a produção de uvas e seus derivados, vêm
crescendo cada vez mais em nossa região.
Erechim já produziu vinhos para o Palácio do Governo do Estado, em 1925. Era fabricado
e engarrafado pelo pioneiro João Tozzo que aqui se estabeleceu em 1912. Tivemos o parreiral
do Professor Carlos Mantovani. Era uma espécie de Posto Experimental e estava localizado
no Bairro das Três Vendas. Atualmente, o número de produtores de uva no município chega a
150, sendo que 47 têm como principal atividade o cultivo da parreira, e mais de 100 têm essa
como uma das atividades na propriedade. As cantinas registradas são: Bandiera, Bantistella,
Guarnieri e Slongo.
Nossa cidade também possui a Festa di Bacco – Festa da Uva que deu seus primeiros
passos em 2001, como forma de promover o setor da vitivinicultura e resgatar um braço de
economia que foi muito expressivo no município nos anos 20, 30 e 40. A Festa Di Bacco
inclui agricultores familiares, cantinas, agroindústrias, panifícios, queijarias, doces caseiros,
artesanato local, entre outros que vem a contribuir com nossa cultura.
Não encontramos grandes vinícolas em Erechim, mas temos muitos imigrantes e seus
descendentes que produzem vinho colonial para a comercialização mantendo os velhos
costumes de produção e armazenamento.
34
O vinho é uma bebida alcoólica, resultante da fermentação de uvas frescas, maduras por
intermédio de microorganismos, chamadas leveduras, as quais transformam o açúcar do suco
da uva em álcool etílico e em outros elementos. Em função disto, o vinho diferencia-se dos
demais produtos que, são caracterizados por misturas de diversas matérias-primas.
Por essa razão, o vinho possui um componente muito importante, que é um protetor
natural das plantas. Trata-se do resveratrol. Essa substância ajuda a as plantas a resistirem aos
ataques dos fungos. Pode ser encontrada em amendoins, frutos secos, em amoras, em alguns
tipos de trigo, mas, suas maiores concentrações estão nas uvas e em um de seus principais
produtos derivados, o vinho tinto.
O resveratrol se acumula na casca das uvas. Por isso, sua presença em vinhos tintos é
muito superior que nos vinhos brancos e rosê. Sua concentração diminui quando a uva
amadurece e, ocorre a coloração pois, ela passa a adquirir mais açúcar.
Nos seres humanos, o resveratrol pode reduzir os níveis de colesterol, aumentar a saúde
do coração e vasos sanguíneos. Previne e reduz o crescimento de alguns cânceres por possuir
a capacidade de evitar a oxidação celular e fluidificar o sangue. Por ser um potente oxidante
das uvas, não só ajuda a frear o envelhecimento e a deterioração das células, mas também
possui propriedades antiinflamatórias e antitumorais que ajudam a prevenir doenças
cardiovasculares.
Outro ponto importante que devemos frisar, é que além de o vinho ser um importante
aliado para a saúde humana, quando consumido em excesso, pode ser causa de diversas
doenças e ocasionar problemas. Por exemplo, a cirrose, o alcoolismo que é caracterizado pela
dependência do etanol ocasionando a embriaguez. O álcool desestrutura as atividades mentais,
ocasionando delírios, alucinações, etc. Além da intoxicação, o comprometimento da
coordenação motora e dos reflexos são afetados, ocasionando um alto risco de ocorrerem
acidentes.
Levantadas estas informações, pode-se perceber que o vinho é um ótimo produto para a
saúde humana pois, é natural e faz bem, desde que não seja consumido exageradamente.
Dessa forma podemos nos beneficiar de suas propriedades antioxidantes retiradas da natureza
e vivermos com saúde, que é o mais importante para termos uma vida melhor e tranqüila.
Depois de refletir com os alunos sobre a importância do vinho para a saúde humana e
também sobre o alcoolismo, citado no texto, desenvolverei com os mesmos, várias atividades
relacionadas ao tema.
35
1ª atividade:
Será solicitado aos estudantes que pesquisem nas vinícolas sobre os diferentes tipos de
vinho encontrados em Erechim e o material utilizado para sua fabricação.
2ª atividade:
Será elaborado em sala de aula, conjuntamente com os alunos, um questionário que será
aplicado à produtores de vinho do interior do município na forma de entrevista.
Possíveis questões:
- Que tipo de vinho é fabricado em sua propriedade?
- Qual a quantidade média de vinho produzido anualmente?
- Qual a época do ano em que o vinho é fabricado?
- Se você vende o vinho produzido, qual o valor pago por litro?
- Que produtos são utilizados na fabricação do vinho? Em que quantidade?
3ª atividade:
Será construída uma tabela com os diferentes tipos de vinho e os respectivos valores
conforme tabela que segue. A atividade será desenvolvida em grupos. Para que eles consigam
um melhor resultado nas divisões, ensinarei como é feito corretamente o arredondamento.
Arredondamento de acordo com o IBGE:
De acordo com a Resolução 886/66 da Fundação IBGE, o arredondamento é feito da
seguinte maneira:
� Quando o primeiro algarismo após aquele que vamos arredondar for de 0 a 4,
conservamos o algarismo a ser arredondado e desprezamos os seguintes.
Exemplo: 7,348(para décimos) = 7,3
� Quando o primeiro algarismo após aquele que vamos arredondar for de 6 a 9,
aumentamos uma unidade no algarismo a ser arredondado e desprezamos os
seguintes.
Ex:1,2734 (para décimos) = 1,3
36
� Quando o primeiro algarismo após aquele que vamos arredondar for 5, seguido apenas
de zeros, conservamos o algarismo, se ele for par, aumentamos uma unidade, se ele for
ímpar, desprezando os seguintes.
Ex: 6,250 (para décimos) = 6,3
Ex: 6,350 (para décimos) = 6,4
OBS: Se o 5 for seguido de outros algarismos dos quais, pelo menos um é diferente de
zero, aumentamos uma unidade no algarismo e desprezamos os seguintes.
Ex:8,3502 (para décimos) = 8,4
Ex: 8,4523 (para décimos) = 8,5
*Não devemos nunca fazer arredondamentos sucessivos.
*As tabelas devem sempre fechar em 100%.
Tabela que será construída com os alunos:
Tabela 1- Produção de Vinho, 2008.
Tipos de
vinhos
Quantidade
produzida
anualmente
Qt. de uva
necessária para
1litro de vinho
Valor recebido
pela Qt coletada
Valor pago por
litro de vinho
Vinho Tinto 1.250 litros 2,2kg R$ 3.125,00 R$ 2,50
Vinho Branco 700 litros 1,7kg R$ 2.100,00 R$ 3,00
Vinho Rosê 400 litros 1,9kg R$ 800,00 R$ 2,00
Fonte: Cibéli Fátima Cavalett (2008).
Sugestões para exploração da tabela:
Trabalhar com transformação de unidade de massa kg, g, mg. Unidade de litro l, ml.
Após ter explorado com os alunos as unidades de medida, passarei a explorar a média
envolvendo os dados da tabela. Como a tabela será construída em grupos (preferencialmente 4
grupos), incentivarei os alunos para que façam a média dos dados obtidos. Para isso,
explicarei como se calcula a média de dados não agrupados que é o caso da tabela acima.
Alguns modelos matemáticos que poderão ser desenvolvidos a partir da tabela.
37
Média de dados não agrupados:
Somam-se todos os dados e divide-se pelo número de elementos que estão na tabela.
MODELO MATEMÁTICO
Mavt = Média anual de vinho tinto
Qtg1 = Quantidade recolhida pelo grupo 1
Qtg2 = Quantidade recolhida pelo grupo 2
Qtg3 = Quantidade recolhida pelo grupo 3
Qtg4 = Quantidade recolhida pelo grupo 4
n = número de elementos.
Valor obtido pelos alunos referente à quantidade de vinho tinto produzido anualmente
250.14
000.5
4
200.1600.1700.1500 ==+++=Mavt
Conclusão esperada: A média anual de vinho tinto é de 1.250 litros.
7004
800.2
4
850900600450 ==+++=Mavb
Mavb = Média anual de vinho branco.
Conclusão esperada: A média anual de vinho branco é de 700 litros.
4004
600.1
4
350500470280 ==+++=Mavr
Mavr = Média anual de vinho rosê
Conclusão esperada: A média anual de vinho rosê é de 400 litros.
n
QtgQtgQtgQtgMavt
4321 +++=
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Modelo matemático para a média anual de todos os vinhos incluídos.
MODELO MATEMÁTICO
n
QvrQvbQvtMav
++=
Mav = Média anual de vinho
Qvt = Quantidade de vinho tinto
Qvb = Quantidade de vinho branco
Qvr = Quantidade de vinho rosê
n = número de elementos
1. Qual a média anual de vinho produzida pelos agricultores?
MODELO MATEMÁTICO
n
QvrQvbQvtMav
++=
33,7833
400700250.1 =++=Mav
Mav = 783,33 litros produzidos anualmente
Conclusão esperada: A média anual dos vinhos produzidos é de aproximadamente 783,33
litros.
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2. Qual o preço médio pago pelo litro do vinho?
MODELO MATEMÁTICO
n
PvrPvbPvtPmv
++=
Pmv = Preço médio pago pelo litro do vinho
Pvt = Preço do vinho tinto
Pvb = Preço do vinho branco
Pvr = Preço do vinho rosê
n = número de elementos
50,23
5,7
3
00,200,350,2 ==++=Pmv
Pmv = R$ 2,50 o litro de vinho.
Conclusão esperada: O preço médio pago pelo vinho é de R$ 2,50 o litro.
3. Se 1 litro de Vinho Tinto custa R$ 2,50, quanto custam 1.250 litros?
MODELOS MATEMÁTICOS
PplQvpCv ×=
Cv = Custo do vinho
Qvp = Quantidade de vinho produzida
Ppl = Preço pago por litro
PplQvpCv ×=
00,125.3$50,2250.1 RCv =×=
Conclusão esperada: 1.250 litros de vinho tinto custam R$ 3.125,00.
40
4. Se 1 litro de vinho branco custa R$ 3,00, quanto custam 700 litros?
PplQvpCv ×=
00,100.2$00,3700 RCv =×=
Conclusão esperada: 700 litros de vinho branco custam R$ 2.100,00.
5. Se 1 litro de vinho rosê custa R$ 2,00, quanto custam 400 litros?
PplQvpCv ×=
00,800$00,2400 RCv =×=
Conclusão esperada: 400 litros de vinho rosê custam R$ 800,00.
6. Se para fabricar 1 litro de vinho tinto são necessários 2,2 kg de uva, quantos kg de uva são
necessários para fabricar 1.250 litros?
MODELOS MATEMÁTICOS
lQkgQtaTkg /×=
Tkg = total de kg
Qta = quantidade produzida anualmente
Qkg/l = quantidade de kg para 1 litro
lQkgQtaTkg /×=
750.22,2250.1 =×=Tkg
Conclusão esperada: Para fabricar 1.250 litros de vinho tinto são necessários 2.750kg de uva.
41
7. Quantos kg de uva são necessários para fabricar 700 litros de vinho branco?
lQkgQtaTkg /×=
190.17,1700 =×=Tkg
Conclusão esperada: Para fabricar 700 litros de vinho branco são necessários 1.190 kg de uva.
8. Calcular o total de kg necessários para fabricar 400 litros de vinho rosê?
lQkgQtaTkg /×=
7609,1400 =×=Tkg
Conclusão esperada: Para fabricar 400 litros de vinho rosê são necessários 760 kg de uva.
4ª atividade:
Após ter explorado o conteúdo da tabela envolvendo os modelos matemáticos, ou seja, a
média dos preços pagos por litro de vinho, incentivarei os alunos para que reflitam sobre os
problemas do aquecimento global, não só envolvendo o tema vinho, mas todos nós como
seres humanos.
5ª atividade:
Como atividade culminante, será feita a apresentação das entrevistas realizadas pelos
alunos, envolvendo o tema proposto.
42
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa possibilitou à pesquisadora uma nova forma de ver a realidade que cerca o
ambiente escolar, em especial na maneira de trabalhar os conteúdos vinculados à realidade.
Na vivência do mundo real, a matemática apresenta-se de certa forma “camuflada” no
cotidiano, sem que as pessoas percebam a sua importância como um instrumento de
compreensão do mundo, servindo, quase sempre, apenas como um instrumento utilitário, em
razão das necessidades de resolução de alguns problemas que surgem no dia-a-dia.
É por essa razão que a Modelagem Matemática pode trazer mudanças para a sala de aula,
beneficiando os alunos e estimulando o debate dentro da escola sobre as mudanças que ela
pode trazer para a educação, ou seja, a Modelagem Matemática serve justamente para fazer
esta ligação entre a realidade e os educandos.
Além de possibilitar inúmeras maneiras de abordagem dos conteúdos, a Modelagem
também é capaz de ampliar e modificar o ambiente de aprendizagem, pois ela se baseia na
pesquisa, na investigação, através da qual, os alunos, ao invés de receberem tudo pronto,
passam a ser ativos na construção do seu conhecimento, o que faz com que fiquem mais
motivados e que sejam capazes de descobrir, por mérito próprio, os modelos matemáticos e as
diferentes formas como a matemática está inserida no meio em que vivem.
Para isso, enfatiza-se, sempre que for possível, que os educadores devem trabalhar os
conceitos matemáticos a partir da realidade, só assim a matemática passa a ser mais
interessante, pois os educandos serão capazes de contribuir na própria construção do saber
com aquilo que sabem, com que estão em contato, e a escola deixa de ser algo fora de sua
realidade e começa a fazer parte de suas vidas.
Durante a análise dos resultados auferidos, constatou-se que há vários conteúdos de
matemática que podem ser abordados no Ensino Fundamental a partir do tema Vinho, como a
divisão, razão e proporção, regra de três simples, porcentagem, entre outros conteúdos esses
que, quando confrontados com a realidade, podem se tornar um excelente instrumento de
aprendizagem, trazendo mais significado, quando aplicados.
A presente pesquisa sobre a Modelagem Matemática aplicada ao tema Produção do Vinho
43
além de possibilitar o resgate da cultura das pequenas propriedades da região, ensejou a
oportunidade de mostrar uma nova maneira de ensinar e contextualizar a matemática através
dos modelos matemáticos, dando validação e significação aos conteúdos.
No primeiro momento, os alunos poderão se sentir receosos frente à maneira diferente de
trabalhar matemática, mas no momento em que começarem a conhecer melhor o tema e se
aprofundarem mais sobre a realidade estudada, tornarão a aprendizagem prazerosa, pois a
mesma englobará vivências e significação de conhecimentos que antes eram trabalhados de
maneira separada, descontextualizada. Salienta-se que é desta forma que ocorre a
experimentação, a formulação das hipóteses e a validação dos conhecimentos. A Modelagem
Matemática, quando utilizada como instrumento de pesquisa, estimula novas idéias e se
utiliza de conceitos e de modelos matemáticos para entender o mundo real.
Conclui-se, assim, que a Modelagem Matemática pode enriquecer as aulas de matemática
e ajudar a formar alunos preparados para viverem no mundo atual, desde que o professor
tenha objetivos claros e vontade de alcançar essas metas.
Mas, para que essas expectativas se concretizem, não se deve deixá-las no papel, o
professor precisa ter vontade de utilizar esta ferramenta e também liberdade de atuação para
implantar esta proposta junto ao sistema de ensino no qual atua. É claro que sempre haverá
obstáculos, quando da implantação de algo novo, mas o educador deve estar certo da
eficiência do processo desenvolvido com o uso da Modelagem Matemática para atingir os
objetivos de um ensino de qualidade, tendo a certeza de que os alunos estarão levando o
conhecimento para a vida.
Acredita-se que a Produção de Vinho como proposta de Modelagem é um tema rico em
aplicações, não só para o Ensino Fundamental, mas também para o Ensino Médio e Superior.
Basta verificar algumas aplicações, como as encontradas no livro de Bassanezi (2003), onde o
autor mostra que com o tema em pauta são construídos gráficos, resolvidos sistemas, dentre
outros assuntos.
A partir deste tema, além de explorar conteúdos matemáticos, pode-se conscientizar os
alunos sobre os efeitos e as conseqüências do uso exagerado do álcool e, também, informar
sobre o quanto é importante e saudável para a saúde humana consumir produtos naturais de
qualidade, que fazem bem para manter o ritmo e a disposição diária de vida.
Finalmente, acredita-se que trabalhar Modelagem Matemática abordando o tema Produção
do Vinho é viável e pressupõe um aspecto importante no ensino, a interdisciplinaridade.
44
REFERÊNCIAS
ALVES-MAZZOTTI, Alda Judith; GEWANDSZNAJDER, Fernando. O método das Ciências Naturais e Sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. 2. Ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. 2002. BASSANEZI, Rodney Carlos. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática: uma nova estratégia. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2003. BIEMBENGUT, Maria Salett. Modelagem Matemática e implicações no ensino e na aprendizagem. 2.ed. Blumenau, SC: Edifurb, 2004. BIEMBENGUT, Maria Salett; HEIN, Nelson. Modelagem Matemática no ensino. São Paulo, SP: Contexto , 2003. FIORENTINI, Dário; LORENZATO, Sérgio. Investigação em educação matemática: percursos teóricos e metodológicos. Campinas, SP:Autores Associados, 2006. ORIGEM do vinho. Disponível em: http:// menbers.tripod.com/edu.explica/origemvin.html.
Acesso em: 6/3/2008.
VINHO em Erechim. Disponível em: http//www.riogrande.com.br/erechimhtml. Acesso em:
14/3/2008.
AS ORIGENS do vinho. Disponível em:
http://www.projetosunijuí.edu.br/matemática/capacitacao/capacitacao/ccpmem/liane_natalina/
vinho.htm. Acesso em: 14/03/2008
45
PONTE, João Pedro da. Educação e Matemática. A Modelação no Processo de Aprendizagem Departamento de Educação. Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa. Lisboa, 1992. Disponível em: < www.educ.fc.ul.pt/docentes/ponte/docs-pt/92-Ponte(Educ&Mat).doc>. Acesso em: 14 abr. 2008. SANTOS, L. M. M. ; BISOGNIN, Vanilde. Modelagem Matemática por meio do tema poluição do ar, do solo e das águas. VIDYA , Santa Maria, v.24, n. 42, p. 125-144, jul./dez.2004. SILVEIRA, Jean Carlos; RIBAS, João Luíz Domingues. Discussões sobre Modelagem Matemática e o ensino-aprendizagem. Londrina-PR, 14, 15 e 16 out. 2004. Disponível em:<www.somatematica.com.br/artigos>. Acesso em: 20 abr. 2008. SIMON, Joana; O'LEARY, Ian; PIGNATARI, Ricardo. O livro do vinho. São Paulo: Três, Dorling Kindersley, 2003. SCHEFFER, Nilce Fátima. Modelagem matemática: uma abordagem para o ensino-aprendizagem da Matemática. Educação Matemática em Revista, SBEM - RS, n.1, p.11-16, maio, 1999. ______. Modelagem Matemática – Uma alternativa para resolver problemas a partir de dados da realidade na 3ª série do 1º grau (I). Perspectiva, Erechim, RS, v.14, n. 47, p. 53 - 81, jul. /set. 1990 a. ______. Modelagem Matemática – Uma alternativa para resolver problemas a partir de dados da realidade na 3ª série do 1º grau (II). Perspectiva, Erechim, RS, v.14, n. 48, p.21-50, out./dez. 1990 b.
46
APÊNDICE
47
APÊNDICE A – Questionário Anônimo
Informações para o (a) participante voluntário (a):
Você está convidado(a) a responder este questionário anônimo que faz parte da coleta de
dados da pesquisa “Modelagem Matemática e a produção do vinho na zona rural”, sob
responsabilidade da pesquisadora Cibéli Fátima Cavalett, acadêmica do Curso de Matemática,
e sob orientação da Profa. Dra. Nilce Fátima Scheffer do Departamento de Ciências Exatas e
da Terra da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI-Campus de
Erechim.
Caso você concorde em participar da pesquisa, leia com atenção os seguintes pontos: a)
você é livre para, a qualquer momento, recusar-se a responder às perguntas que lhe ocasionem
constrangimento de qualquer natureza; b) você pode deixar de participar da pesquisa e não
precisa apresentar justificativas para isso; c) sua identidade será mantida em sigilo; d) caso
você queira, poderá ser informado (a) de todos os resultados obtidos com a pesquisa,
independentemente do fato de mudar seu consentimento em participar da pesquisa.
QUESTIONÁRIO:
1)Qual a época de poda da parreira? E, após quanto tempo ela dará frutos para serem
colhidos?
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2) Qual a graduação que a uva deve ter para poder ser colhida?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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___________________________________________________________________________
3) Qual o instrumento utilizado para medir a graduação do vinho? Como saber se ele está
pronto para consumo?
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___________________________________________________________________________
4) Quais produtos são utilizados na fabricação do vinho além da uva? Em que quantidade?
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5) Depois de preparar o vinho quanto tempo ele leva para fermentar?
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6) Após a fermentação, onde ele é armazenado?
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___________________________________________________________________________
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7) Quantos quilos de uva são necessários para produzir 1 litro de vinho?
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___________________________________________________________________________
8) Qual o tipo de vinho produzido em sua propriedade? Porque?
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___________________________________________________________________________
9) Qual a produção anual de vinho de sua propriedade?
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___________________________________________________________________________
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___________________________________________________________________________
10) O que é mais rentável, vender a uva em grãos ou produzir o vinho?
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___________________________________________________________________________
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11) Qual o lucro ao produzir vinho?
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12) Qual a matemática mais utilizada na produção do vinho?
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___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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ANEXO
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ANEXO A: Fotos do processo de fabricação do vinho
Figura 1 - A uva antes da colheita Fonte: Cibéli Fátima Cavalett
53
Figura 2 - : Instrumento utilizado para medir a graduação da uva (provinador)
Fonte: Cibéli Fátima Cavalett
54
Figura 3 - A uva sendo esmagada para o processo de extração do suco Fonte: Cibéli Fátima Cavalett
55
Figura 4 - O processo de fermentação do vinho
Fonte: Cibéli Fátima Cavalett
56
Figura 5 - Recipientes utilizados para a armazenagem do vinho (pipas)
Fonte: Cibéli Fátima Cavalett
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