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Investigação sobre a importância do lúdico e do brincar no desenvolvimento da criança com síndrome de Rett.
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O LÚDICO E O BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
COM SÍNDROME DE RETT.
2
São Paulo, 2007.
O LÚDICO E O BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
COM SÍNDROME DE RETT.
Trabalho de Graduação Interdisciplinar
realizado pela aluna Ana Carolina Marques, de
número de matrícula 3004883-4, sob a
orientação da professora Drª Silvana Maria
Blascovi de Assis, apresentado à Universidade
Presbiteriana Mackenzie.
São Paulo, 2007.
3
DEDICATÓRIADedico esse trabalho a uma menina sapeca que adora brincar... Adora ouvir seu nome na letra da música,
brincar com bolinhas, boneca de pano, cantarolar junto ao seu karaokê, gargalhar quando algo sai inesperado
na brincadeira, observar seus livros, ouvir suas músicas preferidas... Menina essa que me encanta e que me
transporta para esse universo lúdico onde palavras não são necessárias para expressar o que se sente...
4
AGRADECIMENTOS
Desejo agradecer todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
realização desse trabalho.
Minha família, pai, mãe, irmãos que sempre buscaram me apoiar e incentivar.
À minha orientadora Professora Silvana Maria Blascovi de Assis, com toda sua
experiência e dedicação.
Quero destacar ainda as profissionais Marisa Uezato, Milena Sanches e Mariana que
dedicaram parte do seu tempo.
E agradecer especialmente a Maria Helena e Júlio Bataglia, que sempre me receberam com
muito carinho e abriram as portas para que se torna-se possível essa realização.
5
“O essencial é invisível aos olhos...
Só se vê bem com o coração”
O pequeno Príncipe – Antoine de Saint-Exupéry
6
SUMÁRIO
1. Introdução--------------------------------------------------------------------------------------------- 5
2. Histórico----------------------------------------------------------------------------------------------- 6
2.1 Características da Síndrome de Rett----------------------------------------------------------- 7
3. Atividade lúdica no processo de desenvolvimento e aprendizagem---------------------- 10
3.1 Brinquedo, jogos e brincadeiras---------------------------------------------------------------- 10
3.2A criança deficiente e o brincar----------------------------------------------------------------- 12
3.3 O lúdico e a música para a criança com Síndrome de Rett------------------------------- 12
4. Objetivo----------------------------------------------------------------------------------------------- 13
5. Método------------------------------------------------------------------------------------------------ 13
5.1 Tipo de pesquisa----------------------------------------------------------------------------------- 13
5.2 Participantes--------------------------------------------------------------------------------------- 14
7
5.3 Local------------------------------------------------------------------------------------------------- 14
5.4 Instrumentos--------------------------------------------------------------------------------------- 14
5.5 Aspectos éticos------------------------------------------------------------------------------------- 15
5.6 Procedimento--------------------------------------------------------------------------------------- 15
6. Resultados e Discussão------------------------------------------------------------------------------16
6.1 Caracterização dos Participantes---------------------------------------------------------------16
6.2 Categorização---------------------------------------------------------------------------------------17
6.2.1 Análise da entrevista com a mãe--------------------------------------------------------------18
6.2.2 Análise da entrevista com as profissionais--------------------------------------------------21
6.3 Análise das filmagens------------------------------------------------------------------------------26
7. Considerações finais---------------------------------------------------------------------------------27
8. Referências bibliográficas------------------------------------------------------------------------- 28
9. Anexos ------------------------------------------------------------------------------------------------ 30
8
1. INTRODUÇÃO:
A Síndrome de Rett (SR) é uma desordem neurológica que afeta quase que
exclusivamente o sexo feminino. Foi descrita pela primeira vez por Andréas Rett, em
1966.
A SR manifesta-se em geral entre os 6 e 18 meses, com pequenas alterações, seguindo
de um período de estagnação e outro de regressão, caracterizada pela perda das
habilidades manuais, seguida de estereotipias das mesmas, alterações ortopédicas
(escoliose), motoras e de linguagem (regressão da fala e da marcha) e neurológicas
(epilepsia). Os sintomas e a evolução dos estágios variam de criança para criança.
Embora as meninas com SR sempre tenham sido descritas como normais ao
nascimento, estudos vêm mostrando que elas apresentam certa baixa em seu peso e em seu
perímetro encefálico com relação aos recém-nascidos saudáveis (ANDAKU, 2003).
Desde a primeira descrição realizada sobre a síndrome tem-se considerado que esta é
crônica e progressiva. Atualmente nota-se que este conceito é apenas parcialmente
verdadeiro, pois, simultâneo ao comprometimento motor que avança com a idade,
ocorrem consideráveis melhoras clinicas espontâneas no quadro da criança com Rett
(PEREIRA, 1999).
No primeiro estágio da Síndrome, que geralmente ocorre por volta dos 18 meses, há
uma brusca mudança no comportamento da menina, que perde o interesse pelo meio, pelas
pessoas, torna-se irritável, busca o isolamento, denotando semelhança com sintomas
autísticos. A menina não fala mais, deixa de usar intencionalmente as mãos, gradualmente
pára de andar e fazer qualquer coisa sozinha. É nesse estágio que a criança deixa de
brincar, perdendo junto com suas habilidades o interesse e muitas vezes a capacidade de
brincar sozinha. Este comportamento apresenta-se apenas no início da manifestação da
SR, pois no geral as meninas são muito sociáveis e gostam de estar acompanhadas.
Embora demonstrem este desejo, suas deficiências as impedem de estabelecer
relacionamentos por si só, devendo, então, esses relacionamentos com os outros, serem
oportunizados à elas (LEWIS ; WILSON, 1999).
9
Para Piaget (1975), os dois primeiros anos de vida são o período de organização do
sistema sensório-motor, considerado como coordenador das ações, sendo que no início o
repertório do comportamento da criança é limitado e se caracteriza pela predominância da
ação corporal sobre a cognitiva. Em torno da idade de dois anos, as atividades voluntárias
estão totalmente desenvolvidas, incluídas aqui a representação mental e simbólica.
Como há uma regressão no desenvolvimento da criança com SR, na maioria dos casos,
no período de desenvolvimento sensório-motor, essas mudanças irão interferir
drasticamente na sua capacidade de brincar, e assim, na sua capacidade de aprender.
Devido à dificuldade em encontrar material bibliográfico que fale do brincar para
crianças com SR fez-se necessário a utilização de bibliografia voltada para as deficiências
em geral. Esse fato mostra a importância de se estar desenvolvendo estudos científicos
sobre o assunto, já que estes estariam trazendo grandes benefícios para a criança com SR,
bem como para os profissionais que atuam diretamente com essas meninas.
O objetivo do presente estudo visa investigar a importância do lúdico e da brincadeira
no desenvolvimento da criança com Síndrome de Rett.
2. HISTÓRICO:
A condição descrita por Andréas Rett, na Áustria, em 1966, somente passou a ser
melhor conhecida após a publicação do trabalho de Hagberg, no qual foram descritas 35
meninas, e a partir do qual foi sugerido o epônimo de Síndrome de Rett (SR). Admite-se
na atualidade, uma prevalência da doença estimada entre 1:10.000 e 1:15.000 meninas,
sendo uma das causas mais freqüentes de deficiência mental severa que afeta o sexo
feminino (SCHWARTZMAN, 2003).
Esta síndrome, descrita no Brasil pela primeira vez por Rosemberg em 1987, apresenta
critérios para a forma clássica da SR, que foram revistos por Hagberg et al. (2002) e são,
nos dias de hoje, os mais utilizados. Além da forma clássica da SR foram descritas formas
variantes ou atípicas da síndrome, incluindo a SR com a fala preservada, a forma frustra
da SR, entre outras (SCHWARTZMAN, 2003).
10
A Síndrome de Rett foi descrita como uma mutação do gene MeCP2, que foi
identificado pela doutora Mimi Wan, do departamento de genética da Stanford University,
com ajuda de seus colaboradores. Esta pesquisa mostra que o gene mutante MeCP2 está
localizado no braço longo do cromossomo X, e nas células dessas criança afetadas, pode
ser responsável por uma superprodução de determinadas proteínas, ainda não totalmente
identificadas, que por sua vez, causariam a deterioração e estagnação de desenvolvimentos
que caracteriza a enfermidade (PEREIRA, 1999).
2.1 CARACTERÍSTICAS DA SINDROME DE RETT:
Critérios revistos para a forma clássica da Síndrome (HAGBERG, 2002)
Necessários:
a. História pré e peri-natal aparentemente normal.
b. Desenvolvimento psicomotor aparentemente normal durante os seis primeiros
meses ou atrasado desde o início.
c. Perímetro cefálico normal ao nascimento.
d. Desaceleração pós-natal do crescimento craniano na maioria dos casos.
e. Perda dos movimentos voluntários já adquiridos das mãos, entre seis meses e dois
anos e seis meses.
f. Movimento estereotipado das mãos.
g. Perda da sociabilidade, disfunção comunicativa, perda das palavras aprendidas e
déficit cognitivo.
h. Locomoção deficiente ou dispráxica.
De apoio:
a. Alteração da respiração enquanto acordado.
b. Bruxismo.
11
c. Alteração precoce do sono.
d. Alterações do tônus muscular associadas sucessivamente com fraqueza e distonia.
e. Distúrbios vasomotores periféricos.
f. Escoliose / cifose progressiva durante a infância.
g. Retardo de crescimento.
h. Pés hipotróficos pequenos e frios; mãos pequenas e afiladas.
De exclusão:
a. Organomegalia ou outros sinais de doença de depósito.
b. Retinopatia, atrofia ótica ou catarata.
c. Existência de dano cerebral pré ou pós-natal.
d. Existência de doença metabólica identificável ou outra doença neurológica
progressiva.
e. Alterações neurológicas adquiridas resultantes de infecções graves ou trauma
craniano.
Hagberg e Witt-Egerstroem (1986) estudaram um grupo de 50 meninas afetadas e
caracterizaram a SR em sua forma clássica dividindo os estágios de evolução da síndrome
em quatro, bem definidos conforme a idade das meninas:
Estágio 1: (06 aos 18 meses) Estagnação precoce do desenvolvimento psicomotor
(DPM), caracterizado pela diminuição da interação social, desaceleração do crescimento
craniano e hipotonia. Esse estágio tem duração de meses.
Estágio 2: (01 a 03 anos) Regressional ou rapidamente destrutivo, caracterizado pela
regressão do DPM, perda das habilidades manuais, estereotipia das mãos, manifestações
autísticas, apraxia, convulsões e respiração irregular. Esse estágio tem duração de semanas
a meses.
Estágio 3: (02 a 10 anos) Pseudo-estacionário, caracterizado pelo retardo mental,
ataxia de tronco, convulsões estereotipias nas mãos e hiper-ventilação.
12
Estágio 4: (após 10 anos) Deterioração motora tardia, caracterizada por tetraparesia,
escoliose, alteração trófica dos pés, melhoria do contato social e de alguns outros
sintomas, como a diminuição da freqüência das convulsões. Esse estágio tem a duração de
anos.
Hagberg et al (2002) descreveu a “forma frustra”, na qual desvios do desenvolvimento
neurológico são mais discretos, dificultando o delineamento exato para o diagnóstico.
Estes mesmos autores propõem os critérios para as formas variantes da SR.
Critérios revistos para as formas variantes da SR (HAGBERG, 2002):
Inclusão:
a. Cumprir pelo menos 3 dos 6 critérios principais.
b. Cumprir pelo menos 5 dos 11 critérios de apoio.
Critérios principais:
a. Perda ou redução das habilidades motoras.
b. Perda ou redução do balbuciar.
c. Padrão monótono de estereotipias manuais.
d. Perda ou redução das habilidades comunicativas.
e. Desaceleração do crescimento craniano a partir do primeiro ano de vida.
f. Padrão típico da SR: um estágio de regressão seguido de uma recuperação da
interação contrastando com uma regressão neuromotora lenta.
Critérios de apoio:
a. Alteração da respiração.
b. Deglutição de ar.
c. Bruxismo.
d. Alterações do tônus muscular associadas sucessivamente com fraqueza e distonia.
e. Distúrbios vasomotores periféricos.
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f. Escoliose / cifose progressiva durante a infância.
g. Retardo de crescimento.
h. Pés hipotróficos e frios; mãos pequenas e afiladas.
i. Risos imotivados e repentinos.
j. Anormalidades eletroencefalográficas: lentidão da atividade de base e lentidão
rítmica intermitente; descargas epileptiformes com ou sem crises convulsivas.
k. Comunicação pelo olhar de forma intensa.
3. ATIVIDADE LÚDICA NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO E
APRENDIZAGEM:
3.1 BRINQUEDO, JOGOS E BRINCADEIRAS:
Alguns estudiosos diferenciam os termos brinquedo, jogo e brincadeira e mostram a
importância dessas atividades para o desenvolvimento do ser humano.
Para Brougère (1997), o brinquedo é um objeto distinto e específico, com imagem
projetada em três dimensões, cuja função é a brincadeira. Já o que caracteriza a
brincadeira é que ela pode fabricar seus objetos, em especial desviando de seu uso
habitual os objetos que cercam a criança. Aquilo que é chamado de jogo (jogos de
sociedade, de construção, de habilidade, etc.) pressupõe a presença de uma função como
determinante, trata-se de uma regra para um jogo de sociedade ou do princípio de
construção (encaixe, montagem) para as peças de um jogo de construção (BROUGÈRE,
1997)
Kishimoto (1994) define o brinquedo como “objeto, suporte da brincadeira, a
brincadeira como a descrição de uma conduta estruturada, com regras e jogo infantil (...)
tanto o objeto (como) as regras do jogo da criança” (KISHIMOTO, 1994, P. 7).
Acredita-se que o jogo e a brincadeira são recursos e atividades de ensino eficazes
para a aprendizagem, já que o brincar faz parte da existência humana. A criança, desde
14
que nasce, está inserida num contexto cultural e a brincadeira faz parte desse contexto.
(PERES, 2003)
Diversos autores definem o brinquedo e o jogo como objeto e brincadeiras e jogo
como a atitude das crianças com esses objetos, entretanto não temos até hoje uma
determinação satisfatória dessas atividades.
Deste modo, consideramos para esse estudo os termos jogos, brincadeira e brincar
como sinônimos entre si e brinquedo como o objeto de suporte dessa brincadeira. Vemos
que há apenas uma nuança: o jogo é uma brincadeira com regras e a brincadeira, um jogo
sem regras. Ele se origina do brincar, como também não deixa de ser um brincar
(LORENZINI, 1999)
O movimento é, também, uma brincadeira que o ser humano desenvolve desde o
nascimento e, por intermédio dele, realiza uma troca com o meio em que vive e adquire
experiências. (LORENZINI, 1999).
A brincadeira é um instrumento que fornece à criança a experiência necessária ao seu
desenvolvimento sensorial, motor, perceptual, cognitivo, afetivo e cultural. O brincar é o
início do processo de aprendizagem: a criança brinca naturalmente, num processo
biológico, inato e genético, com a mera finalidade de aprender a aprender. Pela
brincadeira ela explora o seu corpo e o seu ambiente, desenvolvendo as sensações
exteroceptiva, proprioceptiva e vestibular. (LORENZINI, 1999).
Segundo a pesquisadora Finnie, em 1980 (apud LORENZINI, 2002, p. 30):
Brincando a criança conhece a si própria e o mundo que a rodeia. O brincar faz parte do processo natural de
desenvolvimento, pois é dessa forma que ela descobre suas mãos e aprende a utilizá-las, explora outras
partes do seu corpo, diferencia formas e texturas dos objetos levando-os à boca e manuseando-os.
Deslocando-se de um lado para o outro, tem uma percepção da distância e do tempo que as separam dos
objetos. Assim, adquire experiências sensoriais, motoras, cognitivas e afetivas, reforçando o processo.
Universal é a brincadeira, “que é própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e,
portanto, a saúde; o brincar conduz aos relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma
forma de comunicação.” (WINNICOTT,1975,P.63).
3.2 A CRIANÇA DEFICIENTE E O BRINCAR:
A criança com deficiência física possui características específicas e, portanto,
necessidades de mediação social, de comunicação, de socialização, de atividades culturais,
entre outras que são universais. (LORENZINI,2002).
A criança deficiente é antes de tudo uma criança e tem as mesmas necessidades de qualquer outra. Cabe
a nós descobrir essas necessidades em suas formas particulares, a fim de fornecer à criança materiais e
situações que lhe permitam explorar da melhor maneira possível suas capacidades do momento.
(AUFAUVRE,1987, p. 65 )
Para Aufauvre, (1987) os brinquedos propostos à criança deficiente devem levar em conta
um certo número de necessidades particulares diretamente ligadas à deficiência. Como
qualquer outra criança, o deficiente também deve experimentar o mundo, construir-se
como pessoa e estabelecer relações satisfatórias com os outros.
Toda deficiência representa uma barreira entre a criança e os objetos que ela deve
manipular, as pessoas com quem tem de lidar, o mundo a descobrir, a imagem que vai
construir de si mesma, neste confronto ativo (AUFAUVRE, 1987).
3.3 O LÚDICO E A MÚSICA PARA A CRIANÇA COM SÍNDROME DE RETT
A musicoterapia tem sido considerada um meio de engajar crianças para as quais a
comunicação por meio de linguagem é difícil ou mesmo impossível, como um meio de
criar uma consciência sonora e um meio de aliviar tensões. (LEWIS ; WILSON, 1999)
Muitas meninas com Síndrome de Rett passam por um estágio em que podem ser
confundidas com autistas devido à falta de contato com o mundo que as cerca. O trabalho
musicoterapêutico é de grande importância neste aspecto, pois a música pode ser utilizada
como ferramenta de contato, expandindo, então, o potencial criativo musical da paciente,
e ampliando o potencial de comunicação verbal, visual e tátil. (OLIVEIRA, 2003)
Pela musicoterapia elas sentem, e deste modo passam a entender conceitos como
tempo e espaço, qualidade e quantidade, causa e efeito. Sua própria identidade é
desenvolvida. (LEWIS ; WILSON, 1999)
Para que a menina com SR possa expandir sua criatividade, primeiramente precisa se
sentir segura e num ambiente familiar onde possa se expressar. (OLIVEIRA,2003)
Devido às dificuldades físicas e motoras a criança com SR encontra grande limitações
nas suas atividades. Essa criança não brinca sozinha, cabendo aos pais e terapeutas
proporcionar esse brincar, envolvendo-a na brincadeira.
4. OBJETIVO:
O objetivo desse trabalho é a investigação da importância do lúdico e da brincadeira no
desenvolvimento da criança com Síndrome de Rett com ênfase em seu desenvolvimento
cognitivo e sua comunicação não verbal segundo a visão da mãe e das terapeutas de uma
menina com a Síndrome de Rett.
5. MÉTODO:
5.1 TIPO DE PESQUISA:
Para esse estudo será realizada uma pesquisa qualitativa com a modalidade de estudo
de caso aprofundado.
A pesquisa qualitativa segue cinco características essenciais, segundo Bogdan e
Beklen (apud Ludke & Andre, 1986, p. 11)
a. “A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o
pesquisador como seu principal instrumento”. Isto significa que o pesquisador
entra em contato direto com o ambiente e a situação que está sendo estudada.
b. “Os dados coletados são predominantemente descritivos.” O pesquisador deve
estar atento e descrever com o maior nível de detalhamento possível às situações,
os acontecimentos, os ambientes, as pessoas e os documentos relativos ao
fenômeno estudado.
c. “A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto.” O
pesquisador busca investigar e entender o “como” ocorre o fenômeno e como ele
se manifesta.
d. “O significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção
especial pelo pesquisador.” Na pesquisa qualitativa a concepção de vida dos
participantes e suas perspectivas em relação ao fenômeno, foco de estudo, são
primordiais.
e. “A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo.” Não há a preocupação
de comprovação de hipóteses anteriormente definidas.
5.2 PARTICIPANTES:
Participaram desse estudo uma mãe e sua filha diagnosticada com Síndrome de Rett,
com idade de 12 anos, além de três profissionais que trabalham com essa menina em uma
associação na cidade de São Paulo, sendo esses profissionais uma fonoaudióloga, uma
psicóloga e uma musicoterapeuta.
5.3 LOCAL:
Os dados com os profissionais foram coletados em uma instituição em São Paulo,
especializada no diagnóstico e tratamento da SR, que recebe crianças e adolescentes
afetadas pela Síndrome. As filmagens da menina, bem como as informações trazidas pela
mãe, foram feitas em sua casa.
5.4 INSTRUMENTO:
A coleta de dados foi realizada a partir de entrevistas semi-estruturadas com a mãe e
com as três terapeutas (anexos 1 e 2) que foram gravadas para o melhor aproveitamento
do material obtido. Foram realizadas também sessões de filmagens da interação entre a
pesquisadora e a menina com Síndrome de Rett durante as atividades lúdicas, a qual foi
analisada seguindo um roteiro de observação (anexo 3).
5.5 ASPECTOS ÉTICOS:
A coleta de dados foi realizada após a apresentação da carta de informação à
instituição, e aos sujeitos de pesquisa, e após terem concordado e assinado o termo de
consentimento livre e esclarecido, onde estará especificado como será realizada a pesquisa
bem como o seu objetivo e aspectos éticos envolvidos na mesma, seguem em anexo as
cartas. Este procedimento se deu após a aprovação do projeto pelo comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie, conforme anexo 4.
5.6. PROCEDIMENTO:
As entrevistas com as terapeutas foram feitas na Associação em que trabalham em
datas e horários pré-definidos de acordo com a disponibilidade das mesmas, após a
apresentação da carta de informação e termo de consentimento livre e esclarecido (anexo
5 e 6). As entrevistas foram gravadas em fita cassete para o melhor aproveitamento do
material obtido.
A entrevista com a mãe foi realizada em sua casa em data e horário pré-definido de
acordo com sua disponibilidade, também após a apresentação da carta de informação e
termo de consentimento livre e esclarecido (anexo 5).
Foram realizadas três filmagens da interação da menina com o brinquedo, com a
brincadeira e com a pesquisadora em dias e horários diferentes, previamente marcados
com sua mãe. As filmagens aconteceram em sua casa, com posterior análise a partir do
roteiro de observação (anexo 3).
Em cada dia foram feitas filmagens de três tipos de interação da menina com o
brinquedo:
Uma primeira da interação da pesquisadora com a menina durante uma brincadeira
dirigida que teve duração de aproximadamente 15 minutos. Uma segunda onde é dada a
oportunidade de escolha, a pesquisadora apresenta dois brinquedos e é solicitado
verbalmente à menina que escolha um dos brinquedos, foi posteriormente observado
através do roteiro que segue em anexo se ocorreu a escolha e qual sua interação com o
brinquedo escolhido, teve a duração de aproximadamente de 10 minutos. E uma terceira
de brincadeira livre, onde foi apresentado um brinquedo, que posteriormente através do
roteiro, foram observadas suas reações frente a esse brinquedo, teve a duração de
aproximadamente 6 minutos. Foram utilizados em cada dia três tipos de brinquedos, para
que pudessem ser observados os três tipos de interação de acordo com cada atividade
proposta, estes brinquedos estão descritos no item dados coletados, onde estão
especificados, (fotos no anexo7)
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO:
As entrevistas foram realizadas com os participantes: mãe e profissionais e
posteriormente as mesmas foram transcritas na íntegra (anexo 8). As filmagens feitas com
a menina em atividades lúdicas também foram transcritas na íntegra (anexo 9).
6.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES:
Mãe:
A mãe entrevistada é casada tem quarenta e sete anos e trabalha como professora
universitária. Observou-se que mesmo trabalhando fora consegue dedicar parte de seu
tempo para brincar com a filha.
Profissionais:
A psicóloga entrevistada é também coordenadora da instituição, conhece J desde sua
chegada na instituição há aproximadamente seis anos, porém, desenvolve um trabalho
terapêutico diretamente com J desde o início do ano de 2007, trabalhou indiretamente
durante anos, já que orientava o estágio de estudantes de psicologia que atuavam
diretamente com J. O foco do seu trabalho com J é trabalhar a atenção, buscar interesses
por objetos, materiais, ampliar a nível pedagógico para introduzindo alguns conceitos.
A musicoterapeuta entrevistada acompanha J há aproximadamente dois anos, no
primeiro ano como observadora e co-terapeuta, trabalhando em conjunto com outra
musicoterapeuta, no segundo ano como terapeuta atuando direto com J. O foco do seu
trabalho com J é trabalhar através da musicoterapia a parte cognitiva e emocional.
A fonoaudióloga entrevistada desenvolve seu trabalho com J há cinco anos, o foco do
seu trabalho com J é a comunicação não-verbal, trabalha também com enfoque na
motricidade oral.
Menina com Síndrome de Rett:
J é filha única de um casal, tem doze anos, apresentou os primeiros sintomas da
síndrome por volta de um ano e meio e teve o diagnóstico da SR por volta de um ano e
oito meses, durante esse período do início dos sintomas até o seu diagnóstico J perdeu os
movimentos voluntários da mão, a fala, apresentou os movimentos estereotipados das
mãos e sintomas autísticos, apresentando características da Síndrome na sua forma
clássica. J não chegou a aprender a andar sozinha. J de acordo com o relato da mãe e das
profissionais que trabalham diretamente com ela teve uma estimulação intensa desde
pequena, tanto em casa com os pais, como em terapias específicas como fisioterapia,
hidroterapia, fonoaudiologia entre outras desde o seu diagnóstico.
6.2 CATEGORIZAÇÃO:
A partir das leituras e re-leituras do texto foram estabelecidas categorias de análise, de
acordo com os quadros 1 e 2:
Quadro 1: Categorias da entrevista com a mãe
Entrevista com a mãe
Categoria 1: Interesse pelo brinquedo
Categoria 2: Interação com o brinquedo
Categoria 3: Desenvolvimento e brinquedo
Categoria 4: A rotina e o brincar
Quadro 2: Categorias da entrevista com as terapeutas
Entrevista com as profissionais
Categoria 1: Objetivos do trabalho terapêutico
Categoria 2: Interesse pelo brinquedo e brincadeira
Categoria 3: Interação com o brinquedo ou brincadeira
Categoria 4: Desenvolvimento e brinquedo
Categoria 5: A terapia e o brincar
6.2.1 Análise da entrevista com a mãe:
Categoria 1 – Interesse pelo brinquedo: Na fala da mãe fica evidente a dificuldade
inicial de inserir o universo lúdico e a brincadeira à J, de acordo com suas limitações e
estágio da síndrome, podendo ser percebido através da fala mãe de J: “... Tá, na verdade,
por volta de dois, três anos de idade ela não tinha interesse nenhum pelos brinquedos, né,
na verdade eu testei todo tipo de brinquedo... a gente comprava um brinquedo novo e ela
ficava olhando com total falta de interesse... aí um dia eu a levei na loja de brinquedos
para ela escolher e aí a única coisa que a interessou foi um sapo de pelúcia, que ela olhou,
que ela riu...”
Segundo Hagberg e Witt-Egerstroem (1986) a criança com síndrome de Rett clássica
por volta de 1 a 3 anos de idade estaria no estágio 2 da síndrome, que é caracterizado
como regressional, onde a criança perde as habilidades manuais, aparecem as estereotipias
manuais e manifestações autísticas entre outras. Isso explica a falta de interesse pelo
brincar e pela brincadeira de J por volta de 2 e 3 anos de idade. Entretanto, Hagberg
(2002), descreveu que ao passar pelos estágios regressionais característicos da Síndrome
de Rett, mesmo com perdas, há uma melhoria no contato social dessas crianças, e no
contato visual.
Segundo Lewis e Wilson (1999) esse comportamento de falta de interesse no convívio
social e no brincar em geral apresenta-se apenas no início da manifestação da SR, pois no
geral as meninas são muito sociáveis e gostam de estar acompanhadas. Embora
demonstrem este desejo, suas deficiências as impedem de estabelecer relacionamentos por
si só, devendo, então, esses relacionamentos com os outros serem oportunizados à elas.
Isso fica evidente quando a mãe fala que após, passar por essa fase, ela adquiri
interesse, capacidade de escolha dos brinquedos, e reações frente à brincadeiras, segundo
ela: “...brinquedos que ela tem, pra perceber assim qual interesse, eu acho que assim, é
mostrar alguns e aí ver pra qual brinquedo ela olha mais, abre um sorriso, e é esse
brinquedo que aí a gente pega, livros também, é sempre oferecer opções e ver qual livro
aparentemente ela mostra mais interesse...”
Categoria 2 – Interação com o brinquedo: Fica evidente através da fala tanto da
mãe, que mesmo com as limitações da SR, elas conseguem desenvolver brincadeiras onde
há a interação de J, fazendo com que esta consiga estabelecer relações satisfatórias. De
acordo com a fala da mãe: “...A interação dela (...), bom atualmente o brinquedo é o
karaokê, né, ela cantar (entenda-se vocalizar) junto com o brinquedo, é o sorriso, eu acho
que assim, o movimento da mão mais intenso, acho que são essas três coisas... de
interação, o que existe muito é quando você pega uma música conhecida e coloca a J
dentro da música, isso é o que ela mais gosta, você sempre coloca assim, onde tiver nome,
colocar o nome da J, aí sim ela participa bastante, nossa ela acha interessante.
Para Aufauvre (1987), “a criança deficiente é antes de tudo uma criança e tem as
mesmas necessidades de qualquer outra. Cabe a nós descobrir essas necessidades em suas
formas particulares, a fim de fornecer à criança materiais e situações que lhe permitam
explorar da melhor maneira possível suas capacidades do momento”. Percebe-se que a
mãe proporciona brinquedos e brincadeiras à J, assim como estimula a escolha dos
brinquedos, de acordo com suas limitações, porém, fazendo com que esta consiga interagir
neste contexto lúdico.
Categoria 3 – Desenvolvimento e brinquedo: De acordo com a fala da mãe, fica
evidente que há melhoras tanto nos aspectos cognitivos quanto na comunicação não-
verbal de J, devido à inserção desse universo lúdico em casa, é através disso que
estabelecem um meio de comunicação e relação com J. De acordo com a fala da mãe:
“...Isso a gente percebe assim, porque é uma criança extremamente esperta... digamos
assim ela sabe o que ela quer, né, nem sempre a gente sabe identificar o que ela quer, eu
acho que aí existe ainda uma falha de comunicação...o grande ganho, primeiro assim, ela
entende tudo, ela participa de tudo, não é uma criança apática, não é uma criança autista,
como acontece muitas vezes, ela escolhe o que ela quer fazer, e eu acho assim, por mais
que a gente diga assim, existem falhas na comunicação, a gente conseguiu desenvolver
uma comunicação não-verbal bastante ampla... ela tem indicações, eu acho assim, isso
muito legal, que a gente consegue conversar com ela, eu consigo conversar assim
normalmente, não uso uma linguagem infantil, eu uso o vocabulário normal e eu sei que
ela me entende...”
Para Lorenzini (1999) a brincadeira é um instrumento que fornece à criança a
experiência necessária ao seu desenvolvimento sensorial, motor, perceptual, cognitivo,
afetivo e cultural. Fica evidenciado através do relato da mãe, essa melhora no
desenvolvimento de J.
Categoria 4 – A rotina e o brincar: Segundo o relato da mãe, mesmo os pais
trabalhando fora, em casa são proporcionados momentos lúdicos e brincadeiras: “... o
nosso trabalho interativo intensivo é menor, né, até porque a gente trabalha, etc. Mas em
geral de manhã a gente brinca um pouco com ela, a noite na hora que a gente está em casa
a gente brinca e principalmente assim, quando eu vejo que ela está entediada, que não dá
pra sair, aí eu sento lá do lado dela e faço um monte de brincadeirinhas, aí antes de ir pra
cama, na hora de levá-la pra cama a gente fica uns quinze minutos ainda cantando
musiquinhas, brincando... ela está sempre pronta para uma brincadeira, é uma criança que
gosta de brincadeiras, ela aceita brincadeiras e quer sempre brincar... Do momento lúdico,
é sempre também DVD, música, muitas vezes a gente assim, acaba colocando tudo de
uma vez, música, TV com uma programação infantil, um livro, né pra ela ir olhando as
figuras, e ela foi acostumada assim desde pequena, então na verdade, ela aceita que a
gente coloque sempre bastante estímulos e eu acho interessante também sempre trabalhar
bastante com cores, tanto na roupa, quanto nos brinquedos, de observar isso, de usar cores
fortes, cores que ela goste...”
Para que a menina com SR possa expandir sua criatividade, primeiramente precisa se
sentir segura e num ambiente familiar onde possa se expressar. (OLIVEIRA, 2003).
Observa-se o empenho dos pais em proporcionar à filha, momentos na sua rotina que
tenha o envolvimento do lúdico, de brincadeiras, onde ela pode participar, fazendo com
que a mesma possa estabelecer uma relação em casa com a família bastante satisfatória,
mesmo com suas limitações.
6.2.2 Análise da entrevista com as profissionais (P1:musicoterapeuta, P2:
fonoaudióloga e P3: psicóloga):
Quadro 2: Categorias da entrevista com as terapeutas
Entrevista com as profissionais
Categoria 1: Objetivos do trabalho terapêutico
Categoria 2: Interesse pelo brinquedo e brincadeira
Categoria 3: Interação com o brinquedo ou brincadeira
Categoria 4: Desenvolvimento e brinquedo
Categoria 5: A terapia e o brincar
Categoria 1 – Objetivos do trabalho terapêutico: Os objetivos propostos no trabalho
terapêutico de J, pelas profissionais são: “O meu trabalho como musicoterapeuta
especificamente com a J é trabalhar através da musicoterapia a parte cognitiva e
emocional...” (P1) “...É totalmente comunicação não-verbal... então na verdade a gente vai
trabalhar comunicação não-verbal , vai trabalhar comunicação como um todo, trabalhar a
linguagem... a gente vai aprender a ver com outros olhos , a expressão do corpo, a
expressão do rosto, mudança corporal. E a J é muito isso, não gostou, fecha o olho,
sorrisos... agora o que a gente tá trabalhando tem um enfoque mais na motricidade oral, a
gente tá tentando trabalhar de uma forma mais dirigida...” (P2) “...Sempre tentando
trabalhar a atenção e buscar o interesse por objetos, materiais, ampliar a nível pedagógico,
não só lúdico, introduzir alguns conceitos até, mas lógico, tem que ser dentro daquilo que
ela demonstra, né interesse... (P3)
A criança com deficiência física possui características específicas e, portanto,
necessidades de mediação social, de comunicação, de socialização, de atividades culturais,
entre outras que são universais. (LORENZINI,2002). As profissionais desenvolvem seus
atendimentos à J, de acordo com suas características e especificidade da síndrome,
percebe-se que é um trabalho focado que se complementa , buscando melhorar aspectos,
cognitivos, emocionais, comunicação não-verbal e atenção, dentre outros que são
trabalhados dentro de cada terapia, sempre buscando um melhor desenvolvimento e
melhora na qualidade de vida de J.
Categoria 2 – Interesse pelo brinquedo e brincadeira: Todas as profissionais
entrevistadas, afirmaram que J demonstra muito interesse pelo lúdico e brincadeiras
envolvidas na terapia, demonstrando através deste contexto uma maior resposta na terapia:
“...se você chega sem brincar ela não te dá tanta atenção, ela olha pra você, lógico, logo
que você chega ela olha pra você, dá um sorriso tal, mas ela fica olhando, tipo assim “ tá
aí, legal”, mas quando você chega brincando ela interage mais, ela interage mais, ela ri
mais, ela presta mais atenção com certeza...” (P1) “...a J é 100% movida brinquedo,
brincadeiras, a música, a mudança de entonação de voz, da encenação, da participação
dela na brincadeira... se você faz o faz- de- conta, vamos dizer assim com ela, ela
participa, ela deixa, ela interage... sem ter o contexto lúdico, ela até faz, mas reclamando,
resmungando...” (P2) “...ela demonstra muito interesse, ela é, todo trabalho com ela tem
que ser através do lúdico, e ela demonstra, é onde ela participa, tem interesse, se for sem
ter por trás o lúdico, normalmente ela não dá retorno...” (P3).
Para Aufauvre, (1987) os brinquedos ou brincadeiras propostos à criança deficiente
devem levar em conta um certo número de necessidades particulares diretamente ligadas à
deficiência. Como qualquer outra criança, o deficiente também deve experimentar o
mundo, construir-se como pessoa e estabelecer relações satisfatórias com os outros.
Observa-se que as terapeutas utilizam brincadeiras que estimulam o interesse de J
durante a terapia, e J demonstra tal interesse, tendo um comportamento de maior
participação durante os atendimentos.
Categoria 3 – Interação com o brinquedo ou brincadeira: As profissionais relatam
que J interage durante as brincadeiras e atividades lúdicas e ambas percebem essa
interação de forma semelhante: “...Com o lúdico, bom, a fisionomia dela muda totalmente,
ela sorri bastante, você percebe que ela está feliz, que você está agradando ela, ela
demonstra bastante isso, ela participa mais, então, se você não usa do lúdico, se você não
usa uma brincadeira, ela não, por exemplo, na minha ação, ela não vocaliza, ela não olha
pra você, ela fica muito mais passiva, mas se você usa o lúdico, ela vocaliza, ela ri, ela
quer cantar, ela interage, ela olha pra você, sorri, faz tudo pra demonstrar “estou
gostando”, e quer participar, interage muito mais, então tem uma diferença tanto
fisicamente, porque se você não usa o lúdico ela já abaixa a cabeça, já abaixa os olhos,
olha pro lado, e quando usa o lúdico com ela, ela já abre um sorriso, olha nos seus olhos, é
bem nítida a diferença, não tem nem como se enganar....” (P1) “...Se é algo do interesse
dela, algo que ela goste, porque tem muitas vezes, eu proponho algo que eu acho que vai
ser o máximo e se ela não gosta ela fica olhando pra você, você acha super divertido “olha
que legal, vamos fazer isso, vamos fazer aquilo”, não adianta, então assim a J, às vezes
tem vários brinquedos, mas acho que também depende muito do dia, tem brinquedo que
tem dia que faz sucesso, tem dia que ela olha assim dá uma risadinha e não tem tanto
interesse. A J, eu acho que ela é 101%, eu olho assim pro olho dela, pra cara dela, às vezes
ela até quer dar uma risadinha, mas..., ela consegue te demonstrar se tá legal, se não tá...
Eu acho que a J compreende muito sabe...” (P2) “...É a expressão, normalmente o
movimento corporal, a gente percebe, sorrisos, o olhar, então, o envolvimento mesmo,
pode-se dizer comportamento emocional... é só utilizar o brinquedo, acho que tem que
criar, inventar uma brincadeira, tem que ter movimento através do brinquedo, não é
simplesmente ter um brinquedo, mas é aproveitar esse brinquedo de várias formas pra que
ela tenha interesse e participe, se for muito parado, se for só na fala, ela nem sempre se
interessa...” (P3)
Universal é a brincadeira, “que é própria da saúde: o brincar facilita o crescimento e,
portanto, a saúde; o brincar conduz aos relacionamentos grupais; o brincar pode ser uma
forma de comunicação.” (WINNICOTT, 1975, P.63). Observa-se através do relato das
profissionais que assim como toda criança, J demonstra muito interesse e interage muito
mais prazerosamente através do lúdico, inclusive estabelecendo uma melhor comunicação
não-verbal através da sua interação.
Categoria 4 – Desenvolvimento e brinquedo: As profissionais relataram sobre as
influência do lúdico no desenvolvimento de J, que segundo elas traz uma mudança
significativa, tanto nos aspectos cognitivos, como na sua comunicação não-verbal: “...A J
tem um pouco de resistência a mudanças, né, ela é bem, entende, é difícil de aceitar e tal,
mas se você vai brincando, eu estou tentando colocar mais cores para ela, ampliar as que
já tem, então colocar músicas diferentes, comportamentos diferentes e na hora ela é bem
resistente, mas se você vai brincando, tal, você vai levando ela, você vai conseguindo
levar e tal e ajuda, ajuda pra ela crescer assim, no desenvolvimento terapêutico dela... É
tudo através do lúdico que ela se comunica, né, não digo tudo, não dá pra globalizar, mas
assim melhora, se você faz através do lúdico, você vê que ela associa melhor, como
brincar vai, o que chama a atenção, se ela não se interessa por algo ela não tem como
comunicar aquilo, então primeiro você tem que puxar o interesse dela pra ela poder
interagir...” (P1) “...quando você usa o corpo dela, utiliza a mão, você insere ela na
brincadeira pra tudo e aí eu acredito que ela consegue estar adquirindo conhecimento, ela
escolhe de uma maneira mais fácil, de uma maneira mais rápida, pelo menos com o
brincar eu vejo assim... De demonstrar claramente o que ela quer, eu acho assim, quando
ela é inserida, ela demonstra muito mais claramente, ela está interagindo mais, está tendo
uma melhor intenção comunicativa... a J é aquela né, desde pequena super estimulada,
trabalhada, a mãe sempre estimulou muito. Em comunicação ela também tem ganhos...”
(P2) “...Ah, total, eu acho que ela tem tido ganhos todos esses anos, por ter esse trabalho,
tanto em casa, como terapeuticamente, né, porque é uma criança que gosta e curte a
brincadeira, é através dela que ela participa, ela vai se desenvolvendo, mudando de fases,
de etapas, através da brincadeira, socialmente eu acho que também está ligado, no
começo, quando ela entrou na instituição ela não gostava muito de participar em grupo,
ela estava acostumada, tinha uma gosto musical só dela, individual, então ela reagia
contra, a gente fazia brincadeiras em grupo, lógico, dentro das possibilidades delas, ela
não gostava, e aí ela foi aprendendo... eu acho que ela hoje, ela sabe reconhecer os objetos
por exemplo, ela sabe reconhecer, então se você está brincando com animais, com
bichinhos, talvez ela não consiga generalizar para a realidade mesmo, né, não sei se ela
chegou a ver o animal, mas ela sabe, reconhecer os animais, ela sabe identificar as
bonecas, ela reconhece, e aí vai passando pra uma coisa mais pedagógica de conceitos
mesmo, né, de trabalhar cores, reconhecer cores e aí levar pra sua vida, desde vestuário,
quando a gente trabalhou cores, passou pro vestuário, então hoje ela sabe identificar as
cores das roupas dela, eu acho que ela está tendo ainda um ganho muito grande,
cognitivamente com certeza ela cresceu muito, acrescentou muito... A comunicação não-
verbal eu acho, não dá pra gente afirmar, mas através da expressão do olhar, ela tem uma
resposta, J tem uma comunicação com a família de um jeito, aqui nem sempre é do
mesmo jeito, é de outra forma, às vezes pelo olhar, às vezes pela expressão, hoje a maioria
das pessoas que convivem com ela conseguem identificar muita coisa no nível de
comunicação...” (P3).
A brincadeira é um instrumento que fornece à criança a experiência necessária ao seu
desenvolvimento sensorial, motor, perceptual, cognitivo, afetivo e cultural. O brincar é o
início do processo de aprendizagem: a criança brinca naturalmente, num processo
biológico, inato e genético, com a mera finalidade de aprender a aprender. Pela
brincadeira ela explora o seu corpo e o seu ambiente, desenvolvendo as sensações
exteroceptiva, proprioceptiva e vestibular. (LORENZINI, 1999). Acredita-se que o lúdico
e a brincadeira são recursos e atividades de ensino eficazes para a aprendizagem, já que o
brincar faz parte da existência humana. A criança, desde que nasce, está inserida num
contexto cultural e a brincadeira faz parte desse contexto (PERES, 2003). Observa-se
através do relato das profissionais, significativa melhora no desenvolvimento de J, tanto
na parte cognitiva como em sua comunicação não-verbal, o que evidencia que o lúdico e a
brincadeira são instrumentos necessários ao seu desenvolvimento, independente de suas
limitações.
Categoria 5 – A : As três profissionais relacionaram o brincar de J no contexto de suas
respectivas terapias: “...Brinquedo eu não costumo utilizar, como é só meia hora, então eu
tento aproveitar o máximo, brinquedo é difícil, a não ser que seja dentro do contexto, mas
brincadeiras assim, as próprias músicas, eu crio brincadeiras com ela e tal, coloco o nome
dela no meio, um joguinho de palavras, movimentos que a gente faz brincando dentro da
música mesmo, eu crio joguinhos, brincadeiras, mas tudo voltado pra terapia...” (P1) “...O
que tiver na sala, tudo que for de interesse dela, tudo o que for fazer com que naquele
momento ela preste atenção, já usei livrinho, outro dia pra dar comida pra J, eu usei tudo
que estava na sala, ela deu muita risada, a J não queria comer, então você tem que utilizar
de tudo um pouco, tudo que você vê que dá pra prender a atenção dela... . Em tudo você
tem que colocar muito a J, sabe, no brincar, no faz-de-conta, encenar o que está
acontecendo, então se tocou a música, então eu utilizo, vai, “mexe as mããos” (trecho da
música), então eu estou lá mexendo, então às vezes eu paro pra estar brincando, brinco
muito com o corpo da J... eu ponho a mãozinha dela pra fazer exercício, “Agora a J vai
fazer exercício” Ah é outra coisa, ela deixa fazer, ela mexe, ela dá risada, ela não
resmunga, agora se eu falo pra ela, vamos fazer o exercício do garrote(instrumento
utilizado na terapia) sem ter o contexto lúdico, ela até faz, mas reclamando,
resmungando...” (P2) “...Mesmo quando eu vou trabalhar algum conceito a nível
pedagógico, sempre tem que utilizar alguma brincadeira para atingir a J, pra que eu
consiga perceber que ela está acompanhando, tem que ser com brinquedos, ou
brincadeiras, músicas. Por exemplo, no momento eu estou trabalhando o conceito de
grande e pequeno, então eu pego os brinquedos que ela gosta, como por exemplo, ela tem
um sapo que ela gosta, e o dela é o grande e eu arrumei um sapo parecido que é o
pequeno, aí ela participa, ela responde, na hora que você pega um outro objeto que não
seja um brinquedo, não tem tanto interesse e resposta...” (P3).
De acordo com o relato das profissionais, percebe-se que o aproveitamento da terapia é
maior quando J é estimulada num contexto lúdico, as profissionais demonstram trabalhar
de uma maneira lúdica, inserindo J na terapia através deste contexto, procurando mesmo
com as limitações impostas pela síndrome fazer com que J interaja e participe do processo
terapêutico.
Segundo a autora Aufauvre, “toda deficiência representa uma barreira entre a criança e
os objetos que ela deve manipular as pessoas com quem tem de lidar, o mundo a
descobrir, a imagem que vai construir de si mesma, neste confronto ativo”, entretanto,
criança deficiente é antes de tudo uma criança e tem as mesmas necessidades de qualquer
outra. Cabe a nós descobrir essas necessidades em suas formas particulares, a fim de
fornecer à criança materiais e situações que lhe permitam explorar da melhor maneira
possível suas capacidades do momento. (AUFAUVRE,1987)
6.3 Análise das filmagens:
Para a análise das filmagens foi utilizado um roteiro, que focalizava a direção e
intensidade do olhar, atenção, interesse, formas de interação e reações frente às
atividades lúdicas (conforme anexo 3).
A análise foi realizada e está apresentada no quadro 3, organizada de acordo com a
situação vivenciada.
Quadro 3: Situações de filmagem
Filmagens Definição Tempo de duração Resposta da criança
Brincadeira Nesse momento a Nas três sessões de filmagem J
Dirigida pesquisadora oferecia 15 minutos demonstrou grau de interesse alto,
o brinquedo, estimulava atenção voltada para o brinquedo e
e interagia com J. brincadeira, com direção e intensidade
do olhar na atividade, reações de risos,
entusiasmo, aumento dos movimentos
das mãos e braços, interação com
vocalizações e expressões.
Escolha entre A pesquisadora Nas três sessões de filmagem J
dois brinquedos apresentava dois demonstrou alto grau de interesse,
oferecidos pela brinquedos e 10 minutos atenção voltada para os brinquedos
pesquisadora solicitava verbalmente apresentados, alternando a direção
que J escolhesse um do seu olhar entre os dois, focando
deles. e fixando posteriormente seu olhar
no brinquedo escolhido.
Brincadeira Os brinquedos eram Nas três sessões de filmagem J
Livre colocados no campo demonstrou interesse inicial
visual de J e a 6 minutos quando os brinquedos eram
pesquisadora apenas apresentado, entretanto como não
observava suas reações havia a interação da pesquisadora
J passa a apresentar um comportamento
Passivo, não interage, baixa o olhar e não sorri, os movimentos dos braços
cessam..
7. Considerações Finais:
A análise dos resultados apontou uma significante coesão de resposta entre a mãe e as
terapeutas da menina, de acordo com cada categoria analisada, estas respostas vieram a ser
confirmadas através da análise das filmagens. Os dados obtidos apontam que houve uma
melhora no desenvolvimento de J através da inserção do lúdico nas suas atividades, tanto
em casa como nas terapias.
De acordo com os autores estudados, essas meninas passam por um estágio da
Síndrome, que geralmente ocorre por volta dos 18 meses, onde há uma brusca mudança
em seu comportamento, esta, perde o interesse pelo meio, pelas pessoas, torna-se irritável,
busca o isolamento, denotando semelhança com sintomas autísticos. A menina não fala
mais, deixa de usar intencionalmente as mãos, gradualmente pára de andar e fazer
qualquer coisa sozinha. É nesse estágio que a criança deixa de brincar, perdendo junto
com suas habilidades o interesse e muitas vezes a capacidade de brincar sozinha.
Entretanto, convém ressaltar que este comportamento apresenta-se apenas no início da
manifestação da SR, pois no geral as meninas são muito sociáveis e gostam de estar
acompanhadas. Isso fica evidenciado na fala da mãe e das terapeutas, quando as mesmas
relatam que J passou por tal estágio, onde não demonstrava nenhum interesse por
brinquedos, por contato social, porém, foi e é feito um trabalho de estimulação em casa e
em terapia com inserção do lúdico.
J atualmente demonstra de maneira clara que gosta de estar acompanhada, de ser
inserida na brincadeira, de interagir e mostra respostas através desse universo lúdico.
Observou-se neste caso estudado que através do lúdico e da inserção de J nas brincadeiras
foi possível melhorar sua comunicação não-verbal, interação e aspectos cognitivos.
Devido às características da síndrome, essas crianças não possuem capacidade para
brincar sozinhas, cabendo então aos pais e terapeutas estimulá-las e inserí-las num
contexto lúdico.
Esses dados sugerem que o lúdico e o brincar, são fatores que ajudam de maneira
significativa no desenvolvimento destas meninas, devendo então ser valorizados não só
pela família, como também, pelos profissionais que atuam diretamente com essas
meninas.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AUFAUVRE, M. F. – Aprender a brincar, aprender a viver. São Paulo: Ed. Manole,
1987.
BROUGÉRE, G. – Brinquedo e cultura. São Paulo: Ed. Cortez, 1997.
HAGBERG, B. & WITT-ENGERSTROM, J. – Rett Syndrome: a suggested staging
system for describing impairment profile with increasing age towards adolescence.
Am J. Med Genet, 24 (suppl 1): 47-59, 1986.
HAGBERG, B.; HANEFELD, F.; PERCY, A. & SKJEDAL, O. – An update on
clinically applicable diagnostic criteria in Rett Syndrome. Eur J. Pediatri Neurol, 6:
293-7, 2002.
KISHIMOTO, T. M. – O jogo e a educação infantil. São Paulo: Ed. Pioneira, 1994.
KISHIMOTO, T. M. – Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Ed.
Cortez, 1996.
LEWIS, J. & WILSON, D. – Caminhos para a aprendizagem na Síndrome de Rett.
São Paulo: Ed. Memnom, 1999.
LORENZINI, M. V. – Brincando a brincadeira com a criança deficiente. São Paulo:
Ed. Manole, 2002.
LUDKE, M. & ANDRE, M. E. D. A. – Pesquisa em educação: abordagens
qualitativas. São Paulo: Ed. Pedagógica e Universitária, 1986.
OLIVEIRA, O. Q. – Contrapontos transdisciplinares: musicoterapia no trabalho com
a Síndrome de Rett. Temas sobre desenvolvimento, V 12, n 70, p. 33-41, 2003.
PEREIRA, J. L. P. – A Síndrome de Rett. Curitiba: Departamento de Educação Especial
da Secretaria de Estado do Paraná, 1992.
PEREIRA, J. L. P. – I seminário médico sobre a Síndrome de Rett e IV encontro
brasileiro sobre a Síndrome de Rett: História natural da Síndrome de Rett. Temas
sobre desenvolvimento. V 8, n. 45, p. 19-23, julho / agosto 1999.
PEREZ, R.C.N.C. – O lúdico no desenvolvimento da criança com paralisia cerebral
espástica. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de
São Paulo, 2003.
PIAGET, J. – O nascimento da inteligência na criança. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1975.
SCHWARTZMAN, J. S. – Síndrome de Rett. Revista Brasileira de Psiquiatria, V 25, n
2, 2003.
SCHWARTZMAN, J. S. & ANDAKU, D. K. – Análise do padrão respiratório em
pacientes com Síndrome de Rett. Temas sobre desenvolvimento, V 12, n 69, p. 15-25,
2003.
WINNICOTT, D. W. – O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Ed. Imago, 1975.
9. ANEXOS:
Anexos 1:
Roteiro de entrevista semi-estruturada para a mãe:
1. Como você percebe o interesse da J pelo brinquedo e pelo brincar?
2. Como ocorre a interação da J com o brinquedo e durante a brincadeira?
3. Como você percebe a influência do lúdico e da brincadeira no
desenvolvimento da J?
4. Que ganhos você percebe que J possa ter tido em seu desenvolvimento
cognitivo e de comunicação não verbal através do brincar?
5. Como foram e são proporcionados momentos lúdicos para J. em casa?
Anexo 2:
Roteiro de entrevista semi-estruturada para as terapeutas (fonoaudióloga,
psicóloga e musicoterapeuta):
1. Há quanto tempo você conhece e desenvolve seu trabalho com a J?
2. Como você percebe o interesse de J pelo lúdico durante a terapia?
3. Você utiliza algum brinquedo ou realiza alguma brincadeira com J durante a terapia?
4. Se sim, qual a interação de J?
5. Como você percebe a influência do lúdico no desenvolvimento de J?
6. Que ganhos você percebe que J pode ter tido em seu desenvolvimento cognitivo e
comunicação não-verbal, através do brincar?
Anexo 3:
Roteiro do Observação:
Pontos importantes a serem observados:
- Grau de interesse quando o brinquedo é apresentado;
- Atenção;
- Direção do olhar;
- Intensidade do olhar no brinquedo;
- Intensidade do olhar em quem apresenta o brinquedo;
- Interação durante a brincadeira proporcionada;
- Comportamentos durante a brincadeira;
- Reações frente à brincadeira;
- Vocalizações durante a atividade lúdica;
- Padrão e intensidade dos movimentos estereotipados das mãos durante a brincadeira.
- Tempo de interesse no brinquedo
Anexo 4: Carta de aprovação da Comissão Interna de Ética em Pesquisa.
Anexo: 5 CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO
Esta pesquisa visa a investigação da importância do lúdico e do brincar proporcionado à criança com Síndrome
de Rett para seu desenvolvimento cognitivo e de sua comunicação não verbal. Para isso será realizado um estudo
de caso, no qual serão feito observações da interação de uma menina com SR durante atividades lúdicas com a
pesquisadora, bem como entrevistas semi-estruturadas com a mãe e com as terapeutas que fazem atendimento a
essa menina, para levantar informações sobre a interação da mesma durante atividades lúdicas na terapia e a
visão que a mãe e as terapeutas têm sobre a importância do lúdico para o desenvolvimento desta menina. Para
tal, solicito a autorização desta instituição para a aplicação dos instrumentos de coletas de dados; o material e o
contato interpessoal não oferecerão riscos importantes, físicos e/ou psicológicos, aos colaboradores e à
instituição. As pessoas não serão obrigadas a participar da pesquisa, podendo desistir a qualquer momento.
Todos os assuntos abordados serão utilizados sem a identificação dos colaboradores e instituição envolvida.
Quaisquer dúvidas que existirem agora ou a qualquer momento poderão ser esclarecidas, bastando entrar em
contato pelo telefone abaixo mencionado. De acordo com esses termos, favor assinar abaixo. Uma cópia deste
documento ficará com a instituição e outra com a pesquisadora. Obrigado.
...................................................................... .............................................................
Pesquisadora: Ana Carolina Marques Orientadora: Drª Silvana Maria Blascovi de Assis
e-mail:carolvento@hotmail.com Universidade Presbiteriana Mackenzie telefone
para contato: (11)8440-7435 telefone para contato: 2114-8707
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a)
____________________________________, representante da instituição, após a leitura da Carta de Informação
à Instituição, ciente dos procedimentos propostos, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do
explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância quanto à realização da
pesquisa. Fica claro que a instituição, através de seu representante legal, pode, a qualquer momento, retirar seu
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente
que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional.
São Paulo,....... de ..............................de..................
Anexo: 5 CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO
Esta pesquisa visa a investigação da importância do lúdico e do brincar proporcionado à criança com Síndrome
de Rett para seu desenvolvimento cognitivo e de sua comunicação não verbal. Para isso será realizado um estudo
de caso, no qual serão feito observações da interação de uma menina com SR durante atividades lúdicas com a
pesquisadora, bem como entrevistas semi-estruturadas com a mãe e com as terapeutas que fazem atendimento a
essa menina, para levantar informações sobre a interação da mesma durante atividades lúdicas na terapia e a
visão que a mãe e as terapeutas têm sobre a importância do lúdico para o desenvolvimento desta menina. Para
tal, solicito a autorização desta instituição para a aplicação dos instrumentos de coletas de dados; o material e o
contato interpessoal não oferecerão riscos importantes, físicos e/ou psicológicos, aos colaboradores e à
instituição. As pessoas não serão obrigadas a participar da pesquisa, podendo desistir a qualquer momento.
Todos os assuntos abordados serão utilizados sem a identificação dos colaboradores e instituição envolvida.
Quaisquer dúvidas que existirem agora ou a qualquer momento poderão ser esclarecidas, bastando entrar em
contato pelo telefone abaixo mencionado. De acordo com esses termos, favor assinar abaixo. Uma cópia deste
documento ficará com a instituição e outra com a pesquisadora. Obrigado.
...................................................................... .............................................................
Pesquisadora: Ana Carolina Marques Orientadora: Drª Silvana Maria Blascovi de Assis
e-mail:carolvento@hotmail.com Universidade Presbiteriana Mackenzie telefone
para contato: (11)8440-7435 telefone para contato: 2114-8707
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a)
____________________________________, representante da instituição, após a leitura da Carta de Informação
à Instituição, ciente dos procedimentos propostos, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do
explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância quanto à realização da
pesquisa. Fica claro que a instituição, através de seu representante legal, pode, a qualquer momento, retirar seu
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente
que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional.
São Paulo,....... de ..............................de..................
_________________________________________
Assinatura do representante da instituição
_________________________________________
Assinatura do representante da instituição
Anexo 6: CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO DE PESQUISA
O presente trabalho visa a investigação da importância do lúdico e do brincar proporcionado à criança
com Síndrome de Rett para seu desenvolvimento cognitivo e de sua comunicação não verbal. Os dados para o
estudo serão coletados através de filmagem de três interações da menina com a pesquisadora em atividades
lúdicas, em dias e horários diferentes pré-determinados de acordo com a disponibilidade da mãe e da menina, os
dados serão analisados a partir de um roteiro de observação com registro através da filmagem, também será feita
uma entrevista com a mãe e com as terapeutas da menina, as entrevistas serão gravadas em fita cassete para o
melhor aproveitamento dos dados obtidos. As filmagens e a entrevista com a mãe da menina serão realizadas
pela pesquisadora responsável na casa em que reside a menina e sua aplicação acarreta riscos mínimos aos
sujeitos. As entrevistas com as três terapeutas que trabalham com a menina (fonoaudióloga, psicóloga e
musicoterapeuta) serão realizadas na instituição na qual trabalham em dias e horários definidos de acordo com a
disponibilidade das mesmas, sua aplicação acarreta riscos mínimos aos sujeitos. Este material será
posteriormente analisado, garantindo-se sigilo absoluto sobre as questões respondidas, sendo resguardado o
nome dos participantes, bem como a identificação do local da coleta de dados. A divulgação do trabalho terá
finalidade acadêmica, esperando contribuir para um maior conhecimento do tema estudado. Aos participantes
cabe o direito de retirar-se do estudo em qualquer momento, sem prejuízo algum.
Os dados coletados serão utilizados no Trabalho de Graduação Interdisciplinar da estudante de Psicologia Ana
Carolina Marques, aluna da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
......................................................... ..........................................................
Pesquisadora: Ana Carolina Marques Orientadora: Drª Silvana Maria Blascovi de Assis
e-mail:carolvento@hotmail.com Universidade Presbiteriana Mackenzie
telefone para contato: (11)8440-7435 telefone para contato: 2114-8707
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento, que atende às exigências legais, o(a) senhor(a)
________________________________, sujeito de pesquisa, após leitura da CARTA DE INFORMAÇÃO AO
SUJEITO DA PESQUISA, ciente dos serviços e procedimentos aos quais será submetido, não restando
quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
de concordância em participar da pesquisa proposta.
Fica claro que o sujeito de pesquisa ou seu representante legal podem, a qualquer momento, retirar seu
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente
que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional.
São Paulo,....... de ..............................de..................
----------------------------------------------------------
Assinatura do sujeito ou seu representante legal
Anexo: 5 CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO
Esta pesquisa visa a investigação da importância do lúdico e do brincar proporcionado à criança com Síndrome
de Rett para seu desenvolvimento cognitivo e de sua comunicação não verbal. Para isso será realizado um estudo
de caso, no qual serão feito observações da interação de uma menina com SR durante atividades lúdicas com a
pesquisadora, bem como entrevistas semi-estruturadas com a mãe e com as terapeutas que fazem atendimento a
essa menina, para levantar informações sobre a interação da mesma durante atividades lúdicas na terapia e a
visão que a mãe e as terapeutas têm sobre a importância do lúdico para o desenvolvimento desta menina. Para
tal, solicito a autorização desta instituição para a aplicação dos instrumentos de coletas de dados; o material e o
contato interpessoal não oferecerão riscos importantes, físicos e/ou psicológicos, aos colaboradores e à
instituição. As pessoas não serão obrigadas a participar da pesquisa, podendo desistir a qualquer momento.
Todos os assuntos abordados serão utilizados sem a identificação dos colaboradores e instituição envolvida.
Quaisquer dúvidas que existirem agora ou a qualquer momento poderão ser esclarecidas, bastando entrar em
contato pelo telefone abaixo mencionado. De acordo com esses termos, favor assinar abaixo. Uma cópia deste
documento ficará com a instituição e outra com a pesquisadora. Obrigado.
...................................................................... .............................................................
Pesquisadora: Ana Carolina Marques Orientadora: Drª Silvana Maria Blascovi de Assis
e-mail:carolvento@hotmail.com Universidade Presbiteriana Mackenzie telefone
para contato: (11)8440-7435 telefone para contato: 2114-8707
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a)
____________________________________, representante da instituição, após a leitura da Carta de Informação
à Instituição, ciente dos procedimentos propostos, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do
explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância quanto à realização da
pesquisa. Fica claro que a instituição, através de seu representante legal, pode, a qualquer momento, retirar seu
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar do estudo alvo da pesquisa e fica ciente
que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional.
São Paulo,....... de ..............................de..................
_________________________________________
Assinatura do representante da instituição
Anexo 6: CARTA DE INFORMAÇÃO AO SU
Anexo 7: Fotos dos brinquedos utilizados na interação da pesquisadora com J.
Fotos dos brinquedos utilizados no primeiro dia de filmagem:
Karaokê (sonoro):
Fantoche da Bruxa: Pato de pelúcia:
TV com teclado (sonoro):
Fotos dos brinquedos utilizados no segundo dia de filmagem:
Dedoches:
Bartô (sonoro):
Boneca de pano:
Fotos dos brinquedos utilizados no terceiro dia de filmagem:
Bolinhas:
Barquinho (sonoro):
Livro “A casinha da Ninoca”: Livro “A casinha da Ninoca”(aberto):
Anexo 8: Entrevistas (transcrição na íntegra)
Entrevista com a mãe:
P. Como que você percebe o interesse da J pelo brinquedo e pelo brincar? Como
que foi quando ela era mais nova, teve alguma evolução?
M. Tá, na verdade, por volta de dois, três anos de idade ela não tinha interesse nenhum
pelos brinquedos, né, na verdade eu testei todo tipo de brinquedo e era assim se ela perdia
um brinquedo, ela pegava outro e continuava brincando com o outro brinquedo e não ia
atrás do primeiro, a gente comprava um brinquedo novo e ela ficava olhando com total
falta de interesse, eu pensava, nossa ela deve ser a única criança que não gosta de
presente, aí teve um tempo assim (...), a gente nem comprava mais, aí um dia eu a levei
na loja de brinquedos para ela escolher e aí a única coisa que a interessou foi um sapo de
pelúcia, que ela olhou, que ela riu, aí eu falei assim, bom então vou levar, né, aí eu
comprei. Mas em geral a gente procura escolher o brinquedo, que a gente saiba assim que
faça alguma coisa que possa despertar o interesse, né, então é difícil, mas acho que assim,
hoje em dia você encontra muito mais brinquedos que permitem uma interação com a
criança, né, que permite também que a criança que não faz nada, que ela possa observá-lo
simplesmente, né. E na verdade, muitas pessoas ajudam a gente a encontrar brinquedos.
Nossa o maior estímulo inicialmente foi a música, todos os cds de música infantil, aí deu
pra perceber que ela gostava de música com letra, ela não gosta de melodia, depois a gente
sempre estimulou com livros e TV, e tanto o livro quanto a TV, programas infantis, a
gente percebe assim, que ela escaneia a TV ou a página do livro, ou seja, ela vai em todos
os cantinhos, ela olha toda a imagem, ela observa tudo, inclusive assim, na casa até hoje
ela observa tudo, se tiver alguma coisa diferente, ela tem que achar todas as coisas
conhecidas e encaixar a coisa nova, e isso pode ser uma pessoa, um objeto, pode ser tudo,
né, , qualquer coisa diferente do que ela está acostumada a ver. Bom, esses brinquedos que
ela tem, pra perceber assim qual interesse, eu acho que assim, é mostrar alguns e aí ver pra
qual brinquedo ela olha mais, abre um sorriso, e é esse brinquedo que aí a gente pega,
livros também, é sempre oferecer opções e ver qual livro aparentemente ela mostra mais
interesse, e aí trabalhar com esse livro, mesmo assim, a gente não acerta né,, aí tem que
pegar outro livro, mais um terceiro até acertar, música também, tem horas assim que a
gente escolhe, sei lá, três cds e ela não quer ouvir nenhum desses cds, e aí como é que ela
demonstra isso, irritação, apatia, né, tipo assim, “Ah eu vou dormir”, está desinteressada,
as vezes ela ameaça chorar, tipo assim “Ah ninguém me dá atenção”, então você tem que
ir lá mexer e ver o que ela quer naquele momento, e trocar.
P. Como que ocorre a interação da J com o brinquedo, durante a brincadeira,
como você percebe a interação dela?
M. A interação dela (...), bom atualmente o brinquedo é o karaokê, né, ela cantar junto
com o brinquedo, é o sorriso, eu acho que assim, o movimento da mão mais intenso, acho
que são essas três coisas.
P. Como você percebe a influência desse universo lúdico e do brincar no
desenvolvimento da J?
M. Isso a gente percebe assim, porque é uma criança extremamente esperta, é esperta
em determinadas (...), digamos assim ela sabe o que ela quer, né, nem sempre a gente sabe
identificar o que ela quer, eu acho que aí existe ainda uma falha de comunicação, né, mais
digamos assim, se ela gosta de uma coisa, também você pode repetir sem exaustão, a
gente já se cansa, mas ela ainda não se cansou da brincadeira, agora tem muita brincadeira
que não envolve brinquedo, assim, que você brinca direto com ela, com a mãozinha, etc.
No início assim, você fazia uma vez ela achava legal, na segunda ela te olhava, na terceira
tipo assim “Você não tem outra brincadeira pra fazer, você só sabe fazer isso?” ela era
muito impaciente, você tinha que estar sempre renovando o tipo de brincadeira, agora ela
tem um pouco mais de paciência, por exemplo, você não pode repetir nela no mesmo
instante a mesma coisa dez, quinze vezes, né, você não pode repetir várias vezes a mesma
brincadeira, mas assim, fazer várias vezes ao dia a mesma brincadeira, aí tudo bem. Aí,
agora assim, interação, o que existe muito é quando você pega uma música conhecida e
coloca a J dentro da música, isso é o que ela mais gosta, você sempre coloca assim, onde
tiver nome, colocar o nome da J, aí sim ela participa bastante, nossa ela acha interessante.
P. Que ganhos você acha que a J pode ter tido, tanto na parte cognitiva, quanto na
comunicação não-verbal, a partir do brincar, da interação nas brincadeiras?
M. Olha o grande ganho, primeiro assim, ela entende tudo, ela participa de tudo, não é
uma criança apática, não é uma criança autista, como acontece muitas vezes, que mais
(...), ela escolhe o que ela quer fazer, e eu acho assim, por mais que a gente diga assim,
existem falhas na comunicação, a gente conseguiu desenvolver uma comunicação não-
verbal bastante ampla, né, acho que a gente peca às vezes, ainda por não entender tudo,
todos os sinais, mas não que ela não demonstre, é que a gente que as vezes não sabe
interpretar, né, interpretar a intenção dela, mas eu acho assim, dentro de casa por exemplo
ela sabe de tudo, tudo que acontece, sabe, se tem barulho na cozinha ela sabe o que que
está acontecendo, tem momentos que aqui de repente ela olha pro relógio, ela observa que
horas são, até pergunto “J você tá vendo o relógio, é hora do que agora?” Que nem, de
manhã eram quase dez horas e ela ficou olhando o relógio, eu falei “ O que você quer,
quer passear?” Então, ela tem indicações, eu acho assim, isso muito legal, que a gente
consegue conversar com ela, eu consigo conversar assim normalmente, não uso uma
linguagem infantil, eu uso o vocabulário normal e eu sei que ela me entende, e também eu
sei que se ela não quer ouvir, eu sei que ela ignora.
P. Como que foram e são proporcionados os momentos lúdicos dentro de casa?
M. Digamos assim, o nosso trabalho interativo intensivo é menor, né, até porque a
gente trabalha, etc. Mas em geral de manhã a gente brinca um pouco com ela, a noite na
hora que a gente está em casa a gente brinca e principalmente assim, quando eu vejo que
ela está entediada, que não dá pra sair, aí eu sento lá do lado dela e faço um monte de
brincadeirinhas, aí antes de ir pra cama, na hora de leva-la pra cama a gente fica uns
quinze minutos ainda cantando musiquinhas, brincando, aí ela fecha o olho tipo assim
“estou cansada, quero dormir” aí tudo bem, acaba a brincadeira, mas ela adora, ela está
sempre pronta para uma brincadeira, é uma criança que gosta de brincadeiras, ela aceita
brincadeiras e quer sempre brincar. O que às vezes eu acho, assim, ela sente falta de uma
amiguinha, né, isso é difícil, a gente não tem como proporcionar, né, mas a gente percebe
que ela gostaria de ter uma amiguinha da idade dela, sabe assim, mesmas idéias e isso a
gente não tem como oferecer, então tem que brincar com os pais mesmo, né.
P. Tem mais alguma coisa que você queira falar, colocar?
M. Do momento lúdico, é sempre também DVD, música, muitas vezes a gente assim,
acaba colocando tudo de uma vez, música, TV uma programação infantil, um livro, né pra
ela ir olhando as figuras, e ela foi acostumada assim desde pequena, então na verdade, ela
aceita que a gente coloque sempre bastante estímulos e eu acho interessante também
sempre trabalhar bastante com cores, tanto na roupa, quanto nos brinquedos, de observar
isso, de usar cores fortes, cores que ela goste. E isso.
Entrevista com a musicoterapeuta:
P. Qual é o foco do seu trabalho com a J?
M. O meu trabalho como musicoterapeuta especificamente com a J é trabalhar através
da musicoterapia a parte cognitiva e emocional.
P. Quanto tempo você conhece e desenvolve o seu trabalho com J?
M. Com a J, eu fiz uma ano de estágio com ela, primeiro como co-terapeuta com a
outra musicoterapeuta e depois como terapeuta, eu fiquei seis meses em cada função e fiz
observação também.
P. Você fez observação da interação da J com a outra musicoterapeuta?
M. Isso, eu fiz observação, depois co-terapia e depois terapia.
P. Então você além de observar, você teve um tempo de interação com a J.
M. Nessa parte eu fiquei um ano, e agora voltei da metade do ano passado pra cá,
como musicoterapeuta.
P. Como que você percebe o interesse de J pelo lúdico e pelo brincar durante a
terapia?
M. Ah, tem, é muito diferente, por exemplo, se você chega sem brincar ela não te dá
tanta atenção, ela olha pra você, lógico, logo que você chega ela olha pra você, dá um
sorriso tal, mas ela fica olhando, tipo assim “ tá aí, legal”, mas quando você chega
brincando ela interage mais, ela interage mais, ela ri mais, ela presta mais atenção com
certeza..
P. Você utiliza algum brinquedo ou alguma brincadeira durante a terapia?
M. Brinquedo eu não costumo utilizar, como é só meia hora, então eu tento aproveitar
o máximo, brinquedo é difícil, a não ser que seja dentro do contexto, mas brincadeiras
assim, as próprias músicas, eu crio brincadeiras com ela e tal, coloco o nome dela no
meio, um joguinho de palavras, movimentos que a gente faz brincando dentro da música
mesmo, eu crio joguinhos, brincadeiras, mas tudo voltado pra terapia.
P. Você percebe se ela interage mais, dentro de um contexto lúdico?
M. É, interage, mas se você, por exemplo, eu preciso focar, a gente tem um trabalho de
um tipo de comunicação que a gente faz na terapia, que a gente utiliza umas plaquinhas,
nessa hora não dá muito, né,, então eu falo assim “J escolhe, olha pra qual você quer” às
vezes ela fica meio assim, e aí a gente fala “ó agora você tem que escolher”, ela escolhe,
mas não é a mesma coisa, de quando você começa a brincar e cantar, já muda a forma
como ela interage, você percebe que é mais prazeroso quando ela está brincando, ela sente
mais prazer em participar, do que quando você está falando alguma coisa direto.
P. O que você percebe da interação dela, o que muda quando você está
interagindo com o lúdico?
M. Com o lúdico, bom, a fisionomia dela muda totalmente, ela sorri bastante, você
percebe que ela está feliz, que você está agradando ela, ela demonstra bastante isso, ela
participa mais, então, se você não usa do lúdico, se você não usa uma brincadeira, ela não,
por exemplo, na minha ação, ela não vocaliza, ela não olha pra você, ela fica muito mais
passiva, mas se você usa o lúdico, ela vocaliza, ela ri, ela quer cantar, ela interage, ela olha
pra você, sorri, faz tudo pra demonstrar “estou gostando”, e quer participar, interage muito
mais, então tem uma diferença tanto fisicamente, porque se você não usa o lúdico ela já
abaixa a cabeça, já abaixa os olhos, olha pro lado, e quando usa o lúdico com ela, ela já
abre um sorriso, olha nos seus olhos, é bem nítida a diferença, não tem nem como se
enganar.
P. Nesse período que você trabalha e acompanha a J como que você percebe a
influência do lúdico no desenvolvimento dela?
M. Olha, eu estou tentando ampliar o trabalho das plaquinhas que eu venho
desenvolvendo com ela a um bom tempo. A J tem um pouco de resistência a mudanças,
né, ela é bem, entende, é difícil de aceitar e tal, mas se você vai brincando, eu estou
tentando colocar mais cores para ela, ampliar as que já tem, então colocar músicas
diferentes, comportamentos diferentes e na hora ela é bem resistente, mas se você vai
brincando, tal, você vai levando ela, você vai conseguindo levar e tal e ajuda, ajuda pra ela
crescer assim, no desenvolvimento terapêutico dela.
P. E você percebe que ela possa ter tido ganhos na parte cognitiva e da
comunicação não-verbal através desse contexto lúdico?
M. É tudo através do lúdico que ela se comunica, né, não digo tudo, não dá pra
globalizar, mas assim melhora, se você faz através do lúdico, você vê que ela associa
melhor, como brincar vai, o que chama a atenção, se ela não se interessa por algo ela não
tem como comunicar aquilo, então primeiro você tem que puxar o interesse dela pra ela
poder interagir. Porque se você não prende a atenção dela, ela não (...), e pra prender a
atenção dela é preciso desse lúdico todo, de brincadeiras, de cores, as plaquinhas que eu
uso tem bastante cores também, a gente brinca e fala diferente, até o modo como você fala
tem que ser diferente pra prender a atenção dela, sempre puxando para aquela forma feliz
de falar, se não ela não se interessa, ela fica olhando pra sua cara, parece que ela não
entendeu sabe, olhando assim “como é, repete?” aí se você fala brincando ela já entende
mais rápido, entende melhor. Eu sinto assim, posso estar enganada, mas eu percebo assim
na forma como eu trabalho com ela.
Entrevista com a fonoaudióloga:
P. Qual o foco do seu trabalho com a J?
M. Às vezes as pessoas perguntam né, qual é o trabalho da fono, pra você o que o
fonoaudiólogo faz? Vamos trabalhar a comunicação verbal? Não, não vai falar, qual o
modo que a criança vai se expressar? É totalmente comunicação não-verbal. Então, assim,
na verdade, quando os pais falam “Ah vai vir pra fono?”, vai, “vai trabalhar o quê?” o
não-verbal, não vai sair falando, então na verdade a gente vai trabalhar comunicação não-
verbal , a gente vai trabalhar comunicação como um todo, trabalhar a linguagem, aí vem
aquilo né, que a gente como fonoaudiólogo, não sei se você vai entrevistar outras fonos ou
não, mas tem gente que acredita que comunicação e linguagem e fala é a mesma coisa,
como se tudo fosse uma coisa só, pra mim não é, pra mim, na verdade, a comunicação é o
todo, a linguagem é uma forma de comunicação, então na verdade assim, a gente vai
aprender a ver com outros olhos , a expressão do corpo, a expressão do rosto, mudança
corporal. E a J é muito isso, não gostou, fecha o olho, sorrisos, eu acho que em outras
atitudes, né, por exemplo, por que agora o que a gente tá trabalhando tem um enfoque
mais na motricidade oral, a gente tá tentando trabalhar de uma forma mais dirigida, nós
trabalhávamos com dois símbolos, um que representava o sim e o outro o não, a gente não
tá trabalhando nesse sentido, estamos querendo iniciar um trabalho com fotos, mas
trabalhando bem no concreto, porque entra aquilo, né, até que ponto que as crianças
conseguem entender o que você está querendo ensinar e até que ponto ela consegue te
mostrar que ela conseguiu abstrair algum conhecimento daquilo, que você pode olhar e
achar que ela abstraiu o conhecimento, pode outro olhar e achar que ela não adquiriu, né,
então, qual é o papel da fono?, é dar sentido às ações da criança, contextualizar as ações
da criança, fazer uma leitura do não-verbal né,, muito através do olhar, da movimentação
do corpo, se ela gosta ou se não gosta, se está direcionando o olhar, se ela conseguiu
firmar.
P. Há quanto tempo você conhece e desenvolve o seu trabalho com a J?
M. Desde maio de 2002, deixa eu ver, fazem cinco anos. Mas o trabalho de antes é
bem diferente do de hoje. No começo foram seis meses para eu conseguir mexer na boca,
que é um trabalho bem invasivo. Então eu acho assim, o trabalho mesmo do brincar foi
tudo pro desenvolvimento do meu trabalho com a J. Demorou seis meses pra eu conseguir
fazer um trabalho mais invasivo, mexer na boca, fazer exercícios. Então era muito com
brinquedo.
P. Como que você percebe o interesse de J pelo lúdico e pelo brincar durante a
terapia?
M. Ah, em tudo, a J é 100% movida brinquedo, brincadeiras, a música, a mudança de
entonação de voz, da encenação, da participação dela na brincadeira, isto que eu estou te
falando, se você coloca ela, eu vou fazer os exercícios com ela, é aquela coisa, mas se
você faz o faz- de- conta, vamos dizer assim, com ela, ela participa, ela deixa, ela interage,
então eu ponho a mãozinha dela pra fazer exercício, “Agora a J vai fazer exercício” Ah é
outra coisa, ela deixa fazer, ela mexe, ela dá risada, ela não resmunga, agora se eu falo pra
ela, vamos fazer o exercício do garrote(instrumento utilizado na terapia) sem ter o
contexto lúdico, ela até faz, mas reclamando, resmungando, achando ruim, mas o que eu
faço, muito engraçado, eu ponho na mãozinha dela o garrote e eu pra fazer, nossa ela
racha o bico, então eu ponho ela, com a limitação dela, tranqüilo, ela deixa fazer numa
boa. Em tudo você tem que colocar muito a J, sabe, no brincar, no faz-de-conta, encenar o
que está acontecendo, então se eu estou fazendo, tocou a música, então eu utilizo, vai,
“mexe as mããos” (trecho da música), então eu estou lá mexendo, então às vezes eu paro
pra estar brincando, brinco muito com o corpo, brinco muito com o corpo da J.
P. Você utiliza algum brinquedo, além de brincadeiras com a J durante a terapia?
M. O que tiver na sala, tudo que for de interesse dela, tudo o que for fazer com que
naquele momento ela preste atenção, já usei livrinho, o livro da Ninoca que ela gosta
muito, então outro dia eu tirei o ratinho né, do livro, agora assim “ A J vai fazer exercício
na M, a M vai fazer exercício, cadê o ratinho?” aí eu brinco com o ratinho, outro dia pra
dar comida pra J, eu usei tudo que estava na sala, ela deu muita risada, a J não queria
comer, “então a M vai comer, aaaaaaah” e abria a boca e ela dando risada, “então agora é
a vez da J, ah fez um bico?” então eu imitava o bico, “J vamos abrir a boca pra por
comidinha nhãnhãnhã”, aí tinha um negócio na parede, colado lá, um bichinho ela dava
risada, “ então é a vez da J, vrummmmmm, cadê o barulhinho do carro?”, aí ela trancava a
boca, aí ela abria, foi muito legal, então você tem que utilizar de tudo um pouco, tudo que
você vê que dá pra prender a atenção dela, não tem nada assim exatamente específico, tem
um ou outro que a gente já sabe.
P. E como você percebe a interação da J nessas brincadeiras?
M. Se é algo do interesse dela, algo que ela goste, porque tem muitas vezes, eu
proponho algo que eu acho que vai ser o máximo e se ela não gosta ela fica olhando pra
você, você acha super divertido “olha que legal, vamos fazer isso, vamos fazer aquilo”,
não adianta, então assim a J, às vezes tem vários brinquedos, mas acho que também
depende muito do dia, tem brinquedo que tem dia que faz sucesso, tem dia que ela olha
assim dá uma risadinha e não tem tanto interesse. A J, eu acho que ela é 101%, eu olho
assim pro olho dela, pra cara dela, às vezes ela até quer dar uma risadinha, mas..., ela
consegue te demonstrar se tá legal, se não tá, que nem hoje, eu fui pegar um CD o
“Palavra Cantada” e eu não sabia cantar, aí eu pus um ela não quis, eu troquei por outro, aí
ela olhava, aí assim, hoje ela não quis trabalhar muito na boca, então ficou muito no ritmo
da música, então eu não sabia cantar, então eu falei “J eu não sei cantar, então J eu vou
cantar assim lálálálálálá!, imitando o ritmo da música, ela dava muita risada. Eu acho que
a J compreende muito sabe.
P. Como você percebe a influência do lúdico no desenvolvimento dela?
M. Como eu percebo? Como ajuda?
P. Isso.
M. Eu acho que a partir daí ela se interessa pela atividade proposta, a partir daí que ela
consegue estar adquirindo conhecimento, né, se você propõe alguma coisa e não tem o
lúdico, o brincar, o faz-de-conta, que ela tenha que participar, demorou seis meses, foi o
que eu te falei, foi muito difícil, por mais que eu colocasse música, a partir do momento
que eu comecei a colocar ela dentro do brincar mesmo, você vai falar, “antes você não
brincava?” brincava, mas brincava assim, eu brincava e ela muito na dela, quando você
usa o corpo dela, utiliza a mão, você insere ela na brincadeira pra tudo e aí eu acredito que
ela consegue estar adquirindo conhecimento, ela escolhe de uma maneira mais fácil, de
uma maneira mais rápida, pelo menos com o brincar eu vejo assim, o garrote eu falo que é
a minhoquinha, “cadê a minhoquinha?” então quando eu falo minhoquinha ela já
consegue associar, ah a minhoquinha queira ou não é bem simbólico, o que tem a ver um
garrote com a minhoquinha, então, “ó J cadê a minhoquinha da M?” então tem o meu e
tem o dela.
P. Que ganhos você acha que J pode ter tido na parte cognitiva e da comunicação
não-verbal através do lúdico?
M. De demonstrar claramente o que ela quer, eu acho assim, quando ela é inserida, ela
demonstra muito mais claramente, ela está interagindo mais, está tendo uma melhor
intenção comunicativa, porque pra mim são coisas diferentes né, ela pode ter a intenção
de se comunicar e não interagir com você, ou ela pode interagir sem ter intenção
comunicativa, e você não conseguir interpretar aquilo, conseguir dar sentido, né, na
verdade à ação. Mas a J, acho assim, de ganhos com o brincar, assim, pelo menos na parte
de motricidade oral, do que a gente usa foi muito grande, a J é aquela né, desde pequena
super estimulada, trabalhada, a mãe sempre estimulou muito. Em comunicação ela
também tem ganhos, mas eu acho que a gente poderia e pode melhorar muito, se usarmos
um outro método de trabalho, porque por enquanto trabalhamos muito no concreto, claro
que temos que trabalhar algumas coisas antes. Poderíamos trabalhar com símbolos,
trabalhar com uma tábua de comunicação, sabe, uma que é usada para crianças com
paralisai cerebral, poderíamos iniciar com fotos, mas fazendo um trabalho muito mais
dirigido, porque a J, ela demonstra, ela olha, ela escolhe, mas por enquanto temos que
trabalhar mais no concreto, o abstrato foge disso, a foto querendo ou não é algo abstrato,
não é aquilo né, real, e a J tem condições. Eu te falo assim, pelas crianças que eu trabalho,
o trabalho da fono é chato? É, no seguinte sentido, no trabalho com comida, se você não
brinca, não interage, se você não torna aquilo algo prazeroso, você vai tentar que a criança
adquira o conhecimento, “vamos fazer o exercício com a língua”, a criança vai estar
fazendo, não vai ver sentido nenhum naquilo, a criança não vai estar fazendo de uma
maneira prazerosa, gostosa, às vezes ela nem assimila, porque pra ela não tem porquê,
mesmo com criança que não é especial eu uso muito o lúdico, de brincar, de conversar,
muito do corpo, eu sou toda espalhafatosa, eu acho que assim, elas fazem também uma
leitura disso, na verdade, que nem a J, por mais que você cante, coloque a criança tem que
ser bem expressiva, por que elas vão estar adquirindo conhecimento, além do brincar, com
o seu corpo, mudança de entonação de voz, da sua expressão, de tudo. Você pode dizer
assim “pó que legal com a J” mas se você não significar não fica, né. Mas acho que para
adquirir mesmo com a criança normal , vamos sentar, vamos brincar, e nisso, então por
exemplo, se eu estou trabalhando o som do s, “olha o som da abelha, o som da cobra”, aí
eu vou desenhar a cobra, “como é que é o barulhinho da cobra? Sssssssssss” , aí tem que
imitar o som da cobra, tem que ser muito lúdico né, não adianta só sentar e por a criança
pra trabalhar, principalmente as que tem as limitações, então tem que ser de uma maneira
prazerosa, você tem que transformar aquele momento numa maneira agradável, para que
numa próxima vez que a criança vá te ver e olhar pra material, A J no começo era assim,
ela olhava pro material e trancava a boca, então o garrote virou a minhoquinha, então a M
tem a minhoquinha dela, a J tem a minhoquinha dela. E esse é o trabalho.
Entrevista com a psicóloga:
P. Qual o foco do seu trabalho com a J?
M. Sempre tentando trabalhar a atenção e buscar o interesse por objetos, materiais,
ampliar a nível pedagógico, não só lúdico, introduzir alguns conceitos até, mas lógico, tem
que ser dentro daquilo que ela demonstra, né, mas é isso.
P. Quanto tempo você conhece e desenvolve o seu trabalho com a J?
M. Mais ou menos uns cinco ou seis anos. Porque quando a gente começou eu não
atendia diretamente a J, eu atendia outras crianças, mais é mais ou menos isso, tem quase
seis anos.
P. E que você atende tem quanto tempo?
M. Especificamente para trabalho, não é tanto tempo assim, eu sempre tive contato,
mas através das estudantes de psicologia que estagiavam com as meninas, então era
através delas, eu orientava, e, mas diretamente agora, esse ano, e já algumas vezes, mas
não seguidas, em alguns momentos eu tive que acompanhar a J diretamente.
P. Como você percebe o interesse da J pelo lúdico durante a terapia, durante o
atendimento?
M. Ah, ela demonstra muito interesse, ela é (...), todo trabalho com ela tem que ser
através do lúdico, e ela demonstra, é onde ela participa, tem interesse, se for sem ter por
trás o lúdico, normalmente ela não dá retorno.
P. Você utiliza algum brinquedo, ou realiza alguma brincadeira durante o
atendimento?
M. Mesmo quando eu vou trabalhar algum conceito a nível pedagógico, sempre tem
que utilizar alguma brincadeira para atingir a J, pra que eu consiga perceber que ela está
acompanhando, tem que ser com brinquedos, ou brincadeiras, músicas. Por exemplo, no
momento eu estou trabalhando o conceito de grande e pequeno, então eu pego os
brinquedos que ela gosta, como por exemplo, ela tem um sapo que ela gosta, e o dela é o
grande e eu arrumei um sapo parecido que é o pequeno, aí ela participa, ela responde, na
hora que você pega um outro objeto que não seja um brinquedo, não tem tanto interesse e
resposta.
P. E como que ocorre a interação da J durante a terapia quando você utiliza
algum brinquedo ou brincadeira?
M. Não é só utilizar o brinquedo, acho que tem que criar, inventar uma brincadeira,
tem que ter movimento através do brinquedo, não é simplesmente ter um brinquedo, mas é
aproveitar esse brinquedo de várias formas pra que ela tenha interesse e participe, se for
muito parado, se for só na fala, ela nem sempre se interessa.
P. E quando ela se interessa, como que você percebe a interação dela?
M. É a expressão, normalmente o movimento corporal, a gente percebe, sorrisos, o
olhar, então, o envolvimento mesmo, pode-se dizer comportamento emocional.
P. Como que você percebe a influência do lúdico no desenvolvimento da J?
M. Ah, total, eu acho que ela tem tido ganhos todos esses anos, por ter esse trabalho,
tanto em casa, como terapeuticamente, né, porque é uma criança que gosta e curte a
brincadeira, lógico, não é o tempo todo, mas é através dela que ela participa e que você
consegue introduzir mais, vamos dizer, ela vai se desenvolvendo, mudando de fases, de
etapas, pode-se dizer através da brincadeira, socialmente eu acho que também está ligado,
no começo, quando ela entrou na instituição ela não gostava muito de participar em grupo,
ela estava acostumada, tinha uma gosto musical só dela, individual, então ela reagia
contra, a gente fazia brincadeiras em grupo, lógico, dentro das possibilidades delas, ela
não gostava, e aí ela foi aprendendo, né, é lógico que a gente vai tentando fazer de uma
forma que a atraia e hoje ela é uma criança que gosta de estar no convívio das pessoas e
que de certa forma participa, mas no começo não tinha muito não, era só o que ela
gostava, do jeito que ela gostava, hoje ela ainda tem, ela é uma menina que bate o pé pra
ser do jeito dela, mas hoje ela aprendeu a dividir, a aceitar mudanças.
P. Que ganhos você acha que ela pode ter tido no desenvolvimento cognitivo e da
comunicação não-verbal através do lúdico?
M. Ah, eu acho que ela hoje, ela sabe reconhecer os objetos por exemplo, partindo
desse princípio, a gente vai trabalhar com brinquedos, mas que reconheça esses
brinquedos, então hoje ela sabe, ela sabe reconhecer, então se você está brincando com
animais, com bichinhos, talvez ela não consiga generalizar para a realidade mesmo, né,
não sei se ela chegou a ver o animal, mas ela sabe, né, reconhecer os animais. Bonecas,
ela sabe identificar as bonecas, ela reconhece, e aí vai passando pra uma coisa mais
pedagógica de conceitos mesmo, né, de trabalhar cores, reconhecer cores e aí levar pra sua
vida, desde vestuário, quando a gente trabalhou cores, passou pro vestuário, então hoje ela
sabe identificar as cores das roupas dela, eu acho que ela está tendo ainda um ganho muito
grande, cognitivamente com certeza ela cresceu muito, acrescentou muito, a gente não
sabe ainda o quanto ela pode melhorar.
P. E a parte da comunicação não-verbal como que você percebe?
M. A comunicação não-verbal eu acho, é, não dá pra gente afirmar, mas através da
expressão do olhar, ela tem uma resposta, J tem uma comunicação com a família de um
jeito, aqui nem sempre é do mesmo jeito, é de outra forma, às vezes pelo olhar, às vezes
pela expressão, hoje a maioria das pessoas que convivem com ela conseguem identificar
muita coisa a nível de comunicação, né. Tanto que no início, não, nem sempre ela
demonstrava muito claro pras pessoas, hoje apesar de não ser uma comunicação
estabelecida né, é mais por expressão facial, sorriso, olhar, ela melhorou muito nesse
sentido, ela sabe comunicar o sim, o não, em todos os sentidos, em todas as áreas né.
Anexo 9: Transcrição e análise das filmagens
Primeiro dia de filmagem da interação da pesquisadora com J durante atividades
lúdicas
Descrição da primeira filmagem do dia:
- Atividade proposta: Uma brincadeira dirigida.
- Descrição do brinquedo utilizado: Um karaokê infantil, é um brinquedo sonoro, possui
sete músicas infantis, com a letra e figuras, e você pode gravar a voz da criança enquanto
toca a música, e depois tem como ouví-la (foto anexo x)
- Tempo de duração da brincadeira: aproximadamente quinze minutos.
- Descrição da brincadeira:
J está sentada em sua cadeira, que possui um aparador removível, onde são colocados
os brinquedos para a realização das atividades lúdicas nesse dia, a pesquisadora coloca o
karaokê no aparador na frente da J, que imediatamente abre um sorriso, aumentando os
movimentos dos braços e das mãos. A pesquisadora aperta o botão para que a primeira
música toque, J aumenta as expressões de sorrisos e movimentação do corpo, a
pesquisadora vai tocando as músicas, uma a uma e em duas músicas J demonstra um
maior interesse e interação, demonstrando isso com uma intensa movimentação dos
braços e sorrisos. A pesquisadora aperta o botão que grava a voz da criança e pede que J
cante para gravar, J em alguns momentos vocaliza, então a pesquisadora aperta o botão
para que J ouça sua voz, nesse momento J gargalha, então voltam a ouvir a música do
karaokê, J olha intensamente para o brinquedo durante toda a atividade proposta, J
vocaliza mais quando tocam suas músicas preferidas “atirei o pau no gato” e “o cravo e a
rosa”. J também em alguns momentos que a pesquisadora pede que vocalize para que ela
possa gravar, J permanece quieta e quando ela ouve dois bips avisando que o tempo da
gravação acabou ela gargalha, ela repete esse comportamento várias vezes. J demonstra
grande interesse e interação durante todo o tempo da atividade proposta.
Descrição da segunda filmagem do dia:
- Atividade proposta: Escolha entre dois brinquedos e interação com o brinquedo
escolhido.
- Descrição dos brinquedos utilizados: um fantoche de uma bruxa e um pato de pelúcia
(foto no anexo x).
- Tempo de duração da brincadeira: aproximadamente dez minutos.
- Descrição da atividade proposta:
A pesquisadora apresenta os dois brinquedos e coloca-os na frente de J, e pede para
que J escolha um dos dois para brincar. J alterna bastante seu olhar entre os dois
brinquedos apresentados, volta seu olhar para a pesquisadora quando esta pergunta se J
escolheu um dos brinquedos, J continua alternando o olhar, demonstrando com isso
dúvida em qual escolher, ficou um tempo, aproximadamente uns dois minutos olhando
para os dois alternadamente até que fixou seu olhar na bruxa, então a pesquisadora
perguntou se J já havia escolhido, então J olhou para a pesquisadora e voltou a fixar seu
olhar na bruxa. Então a pesquisadora retirou o pato de pelúcia deixando apenas a bruxa no
aparador. Quando a pesquisadora começa a interagir com J através do fantoche da bruxa,
esta imediatamente abre um sorriso e aumenta a movimentação do corpo. Então a
pesquisadora canta uma música conhecida de J do CD castelo rá-tim-bum, onde a bruxa
solta uma grande gargalhada,a música é a seguinte “A noite no castelo, é mau assombrada
lá tem uma bruxa que faz hahahahahahaha” J adora essa brincadeira e interage
vocalizando quando a pesquisadora imita a risada da bruxa. J durante a interação da
pesquisadora através do fantoche ri bastante e intensifica bastante os movimentos dos
braços e mãos, a pesquisadora alterna a brincadeira com a música com cenas que cria em
que a bruxa coça o nariz e espirra, J ri bastante e vocaliza quando a bruxa diz atchim!!.
Quando a pesquisadora pede que J imite a risada da bruxa, esta vocaliza, e quando a
pesquisadora imita a risada na seqüência J dá uma gargalhada. J mantém interesse na
atividade proposta durante todo o tempo.
Descrição da terceira filmagem do dia:
- Atividade proposta: Brincadeira livre.
- Descrição do brinquedo utilizado: Um brinquedo sonoro, ele tem um formato de uma
TV, com um teclado na frente, dentro do que seria a tela, tem um palhaçinho, um
cavalinho, um elefante e um leãozinho, todos emitem um som quando apertadas as teclas
específicas à frente de cada um deles, e o teclado maior emite as notas musicais e quando
apertado um botão específico diversos ritmos de musiquinhas infantis. (foto no anexo x).
Nesse dia a proposta da brincadeira livre foi observar as reações de J frente a um
brinquedo que não fora utilizado em nenhuma das outras propostas.
- Tempo de duração: aproximadamente seis minutos.
- Descrição da atividade proposta:
Quando a pesquisadora coloca o brinquedo na frente de J, esta fica observando-o sem
reação alguma, não sorri, não movimenta os braços, nem as mãos, fica com a cabeça
levemente pendida para seu lado esquerdo e baixa o olhar, não volta seu olhar para a
pesquisadora em nenhum momento. Permanece assim o tempo todo, até a pesquisadora
tirar o brinquedo da sua frente.
Segundo dia de filmagem da interação da pesquisadora com J durante atividades
lúdicas
Descrição da primeira filmagem do dia:
- Atividade proposta: Uma brincadeira dirigida.
- Descrição do brinquedo utilizado: quatro dedoches (fantoches de dedos) de animais
(vaca, porco, pato, burro) (foto no anexo x).
- Tempo de duração da brincadeira: aproximadamente quinze minutos.
- Descrição da brincadeira:
J está sentada no sofá de sua sala, está com uma almofada no colo, com um aparador
onde são colocados os brinquedos para a interação. A pesquisadora coloca os dedoches no
aparador na frente da J, que imediatamente olha para os bichinhos com um largo sorriso e
aumenta os movimentos das mãos. A pesquisadora diz o nome de cada um deles e canta
uma música, onde insere o nome de J e respectivamente os bichinhos, “vou visitar, vou
visitar, a fazenda da J, na fazenda da J tem uma vaquinha”..., alternado e mostrando cada
dedoche enquanto canta. Em seguida a pesquisadora realiza a seguinte brincadeira, pega
um dos dedoches e coloca em uma das mãos de J, e a deixa fechada, o dedoche fica
“escondido” , a pesquisadora ajuda J a manter a mão fechada. A pesquisadora diz “vamos
esconder a vaquinha J?”, “deixa ela escondida tá”, a pesquisadora pega um outro dedoche
no caso o porquinho e faz ele procurar a vaquinha, então a pesquisadora faz a voz do
porquinho “toc toc toc, abre a porta vaquinha”, sempre mudando a entonação da voz, em
seguida a voz da vaquinha que responde “eu não abro não”, então a pesquisadora se volta
para a J e diz “então a J vai aaaaaabrir a mão”, enquanto levanta seu braço no qual está
escondido o bichinho em sua mão. J acompanha o movimento e quando sua mão se abre e
o bichinho cai J dá uma grande gargalhada, J também vocaliza junto com a pesquisadora
quando esta está dizendo”J vai aaaaabrir...” J vocaliza o a junto com a pesquisadora, até
que consiga abrir a mão para o dedoche cair, então cai numa grande gargalhada, em
seguida a pesquisadora realiza a mesma brincadeira alternando com os outros bichinhos e
com a outra mão de J, até que J tenha escondido e soltado todos os bichinhos. Nota-se que
em quase todas as vezes J consegue, mesmo com suas limitações abrir a mão para que o
bichinho caia, tendo que ser ajudada pela pesquisadora apenas uma vez, J demonstra
grande expectativa nesse momento da brincadeira, percebido através do seu olhar e o
movimento do corpo, J mexe inclusive as pernas nesse momento. Após J ter deixado
“cair” todos os bichinhos, a pesquisadora volta a cantar a música da fazenda onde insere o
nome de J, acrescentando o som de cada bicho, “vou visitar, vou visitar, a fazenda da J, na
fazenda da J tem um porquinho, e o porquinho faz assim, oinc, oinc, como que o
porquinho faz J?” J vocaliza nesse momento, sendo incentivada pela pesquisadora que diz
“isso mesmo J”, a pesquisadora canta a música inserindo e mostrando um dedoche de cada
vez e J vocaliza todas as vezes que a pesquisadora pede sua participação. A pesquisadora
finaliza essa brincadeira, fazendo com sua ajuda que J consiga segurar dois dedoches em
cada mão, importante salientar que nesse momento a mãe de J entra na sala e se comunica
com a pesquisadora, J imediatamente cessa os movimentos dos braços e mãos, desfaz o
sorriso do rosto e fica com um olhar entediado e uma expressão na qual demonstra estar
muito desconfortável com a interrupção da mãe, a mãe e a pesquisadora percebendo essa
reação de J tentam conversar com a mesma, que se mantém com essa postura, então a mãe
pede desculpa para J e se retira da sala, J fica alguns segundos com esse comportamento e
quando percebe que a mãe se retirou mesmo ela volta a interagir com a pesquisadora,
volta a sorrir, os movimentos dos braços se intensificam e ela volta a olhar para os
bichinhos. Então a pesquisadora finaliza colocando os quatro bichinhos no aparador um
distanciado do outro e pede para que J mostre cada um deles quando ela o chama, “cadê o
burrinho J?” J imediatamente olha para o animal referido, mostrando reconhecer os
animais, J olha para cada um deles quando a pesquisadora pede.
Descrição da segunda filmagem do dia:
- Atividade proposta: Escolha entre dois brinquedos e interação com o brinquedo
escolhido.
- Descrição dos brinquedos utilizados: Um urso de pelúcia chamado Bartô, que quando
apertado em certas partes do corpo como nariz, pata e barriga diz frases, seguidas de
movimentos, e uma boneca de pano (foto no anexo x).
- Tempo de duração da brincadeira: aproximadamente dez minutos.
- Descrição da atividade proposta:
A pesquisadora apresenta os dois brinquedos e coloca-os na frente de J, e pede para
que J escolha um dos dois para brincar. J quando vê o urso Bartô em uma das mãos da
pesquisadora, direciona seu olhar imediatamente para ele, a pesquisadora apresenta os
dois brinquedos e J nesse momento sequer olha para a boneca, então a pesquisadora
reforça, “J você escolheu direto o Bartô e a boneca?” J olha para a boneca mas
imediatamente olha para o urso, ela olha para a pesquisadora e para o urso alternado seu
olhar, demonstrando ter feito sua escolha sem dúvidas. A escolha durou alguns segundos,
então a pesquisadora retirou a boneca e deixou apenas o urso Bartô para a interação com J.
Quando a pesquisadora aperta o urso e ele diz a primeira frase, J sorri e aumenta os
movimentos dos braços,a pesquisadora segura a mão da J fazendo com que ela com sua
ajuda aperte o urso em cada parte do corpo que faz com que ele fale a frase e faça os
movimentos, J demonstra um grande interesse durante toda a brincadeira, porém, em
alguns momentos em uma frase específica do urso ela intensifica os sorrisos e os
movimentos do corpo, J prevê através do movimento do urso a frase que virá, que é a sua
preferida, quando o urso é apertado no nariz e senta logo virá sua frase preferida, então é
nesse momento que ela intensifica seus movimentos e sorrisos, e quando finalmente o
urso diz a frase esperada J gargalha, esse brinquedo é programado com mais de trinta
frases, e J mostra sem deixar dúvidas a preferência por uma das frases, que é “eu acho que
eu encontrei um pote de mel, já estou até babando mnhãmnhãmnhã”. A pesquisadora
insere J na brincadeira ajudando-a a apertar as parte do corpo do urso, pedindo que J
vocalize junto com o urso quando ele diz sua frase preferida, J vocaliza em alguns
momentos, em outros solta gargalhadas, J também demonstra muito interesse e intensifica
os movimentos do corpo quando o urso diz que vai dar um beijo, a pesquisadora aproxima
o urso do rosto da J nesse momento fazendo com que o Bartô dê um beijo em J, ela
intensifica os movimentos do corpo nesse momento também. Então a pesquisadora
finaliza a brincadeira.
- J mantém interesse no urso o tempo todo, inclusive no tempo da escolha.
Descrição da terceira filmagem do dia:
- Atividade proposta: Brincadeira livre.
- Descrição do brinquedo utilizado: Quatro dedoches (fantoches de dedos) de animais
(vaca, porco, pato, burro) (foto no anexo x). Nesse dia a proposta da brincadeira livre foi
observar as reações de J frente a um brinquedo que fora utilizado na brincadeira dirigida.
- Tempo de duração: aproximadamente seis minutos.
- Descrição da atividade proposta:
Quando a pesquisadora coloca os bichinhos na frente de J, esta imediatamente abre um
sorriso, J mantém o movimento das mãos com uma intensidade menor e fica observando
os bichinhos, J volta o seu olhar para a pesquisadora e alterna para os bichinhos, J volta
novamente seu olhar para os bichinhos e permanece olhando sem sorriso, sem
movimentação do corpo, entra num comportamento mais apático sem reações, mas
mantém seu olhar focado no brinquedo. J pende um pouco a cabeça para seu lado
esquerdo e permanece observando os bichinhos até que a pesquisadora os tire de sua
frente.
Terceiro dia de filmagem da interação da pesquisadora com J durante atividades
lúdicas
Descrição da primeira filmagem do dia:
- Atividade proposta: Uma brincadeira dirigida.
- Descrição do brinquedo utilizado: duas bolinhas de borracha, nas cores amarelo e rosa,
foto no anexo x.
- Tempo de duração da brincadeira: aproximadamente quinze minutos.
- Descrição da brincadeira:
J está sentada em sua cadeira e tem uma almofada em seu colo com um aparador onde
são colocados os brinquedos para a interação. A pesquisadora coloca as duas bolinhas na
frente de J e pergunta onde estão as bolinhas, J imediatamente olha para as bolinhas, então
a pesquisadora mostra cada uma, dizendo a cor de cada, J demonstra grande interesse
sorrindo e aumentando os movimentos das mãos e braços. A pesquisadora coloca uma
bolinha em cada mão de J para que ela as sinta em suas mãos. J consegue segurá-las
durante um tempo, e quando a bolinha cai devido aos movimentos das mãos a
pesquisadora diz: “J a bolinha caiu” e J sorri aumentando os movimentos dos braços,
então a pesquisadora faz com que J consiga segurar as bolinhas alternadamente, em cada
momento com uma das mãos, e quando a bolinha cai, J ri e aumenta os movimentos com
os braços.. A pesquisadora em alguns momentos pergunta onde estão as bolinhas,
referindo-se pela cor e J olha para a bola da referida cor, demonstrando reconhecer não só
o objeto, com também a sua cor. Após a brincadeira de segurar e soltar as bolinhas, a
pesquisadora propõe uma nova brincadeira ainda com as mesmas bolinhas, inserindo uma
música conhecida de J, a pesquisadora ajuda J a segurar a bola amarela com as duas mãos
e canta movimentando os braços de J durante a música. J ri bastante durante essa
brincadeira e tensiona bastante os braços, porém, quando a pesquisadora pede que ela
relaxe os braços para poder prosseguir com a brincadeira, J relaxa e volta a esticar os
braços para que a brincadeira continue. A música é a seguinte:
1° Yapo, iaia ê ê ô,
2° Yapo, iaia ê,
3° Yapo, iaia, Yapo,
4° E, tuc tuc, Yapo,
5° E, tuc tuc, ê.
No primeiro momento da música a pesquisadora estica os braços de J que está
segurando a bolinha com as duas mãos. No segundo momento da música a pesquisadora
flexiona os braços de J em direção ao peito, no terceiro momento estica novamente os
braços de J, no quarto momento ela flexiona novamente levando as mãos com a bolinha
em direção ao nariz de J, onde faz o tuc tuc da música, e no quinto momento estica
novamente os braços de J em direção à cabeça da pesquisadora onde faz o último tuc tuc
da música, nesses dois últimos momentos J solta uma gargalhada. A pesquisadora repete a
brincadeira, agora ajudando J a segurar as duas bolas, cada uma em uma mão com a sua
ajuda e J se entusiasma bastante. Ao término desta brincadeira a pesquisadora propõe uma
brincadeira com uma das bolinhas, onde J segura com sua ajuda, com as duas mãos e a
pesquisadora segurando as mãos de J fazendo movimentos de esticar os braços e flexioná-
los em direção ao peito de J, quando os braços estão flexionados em direção ao peito, a
pesquisadora diz “e a J vai soltar a bolinha”, soltando os braços de J, que abria as mãos
deixando a bola cair. Em alguns momentos quando a pesquisadora soltava os braços, J
conseguia permanecer segurando a bolinha, o que demonstrava deixá-la muito feliz e
quando caía ela ria. A pesquisadora brinca com J alternando as bolinhas, ora só com uma,
ora com as duas, uma em cada mão. Então a pesquisadora encera a brincadeira.
Descrição da segunda filmagem do dia:
- Atividade proposta: Escolha entre dois brinquedos e interação com o brinquedo
escolhido.
- Descrição dos brinquedos utilizados; um barquinho com quatro tripulantes, um que canta
e três que tocam instrumentos quando são apertados contra o barco(foto anexo x), e um
livro infantil chamado “ Casa da Ninoca”, quando aberto o livro se transforma em uma
casa com um quarto, cozinha e um banheiro, e tem uma ratinha que se chama Ninoca que
vem com o livro, a qual você locomove pelos cômodos da casa(foto anexo x).
- Tempo de duração da brincadeira: aproximadamente dez minutos.
- Descrição da atividade proposta:
A pesquisadora apresenta os dois brinquedos e coloca-os na frente de J, e pede para
que J escolha um dos dois para brincar. J olha alternadamente para os dois brinquedos e
em questão de alguns segundos fixa seu olhar no livro, fica algum tempo com o olhar fixo
no livro e quando a pesquisadora pergunta se J já escolheu, J volta seu olhar para a
pesquisadora e volta a olhar para o livro, demonstrando não ter dúvidas quanto ao
brinquedo escolhido. Após a escolha ter sido feita a pesquisadora retira o brinquedo não-
escolhido, no caso o barquinho, e deixa apenas o livro na frente de J. A pesquisadora abre
o livro, que se torna uma casa, J observa toda a movimentação do livro. J observa
enquanto a pesquisadora mostra a Ninoca e cada cômodo da casinha. Quando a
pesquisadora brinca para J observar, ela sorri e aumenta o movimento das mãos, sem
querer a pesquisadora derruba a Ninoca no chão e J com isso dá uma gargalhada. Então a
pesquisadora mostra o que a ratinha Ninoca faz em cada cômodo da casa, J fica atenta e
sorri enquanto observa, no banheiro a pesquisadora canta uma música para a ratinha tomar
banho “lava, lava, lava, uma orelha, uma orelha, outra orelha, outra orelha...”, na cozinha
ela canta “o que é que tem na sopa da ninoca...”, nesses dois momentos a pesquisadora
pede a interação de J e esta vocaliza junto com a pesquisadora, mostrando um maior
entusiasmo quando a música é inserida. J observa o tempo todo, aumentando o movimento
das mãos de acordo com o entusiasmo.
Descrição da terceira filmagem do dia:
- Atividade proposta: Brincadeira livre.
- Descrição do brinquedo utilizado: Livro infantil “A casa da Ninoca” (aberto). Nesse dia
a proposta da brincadeira livre foi observar as reações de J frente a um brinquedo que fora
escolhido na proposta de escolha entre dois brinquedos.
- Tempo de duração: aproximadamente seis minutos.
- Descrição da atividade proposta:
Quando a pesquisadora coloca o livro aberto na frente de J, esta imediatamente abre
um sorriso, J mantém o movimento das mãos com uma intensidade menor e fica
observando o livro, J permanece observando o livro com um sorriso no rosto. Aos poucos
ela relaxa os braços e pende um pouco a cabeça para seu lado esquerdo. Permanece
observando o livro até que a pesquisadora o tire de sua frente.
Primeiro dia de filmagem:
Análise da primeira atividade proposta da filmagem através do roteiro de
Observação (anexo 3):
- Grau de interesse alto quando o brinquedo é apresentado, demonstrando isso com
sorrisos, olhar intenso para o karaokê quando esse é apresentado pela pesquisadora.
- J mantêm a sua atenção voltada para o brinquedo em todos os momentos, demonstra
isso, com o olhar intenso, com os sorrisos e sua interação durante a brincadeira proposta.
- A direção do olhar no primeiro momento é voltado para a pesquisadora e quando esta lhe
apresenta o brinquedo o olhar volta-se para o mesmo. O olhar de J alterna entre o karaokê
e a pesquisadora, quando é proposta a sua interação J volta seu olhar para a pesquisadora,
porém, J volta sempre seu olhar para o brinquedo.
- J interage durante a brincadeira, com as vocalizações.
- J demonstra um comportamento interativo e alerta durante toda a brincadeira dirigida.
- As reações de J frente à brincadeira são de aceitação imediata, entusiasmo e
participação.
- J ri bastante durante a brincadeira e vocaliza bastante no momento que a pesquisadora
pede e grava sua voz, sempre seguida de gargalhadas quando ouve sua própria voz através
do brinquedo.
- J mantém o padrão de sua estereotipia durante a brincadeira, que é o de bater as mãos
fechadas uma na outra, na altura do peito, quando J está eufórica e entusiasmada com a
brincadeira a intensidade dos movimentos é maior..
- J permanece interessada pelo brinquedo e pela brincadeira durante o tempo todo
Análise da segunda filmagem através do roteiro de observação (anexo 3):
- Alto grau de interesse quando é proposta a escolha e alto grau de interesse no brinquedo
escolhido.
- J alterna bastante a sua atenção entre os brinquedos a serem escolhidos, porém quando
escolhe mantém sua atenção voltada para o brinquedo escolhido.
- J direciona o seu olhar para ambos os brinquedos alternadamente durante a escolha, e
direciona também à pesquisadora.
- A intensidade do olhar na pesquisadora é grande quando J alterna seu olhar entre os
brinquedos a serem escolhidos e a pesquisadora, pergunta se J escolheu.
- Nessa brincadeira J interage, vocalizando em alguns momentos.
- Mantém um comportamento atento o tempo todo.
- Reage frente ao fantoche da bruxa com sorrisos, olhares intensos, aumento do
movimento das mãos, sorrisos e gargalhadas.
- J vocaliza durante a brincadeira quando a pesquisadora imita a risada da bruxa e quando
simula um espirro.
- Quando os brinquedos são apresentados J está com os braços relaxados sem apresentar
os movimentos estereotipados, durante a escolha permanece assim, porém, quando a
pesquisadora começa a interação com o brinquedo escolhido, os sorrisos e movimentos se
intensificam.
- J mantém interesse no fantoche da bruxa o tempo todo, após a escolha.
Análise da terceira filmagem através do roteiro de observação (anexo 3):
- J demonstra um interesse apenas dirigindo seu olhar para o brinquedo, porém sem
qualquer outra reação.
- A sua atenção é voltada para o brinquedo durante um tempo, até que baixa seu olhar
mostrando desinteresse.
- O seu olhar permanece um tempo no brinquedo, depois de um tempo baixa seu olhar.
- A intensidade do seu olhar no brinquedo não é grande.
- A intensidade do seu olhar na pesquisadora não existe, já que a mesma não é olhada
durante esta atividade.
- Não ocorre interação com o brinquedo, J apenas observa, durante um tempo,
aproximadamente uns quatro minutos.
- Seu comportamento é de observadora no início, é bastante passivo, porém, evidencia um
desinteresse baixando seu olhar.
- Reage como observadora num primeiro momento, entretanto passando para uma reação
de apatia..
- J não vocaliza durante essa atividade.
- J não apresenta qualquer movimentação dos braços durante essa atividade.
- J mantém o olhar focado no brinquedo apenas durante alguns minutos, passando a baixar
seu olhar demonstrando desinteresse em relação ao brinquedo.
Segundo dia de filmagem:
Análise da primeira filmagem através do roteiro de Observação (anexo 3):
- Grau de interesse alto quando o brinquedo é apresentado, demonstrando isso com
sorrisos, olhar intenso para os dedoches quando esses são apresentados pela pesquisadora.
- J mantêm a sua atenção voltada para a brincadeira em todos os momentos, demonstra
isso, com o olhar intenso, com os sorrisos e sua interação durante a brincadeira proposta,
porém interrompe sua atenção quando a mãe entra na sala e se comunica com a
pesquisadora, ela demonstra isso deixando de olhar para o brinquedo, cessando com os
movimentos das mãos e braços, e fechando a expressão do rosto.
- A direção do olhar no primeiro momento é voltado para a pesquisadora e quando esta lhe
apresenta o brinquedo o olhar volta-se para o mesmo. O olhar de J alterna entre os
bichinhos e a pesquisadora, quando as brincadeiras são propostas J volta seu olhar para a
pesquisadora, porém, quando esta pergunta ou canta sobre os bichinhos J imediatamente
volta seu olhar para eles.
- J interage durante a brincadeira, quanto ao tipo de prensão das mãos em relação aos
bichinhos, ela se esforça para manter as mãos fechadas e depois para abri-las para que os
bichinhos caiam.
- J demonstra um comportamento interativo e alerta durante toda a brincadeira dirigida,
mudando sua interação apenas quando a mãe entra na sala.
- As reações de J frente à brincadeira são de aceitação imediata, entusiasmo e
participação.
- J ri bastante durante a brincadeira e vocaliza bastante no momento que a pesquisadora
diz “e a J vai aaaaabrir a mão”, J nesse momento vocaliza junto com a pesquisadora.
- J mantém o padrão de sua estereotipia durante a brincadeira, que é o de bater as mãos
fechadas uma na outra, na altura do peito, porém, sua intensidade muda já que a
brincadeira propõe o uso das mãos, quando J está eufórica e entusiasmada com a
brincadeira a intensidade dos movimentos é maior, cessa os movimentos apenas quando a
mãe entra na sala.
- J permanece interessada pelo brinquedo e pela brincadeira durante o tempo todo.
Análise da segunda filmagem através do roteiro de observação (anexo 3):
- Alto grau de interesse quando é proposta a escolha e alto grau de interesse no brinquedo
escolhido.
- J mantém a atenção voltada o tempo todo para o brinquedo escolhido.
- J direciona o seu olhar para o brinquedo escolhido na maior parte do tempo.
- A intensidade do olhar na pesquisadora é grande quando ela alterna seu olhar entre o
brinquedo escolhido e a pesquisadora, mostrando que não tem dúvidas do brinquedo
escolhido.
- Nessa brincadeira J interage, com a ajuda da pesquisadora, que faz com que J aperte com
sua mão as partes do corpo do urso, interage também vocalizando em alguns momentos.
- Mantém um comportamento atento o tempo todo.
- Reage frente ao urso com sorrisos, olhares intensos, aumento do movimento das mãos, e
sorrisos e gargalhadas.
- J vocaliza durante a brincadeira quando o urso diz sua frase preferida.
- Quando os brinquedos são apresentados J está com os braços relaxados sem apresentar
os movimentos estereotipados, durante a escolha permanece assim, porém, quando a
pesquisadora aperta o urso e ele diz a primeira frase os movimentos se intensificam.
- J mantém interesse no urso o tempo todo, inclusive no tempo da escolha.
Análise da terceira filmagem através do roteiro de observação (anexo 3):
- J tem grande interesse nos dedoches, quando os mesmos são colocados na sua frente,
demonstrando com sorrisos e olhar intenso.
- A sua atenção é voltada para os dedoches, alternando seu olhar em busca da
pesquisadora..
- O seu olhar alterna entre o brinquedo e a pesquisadora num primeiro momento, passando
a ficar focado apenas no brinquedo.
- A intensidade do seu olhar no brinquedo é grande.
- A intensidade do seu olhar na pesquisadora é grande num primeiro momento em que
alterna com o brinquedo, passando a olhar intensamente apenas para o brinquedo.
- Não ocorre interação com o brinquedo, J apenas observa.
- Seu comportamento é de observadora, e é bastante passivo, diminui bastante os
movimentos dos braços até cessarem, pende a cabeça e não sorri, porém dirige seu olhar
para a pesquisadora na busca de uma interação.
- Reage com um sorriso frente aos dedoches apenas num primeiro momento, quando não
ocorre a interação esperada J fica numa reação mais apática frente ao brinquedo.
- J não vocaliza durante essa atividade.
- J mantém o padrão dos movimentos das mãos, porém de uma maneira menos intensa e
com o passar dos minutos ela vai relaxando os braços até os movimentos cessarem.
- J mantém o olhar focado no brinquedo mostrando interesse durante o tempo proposto
nessa atividade.
Terceiro dia de filmagem:
Análise da primeira filmagem através do roteiro de Observação (anexo 3):
- Grau de interesse alto quando o brinquedo é apresentado, demonstrando isso com
sorrisos, olhar intenso para as bolinhas quando estas são apresentadas pela pesquisadora.
- J mantêm a sua atenção voltada para a brincadeira em todos os momentos, demonstra
isso, com o olhar intenso, com os sorrisos e sua interação durante a brincadeira proposta.
- A direção do olhar no primeiro momento é voltado para a pesquisadora e quando esta lhe
apresenta o brinquedo o olhar volta-se para o mesmo. O olhar de J alterna entre as
bolinhas e a pesquisadora, quando as brincadeiras são propostas J volta seu olhar para a
pesquisadora, porém, quando esta pergunta sobre as bolinhas J imediatamente volta seu
olhar para elas, inclusive quando a cor das bolas são ditas, J olha para a bola da referida
cor. Em alguns momentos J olha em torno da sala que estamos, mas volta sempre seu
olhar de maneira intensa para a brincadeira.
- J interage durante a brincadeira, quanto ao tipo de prensão em relação às bolinhas, ela se
esforça para segurá-las ou para deixá-las cair e ri quando consegue segurá-la diante da
expectativa da pesquisadora de que irá cair.
- J demonstra um comportamento interativo e alerta durante toda a brincadeira dirigida.
- As reações de J frente à brincadeira são de aceitação imediata, entusiasmo e
participação.
- J ri bastante durante a brincadeira e vocaliza bastante no momento que a pesquisadora
diz “e a J vai soltar a bolinha”, J nesse momento vocaliza junto com a pesquisadora.
- J mantém o padrão de sua estereotipia durante a brincadeira, que é o de bater as mãos
fechadas uma na outra, na altura do peito, porém, sua intensidade muda já que a
brincadeira propõe o uso das mãos, quando J está eufórica e entusiasmada com a
brincadeira a intensidade dos movimentos é maior.
- J permanece interessada pelo brinquedo e pela brincadeira durante o tempo todo.
Análise da segunda filmagem através do roteiro de observação (anexo 3):
- Alto grau de interesse quando é proposta a escolha e alto grau de interesse no brinquedo
escolhido.
- J mantém a atenção voltada o tempo todo para o brinquedo escolhido.
- J direciona o seu olhar para o brinquedo escolhido na maior parte do tempo.
- A intensidade do olhar na pesquisadora é menor, ela olha quando os brinquedos são
apresentados, mas mantém seu olhar mais intenso no livro.
- Nessa brincadeira J fica como observadora, interagindo com vocalizações quando a
pesquisadora insere a música na brincadeira.
- Mantém um comportamento atento o tempo todo.
- Reage frente ao livro com sorrisos, olhares intensos, aumento do movimento das mãos
quando o livro é aberto.
- J vocaliza durante a brincadeira quando a pesquisadora insere a música.
- Quando os brinquedos são apresentados J está com os braços relaxados sem apresentar
os movimentos estereotipados, durante a escolha permanece assim, porém, quando a
pesquisadora abre o livro, os movimentos das mãos voltam e ficam mais intensos.
- J mantém interesse no livro o tempo todo, inclusive no tempo da escolha.
Análise da terceira filmagem através do roteiro de observação (anexo 3):
- J tem grande interesse no livro, quando o mesmo é colocado na sua frente, demonstrando
com sorrisos e olhar intenso no livro.
- A sua atenção é voltada para o livro o tempo todo.
- O seu olhar fica focado o tempo todo no livro.
- A intensidade do seu olhar no brinquedo é grande.
- A intensidade do seu olhar na pesquisadora é menor, olhando para a mesma apenas
quando esta coloca o livro na sua frente e o tira.
- Não ocorre interação com o livro, J apenas observa.
- Seu comportamento é de observadora, e é bastante passivo, diminui bastante os
movimentos dos braços, pende a cabeça e não dirige seu olhar para a pesquisadora na
busca de uma interação.
- Reage com um sorriso frente ao livro.
- J não vocaliza durante essa atividade.
- J mantém o padrão dos movimentos das mãos, porém de uma maneira menos intensa e
com o passar dos minutos ela vai relaxando os braços até os movimentos cessarem.
- J mantém o olhar focado no livro mostrando interesse durante o tempo proposto nessa
atividade.
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