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O PROCESSO DE VERTICALIZAÇÃO DO ESPAÇO URBANO
DE IMPERATRIZ – MA: uma abordagem a partir dos bairros Jardim Três Poderes e
Maranhão Novo
Helbaneth Macêdo Oliveira Programa de Pós-Graduação em Geografia - PPGG
Universidade Federal do Tocantins - UFT
helbaneth@hotmail.com
Adão Francisco de Oliveira Programa de Pós-Graduação em Geografia - PPGG
Universidade Federal do Tocantins - UFT
1 INTRODUÇÃO
O espaço urbano como meio de dominação é palco de intensas disputas pelo
seu domínio, e por isso entendemos que a verticalização enquanto um processo espacial
é fruto de ações intencionais e executadas de forma a propiciar a verticalização em
parcelas específicas do solo urbano, e seguindo a lógica da dominação, favorecendo
mecanismo no controle do espaço.
E seguindo este caminho apontado, é notório que o capital imobiliário trabalha
a organização espacial da cidade valorizando determinadas áreas em detrimento de
outras. Sendo a localização mais um fator agregado ao valor da terra urbana, como as
benfeitorias públicas que a mesma possui, tais como a proximidade com o centro
financeiro da cidade, as perspectivas de investimento futuro e etc.
O acesso à moradia está ligado ao seu preço, que, por sua vez, depende da
sua localização na cidade. Quando alguém compra uma casa, está comprando
também as oportunidades de acesso aos serviços coletivos, equipamentos e
infraestrutura. Está comprando a localização da moradia, além do imóvel
propriamente dito. (MARICATO, 1997, p. 43, grifos do autor)
É evidente assim que o comércio da terra urbana apresenta relações que vão
além do que a forma expõe. É por isso que se faz necessário estudar estas intensões para
se interpretar a verticalização. Pensando assim, Somekh (2014) vai além e afirma que
no mercado da terra urbana até mesmo a forma urbana passa a ser tratada como
mercadoria:
O capital imobiliário, então em fase de constituição, exige a multiplicação do
solo (verticalização) como inovação à subdivisão do solo (loteamento), em
uma nova estratégia de valorização do capital. O alto preço da terra e sua
otimização não explicam, por si só, a verticalização, mas exatamente essa
nova estratégia do capital imobiliário. Além da terra, a forma urbana
transforma-se em mercadoria. (SOMEKH, 2014, p. 156).
Essa somatória de fatores é expressa em uma lógica de valor altamente
lucrativa para o capital imobiliário, representado pelo incorporador, imobiliárias e
construtoras imbuídas neste processo. Esses agentes trabalham sincronicamente na
construção de um novo produto imobiliário: a habitação vertical, comercializada em
unidades de apartamentos.
Assim a temática da verticalização do espaço urbano desperta grande interesse
nas metrópoles e também em cidades de porte médio. São vários os estudiosos a
trabalharem com a mesma, dos quais tem destaque por suas contribuições Souza (1994),
Somekh (2014), Ramires (1998), Mendes e Machado (2003), dentre outros.
Tem-se então como importante, se conceituar o que vem a ser o termo
verticalização para entendermos os significados e significantes embutidos neste. Maria
Adélia Aparecida de Souza (1994, p.129) fala da verticalização como “o processo de
construção de edifícios”, a qual apresenta clara ênfase na construção física, tendo em
vista que em seu livro a “Identidade da metrópole”, a autora busca entender os agentes
envolvidos na produção deste processo, e também a paisagem resultante deste na cidade
de São Paulo.
O mesmo termo é cunhado por Nádia Somekh (2014, p. 28) como “a
multiplicação efetiva do solo urbano, possibilitada pelo uso do elevador”, onde é
possível apreender o destaque desta para a efetiva reprodução do solo urbano e a
presença dos elevadores como fator condicionante para o desenvolvimento deste, além
da inserção do concreto armado no mercado como alavanca do crescimento vertical.
Ideias estas que a autora desenvolve em sua obra intitulada “A cidade vertical e o
urbanismo modernizador”, que vem tratar a periodização da verticalização também na
cidade de São Paulo.
Outro estudo de referencia foi realizado por Carlos Miranda Mendes e José
Roberto Machado ao se debruçarem para estudar o processo de verticalização da cidade
de Maringá. Os autores nos oferecem então outro conceito sobre o que na concepção
deles vem a ser a verticalização, os quais a resumem da seguinte forma:
A verticalização pode ser apontada como um exemplo de materialização das
transformações técnicas que atingem as cidades contemporâneas de forma
contundente. Tal fato não deve ser considerado como uma consequência
natural da urbanização, mas uma das possíveis opções traçadas e definidas
pelos diferentes fatores sociais e interesses econômicos que envolvem a
estrutura das cidades. (MENDES e MACHADO, 2003, p. 56).
Um traço apontado pelos autores e que merece menção é o entendimento de
que a verticalização não é necessariamente um processo natural urbano que ocorre em
todos os lugares de igual forma. A questão é que a verticalização apresenta-se como
fruto de uma somatória de fatores que podem culminar na produção deste processo
espacial, que entende-se ser pensado e executado por agentes sociais construtores do
espaço urbano.
Este mercado vertical crescente tem imprimido sua imponência na paisagem
urbana das grandes cidades brasileiras e sua importância constitui-se um dos motivos
deste estudo. Por isso apresenta-se a seguir um histórico da verticalização no país que
entendemos ser de fundamental importância para se compreender a dinâmica urbana
brasileira.
Para se conhecer melhor o processo de verticalização do espaço urbano de
Imperatriz no Maranhão, é necessário entender onde esta situa-se geograficamente bem
como suas principais características históricas. Desta feira, o município de Imperatriz
comumente chamado de portal da Amazônia, princesa do Tocantins, ou pré-Amazônia
maranhense, foi fundado em 16 de julho de 1852 e na atualidade apresenta o segundo
maior contingente populacional do estado do Maranhão, abrigando cerca de 247.505
habitantes de acordo com o IBGE (senso de 2010).
Geograficamente o município está situado na mesorregião oeste do estado,
precisamente na microrregião1 que tem o mesmo nome da cidade. Imperatriz estende-se
por uma área de 1.368,987 km², tem densidade demográfica de 180,82 habitantes por
1 Segundo o IBGE a microrregião de Imperatriz é uma das microrregiões do
estado do Maranhão pertencente à mesorregião Oeste Maranhense, sendo sua população estimada
em 2014 pelo IBGE em 583.526 habitantes. A mesma está dividida em dezesseis municípios e ppossui
uma área total de 29.483,768 km². Ver mapa 1.
km², segundo os dados do IBGE (2010), bem como do Atlas do Desenvolvimento
Humano do Brasil (2013). A cidade de Imperatriz está à margem direita do Rio
Tocantins, possuindo duas rodovias que fazem ligação desta com o restante do território
maranhense e restante do país: a BR-010 (Rodovia Belém-Brasília) e a MA-122.
A cidade faz divisa com o estado do Tocantins, e tem seus limites definidos por
seis municípios maranhenses: Cidelândia, São Francisco do Brejão, João Lisboa,
Senador La Roque, Davinópolis e Senador Edson Lobão. A partir da década de 1950
Imperatriz destacou-se na região Sul Maranhense2 através dos ciclos econômicos do
arroz, da madeira e, posteriormente, com a difusão do ciclo do ouro através da
exploração do garimpo da Serra Pelada no sudeste do Pará.
Estes elementos atraíram grandes fluxos de pessoas vindas principalmente do
Norte e Nordeste do país em busca de melhores condições de vida. Além desses fatores
mencionados, soma-se também a construção da rodovia Belém Brasília (BR- 010) e
também sua excelente posição geográfica que facilitou a consolidação de atividades
comerciais entre o sudeste e sul do Pará e o norte do Tocantins e todo o centro-sul do
Maranhão, favorecendo o vertiginoso crescimento urbano de Imperatriz.
Com isso, a cidade de apenas 80.722 habitantes em 1960, sofreu um salto
populacional na ordem de 220.469 habitantes nos anos de 1970. Dessa forma, logo a
área central tornou-se completamente preenchida, favorecendo a expansão horizontal, e
na contemporaneidade o crescimento vertical. A grande movimentação de pessoas,
serviços e capitais incentivaram os comerciantes a se instalarem em Imperatriz.
Destaca-se aí a expansão do comércio e a prestação de serviços, como elementos
decisivos para a expansão da malha urbana à configuração atual.
Esse entendimento nos remete a importância de discutir a dinâmica urbana da cidade e
mais precisamente a (re)produção do espaço urbano nos bairros Jardim Três Poderes e
Maranhão Novo, os quais estão localizados um ao lado do outro e próximo ao centro
comercial da cidade. A área que corresponde hoje ao bairro Jardim Três Poderes foi
fruto de um loteamento feito por uma imobiliária da cidade em meados da década de 80,
2 Por região Sul Maranhense entende-se ser a área correspondente as reivindicações sociopolíticas da
porção Sul do estado do Maranhão, a qual é delimitada pelo Projeto de Lei nº 947/2001 que trata sobre a
realização de plebiscito para a criação do estado do Maranhão do Sul. Bem como o projeto de Lei nº
2/2007 que também caminha no mesmo intuito, ambos caminham no sentido de legitimar uma antiga
reivindicação de independência desta área. Ver mapa 1.
voltado exclusivamente para as classes abastadas. Já o bairro Maranhão Novo,
corresponde a parcela de terras da qual desmembrou-se o bairro Jardim Três Poderes,
sendo relegado a dinâmica residencial similarmente reproduzida nas demais áreas da
cidade. Conforme afirma o pesquisador Adalberto Franklin em entrevista realizada e
transcrita abaixo:
O bairro Três Poderes foi o primeiro bairro na verdade projetado, foi o
primeiro loteamento imobiliário voltado para a classe alta da cidade. Então,
foi uma imobiliária que na verdade, planejou e vendeu. Era um bairro já
desde o seu inicio planejado para a classe alta, por isso eram lotes caros uma
coisa voltada mesmo para a elite, já no final dos anos 70 e inicio dos anos 80
foi feito esse loteamento, começaram fazer as mansões. É um bairro
realmente de classe alta, tem casas projetadas por Oscar Niemeyer.
Mapa 1:Localização geográfica do município de Imperatriz (2016).
Um diferencial que desponta na atualidade por meio do processo de
verticalização do espaço urbano de Imperatriz é justamente a agregação destes dois
bairros novamente a uma mesma dinâmica socioespacial. Estas áreas destoam das
demais áreas da cidade por
apresentarem em sua paisagem urbana o acentuado número de edifícios verticais.
Figura 1 e 2: Vista aérea do crescimento vertical em Imperatriz-MA.
Fonte: http://josuemoura.blogspot.com.br Fonte: http://josuemoura.blogspot.com.br
Observando a paisagem urbana de Imperatriz facilmente é perceptível a
diferença no padrão residencial apresentado na cidade com relação a paisagem urbana
dos bairros Jardim Três Poderes e Maranhão Novo. Estes bairros são localizados
próximos ao centro comercial, além de estarem situados ao lado de dois setores nodais
de Imperatriz. O primeiro encontra-se na rua Ceará até a avenida Bernardo Sayão, com
forte centralidade na oferta de serviços de autopeças. Conforme explica Sousa (2015)
sobre esta área:
O setor de autopeças desempenha nesse cenário importantes funções na
economia de Imperatriz. Os produtos comercializados nesta área da cidade
atendem as demandas da cidade de Imperatriz e também dos municípios
circunvizinhos dos estados do Pará e do Tocantins. (SOUSA, 2015, p. 353).
Outro setor de destaque é o bairro Nova Imperatriz que concentra serviços
bancários ao longo de sua avenida principal que faz ligação da BR-010 com a parte
mais antiga da cidade, além de possuir um aquecido mercado de diversos produtos,
distribuídos em feiras e comércios variados.
2 OBJETIVOS
Esta investigação foi construída apoiando-se nas contribuições oferecidas pelo
estudo do espaço urbano da cidade a luz de diversos pensadores sobre o espaço
geográfico. Assim, a problematização que nos deu norte inicia-se através dos seguintes
questionamentos: a) Que modificações a dinâmica da verticalização do espaço urbano
de Imperatriz está influindo nos bairros Jardim Três Poderes e Maranhão Novo? b)
Existe uma concentração espacial do processo de verticalização nos bairros Jardim Três
Poderes e Maranhão Novo em relação às demais áreas da cidade?
Diante da problemática enunciada é importante destacar que o objetivo central
desse estudo está pautado na necessidade de compreender o processo de verticalização
de Imperatriz, ressaltando o caso dos bairros Jardim Três Poderes e Maranhão Novo. E
secundariamente refletir sobre a (re)produção do espaço urbano da cidade, com
delimitação espacial a área correspondente aos bairros Jardim Três Poderes e Maranhão
Novo.
Dessa forma, em busca de respostas, nos propusemos a refletir sobre a
verticalização do espaço urbano, destacando no tópico seguinte o caminho
metodológico adotado pela pesquisa de cunho geográfico.
3 METODOLOGIA
Os estudos de natureza científica devem se apoiar num instrumental
metodológico condizente com o objeto e problemática a serem investigados. A
metodologia nas ciências é constituída pela adoção de métodos, abordagens e técnicas
de pesquisa que fornecem sustentação a todo o processo de construção da pesquisa.
Nesse sentido, o método de referência adotado para a pesquisa foi o
materialismo histórico e dialético, trabalhado dentro da abordagem qualitativa. Pois
pensa-se o processo de verticalização em sua materialidade no espaço urbano como
fenômeno histórico, construído por diferentes sujeitos que possuem interesses distintos.
Assim sendo, o espaço urbano é revelador destas diferenças e os bairros Jardim Três
Poderes e Maranhão Novo constituem-se desta feita o recorte espacial onde é possível
vislumbrar esse processo e suas contradições de forma mais concreta na paisagem
urbana.
Ademais, para o desenvolvimento da pesquisa contou-se também com técnicas
auxiliares para a coleta dos dados necessários para se alcançar os objetivos propostos.
Estas resumem-se na aplicação de questionários estruturados para os moradores dos
bairros, realização de entrevistas com síndicos e autoridades locais, e análise
documental de material utilizado para a divulgação dos empreendimentos.
Dessa forma, a pesquisa foi realizada por amostragem o que implica na escolha
aleatória dos sujeitos pesquisados, sendo estas informações analisadas com maior
enfoque qualitativo, embora não tenha dispensado as informações quantitativas. Sendo
necessário explicar que a pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento, sendo
apresentados aqui os resultados parciais.
4 RESULTADOS PRELIMINARES
A pesquisa levantou o quantitativo de edifícios verticais na cidade de
Imperatriz no ano de 2015, para isso considerando os prédios com mais de quatro
pavimentos. Conforme quadro 1 abaixo, percebe-se que os dois bairros estudados
apresentam o maior contingente de edifícios verticais, sendo 16 unidades presentes no
bairro Jardim Três Poderes e 6 no bairro Maranhão Novo, totalizando 22 edifícios de
um total de 39 unidades, os quais possuem predomínio da função residencial. O que
confirma as alegações anteriormente suscitadas, ou seja, a concentração do crescimento
vertical em Imperatriz nos bairros Jardim Três Poderes e Maranhão Novo.
Quadro 1: Edifícios com mais de quatro pavimentos em Imperatriz-MA/2015.
Denominação Logradouro Bairro
1 Amazonas Rua Espírito Santo, 1169 Três Poderes
2 Bristol Imperatriz Rua Dr. Itamar Guará, 66 Três Poderes
10
3 Buriti Rua Dr. Itamar Guará Três Poderes
4 Cosmopolitan Residence Club Rua Sergipe, Três Poderes
5 Exclusive Av. Bernardo Sayão, 2272 Três Poderes
6 Grumari Rua Bahia, 971 Três Poderes
7 Ipanema Max Condomínium Av. Bernardo Sayão Três Poderes
8 Marina Club Residence Rua Haroldo Veloso, 59 Três Poderes
9 Maximus Residence Club Rua Doutor Itamar Guara, 66 Três Poderes
10 Medical Center Av. Bernardo Sayão Três Poderes
11 Moriah Av. Bernardo Sayão, Três Poderes
12 Saint Paul Rua Don Cesario, 225 Três Poderes
13 Solar Tropical Rua Minas Gerais, 815 Três Poderes
14 Unique Residence Av. Santa Tereza, 1900 Três Poderes
15 Varandas Rua São Pedro, 10 Três Poderes
16 Versalles Rua Minas Gerais, 1079 Três Poderes
17 Angra Residence R. Mato Grosso, 26 Maranhão Novo
18 Búzios Rua Goias, 114 Maranhão Novo
19 Copacabana Home Rua Mato Grosso, 1 Maranhão Novo
20 Lavile Rua Goiás, 3231 Maranhão Novo
21 San Francisco Rua Goiás, Maranhão Novo
22 Solarium Residence Rua Paraná, 186 Maranhão Novo
23 Aracati Office Rua Urbano Santos, 482 Centro
24 Hotel Poseidon Rua Paraíba, 740 Centro
25 Ibis Hotel Av. Getulio Vargas, 1779 Centro
26 Imperatriz Shopping Hotel Av. Dorgival P. de Sousa Centro
27 Mirantes do Rio Rua 15 de Novembro, 782 Centro
28 Porto Real Rua 15 de Novembro, Centro
29 Quinta Avenida Rua 15 de Novembro, 200 Centro
30 Twin Tower Condominium Rua Urbano Santos, 482 Centro
31 Mediterranée Club Residence Rua Brasil, 789 Nova Imperatriz
32 Primavera Rua Pará, Nova Imperatriz
33 Meridien Rua São Pedro, 973 Nova Imperatriz
34 Vitória Régia Flanboyant da primavera, 358 Nova Imperatriz
35 Imperador Tocantins Residence Rua João Goulart, s/n Vila Parati
36 Joá Av. São João, 104 Vila Carajás
37 Themis Garden Av. Imperatriz, 38 Parque Planalto
38 River Side Rua Dom Pedro II, 34 Beira Rio
39 Reserva Garden Av. Pedro Neiva de Santana -
Fonte: Pesquisa de campo.
Para enriquecer a compreensão acerca dos residentes dos bairros estudados, foi
realizado aplicação de questionários com uma amostra de 40 moradores no total, onde
coletamos dados sobre os motivos que favoreceram estes moradores a escolher os bairros
estudados.
11
Quadro 2: Que motivos auxiliaram na escolha deste local para morar?
Alternativas Porcentagens
Proximidade do Centro 29%
Facilidade de aquisição do lote/casa 24%
Os equipamentos urbanos oferecidos nesta área 35%
Outros 12% Fonte: Pesquisa de campo.
De acordo com os dados obtidos e para fazer valer o sentido qualitativo desta
pesquisa solicitamos aos moradores que justificassem as razões pelas quais decidiram ou
escolheram residir nos bairros estudados. Seguem suas falas.
A vantagem é que é bem localizado. A localização conta muito. Está ao lado do
centro. Também tem uma boa infra-estrutura e a desvantagem é que o bairro
apresenta deficiência na questão da segurança. (Morador M1)
As vantagens é que está muito próximo ao centro comercial. É um bairro calmo, sem
muito barulho. A desvantagem é que é muito visado por ladrões. (Morador M2)
Os comentários destacam como vantagem ou fato positivo de residir nos bairros
Jardim Três Poderes e Maranhão Novo a proximidade com o centro como a principal da
cidade. Em contrapartida, a principal desvantagem recai sobre a precariedade na segurança
dos bairros. Acrescenta-se que durante as entrevistas realizadas com os moradores a
maioria relatou ter sofrido assalto ou ter passado por tentativas de invasão às residências
recentemente.
CONCLUSÃO
Com base na problemática que norteou este estudo tratando-se da verticalização do
espaço urbano de Imperatriz, e que consiste em entender a influencia deste processo na
mudança na paisagem urbana dos bairros Jardim Três Poderes e Maranhão Novo, é possível
afirmar que estas áreas já nasceram elitizadas, sendo a verticalização o enraizamento deste
processo, ou seja, a concretização dos anseios das classes dominantes de criarem espaços
diferenciados.
Os moradores dos bairros em estudo apresentaram os motivos motivacionais para
residir nos bairros, sendo o fator predominante a presença de equipamentos públicos. O que
também justificam os dados obtidos que indicam a clara concentração de edifícios
predominantemente nos bairros estudados, confirmado pela localização dos edifícios
levantados por meio da pesquisa. Ou seja, estes bairros apresentam infraestrutura privilegiada,
12
em detrimento dos demais bairros periféricos, e talvez estas vantagens, que na verdade são
direitos, sejam um dos atenuantes para a atração do crescimento vertical nesta área.
Ficou subentendido que o estudo do espaço urbano verticalizado constitui-se um dos
caminhos para se entender o espaço urbano das cidades. E no que se refere a Imperatriz,
cidade média amazônica, esta tem apresentado o processo de verticalização do espaço urbano
enquanto fator de mudança no padrão das residências do bairro Jardim Três Poderes e
Maranhão Novo. Onde este processo tem se expandido e agregado os dois bairros enquanto
uma área privilegiada e de forte presença das classes mais abastadas.
Portanto, o estudo sobre a verticalização de Imperatriz apresentada nesta pesquisa,
entendemos ser apenas uma das possibilidades de se interpretar as nuances dos diversos
processos espaciais que se manifestam no espaço urbano. Sendo este trabalho futuramente
podendo servir de aporte para mais complexas analises da (re)produção do espaço urbano das
cidades, e principalmente no que tange ao espaço intraurbano de Imperatriz-MA.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MARICATO, Ermínia. Habitação e cidade. São Paulo: Atual, 1997.
MENDES, Carlos Miranda; MACHADO, José Roberto. O processo de verticalização do
centro de Maringá-PR, Brasil. Investigaciones Geográficas, Maringá, N. 52, p. 53-71, 2003,
(dezembro): Data da consulta: 16 de maio de 2016. Disponível em:
<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=56905204> ISSN 0188-4611
RAMIRES, J. C. de L. O processo de verticalização das cidades brasileiras. Boletim de Geo-
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SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. 5 ed. 3 reimpr. São Paulo: Editoria da
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SOMEKH, Nádia. A cidade vertical e o urbanismo modernizador. 2. ed. atual. – São
Paulo: Editora Mackenzie e Romano Guerra Editora, 2014.
SOUSA, Jailson de Macêdo. Enredos da dinâmica urbano-regional sulmaranhense :
reflexões a partir da centralidade econômica de Açailândia, Balsas e Imperatriz. (Tese de
Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de
Uberlândia, 2015.
13
SOUZA, Maria Adélia Aparecida de. A identidade da metrópole: a verticalização em São
Paulo. São Paulo: HUCITEC; EDUSP, 1994.
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