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Pedagogia 2011
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1
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS VII
SENHOR DO BONFIM - BA
JANE FERREIRA
AS COMPREENSÕES DOS PROFESSORES ACERCA DA
ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL I
SENHOR DO BONFIM-BA
2011
2
JANE FERREIRA
AS COMPREENSÕES DOS PROFESSORES ACERCA DO
ENSINO DE ARTE NO FUNDAMENTAL I
Trabalho Monográfico apresentado à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus VII como pré-requisito para a conclusão do Curso de Pedagogia: Docência e Gestão dos Processos Educativos.
Orientadora: Profª. Msc. Maria Elizabeth Souza Gonçalves.
SENHOR DO BONFIM - BA 2011
3
JANE FERREIRA
AS COMPREENSÕES DOS PROFESSORES ACERCA DO
ENSINO DE ARTE NO FUNDAMENTAL I
APROVADA_______DE_________DE 2011
________________________
avaliador
_______________________
avaliador
_______________________
Orientadora: Maria Elizabeth S. Gonçalves
4
Ao meu querido Deus e Salvador, por tudo que fez e faz em minha vida, pelo amor incondicional e força sempre presente.
Aos meus queridos pais pelo incentivo constante, amor,carinho e compreensão sem limites.
Aos meus irmãos que sempre me fizeram acreditar na minha capacidade de concretização deste trabalho.
As minhas amigas Lucineide, Josenita, Raulita, Silvana, Solene, Gizélia, Vitalina e Joseci pelo apóio, carinho e torcida.
5
AGRADECIMENTOS
À Universidade do Estado da Bahia – UNEB - Departamento de Educação -
Campus VII – Senhor do Bonfim – BA, e a todos os professores e funcionários desta
instituição por oportunizar o conhecimento acadêmico e pelas amizades que
formamos no processo educativo quando aí estivemos.
Aos professores do Centro Experimental Rural de Torrões, pelas contribuições para
a realização da presente pesquisa.
A minha orientadora, a professora Maria Elizabeth Souza Gonçalves pela dedicação,
paciência e acima de tudo pela bela contribuição na construção desta pesquisa.
Aos meus queridos colegas do curso, pelo convívio, amizade e momentos de
diversão que vivenciamos.
Aos meus queridos colegas e amigos: Amanda Feitosa, Aurelina, Jeane Lola, Jacira
Lola,Valci, Cícero, Elaine que comigo caminharam deixando marcas de uma
grande amizade e saudades. Em especial aos meus colegas e amigos Eurides
Carneiro, Mayara Jatobá, Monica Simões, Robson Soares e Vilma Maria, pela forte
amizade que construímos a partir do convívio e dos trabalhos que realizamos.
E em geral, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para essa conquista.
6
No contexto da educação escolar, a disciplina Arte compõe o currículo compartilhando com as demais disciplinas num projeto de envolvimento individual e coletivo. O professor de Arte, junto com os demais docentes e através de um trabalho formativo e informativo, tem a possibilidade de contribuir para a preparação de indivíduos que percebam melhor o mundo em que vivem, saibam compreendê-lo e nele possam atuar. (Maria Heloísa C. de T. Ferraz)
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 4.1.1 – Percentual quanto ao sexo.
Figura 4.1.2 – Percentual quanto à idade.
Figura 4.1.3 – Percentual quanto ao grau de escolaridade
Figura 4.1.4 - Percentual quanto a área de formação.
Figura 4.1.5 – Percentual quanto ao tempo de atuação na área da educação.
Figura 4.1.6 – Percentual quanto as fontes de pesquisa sobre a Arte.
Figura 4.1.7 – Percentual em relação as atividades mais aplicadas na disciplina Arte.
Figura 4.1.8 - Percentual em relação as compreensões dos professores sobre a
Arte.
Figura 4.1.9 – Percentual sobre os materiais utilizados no ensino da Arte.
8
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................... 10
INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
1. CAPÍTULO I................................................................................................................. 14
2. CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................... 19
2.1. A arte de compreender/ compreensão............................................................... 19
2.2. Professor como mediador/ A relação professor e Arte....................................... 22
2.3. Com Arte também se aprende: a importância da Arte na escola como caminho
da aprendizagem...................................................................................................... 28
2.4. Ensino Fundamental I a base da escolaridade................................................. 36
3. CAPÍTULO III – METODOLOGIA.......................................................................... 41
3.1. Tipo de pesquisa .............................................................................................. 41
3.2. Lócus de pesquisa...............................................................................................43
3.3. Sujeitos da pesquisa......................................................................................... 43
3.4. Instrumentos de coleta de dados.............................................................,......... 44
3.4.1. Entrevista semi-estruturada............................................................................ 44
3.4.2. Observação..................................................................................................... 45
3.4.3. Questionário fechado...................................................................................... 46
4. CAPÍTULO IV – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS................ 48
4.1. Resultado do questionário fechado: o perfil dos sujeitos................................... 49
4.1.1. Sexo................................................................................................................ 49
4.1.2. Idade................................................................................................................ 49
4.1.3. Grau de escolaridade...................................................................................... 50
4.1.4. Área de formação............................................................................................ 51
9
4.1.5. Tempo de atuação na área da educação ...................................................... 52
4.1.6. Fontes de pesquisa sobre a Arte................................................................... 53
4.1.7. Atividades a mais aplicadas em relação a Arte............................................... 54
4.1.8. Visão dos professores sobre o ensino de Arte ............................................... 55
4.1.9. Utilização de materiais para o ensino de Arte ................................................ 56
4.2. RESULTADO DA ENTREVESTA SEMI ESTRUTURADA ............................... 57
4.2.1. Compreensão dos professores sobre a Arte.................................................. 58
4.2.2. O Ensino Fundamental e o ensino da Arte .................................................... 61
4.2.3. A prática educativa no ensino da Arte ........................................................... 65
4.2.4. A autonomia dos professores e o ensino da disciplina Arte .......................... 67
4.2.5. Materiais/ Recursos de apóio para o ensino da Arte...................................... 71
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................... 74
REFERÊNCIA.......................................................................................................... 76
APÊNDICES............................................................................................................. 79
10
RESUMO
A presente pesquisa tem por objetivo identificar as compreensões que os professores da Escola Centro Experimental Rural de Torrões apresentam acerca do ensino da Arte-educação no Fundamental I. Para o embasamento teórico da pesquisas buscamos aporte nos seguintes autores: Morin (2005); Duarte júnior (1996); Biasoli (1999); Barbosa (2008); Buoro (2003); Cunha (1994), entre outros tão importantes para a construção deste trabalho, com contribuições significativas para a nossa fundamentação auxiliando nossa busca. A abordagem metodológica escolhida para o desenvolvimento dessa pesquisa é de cunho qualitativo, por proporcionar o contato com os sujeitos e o local pesquisado, embora existam elementos da pesquisa quantitativa por possuir dados estatísticos. Utilizamos para a coleta de dados os seguintes instrumentos: questionário fechado, que traz o perfil dos sujeitos; a observação, in lócus, e a entrevista semi-estrutura que contribuiu e enriqueceu bastante a construção desse estudo, bem como, ampliou a nossa visão das práticas com o ensino da Arte. Por meio desses instrumentos foi possível identificar que a relação dos professores estabelecida com o ensino da Arte necessita ser revisada, pois eles ainda se encontram presos ao modelo de educação que trabalha a Arte com atividades voltadas para pinturas, desenhos estereotipados sem muita reflexão, pois na maioria das vezes atividades educativas são realizadas dentro de uma data específica, por exemplo, as famosas e tão relembradas datas comemorativas. Nas considerações finais, destacamos a necessidade de formação para educadores de Arte e uma aprendizagem mais significativa para os alunos.
Palavras-Chaves: Compreensões, Professores, Arte, Ensino fundamental I.
11
INTRODUÇÃO
A educação até hoje é alvo de pesquisas e debates em prol de mudanças, que
venham contribuir melhorando a qualidade do ensino. A Arte como campo de
conhecimento, está dentro deste quadro carente de mudanças. Sabemos que a
escola é a instituição formal que tem em seu papel a responsabilidade de mediar e
socializar o conhecimento. Portanto entendemos que compete a escola oferecer
subsídios que possibilitem uma aprendizagem de qualidade para que ao educando
possa sentir-se parte do meio em que vive, reconhecendo entre as demais
disciplinas que a Arte lhe possibilita inserção no mundo.
Para tanto vale ressaltar que esse processo também depende de como a escola
oferece o ensino desta área do conhecimento que acompanha o ser humano desde
a sua existência, mais precisamente desde nosso antepassados, entendendo que a
Arte está totalmente ligada com a própria existência do aluno. Separá-los seria
desmembrar o aluno, fragmentando o seu saber, a compreensão de si mesmo.
Neste sentido o ensino da Arte nas escolas brasileiras, assim como toda a
educação, continua apresentando deficiências na qualidade como é oferecida.
Diante desta realidade, podemos afirmar que a realização da presente pesquisa,
teve como objetivo identificar as compreensões dos professores da Escola Centro
Experimental Rural de Torrões situada na cidade de Campo Formoso - BA, em
relação ao ensino da Arte no Ensino Fundamental I. Assim identificar as
compreensões é fundamental l para elucidá-las no sentido de promover reflexões
acerca do tipo de educação que estamos oferecendo. Quanto maior forem os
estudos oferecidos sobre a Arte, mais o cenário que ela vem ocupando será refletido
e estudado, dessa forma possibilitando a formação de cidadãos com uma visão
menos fragmentada do conhecimento, tornando-os sujeitos reflexivos, críticos e
participativos na sua cidadania.
A Arte inserida do contexto escolar promove a integração os conhecimentos e
realidade dos alunos, sua realidade local, respeitando e valorizando suas
12
especificidades, buscando dessa forma ver o aluno em sua totalidade. Assim vale
destacar a importância do ensino da Arte para o crescimento intelectual do aluno.
Por isso, a escolha do tema da pesquisa, emergiu das aulas apresentadas sobre a
Arte-educação no curso de Pedagogia, no qual tivemos a oportunidade de
compreender que a forma simplificada e a visão reducionistas que muitos
professores ainda apresentam, por terem sido vítimas de uma educação
colonizadora, interferem e provocam limitações das compreensões intelectuais dos
alunos, que por sua vês apresentando também dificuldades na relação e
aprendizagem desta área. É preciso romper com as barreiras que impedem que a
educação avance, especialmente a disciplina Arte.
Dessa forma, partindo do nosso objetivo que é identificar as compreensões das
professoras da Escola Centro Experimental de Torrões em relação ao ensino da Arte
no Ensino Fundamental I, nosso trabalho ficou assim evidenciado:
No I capítulo I, apresentamos o nosso problema trazendo também uma discussão
sobre o contexto histórico da Arte e sua importância e presença na vida dos ser
humano, pontuando a questões da influência colonizadora como fator negativo para
o campo da Arte, que até hoje é refletida nas escolas brasileiras.
No capítulo II, discutimos a temática, a partir dos nossos conceitos-chave
reforçando-a com a fala dos teóricos que retratam a importância da disciplina Arte
dentro do currículo para o crescimento intelectual dos alunos, na sequência, serão
também abordados o papel do professor frente ao processo da educação em Arte,
procurando reforçar através dessas reflexões teóricas, que a compreensão desses
educadores, poderá viabilizar ainda no ensino fundamental I o desejo pela Arte por
parte dos alunos. Ainda nesse capítulo pontuamos a necessidade do ensino da Arte
e o Ensino Fundamental I, como a base para a aprendizagem escolar do aluno.
No capítulo III, revelamos o caminho percorrido para a realização desta pesquisa,
com base em uma pesquisa qualitativa com elementos da quantitativa. Dentro deste
tópico apresentamos o perfil dos sujeitos, o lócus, e os instrumentos de coletas de
dados para o estudo que melhor definiria o objetivo em questão.
13
No capitulo IV, apresentamos a análise e interpretações dos resultados com o
auxílio do questionário fechado que traçou o perfil dos sujeitos, a aplicação da
entrevista semi-estruturada que nos permitiu entender as compreensões sobre o
ensino da Arte no fundamental I e por fim a observação que também possibilitou um
acesso mais próximo da realidade da instituição escolar escolhida para esta
pesquisa. Para reforçar os resultados aqui apresentados utilizamos os teóricos
necessários para esta discussão.
Nas considerações finais, pontuamos a evidente necessidade de educadores
formados na área da Arte, a fim de que se possa garantir no cenário educacional
brasileiro uma prática educativa, que viabilize um ensino de qualidade nesta área do
conhecimento, visto que suas compreensões sobre esta área ainda se apresenta
distanciadas da realidade.
14
CAPÍTULO I
Para melhor compreender o sistema educativo que está entre nós e que nos é
oferecido, como também o ensino de Arte nas escolas, é importante relembrar que
este modelo educacional é fruto do processo de submissão do Brasil, que
consequentemente teve sua cultura originada através da transmissão da cultura
portuguesa enquanto colônia de Portugal, de forma que vivia-se e pensava-se os
valores europeus que em sua maioria nada tinha a ver com a nossa realidade, não
respeitando nossos modelos artísticos advindos das classes populares como
podemos destacar as manifestações artísticas populares. Para a classe popular a
educação era pautada para a preparação de mão-de-obra e não como um caminho
de aprendizagem, ficando pois a disposição da elite brasileira o “direito” de decidir o
que seria adotado como educativo ou artístico pela população. A respeito disso
Duarte Junior ( 1994) coloca que:
Ao povo – sempre visto como ignorante e atrasada - reservava-se o ensino voltado à produção de mão de obra (...) a Arte, considerada um luxo e interpretada segundo ao cânones europeus, destinava-se à formação e ao lazer das classe mais abastadas. Tais classes também nunca viram com bons olhos as manifestações artísticas populares, consideradas “primitivas” e “ incultas” . O povo que não tinha acesso à arte da elite, também era desencorajado e até reprimido em suas manifestações estéticas. Em tal contexto é compreensível que a arte e a educação nunca fossem vistas como fenômenos e complementares. Com uma invasão cultural entranhada desde as suas origens, a cultura brasileira veio se ressentindo de sentidos e valores genuinamente nacionais, procurando sustentar, através das elites, valores importados de outras culturas que, consequentemente, não podiam exprimir a vida concretamente vivida (p. 125 e126).
Como podemos perceber a nossa educação, em especial o ensino da Arte nas
escolas, teve em seu contexto a influência européia dominante e que ainda
influencia as práticas educativas, e o quanto sofreram o preconceito, em seu
processo inicial quando já existiam aqui no Brasil, artistas de origem popular com
potenciais artísticos considerados como aponta Barbosa (2005):
Nossos artistas, todos de origem popular, mestiços em sua maioria, eram vistos pelas camadas superiores como simples artesãos, mas não só quebraram a uniformidade do barroco de importação, jesuítico, apresentando contribuição renovadora, como realizaram uma arte que já poderíamos considerar como brasileira (p. 19).
15
Por vivermos em uma sociedade que cultivou e ainda cultiva os valores estéticos,
não podemos ignorar a arte, a mesma é inerente ao ser humano. Assim passamos a
compreendermos que afastando a arte do contato popular, alimentam também o
preconceito contra ela até hoje acentuada em nossa sociedade em especial nas
escolas, considerando-a muitas vezes como uma atividade supérflua, vista apenas
como um acessório da cultura destinada a população mais elitizada da sociedade.
Considerando a Arte como campo de aprendizagem e do conhecimento, que
contempla também o belo, o diferente, o novo, o real, o abstrato, fica evidente a
necessidade de incluí-la frequentemente em nossas atividades cotidianas, didáticas
de forma mais sensível e agradável; propícia à aprendizagem. Assim Duarte Júnior
(1994) nos diz que:
Não haveria problema algum em se propor uma presença mais sensível da arte em nossas práticas educativas. Na verdade isto não interfereria em coisa alguma. Não provocaria confusões institucionais ou políticas. Pelo contrário, proporcionaria o desenvolvimento de uma função a mais (p. 12).
Dessa forma olhando para a educação pela perspectiva da Arte é possível perceber
que estamos envolvidos pelas várias manifestações de Arte, motivo pelo qual pensar
é arte é pensar em cultura. Diante do exposto é importante lembrar que desde o
início da história da humanidade, nota-se a presença da arte nas formações
culturais. Assim a arte permeia a existência humana desde os seus primórdios
quando estes durante a Pré-história deixavam expostos desenhos que retratavam
atividades realizadas por eles no seu cotidiano com a capacidade de ensinar para o
outro o que faziam. Assim o ensino e a aprendizagem da arte fazem parte do
conhecimento que envolve a produção artística em todos os tempos. O homem
através da imaginação é capaz de construir o seu mundo podendo expressa-lo de
várias formas. Segundo Farias (1999):
O homem, que é entre os animais o único que possui a dimensão simbólica a palavra, tem na linguagem o instrumento básico de ordenação e significação do mundo. O homem é o único ser que tem consciência de outras dimensões e outros tempos. A radical diferença entre o homem e os outros animais é a sua consciência reflexiva, simbólica (p.68).
Hoje sabemos o quanto são essenciais informações deixadas nas cavernas, nas
pedras pelos primatas.
16
No contexto escolar em especial na educação fundamental o descaso com a
disciplina de Arte é bastante nítida quando paramos para observar as formas em
que os professores trabalham em sala de aula, geralmente aplicando-a em datas
comemorativas, não sendo compreendida como campo de conhecimento. Nesse
contexto Barbosa (2005) afirma que:
As referências que se encontram sobre Arte na escola e seu ensino são pouco freqüentes, esparsas e excessivamente gerais. Mesmo aqueles que têm refletido com maior agudeza sobre nossos problemas educacionais quase sempre deixam de lado o ensino da Arte (p.13).
Diante disso é importante salientar que é por intermédio da Arte que o educando
consegue ampliar a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação, quando
esta realiza formas artísticas, como também na ação de apreciar e conhecer as
forma s produzidas por ele pelos colegas cabendo aí a participação fundamental do
professor do ensino fundamental nas realizações significativas das atividades
propostas buscando despertar o potencial artístico de cada um em sala de aula.
Diante disso Duarte júnior (1994) coloca que:
Permitindo à criança uma organização de suas experiências: a Arte possibilita-lhe, consequentemente, uma maior autocompreensão. Através de seu trabalho ela pode, de certa forma, ver-se “de fora” já que existe (...) uma identificação sua com aquilo que ela produz (p.113).
Nessa perspectiva não se pode negar ao aluno em seu processo de escolarização a
aproximação e o contato com Arte que é indispensável para sua aprendizagem, para
que ela possa tirar tudo o quanto a Arte suscita, abrindo espaço par que seja capaz
de criar, sentir, perceber.O professor na sua prática educativa precisa contextualizar,
ou seja, educar diante da realidade que os alunos estão inseridos, não impondo
gostos como modelo padrão, mas enaltecendo os conhecimentos que eles já tem.
Quando a escola não valoriza a contextualização, quando esta não atribui valor ou
atenção para o ensino artístico, ocorre a descontextualizarão abrindo campo para a
colonização, opressão e exploração. De acordo com a afirmação citada Duarte
Júnior (1980), afirma que:
Em primeiro lugar, a atividade artística da criança apresenta o sentido de organização de suas experiências. Desenhando, pintando, esculpindo,
17
jogando papéis dramáticos, etc, a criança seleciona os aspectos de suas experiências que ela vê como importantes, articulando-os e integrando-os num todo significativo (p.112).
A Arte sofreu e ainda sofre preconceitos, muitas vezes decorrentes da incipiente
formação docente. A realidade é que a educação brasileira ainda continua resistente
ao diferente, ao inovador, por que para muitos o tratamento com rte na escola exige
interesse do professor e que este abrace o caminho que deseja seguir tendo
compromisso com um projeto educativo, com um currículo que contemple as quês
toes artísticas. A respeito disso Dehelnzelin (1994) afirma: “ para que o professor
tenha domínio de sua arte, necessita de um currículo que seja para ele um
instrumento, assim como a tela e os pincéis são instrumentos para o pintor (p.15)” .
De acordo com afirmação fica evidente a importância do papel do professor que
tenha intimidade com arte baseado em um currículo eficaz significativo que visem
contemplar as experiências e conhecimentos que as crianças já têm consigo. A
prática educativa e significativa envolvendo a arte possibilita o desenvolvimento de
habilidades como valores, respeito, amizade, e a escola como mediadora do
conhecimento precisa estar inovando seus métodos podendo contribuir para uma
educação transformadora.
Diante do contexto abordado e dessa realidade comum a muitas escolas que ainda
empregam a Arte de forma superficial, nota-se que permanece ainda em muitos
casos a visão reducionista desta disciplina. Assim Farias (1999) vem nos afirmando
essa realidade quando noz diz que:
No ambiente escolar educacional é comum a referência às diferenças entre aulas de arte e as aulas “mais sérias” . A medida em que o aluno vai avançando nas séries, a escola vai gradativamente retirando dos programas o aspecto lúdico que poderia estar presente no processo educativo. Com isso, as atividades que envolvem a expressão artística, a dinâmica corporal e até mesmo a experiência estética vão tomando os últimos lugares na escola de prioridade dentro dos currículos (p. 67).
Diante do que foi exposto aqui, surge assim a nossa questão de pesquisa: Quais as
compreensões dos professores da Escola Centro Experimental Rural de Torrões em
relação ao ensino de Arte no Ensino Fundamental I?
18
A presente pesquisa tem como objetivo: identificar as compreensões dos
professores da Escola Centro Experimental Rural de Torrões em relação ao ensino
de Arte-Educação no Ensino Fundamental I.
Assim essa pesquisa poderá ser relevante por contribuir para a compreensão e
reconhecimento dos professores sobre a importância do trabalho com o ensino da
Arte nos espaços escolares, podendo auxiliar em suas práticas em sala de aula. O
estudo sobre a arte é importante porque nos ajuda a refletir com ela está sendo
encarado nas escolas de um modo geral e a parir daí analisar de que forma
podemos fazer diferente quando estivermos em sala de aula procurando evidenciar
mais o potencial que a arte é capaz de desenvolver nos indivíduos quando bem
aplicada.
19
CAPÍTULO II
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A partir da problemática apresentada na presente pesquisa temos com objetivo
identificar as compreensões que os professores da Escola Centro Experimental
Rural de Torrões situada em Campo Formoso- BA, apresentam sobre a o ensino da
Arte-educação no Fundamental I. Dessa forma trataremos aqui dos referenciais
teóricos que tratam da presente temática. Para tal realização apresentamos as
articulações norteadas pelos respectivos conceitos-chave: Compreensão - Arte-
Educação - Professores – Educação Fundamental I.
2.1. A Arte de compreender / compreensão:
Enquanto seres humanos necessitamos de conhecimentos que nos possibilitem um
melhor compreensão do mundo e de todo o contexto ao qual estamos inseridos.
Neste sentido a nossa compreensão torna-se um suporte importante e necessário
que nos conduzirá a informações que irão nos ajudar a interpretar o mundo ajuda-
nos a perceber melhor toda a realidade ou pelo menos parte dela. E quando
dominamos esta compreensão entendemos que compreender, não está associado
somente ao aprender, mas também ao ato de ensinar. Pois de posse de
conhecimentos somos capazes de transferir aquilo que sabemos ou
compreendemos a outros sujeitos.
Assim compreender não é apenas, por exemplo, descobrir uma lei, um princípio que
regulamente um acontecimento, mas chegar a característica do comportamento dos
indivíduos diante do outro, como também da natureza e do tempo. Ainda nesse
contexto Silva (2005) afirma que compreender refere-se á:
Possibilidade de organizar o mundo e as coisas e constitui um estado básico da existência do ser-do-homem. Dessa forma não deverá haver um gesto humano, uma palavra, um silêncio que não tenham um significado que se torna visível por si só; na maioria das vezes, este significado tornar-se visível através da compreensão (p. 27).
20
Segundo Silva ( 2005, p.26 ) “ Compreensão refere-se à potencialidade de ser e de
conhecer aquilo que se é capaz” . Compreensão aí não se refere apenas ao estar
preparado para fazer ou dirigir alguma coisa a ser competente para algo, ele tem
sentido amplo, sendo que este saber do que é capaz não é apenas resultado de
uma autopercepção, mas é o resultado de um estado de consciência, ou seja, uma
consciência presente.
O que se está sempre presente na compreensão é a possibilidade de interpretação,
como também a possibilidade de apropriação e de apreensão de tudo aquilo que foi
compreendido pelo indivíduo. Diante da afirmação Silva (2005) salienta que:
Compreender é assim a intenção total, não apenas assumir o que as coisas representam, o seu simbolismo, as suas propriedades, mas o modo específico de existir das coisas que se expressam na composição do texto, nas idéias que se desvelam, no pensamento do autor do texto (p.26).
Morin ( 2005 ) afirma que:
A compreensão é ao mesmo tempo meio e fim. Dada a importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão necessita de reforma planetária das mentalidades. Esse deve ser a tarefa da educação do futuro (p. 104).
Com a afirmação percebe-se que o ato de compreender está sendo associado a
educação do futuro e que não só os professores, mas todos devem compreender as
potencialidades dos alunos e procurar estimulá-las afim de expressarem suas
capacidades.
Morin (2005, p.95) diz que: “A compreensão humana vai além da explicação. A
explicação é bastante para a compreensão intelectual ou objetivo das coisas
anônimas ou materiais, é suficiente para compreensão humana” .
A instituição escolar é a mediadora de conhecimentos e oportunidades, pois nela o
ato de pensar e refletir são desenvolvido. O desenvolvimento de compreensão
permite ao aluno a aproximação e domínio da realidade, atraindo-o para intervir de
forma eficaz na mesma. Ainda nesse contexto Morin (2005), destaca que a
compreensão é uma das finalidades da educação do futuro. Educar para
21
compreender uma disciplina, dentro, de um realidade, envolvendo vários conceitos,
é educação interdisciplinar.
Permitir que o aluno compreenda o que faz depende, em boa medida, de que seu professor ou professora seja capaz de ajudá-lo a compreender, dar sentido ao que tem entre as mãos; quer dizer, depende de como se apresenta, de como tenta motivá-lo, na medida em que lhe faz sentir que sua contribuição será necessária para aprender (ZABALA, 1998; p. 91).
Analisando a fala do autor percebe-se que o papel do professor é fundamental para
o crescimento do aluno, que será orientado a entender e dar sentido naquilo que
realiza em sala de aula.
È a compreensão do outro e o respeito que nos tira do centro do universo e nos
deixa perceber que os obstáculos à compreensão são múltiplos e multiformes. Mas
só pela compreensão humana é que se transpõem as barreiras que existem.
Vaz (1991, p.27) nos diz que: “ o educador, mais comprometido com seu papel social
– ponte entre a criança e a sociedade – preocupa-se com o tipo de relação que
estará sendo desenvolvida com a criança” .
Cabe aos professores compreender a importância dessa área do conhecimento que
é por muitos, taxada como “boba” , mas que diante da necessidade que as crianças
tem de compreender-se no mundo e os fatores das suas realidades vivenciadas
conceberá a ela uma educação com função transformadora, norteada pelas
oportunidades de expressão livres que poderão ter no desenrolar das aulas
artísticas.
Nesta mesma compreensão Ferraz (2009), argumenta que:
os estudantes têm o direito de contar com professores que estudem arte vinculada à vida pessoal, regional, nacional e internacional (...) o professor de arte precisa saber o alcance de sua ação profissional (...) é um dos responsáveis pelo sucesso desse processo transformador, ao ajudar os alunos a melhorarem suas sensilbilidades e saberes práticos e teóricos em arte (p. 51).
22
O autor aponta que quando o professor apresenta uma compreensão do real valor
significativo que a disciplina Arte tem na educação, o trabalho com os alunos fica
mais envolvente, abrindo o olhar, a sensibilidade e a capacidade artística do
educando, incentivando o desenvolvimento da sua capacidade crítica e criadora, e a
partir daí estabelecer relação do novo com o que já faz parte do seu mundo,
levando-o a produzir, lê, apreciar e compreender o mundo que o cerca. O professor
necessita perceber que o educando reflete suas expressões artísticas nas suas
atitudes mais simples e compreendendo-a, ele irá focalizar especialmente todo o
saber que este traz de casa e fará desses conhecimentos subsídios para sua prática
em sala de aula, sistematizando com toda a turma as experiências de cada um,
estabelecendo assim momentos de trocas com os colegas.
2.2. Professor como mediador / A relação professor e a Arte
Todo professor em sala de aula deve ter em mente que se tornará responsável pela
criação de um contexto favorável para a construção do saber, cabendo a ele uma
tarefa muito importante que é de acompanhar o avanço do aluno diante do que está
sendo sistematizado na escola.
Para melhor definir professor, Ferreira (2001, p. 596) conceitua professor dizendo
que: “ professor é aquele que professa ou ensina uma ciência, uma arte, técnica,
mestre, aquele que professa publicamente as verdades” .
Entende-se que educar é saber escutar, dialogar é ensinar a pensar certo, sabendo
que pensar certo é pensar criticamente, ou seja, não só transferir conhecimento.
Sobre isso Freire (1996, p.52) afirma: “Saber que ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua
construção” . Neste sentido o professor exercendo o seu trabalho perceberá a sua
tarefa enquanto educador, que sempre estará buscando criar possibilidade para o
nascimento e crescimento do saber.
Martins (1997) vêm nos falando a respeito e coloca que:
23
O professor em sala de aula instrui, explica, informa, questiona e corrige o aluno, fazendo-o explicar seus conceitos espontâneos. A ajuda do adulto permite a criança resolver mais cedo os problemas complexos que não poderia enfrentar se fosse deixada à mercê da vida cotidiana. Assim as experiências das crianças, mais notadamente as que se dão de forma sistemática no mundo escolar, parecem implicar mais desenvolvimento e maior conhecimento sobre a realidade física e social (p.120).
Freire (1996) ainda nos diz que em seu papel, o educador não só ensina conteúdos,
mas auxilia o desenvolvimento da consciência dos alunos diante daquilo que lhe é
transmitido dentro e fora da escola. Assim percebe-se que o professor aí tem em
seu ofício o papel de formador de opiniões.
O papel do professor está cada vez mais complexo, pois não se admite apenas
conhecer as matérias em que vai atuar, é preciso saber atuar, conhecendo a
realidade em que ele e os alunos vivem, conhecer didática, ter amor, compromisso e
responsabilidade no que se faz. Sobre isso, Dehelnzelin (1994) nos diz que:
A conduta do professor, ao propor atividades artísticas, deve proporcionar as crianças experiências significativas, desde que estas não impliquem a perda da inocência infantil, caracterizada por uma propulsão desbravadora sempre em ação (p.125).
Em comentário a essa questão Demo, (1995) enfatiza que: “o papel do professor
básico precisa mudar de situação atual marcada pela mera transmissão copiada de
conhecimento, mero intermediário repassador, para a condição, ativa, dinâmica de
(re) construtor de conhecimento (p.10)” .
O professor precisa refletir sobre suas formas de atuação profissional, diante da
sociedade, pois os mesmos são levados a definir seus papéis e suas funções em
uma sociedade em transformação que questiona valores.
Mizukami (1986), afirma:
Um professor que esteja engajado numa prática transformadora procurará desmistificar e questionar com os alunos, com a cultura dominante, valorizando a linguagem e a cultura deste, criando condições para que cada um deles analise seu contexto e produza cultura (...). O professor procurará criar condições para que, juntamente com os alunos, a consciência ingênua seja superada (p. 83).
24
O professor em sua prática educativa, também precisa ter um cuidado especial e
perceber que cada educando aprende de forma diferente, dentro da sua
individualidade a cada trabalho realizado, permitindo assim que sintam-se seguros
em suas produções e desempenho. O primeiro olhar do educador que irá trabalhar
com arte deve voltar-se para a cultura local. As práticas educativas em sala de aula,
precisam priorizar saberes artísticos da região onde se encontra a escola, dessa
forma aprecia-se a manifestação artística livre ou espontânea de uma cultura,
promovendo um espaço intramuros escolar.
No dizer sempre expressivo de Mahoney (2006):
(...) o professor não só é o mediador entre a cultura e o aluno, mas é o representante da cultura para o aluno. Na relação professor-aluno, é ele que acaba selecionando entre os saberes e os materiais culturais disponíveis em dado momento, bem como tornando ou não esses saberes efetivamente transmissíveis; é ela que faz a aproximação do aluno com a cultura de sua época (p.80 - 81).
O autor assinala ainda que a influência da escola na vida do educando é bastante
evidente destacando que deverá ser o centro de divulgação da cultura em diversas
áreas. Sobre essa questão Ferraço (2008), pontua que:
Cada escola, cada sala de aula, cada grupo de alunos/as, e de educadores/as, fazem história e , dessa forma, o patrimônio cultural presente não pode ser desconsiderado sob pena de mutilar a atividade docente. No chão da escola, manifestam-se diferentes interesses, histórias de vida, expectativas, ou seja, numa escola, há diferente currículos reais sendo tecidos nesses grupos (p.79).
No cenário atual, muitos professores que hoje atuam em sala de aula, quando
alunos de séries iniciais não tiveram a oportunidade de terem seus saberes locais
validados, tiveram pois, suas vivências negadas ou silenciadas no seu cotidiano
escolar, como também sofreram a priorização de conteúdos distanciados de suas
vivências, o que refletiu na sua postura profissional atual principalmente no campo
da Arte. Por isso faz-se necessário uma conduta contrária ao de seu tempo,
buscando uma postura mais próxima da realidade do aluno.
Diante disso vale salientar que no contexto que envolve os professores, há um
sentimento angustiante, que os leva a refletirem sobre qual é o seu verdadeiro papel
25
na escola, já que o público de educandos, antes submissos e disponíveis para
aprender o que lhe era exigido já não se encontra da mesma forma. Isso acontece
por que o modelo de aluno que temos hoje ocupa um outro espaço no mundo, as
exigências, as curiosidades, as necessidades, as percepções são outras
diferenciam-se das nossas, daquelas que nos foram cobradas. A partir daí
percebemos que o professor de hoje precisa adequar-se ao novo aluno que recebe
em sua sala de aula. Mesmo que os professores não tenham tido a chance ou o
direito de liberdade não justifica uma prática de limitações. Mas uma prática que
garanta um fazer pedagógico mais eficaz.
Enquanto não construirmos um novo sentido para a nossa profissão, sentido este que está ligado à própria função da escola na sociedade aprendente, esse vazio, essa perplexidade, essa crise, deverão continuar. Em sua essência, ser professor hoje não é nem mais difícil nem mais fácil do que era décadas atrás. É diferente. Diante da velocidade com que a informação se desloca, envelhece e morre, diante de um mundo em constante mudança, seu papel vem mudando, senão na essencial tarefa de educar, pelo menos na tarefa de ensinar, de conduzir a aprendizagem e na sua própria formação que se tornou permanentemente necessária (GADOTTI, 2007;p.63 e 64).
O autor continua e argumenta explicando que a docência:
é uma atividade baseada em perguntas. Por isso não é uma atividade rotineira. Cada dia é uma surpresa. Cada dia o ser humano é diferente (...). Por isso, a docência é, também, uma atividade de reencantamento permanente. (GADOTTI, 2007; p.55 e 56):
Diante da fala do autor percebemos que o educador precisa desenvolver uma
postura ativa, indagadora, reflexiva, criativa, socializadora, e assim o envolvimento
do professor contribuirá na realização de atividades mais agradáveis. O professor
necessita de um espaço de reconhecimento dentro da escola e formação na área
que está atuando. Sobre isso Fonseca (2007) afirma que: “a atuação do professor
em sua sala de aula, e suas reflexões sobre a própria docência irá contribuir para a
compreensão da prática educativa” (p. 86).
Por isso Cunha (1994) explica que: “o fato do professor ter tido uma educação
autoritária e punitiva pode fazê-lo tentar repelir esta forma no seu cotidiano docente,
mas pode também, levá-lo a repetir esta prática” (p.36).
26
Portanto é válido colocar, que ao contrário de uma educação punitiva e autoritária, a
postura de um professor que trabalha com Arte ou qualquer outra disciplina precisa
estar voltada para a mediação e aproximação dos educandos com a diversidade que
a Arte oferece, entendendo que só através desse contato, os alunos perceberão
uma educação significativa, caso contrário estará acontecendo uma educação de
adestramento.
Por sua vez criar o espaço de compreensão comum requer um compromisso de participação por parte dos alunos/as e do professor num processo aberto de comunicação. (...) os alunos devem participar na aula trazendo tanto seus conhecimentos e concepções como seus interesses preocupações e desejos, envolvidos num processo vivo, em que o jogo de interações, conquistas e concepções provoque, como em qualquer outro âmbito da vida, o enriquecimento mútuo (SACRISTÁN, 1998; p. 64).
Deste modo se o educando for considerado e visto como ser capaz de criar, ele
poderá receber as estimulações para expressar-se artisticamente. O aluno traz
dentro de si, um mundo de imaginação e criatividade, que precisa ser expresso.
Assim o professor não pode esquecer que aquele aluno que estar entre 4 paredes
de uma sala de aula, também aprende e detém em suas vivências um mundo
recheado de informações artísticas. Sobre isso Freire (1996) nos afirma que:
É preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É neste sentido que ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual o sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos apesar das diferenças que os conotam, não de reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender (p.23).
A partir daí percebe-se que é fundamental ao professor, superar a condição de mero
transmissor de conhecimentos prontos e acabado, permitindo ao aluno elabore suas
próprias idéias. Nessa perspectiva, é preciso que cada professor comprometa-se
não apenas com questões relacionadas com suas disciplinas, isoladamente
deixando de lado as demais que julga menos importante como acontece com a
disciplina Arte em muitas escolas. Pelo contrário, todas as disciplinas são
importantes e fazem parte do coletivo da escola, que pensa tanto os conteúdos
disciplinares de forma integrada, como também outros aspectos formativos,
relacionados à instituição escolar.
27
Ser educador em tempo de mudanças torna-se uma tarefa árdua e ao mesmo tempo
exigente nos dias atuais. Neste sentido podemos destacar que no cenário da
educação, outro fator que está em questão é a desvalorização de algumas
disciplinas, caracterizando assim um cenário de discriminação em relação a algumas
e o enaltecimento de outras. Como exemplo, podemos destacar a forma como a
disciplina de Arte se destaca neste aspecto, quando esta área é colocada em
segundo plano com a perpetuação de trabalhos sem criatividade e desinteressantes
para os alunos. Caindo sobre ela a rotulação de disciplina de lazer, diversão,
descanso, tudo, menos como área de conhecimento fundamental para
aprendizagem cultural dos aluno.
Para tanto Buoro (2003) afirma que: “é necessário realizar um trabalho significativo,
compromissado com a qualidade e melhoria da Arte na Educação (...)” (p.38).
Partindo dessas discussões, fica claro que é importante o desenvolvimento de
trabalhos voltados para uma prática envolvente que enalteça o potencial tanto da
disciplina como do professor que atua com ela, para que se possa também estar
oferecendo conhecimentos propícios ao crescimento do aluno.
O professor que atua dentro da área de Arte necessita ter convicção da metodologia
que irá contemplar o saber dos seus alunos, visando o sucesso e guiando as
atividades e garantindo informações que lhe serão úteis no processo de
aproximação e apropriação das diversas linguagens artísticas.
Neste sentido Ferraz (2009) enfatiza dizendo que “ (...) o professor de arte é um dos
responsáveis pelo sucesso desse processo transformador, ao ajudar os alunos a
melhorarem suas sensibilidades e saberes práticos e teóricos em arte” (p.51). O
autor ainda acrescenta que para:
o desenvolvimento de um bom trabalho envolvendo a arte, o professor precisará compreender os conhecimentos que o aluno já traz sobre a arte e também suas outras necessidade destaca que“ para desenvolver um bom trabalho de Arte o professor precisa descobrir quais são os interesse, vivências, linguagens, modos de conhecimento de arte e práticas de vida de seus alunos (Ferraz (2009; p. 71).
28
Partir de temáticas retiradas da realidade concretas dos alunos são práticas que o
professor precisa garantir para que de fato se tenha uma educação que valorize as
competências artísticas dos educandos. Barbosa (2008) destaca que: “Somente a
ação inteligente e empática do professor pode tornar a Arte ingrediente essencial
para favorecer o crescimento individual e o comportamento de cidadão como fruidor
de cultura e conhecedor da construção de sua própria nação (p.14)”.
O professor de arte, não precisa ser um artista para desenvolver seu trabalho, mas é
importante que ele, enquanto mediador desta área do de conhecimento organize-se
a cerca do que vai ser aplicado, para não correr o risco de passar atividades sem
sentido nenhum para a turma e isso implica também um trabalho voltado para o
campo da pesquisa fora da instituição escolar, necessitando aí de tempo para a
busca de novos conhecimentos onde ele possa estar oferecendo outras fontes de
informações da área que trabalha. Sobre outras fontes de informações ou espaços
de pesquisa. Barbosa (2008) continua afirmando que:
O professor precisa de tempo e de recursos para pesquisa. O professor de Arte precisa sair da sala de aula e interagir com os espaços culturais, museus, bibliotecas e outras instituições que produzem e veiculam os bens culturais. Precisa se conectar as redes de informação. Precisa buscar o conhecimento com seus alunos aonde ele se encontra (p.158).
O professor que reconhece o papel de sua disciplina na vida do educando, cumpre
seu dever, tem segurança, habilidade e flexibilidade com os outros saberes,
dificilmente irá encontrar barreiras para a sua atuação docente. Os professores que
trabalham com a arte-educação, necessitam de informações diversificadas que
venham contemplar e desafiar o educando em suas potencialidades.
2.3. Com Arte também se aprende: A importância da Arte na escola como
caminho da aprendizagem.
Sendo a arte uma área que está ligada ao ser humano desde seus tempos mais
remotos, percebe-se então que a sua inserção na vida do aluno é fundamental, e a
escola está aberta ao oferecer o espaço repensando assim um trabalho escolar
firme, no qual o aluno possa encontrar meios para o seu desenvolvimento por meio
dos conhecimentos estéticos e artísticos que ele já possui.
29
Nas palavras de Ferraz (2009): “A Educação através da Arte é na verdade, um
movimento educativo e cultural que busca a constituição de um ser humano
completo, total, dentro dos moldes do pensamento idealista e democrático (p. 17)” .
Segundo o autor a Arte-Educação representa um movimento na busca de outros
métodos para o ensino de arte nos espaços escolares. Essa é, também, a
compreensão de Biasoli (1999) que vai ainda mais longe e nos diz que:
A arte-educação constituiu, no Brasil, um movimento surgido no final da década de 1970, organizado fora da educação escolar, que buscava novas metodologias de ensino e aprendizagem da arte nas escola por meio de uma concepção de ensino de arte com base numa ação educativa mais criadora, mais ativa e que envolvesse o aluno de forma mais direta, mais concreta (P. 87).
O autor em suas colocações fala do envolvimento direto do educando com o
conhecimento da Arte, partindo de metodologias propostas pelo professor que
possibilitem um trabalho mais concreto.
Nas palavras de Buoro (2003), ele nos esclarece que:
Embora o ensino de Arte esteja previsto por lei na escola brasileira desde o início da década de 70, sua história é muito mais longa do que o registro oficial indica, perfazendo um percurso enriquecido pelas diversas teorias de ensino que impulsionaram os professores á procura de novos caminhos na reestruturação de seu trabalho educacional (p. 47)” .
Buscando definir Arte, Ferreira (2001), destaca que: A Arte possibilita a
sensibilidade, e reforça que atividades que contemplam a pintura, a música, a
dança, a representação teatral, a escultura entre outras formas artística aguçam e
provocam sensações diferentes nas pessoas.
Ao nos reportarmos sobre a Arte, percebe-se que a mesma está em toda a parte. Na
verdade a sociedade humana inspira e expira Arte, dessa forma fica a questão:
como ignorá-la se a mesma está inserida em todo o espaço sócio-cultural? Não
podemos ignorar algo que está intrínseco em nosso ser. O homem desde os tempos
mais remotos, no período pré-histórico/ paleolítico sentiu a necessidade de se
expressar e para isso registrou desenhos nas paredes das cavernas, muitas vezes
cenas do seu próprio cotidiano demonstrando assim, pela utilização de sua arte,
30
informações para explicar ou até mesmo para exprimir algum ritual de seu povo,
ficando evidente a presença da arte desde as cavernas. De acordo com essa
afirmação Buoro (2003) coloca que:
Uma das primeiras referências da existência humana na Terra aparece nas imagens desenhadas nas cavernas, que hoje chamamos de imagens artísticas. Neste sentido, pode-se dizer que a Arte está presente no mundo desde que o homem é homem (p.19).
De acordo com a fala do autor convém notar que a arte permeia a existência
humana e que não há como ignorá-la, pelo contrário, devemos colocá-la como parte
da nossa existência para que através dela seja possível entendermos a nossa
própria origem. Assim: “A Arte evidencia sempre o momento histórico do homem.
Cada época, com suas características, contando o seu momento de vida, faz um
percurso próprio na representação, como questão de sobrevivência (BUORO, 2003;
p. 25)” .
Ainda sobre esta afirmação Buoro (2003) nos diz que:
A arte, portanto, se faz presente, desde as primeiras manifestações de que se tem conhecimento, como linguagem, produto da relação homem/mundo (...) neste sentido, não existe o homem puro, o ser biológico separado de suas especificidades psicológicas, sociais e culturais. Cada uma dessas especificidades está presente e sempre esteve na vida humana, e é por meio delas que desde os tempos mais remotos o homem foi se relacionando com a natureza e com o mundo ao seu redor, construindo as possibilidades de sua sobrevivência e desenvolvimento. Por isso a Arte é uma forma de o homem entender o contexto ao seu redor e relacionar-se com ele. O conhecimento do meio é básico para a sobrevivência, e representá-lo faz parte do próprio processo pelo qual o ser humano amplia seu saber (p. 20).
Nesta perspectiva compreende-se então que o homem permanece ligado a esse
campo de conhecimento que contempla o fazer, existir, o exprimir e o sentir humano.
A respeito disso Ferraz (2009) coloca que: “observando-se as produções artísticas
desde os primórdios, nota-se que elas se relacionam com a própria vida humana,
com a sua realidade social, construtiva e com a comunidade na qual se insere
(p.122)” .
O autor reforça nos dizendo que:
31
A arte é uma das mais inquietantes e eloqüentes produções do homem. Arte como técnica, lazer, derivativo existencial, processo intuitivo, genialidade, comunicação, expressão, são variantes do conhecimento arte que fazem parte de nosso universo conceitual, estreitamente ligado ao sentimento de humanidade (p.101)” .
Diante das colocações dos autores, percebe-se a importância que a arte tem no
contexto sócio-cultural da sociedade, e o quanto o estudo, sobre essa área de
conhecimento resgata as diferentes culturas presentes no mundo. Tal grau de
importância é atribuída ao campo da arte e é defendida por Coli (1947) quando nos
diz que:
A arte são certas manifestações da atividade humana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é: nossa cultura possui uma noção que domina solidamente algumas de suas atividades e as privilegia (...) ela nos ensina muito sobre o nosso próprio universo, de um modo específico, que não passa pelo discurso pedagógico, mas por um contato contínuo, por uma freqüentação que refina nosso espírito (p.113).
Nesta visão o autor pontua que a Arte contribui para a compreensão do mundo de
forma a situar o homem no tempo e espaço que ocupa, evidenciando assim, a
importância de seu estudo que ao mesmo tempo pode contribuir esclarecendo as
variadas culturas existentes. Diante do contexto abordado sobre a Arte, percebemos
que ela como disciplina dentro da escola, contribui para o resgate pessoal e social
do indivíduo, na medida que a sua cultura, sua história, venha ser lembrada por
meio de atividades que viabilizem esses momentos de socialização, descobertas,
debates e exposição de suas vivências.
Neste sentido Duarte júnior (1996) pontua que: “ (...) a arte é um fenômeno presente
em todas as culturas (p.4)” . O referido autor destaca em sua fala que a arte é um
fator comum presente em todas as culturas, tanto nas mais atuais quanto nas mais
antigas, do homem pré-histórico ao mais “civilizado” enfatizando que todos os
modelos de cultura sempre produziu arte e que esta nos acompanha desde as
cavernas.
A arte é sempre produto de uma cultura e de um determinado período histórico. Nela se expressam os sentimentos de um povo com relação às questões humanas, como são interpretadas e vividas em seu ambiente e em sua época. Através da arte temos acesso a essa dimensão da vida cultural (...) (DUARTE JÚNIOR,1994; p.18).
Infelizmente na história da cultura brasileira há marcas do processo de dominação e
da grande influência de modelos culturais europeus que foram colocados como
32
referências superiores a nossa. É preciso insistir no fato de que isso aconteceu
desde a educação colonizadora também européia que exerceu um forte domínio,
impondo sua cultura e reforçando o preconceito com a arte local brasileira, e
conseqüentemente ignorando-a. Em comentário a essa questão, o autor aponta que:
Historicamente sempre tivemos aqui a educação do colonizador, isto é, aquela que despreza as condições específicas da terra e procura impor a visão de mundo que interessa às minorias dominantes copiávamos (e copiamos) modelos de “desenvolvimento” baseados em experiências de outras culturas e que, ao serem transplantados para cá, sofrem sérias distorções, gerando verdadeiros descalabros, especialmente educacionais (DUARTE JÚNIOR,1996; P. 77).
Dessa forma vale acrescentar que esse domínio como já foi dito, atingiu também a
arte que já se fazia presente na educação, tida como artigo de luxo destinada
apenas as elites mas não chegando a todos com a valorização merecida, pois:
neste sentido a arte sempre foi vista como “artigo de luxo” , como um “acessório” cultural: coisa de desocupados. O verdadeiro ensino da arte foi reservado apenas às horas de ócio das classes superiores, dando-se apenas nos “conservatórios” e academias particulares (DUARTE JÚNIOR,1996; P. 77).
Na compreensão de Duarte Júnior (1996) é preciso ter muito cuidado ao adotar as
Artes originadas de outros povos, para não corrermos risco de invadir outros
espaços que não são nossos. O importante na visão do autor é seguir os nossos
próprios padrões artísticos em especial o nosso folclore que reflete profundamente
as nossas raízes. Partindo desse pressuposto nota-se que é preciso contemplar a
disciplina de Arte de modo que ela venha a contribuir com a formação dos sujeitos
na sociedade partindo das nossas riquezas e informações culturais rompendo com a
idéia reducionista que sofreu e ainda sofre atualmente vista como mera reprodução
artística sem sentido. Para tanto é fundamental que haja maior espaço para que
desde cedo já exista uma apropriação e envolvimento dos alunos nos
conhecimentos proporcionado pela disciplina de Arte, pois:
É nesse sentido que podemos vislumbrar toda a importância que a compreensão da Arte pode ter no ensino escolar. Precisamos conquistar um espaço para a Arte dentro da escola, espaço que ficou perdido no tempo e que, se recuperado, poderá mostrar-se tão significativo como qualquer outra matéria do currículo (BUORO, 2003; p. 33).
33
À escola sempre é atribuída o papel de responsável por novos comportamentos na
sociedade, como uma instituição destinada a formação crítico-social dos sujeitos, no
entanto no que diz respeito a arte muito pouco tem mudado. Vale lembrar que as
formas como são trabalhadas as questões do campo da arte pelos professores,
ainda preocupa e tem levado a discussões e estudos na tentativa de destacar a
importância da arte como também rever e mudar essa realidade. Nas palavras de
Buoro (2003):
O primeiro passo nessa direção é favorecer a autoconfiança, a capacidade de enfrentar desafios, o autoconhecimento e a imaginação criadora, afim de resgatar a criança inventiva. Para tanto, é necessário realizar um trabalho significativo, compromissado com qualidade e melhoria da Arte na Educação, por meio de um processo ativo, que vincule os sujeitos aos objetos de conhecimento, levando-os a uma construção de sentido (p.38).
Nesse sentido podemos compreender a importância que a compreensão da Arte
pode influenciar no ensino escolar. Precisamos viabilizar a conquista de um espaço
significativo para a disciplina Arte dentro da escola, espaço que por muito tempo
ficou esquecido no tempo e que, se recuperado, poderá revelar-se tão significativo
como outra matéria qualquer do currículo escolar. Assim o ensino da arte dentro do
contexto escolar deve reconhecer fatores ligados aos conteúdos selecionados como
também as questões de ensino participação, aprendizagem e envolvimento dos
professores e alunos.
Segundo Dehelnzelin, (1994, p.121) “a arte é um vasto campo de conhecimento
humano, certamente o mais misterioso e belo de todos” . Diante da afirmação
percebe-se que a arte está ligada ao ser humano, e que através dela o indivíduo
consegue realizar, apreciar e conhecer formas artísticas correspondendo as suas
mais variadas formas de expressão. É uma maneira de despertar o indivíduo para
que este dê mais atenção ao seu próprio sentir. A arte se manifesta de várias
maneiras exprimindo sentimentos (o grito, o choro). Não se pode separar os
conhecimentos, a música, a dança, os sentimentos, o comportamento, tudo é arte.
Nesse sentido Duarte Júnior (1996) vem colocando que:
Através da arte, no entanto, o indivíduo pode expressar aquilo que o inquieta e o preocupa. Por ela este pode elaborar seus sentimentos, para que haja uma evolução mais integrada entre o conhecimento simbólico e seu próprio “ eu” . A arte coloca-o frente a frente com a questão da criação: a criação de um sentido pessoal que oriente sua ação no mundo (p.72 e 73).
34
A LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educação (1997) diz que: Art. 26 § 2 “ o ensino
da arte constituirá componente curricular a obrigatório, nos diversos níveis da
educação básica de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” .
Embora esteja imposto na lei a questão da valorização e o desenvolvimento cultural
dos alunos com base no ensino da Arte, o que acontece na realidade em especial
dentro do contexto escolar, é que a forma como o ensino de Arte foi e ainda é
trabalhada em algumas escolas, traz o retorno que temos hoje com atividades
desconexas que não representam o sentido da Arte. Percebemos que as instituições
escolares trabalham há muito tempo com o ensino da Arte, mas na maioria das
vezes como lazer ou uma forma de aliviar as demais disciplinas ficando exprimida e
em segundo ou terceiro plano. Com isso Duarte Júnior (1994, p. 79) nos diz que: “ A
arte continua a ser encarada, no interior da própria escola, como um mero lazer,
uma distração entre as atividades “úteis” das demais disciplinas” .
Infelizmente o que ainda ocorre em algumas instituições escolares dentro das salas
de aula com o ensino da arte, reforça uma prática distorcida do que a disciplina Arte
tem em sua essência, pois ela tem conteúdo próprio como todas as disciplinas, e
esse conteúdo deve ser respeitado, contemplado e estimulado tanto quanto os
outros. Nessa perspectiva, a Arte na escola tem um função importante, e os
professores tem o papel de facilitador ou mediador dessa construção, e conhecer os
conceitos fundamentais da linguagem da Arte.
Diante do exposto Barbosa (2008) confirma e vem afirmando:
Ainda olhamos muito pouco a produção de nossos aprendizes; ainda escutamos muito pouco o que permitimos que eles nos digam. Por isso mesmo o saber cultural de Arte dos alunos articulado às mais largas, da humanidade, é que constituem-se em um complexo material cultural que deve mobiliar mediações docentes para inventar tarefas, criar exercícios de exploração, imaginar temas, ousar propostas inovadoras (p.58).
Mas a disciplina Arte vem marcada por algo muito mais importante que é o aprender
e o ensinar, deve despertar o potencial artístico de cada um em sala de aula.
Embora o que ocorre muitas vezes, é a separação entre razão e a emoção, onde as
vivências e as experiências dos alunos não são valorizadas. Segundo Duarte júnior
(1996):
35
A escola hoje se caracteriza pela imposição de verdades já prontas, às quais os educandos devem se submeter. Não há ali um espaço para que cada um elabore a sua visão de mundo, a partir de sua situação existencial. A escola ensina respostas. Respostas que na maioria dos casos, não correspondem às perguntas e inquietações de cada um (p. 72).
Nos espaços educacionais é muito comum as referências às diferenças entre as
aulas de Arte e as demais consideradas mais “sérias” como se a mesma não fosse
tão necessária a aquisição de conhecimentos assim como as ditas mais importantes.
Por isso é necessário entender que a disciplina Arte nas séries inicias, tem que ser
respeitada e compreendida afim de que se possa dar espaço de liberdade artística
para o educando demonstrar as suas habilidades em geral. No entanto essa postura
será concretizada pelo o professor preparado, que entenda e saiba lidar com esta
disciplina. Por sua vez Buoro (2003) aponta que nessa perspectiva
é preciso repensar a formação do educador e do educando no sentido de possibilitar o conhecimento, levando em conta a totalidade do ser e de perceber a função da Arte na educação como campo de conhecimento tão importante como o da Ciência (p. 32).
Diante das colocações acima, o que ainda se percebe em muitos espaços escolares,
é a ausência de atividades que enalteçam os conhecimentos, as experiências e
principalmente a capacidade criativa dos educandos. Atividades que favoreçam o
desempenho artístico e estético, em especial quando surgem das própria realidade
cultural, pois a Arte pode contribuir imensamente para o desenvolvimento desses
alunos. Como ressalta Barbosa (2008):
É preciso que o trabalho do professor de Arte não fique isolado entre as paredes da escola. Escola precisa com urgência abrir suas portas e acolher a produção cultural de sua comunidade e de outros lugares e épocas. A comunidade precisa também apoiar a escola, facilitando a construção e circulação dos conhecimentos ali produzidos (p. 159).
Neste sentido, vale ressaltar que ainda é muito comum a utilização de atividades no
Ensino Fundamental I que se referem apenas a datas comemorativas, na maioria
das vezes, sem fundamento e com a finalidade de reproduzir aquilo que alguns
professores acham interessante ensinar aos alunos, acreditando-se desta forma que
a disciplina Arte, está sendo desenvolvida de maneira eficaz, embora tais atitudes
afastem-se das linguagens artísticas que a Arte contemplada. A partir daí, percebe-
36
se o abismo existente entre a teoria e a prática no trabalho com o ensino da Arte nas
escolas.
(...) nessas condições, terminam os professores de arte por desempenhar um papel decorativo no interior da escola. Terminam por se sentirem, eles mesmos, confusos, quanto ao real valor e necessidade para a formação do indivíduo (DUARTE JUNIOR P. 135; 1994).
Diante do contexto percebemos que valorizar a educação pela ótica da Arte é
também valorizar o educando em suas potencialidades e possibilidades, cabendo ao
professor estimular a aprendizagem a partir de conteúdos amplos que viabilizem
atender as suas expectativas, principalmente o artístico, dessa forma buscando
abandonar as atividades baseadas em “ tarefas” de rotina ou de prontidão que muito
se vê nas escolas nas quais o ensino da Arte ainda surge de desenhos
mimeografados. É fundamental deixar os alunos livres para criar o que eles
desejam, desde que esse ato de criação esteja em sintonia com o objetivo da
disciplina, não significando um abandono, mas um tempo necessário para que a
realização das propostas pela a disciplina as expressões, imaginações fluam
naturalmente sem fins avaliativos .
2.4.Educação Fundamental I a base da escolaridade
A escola como veículo de aprendizagem, é um espaço de mediação do
conhecimento que viabiliza o exercício da cidadania, e precisa se apresentar
também como um espaço de contextualização. Isto é, na realidade, seus valores,
sua configuração variam segundo as condições histórico-sociais que a envolvem. E
por isso que Sacristán (2007) nos lembra: “educar é mais que se informar, é também
preparar cidadãos, facilitar o desenvolvimento de sua personalidades, fazê-los
solidários (p. 44)” .
É válido salientar que embora a escola tenha essa representação, a sociedade atual
está embasada em uma política educacional fragmentada, que contribui para
algumas mazela na educação, as quais podemos citar como exemplo, a evasão, a
repetência, o analfabetismo, e a má qualidade no próprio ensino.
37
Hoje somos tomados pela emoção e razão, aplicando a razão acabamos por passar
informações que não interessa, não toca nos alunos. Segundo Duarte júnior (1996):
Assim em nosso ambiente escolar, essa separação razão-emoção é não só mantida como estimulada. Dentro de seus muros o aluno penetra despindo-se de toda e qualquer emotividade. Sua vida, suas experiências pessoais, não contam. Ele aí está apenas para “adiquirir conhecimento” sendo que “adquirir conhecimentos” , neste caso, significa tão somente “decorar” fórmulas, teorias e mais teorias, que estão distantes de sua vida cotidiana (p.34).
Para superar as dificuldades e melhorar a qualidade do ensino fundamental I, é
necessário elevar o grau de envolvimento, dedicação e inovação, buscando assim
uma escola que saiba valorizar as diferenças individuais respeitando o ritmo de cada
aluno, será essa responsável por uma aprendizagem significativa com resultados
brilhantes de seus educandos.
De fato não é fácil selecionar o que ensinar no ensino fundamenta, mas precisamos refletir sobre quais saberes poderão ser mais relevantes para o convívio diário dos meninos e meninas que freqüentam nossas escolas e para a sua inserção cada vez mais plena nessa sociedade letrada, pois eles tem o direito de aprender os conteúdos das diferentes áreas de conhecimento que lhe assegurem cidadania no convívio dentro e fora da escola (LEAL, 2007;p. 97;98).
Dessa forma compreende-se que a escola tem sido o lugar que propícia o exercício
do papel social do professor como um importante comunicador que contribui na
formação de opiniões, hábitos e atitudes dos seus alunos. “É preciso planejar e
avaliar bem aquilo que estamos ensinando e o que as crianças e os adolescentes
estão aprendendo desde o início da escolarização (LEAL, 2007; p.101)” .
A escola tem um papel importantíssimo e desafiador no que diz respeito a
preparação intelectual e formação de uma personalidade crítica dos alunos, pois
cabe a mesma dar oportunidades para que eles apropriem-se de instrumentos
necessários ao desenvolvimento das múltiplas competências, até porque estamos
envolvidos com ela mesmo sem percebemos. Neste aspecto Brandão (2001) define
esse papel dizendo: “Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou
na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços de vida com
ela (p.9)” .
38
Cada escola, cada sala de aula, cada grupo de alunos/as, fazem história e, dessa forma, o patrimônio cultural presente não pode ser desconsiderado sob pena de mutilar a atividade docente. No chão da escola manifestam-se diferentes, histórias de vida, expectativas, ou seja, numa mesma escola, há diferentes currículos reais tecidos nesse grupos. ( FERRAÇO 2008, p.79).
A partir do momento que a escola, como espaço de mediação e troca de
informações se inserir no contexto de sua clientela e começar a conversar com
outros saberes e outras culturas, será mais democrática e justa. As escolas, e
principalmente as públicas, estão cheias de uma diversidade cultural. Elas só
precisam seguir em prol de uma sociedade mais humana, sem fechar os olhos para
as diferenças e o potencial de cada alunos como conhecedores e produtores de
diversos saberes populares. A instituição escolar, tem portanto por função repassar
valores da cultura local de forma contextualizada.
Se a cultura está mudando rapidamente, toda a escola precisa ser repensada: sua estrutura, gestão, seu funcionamento, currículo, a aula; e isso, não somente para acompanhar a mudanças, mas para não deixar escapar a função educativa da escola, assegurando a formação geral do educando (CASTRO,P.37;1998).
Educação é vida, é essência, e a vida se exerce pelo saber e adentra outros mundo
possíveis. Sabemos que a escola sozinha não mudará a sociedade. Mas, ela pode
ser um veículo muito rico para propagação de novas atitudes e valores, desde que,
não venha a se adequar ou se acomodar com esta realidade excludente que está
tão presente. Neste sentido, a situação de exclusão cai no esquecimento e no
silêncio, fazendo com que as partes envolvidas neste processo permaneçam na
mesma situação.
Quando se afirma que o objetivo do processo educativo é ajudar o educando a descobrir e vivenciar a sua verdadeira identidade, esta- se dizendo, com isso, que o verdadeiro objetivo é ensinar-lhe a arte de viver. Sendo arte, aprende-se fazendo, e quem não faz, não aprende; e quem não aprende, não pode ensinar (RÚDIO, 1991; P. 72; 73).
Apesar de todas as investidas no sentido de transformar o ensino, ainda vivemos
hoje, numa busca constante de reconhecimento da Arte-educação nos espaços
escolares. Percebemos que ela já se faz presente, embora de forma mais tímida.
Porém, a mesma ainda permanece em muitos ambiente educacionais camuflada por
questões de prática educativa de cada professor que atua. Rúdio (1991) coloca que:
39
“A educação é, portanto, um processo sem fim que, em cada situação e etapa de
nossa vida, apresenta novas necessidades e nos faz novas exigências (p.74)” .
De acordo com os Parâmetros Nacionais Curriculares - PCNs (2001), os conteúdos
da área de Arte precisam estar relacionados de tal maneira que possam garantir a
aprendizagem artística dos alunos do ensino fundamental I.
É papel da escola incluir as informações sobre a arte produzida nos âmbitos regional e internacional, compreendendo criticamente também aquelas produzidas pelas mídias para democratizar o conhecimento e ampliar as possibilidades de participação social do aluno. (...) O ensino fundamental configura-se como um momento escolar especial na vida dos alunos, porque é nesse momento de seu desenvolvimento que eles tendem a se aproximar mais das questões do universo do adulto e tentam compreendê-la dentro de suas possibilidades (PCNs, 2001;p. 48)
Conforme os PCNS é necessário que a escola pense um modelo de educação em
Arte que favoreça o acesso de conhecimentos a todos os educandos a nível
nacional e internacional, para uma aprendizagem significativa. Neste aspecto Ferraz
(2009), pontua que: ”Essa forma de pensar a educação escolar em Arte deve ser
acessível a todos, numa concepção de escola democrática, e deve garantir a posse
dos conhecimentos artísticos e estéticos (p. 55)” .
Atualmente vivemos nesse contexto cheio de mudanças, desse modo é pertinente
pensar a escola enquanto espaço privilegiado capazes de tornar o aprendizado mais
dinâmico e capaz de abrir leques de possibilidades e competências para os alunos
oriundos das classes desfavorecidas partindo dos conhecimentos que eles trazem
de suas realidades, da sua cultura, pois o que acontece ainda é o enaltecimento da
cultura dos já privilegiado, ignorando saberes tão ricos que a classe dos menos
favorecidos apresentam.
No que diz respeito à cultura local, pode-se constatar que quase sempre apenas o nível erudito dessa cultura é admitido na escola...a culturas de classes sociais desfavorecidas continuam a ser ignoradas pelas instituições educacionais, mesmo pelos que estão envolvidos na educação dessas classes (BARBOSA, 2008; p. 20).
De acordo com o que foi citado entendemos que necessitamos e uma escola que
busque a solidariedade e respeito às diferenças, tanto locais, culturais e sociais. Que
contribua para que os seus alunos se reconheçam enquanto indivíduos,
40
participantes de sua cultura. Neste sentido, a escola do Ensino Fundamental I,deve
estar aberta à presença e participação da comunidade, em especial a dos pais na
busca de resultados positivos em relação a aprendizagem de seus filhos. È neste
cenário que a disciplina Arte tem muito a contribuir na vida desses educados,
tornando-se uma ponte que fará a ligação do conhecimento acumulado com o que
elas ainda vão aprender, possibilitando a troca de informações.
As famílias também podem contribuir muito, acrescentando como a escola pode
fazer para aproximar mais os conteúdos que trabalham com o mundo dos seus
filhos, partindo da realidade local. Hoje, as famílias precisam estar envolvidas no
contexto escolar, participando ativamente da vida do seu filho que ali está inserido. A
escola que temos hoje distancia-se da que sonhamos, portanto ela precisa de uma
identidade escolar voltada ao interesse e alcance de todos.
41
CAPÍTULO III
3. METODOLOGIA
A presente pesquisa se caracteriza por um estudo de natureza qualitativa e está
fundamentada na necessidade de repensar as forma em que a arte está sendo
explorada e aplicada nos espaços escolares. E por meio dessa tem-se por objetivo
identificar as compreensões que os professores da Escola Centro Experimental
Rural de Torrões tem sobre a importância de se trabalhar com a Arte no Ensino
Fundamental I. Assim como já foi mencionado acima, o tipo de pesquisa utilizada
será que a qualitativa, no entanto trazemos também elementos da pesquisa
quantitativa, pois esta se fez importante para que pudéssemos traçar o perfil dos
sujeitos.
Metodologia significa, etimologicamente, o estudo dos caminhos a serem seguidos, dos instrumentos usados para se fazer ciência. A metodologia faz um questionamento crítico da construção do objeto científico, problematizando a relação sujeito-objeto construído (GOLDENBERG, 2000; 105).
Nessa mesma abordagem, Deslandes (1994) vem definindo metodologia como:
“caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade (p. 16)” .
Pelas palavras do autor, entendemos que a metodologia consiste em um caminho a
ser seguido para chegar até o objetivo desejado.
3.1. Tipo de pesquisa
Aqui será abordada a pesquisa qualitativa, através dela é possível a obtenção de
dados descritivos diante do contato direto e interativo entre pesquisador e a situação
objeto de estudo.
Na perspectiva de Oliveira Netto (2008), a pesquisa hoje, vem ocupando lugar
privilegiado na vida dos estudantes, especialmente no meio acadêmico, afirmando
que ela está em evidência nas salas de aula no processo educativo que envolve
professor-aluno, dessa forma atingindo a sociedade que também se encontra
42
envolvida nesse processo. O autor acrescenta que: “ fazer pesquisa, então requer
capacidade, competência humana e técnica. Para isso, torna-se fundamental a
formação do pesquisador, que necessita de instrumentos básicos para empreender
trabalho de investigação científica (p.32)” .
Neste sentido Deslandes (1994) vem conceituando o modelo de pesquisa qualitativa
dizendo que:
A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (p.21 e 22).
È importante a utilização do referido método, porque permite a coleta de dados mais
precisos na informação das causas e consequências do problema em questão,
sendo possível até mesmo o levantamento de meios eficazes no combate ou até
solução do problema. Quanto à definição desse tipo de pesquisa, Triviños (1987)
diz:
O ambiente, o contexto no qual os indivíduos realizam nas ações e desenvolvem seus modos de vida fundamentais, tem um valor essencial para alcançar das pessoas uma compreensão clara de suas atividades. O meio, com suas características físicas e sociais, imprime ao sujeito traços peculiares que são desvendados à luz do entendimento dos significados que ele estabelece (p.122).
Percebe-se aí a importância de dados qualitativos com o objetivo de melhor
entender aspectos que não podem ser definidos exclusivamente com dados
numéricos.
Para Goldenberg (2000) a pesquisa é
a construção de conhecimento original, de acordo com certas exigências científicas. È um trabalho de produção de conhecimento sistemático, não meramente repetitivo mas produtivo, que faz avançar a área de conhecimento a qual se dedica (p.105).
43
O autor ainda nos diz que para se realizar uma pesquisa, é necessário criatividade,
organização e modéstia, podendo haver no processo dessa construção, confrontos
entre o possível e o impossível, como também entre o conhecimento e a ignorância.
A partir desse modelo de pesquisa de cunho qualitativo e dos instrumentos de coleta
de dados escolhidos, buscou-se identificar as compreensões dos professores acerca
da importância do ensino de arte no Fundamental I na Escola Centro Experimental
Rural de Torrões.
3.2. Lócus de pesquisa
O local utilizado para a realização da pesquisa foi a Escola Centro Experimental
Rural de Torrões localizada no Povoado de Torrões, Rua da Cajazeira, s/n situada
no interior do Município de Campo Formoso-BA, onde são oferecidos o Fundamental
I, II e Educação Infantil.
O espaço físico está organizado da seguinte forma: 5 salas de aula / 3 banheiros / 1
Biblioteca/ 1 secretaria/ 1sala de professores/ 1diretoria / 1 cozinha e um pátio.
A equipe administrativa compõe-se de: 1 diretora, 1 Coordenadora, 3 secretárias ,
10 professores, 2 auxiliares de serviços gerais e 1vigia.
A opção pelo local justifica-se por ser uma instituição que trabalha com turmas do
fundamental I, desta forma encaixando-se no perfil que se pretende observar,
analisar e pesquisar, podendo atender as minhas expectativas com as informações
necessárias para a realização desse trabalho.
3.3. Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos envolvidos na pesquisa são 5 professores do Ensino Fundamental I da
Escola Centro experimental Rural de Torrões que atuam no turno vespertino. A
escolha por esses sujeitos surgiu diante da curiosidade de saber como eles
trabalham a Arte dentro do espaço escolar. Destacamos que a participação das
professoras foi de grande importância para os resultados dessa pesquisa.
44
3.4. Instrumentos de coleta de dados
Para melhor precisão nos resultados desta pesquisa, será realizada a coleta de
dados através da técnica de entrevista semi-estruturada, questionário fechado como
também pela observação no lócus, tratando-se de instrumentos que irão contribuir
bastante para melhor garantir as informações importantes para a o esclarecimento
da questão de pesquisa que se buscou compreender.
3.5. Entrevista Semi-estruturada
A entrevista refere-se a um procedimento utilizado na investigação social bem como
auxilia na identificação do problema, sendo bastante utilizado no trabalho de campo,
permitindo ao pesquisador obter informações a partir das falas dos entrevistados.
Segundo Lakatos (1991) “a entrevista se constitui um importante instrumento de
trabalho nos vários Campos, nas ciências sociais e em outros setores de atividades,
como a Sociologia, a Antropologia, a psicologia e outros (p.75)” .
A importância da entrevista é que ela é um instrumento que possibilita diálogos entre
entrevistados e informante havendo esse contato mais próximo. Assim Cruz (1994)
afirma que:
Através da entrevista, o pesquisador busca informes contidos na fala dos atores sociais. Ela não significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que se insere como meio de coleta dos fatos relatados pelos atores, enquanto sujeitos-objetos da pesquisa que vivenciam uma realidade que está sendo focalizada (p. 57).
Vale salientar que as entrevistas proporcionam a interação social entre o
pesquisador e o entrevistado, o que favorece ao pesquisador escolher a melhor
forma que irá registrar as respectivas respostas para a sua pesquisa.
Assim, Ludorf (2004), coloca que a entrevista uma vez coletada pode ser registrada
pelo entrevistador através de gravações ou anotações com o objetivo na maioria das
vezes, de levantar sentimentos, emoções, percepções e opiniões dos sujeitos
entrevistados.
45
“As entrevistas também podem ser estruturadas (com roteiro fechado de questões),
semi-estruturadas ( algumas questões-chaves que permitem uma certa abertura no
momento da interação) (...) (LUDORF, 2004; p. 91)” . De acordo com as colocações
do autor, percebemos que a entrevista permite um contato maior com os
pesquisados, garantindo a originalidade das palavras pronunciadas, dos sentimentos
expressos e de uma abertura maior no diálogo estabelecido com ambas as partes,
ou seja pesquisador e pesquisado.
3.6. Observação
Na compreensão de Ruiz (2002; p.53) observar é: “aplicar a atenção um fenômeno
ou problema, captá-lo, retratá-lo tal como se manifesta. Situa-se a observação
particularmente na fase inicial da pesquisa (...) (p.53)” .
O ato de observar consiste em ampliar a atenção a um fenômeno ou problema,
captá-lo, retratá-lo tal como se manifesta. A observação acontece na fase inicial da
pesquisa, e segue de forma contínua, durante todo o processo. Diante disso Ruiz
(2002) vem explicando que:
A observação pode ser natural e espontânea ou direta e intencional. E as etapas posteriores da pesquisa ficarão prejudicadas se não partirem da observação correta e adequada ou, tanto quanto possível, completa na enumeração das circunstâncias antecedentes ou variáveis (p.53).
A importância da técnica de observação se dá pela possibilidade que o observador
tem de captar uma variedade de situações ou fenômenos que não são através de
perguntas, mas sim com a observação direta da própria realidade que prioriza a
transmissão daquilo que é mais imponderável e evasivo na vida real. Na
compreensão de Barros (1990) a observação é: “ uma das técnicas de coleta de
dados imprescindível em toda pesquisa qualitativa. Observar significa aplicar
atentamente os sentidos a um objeto para dele adquirir um conhecimento claro e
preciso (p.76)” .
Na verdade a observação é um dos instrumentos que aproxima o pesquisador da
sua fonte de pesquisa possibilitando uma melhor interpretação dos fatos, isso
46
porque o ato de observar segundo Ludorf (2004) é uma característica permanente
no ser humano, pois nesse contexto, estamos sempre observando as pessoas bem
como todo o seu comportamento.
Para ser um bom observador é necessário que ao de se decidir pela observação que
deseja realizar, ele deverá preparar o seu desenvolvimento, o seu emprego e
também as formas de registro desde o momento que vai a campo. Segundo Cruz
(1994; p.60): “As questões centrais da observação participante estão relacionadas
aos momento da realização da pesquisa, sendo um deles a entrada em campo” .
3.7. Questionário fechado
Através dos questionamentos é possível traçar o perfil dos entrevistados,
oferecendo dado gerais do informante como idade, grau de formação, estado civil,
sexo, tempo de exercício no magistério côo também opiniões sobre a concepção do
professor.
A escolha deste instrumento de pesquisa, ocorreu justamente por permitir ao
entrevistado maior liberdade para exprimir sua opinião, uma vez que não precisa se
identificar, atinge maior número de pessoas simultaneamente e as respostas são
mais rápidas e precisas. Assim Glesser (1989) vem conceituando que o questionário
fechado permite que as respostas dos entrevistados sejam limitados e opcionais,
desta forma, ele pode escolher a alternativa ao responder o questionário.
O questionário é um dos instrumentos mais utilizados nas pesquisas por ser rápido
não podendo ser feito de forma a cansar quem o estar respondendo. Mas é
necessário que outros modelos de instrumentos sejam utilizados para a aquisição de
mais informações do pesquisando.
Nas palavras de Ludorf (2004) o questionário representa “um instrumento de
pesquisa impessoal (...) constitui-se de uma série de perguntas escolhidas em torno
do objeto de estudo (...) (p. 90)” .
47
Diante do exposto, é importante assinalar que as informações obtidas com os
respectivos instrumentos de pesquisa permitiu uma variedade de informações sobre
as compreensões que as professoras pesquisadas apresentam sobre a proposta
educativa que contempla o ensino da Arte na escola, em especial no Ensino
Fundamental I.
48
CAPÍTULO IV
4. ANALISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Para melhor entender as respectivas narrativas das professoras pesquisadas sobre
como se realiza o ensino de arte-educação no Ensino fundamental I buscamos
observar como ocorre na prática as compreensões das professoras sobre o ensino
da Arte-educação no Fundamental I na Escola Centro Experimental Rural de
Torrões situada no interior do município de Campo Formoso- BA. Para isso
utilizamos como instrumentos de coleta de dados: o questionário fechado que traçou
o perfil dos sujeitos, a entrevista semi-estruturada que propiciou uma maior
aproximação e a observação que aconteceu no lócus. Assim todos foram
importantes e necessários para a produção desta pesquisa.
Sobre a importância do ato de pesquisar para o crescimento intelectual do professor,
Freire (1996) relata que a pesquisa para o professor, caracteriza-se como um
caminho de possibilidades e descobertas que se transformará em aprendizagem
para a boa atuação profissional por meio da busca constante. Para o referido autor:
“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que fazeres se
encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando,
reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago
(p. 29)” .
Assim a fim de alcançar o nosso objeto de pesquisa que visa: Identificar as
compreensões que as professoras tem sobre o ensino da Arte-Educação no Ensino
Fundamental I, viabilizaremos a exposição dos resultados obtidos.
Iniciaremos agora a análise com os resultados do questionário fechado com as
respostas que trazem elementos do perfil dos nossos sujeitos. Na sequência,
apresentaremos e analisaremos também os resultados obtidos na entrevista semi-
estruturada e na observação realizada em lócus sobre o ensino da Arte- Educação
no Fundamental I.
49
100%
0%
Mulheres
Homens
4.1. RESULTADO DO QUESTINÁRIO FECHADO: PERFIL DOS SUJEITOS.
4.1.1 Sexo
Os nossos sujeitos de pesquisa totalizam 5 professoras, todas ensinam no Ensino
Fundamental I.
Figura 1
Fonte: Questionário Fechado aplicados com os sujeitos da pesquisa
Observando o gráfico acima, percebemos que por unanimidade, 100% dos
professores entrevistados são do sexo feminino. Diante disso entendemos que a
presença feminina se destaca nos espaços escolares, embora a participação e
presença da figura masculina tenha aumentado no meio educacional.
4.1.2. Idade
Segundo o gráfico, no que se refere a idade, 60% dos professores encontram-se
acima de 37 anos, 20% estão entre 30 e 37 anos e 20% apresentam 24 a 30 anos.
Figura 2
Fonte: Questionário Fechado aplicados com os sujeitos da pesquisa
20%
20% 60%
24 á 30 anos
30 á 37 anos
acima de 37 anos 60%
50
Entendemos que a maior parte dos entrevistados por apresentarem uma faixa etária
maior, poderá refletir em sua prática que contará com anos de experiências
educativas contribuindo para o bom resultado dos alunos.
4.1.3. Grau de escolaridade
Em relação a escolaridade percebemos pelo gráfico apresentado que, 60% dos
entrevistados concluíram o ensino superior e 40% ainda encontram-se no processo
de conclusão do curso.
Figura 3
Fonte: Questionário Fechado aplicados com os sujeitos da pesquisa
Vê-se aí, que existe uma busca constante de novos conhecimentos, visando
aperfeiçoar suas práticas educativas para melhor atender as necessidades do
educando. Vale salientar ainda que de acordo com o que estamos analisando vimos
que os professores que atualmente não se encontram com uma formação
acadêmica, estão em busca desta realização.
Neste sentido, essa responsabilidade de garantir uma formação pautada no objetivo
de educar, preparar o espaço educativo que se pretende ocupar, é necessário
refletir que o espaço escolar está formado por sujeitos esperando profissionais que
atendam seus objetivos, tendo compromisso, determinação e acima de tudo
responsabilidade. É nesse processo que levamos em conta a fala de Zabala (1998):”
é preciso insistir que tudo quanto fazemos em sala de aula, por menor que seja,
incide em maior ou menor grau na formação de nossos alunos (p.29)” .
60%
40%
Ensino Superior completo
Ensino Superior incompleto
51
O professor tem um papel fundamental no desenvolvimento sadio do educando,
pois, como educador, contribui para sua formação e construção da própria
identidade.
4.1.4. Área de Formação
Ao serem questionados sobre suas áreas de formação, constatamos que 40%
desses professores estão concluindo o curso de Normal Superior e que 60% já
encontram-se formadas em Pedagogia.
Figura 4
Fonte: Questionário Fechado aplicados com os sujeitos da pesquisa
Esse percentual nos leva a perceber que os sujeitos ingressaram em uma formação
que mantém uma ligação direta com a realidade vivenciadas por eles uma vez que
pertencem ao quadro de professores efetivos que ensinam no Ensino Fundamental
I. Diante do exposto percebemos que as professoras buscaram a formação dentro
da área que atuam, procurando dá continuidade a sua profissão.
Partindo desse pressuposto é necessário destacar que mediante a especialização
desses profissionais, o campo para a pesquisa abre um leque de possibilidades em
sua prática educativa de forma que por meio do ato de pesquisar, o professor
possibilite uma aprendizagem significativa em seus alunos, respeitando-os em suas
especificidades bem como suas capacidades. A partir daí Sacristán (2007) nos diz
que:
60%
40%
Pedagogia
Normal Superior
52
Educar é mais do que si informar, é também preparar cidadãos, facilitar o desenvolvimento de sua personalidade, fazê-los solidários, etc. Mesmo admitindo que a educação tem entre suas responsabilidades a de “ informar” em um sentido mais amplo, deve se destacar que essa informação tem objetivos peculiares a serviço de um determinado modelo de pessoa e de sociedade (44).
Nesse sentido, buscando concretizar o aprendizado, através dos saberes e vivência
de cada aluno, numa relação de conhecimento, num ensino – aprender, é
necessário que o professor perceba seu papel diante da riqueza e diversidade
cultural, presente no contexto escolar e na vida do educando.
A escola por excelência é um lugar propício a obtenção de conhecimentos, portanto
nós educadores temos que tornar novos rumos que direcione nosso trabalho com
seriedade e compromisso. Em relação a essa postura Freire (1996) acrescenta: “O
professor que não leva a sério sua formação, que não estude, que não se esforce
para estar à altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades
de sua classe (p. 92)” .
4.1.5. Tempo de atuação na área da Educação
Pelos dados obtidos e expostos no gráfico, 80% das professoras responderam que
estão ligadas a área da docência de 8 a 12 anos e 20% atuam acima de 12 anos e
que todas elas pertencem ao quadro efetivo do município.
Figura 5
Fonte: Questionário Fechado aplicados com os sujeitos da pesquisa
80%
20%
8 á 12 anos
acima de 12 anos
53
20%
30% 30%
20%
Livros e Internet
Livros
Revistas
Livros e outros
O conteúdo do gráfico leva-nos a entender que o tempo de serviço citado acima,
significa uma experiência bastante longa e necessária que refletirá na sua prática
educativa. É importante que o professor não termine por acomodar-se, sem manter
o objetivo da busca de outros horizontes, pois os longos anos de experiência de um
profissional vem contribuir para uma educação embasada na troca de experiências.
4.1.6. Fontes de pesquisa sobre a Arte
Ao serem questionados sobre as fontes que buscam e pesquisam sobre a Arte-
Educação, o item que se destacou foi a revista, e livros, no entanto reconhecemos
uma presente variação e diversidade nas fontes para a realização do trabalho com
esta área tão importante como as outras.
Figura 6
Fonte: Questionário Fechado aplicados com os sujeitos da pesquisa
Percebemos através do gráfico que o professor enquanto mediador do
conhecimento, precisa manter a postura de um professor-pesquisador de forma a
considerar a realidade dos seus alunos. Assim faz-se necessário a procura de
variadas fontes de pesquisa que transforme o ensino de Arte em um ensino
estimulante da imaginação. Sobre essa questão nos reportamos a Buoro (2003):
E nesse sentido que podemos vislumbrar toda a importância que a compreensão da Arte pode ter no ensino escolar. Precisamos conquistar um espaço para a Arte dentro da escola, espaço que ficou perdido no tempo e que, se recuperado, poderá mostrar-se tão significativo como qualquer outra matéria do currículo (p.33)”.
54
30%
20% 30%
10%
10%
Pintura
Música
Desenho
Teatro
Dança
O professor com a postura de pesquisador, que tem sua ação educativa embasada
na busca constante por novas informações, irá garantir uma educação eficaz na
medida que ele leva para sua sala de aula, e permite a socialização desse
conhecimentos. Não restringindo–se somente a uma única fonte de pesquisa.
4.1.7. Atividades mais aplicadas na disciplina Arte
Observamos a partir do gráfico que há também uma diversidade de atividades que
são realizadas nas aulas de Arte, no entanto a que mais prevalecem são as
atividades com desenhos e pinturas, reforçando uma prática reducionista que
privilegia de forma mais acentuada atividades de prontidão, seguidas por modelos
impostos muitas vezes pelos professores, que não respeitam a imaginação, a
criatividade dos seus alunos.
Figura 7
Fonte: Questionário Fechado aplicados com os sujeitos da pesquisa
Isso nos mostra que infelizmente o teatro a música tão importantes para o exercício
da oralidade encontram-se em pouca utilização em sala de aula, e o quanto essa
atividades podem estar provocando o lado sensível e criativo do aluno. Percebe-se
ainda, que temos diante de tal afirmação, a necessidade de repensar a Arte como
área do conhecimento capaz de transformar e contribuir na formação intelectual do
educando, entretanto acreditamos que é partilhando saberes artísticos que o
professor poderá garantir uma aprendizagem significativa que evidencie no aluno
seu lado sensível para Arte. Sobre essa ótica Buoro (2003) argumenta que é:
55
Partindo da concepção de que a Arte é uma linguagem manifestada desde os primeiros momentos da história do homem e estruturada, em cada época e cultura, de maneira singular, o conhecimento dessa linguagem contribuirá para maior conhecimento do homem e do mundo. Portanto, a finalidade da Arte na Educação é propiciar uma relação mais consciente do ser humano no mundo e para o mundo, contribuindo na formação de indivíduos mais críticos e criativos que, no futuro, atuarão na transformação da sociedade (p.3)” .
Nas palavras do autor fica claro que a partir do momento que os professores
perceberem a força e a influência que a Arte exercem na vida do aluno e de toda a
sociedade em geral, passará a trabalhar com esta disciplina com o objetivo de
desenvolver o conhecimento crítico, melhorar as relações humanas afim de que
possam estar contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária que olhem as
diferenças sem considerá-las menos importantes.
4.1.8. Visão dos professores sobre o ensino de Arte
Podemos observar que 100% dos professores reconhecem a importância do ensino
de Arte-educação no Ensino Fundamental I.
Figura 8
Fonte: Questionário Fechado aplicados com os sujeitos da pesquisa
Para todos os entrevistados o ensino da Arte-educação deve ser oferecida na
instituição escolar. Embora a visão dos entrevistados ser de aceitação com esta
área, percebemos que a forma como a disciplina Arte vem sendo contemplada em
sala de aula precisa acontecer com a postura de um educador que possa estar
desenvolvendo em sua prática educativa, ações indagadoras, ativas, reflexivas,
criativas e socializadoras diante do que se está propondo no espaço escolar. O
100%
0%
Sim Não
56
60%
40%
Sim
Não
ensino em Arte deve acontecer por meio de um ensino mediador do conhecimento,
sendo esta oferecida a partir de uma prática educativa envolvente, não reprodutora
de modelos que nada tenham a ver com o contexto dos alunos, Neste aspecto os
PCNs ( 2001) abordam que,
A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas (P.19).
À Arte é atribuída segundo as afirmações contidas nos PCNs, o papel de
proporcionar o ato de criar, imaginar, selecionar, organizar, pensar tanto as criações
dele enquanto aluno, de seus colegas como os de origem da natureza entre outros
comportamentos do aluno em sal de aula.
4.1.9. Utilização de materiais para o ensino de Arte
No que se refere aos materiais didáticos utilizados para o ensino de Arte,
percebemos que 40% responderam que existe e utilizam, e 60% dizem que não
utilizam.
Figura 9
Fonte: Questionário Fechado aplicados com os sujeitos da pesquisa
Esse resultado nos mostra que os professores ainda não percebem a importância do
ensino da Arte com materiais que facilitem o trabalho pedagógico, ou seja se não
tenho ferramentas que auxiliam em minha pratica pedagógica em quanto educador
buscarei. Conforme Zabala (1998): “ (...) a maneira de organizar aula, o tipo de
57
incentivos, as expectativas que depositamos, os materiais que utilizamos, cada uma
destas decisões veicula determinadas experiências educativas (p. 29) (...)” .
De acordo com o autor, toda a organização educativa que envolve a Arte ou
qualquer outro campo de conhecimento, implicará em uma prática eficiente ou não,
com resultados que vai variar de acordo com a postura educativa de cada educador,
se ele em seu perfil se apresenta como um profissional pesquisador que procura
refletir sua atuação na escola, o retorno será positivo.
4.2. RESULTADO DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
Apresentaremos a seguir os resultados obtidos através da análise da entrevista
semi-estruturada, com as respectivas respostas dos entrevistados, seguidas de
referenciais teóricos e argumentações. Esses resultados serão organizadas e
analisados em categorias, procurando relacionar com o objetivo de pesquisa
proposto.
Para melhor garantir o sigilo da identidade das entrevistadas, representaremos suas
falas pela inicial “P” seguida de números cardinais, afim de que se possa colocar
claramente e na íntegra as respectivas respostas dos pesquisados, garantindo
assim a originalidade dos dados coletados.
Isso se concretiza por meio da entrevista, instrumento tão importante para a
aproximação do que se pensa com o que efetivamente se dá na prática, contribuindo
de forma eficaz em uma pesquisa qualitativa que não objetiva quantificar dados, mas
compreender questões que não podem ser quantificadas.
Sobre essa questão o autor traça os seguintes esclarecimentos sobre a pesquisa
qualitativa: “ (...) a preocupação não é com a representatividade numérica do grupo
pesquisado, mas com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de
uma instituição (...) (GOLDENBERG, 2000; p.14)” . Ainda nas palavras do autor, ele
acrescenta que os dados qualitativos coletados baseiam-se em descrições
minuciosas de situações com o intuito de compreender os indivíduos em suas
individualidades.
58
Nesse processo elencamos também elementos da observação no lócus com a
finalidade de perceber diretamente nas salas de aula como a arte estava sendo
contemplada. A observação também permite ao investigador, informações
preciosas, seja de cunho qualitativo ou quantitativo. Em comentário a essa questão,
Barros (1990), aponta que:
“A observação pode ser flexível e utilizada dentro de qualquer metodologia de
pesquisa, tanto de abordagens quantitativas como qualitativas (...) o bom observador
(...) deverá preparar o seu desenvolvimento, o seu emprego (1990; p. 77)” .
Já que estamos investigando um tema dentro do ensino fundamental I vale
acrescentar o que os PCN’s nos dizem a respeito desse nível escolar:
O ensino fundamental configura-se como um momento escolar especial na vida dos alunos, porque é nesse momento de seu desenvolvimento que eles tendem a se aproximar mais das questões do universo do adulto e tentam compreendê-las dentro de suas possibilidades (p .48).
E ainda acrescenta que, os conteúdos da área de Arte devem estar ligados de tal
maneira que possam fortalecer a aprendizagem significativa dos alunos do Ensino
fundamental I.
4.2.1. Compreensão dos professores sobre a Arte.
Ao serem questionadas sobre suas compreensões sobre a Arte-educação, 60 % das
professoras entrevistadas, responderam que compreendem como um caminho
propício a aprendizagem, ao desenvolvimento expressivo do individuo e a
contemplação da cultura local.
Sobre isso, as professores colocam:
Acredito que poderia ser o mais eficiente caminho para estimular a consciência cultural do indivíduo, começando pelo reconhecimento e
apreciação da cultura local (P 1). Eu, eu entendo que arte-educação é uma forma ou maneira de educar, pois arte não é somente executar, produzir, realizar, é
59
também invenção, relacionando-os com as manifestações da cultura do nosso país (P 3). Eu entendo que...que é a educação que permite ao indivíduo o acesso a arte, vendo a arte com uma linguagem, uma forma de expressão. Não transformar um aluno em um profissional e sim permite que esse se insira na sociedade de maneira mais ampla (P. 4).
Analisando as falas das professoras acima, a Arte é compreendida como um campo
de conhecimento que tem forte ligação com a capacidade de expressão presente no
ser humano e a forte ligação que ela representa e tem com a cultura local. Embora
as entrevistadas apresentem essa compreensão, percebemos na fala da P1 uma
segurança maior quando acrescenta em seu discurso a questão da Arte ser um
caminho que possibilitará o estímulo ao desenvolvimento da consciência do
indivíduo, partindo da valorização e apreciação da cultura do nosso país. Conforme
os PCN’s:
E papel da escola incluir as informações sobre a arte produzida nos âmbitos regional, nacional e internacional, compreendendo criticamente também aquelas produzidas pelas mídias para democratizar o conhecimento e ampliar as possibilidades de participação social do aluno (p.48).
Sabemos que a arte e a cultura estão estritamente ligadas, e não podem ser
separadas. Logo podemos relembrar que boa parte do que temos relativos ao
campo da Arte é resgatado da nossa cultura, algumas delas, advindas de outras
culturas. A educação tem em seu papel, o caminho para estimular a consciência
cultural dos educandos, a começar pelo reconhecimento e valorização da cultura
local.
Quando nos reportamos a teóricos que defendem ou definem a importância da
cultura, pretendemos reforçar que o aluno chega a escola “ recheado” de
conhecimentos artísticos, advindos da sua cultura local, cabendo ao professor
aproveitá-los e ampliá-los baseando-se no que a Arte representa e defende.“Por isso
uma educação que apenas pretende transmitir significados que estão distantes da
vida concreta dos educandos, não produz aprendizagem alguma (DUARTE JÚNIOR,
1996; p.25)” . Neste aspecto o autor explica que conhecendo a arte do meu tempo e
cultura, absorvo informações que me permitem uma maior compreensão da vida que
é vivida aqui e agora, e conhecendo esta arte do passado, da minha cultura,
60
entenderei também as mudanças que ocorrem ao longo da história, até os meus
dias.
Por estas razões percebe-se a importância de se incluir a Arte nos currículos.O
trabalho com a Arte desde cedo pode ser justamente um maneira de não adiarmos
as tarefas que o mundo atual exige da escola. É importante que o aluno compreenda
a lógica da Arte, para não correr o risco de ser somente mero agente passivo das
informações que lhe são impostas sobre ela. Cabe ao professor tornar possível essa
aprendizagem por meio de uma aproximação maior com o conhecimento artístico.
Sobre isso Biasoli (1999) afirma:
“Sempre acreditei–e continuo acreditando-na importância da arte para o desenvolvimento global do ser humano. E no ensino da arte para libertar o indivíduo dos condicionamentos sociais impostos pelo racional, que é a área, por excelência, mais trabalhada e mais valorizada pelo sistema educacional (93).
Ainda sobre a compreensão da Arte, a P2 continua:
O ensino da arte por si só propõe o rompimento das barreiras da exclusão, visto que a prática educativa, está embasada não no talento ou no dom, mas na capacidade de estimular, de se arriscar a desenhar, representar, de tocar. Trata-se de uma vivência (P 2).
Observando a fala da P2, percebemos que ela toca na questão da exclusão. De
fato,o ensino da Arte permite a liberdade em vários aspectos em especial ao da
expressão. Porém não é o que acontece na prática. Acreditamos que a fala da
professora de certa forma, se mostra um pouco equivocada quando paramos para
analisar a realidade do trabalho voltado par o campo da Arte nas escolas que
implora para ter seu espaço garantido. Isso nos leva a refletir que há uma acentuada
exclusão tanto da disciplina, quando esta é realizada de forma fragmentada, limitada
e do próprio aluno quando este não tem o acesso a significância desta área.
Ainda no contexto da Arte, a P5 pontua:
Eu acho que é um conhecimento necessário para o desenvolvimento do potencial criativo e expressivo do educando.
61
Nas palavras da P5, percebemos insegurança ao tentar definir o que seria Arte-
Educação. Notamos aí um distanciamento na prática dessa educadora que tem em
seu papel a responsabilidade de estar garantindo qualidade naquilo que lhe é
destinado que é o ato de educar, ou seja ele tem que ter dentro do seu perfil de
educadora a questão definida que envolve a sua prática docente em Arte. Ela
precisa saber o que está fazendo ou construindo para os seus alunos. Isto é “O
professor enquanto mediador do conhecimento precisa saber muitas coisas para
ensinar (GADOTTI, 2007; p. 42)” .
É importante dizer que, tanto a organização dos saberes como sua transposição
didática aos alunos dependem da responsabilidade e competência do professor. O
aluno está a mercê dele! Desse modo quando o professor transmite uma informação
está construindo a inteligência e desenvolvendo a personalidade de seu aluno
(MAHONEY, 2006).
Apesar dos discursos das professoras tocarem em pontos que a Arte contempla,
percebemos a ausência de um conhecimento ampliado do que representa o ensino
de Arte. O que elas pontuaram em suas falas, não deixa claro que o ensino com a
perspectiva da Arte engloba aspectos interiores do ser humano, como imaginação,
criação, atitude, expressão, oralidade entre outros. Portanto vale salientar que a
compreensão das professoras ainda se encontram limitadas e sucintas com a área
em questão. Partindo desses contextos, é válido colocar que a escola é um local
privilegiado para o desenvolvimento e aprendizagem da linguagem artística, porém
necessita de espaço adequado e educadores mais sensíveis.
4.2.2. O Ensino Fundamental I e o ensino da Arte
Ao serem questionadas sobre o ensino da Arte no Fundamental I, 80% das
entrevistadas revelaram a importância do ensino da Arte no princípio da vida escolar
do aluno, reconhecendo assim o papel significativo que a Arte detém. Vejamos as
declarações abaixo:
62
P2 – E um processo de adaptação as atividades artísticas... merece um cuidado especial para que ela (criança) se sinta confiante no seu potencial e conhecedora de seus próprios limites e tentar superá-los. P3 – Compreendendo que o ensino da Arte nesse período é essencial para que o aluno conhece os seus fundamentos, porém, nós professores muitas vezes não temos esse conhecimento ( compreensão) e a consideramos como uma disciplina sem importância onde é trabalhada sem a preocupação e a valorização que as demais disciplinas tem. Damos as demais disciplina mais importância. P4 - Bem, o ensino da Arte no Ensino Fundamental está fundamentado na LDB. O que acho é que se desde cedo o aluno já tiver o contato com A Arte reconhecer a Arte nos lugares onde freqüentar, esse terá um desenvolvimento cultural e intelectual e acima de tudo a sensibilidade, imaginação e percepção já serão aguçadas desde cedo. P5 - É relevante porque proporciona oportunidades para a criança descobrir e demonstrar suas habilidades.
Mesmo que a maioria das professoras demonstre em suas falas que acham
importante o ensino da arte nas séries inicias, alguns pontos nos chamou a atenção.
A P2 chama atenção para as questões de adaptação ás atividades artísticas no
sentido de estimular a auto confiança e o potencial da criança e superação.
Acreditamos na pertinência do que é colocado pela professora, porque não é
novidade a forma com esta disciplina ainda vem sendo trabalhada dentro do
ambiente escolar. Em meio a preocupação da P2, nota-se que ela enfatiza
atividades, mas é importante colocar que o ensino não está preso somente a
atividades como as citadas. Assim estaríamos simplificando demais a grandiosidade
dessa área.
Já a P4 expressa na sua argumentação que trabalhando com disciplina Arte desde
cedo, o nível cultural e intelectual aumenta. Concordamos com a fala, realmente o
aluno que tem inicialmente o contato com estas informações, terá em sua formação
um diferencial pertinente no tocante aos seu desenvolvimento intelectual.
“É desejável que o aluno, ao longo da escolaridade, tenha oportunidade de vivenciar
o maior número de formas de arte; entretanto, isso precisa ocorrer de modo que
cada modalidade artística possa ser desenvolvida e aprofundada (PCNs, p.55)” .
63
Na fala da professora P4 ainda visualizamos o conceito que mais se aproxima
daquilo que deve ser o ensino da Arte. Identificamos na argumentação acima e
durante as observações que os professores percebem a importância da Arte no
espaço escolar, mas precisamente no Fundamental I para a oportunidade do
crescimento intelectual, embora suas práticas não condizem com o que elas
defendem em seus argumentos.
Verificamos que a P3 evidência um outro ponto interessante, o terrível descaso com
a área da Arte e a dificuldade que os professores tem apresentado para participar e
articular a Arte na atuação docente quando afirma em sua fala também a falta de
interesse pela disciplina.
Daí é importante frisar que o contato dos alunos como a Arte no espaço escolar
deve acontecer de forma prazerosa, envolvente e contextualizada, dessa forma
priorizar a presença da cultura local do educando, partindo da realidade dele, na
qual a aprendizagem ocorrerá de forma mais significativa. É preciso insistir no fato
de que para realizar um bom trabalho de Arte o educador necessita saber quais são
os interesses, vivências, linguagens, modos de conhecimento de arte e práticas de
vida dos seus alunos. Compreender os estudantes na sua relação com a própria
região, com o Brasil e com o mundo, é o início fundamental para o trabalho de
educação escolar com base na disciplina Arte que realmente provoque uma
compreensão de informações na área artística (FERRAZ, 2009).
Essa ação nos leva a pensar que possa ser um reflexo da submissão da escola que
por muito tempo permitiu a perpetuação e a aceitação de outros modelos educativos
que fogem aos padrões do nosso e que por esse anglo, o ensino na área da Arte
ainda sofra essa exclusão. E não é só isso, há também a preferência por outras
disciplinas com total enaltecimento e rejeição por outras tidas como menos
importantes. É importante que o professor tenha em mente que o trabalho com Arte
deva acontecer em sintonia com as demais disciplinas. Assim nos mostra Ferraz
(2009):
No contexto da disciplina escolar, a disciplina Arte compõem o currículo compartilhado com as demais disciplinas num projeto de envolvimento individual e coletivo. O professor de Arte, junto com os demais docentes e
64
através de um trabalho formativo e informativo, tem a possibilidade de contribuir para a preparação de indivíduos que percebam melhor o mundo em que vivem, saibam compreendê-la e nele possam atuar (p. 22).
Além disso a fala da P3 nos faz voltar a outro ponto que é a forma como o professor
aprendeu em seu processo escolar, que implicará na sua prática educativa também.
Se ele teve uma aprendizagem significativa com a Arte, ele poderá contemplá-la,
caso contrário fica nas mão desse profissional decidir como irá desenvolver seu
trabalho neste campo de conhecimento.
Neste sentido Cunha(1994) pontua que muitas vezes: “o professor trata o
conhecimento da forma como aprendeu e ainda da maneira como vivenciou
experiências escolares (p. 30)” .
Neste sentido percebemos a escola, como a instituição muito importante para a
sistematização dos conhecimentos, e a sala de aula o espaço onde o saber também
se evidencia. Vale afirmar que atualmente torna-se muito difícil pensar a assimilação
do conhecimento sem levar em conta todo o processo educativo. A partir daí Biasoli
(1999) afirma:
A sala de aula- espaço cênico- é o local onde o trabalho do professor se torna mais evidente, ou seja, é ali que se realiza uma situação de ensino formal e sistematizado, que o professor, numa relação conjunta de ação e re-ação com os alunos (...) é nesse processo que o professor se mostra em seu papel de educador e se posiciona quanto as suas concepções, estabelece seus objetivos, desenvolve os conteúdos de sua disciplina, criando e recriando, a sua maneira, uma forma de executar e avaliar seu ensino (p.144).
Por sua vez Duarte Júnior, (1996) ressalta a importância de trabalha na perspectiva
da Arte.
“A arte se constitui num estímulo permanente para que nossa imaginação flutue e
crie mundos possíveis, novas possibilidades de ser e sentir-se. Pela arte a
imaginação é convidada a atuar, rompendo o estreito espaço que o cotidiano lhe
reserva (p.67)” .
Percebe-se que a prática educativa envolvendo a disciplina Arte precisa apresentar
ao aluno a sensibilidade da arte com o intuito de desenvolver habilidades como
valores e respeito. Assim, é a Arte inovadora e surpreendente.
65
Então, percebemos mais uma vez percebemos que os professores, apesar de
defenderem o ensino da Arte no fundamental I,estas ainda estão focadas em uma
visão de apenas aceitação da disciplina, mas não de envolvimento na busca de
superar as dificuldades que encontram na execução do trabalho com esta área.
4.2.3. A prática educativa no ensino de Arte
Diante da questão abordada, identificamos que 60% das professoras afirmam que
incluem em suas práticas educativas atividades com música, pintura, dramatização,
desenhos e danças. Sobre essa mesma questão elas declaram:
P1- (...) através de músicas, pequenas dramatizações, pinturas, e produções de desenhos. P3 - Eu a contemplo de diferentes maneiras, através da invenção, da criação, do modo de fazer e expressar-se por meio da dança, música, dramatizações, produções livres e confecções (criações) (...) P4 – E (...) nós que trabalhamos com o Fundamental I temos apenas uma aula de arte no horário então uso para confeccionar com os alunos trabalhos para as datas comemorativas, ilustramos músicas e textos, confeccionamos desenhos com histórias. P5 - A arte é contemplada na minha prática educativa através de desenhos, pinturas, apresentações nos eventos, danças e músicas.
Partindo das falas das professoras, constatamos que suas práticas distanciam-se do
que a Arte contempla. Cabendo aos profissionais da educação ampliar o acesso ao
conhecimento. Por esta razão percebe-se a grande importância de se incluir a Arte
nos currículos, pois sabemos que a escola influência o meio em que vivemos e é
nesse processo que percebemos que o ato de educar com a arte é fundamental par
o resgato do conhecimento cultural presente na realidade do educando. Esse
resgate pode acontecer através das atividades propostas em sala de aula.
Neste sentido a visão do autor para a sua tarefa de educar defende a idéia de que o
professor é o protagonista de sua prática pedagógica, que proporciona ao aluno o
domínio de suas vivências em Arte. É nesse processo que levamos em conta a fala
de Mahoney, (2006):
66
Nesse sentido, a sala de aula tem de ser uma oficina de conveniência, e o professor, um profissional das relações. Este é um imperativo de sua prática. Além disso, ele, queira ou não, é um modelo para o aluno e como tal será imitado em suas atividades, em suas convicções, em seu entusiasmo (p.85).
Portanto o professor é um importante comunicador que auxilia a formação de
opiniões, bem como hábitos e atitudes dos alunos. Sobre essa questão a P4 pontua
toca em um ponto importante que não poderíamos deixar de analisar. Assim
identificamos uma compreensão equivocada da entrevistada, pois vê na Arte espaço
para confecções de objetos que serão utilizados em datas comemorativas. Duarte
Júnior,(1996) nesta perspectiva afirma que ainda é comum
encontrar-se, na aulas de arte, a proposta de confecção de presentes para o “dia dos pais” , “ das mães” , das crianças” , etc. Além de, em geral, “ presentes” pré- fabricados, que o aluno deve recortar, colar e colorir, reforçar-se a atitude consumista presente entre nós. Transmite-se, sem questionamentos, uma ideologia de consumo que institui semelhantes datas com fins estritamente lucrativos (p.81).
E importante pontuar que durante as observações no lócus observou-se a
priorização de atividades voltadas par as datas comemorativas, onde os professores
procuravam agilizar essas produções para que as mesmas fossem exposta,
confirmando assim a fala da P4.
Entretanto ampliando o olhar, percebemos que existe uma limitação pedagógica da
professora em relação ao ensino de Arte. Ela não compreende que agindo dessa
forma, o conhecimento dos alunos fica restrito a intervalos das aulas que levará a
fragmentação da aprendizagem. Ainda neste aspecto o referido autor continua:
(...) a imitação e o adestramento atingem aí, as raias do delírio, pois o que importa, par muitos professores, é o aluno seguir o modelo dado por eles. È copiar a “ arte” proposta pelo mestre: fazer um desenho igual ao que está na lusa, pintar a figura mimeografada, recortar os contornos já traçados, escrever um poema baseado em outro dado, etc (DUARTE JÚNIOR,1996; p.83;84).
Na verdade o professor é protagonista de sua prática. Enquanto educador, ele
precisa ter um comportamento de modificar a sua postura. Pois a prática educativa
sob o olhar do ensino da Arte, estimula e imaginação e viabiliza o conhecimento.O
Professor necessita aumentar seu repertório de conhecimentos em relação a
disciplina de Arte, por isso Ferraz (2009), pontua que havendo por parte professores
67
visitas a museus, teatros, monumentos históricos e artísticos, centro de cultura da
própria região e um estudo aprofundado desses conhecimentos ou de outras regiões
do país são também necessários para o crescimento e desenvolvimento da ação
profissional do professor de Arte.
Mediante a isso entendemos que até hoje, o ensino da Arte tem o poder de criar e
recriar no ser humano sentimentos, emoções, acrescentando saberes outros aos
saberes adquiridos pelo sujeito.
Ainda nesse contexto a P4 destaca que para a Arte resta apenas espaço no horário
da aulas. Fica claro em sua fala o descaso com a área em destaque. O fato é que
essa maneira restrita de compreender o ensino da Arte, infelizmente não tem em
sua maioria servido aos anseios dos nossos educandos no sentido de oportunizá-los
o contato com a diversidade cultural da sua região. Sobre esta questão Duarte
Júnior (1994) reforça afirmando que “o professor muitas vezes é um leigo, que não
compreende exatamente o significado da Arte na educação e desconhece a
metodologia adequada (p.132)” . Infelizmente o que ocorre nos espaços escolares
em relação ao ensino da Arte, é que a mesma fica espremida entre as demais
disciplinas consideradas “mais sérias” ficando muitas vezes em segundo plano como
já foi dito, deixando de ser um caminho de possibilidades e área de conhecimento
para o universo educativo. È nesse processo que levamos em conta a fala de Duarte
Júnior (1996):
A educação, que deveria significar o auxílio aos indivíduos para que pensem sobre a vida que levam, que deveria permitir uma visão do todo cultural onde estão, se desvirtua nas escolas. Impõem-se uma visão de mundo e transmite-se conhecimentos desvinculados das experiências de vida (p. 36).
Diante de tudo o que foi exposto até aqui entendemos que defender a qualidade do
ensino na ótica da Arte na escola é garantir que o sujeito veja sua própria história. É
pertinente que a educação se construa a partir da liberdade, assegurando
acessibilidade de conhecimentos aos alunos.
4.2.4. A autonomia dos professores com a disciplina Arte
68
Dentro da sala de aula é sempre importante que o professor tenha domínio e
autonomia naquilo que lhe é designado, que é o ato de educar. Se está nesse
caminho, o educador posicionará sua conduta com firmeza e clareza, estabelecendo
limites e possibilidades no ensino aprendizagem visando a garantia de uma relação
de respeito mútuo com seus alunos. A autonomia estabelecida será no sentido de
estabelecer no espaço escolar relações de organização, não como imposições que
venham a contrariar o princípio de liberdade dos alunos.
Ferreira (2001), explica que um dos mais importantes objetivos da educação é
colaborar para o desenvolvimento da autonomia dos alunos para o seu crescimento
moral e intelectual livre, aptos para o pensar livre. A esse argumento também
podemos atribuir a figura professor que tendo em suas mão a tarefa de educar,
precisa desenvolver dentro de si mesmo uma autonomia que reflita em seu
exercício, algo que deve ser feito para que o aluno possa estar ampliando sua visão
de mundo e posteriormente nele atuar com sabedoria e segurança.
Pelas respostas obtidas, percebemos que 80% dos professores confirmaram que
sentem dificuldades em trabalhar com a disciplina de Arte. Isso é evidenciado por
suas falas a seguir.
P1 – Nenhum professor da rede tem preparo para atuar com segurança nessa área. P3 – È... em parte, pois o gostar ou identificar-se não quer dizer que seja o suficiente para ensinarmos a referida disciplina, acredito que para esse ensino possa ser eficaz e eficiente é necessário uma visão mais ampla e um conhecimento mais detalhado das bases da Arte. P4 – Sinceramente tenho dificuldades, talvez não com a disciplina em si mas como trabalhar com meus alunos a arte. Como fomos educados tenho outra visão de Arte, as amarras precisam ser quebradas e precisamos receber formação nesse campo do conhecimento. P5 – Não me sinto segura dependendo das diferentes linguagens artísticas, as vezes sinto dificuldades.
Percebemos que nas suas colocações a falta de autonomia é um fator reconhecido
por elas como um obstáculo que interfere na prática educativa. Acreditamos que a
autonomia, diz respeito a tudo que envolve a prática educativa que parte do que o
69
professor oferece, em termos de conhecimento, acessibilidade a obras, experiência
em cursos de formação continuada na área, conteúdos aplicados, currículo
estabelecido até os fatores externos que a escola pode estar oferecendo como a
disponibilização de profissionais da educação realmente preparados. A ausência de
autonomia demonstrada pelas professoras, reflete na escola, especialmente na sala
de aula, quando citam a deficiência dos conhecimentos e a formação insuficiente
para uma atuação docente eficiente. A respeito disso Buoro (2003), expressa sua
argumentação:
Para tanto, cabe a nós educadores, adotar a mesma postura inquieta de pensadores e pesquisadores permanentes, devendo para isso buscar formação continuada e investimentos em novos conhecimentos, uma vez que só podemos ensinar aquilo que efetivamente sabemos. Será necessário pois que o educador seja capaz de construir sua própria competência movido por ações de querer, poder, dever e fazer, aproximando-se conscientemente da própria vontade de construir-se competente (p.25).
No entanto, apesar da proposta da disciplina de Arte está incluída no currículo,
desde 1996 com a lei de Diretrizes e Bases da Educação- Lei 9394/96, existe uma
desvalorização da disciplina e do professor no ambiente escolar.
Ainda no tocante a formação, é destacada na fala da P4 que enfatiza a formação na
área da Arte, quase que inexistente na sua vida profissional. Na verdade já existem
muitos profissionais buscando formação na área da Arte, pois essa postura de fato é
que fará toda a diferença no seu ensino. Assim caberá a este educador selecionar
os modos e recursos didáticos propícios para apresentar as informações
necessárias, observando constantemente a necessidade de se introduzir inovações,
porque ensinar a Arte com a própria Arte é o percurso mais eficiente. Assim Ferraz
(2009), nos diz que:
Assim preparando-se continuadamente, e tendo um domínio presente da sua área, cabe a ele detectar os conteúdos fundamentais de arte que, de fato, contribuam para a formação de seus alunos. Os conteúdos escolares serão selecionados, portanto, a partir do conhecimento de arte, em seus aspectos universais, e das necessidades e direitos que todos os cidadãos têm de acesso, pelo menos ao que é básico dessas noções (p.53).
Analisando a fala do autor percebemos que o rumo dos trabalhos pedagógicos
desenvolvidos pelos professores devem estar em consonância com os saberes que
70
os alunos trazem de casa sendo contemplados em seus projetos educativos. A P2
declara em relação ao seu domínio de conhecimento com a disciplina Arte:
“Sim. Não encontro nenhum obstáculo para trabalhar com a
disciplina” .
Observando a fala da P2, ela declara que não tem dificuldades com a disciplina.
Embora ela demonstre segurança, sua fala não condiz com a realidade que
conhecemos, ou vivenciamos, com relação a esta área que tem em sua história o
descaso que ainda perdura. Percebemos ainda que a P2 não percebeu que também
foi vítima do nosso processo histórico de educação, em que o conhecimento
artístico, era privilégio para poucos. Então vale salientar que não estamos aqui
tentando negar a fala da professora, mas refletir sobre a sua afirmação, que nos
pareceu um pouco precipitada diante do que o sistema educacional tem
disponibilizado tanto para o ensino da disciplina Arte como para os profissionais que
com ela atuam.
Ainda diante das interpretações podemos pontuar um outro desafio que consiste nas
fragilidades entre os diálogos dos professores com o aluno na busca pela reflexão
dos trabalhos desenvolvidos em classe. Até nesse momento de valorização o
professor de Arte necessita de segurança e conhecimento para expressar sua
contribuição nessas construções. Sobre isso Ferreira (20001) expressa sua angustia
revelando que é muito triste perceber que em vários estabelecimentos da educação,
o ensino da arte ainda é executado por educadores totalmente despreparados.
Diante das falas das professoras, compreendemos que o ensino de Arte precisa
tomar rumos que desconstruam os modelos tradicionais que se concretizam por
meras reproduções sem sentido para o aluno, com exercícios de prontidão,
mimeografados que limitam a liberdade da imaginação, criatividade e expressão e a
própria emoção de realizar essas atividades. Duarte Júnior (1996) informa:
Assim em nosso ambiente escola, essa separação razão-emoção é não só mantida como estimulada. Dentro de seus muros o aluno deve penetrar despindo-se de toda e qualquer emotividade. Sua vida, suas experiências pessoais, não contam. Ele ali está apenas para “adquirir conhecimentos” , sendo que “adquirir conhecimentos” , neste caso, significa tão-somente
71
“decorar” fórmulas e mais fórmulas, teorias e mais teorias, que estão distantes de sua vida cotidiana. Por isso, pouca aprendizagem realmente se ocorre em nossas escolas: somente se aprende quando se parte das experiências vividas e sobre elas se desenvolve a aplicação de símbolos e conceitos que as clarifiquem (p.34)” .
Para tanto faz-se necessário que o princípio de mudanças não aconteça somente
por aparte dos educadores, mas de toda a instituição escolar, e que esta esteja
envolvida e comprometida com o aprendizado significativo, que reforce os saberes,
relacionando-os com as competência dos alunos, para que o aprendizado na
disciplina de Arte aconteça de fato sem cortar a essência lúdica e prazerosa que ela
tem.
4.2.5. Materiais/ Recursos de apóio para o ensino da Arte
Em relação aos recursos utilizados pelas professoras na sua metodologia, e se
estão adequados para a aprendizagem, apenas 20% dos professores demonstram
insatisfação, os demais citados abaixo apontam apenas alguns utilizados por eles
em sua prática pedagógica. Assim evidenciam em suas falas:
P2 – Utilizo recursos como moldes, lápis, pincéis, tintas, CDs, fantoches, TV e outros. P3 - Eu gosto de trabalhar com sucatas, papel, papelão, pet, barbante, tintas, músicas, E.V.A outros. Não! acredito que para uma aprendizagem mais significativa poderia ser complementada com outros. P4 – Utilizo mais sucatas, jornais, músicas. Eles aprendem além da Arte, conceitos, regras básicas para manter o ambiente limpo, bonito. Aprendem a dividir, se concentrar melhor. P5 - Papel ofício, lápis de cor, grafite, internet, garrafa pet, tesoura, E.V.A, cola quente.
Diante do exposto de um modo geral, entendemos que é preciso um conhecimento
ampliado sobre o que trazer para a contribuição nas aulas de Arte. Os professores
precisam sentir-se desafiados em sua ação educativa, para tanto, é preciso entender
que o compromisso com uma educação de qualidade em Arte, tem em sua essência
o objetivo de garantir a aprendizagem, através do aprender a conhecer, aprender a
conviver, aprender a fazer e a ser. E isso só será possível se os recursos, a
72
metodologia empregada apresenta-se com eficientes no sentido de transformarem-
se em suportes educativos e não meras atividades desprovidas de conhecimentos.
Na concepção de Biasoli (1999) ele defende uma postura mais sólida do professor
de arte quando este domina a área do conhecimento em arte:
(...) penso que se o professor pensar a Arte como área específica do conhecimento humano, se identificar e dominar os conteúdos dessa área de conhecimento e se sua ação teórica-prática artística e estética estiver conectada com uma concepção de arte e com consistentes propostas pedagógicas, já não haverá aqueles obstáculos que tanto dificultam a prática educativa em arte e a elaboração de um corpo de conhecimentos específicos que realmente dê sustentação à prática pedagógica do professor de arte (109).
Na fala da P3, ela nos mostra como trabalha e com o que trabalha, mais reconhece
que é insuficiente e por conta disso reconhece também que estes materiais não
garantem uma aprendizagem significativa.
Pela respostas obtidas, observamos que os professores necessitam ampliar seu
acervo educativo, a fim de que possam estar mais seguros do seu trabalho. A sala
de aula não é o único espaço de aproximação com a arte, é importante que o
professor tenha contato com outros espaços em que esta área do conhecimento
esteja em evidência. Como por exemplo, realizar visitas a museus, monumentos
históricos e artísticos, espaços culturais, são importantes para o crescimento e
desenvolvimento do ato de ensinar do professor. Gadotti (2007) defende que “ (...) o
aluno só aprenderá quando tiver um projeto de vida e sentir prazer no que está
aprendendo. O aluno quer saber, mas nem sempre quer aprender o que lhes é
ensinado (p.42)” .
Ainda sobre a questão da aprendizagem e interesse abordada anteriormente,
partindo da disponibilidade de recursos e materiais que facilitam a aprendizagem em
Arte dentro da escola, a P1 esclarece que:
P1 – O pouco que dispões na escola as vezes ajuda, mas deixando muito a desejar na questão do entrosamento entre a Arte e o currículo escolar.
73
Analisamos que suas palavras expressam claramente uma angústia, revelando as
dificuldades com os materiais disponibilizados na escola. A escola também precisa
se enquadrar no sentido de dar suportes aos professore que dela fazem parte. Caso
contrário o ensino de Arte vai resumindo-se a um ensino pobre, com atividades
repetitivas, reprodutivas sem nenhuma criatividade. “Não precisamos mais de
fórmulas e receitas educacionais - precisamos sim é de um comprometimento
humano, pessoal, valorativo, com a educação e Nação. Precisamos de uma real
arte-educação, e não de uma “arte culinária” (Duarte Júnior, 1996; p. 84).
É importante salientar diante dessas observações que o professor lê, conhece,
aprecia fora da escola e pode retornar essas habilidades para o espaço escolar,
entendendo que os nossos aluno também tem acesso a informações ligadas ao
campo da Arte através do computador, da TV, do rádio, do vídeo, dos jornais, das
revistas,dos games, cartazes de propagandas das ruas, das feiras e tantas outras
fontes. Daí entende-se que o aluno não é leigo no assunto, ele só precisa estar
sendo cobrado da maneira correta. Será um papel fundamental do professor
explorar e desafiá-lo em seus saberes “escondidos” , privilegiando todo esse acervo
de materiais informativos em sua prática educativa.
Em suma, a falta ou escassez de material pedagógico para o trabalho de um
professor no campo da Arte precisa ser revisto nos espaços educativos, mas não
deve ser obstáculo para o desenvolvimento de seu trabalho até porque o que está
em jogo é a aprendizagem do aluno, ele não pode ter seu conhecimento
comprometido.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa nos possibilitou perceber algumas compreensões que os professores
da Escola Centro experimental Rural de Torrões apresentam sobre o ensino da Arte
no Fundamental I por meio de suas falas e suas práticas educativas. Assim
entendemos que essas compreensões ainda encontram-se limitadas, baseando seu
trabalho em atividades repetitivas, reprodutivas e presas a determinados espaços de
tempo para poderem ser efetuadas, mas precisamente em datas comemorativas.
Embora existam pesquisas e debates, reflexões na busca para melhorar adequação
e reconhecimento desta área no currículo, o que observamos é que a uma distância
entre os níveis de formação que o atual contexto educacional exige para o ensino da
Arte.
Assim percebemos e refletimos que o ensino da arte ainda segue na marginalização
nas escolas públicas, mas é válido ressaltar que não podemos atribuir a
responsabilidade do fracasso do trabalho desta disciplina unicamente ao professor,
existe outros fatores, podemos citar que a postura deles está relacionado ao ensino
que lhes foram oferecidos, portanto são frutos da educação equivocada que
receberam no campo da Arte, na sua vida escolar, que naquele tempo atendiam as
demandas sociais manifestadas pelos interesses de um grupo minoritário.
Dessa forma o ensino da arte, a maneira como foi e ainda é concebida dentro do
espaço escolar, que também atingiu a postura dos educadores, tem tudo a ver com
o contexto histórico do ensino da Arte no Brasil, oferecido com base em modelos
advindos de outras culturas, não pode continuar a ser o modelo imposto e ensinado
pelos professores.
Por esse motivo refletimos e destacamos aqui a urgente necessidade da formação
para os educadores que ensinam Arte. Tendo conhecimento e domínio na área da
Arte, a sua área de atuação, o professor permitirá ao aluno uma aprendizagem
significativa, podendo utilizar os seus mecanismos de aprendizagem guiados por um
profissional que lhe dê segurança.
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Refletindo sempre a sua prática educativa o professor poderá está valorizando todo
o potencial do seu aluno levando em conta também as suas vivências, sentimentos,
valores e seus diversos saberes, bem como o seus também. Neste sentido é
necessário ressignificar a prática pedagógica em artes através de uma reflexão
crítica sobre o atual ensino de artes na busca por um modelo de educação que
viabilize a construção intelectual do aluno de modo a inseri-lo no mundo.
Acreditamos que este trabalho venha a contribuir para outros estudos, por aqueles
que desejam permear pela pesquisa na área da Arte.
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APÊNDICES
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QUESTIONÁRIO FECHADO
Queridos professores estamos realizando esta pesquisa para dar maior suporte na
construção do nosso trabalho de TCC do curso de Pedagogia da UNEB –
Universidade do estado da Bahia. Pedimos por gentileza a sua importantíssima
colaboração para a nossa pesquisa, garantindo que sua identidade será guardada
em sigilo no momento em que os resultados forem apresentados.
Agradecemos por sua participação.
PERFIL DOS SUJEITOS DA PESQUISA
1. Sexo:
( ) Feminino
( ) Masculino
2. Faixa etária:
( ) 20 a 24 anos
( ) 30 a 37 anos
( ) acima de 37 anos
3. Possui licenciatura:
( ) Sim
( ) Não Qual é área? ________________
4. Concluiu o ensino médio em instituição:
( ) Pública
( ) Privada
5. Pertence ao quadro efetivo do município que trabalha:
( ) Sim
( ) Não
6. Tempo que ainda atua na área de educação:
( ) 1 a 3 anos
( ) 2 a 5 anos
( ) 4 a 8 anos
( ) 8 a 12 anos
( ) acima de 12 anos
7. Já participou de algum curso ou oficina voltada para arte?
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( ) Participou apenas 1 vez
( ) Nunca participou
( ) Participa com frequência
( ) Apenas uma vez por ano
( ) Outra _________________
8. Você costuma buscar informações sobre a arte em:
( ) Livros
( ) Internet
( ) Revistas
( ) Outros
9. Os alunos sentem-se envolvidos durante a realização ou aplicação de atividades
artísticas?
( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes
10. Quais das atividades a seguir correspondem as mais realizadas em suas aulas
de arte?
( ) A dança
( ) A música
( ) O teatro
( ) Pinturas
( ) Desenho
11. Em sua opinião é importante para o aluno o contato com o ensino da arte já no
Ensino Fundamental I?
( ) Sim ( ) Não
12. A escola disponibiliza de materiais ou recursos didáticos que facilitem as aulas
de Arte-Educação?
( ) Sim ( ) Não
13. Você tem o hábito de ler livros referente ao ensino de artes?
( ) Sim ( ) Não
14. Existe um tempo determinado para que as aulas de arte- educação sejam
aplicadas?
( ) Sim ( ) Não
15. O tempo determinado no horário de aulas para que a arte seja aplicada em sala
de aula:
( ) Nenhum ( ) 1 Vez ( ) 2 vezes ( ) Mais de 3 vezes
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ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
1- O que você entende por arte-educação? 2- Qual a sua compreensão em relação ao ensino da arte no Fundamental I? 3- De que forma a arte é contemplada na sua prática educativa? 5- Sente-se segura, há uma identificação com a disciplina? Ou existe alguma dificuldade com esse campo de conhecimento? 6- Quais os materiais/recursos geralmente utilizados por você na sua metodologia nas aulas de arte? São adequados para a aprendizagem dos alunos? 7- Em sua opinião é importante para o aluno o contato com o ensino da arte já no fundamental I? Explique.
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