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O GERENCIAMENTO DA SUSTENTABILIDADE COM
RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES
Frederico Cesar Machado Lopes
fredcml@hotmail.com
(LATEC/UFF)
Resumo: O presente artigo visa salientar a importância da gestão socialmente responsável para as organizações e
propor a adoção uma metodologia de gerenciamento da Sustentabilidade com Responsabilidade Social de fácil
implementação. Neste sentido, oferece orientação para as organizações que optem pela adoção do Ciclo PDCA como
ferramenta estruturante do gerenciamento da Responsabilidade Social. Assim, serão apresentadas as etapas que
compõem o processo, que incluem a elaboração de um plano de ação, sua implementação e monitoramento e, ainda, a
avaliação do processo como um todo. Etapas estas que que devem estar organizadas de forma cíclica. Além disso, será
proposta a adoção dos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial como principal ferramenta de
avaliação da gestão socialmente responsável nas organizações. Serão apresentadas também orientações para
elaboração das ações que irão compor o plano de ação, buscando com isso contribuir para busca da excelência das
atividades das organizações.
Palavras-chaves: Ciclo PDCA, Indicadores Ethos, Partes Interessadas, Sustentabilidade e
Responsabilidade Social.
ISSN 1984-9354
XI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 13 e 14 de agosto de 2015
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INTRODUÇÃO
É cada vez maior o número de organizações que vêm incorporando a Responsabilidade Social
como um valor em sua gestão e assumindo isso publicamente, visando obter diversos benefícios, entre
eles: melhoria da imagem e reputação da empresa perante a sociedade, legitimação de suas atividades e
reconhecimento perante seus parceiros, consumidores e clientes. Porém, para tornar a
Responsabilidade Social uma prática e não apenas um discurso é fundamental que ocorra uma
reestruturação no modelo de gestão destas organizações. Este novo modelo de gestão deve ser
estruturado e forma que a Responsabilidade Social possa permear todas as atividades da organização.
A Responsabilidade Social é a forma de gestão ética e transparente, focada no relacionamento
com os públicos de interesse e no desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos
para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.
Integrar a gestão socialmente responsável ao modelo de negócio da empresa é, portanto, deixar de lado
a antiga orientação voltada única e exclusivamente para a maximização do lucro. Esta transição do
modelo tradicional para um novo modelo de gestão demanda das organizações não apenas visão e
controle de seu próprio negócio, mas também de todo o ambiente influenciado por ele. Uma
organização que adota a Responsabilidade Social como um valor e o incorpora em sua gestão, deve
saber que a tomada de decisões é um fator crítico que precisa ser profundamente analisado antes de ser
implementado. Atualmente, são inúmeros os fatores que devem pesar na decisão de uma organização
em realizar ou não um novo investimento. Fatores técnicos e econômicos não são mais as únicas
variáveis analisadas numa tomada de decisão, que agora procura considerar também fatores ambientais
e sociais que possam impactar positiva ou negativamente em um novo investimento. Atualmente, as
organizações devem estar dispostas, inclusive, a abrir mão de novos projetos ou reestruturá-los, de
modo que atender seus próprios interesses sem deixar de lado os da sociedade.
É fundamental que as organizações estabeleçam o foco de sua gestão socialmente responsável,
lembrando sempre que a Responsabilidade Social deve começar dentro da organização, por meio de
uma gestão ética, transparente, que respeite e valorize seus colaboradores. Expandir as práticas de
Responsabilidade Social para o público externo, como comunidade e fornecedores, por exemplo, é
algo que deve acontecer naturalmente e de forma planejada.
Os líderes devem ser os principais patrocinadores da Responsabilidade Social nas organizações.
É seu papel direcionar os recursos necessários para a disseminação de valores e práticas socialmente
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responsáveis em todos os níveis da organização e definir os objetivos estratégicos de Responsabilidade
Social.
Uma vez definido o foco de sua gestão socialmente responsável, incluindo suas políticas,
diretrizes, objetivos e práticas, chega à hora de implementá-lo e de avaliar sua eficácia. Este é um
momento crítico em que as organizações costumam se deparar com diversos obstáculos, entre eles
como incorporar efetivamente este novo modelo de gestão em suas atividades, qual a melhor
abordagem a ser adotada, que etapas devem ser seguidas, que critérios devem considerados na
elaboração de um plano de ação, como implementar e monitorar as ações previstas e, principalmente,
como avaliar se o modelo de gestão da Responsabilidade Social adotado está realmente contribuindo
para a busca da excelência das atividades da organização. As respostas para estas questões é que
determinarão o sucesso ou fracasso do modelo de gestão adotado pelas organizações.
A escolha de uma abordagem eficaz de gerenciamento da Responsabilidade Social é um fator
crítico de sucesso para toda organização que deseja desenvolver sua gestão socialmente responsável. A
adoção do Ciclo PDCA é, portanto, uma forma de promover a melhoria contínua desta gestão. O Ciclo
PDCA é composto por quatro etapas organizadas de forma cíclica, que envolvem planejamento,
implementação, monitoramento e avaliação da gestão. Sua adoção é perfeitamente factível de ser
implementada por qualquer organização, podendo inclusive ser adaptada para cada realidade. A
adoção do Ciclo PDCA no processo de gerenciamento da Responsabilidade Social é uma forma de
contribuir para a melhoria contínua na gestão de qualquer organização.
Assim, considerando os critérios propostos por Gil (apud MATIA e ALEXANDRE, 2006), foi
adotado neste estudo um modelo de Pesquisa Explicativa para esclarecer o conceito de
Responsabilidade Social e sugerir sua incorporação na gestão das organizações. Este modelo foi
adotado ainda para propor a adoção do ciclo PDCA no gerenciamento da Responsabilidade Social das
organizações, apresentando-se os benefícios desta abordagem. Por fim, foi adotado o modelo de
Pesquisa Bibliográfica, porque foram utilizados livros, artigos, publicações virtuais, para subsidiar o
presente estudo. Por meio dela, procurou-se explicar um problema a partir de referencias teóricas
publicadas em documentos.
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1. AS ORGANIZAÇÕES E A RESPONSABILIDADE SOCIAL
A Responsabilidade Social é um modelo de gestão que vem sendo cada vez mais adotado pelas
organizações e que consiste em abandonar uma visão orientada apenas para seu interesse econômico
de curto prazo e direcionar esforços também no desenvolvimento econômico, social e ambiental da
sociedade na qual está inserida. É utilizar a ética e a transparência no processo de tomada de decisões
(Slack, Chambers e Johnston, 2002) e, assim, legitimizar as atividades desenvolvidas pela organização
perante toda a sociedade. Antes, o modelo de gestão adotado pelas organizações visava principalmente
a geração de lucro, entre outros benefícios para os acionistas e a alta administração. Porém, com o
passar do tempo, a sociedade começou a demandar dessas organizações uma postura mais ética,
transparente e de respeito ao meio ambiente. Isso se deve ao fato de que, como as organizações
utilizam recursos do meio ambiente para desenvolver suas atividades, elas têm a obrigação de
recompensá-lo de alguma forma. A Responsabilidade Social é vista como um compromisso das
organizações com relação à sociedade e a humanidade me geral, e uma forma de prestação de contas
do seu desempenho, baseada na apropriação e na utilização de recursos que originalmente não lhe
pertencem (Melo Neto e Froes, 2001a).
A adoção de práticas socialmente responsáveis e o desenvolvimento de ações que visem o
benefício comum são exemplos de atitudes tomadas pelas organizações atualmente. Desta forma, as
organizações procuram diferenciar-se das demais em um mercado cada vez mais exigente e
competitivo. Através desse novo modelo, as organização deixam de focar apenas na obtenção do lucro,
visando a satisfação dos acionistas por exemplo, e passam direcionar esforços para gerar outros tipos
de valor para os empregados, fornecedores, clientes e a sociedade como um todo, oferecendo produtos
e serviços de melhor qualidade, um ambiente de trabalho mais saudável, e práticas de gestão mais
éticas e transparentes.
Integrar a gestão socialmente responsável ao modelo de negócio da empresa é, portanto,
promover a transição de um modelo tradicional de negócio, deixando de lado a antiga orientação
voltada única e exclusivamente para a maximização do lucro, para um novo modelo de gestão que
demanda das organizações não apenas visão e controle de seu próprio negócio, mas também de todo o
ambiente influenciado por ele. Para tornar isso uma prática e não apenas um discurso, é fundamental
que ocorra uma reestruturação no modelo de gestão destas organizações, de modo que a
Responsabilidade Social possa permear todas as suas atividades. Isso significa dizer que práticas e
processos devem ser conduzidos de uma forma diferente daquela como era conduzida até então.
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É necessário, portanto, identificar, sensibilizar e dirimir esforços para os grupos com os quais o
compromisso ético é devido, dentre eles, funcionários, consumidores e clientes, fornecedores e a
comunidade, pois são estes os públicos afetados por muitas das decisões tomadas pelas organizações
(Slack, Chambers e Johnston, 2002). Responsabilidade Social demanda, portanto, o engajamento entre
as diversas partes interessadas e a construção de ações que levem em consideração os interesses e as
necessidades dos diversos públicos envolvidos. Segundo Melo Neto e Froes (2001a. p.28): “A
responsabilidade social é uma atitude coletiva e compreende ações de empregados, diretores e
gerentes, fornecedores, acionistas e até mesmo clientes e demais parceiros de uma empresa”, e por essa
razão é tão importante envolver diversas áreas e profissionais no processo de gerenciamento da
Responsabilidade Social das organizações.
A maior dificuldade, porém, é definir quais os critérios de gestão socialmente responsável que
devem ser considerados pelas organizações e qual a abordagem que será utilizada para se realizar este
gerenciamento de maneira eficaz. Por isso, a adoção dos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social
é recomendada. O uso desta ferramenta auxilia as empresas a avaliar e monitorar a incorporação de
práticas de responsabilidade social empresarial no seu planejamento estratégico. Trata-se, portanto, de
um instrumento de auto-avaliação e aprendizagem de uso essencialmente interno (PREENCHA, 2009).
Já a adoção do Ciclo PDCA possibilitará às organizações estabelecerem ciclos de melhoria para a
gestão da Responsabilidade Social. O PDCA é um ciclo de busca da melhoria contínua baseado em
quatro princípios que geraram seu nome: Plan (planejar), Do (fazer/executar), Check (checar) Act
(agir).
2. OS INDICADORES ETHOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
O Instituto Ethos é uma organização que tem como princípio disseminar a Responsabilidade
Social para as empresas brasileiras, auxiliando-as a compreender e a incorporar este conceito no seu
dia-a-dia. Dentre seus produtos, merece destaque a ferramenta de avaliação da gestão socialmente
responsável, os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social, que, quando adotados e avaliados,
contribuem para que a organização identifique sua performance em relação práticas socialmente
responsáveis.
Os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social estão segmentados por grupos de indicadores
que abrangem os seguintes temas:
Valores, Transparência e Governança: são abordados valores e princípios éticos que formam a
base da cultura de uma organização, a qual deve promover benefícios para a sociedade,
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parceiros, colaboradores e meio ambiente, além de trazer retorno para os investidores e
mantenedores. A adoção desta postura fortalecerá e legitimizará a organização perante a
sociedade.
Público Interno: para a organização não basta se limita a respeitar os direitos dos trabalhadores
reconhecidos nacional e internacionalmente. É necessário ir além e investir no
desenvolvimento pessoal e profissional dos colaboradores, na melhoria das condições de
trabalho e no estreitamento de suas relações com a organização. Deve ainda estar atenta para o
respeito à diversidade, temática bastante discutida nos últimos tempos.
Meio Ambiente: a organização deve criar um sistema de gestão que assegure seu
comprometimento com o desenvolvimento sustentável.
Fornecedores: a organização deve contribuir para o fortalecimento da cadeia de fornecedores,
valorizar a livre concorrência e as relações de parceria.
Consumidores e Clientes: a organização deve investir permanente no desenvolvimento de
produtos e serviços confiáveis, que minimizem os riscos de danos à saúde dos usuários e das
pessoas em geral. Deve, ainda, procurar atender os interesses do cliente e satisfazer suas
necessidades.
Comunidade: o respeito aos costumes e culturas locais e o empenho na educação e na
disseminação de valores sociais devem fazer parte da política de toda organização, resultado da
compreensão de seu papel de agente de melhorias sociais.
Governo e Sociedade: é importante que as organizações contribuam na formação de cidadãos.
Programas de voltados para público interno e comunidade de entorno são opções factíveis de
serem implementadas.
O uso dos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social auxilia as empresas a avaliar e
monitorar a incorporação de práticas de responsabilidade social empresarial no seu planejamento
estratégico. Trata-se, portanto, de um instrumento de auto-avaliação e aprendizagem de uso
essencialmente interno (PREENCHA, 2009). Vale reforçar que as organizações que optarem por
utilizar os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social para avaliar sua gestão, não precisarão atestar
a veracidade das informações analisadas, por tratar-se de uma auto-avaliação. Porém, é importante ter
em mente que a ética e a transparência são princípios básicos da Responsabilidade Social e
fundamentais para a gestão de qualquer organização.
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3. O CICLO PDCA
O PDCA, também chamado de Ciclo de Deming em homenagem a W. E. Deming, considerado
no Japão o pai do controle de qualidade, é uma ferramenta que propõe a adoção de uma sequência de
atividades que devem ser percorridas de forma cíclica e ininterrupta para melhorar as atividades de
uma determinada organização (Slack, Chambers e Johnston, 2002). Trata-se portanto de um ciclo de
busca da melhoria contínua baseado em quatro princípios que geraram seu nome: Plan (planejar), Do
(fazer/executar), Check (checar) Act (agir).
Segundo Slack, Chambers e Johnston (2002), cada estágio apresenta as seguintes
características:
Planejar: envolve a análise da situação ou do método adotado. Neste momento, devem ser
coletados e analisados dados que subsidiarão a construção de um plano de ação voltado para a
melhoria do desempenho.
Fazer/executar: deve ser imediatamente iniciado após a definição do plano de ação. É nesse
estágio que deverão ser implementadas as ações previstas no plano de ação para o período
proposto.
Checar: é o estágio seguinte onde devem ser monitoradas as ações implementadas para
verificar se elas geraram as melhorias no desempenho esperadas.
Agir: representa o último estágio, quando devem ser consolidadas ou padronizadas as
mudanças que geraram resultados bem sucedidos. Aquelas que não atingiram os objetivos
esperados devem também ser analisadas e consolidadas, pois servem de aprendizado. Esta é a
melhor etapa para se analisar todo o processo.
Vale reforçar que o PCDA representa um processo cíclico e contínuo e que “[...] é essencial ao
processo de realimentação e implementação de ações corretivas para a melhoria contínua”
(KARKOTLI e ARAGÃO, 2005. p.85) a qual só acontecerá quando os resultados dos estágios finais
forem reaproveitados nos estágios iniciais de um novo ciclo. Cada organização poderá adequar sua
utilização conforme suas necessidades.
4. O GERENCIAMENTO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL
Qualquer organização tem o direito de exercer suas atividades e prosperar, mas, em
contrapartida, deve atuar como co-responsável pelo desenvolvimento e bem estar da sociedade na qual
está inserida (Karkotli e Aragão, 2005). Logo, integrar a Responsabilidade Social as suas atividades é
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fundamental para toda organização. Porém, essa atitude demandará ajustes em diversos processos e
atividades, devendo, entre outras coisas, ser muito bem planejada e monitorada continuamente. Por
isso, é tão importante estabelecer um processo de gerenciamento da Responsabilidade Social.
A aplicação do Ciclo PDCA é uma maneira de se estabelecer este gerenciamento e propor a
melhoria contínua de todo o processo. Porém, antes de sua implementação, algumas ações precisam
ser tomadas, dentre elas, a realização de uma análise do ambiente interno e externo que influencia ou é
influenciado pela organização é fundamental. Toda organização deve conhecer seus pontos fortes e
fracos e as oportunidades e ameaças que o ambiente externo pode lhe oferecer para só então iniciar a
incorporação da gestão socialmente responsável as suas atividades. Este diagnóstico auxiliará a tomada
de decisões e a priorização de objetivos. Além disso, é fundamental que a organização expresse em sua
estratégia o compromisso com a Responsabilidade Social e o desenvolvimento sustentável. Mencioná-
los em sua missão, visão ou valores e definir uma política de Responsabilidade Social são formas de
reforçar este compromisso.
Para facilitar o entendimento do processo de gerenciamento da Responsabilidade Social neste
estudo, são propostas quatro etapas que utilizam como base a metodologia do Ciclo PDCA. O que
originalmente seguiria o fluxo de planejamento, implementação, checagem e ação, no presente estudo
serão apresentadas da seguinte forma: Elaboração do Plano de Ação; Implementação do Plano de
Ação; Monitoramento do Plano de Ação; e Avaliação da Gestão da Responsabilidade Social.
4.1. ELABORAÇÃO DO PLANO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
As ações do plano devem ser orientadas a atender as necessidades específicas de cada
organização. Como embasamento para tal, deverão ser utilizados históricos de planejamento,
demandas identificadas nos contatos com os públicos de interesse, diagnósticos socioambientais da
região, aspectos e impactos socioambientais, pesquisas de ambiência organizacional, entre outros.
Estes estudos e diagnósticos auxiliarão a organização a gerenciar os pontos críticos relativos às partes
interessadas, incluindo seus empregados, parceiros, clientes, fornecedores, a comunidade do entorno,
entre outros. Conhecer os públicos que influenciam e são influenciados pelas atividades da
organização, suas expectativas e demandas, é fator crítico de sucesso para a elaboração do Plano de
Responsabilidade Social e priorização das ações, sejam elas voltadas para público interno ou externo.
Na elaboração do plano deve ser considerado o resultado mais recente da etapa de Avaliação da
Gestão da Responsabilidade Social realizada na organização, cujo detalhamento será apresentado
posteriormente. Com base neste resultado, a organização deverá focar nos itens críticos, cujo resultado
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da avaliação encontra-se aquém do esperado, ou que necessitem de permanente atenção. Será
necessário definir o grau de impacto de cada uma destas lacunas na gestão da organização para que se
possa priorizar as ações do plano. Vale lembrar que existem questões que, por melhor que tenha sido o
resultado na avaliação, necessitam de tratamento contínuo.
As organizações devem, ainda, estar atentas ao valor de seu orçamento de Responsabilidade
Social e priorizar, sempre que possível, a realização de ações que gerem grande impacto na gestão,
mas que possam ser implementadas com o mínimo de recursos possível.
O Plano de Ação de Responsabilidade Social deve conter ações que estejam sob a
responsabilidade da equipe de Responsabilidade Social. Ações que envolvam outras áreas, como, por
exemplo, a realização de campanhas que utilizem ferramentas de comunicação, devem ser planejadas
em conjunto e acordadas entre as partes envolvidas. Deve-se verificar também a necessidade de
envolver o cliente, os parceiros ou outras organizações situadas na região neste planejamento. Esta
observação serve principalmente para ações relacionadas ao tema comunidade, visando desenvolver
um programa de investimentos integrado para a localidade.
É importante estimular a participação da força de trabalho e de outros colaboradores na
implementação das ações. A disseminação da cultura da Responsabilidade Social é uma ação
estruturante. Nenhuma organização atingirá a um nível avançado de gestão socialmente responsável se
sua força de trabalho não estiver sensibilizada e engajada com o tema e se não promover a co-
responsabilidade. Por isso, ações de Responsabilidade Social interna compreendem os programas de
contratação, seleção, treinamento e manutenção de pessoal realizados pelas organizações, assim como
programas voltados para a participação destes nos resultados e atendimento aos dependentes (Melo
Neto e Froes, 2001a).
Para cada ação do plano deve ser definido o escopo da mesma, o responsável pela sua
implementação, a previsão de sua realização, a forma como será implementada, entre outras coisas.
Isso facilitará o monitoramento e a avaliação da mesma posteriormente.
Uma vez definidas as ações, o Plano de Responsabilidade Social deve ser validado junto às
lideranças da organização. É papel dos líderes conhecer e comprometer-se com as ações ali propostas,
além de disponibilizar recursos para sua implementação. O Plano de Responsabilidade Social precisa
ainda ser divulgado para as partes envolvidas na implementação das ações, visando estimular o
comprometimento de todos com os objetivos traçados. Disseminar de uma forma abrangente as ações
do Plano de Responsabilidade Social para a força de trabalho é também fator fundamental, pois
estimula seu engajamento com os compromissos assumidos pela organização.
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Algumas ações são fundamentais para assegurar o processo de incorporação da
Responsabilidade Social em uma organização e, por isso, é importante priorizá-las no Plano de
Responsabilidade Social. Dentre essas ações, a disseminação de valores como ética, valorização da
diversidade, anti-corrupção, respeito ao meio ambiente são exemplos constantemente utilizados. A
elaboração de padrões e procedimentos também auxiliarão a manutenção de uma gestão integrada e
alinhada, sem perda do foco.
4.2. IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
Uma vez estruturado o Plano de Responsabilidade Social, a organização deve coordenar sua
implementação buscando atender os prazos e metas definidos. Caso a execução de alguma ação
envolva a participação de profissionais de outras áreas, o responsável pela ação deverá articular-se
junto aos demais parceiros.
A organização deve ainda buscar, preferencialmente, ferramentas e metodologias já testadas e
reconhecidas pela sua eficácia. Dessa forma, evita-se o desperdício de tempo e dinheiro com a criação
de novas ferramentas e metodologias. Porém, inovações serão sempre valiosas neste processo, cabe ao
gestor definir o que é melhor para a organização.
Toda ação implementada deve ter seus resultados evidenciados e registrados. Isto é importante
para que as informações possam ser analisadas posteriormente, para que seus impactos possam ser
medidos e para atendimento de possíveis questionamentos.
É fundamental registrar as atividades desenvolvidas por meio de relatórios, listas de presença,
fotos, vídeos, depoimentos, etc. Toda mudança que ocorra no plano deve ser negociada com a
liderança. Deve ainda, ser registrada a fim de se assegurar a manutenção da série histórica. Se uma
ação qualquer que já tenha sido divulgada venha a ser postergada ou cancelada, todos os envolvidos na
implementação da mesma, ou aqueles que seriam impactados devem ser comunicados.
4.3. MONITORAMENTO DO PLANO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL
Durante o monitoramento do Plano de Responsabilidade Social, deve ser verificado o
atendimento dos prazos e metas definidos para cada ação proposta no plano, registrada sempre que
possível a justificativa para os desvios. Deve ser feita a comparação entre os resultados, metas e
objetivos previstos e aqueles efetivamente alcançados durante e após a realização das ações que
compõem o Plano de Responsabilidade Social (Melo Neto e Froes, 2001a). É fundamental monitorar a
eficácia das atividades desenvolvidas por meio de indicadores, relatórios, listas de presença, fotos,
vídeos, depoimentos, entre outros. A organização deverá definir a melhor forma de monitorar a
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implementação do plano, incluindo a periodicidade. É fundamental lembrar que as evidências para
cada ação implementada devem ser armazenadas de forma a garantir sua integridade e rastreabilidade.
4.4. AVALIAÇÃO DA GESTÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL
Avaliar o desempenho social seja para efeito de diagnóstico, para análise da efetividade das
ações implementadas ou para avaliação de resultados é um dos problemas com os quais as
organizações normalmente se deparam (Karkotli e Aragão, 2005), por isso, a avaliação da gestão da
Responsabilidade Social é uma etapa tão importante no processo de gerenciamento da
Responsabilidade Social.
A utilização dos Indicadores Ethos de Responsabilidade Social é recomendável nesta etapa,
pois, por meio deste diagnóstico, as organizações serão capazes de verificar lacunas e oportunidades de
melhoria em sua gestão. Para Karkotli e Aragão (2005. p.86): “pequenas melhorias feitas
continuamente e de forma incremental conduzem à melhoria do processo como um todo”.
Uma organização que decida realizar sua auto-avaliação com base nos Indicadores Ethos de
Responsabilidade Social analisará sua gestão segundo sete critérios ou temas, que tratam das seguintes
questões: compromissos éticos e cultura organizacional; diálogo com as partes interessadas, relações
com a concorrência e balanço social; relações com sindicatos, gestão participativa e participação dos
empregados nos lucros ou resultados; compromisso com o futuro das crianças e valorização da
diversidade; demissões, compromisso com o desenvolvimento profissional e empregabilidade; cuidado
com a saúde, segurança e condições de trabalho; preparação para aposentadoria; impacto no meio
ambiente, ciclo de vida dos produtos e serviços, compensação da natureza pelo uso de recursos e
impactos ambientais; educação ambiental; seleção de fornecedores, relações com trabalhadores
terceirizados e apoio ao desenvolvimento de fornecedores; política de marketing e comunicação, e
excelência do atendimento; gerenciamento do impacto da atividade produtiva na comunidade e
relações com organizações atuantes na comunidade; mecanismos de apoio a projetos sociais,
estratégias de atuação na área social e mobilização de recursos para o investimento social;
reconhecimento e apoio ao trabalho voluntariado dos empregados; contribuições para campanhas
políticas e práticas anti-corrupção à propina; liderança e influência social e participação em projetos
governamentais (Chiavenato, 2003). Esses critérios poderão não ser aplicáveis a determinadas
organizações em função de seu ramo de atuação.
Uma forma de se conduzir a avaliação proposta é por meio da realização de um workshop que
envolva a participação de representantes de diversas áreas e níveis da organização. A equipe
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organizadora deverá convidar para um evento com duração de um ou dois dias profissionais que
executam diferentes atividades e com diferentes níveis de responsabilidades. Esta avaliação deverá
contar com a percepção dos participantes presentes no evento, os quais responderão ao questionário
bom base naquilo que percebem ou não na organização. É necessário que haja um mediador para
buscar sempre um consenso no grupo. Esta abordagem demanda a mobilização de cerca de 10 a 20
profissionais.
Outra forma de conduzir a avaliação da gestão da Responsabilidade Social é por meio do
levantamento de evidências, de forma semelhante a uma auditoria. Porém, esta abordagem só deve ser
adotada nas organizações que já possuam maturidade neste processo. Nesta abordagem, a equipe
necessária para realização da avaliação pode ser menor, de duas a quatro pessoas, e deve ser composta
por profissionais que conheçam profundamente os itens analisados.
A etapa de avaliação da gestão da Responsabilidade Social consistirá na análise dos dados
coletados ao longo da implementação e monitoramento do Plano de Ação de Responsabilidade Social,
verificando o atendimento dos itens propostos no questionário de avaliação. Estes insumos serão
fundamentais na etapa seguinte do novo ciclo, quando será novamente elaborado um novo plano para
melhoria da gestão da Responsabilidade Social na organização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Responsabilidade Social é um conceito amplamente difundido na sociedade atualmente.
Toda organização deve buscar inserir práticas e valores relacionados a este tema em sua gestão a fim
de legitimizar-se perante a sociedade, assegurando assim a sustentabilidade de seus negócios. Porém,
esta não é uma tarefa simples. É preciso analisar e verificar se o posicionamento e as estratégias
adotadas estão atingindo os objetivos propostos, se as ações desenvolvidas estão alcançando as metas
previamente definidas e a forma como isso é percebido pelos públicos de interesse. Portanto, o
gerenciamento da Responsabilidade Social, assim como de qualquer outro processo, é fundamental
para toda organização e a adoção do ciclo PDCA é uma ferramenta de fácil implementação e que
auxiliará qualquer organização a promover o desenvolvimento de sua gestão socialmente responsável.
Cada uma das etapas de gerenciamento deste processo visam à melhoria contínua, que é a chave para o
sucesso de toda organização e o caminho para a busca da excelência.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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