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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
A EDUCAÇÃO FÍSICA E O ENSINO MÉDIO NOTURNO:
ANÁLISE E INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA.
Betânia da Silva Fréz1
Edilson Hobold2
RESUMO: O presente artigo apresenta dados e resultados de um Projeto de Implementação Pedagógica, elaborado com base nas justificativas que direcionaram esta pesquisa. Problemáticas apresentadas durante anos de atuação pedagógica com alunos do ensino médio noturno. Alunos na sua grande maioria trabalhadores diurnos e que estudam à noite. Fadigados muitos estudantes demonstravam desinteresse e desmotivação pelas aulas de Educação Física. Assim, pensava-se na necessidade de adequação dos Conteúdos Curriculares e do Plano de Trabalho Docente as necessidades específicas destes alunos. A necessidade de trabalhar, na maioria dos casos, consome a maior parte do tempo da vida da população, observa-se que o tempo restante é dividido entre os demais afazeres. Por sua vez o jovem aluno fica em uma posição delicada na sociedade, uma vez que o trabalho, quase sempre, é essencial para sua sobrevivência e de sua família e em decorrência deste mesmo trabalho seus estudos ficam prejudicados, mesmo que ele saiba o quanto estudar é essencial para o seu crescimento e evolução profissional. Durante o processo de Educação Básica, na infância, percebe-se que as crianças vivenciam as atividades corporais de forma prazerosa, mesmo sem apresentarem a compressão da importância destas para sua corporeidade e psicomotricidade, e o valor destas em suas vidas futuras. O Ensino Médio é o momento de aproveitar a maturidade dessas percepções para estimular uma prática consciente e crítica deste indivíduo em formação, quanto a importância da atividade física para sua saúde e qualidade de vida à longo prazo. Sendo assim, o presente trabalho pretendeu apresentar um programa de intervenção na disciplina de Educação Física que visou estimular a participação mais efetiva dos alunos do Ensino Médio Noturno nestas aulas. Dessa forma, o artigo apresenta, primeiramente, uma breve introdução bibliográfica a respeito do tema, seguida da apresentação e análise dos dados coletados através da implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica, apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, no Colégio Estadual “João Arnaldo Ritt”- Vila Nova, Toledo.
Palavras – Chave: Educação Física; Ensino Médio Noturno; Aluno Trabalhador;
1 Professora de Educação Física da Rede Estadual de Ensino – PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná – Toledo – PR.
2 Prof. Orientador Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE – Campus Marechal Cândido Rondon – PR.
1- INTRODUÇÃO
Este artigo tem como principal objetivo apresentar os resultados obtidos
por meio da Implementação de um Projeto de Intervenção Pedagógica,
desenvolvido no Colégio Estadual “João Arnaldo Ritt”, no município de Toledo,
Distrito de Vila Nova, Estado do Paraná, no ano de 2015, com os alunos do 2º
ano “B” do Ensino Médio Noturno.
Este projeto faz parte do Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE, turma 2014/2015, promovido pela Secretaria de Estado da Educação do
Governo do Estado do Paraná, que tem como objetivo a formação continuada e o
aperfeiçoamento profissional dos professores da Rede Estadual no âmbito do
espaço escolar.
A presente produção originou-se a partir de uma preocupação e posterior
análise da situação do aluno trabalhador e de sua participação nas aulas de
Educação Física no Ensino Médio Noturno buscando identificar se os casos de
desinteresse destes alunos teria relação com o fato de a grande maioria deles já
estarem incluídos no mercado de trabalho, e quais seriam os principais motivos
causadores deste desinteresse. O Projeto de Intervenção Pedagógica,
apresentado no formato Unidade Didática, procurou contemplar os conteúdos do
currículo de forma que estes se apresentassem mais interessantes aos alunos do
Ensino Médio do Período Noturno do Colégio “João Arnaldo Ritt” em Vila Nova,
Toledo – Pr., estimulando-os assim a uma participação mais efetiva das aulas
práticas.
O interesse inicial por este tema surgiu dos anos de docência com alunos
do ensino médio no período noturno, em escolas estaduais onde muitos alunos
que trabalhavam durante o dia, necessitavam estudar no período noturno, para
que assim pudessem concluir o Ensino Médio.
A presença de adolescentes na força de trabalho tem sido encorajada pela sociedade, inclusive sendo prática incentivada através de política governamental expressa pelo Programa Primeiro Emprego. O ingresso precoce de jovens no trabalho é legalizado pela legislação brasileira. (FISCHER et al, 2003. p 974).
Segundo FISCHER (2003), no Brasil, dados do IBGE, censo 2000, cerca
de 9 milhões de adolescentes de 15 a 19 anos estão inseridos no mercado de
trabalho. E é nesta realidade que se observa a vida de muitos alunos do período
noturno.
O trabalho precoce, geralmente, promove efeitos negativos no desenvolvimento físico e educacional, impedindo o jovem de dedicar- se a atividades extracurriculares, como atividades lúdicas e sociais próprias da idade, trazendo isolamento dos jovens entre seus pares e familiares, bem como sendo responsável pelo atraso escolar. (FISCHER et al, 2003. p 974).
“Uma pesquisa sobre a educação pública feita pelo Instituto Ayrton
Senna comprovou, em números, por que é preciso olhar com atenção os brasileiros que estudam à noite. No período diurno, apenas um, de cada quatro alunos também trabalha, além de estudar. Entre os que vão para a escola à noite, são quase 70%. E isso, sem dúvida, faz diferença”. (Fonte: g1.globo.com/jornal-nacional. Edição dia 10/11/2014)
Conforme esta citação, no Brasil o turno que recebe o maior número de
jovens e adolescentes inseridos no mercado de trabalho é o noturno. Por si só,
este fato já deveria gerar um cuidado muito especial ao se elaborar um currículo
para alunos estudantes de um período tão específico; uma vez que a realidade de
vida deles é muito diferente da dos estudantes do Ensino Médio dos demais
turnos.
Estes jovens ou adolescentes tem a necessidade de tomar decisões e
fazer escolhas de vida que sejam definitivas nesta idade, seus anseios comuns,
como o desejo de estar incluído socialmente, ter um grupo, ter dinheiro para
manter suas necessidades de vestir-se como os demais, de sair, ir a uma balada
com amigos, ter um celular legal, ou outros atrativos eletrônicos, ou em casos
mais extremos ter obrigação de colaborar no sustento da família. Tudo isto ao
mesmo tempo em que possuem o desejo de poder curtir a vida, namorar, ter
lazer, acesso a atividades culturais, fazer atividades físicas sistematizadas, viajar,
ou mesmo ficar em casa curtindo a família, descansando ou dormindo um pouco
mais.
E como eles poderiam pensar um futuro profissional? Como iriam se
preparar adequadamente para o enfrentamento de um concurso vestibular para
evoluírem profissional e financeiramente? Como tornar esta evolução real se a
jornada de trabalho exaustiva e os estudos durante a noite consomem
praticamente a vida deles?
Sendo assim, surgiram outros questionamentos:
- Será que um currículo pensado nacionalmente, elaborado para ser base de
conteúdos didáticos para diferentes estados e regiões do Brasil poderia atender
as situações específicas das diferentes regiões e situações as quais hoje
enfrentam o Ensino Médio Noturno no Brasil?
- Os conteúdos básicos da disciplina da Educação Física constante nas Diretrizes
Curriculares da Educação Básica, foram pensados sob a ótica das problemáticas
enfrentadas pelos alunos do Ensino Médio Noturno?
- Quais metodologias possibilitariam trabalhar os conteúdos curriculares da
Educação Física no Ensino Médio noturno de forma que estes viessem de
encontro as necessidades destes alunos?
- Como resgatar em meio ao desgaste físico e emocional diário, o prazer, a
ludicidade e a diversão em realizar uma atividade física?
Baseado em todas estas questões, foi proposta a implementação de uma
Unidade Didática, para realizar uma intervenção pedagógica na disciplina de
Educação Física visando estimular a participação efetiva dos alunos do Ensino
Médio Noturno nas aulas práticas buscando analisar estas situações, sendo que o
público alvo delimitado foram os alunos do 2º ano “B” do Ensino Médio Noturno,
do Colégio Estadual “João Arnaldo Ritt” de Vila Nova, em Toledo-Pr.
2- METODOLOGIA
O Colégio “João Arnaldo Ritt” localiza-se em Vila Nova, Distrito do
Município de Toledo, e é considerada uma escola do campo.
A implementação da Unidade Didática iniciou-se no primeiro semestre de
2015, com a Ação 01, no dia 01/04/2015, onde neste primeiro contato houve uma
reunião entre a proponente, os alunos do Ensino Médio Noturno, 1ºEM “B”, 2º EM
“B”,( publico alvo) e 3ºEM “B”, o representante da Direção, a equipe Pedagógica
no Ensino Médio Noturno, professores do Ensino Médio Noturno e funcionários.
Esta reunião ocorreu no Salão do Colégio Estadual “João Arnaldo Ritt”, para que
fosse realizada a apresentação de como seria desenvolvida a Unidade Didática, e
suas estratégias de implementação, sendo que a mesma seria desenvolvida em
formato de uma Gincana Esportiva em diversas etapas envolvendo alguns
conteúdos do currículo do Ensino Médio, já que pela extensão do mesmo, não
seria possível abordar todos.
A quantidade de alunos matriculados no 2º EM “B”, era muito pequena,
então por sugestão da direção do colégio e com anuência do professor orientador,
estendemos o convite a todos os alunos do Ensino Médio Noturno do colégio para
participar destas atividades. Nesta noite utilizando projetor multimídia, caixa de
som e microfone, foram apresentadas aos alunos as atividades da Gincana que
inicialmente foram assim programadas:
Ação 02 - Atividades Previstas para a Gincana Esportiva.
1. Futsal com Obstáculos
2. Preparação para o Festival de Dança
3. Atividade n° 3- Festival de Dança
4. Preparação para o Torneio de Basquetebol 3x3
5. Festival de Arremessos e Rebotes
6. Minitorneio de Basquetebol 3x3
7. Preparação para a apresentação de Ginástica
8. Apresentações das coreografias de Ginástica
9. Footgolf
10. Lutas
11. Ajudando o Próximo
2.1- INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Para a investigação inicial sobre a realidade de vida destes alunos, foi
realizada uma pesquisa de campo utilizando um questionário com 18 questões,
sendo algumas objetivas e outras discursivas, procurando identificar dados como
idade média da maioria dos alunos, quantos trabalhavam enquanto não estavam
na escola e qual tipo de trabalho, qual meio de transporte que utilizavam para ir
para o trabalho e para ir para o colégio, que horas acordavam para ir ao trabalho
e que horas iam dormir, se eles sentiam muito sono ou cansaço durante as aulas,
se esse sono e cansaço podia ser em função das poucas horas de sono, se esse
sono e cansaço interferia ou não na disposição para participar das aulas práticas
de Educação Física, se eles participavam das aulas mesmo assim, se os que não
participavam sabiam identificar claramente o motivo pelo qual não participava, os
que participavam preferiam quais atividades, quais atividades que eles gostariam
de fazer nas aulas de Educação Física, quais condutas e comportamentos do
professor de Educação Física os desestimulavam a prática das aulas e quais
condutas e comportamentos do professor os estimula a participar das aulas
mesmo cansados.
Devido ao reduzido número de alunos do período noturno, o questionário
foi aplicado as três turmas do Ensino Médio Noturno. Os dados coletados
serviram de base para a elaboração das atividades que iriam compor a Unidade
Didática.
2.1.2 - ESTRUTURAÇÃO DA INTERVENÇÃO
Após a primeira ação, que foi realizada do dia 01/04/2015, no dia
30/07/2015, retomou-se o processo de organização das Atividades previstas na
Unidade Didática. Foi realizada uma segunda reunião com os todos os alunos do
Ensino Médio do Período Noturno. Neste momento os alunos do 3º ano
concordaram em participar, e apenas 2 alunos do 1ºano, enquanto todo o 2º ano,
foi orientado a participar. Foram distribuídas as fichas de inscrição e as regras
gerais da Gincana.
03/08/2015 - experimentação da Atividade nº 01 - Futsal com Obstáculos.
03/08/2015 - experimentação da Atividade nº 05 – Festival de Arremessos
e Rebotes e Atividade nº 09 – Footgolf.
28/08/2015 - preparação do material a ser utilizado na 1ª Etapa da Gincana
31/08/2015 – realização da 1ª Etapa da Gincana Esportiva.
30/10/2015 – organização das equipes para o Torneio de Futsal,
montagem das chaves e realização do mesmo nas categorias Masculino e
Feminino.
09/11/2015 - definição do tema do Festival de Dança.
12, 17, 18, 19, 24 e 26/11/2015 – realização dos ensaios para o Festival de
Dança em todos os horários de Educação Física.
30/11/2015 – realização do Festival de Dança.
03/12/2015 - Torneio de Tênis de Mesa – Fase classificatória.
07/12/2015 - Final do Torneio de Tênis de Mesa.
3 – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS
O desinteresse dos alunos do ensino médio noturno, na sua grande maioria
advindos da classe trabalhadora, pela prática das aulas de Educação Física, pode
estar relacionado com a inadequação dos Conteúdos Curriculares e do Plano de
Trabalho Docente as necessidades específicas destes alunos diante das
dificuldades de vida que enfrentavam para poder continuar a estudar.
Os Conteúdos Curriculares da Educação Física para o Ensino Médio são
pensados e elaborados em nível de um Currículo Nacional, que serve de base
para o Ensino Médio de todo o país. Acredita-se que as necessidades específicas
do aluno “trabalhador”, nem sempre são contempladas, uma vez que este
currículo e seus conteúdos são estruturados em um primeiro momento
nacionalmente, e posteriormente em nível de cada estado. É um currículo
elaborado para atender alunos do Ensino Médio dos períodos matutino,
vespertino e consequentemente também para o período noturno.
Conforme dados coletados em questionário previamente aplicado,
identificou-se que muitos acordavam às 05 horas da manhã para darem início as
suas jornadas de trabalho, ao fim da tarde, iam direto para a escola, muitas vezes
só jantavam na escola; saiam de lá às 23 horas e só então retornavam aos seus
lares, ainda dependendo de algum tipo de transporte coletivo, retardando ainda
mais o horário de chegada destes em suas respectivas casas. Desta forma, o
tempo de sono/repouso resultava em um número de horas inferior às indicadas
pela Sleep National Foundation (Fundação Nacional do Sono), dos Estados
Unidos segundo a reportagem da revista online, Beta Veja.com/ Saúde:
“A Fundação do Sono nos Estados Unidos, revisou 320 pesquisas para atualizar a recomendação de quantas horas de sono são necessárias diariamente para ficar com a saúde em dia, de acordo com cada faixa etária”.
Na sequência a reportagem destaca, conforme os resultados apresentados
pela pesquisa realizada, pela Fundação Nacional do Sono dos Estados Unidos
publicado no periódico Sleep Health: Journal of the National Sleep Foundation,
que:
Conforme a idade aumenta, a
necessidade de sono diminui..., segundo os pesquisadores. Dos seis aos treze (6 aos 13), a recomendação cai para 9 a 11 horas. Já os adolescentes de 14 a 17 anos devem dormir de 8 a 9 horas por noite para manter a saúde em dia.
Alunos que são trabalhadores braçais da construção civil, assistentes de
pedreiro, agricultores, diaristas de agricultores, cobradores, empacotadores,
entregadores, operadores de máquinas de corte de aves e suínos, cuidadores de
granjas de aves e suínos, alunas que trabalham como diaristas, babás,
costureiras em fábricas de jeans e roupas de bebê, domésticas, vendedora
lojistas, secretárias, manicures, auxiliares de dentistas, telefonistas, e muitas
outras profissões. É perceptível a fadiga, o desgaste físico-muscular, mental e
emocional, com o qual estes alunos chegam à escola no período noturno.
Desgastes estes produzidos pelos movimentos repetitivos ou posições
desconfortáveis as quais eles permanecem por longas horas do dia em suas
jornadas de trabalho, visivelmente cansados e desmotivados, provavelmente pela
rotina exaustiva de trabalhos as quais eles se submetem.
Através da coleta de dados realizada através da aplicação do questionário,
como também durante a execução das diferentes etapas da Gincana Esportiva
prevista para a implementação da Unidade Didática, foi possível observar que
existe uma grande diferença comportamental entre os alunos do Ensino Médio
Noturno de uma escola do campo, em relação aos alunos do Ensino Médio
Noturno das escolas localizadas nas áreas urbanas. O aspecto comum
encontrado na aplicação do questionário é a preferência da maioria dos alunos
pela prática do Futsal e do Voleibol, tanto que a rejeição pelas atividades como
lutas e ginásticas foram veementes.
Quanto ao quesito, aluno trabalhador, os alunos do Colégio “João Arnaldo
Ritt”, apresentaram um perfil comum ao estudante do período noturno, mais de
90% dos alunos estudam a noite porque trabalham durante o dia, alguns cuidando
de granjas, outros em Cooperativas, muitos em pequenas empresas da Vila,
outros nas pequenas empresas ajudando os próprios pais, alguns mesmo muito
jovens já são casados e tem filhos, assim algumas moças cuidam da casa e dos
filhos durante o dia e estudam a noite.
Já na parte de participação das aulas práticas eles apresentaram um perfil
diferenciado do planejado para o projeto, que foi inicialmente pensado para
estudantes do Ensino Médio Noturno da área urbana. Os alunos foram bastante
participativos, interessados, sociáveis e afetivos, no 2º EM “B”, havia um grande
número de alunos evangélicos que não participaram do Festival de Dança, sendo
que apenas 3 alunos desta turma participaram com as demais turmas, então
sugeri que organizassem uma exposição de objetos antigos, mas nem todos
participaram.
Experimentação da Atividade nº 01 - Futsal com Obstáculos: de comum
acordo as equipes de cada turma optaram em experimentar cada atividade da
Gincana antes do dia da competição. Nessa atividade cada equipe teria 20
segundos para realizar o maior número de passes entre cones espalhados no
centro da quadra, sem derrubá-los chegando ao final da quadra deveriam tentar
fazer um gol, acertando a bola, dentro de um arco (bambolê), fixado no centro do
gol. Utilizei fita durex marrom larga para fixar o bambolê no arco. O objetivo
principal da atividade era fazer com que os alunos executassem passes mais
elaborados e precisos, desviando dos cones e ao final tentassem direcionar o
chute dentro do bambolê fixado no centro do gol.
-Pontos Positivos: todos os alunos participaram da atividade e a
experimentaram, deram sugestões quanto aos pontos negativos, e como
solucioná-los e construíram novas regras diante de situações que ocorreram e
que não haviam sido previstas por mim.
-Pontos Negativos: a atividade dos toques e chute ao arco não funcionou como
prevista, os segundos disponibilizados para realizar os toques entre os cones e
finalizar com um chute ao arco, deixavam os alunos apreensivos, eles não
conseguiam acertar o arco, não conseguiam fazer o gol, isso era visivelmente
frustrante para eles.
- Soluções apresentadas pelos alunos: sugeriram que esta atividade fosse
dividida em duas: em uma eles realizariam o maior número de passes entre os
cones, sem derruba-los em 20 segundos, na outra atividade, os componentes de
cada equipe teria duas tentativas de chute ao arco, cada gol convertido seria um
ponto para sua equipe.
Experimentação da Atividade nº 05 – Festival de Arremessos e Rebotes e
Atividade nº 09 – Footgolf. Os alunos das duas turmas cada um nos seus
respectivos horários de aula experimentaram as Atividades 05 e 09. A atividade
05 foi bem aceita e não necessitou nenhuma alteração. Já a atividade 9, onde
pretendia-se utilizar 10 bambolês como “buracos” para o Footgolf, eles
consideraram excessivamente demorada pela quantidade de bambolês. Optaram
então pela utilização de apenas 05 bambolês no dia da competição.
Realização da 1ª Etapa da Gincana Esportiva: após os alunos
experimentarem algumas atividades previstas com grande êxito e participação de
todos e considerando o fato que tinham ciência das demais, este fato gerou entre
a grande maioria deles uma grande resistência em participar da Atividade nº 08-
Apresentações das coreografias de Ginástica e da Atividade nº 10- Lutas.
Sendo assim optou-se por fazer a Gincana em etapas, na 1ª etapa
realização da atividade 01, que foi dividida em duas (02) atividades: Passe entre
Cones e Chute ao Arco. Também realizamos a Atividade 05: Festival de
Arremessos e Rebotes, e Atividade 09: Footgolf. Foi solicitado pelos alunos que
fosse substituída a Atividade 08 (Apresentação de Coreografias de Ginástica) por
um Torneio de Futsal, e a Atividade 10 (Lutas), por um Torneio de Tênis de Mesa,
e que estas seriam então mais duas etapas a serem realizadas pelas equipes em
outras datas.
No dia 30/10/2015 foram organizadas as equipes para o Torneio de Futsal,
montagem das chaves e realização do mesmo nas categorias masculino e
Feminino. Neste dia as duas turmas do Ensino Médio Noturno, participaram da
competição no Torneio de Futsal, uma vez que cada equipe só conseguiu formar
um time masculino e um time feminino, foram realizados 3 jogos, tanto na
categoria masculina quanto na categoria feminino.
Posteriormente na data de 09/11/2015, foram reunidas as equipes para
definição do tema do Festival de Dança, que por solicitação do Diretor do colégio
seria incorporado a Noite Cultural do CEJAR, ficou definido que o tema seria a
evolução dos ritmos de música e dança da década de 50 até os dias atuais. Como
as apresentações seriam incorporadas a Noite Cultural do Colégio, o Festival de
Dança não contaria como pontuação competitiva, mas como pontuação
participativa, e também todas as demais turmas do Colégio desde o Ensino
Fundamental poderiam participar, fizemos a organização dos Grupos de Dança e
sorteio das décadas que cada grupo iria representar. Nos dias 12, 17 e
18/11/2015 realizaram-se os ensaios para o Festival de Dança em todos os
horários de Educação Física.
Durante este período de ensaio foram confeccionadas as roupas para o
festival, providenciado o material para a maquiagem facial dos alunos,
organização e preparação do cenário e organização das músicas.
No Festival de Dança: Noite Cultural CEJAR, que ocorreu na data de
30/11/2015, foram apresentadas as danças preparadas pelos alunos do Ensino
Médio Noturno, participantes das atividades de Implementação do Projeto PDE,
juntamente com as demais atrações da Noite Cultural. Os alunos compareceram
cedo ao local das apresentações, por volta das 18:00 horas, para se prepararem
para as apresentações que seriam a partir das 20 horas. Houve um total
engajamento e participação dos alunos, de todos os períodos e das diversas
séries, desde o Ensino Fundamental, turmas iniciais, até o Ensino Médio, turmas
finais.
As apresentações ocorreram no Salão da Igreja de Vila Nova, onde foram
montados o som, o palco, a iluminação, som e espaço para a plateia. A
comunidade escolar, os familiares de alunos, amigos dos alunos, alunos e
professores, compuseram a plateia, que permaneceu presente até as últimas
apresentações. O locutor do evento apresentou a participação das turmas
participantes do projeto do PDE que estava sendo aplicado no colégio, que foi
muito aplaudido.
Na semana seguinte, no dia 03/12/2015, foi realizado uma rodada
classificatória do Torneio de Tênis de Mesa, onde todos os alunos das 3 turmas
do Ensino Médio Noturno participaram, os alunos do 2°ano “B”, masculino e
feminino, contra os alunos do 3º ano “B”, que também contavam com a
participação dos alunos do 1º EM “B” na mesma equipe. Nesta fase foram feitos
jogos durante toda a noite, todos contra todos, e desta etapa, classificaram-se 5
alunos de cada equipe e de cada sexo.
No dia 07/12/2015 foi realizada a Final do Torneio de Tênis de mesa. Neste
dia colocamos a mesa de Tênis de Mesa no centro da quadra esportiva, com
cones e uma faixa de isolamento deixando 2 metros de distância em volta de toda
a mesa para ser utilizado pelos jogadores. Em volta da faixa isolada os demais
alunos, professores e funcionários colocaram cadeiras para assistir aos jogos. Os
alunos compareceram quase em sua totalidade para assistir a final. Os
participantes todos compareceram e mostraram-se comprometidos com o evento
que foi fotografado pelos funcionários do Colégio. Foi uma atividade com
extremamente positiva, em termos de participação; pois ofereceu oportunidade
aos alunos que apresentam dificuldades nos esportes coletivos, mostrarem seus
talentos no esporte individual fazendo com que estes se sentissem valorizados
também.
Nesta mesma noite fiz a somatória da pontuação geral da Gincana
Esportiva, apresentação dos resultados para as equipes e comunicação da
premiação, que foi um almoço com churrasco para o 3ºano EM “B”, que ficou em
2º lugar na Gincana, e uma Noite de Pizzas para o 2ºano E.M “B”, que ficou em 1º
lugar na Gincana.
As demais atividades previstas na Gincana da Unidade Didática não foram
realizadas, por não dispormos mais de tempo durante este ano letivo, e também
por já ter excedido as horas previstas.
A análise das questões referentes a atual situação do Ensino Médio
Noturno, não somente em relação a disciplinda de Educação Física, mas de
forma geral, é que quando um Governo propõe um Pacto Nacional pelo
Fortalecimento de um Ensino Médio, proposta criada e fomentada pelo governo
federal, ele está admitindo que o país possui um sistema educacional onde o
Ensino Médio é fraco e necessita ser fortalecido, em muitos aspectos. O
documento oficial conforme site do MEC disponibiliza, apresenta conforme
identificado em estudos e pesquisas, como os principais desafios a serem
superados para o fortalecimento do Ensino Médio no Brasil:
VII – O Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio A partir do diagnóstico apresentado e pelo conjunto de princípios elencados neste documento podemos sintetizar como principais desafios do Ensino Médio: 1-A universalização do atendimento dos 15 aos 17 anos; 2- A necessária garantia do acesso há uma educação de qualidade com efetiva aprendizagem; 3- A garantia da formação inicial e continuada dos profissionais da educação condizente com a realidade da Educação Básica;4- A ampliação do acesso ao Ensino Médio diurno;5- A efetiva melhoria da oferta do Ensino Médio Noturno para os estudantes trabalhadores que dele precisam; 6-A Ampliação da jornada escolar na perspectiva da educação em tempo integral;7- A construção dos Direitos à Aprendizagem e ao Desenvolvimento e a Base Nacional do Currículo como formação indispensável do cidadão;8- O Redesenho Curricular do Ensino Médio. (Fonte:pactoensinomédio.mec.gov.br/imagens/pdf/pacto_fort_ensino_medio.pdf)
Sendo estes os desafios, podemos observar, que o item 5, que se refere a
um dos desafios, prevê “A efetiva melhoria da oferta do Ensino Médio Noturno
para os estudantes trabalhadores que dele precisam”, como também no item 8,
aborda a questão da necessidade do “Redesenho Curricular do Ensino Médio”, o
que vem de encontro as indagações iniciais. Acredita-se que se os desafios 01,
02, 03 e 04 conseguirem ser superados, automaticamente alguns outros desafios
seriam superados conjuntamente. Com a garantia ao acesso estima-se que
existirá uma educação de qualidade, e se realmente vier a ocorrer uma ampliação
do acesso, com direito a permanência, ao Ensino Médio Diurno, acredita-se que
exista uma grande chance de que boa parte do problema ser resolvido.
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Assim após a execução de todas as etapas constantes desse projeto,
desde sua elaboração, até sua execução, e mesmo apesar da ocorrência do
inesperado, que gerou a aplicação do projeto pensado para alunos da área
urbana em uma escola desconhecida e que se localizava na área rural, conclui-se
que o aluno trabalhador merece uma atenção diferenciada.
O olhar do professor sobre o aluno nunca pode ser pautado em nossas
experiências pessoais, a exemplo: “Na minha época eu trabalhava e estudava a
noite e nunca desisti, sempre participei de todas as aulas”, discurso este
apresentado por alguns colegas participantes do GTR. Neste caso específico o
olhar do professor sobre o aluno deve ser pautado no conhecimento que devemos
adquirir sobre eles mediante a convivência, estando sempre abertos ao diálogo.
Os alunos do noturno não enxergam as aulas de Educação Física como ela é
aplicada no diurno. São raros os professores que conseguem ou querem aplicar
uma metodologia adequada. Para estes alunos as aulas de Educação Física são
um momento de socialização, distração, divertimento, momento de relaxar,
esquecer os problemas e curtirem, assim tendem a fazer sempre aquilo que mais
sabem e que mais gostam.
O número de evasão e desistência escolar no periodo noturno e muito
maior que nos demais períodos, o que demonstra que muitas vezes, quando eles
se sentem cansados ou desmotivados, estudar fica em segundo ou terceiro plano,
como se isso não fosse fazer diferença para vida deles lá no futuro. Eles
priorizam outras necessidades que o trabalho oferece de forma mais imediata,
enquanto que o estudo só oferece isso em longo prazo. O adolescente e o jovem
tem pressa, quer viver tudo hoje, acabam abandonando o estudo e ficam somente
com o trabalho, e nem percebem que o tempo passa rápido e às vezes voltar para
escola se torna cada vez mais difícil, são poucos dentre eles que ambicionam um
curso superior.
Assim sendo, conclui-se que a questão do desinteresse do “aluno
trabalhador” pelas aulas, não é mérito exclusivo da disciplina de Educação Física,
meus colegas professores afirmam que o desinteresse deles pelas demais
disciplinas teóricas é ainda maior. Nossos jovens e adolescentes estão cada dia
mais desinteressados em estudar, permanecer em sala de aula, ler, aprender.
Quando a maioria de estudantes de um determinado nível de ensino, que
trabalha e estuda, perde o interesse até pela disciplina que há alguns anos atrás
era a preferida de qualquer aluno; o que está em questão não é apenas a
preparação de um Plano de Trabalho Docente “atrativo”, nem mesmo a presença
de um professor motivador. Também não devemos acusar descompostura de
alguns profissionais de nossa área, afinal existem bons e péssimos profissionais,
em qualquer área de trabalho.
Acredita-se que tudo evolui de forma muito rápida, e a educação insiste em
manter seus padrões seculares. A forma como está organizada toda a estrutura
do Esnino Médio Noturno, não funciona mais, não se adequa mais ao estilo de
vida que dos estudantes da atualidade. É momento de reve-la, não apenas na
disciplina de Educação Física, mas em como ofertar a jovens e adolescentes que
precisam trabalhar, um Ensino Noturno que tenha qualidade, e que não seja
maçante e cansativo, que os prepare para evoluir na vida e no trabalho, e não
apenas permanecer estáticos onde estão, que permita que o estudante
trabalhador tenha acesso a se preparar também para o vestibular se esse for o
desejo dele, mesmo nas condições em que ele está inserido.
Acredita-se que para isso ser possível é necessário investir na Educação.
É preciso existir professores que se sintam estimulados a ministrar aulas no
período noturno, é preciso que a escola não esteja sempre passos atrás em
tecnologias, mas ofereça ao aluno condições de se conectar com as informações
do mundo de forma rápida e com qualidade. É necessário ter estruturas e mantê-
las funcionando, para isso há que se investir em bons funcionários e técnicos que
queiram trabalhar no periodo noturno e manter laboratórios ativos.
Precisamos de boas quadras, bons materiais, bons cursos de formação
continuada, que renovem as formas já ultrapassadas nas quais nosso sistema
educacional se entrevou, ou seja, precisamos urgentemente de uma maior
qualidade na Educação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORREIA, W. R. Educação Física no Ensino Médio-Questões Impertinentes. Editora Fontoura, Várzea Paulista, SP, 2ª ed., 2011. FISCHER, F. M.; OLIVEIRA, D. C.; TEIXEIRA, L. R.; TEIXEIRA, M. C. T. V.; AMARAL, M. A. Efeitos do trabalho sobre a saúde de adolescentes. Ciênc. saúde coletiva. Rio de Janeiro, v.8, n.4, jan.2003. Disponível em: http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413812. (http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232003000400019). Acessado em 28/04/14. FLARESSO, W.; MATA, V. A. O aluno do ensino médio noturno e o Trabalho: Reflexões sobre o aluno trabalhador, a Educação e a Educação Física. O Professor PDE e os desafios da Escola Pública Paranaense. Secretaria da Educação do Estado do Paraná. Cadernos PDE; v.01; 2007. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/504-4.pdf. Acessado em 28/04/14.
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