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Módulo 2
Avaliação Mediadora e Projeto Político Pedagógico: a
reorganização didática.
A avaliação, nas últimas décadas, está mais valorizada nos meios
educacionais brasileiros, percebida como fundamental para a
consolidação de uma escola de qualidade, em um movimento crescente e
contrário do que ocorreu nas décadas de 1970 e 1980, que considerou a
avaliação uma prática excludente, que reprovava em grande quantidade,
de forma sistemática, educandos, levando-os a abandonar a escola ou a
mantê-los na escola, por anos, sem adquirir o nível de conhecimento
apropriado. A avaliação foi considerada como uma prática de contenção
disciplinar, ao controlar comportamentos, muito relacionada ao modelo
tecnicista de avaliar.
A partir da década de 1990, a avaliação escolar começa a ser questionada
por ser considerada um instrumento de poder, de diferenciação do saber
entre classes sociais, inserida em uma prática escolar reprodutivista em
uma sociedade capitalista. Uma crítica à escola autoritária e excludente
que abre espaço para uma reflexão sobre a importância da avaliação
escolar.
A partir da década de 1990, estudos sobre a escola e sobre a prática
avaliativa começam a refletir sobre a importância da avaliação para a
consolidação de uma escola democrática. A questão central encontra-se
em pensar como a escola promove a aprendizagem dos educandos e de
como a avaliação deve ser parte do Projeto Político Pedagógico (PPP).
Neste processo as avaliações externas, a institucional e a para a
aprendizagem são repensadas, consideradas fundamentais para o
fortalecimento do PPP, por serem meios de obter dados sobre a
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infraestrutura, sobre a formação dos professores e sobre as experiências
educativas dos educandos.
Avaliação Externa
As melhorias dos serviços prestados pelas instituições educacionais não se
limitam à compreensão de que avaliar é observar e acompanhar o
desenvolvimento dos educandos, por meio da avaliação para a
aprendizagem. A avaliação institucional também ganha importância e
amplia o entendimento de que para a consolidação da qualidade, além de
todo o processo avaliativo, também a organização pedagógica deve ser
avaliada. Ambos devem permear todo o caminho pedagógico: início,
desenvolvimento e resultado. Portanto, a avaliação para a aprendizagem e
a avaliação institucional não são momentos estanques, separados – a
avaliação para a aprendizagem, mesmo apresentando suas
especificidades, depende de como o Projeto Político Pedagógico se
organiza, das condições da própria instituição escolar.
Entendendo a avaliação como resultado da análise do que ocorre na
escola, os gestores educacionais são incentivados a conhecer a realidade
das instituições que administram, para poder intervir e elaborar
planejamentos mais realistas e transformadores. No contexto
educacional, compreende-se, cada vez mais, que a avaliação não está
apenas no final do processo, mas deve estar presente em todos os
momentos. Para planejar politicamente o PPP, o gestor precisa conhecer a
realidade e elaborar um diagnóstico.
Nos últimos anos, políticas públicas estão sendo consolidadas pelos
sistemas educacionais federal, estaduais e municipais de ensino, para
avaliar o que ocorre com a educação escolar brasileira, com a finalidade
de colaborar com a gestão escolar,
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Desde a década de 1990, o Ministério da Educação – MEC – organiza
mecanismos e instrumentos para elaborar índices avaliativos e tecer
pareceres sobre a qualidade da educação no Brasil. As informações
advindas proporcionam ao próprio MEC, às Secretarias Estaduais e
Municipais de Ensino, dados que identificam a necessidade de rever ações
e de criar outras que reduzam desigualdades regionais e específicas de
cada instituição educativa.
Vários instrumentos, índices e sistemas de avaliação foram formatados e,
atualmente, avaliam a educação brasileira, que não se limitam sobre o
que educandos aprenderam - o papel da escola e das condições fornecidas
por parte dos Estados, são parte da análise.
Os dados referem-se:
à aprendizagem dos educandos;
à aprendizagem dos educandos e sua relação com suas condições
social, econômica e cultural;
à aprendizagem dos educandos e sobre as condições escolares do
aprendizado.
A seguir os apresentamos:
ANEB – Avaliação Nacional da Educação Básica;
ANRESC – Avaliação Nacional do Rendimento Escolar;
ANA – Avaliação Nacional de Alfabetização.
ENADE – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes;
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ENCCEJA – Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos;
ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio;
IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica;
PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes;
SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica;
SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior;
SISU – Sistema de Seleção Unificada.
Em relação à Educação Básica, esta é avaliada por meio do Sistema de
Avaliação da Educação Básica (SAEB), implantado em 1990. Deste sistema
fazem parte:
- Avaliação Nacional da Educação Básica (ANEB), que é amostral para estudantes do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental, das redes pública (urbano e rural) e privada, e do 3º ano do Ensino Médio das redes pública (urbana e rural) e privada.
- Avaliação Nacional de Rendimento Escolar (ANRESC), também conhecida
como Prova Brasil, que é censitária para estudantes dos 5º e 9º anos do
Ensino Fundamental, matriculados em escolas públicas urbanas e rurais,
com pelo menos 20 estudantes.
Ambas as provas aplicadas no Ensino Fundamental permitem obter
resultados médios de desempenho para o Brasil, para as regiões, para as
unidades da federação, para os municípios e para as escolas participantes,
expandindo o alcance dos resultados do SAEB que, por ter caráter
amostral, não podem ser calculados por município e por escola
participante.
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As provas são elaboradas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e avaliam Português (com foco em
leitura) e Matemática (com foco na resolução de problemas), além de
apresentarem questionário socioeconômico.
A partir dos resultados dos desempenhos das educandas e dos educandos
nas avaliações ANEB e ANRESC e de taxas de aprovação, foi criado o Índice
de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) em 2007. O índice retrata
dados do Brasil, de estados, municípios e de escolas.
Em relação ao período de alfabetização foram criadas:
- a Provinha Brasil, em 2008, com a finalidade de diagnosticar o nível da
alfabetização e do letramento e do domínio de conteúdos matemáticos
das crianças, percebendo seu processo por meio de avaliações realizadas
no início e no final do ano letivo no segundo ano do ensino fundamental.
Segundo o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) todas as crianças
devem saber ler e escrever até os oito anos de idade.
- a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), aplicada aos educandos do
3º. Ano do Ensino Fundamental, para educandos da rede pública (prova
do governo federal).
Para os jovens e adultos que se encontram no Ensino Fundamental e no
Ensino Médio, pelo fato de que não terem tido a oportunidade de acesso
à escolaridade regular na idade apropriada, foi criado o Exame Nacional
para Certificação de Jovens e Adultos (ENCCEJA) em 2002, com a
finalidade de avaliar as habilidades e competências básicas, realizado por
meio de exames para obter certificação de conclusão para cada uma das
etapas.
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Especificamente em 1998, foi criado o Exame Nacional do Ensino Médio
(ENEM) com a finalidade de avaliar o desempenho do estudante ao final
da Educação Básica. Inicialmente era utilizado para selecionar estudantes
interessados em receber bolsa do Programa Universidade para Todos
(PROUNI). A partir de 2009, o ENEM é utilizado como forma de seleção
unificada nos processos seletivos das universidades públicas federais. A
partir de 2010 torna-se obrigatório para todos os estudantes do ensino
médio público e permite a certificação dos cursos. A obtenção de uma
vaga nas instituições públicas de graduação que a ele aderiram, a partir de
2010, são realizadas pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU), pelo
Ministério da Educação. Sendo assim, os candidatos precisam ter feito o
ENEM para se inscrever no SISU, por meio de pesquisa de cursos e vagas a
qual se interessem e aguardarem os resultados.
As instituições, os cursos e o desempenho dos estudantes da educação
superior são avaliados pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior (SINAES), criado em 2004, cujos dados permitem que as
Instituições de Educação Superior (IES) avaliem a sua qualidade e que os
órgãos públicos planejem políticas educacionais.
Especificamente para educandos dos cursos de graduação foi criado. em
2004 o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), que
avalia os estudantes ingressantes e concluintes. Anteriormente, de 1996 a
2003, os cursos de graduação eram avaliados apenas pelo Exame Nacional
de Cursos.
A nível internacional, o Brasil participa do Programa Internacional de
Avaliação de Estudantes (PISA), que é um programa de avaliação
padronizada da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OECD), iniciado no ano 2000. Estudantes do 8º ano do Ensino
Fundamental ao final do Ensino Médio, com cerca de 15 anos, são
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avaliados nas áreas de Ciências, Linguagem e Matemática. As avaliações
são trienais.
Não só no Brasil, mas em vários países a Avaliação em Larga Escala é uma
realidade. A análise e uso dos dados de avaliações em grande escala, cuja
base é constituída de informações objetivas, enfrenta diversas
resistências, oposições. A crítica recai sobre o uso dos dados, pois se os
mesmos forem utilizados como um fim em si mesmo, sem ocorrer à
percepção de que expressam vários fatores escolares e sociais, estas
avaliações não proporcionarão os resultados esperados e não colaborarão
para uma efetiva melhora da qualidade do ensino e das políticas públicas.
É importante destacar que a avaliação externa por si só, e os seus
resultados, não são determinantes para transformar situações escolares,
porém, sua prática proporciona a elaboração de mecanismos que
apresentem a finalidade de constituir um planejamento de ensino de
excelência, ao fornecer a gestores e educadores dados para conhecer e
comparar sua realidade com outras e perceberem-se em um contexto
mais amplo. O diagnóstico por si só não é suficiente, mas é fundamental
para a melhora da aprendizagem.
A avaliação para a aprendizagem e a avaliação institucional: a busca pela
qualidade.
A avaliação para a aprendizagem é realizada no âmbito da sala e aula e
não se limita a aspectos pedagógicos, pois estes estão envoltos em
aspectos sociais, políticos e culturais, como expresso anteriormente.
Analisar a relação entre a avaliação para a aprendizagem e a avaliação
institucional esta sujeita à opção por uma concepção educacional
democrática que exige reflexão sobre como percebemos a infância, a
juventude, o adulto; de como percebemos a sociedade que vivemos, os
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nossos valores e a nossa relação com os outros; de como percebemos os
conhecimentos que desejamos ter nas aulas, na escola, de como o
aprendemos.
Portanto, o uso dos dados obtidos nas avaliações pode ter aplicações
muito dispares. Pode ser utilizado para controle e gerenciamento do
trabalho dos educadores e educadoras; para seleção e classificação de
educandos; para simples certificações. Por outro lado, pode ser utilizado
para diagnósticos e interpretações de situações sociais, individuais e
colaborar na tentativa de mudanças significativas em prol de um ensino
de qualidade.
A avaliação em uma perspectiva mediadora, como estudado no módulo
anterior, destina-se à emancipação das pessoas e das instituições e ambas
as avaliações – para a aprendizagem e a institucional – apresentam como
finalidade tomar decisões adequadas e garantir o direito a aprendizagem.
O diálogo entre ambas, somados aos dados das avaliações externas, é que
irá proporcionar e transformar os processos educativos, pois são
complementares quando seus dados são analisados em conjunto,
discutidos e debatidos.
Os dados sobre as aprendizagens dos educandos e sobre o trabalho
desenvolvido pelos educadores nas salas de aula são comparados com os
dados da escola como um todo e mais especificamente com o trabalho
desenvolvido por outras turmas, pelos coordenadores pedagógicos e pela
direção.
O ambiente escolar necessita estar organizado para proporcionar
oportunidades a todos os envolvidos: educandos, mestres, gestores,
funcionários do apoio, familiares e membros da comunidade.
O ambiente deve permitir oportunidades ricas de convivência,
incentivando um diálogo que se faça em torno da permanência de todos
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no processo decisório sobre a gestão escolar, retirando dos educadores a
responsabilidade única de todas as consequências de problemas
relacionados à aprendizagem dos educando, como se estes fossem apenas
restritos a sua competência profissional. Os resultados das aprendizagens
dos alunos não devem ter terminalidade nas notas ou conceitos,
representando somente uma medida de um tempo de estudos de
determinados conteúdos. Nesse processo o significado das notas ou dos
conceitos deve ser considerado como indicador fundamental para a
reorientação da prática educativa.
Avaliação Institucional: a auto avaliação.
A Avaliação Institucional é composta de vários procedimentos e
mecanismos que, somados, constituem um panorama sobre a escola.
Essas informações são constituídas a partir da análise de diversas fontes,
como as avaliações externas à escola, as avaliações de dados internos e a
auto avaliação.
Para orientar o processo de auto avaliação escolar, o Ministério da
Educação, em 2004, iniciou uma discussão com os educadores brasileiros
sobre a qualidade das escolas e da educação nelas realizadas. Por meio do
documento “Indicadores da qualidade na Educação”, o MEC debate o
conceito de qualidade na escola e indica uma metodologia para realizar a
auto avaliação na escola - documento escrito pela Ação Educativa,
UNICEF, PNUD, Inep-MEC (coordenadores), e lançado em São Paulo pela
editora da Ação Educativa,.
Em relação à definição do que venha a se constituir um ensino de
qualidade, este documento destaca que uma escola de qualidade deve:
proporcionar aos alunos aprenderem o que é essencial para a vida,
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destacando a leitura e a escrita e a capacidade de resolver problemas
matemáticos, além de aspectos relacionados à convivência com outros
estudantes, respeitando regras, trabalhando em grupo. Também destaca
que quem define o que é qualidade é a própria comunidade, ao estar em
um exercício constante de compreensão de seu contexto sociocultural.
O objetivo é o fortalecimento da escola autônoma, que estabelecerá seus
próprios critérios de qualidade, elencando prioridades, observando pontos
fortes no trabalho pedagógico e pontos a serem modificados.
O referido documento indica sete elementos fundamentais para auxiliar
na auto avaliação da escola, nomeadas de Dimensões: 1.ambiente
educativo, 2.prática pedagógica, 3.avaliação,4.gestão escolar democrática,
5.formação e condições de trabalho dos profissionais da escola, 6.espaço
físico escolar e, por fim, 7.acesso, permanência e sucesso na escola.
Para cada Dimensão, grupos de indicadores foram criados como
sinalizadores de qualidade, que são avaliados por meio de perguntas e
respostas respondidas em momentos coletivos com a participação de
todos os envolvidos na vida escolar, analisando e mensurando entre bom,
regular ou ruim as situações de cada Dimensão. Esta análise revela onde
devem ocorrer mudanças.
O processo de auto avaliação não deve ser considerado como um
instrumento de medida ou mesmo punitivo. A auto avaliação institucional
só obterá sucesso como meio de alcançar qualidade na educação, se o
mesmo for percebido como instrumento emancipatório da escola.
A avaliação deve ter uma perspectiva formativa, colaborando para
reorientar a prática dos educadores, por meio de registros com
informações, observações e indicação de ações que levem a modificações
no Projeto Político Pedagógico das escolas.
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Avaliação para a aprendizagem.
A finalidade das avaliações externas e da autoavaliação da escola são
parte da avaliação para a aprendizagem dos alunos, pois esta última deve
ser compreendida como momento desse processo de análise dos
resultados escolares e não só como instrumentos de classificação e de
medida de resultado do desempenho dos educandos, ao final de um
período de tempo escolar.
As avaliações que fazem parte do cotidiano escolar e que são realizadas
nas salas de aula por educadores, em relação ao processo de
aprendizagem, são estratégias elaboradas com a finalidade de
acompanhar o desenvolvimento dos educandos, assumindo-se como:
questionamento de processos;
análise de dificuldades e de sucessos;
redirecionamento do planejamento.
Ao assumir que a avaliação é processual, analítica e contínua, as
descobertas e os progressos de cada educando são evidenciados, ou seja,
assume-se o cuidado com a aprendizagem dos educandos.
Na avaliação para a aprendizagem é importante destacar que esta não se
realiza de modo isolado, pois a aprendizagem ocorre sempre com o outro,
considerando este como por exemplo: o colega de classe, o educador, a
mãe, o pai, uma irmã, o livro, um documentário televisivo, entre outros.
O ambiente deve ser rico em oportunidades e interativo, um local de
apoio e de desafios intelectuais e de diversos recursos.
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O papel do educador é o de observador, de investigador, do que reflete
sobre os diferentes modos de apropriação do conhecimento realizado
pelos educandos, por meio de conversas, de diálogos, de organizar o
ambiente e daquele que escuta. O papel do educador é de quem apoia e
interfere qualitativamente.
O educador é o mediador, aquele que reflete sobre as estratégias mais
adequadas para promover a aprendizagem.
O aprendizado ocorre quando o educador:
traz elementos relevantes para os educandos;
valoriza a voz dos educandos;
evidencia conteúdos que são do gosto dos educandos;
estimula as observações e relatos orais e escritos dos
educandos;
cria oportunidades para que os educandos exponham seus
aprendizados.
O processo para a aprendizagem não é uma sequência de atividades
corrigidas e somadas que originam notas classificatórias, pois o
desenvolvimento não é linear e nem mesmo mensurável por meio de
notas e médias.
Avaliação mediadora exige avaliar um conjunto de procedimentos que
foram elaborados de mãos dadas com o processo avaliativo. Isto significa
que o planejamento de conteúdos não é feito sem se determinar, ao
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mesmo tempo, como estes serão expressos na avaliação e como deverão
ser interpretados.
Em escolas tradicionais e tecnicistas, a avaliação se resume a mensurar se
objetivos e conteúdos foram atingidos, aprendidos. Na avaliação
emancipatória os procedimentos didáticos e seus conteúdos são
acompanhados, analisando o percurso da aprendizagem dos educando, no
qual ocorrem avanços e retrocessos, dúvidas e descobertas, que revelam a
dimensão do aprender.
Avaliação mediadora é aquela que:
- acompanha a construção do conhecimento. O educador observa e vai
junto com o educando, assistindo-o, orientando-o.
- promove a construção do conhecimento. O educador elabora estratégias
e oportunidades para que o educando compreenda o que estuda;
- interfere na construção do conhecimento. O educador observa o
educando e pergunta, desafia, expressa opiniões.
Sem esta interlocução, a escola não se organiza para mudar situações
indevidas ou para aperfeiçoar e manter processos que já estão obtendo
bons resultados. Mas para que a avaliação mediadora ocorra, é
importante estabelecer organizações na escola que proporcionem
modificações no tempo do aprendizado, não estabelecendo o mesmo
prazo para todos os educandos – há necessidade de flexibilizar o tempo.
Também não é possível ocorrer à avaliação mediadora se a retenção não
for questionada e se a recuperação não for garantida na escola.
Políticas caracterizaram mudanças na organização dos tempos e espaços
escolares. Uma delas é a implantação do sistema cíclico de avaliação.
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Sistema Cíclico de Avaliação.
Em 1996, quando a Lei de Diretrizes e Bases (L.D.B. 9.394/96) foi
promulgada, apresentou como princípio que a avaliação educacional deve
ser processual, de caráter contínuo e cumulativo e que os aspectos
qualitativos devem ser prioritários em relação aos quantitativos.
Também destacou que todos os resultados da aprendizagem devem ser
apresentados por meio de relatórios descritivos e que as notas ou
conceitos expressem os ganhos qualitativos que foram consolidados pelos
educandos.
O artigo 23 da LDB 9.394/96 dispôs que estados e municípios poderiam
organizar seus sistemas de ensino de forma autônoma por meio de séries
anuais, de períodos semestrais, de ciclos, de grupos não seriados.
Também o §2º do Art. 32 indica que os estabelecimentos que utilizam a
progressão regular por série, podem adotar o regime de progressão
continuada no Ensino Fundamental.
A relevância do artigo ocorre pelo fato de possibilitar uma organização
escolar que seja mais adequada aos princípios de uma avaliação
processual, contínua e que preze a qualidade e não a quantidade de
saberes.
Duas formas foram implementadas nos sistemas de ensino de estados e
municípios: a promoção automática e a progressão continuada.
A promoção automática consiste em que os educandos passem de uma
série para outra sem reprovação, como as experiências realizadas nos
anos 80 nos Estados de São Paulo e do Paraná, nas quais os alunos
passavam da 1ª para a 2ª série sem reprovação. Muitos questionamentos
a esse sistema ocorreram, pois era visto como um sistema onde a
avaliação para a aprendizagem não ocorria.
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Com a implementação de ciclos de ensino, o termo progressão
continuada, então, foi adotado e estabelecida uma sistemática em que as
séries deixavam de existir e no lugar delas anos de ensino foram
agrupados, por momentos específicos de aprendizagem e também
relacionados à idade dos educandos. A justificativa pedagógica é a
compreensão de que o educando deve ter um tempo maior do que o ano
calendário para aprender. Além da constatação que este tempo não é o
mesmo para todos os alunos – o tempo deve ser flexibilizado.
Além da flexibilização do tempo, os educandos também devem ser
acompanhados e, se necessário, ter garantidos momentos de reforço e de
recuperação de suas dificuldades, quando estas são detectadas, para que
assim possam seguir no seu ritmo de aprendizagem.
A organização dos tempos escolares não é neutra, pois é parte do papel da
escola, de sua intencionalidade. Quando a escola proporciona o respeito
ao tempo e ritmo de aprendizagem do educando, ela amplia sua
percepção de que está inserida em realidades sociais, econômicas e
culturais diversas, e que sua organização está diretamente relacionada ao
fracasso escolar.
Em uma visão de escola que considera esta como local de equidade social,
como local de compensar desigualdades sociais, os fatores pedagógicos
são vistos como aqueles que devem ser pensados e mudados para criar
estratégias que sanem as dificuldades dos educandos e que
proporcionem, a todos, igualdade.
Mas, em uma visão de que a escola se insere em uma sociedade desigual
em relação à distribuição e ao acesso a bens econômicos, culturais e
sociais, o trabalho pedagógico tem claro que compensar desigualdade não
é suficiente, uma vez que a escola não tem como eliminar diferenças
econômicas entre os alunos e impedir a hierarquia econômica da
sociedade capitalista.
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Os educadores da escola devem perceber que a avaliação formal, quando
finda, tem consigo a avaliação informal que atuou no processo de
aprendizagem, ou seja, é no processo que os resultados da aprendizagem
vão se consolidando. E que o processo de excluir ou incluir neste
momento, já ocorre quando não oferecemos oportunidades, para cada
educando, de recuperação, reforço, acompanhamento. Não para que ele
tenha uma alteração de classe social, mas para que ele se perceba
pertencente a uma e analise as dificuldades que, como ser social, terá
dentro ou fora da escola.
O que ocorre nos ciclos de aprendizagem é que muitos educandos não são
avaliados de modo mediador e só vão entender que estão excluídos do
processo, bem como suas famílias, depois de anos. A lógica da exclusão,
do não acompanhamento, da não recuperação, da manutenção, do não
acesso a conhecimentos novos, continua a existir.
O ganho, neste caso, é que o aluno não é mais expulso da escola.
Permanece nela evidenciando os problemas da não aprendizagem.
Podemos destacar que a organização da escola por ciclos de
aprendizagem permite evidenciar, dentre outras situações:
- a lógica da expulsão escolar;
- que os resultados expressos por meio das avaliações realizadas por
provas e trabalhos são parte, também, da avaliação informal, que permeia
todo o cotidiano escolar, mas que não é evidenciada como construtora de
resultados;
- a necessidade de compreender a avaliação formal e todo o trabalho
pedagógico como político e que a escola não é uma instituição separada
da parte das determinações do sistema econômico e social;
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- que o respeito a ritmos diferentes de aprendizado depende de
organizações também diferenciados do espaço escolar e de suas
possibilidades de uso;
- a importância do protagonismo dos educandos.
Para que uma avaliação mediadora aconteça nas escolas é importante
perceber que cada tipo de organização pedagógica, cada estratégia
utilizada para o estudo de um conhecimento, não é destituída da história
em que foram pensadas, bem como da compreensão do teórico ou
educador que a formulou ou que foi interpretado – de sua vida e de seus
compromissos sociais – como os destacados no primeiro módulo: Adorno,
Freire, Vygotsky, Rogers, Dewey. E, felizmente, acompanhados de tantos
outros.
A avaliação mediadora é uma concepção construída a partir do
entendimento que educar é emancipar, libertar.
Os ciclos não são substitutos do sistema seriado, nem mesmo uma
estratégia pedagógica. Estes são parte de um questionamento e do desejo
de transformar uma sociedade excludente. Os ciclos, bem como a
avaliação mediadora, são resistências a uma escola que reproduz
desigualdades.
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Momentos Avaliativos no processo de ensino e aprendizagem.
Avaliar não pode se restringir ao modelo de
transmissão/assimilação/verificação da aprendizagem. Avaliar não se
reduz ao momento do exame e/ou de testes que medem a aprendizagem.
A avaliação mediadora é processual e exige diagnósticos iniciais, análises
durante o processo e diversidade de formas de apresentação do que foi
construído no caminhar da investigação de um conhecimento.
Cada momento avaliativo apresenta uma especificidade e também uma
dependência do outro momento e devem fazer parte de um mesmo
relatório que descreve o acompanhamento do desempenho do aluno, de
sua vivência escolar.
Avaliação Inicial
A avaliação inicial apresenta como característica ser diagnóstica, ou seja,
uma avaliação que pretende conhecer o educando, o que ele já sabe sobre
o conhecimento que vai ser estudado, as suas hipóteses, seus referenciais
e, também, dados sociais sobre ele, tanto individuais como coletivos.
Os educadores, com o objetivo de conhecer mais sua turma/sua nova sala
de aula, ao iniciar processos, diagnostica os educandos e, com esses
dados, escreve seu planejamento.
As dimensões social, demográfica e pedagógica são importantes e devem
ser diagnosticadas, pois revelam os condicionantes sociais dos educandos.
Expressam as condições em que eles vivem, o ambiente que habitam, tipo
de moradia, dados familiares, condições de trabalho dos responsáveis ou
dos educandos quando já trabalham, a linguagem que expressam, meio de
transporte para a escola, dados sobre saúde, lazer, vestuário, segurança,
alimentação.
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Dados sobre sua vida cotidiana podem ser obtidos por meio de um
trabalho em conjunto com a gestão escolar e com as famílias.
Em relação à parte pedagógica é interessante ler relatórios anteriores,
analisar prontuários, histórico escolar e toda a documentação da escola.
Obter dados sobre o desempenho dos educandos na escola, entrevistando
educadores anteriores e parceiros e, se possível, a família.
E perceber se há questões mais pontuais que interferem na
aprendizagem.
Avaliação formativa.
A avaliação formativa ocorre durante o processo de aprendizagem.
Durante todo o ano letivo, a avaliação formativa ocorre em conjunto.
Educandos e educadores são ativos nesse processo. A finalidade é
acompanhar o processo de aprendizagem dos educandos, proporcionando
momentos de reflexão sobre erros e acertos, considerando estes como
parte do aperfeiçoamento e da compreensão do objeto de estudo.
Neste momento, os educadores são apresentados a inúmeras questões e
devem apresentar aos educandos intervenções de qualidade, para que
estes possam compreender melhor o que estão estudando, analisando
suas dúvidas e sendo apoiados pelos educadores em suas angústias e falta
de entendimentos.
Durante a avaliação formativa, mudanças devem ocorrer no
planejamento, ajustes devem ser realizados, pois, quando o currículo está
em ação, não é possível a qualquer planejamento, por mais bem
elaborado que tenha sido feito, prever as inúmeras variáveis que irão
ocorrer na prática cotidiana.
Todos os planejamentos são flexíveis. A avaliação também.
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A avaliação formativa deve ter um olhar multidimensional e analisar
indícios que façam os educadores intervirem no processo, mediando as
aprendizagens. São estes indícios que permitem aos educadores investigar
e intervir no processo do educando, auxiliando-o por meio da interação –
por meio do diálogo.
É importante interpretar as respostas dos educandos durante o diálogo,
perceber suas hipóteses, se suas respostas são coerentes e ricas, se são
profundas, se merecem mais estudos, se dependem de outras
interpretações para ocorrerem.
Todo erro é parte do processo de aprendizagem e estes devem ser
analisados pelo educador, pois são fonte de entendimento sobre como o
educando está compreendendo o assunto tratado e a expressão de quais
as melhores intervenções a fazer.
Estes momentos devem ser registrados pelos educadores em cadernos
específicos, criando documentos individualizados para cada educando,
pois, ao final do processo, serão necessários para que os educadores
relembrem suas conversas, análises e interferências realizadas com os
educandos. Esses registros e anotações facilitam a escrita de relatórios.
Avaliação Somativa.
A avaliação somativa é realizada ao final de processos de aprendizagem.
Sua finalidade é estabelecer momento de parada, de compreensão, do
que os educandos aprenderam até determinado momento.
As avaliações somativas são feitas por meio de registros formais que
permitem ao educador analisar como os educandos compreenderam os
conhecimentos estudados, quais as estratégias que optaram para expô-
las, e conceitualizá-las.
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Neste momento, deve ficar claro para os educandos o que eles
aprenderam, o que ainda devem aprender, suas interpretações e as
possibilidades de outras, para que possam somar esta interpretação à sua
própria autoavaliação e rever seu processo de estudo, sua atuação frente
a ele.
As notas não são objetivas, pois não expressam resultados passíveis de
análise. Os valores são extremamente subjetivos quando atribuídos por
notas e por médias, sendo que os critérios de obtenção das notas não são
geralmente esclarecidos aos educandos antes de serem submetidos a
avaliações formais como, por exemplo, as provas objetivas.
Mesmo em redações ou provas dissertativas, muitas vezes, o critério de
avaliação delimita a encontrar palavras chaves ou conceitos pré
estabelecidos e erros de gramática que, somados, vão cumprindo a função
de diminuir a nota dos educandos em uma escala de 0 a 10.
As médias de soma de resultados também comprometem a análise do
processo de aprendizagem e não expressam como o educando está
graduando seus conhecimentos, uma vez que não permitem entender se
ele apresenta maior compreensão do conjunto de conhecimentos
estudados em uma linguagem, por exemplo, ou mesmo em que momento
apresentou uma dúvida mais específica. O educando pode estar em um
processo crescente, de envolvimento, e ser interrompido devido a uma
média que se apresenta abaixo do que ele está apto a fazer naquele
momento, levando-o a se desinteressar.
A avaliação somativa é o momento onde o educador analisa os resultados
reinterpretando o processo. Com os dados registrados da avaliação
formativa em mãos, ele poderá escrever relatórios sobre o caminhar do
educando ou mesmo da turma que leciona, com o objetivo de perceber o
aprendizado tanto individual como da própria classe, e de ter a
possibilidade de questionar o próprio instrumento avaliativo.
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Esses relatórios são momentos nos quais a qualidade do aprendizado deve
estar expressa pelas palavras do educador, atribuindo um maior
significado ao que observa, interpretando as respostas dos educandos e
apontando para eles suas incoerências e suas coerências, estabelecendo
uma possibilidade de diálogo, de troca, de enriquecimento. Práticas
avaliativas na sala de aula (registros): Autoavaliação, Lição de Casa,
boletim.
Autoavaliação
A avaliação contínua, como está apresentada na L.D.B. 9.394/96, nos
remete a pensar que refletir sobre a continuidade do processo é um ato
de autoavaliação.
Autoavaliar-se significa observar e analisar o próprio processo de
construção do conhecimento. E, como bem sabemos, não há
possibilidades de escapar sobre o que estamos fazendo, pois, em todos os
momentos do processo de aprender, temos que tomar decisões, optar
entre caminhos, decidir sobre assistir uma aula ou não, fazer um trabalho.
A todo momento somos solicitados e, independente de termos claro quais
são as nossas escolhas, tomamos decisões, pois estas são parte
constituinte do aprender. Sem elas as aprendizagens não ocorrem. Sendo
assim, todo educando é ativo frente ao seu processo.
O que podemos questionar recai em relação à clareza dessa atividade, se
praticamos momentos de reflexão sobre ela.
A qualidade dessa reflexão deve ser analisada. Em uma Escola Tradicional,
um educando pode observar os resultados de seus exames e de sua
classificação perante os outros colegas. Ele verifica seus resultados e
analisa sua atuação. Como o ensino tradicional coloca todo o poder do
conhecimento a ser aprendido nas “mãos” do educador, o educando é
levado a considerar que, se não aprendeu, ou mesmo se errou, deve ser
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julgado e castigado, sendo legítimas as formas de punição do sistema
escolar em relação à sua pessoa.
Nesta escola, o aluno não deixa de pensar sobre seu aprendizado, mas, na
ampla maioria das vezes, não percebe que poderia agir diferente. Seu
parecer, geralmente, é para que siga o modelo estabelecido, a meta a ser
atingida e se ajuste, tornando-se um igual a todos. Não são oferecidos
outros caminhos e são tolhidas formas alternativas de resolução de
problemas.
Na escola tecnicista, o resultado é atrelado a mudanças de
comportamento, que são consideradas as apropriadas para o sucesso do
educando. A realizar sua autoavaliação, ele deve perceber se seu
comportamento está mais adequado ao solicitado, uma vez que seu
sucesso depende de seus hábitos, que são constituídos pelas experiências
controladas, fornecidas no seu processo de aprendizado. O educando tem
a possibilidade de verificar suas metas, o quanto falta para atingi-las e
como deve se portar para chegar lá. Os caminhos alternativos podem até
existir, mas não devem desviá-lo da meta, do objetivo final.
Muitas vezes, a escola oferece aos educandos fichas descritivas onde eles
encontram detalhados os comportamentos desejáveis e que lhe indicam
alternativas de escolha de respostas, entre sim, não, estou conseguindo.
Interesses explicitados que, na maioria das vezes, não são os seus e, sim,
os dos educadores, ou somente do autor do material didático, ou da
própria escola.
A vigilância e o controle são inibidores de uma autoavaliação realista,
aquela entendida como uma reflexão sobre si mesmo, que pode e
colabora para que mudanças e transformações ocorram, melhorando
qualitativamente a vida pessoal e escolar dos educandos. Há escolas que
instalam nos seus corredores e nas próprias salas de aula sistemas de
vigilância, para estar o tempo todo controlando atitudes, julgando e não
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fornecendo aos educandos a oportunidade de se sentirem livres para
tomar suas próprias decisões. Sistemas de vigilância colaboram para a
construção da autonomia? Cabe refletir.
A autoavaliação depende de confiança para realizar-se. Do
comprometimento com os caminhos a seguir. Da definição de projetos de
estudo, de projetos pessoais de alteração de atitudes e do compromisso
consigo e com o outro.
Ao se tornarem sujeitos de seus processos de aprendizagem, os
educandos são implicados em atos de “leitura” de suas situações escolares
e devem defender pontos de vista, formando opiniões e de ter a
capacidade de formular dúvidas, propondo soluções, problematizando
situações e encontrando novas perspectivas. E, assim, analisar atitudes e
comportamentos e descobrir o diferente.
Importante é ser capaz de ouvir a si mesmo e ao outro para se encontrar,
para perceber diferenças. Nesse processo de escuta, descobrem o quanto
o outro, o amigo, o educador, a família, são partícipes de sua vida e que
no diálogo com eles são capazes de perceber intencionalidades, nuances e
se tornam atores, ao serem capazes de trocar.
De tal modo, os próprios educandos, no seu processo de auto avaliação,
são solicitados a:
- fazer perguntas nas aulas;
- registrar fatos e observações importantes;
- consultar educadores, colegas, familiares;
- buscar materiais alternativos;
Em um processo de tomada de consciência de suas necessidades,
conseguem tornar-se mais independentes e autônomos.
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Lição de casa.
Lição de casa, dever de casa, tarefa de casa. Não importa o nome, as
tarefas cotidianas como a lição de casa relacionam-se a avaliação quando
entendida como parte do processo de aprendizagem. Ela pode ser um rico
auxílio ao educando para refletir sobre sua aprendizagem e uma ótima
aliada do educador quando este a utiliza como instrumento de
intervenção, de avaliação.
A tarefa de casa deve ser incentivada, se assim entendida. Mas, é
necessário expor que ela perde seu caráter formador quando não é
planejada ou quando é apenas um exercício estéril, que se limita a cópias
repetitivas ou uma simples reprodução de exercícios já realizados em sala
de aula. E, principalmente, quando é compreendida pelo educador como
parte dos momentos da avaliação.
A Lição de Casa pode contribuir para diagnosticar hipóteses sobre
assuntos que serão trabalhados no momento inicial dos processos de
aprendizagem e também como incentivo para os educandos conhecerem
novos assuntos - uma lição de casa preparatória, que irá proporcionar ao
educando ser introduzido a um novo conteúdo com mais qualidade, pois o
educador já terá em mãos uma percepção dos conhecimentos prévios dos
alunos.
Também contribui ao sistematizar conhecimentos quando concebida
como parte da avaliação formativa, como lição que antecede a
aprendizagem e como lição de aprofundamento, por meio de registro
expressivo de dúvidas, as quais possibilitam ao educador retomar, em sala
de aula, pontos em que os educandos apresentam dificuldades. Dúvidas
individuais e coletivas são analisadas e verificadas pelo educador. O
educando faz sua tarefa sozinho e, nesse momento, percebe se aprendeu,
ou não, determinado conteúdo. Neste momento, os educandos
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expressam seu entendimento sobre os assuntos estudados, das demais
diversas formas.
Também é um meio de fixar conteúdos e de reforçar temas que ainda
precisam ser aprofundados. Trabalhos mais extensos podem ser
solicitados individualmente ou em grupo, neste momento.
Porém, a avaliação pela Lição de Casa não é simples. O educando não
pode temê-la e só realizá-la por considerar uma obrigatoriedade. O
grande desafio é planejá-la de modo que seja significativa, pois só assim o
educando compreende sua importância e irá querer realizá-la.
Ao planejá-la, o educador a faz um instrumento de avaliação, de
intervenção qualitativa no processo de aprendizagem.
No planejamento da Lição de Casa, um fato fundamental é considerar a
possível interferência dos responsáveis pelos educandos. É necessário
explicar a mães, pais e responsáveis, por acompanhá-los em casa, o
sentido atribuído a cada momento avaliativo e como a Lição de casa
contribui para o aprendizado de seus filhos.
A intervenção dos responsáveis é a de criar um clima adequado para os
estudos com um local e horário pensado para a realização da lição e, de
colaborar, facilitando o acesso a materiais necessários, se for necessário.
Mas nunca fazer por eles.
A avaliação escolar, ao utilizar a Lição de Casa, realiza-se no dia a dia
dentro e fora da escola. E deve ser entendida como um desafio que
contribui para a construção da autonomia do aluno, ao incentivá-lo a
tentar, a errar, a rever e a refletir sobre o conhecimento.
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Boletim
O boletim comunica a aprendizagem do educando quando pensado e
organizado para tal finalidade.
Ele apresenta a síntese do resultado e do processo de aprendizagem ao
educando e à família. Se for disponibilizado on-line, os responsáveis pelos
educandos podem acompanhar mais sistematicamente o aprendizado, a
frequência, as observações realizadas pelos educadores – um caminho
para fortalecer o diálogo na escola. Também tem o papel de registrar o
caminhar do educando pelos anos escolares, sendo um documento de
suma importância para todos os educadores que, durante anos,
acompanham um educando.
O Boletim, quando bem feito, expressa inúmeras informações avaliativas
que proporcionam aos educadores perceber o educando e construir
possibilidades de planejamento e das intervenções que deverá fazer. O
boletim pode trazer informações de outros educadores que também
avaliaram o educando anteriormente, contribuindo para tornar a
avaliação mais segura. O educador consegue perceber que suas
percepções e observações já haviam sido feitas por outros colegas.
O cuidado em relação ao Boletim escolar está no modo como ele é
apresentado. A forma de apresentação não pode se restringir a exposição
de notas de 0 a 10, ou conceitos, sem uma explicação do significado de
cada nota ou de cada conceito. Os critérios de avaliação devem ser
escritos de forma clara e serem apresentados antes das avaliações formais
ou dos trabalhos que as representam. Critérios são importantes para
situar educandos e seus familiares sobre o que é considerado importante
para o educador, ou para quem mensura a nota ou o conceito no ato
avaliativo.
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Na história escolar, temos a tradição de escrever boletins sem
informações suficientes que expressem os critérios e os aspectos que
estão sendo avaliados. Muitas vezes a avaliação, na maioria das
observações, retrata questões disciplinares – sobre atitudes dos
educandos que são consideradas inadequadas, como não fazer as lições,
não assistir aulas, não se dedicar aos estudos. Mas, sem uma análise dos
motivos de tais comportamentos e dos caminhos possíveis de superação.
A avaliação deve ser dos conhecimentos estudados, dos procedimentos
utilizados e aprendidos e dos valores que estão sendo vivenciados e
debatidos. Os educandos precisam perceber que, para um aprendizado
mais completo, dominar conceitos e fatos não é suficiente. A
aprendizagem da leitura, da interpretação, da escrita, por exemplo,
também são necessários. Uma resposta adequada de um conceito
depende de como a escrita se manifesta. Portanto, o aprendizado de
conteúdos procedimentais é essencial.
Outro aspecto relaciona-se aos conteúdos atitudinais, uma vez que a
dedicação aos combinados também é importante e merece avaliação –
destacando que em uma concepção mediadora o estabelecimento de
regras e combinados no coletivo é fundamental.
Deste modo, o Boletim escolar também deve ter espaço para a
autoavaliação do educando, além das reflexões e pareceres dos
educadores, sendo organizado de modo a tornar claro cada item avaliado,
facilitando o entendimento de todos e superando pareceres que limitam a
informação a “sim” (ele alcançou a meta desejada) ou “não” (ele não
alcançou a meta desejada).
Um Boletim que expresse uma concepção mediadora deve ser
considerado como um relato reflexivo de um momento da aprendizagem
do educando, que se some aos demais, compondo o histórico escolar e
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registrando, da melhor forma possível, o caminho pela escola de cada
criança e jovem, nos seus anos de estudo.
A avaliação mediadora é um caminho para transformar o Projeto Político
Pedagógico de cada escola e de tornar o diálogo um modo de
estabelecermos uma prática educativa mais aberta e reflexiva, para todos.
UM FILME PARA REFLETIR
VÍDEO 1: Pro Dia Nascer Feliz (2006, Brasil, direção João Jardim, 88 min.,
documentário, classificação indicativa: livre)
O documentário mostra os principais problemas que os jovens brasileiros
enfrentam na escola: precariedade, preconceito, violência e abandono.
Adolescentes de três estados e de classes sociais diferentes conduzem a
narrativa ao contarem suas frustrações no ensino.
BIBLIOGRAFIA
HOFFMANN, J.M.L. Avaliação Mediadora: uma relação dialógica na construção do conhecimento. Série Ideias. São Paulo: FDE, n.22, 1994. P. 51 -59. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/int_a.php?t=008. Acesso em: 25 out. 2012.HOFFMANN, J. M. L. Avaliação: mito e desafio - uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Educação e Realidade, 1991.ROMÃO, J. E. Avaliação dialógica: desafios e perspectivas. São Paulo. Cortez, 2001.FREITAS, Luiz Carlos de. Ciclos, seriação e avaliação: confrontos de lógicas. São Paulo: Moderna, 2003. 96 p. (Cotidiano Escolar).SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Orientação Normativa Nº 01/2013 de 02/12/2013, “Avaliação na Educação Infantil: aprimorando os olhares”.
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