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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
REDE SOCIAL EDUCATIVA: o uso do ambiente virtual de
aprendizagem EDmodo no ensino de biologia
SIMONE SINARA DE SOUZA1 NURIA PONS VILARDELL CAMAS2
Resumo: Esse trabalho foi desenvolvido com uma turma do 2º ano do Ensino Médio, de um colégio da rede estadual do município de Curitiba/PR, no programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, tendo como objetivo analisar o uso do ambiente EDmodo para o desenvolvimento do conteúdo de micro-organismos, por meio da disposição de objetos de aprendizagem e atividades extra classe, desenvolvidas como extensão da sala presencial. Seguindo-se a abordagem qualitativa, participou-se no percorrer de um semestre letivo, no ano de 2014, enquanto observador participante da pesquisa, para a análise dos dados coletados, utilizou-se questionário inicial e diário itinerante da pesquisa. Observou-se a evolução dos alunos em relação às discussões em sala e o interesse maior pela disciplina. Conclui-se que o uso do ambiente virtual de aprendizagem EDmodo, como ferramenta tecnológica, contribui para o processo de ensino e aprendizagem de forma colaborativa e significativa no processo de aprendizagem, sendo indicado às demais disciplinas curriculares. Palavras-chave: EDmodo. Ambiente Virtual de Aprendizagem. Aprendizagem Colaborativa. Ensino de Biologia.
_______________
1 Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE – Paraná). Especialista em Tecnologias em
Educação e Formação de Docentes e Orientadores Acadêmicos em EAD. Professora de Ciências e Biologia na rede pública de ensino do Paraná. E-mail: simonesinara@gmail.com.
2. Professora Dra. da Universidade Federal do Paraná. Professora e Pesquisadora do Programa de
Pos- Graduação em Educação: Mestrado em Teorias e Práticas do Ensino. Eixo de Pesquisa Cultura Digital e Formação de Professores. Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional PDE- Paraná E-mail: nuriapons@gmail.com.
INTRODUÇÃO
O presente estudo apresentará os resultados obtidos na aplicação do
Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) EDmodo, na disciplina de Biologia,
realizado numa turma de 36 alunos, do Ensino Médio de uma escola Estadual no
Município de Curitiba, no Paraná. Este projeto foi desenvolvido nos anos de 2013 e
2014, como parte integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE,
que é realizado pela Secretaria de educação do Estado do Paraná.
O PDE é uma política pública de Estado regulamentado pela Lei Complementar nº 130, de 14 de julho de 2010 que estabelece o diálogo entre os professores do ensino superior e os da educação básica, através de atividades teórico-práticas orientadas, tendo como resultado a produção de conhecimento e mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense (PARANÁ, 2008, s.p.) A estrutura organizacional do Programa de Desenvolvimento Educacional, está representada, para fins didáticos, no Plano Integrado de Formação Continuada, o qual constitui-se de três grandes eixos de atividades, quais sejam: atividades de integração teórico-práticas, atividades de aprofundamento teórico e atividades didático-pedagógicas com utilização de suporte tecnológico. Essas atividades serão realizadas no decorrer do Programa, composto de quatro períodos semestrais, distribuídos em dois anos. (PARANÁ, 2012, p.6).
A disciplina de Biologia, de acordo com o discurso da grande maioria dos
alunos, apresenta-se com palavras difíceis e de memorização. Na maioria dos
casos, as aulas expositivas se dão com a mínima participação dos educandos. Além
disso, a carga horária da disciplina, em muitos momentos, não contempla um
espaço para o desenvolvimento de conteúdos considerados complexos, o que pode
acarretar falhas no processo de aprendizagem.
Alguns autores (ALMEIDA, 2005, VALENTE, 2005, PRADO, 2005, CAMAS,
2002, MENGALLI; CAMAS, 2013) citam a possibilidade de utilizar um ambiente
virtual de aprendizagem (AVA) como ampliação dos espaços de aprendizagem,
rompendo a limitação espaço-temporal da aula e permitindo a abertura a uma sala
de aula online, não restrita à temporalidade do espaço físico. Além de ser um
ambiente de interação que permite a comunicação bidirecional entre professor-aluno
e aluno-aluno, de forma síncrona e assíncrona, através de ferramentas tecnológicas
de aprendizagem colaborativa.
Deste modo, surgiu a questão norteadora do presente trabalho que é a
possibilidade do uso de um ambiente virtual de aprendizagem, como extensão e
apropriação da sala de aula, com alunos do ensino médio, em um colégio da rede
estadual de ensino do Paraná.
Diante desta questão, este estudo teve como objetivo geral analisar o
ambiente virtual de aprendizagem EDmodo, enquanto Tecnologia de Informação e
Comunicação Digital (TICD), como possibilidade de extensão e estudo dos alunos
do Ensino Médio na disciplina de Biologia.
Para alcançarmos o objetivo geral, construímos como objetivos específicos: a)
encontrar uma plataforma digital aberta e de livre acesso na internet; b) construir
uma sala virtual desenvolvendo o conteúdo de micro-organismos da disciplina de
Biologia, visando à assimilação e compreensão deste conteúdo; c) levar os alunos a
participarem de forma interativa e colaborativa; d) contribuir no processo de ensino e
aprendizagem e, e) aproveitar a grade curricular, posto que foi usado em sala de
aula presencial e como extensão da sala, ou seja, fora do horário curricular, pelo
aluno e professor que desenvolveram este trabalho.
2 TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO ENSINO DE
BIOLOGIA
A disciplina de Biologia, de acordo com as Diretrizes Curriculares da
Educação Básica (DCE) – documento que fundamenta a educação básica no Estado
do Paraná – tem como objeto de estudo o fenômeno VIDA. Diferentes concepções
sobre este fenômeno e suas implicações no ensino, foram construídas ao longo da
história da disciplina de Biologia e, embasadas por quatro paradigmas
metodológicos do pensamento biológico: o descritivo, o mecanicista, o evolutivo e da
evolução da genética, os quais foram adotados como critérios para escolha dos
conteúdos estruturantes: Organização dos Seres Vivos, Mecanismos Biológicos,
Biodiversidade e Manipulação Genética. Além dos encaminhamentos metodológicos
da disciplina. (PARANÁ, 2008).
A Microbiologia, ramo da Biologia, responsável pelo estudo dos micro-
organismos, tem como base o conteúdo estruturante “Organização dos Seres
Vivos”, apresenta conteúdos com grau de complexidade maior, por envolver ciclos
vitais e organismos, cujas nomenclaturas são originadas do latim. Estes conteúdos
exigem um maior espaço nas aulas de Biologia para as discussões necessárias à
aprendizagem dos alunos. O que muitas vezes não é garantido devido à restrita
carga horária da disciplina.
Uma alternativa, que testamos em nossa pesquisa, para tentar amenizar essa
situação foi incorporar as TICD, à disciplina de Biologia.
Para Moran, as tecnologias
são pontes que abrem a sala de aula para o mundo, que representam, norteiam o nosso conhecimento do mundo. São diferentes formas de representação da realidade, de forma mais abstrata ou concreta, mais estática ou dinâmica, mais linear ou paralela, mas todas elas, combinadas, integradas, possibilitam uma melhor apreensão da realidade e o desenvolvimento de todas as potencialidades do educando, dos diferentes tipos de inteligência, habilidades e atitudes (MORAN, 2007, p.162).
A integração das TICD à educação, segundo BELLONI (2009, p. 11) deve ser
realizada “em sua dupla dimensão: como ferramentas pedagógicas e como objetos
de estudo”. Assim, a tecnologia em sala de aula precisa ser usada de forma
adequada, com professores preparados para o uso pedagógico, pois quando usadas
de forma errada, essas ferramentas podem causar distrações e acabar com todo o
planejamento e objetivo da aula.
De acordo com Sloczinski e Santarosa (2004):
A tecnologia em si não é a fonte de mudança, mas sua integração ao processo educativo pode se tornar um elemento de questionamento e mudança do “status quo”. Isto implica a possibilidade de mudar, de superar modelos tradicionais, trocando o foco de instrução para processo de aprendizagem, colocando em suas prioridades a adoção de formas inovadoras de relacionamento e interação entre os participantes. A ênfase estará na aprendizagem contextualizada, na solução de problemas, na construção de modelos e hipóteses de trabalho e, especialmente, no domínio do estudante sobre o seu próprio processo de aprendizagem (idem, 2004, p. 1114).
Nesse sentido, entendemos que o professor ao integrar as TICD ao cotidiano
da escola, na sala de aula, deve fazê-lo de modo criativo, crítico, competente, de
forma a auxiliar o desenvolvimento dos conteúdos disciplinares e possibilitar a seus
alunos. Subsídiando-os para que possam atuar como autores no processo de
construção do conhecimento, como sugere Freire (2011, p. 24) ao afirmar que “(...)
ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua
produção ou a sua construção”, e com os avanços dos estudos, podemos até
mesmo incluir, sua recriação.
Por Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), do inglês Virtual Learning
Environment, entendemos como softwares que auxiliam na montagem de cursos
acessíveis pela Internet. No presente estudo analisou-se o ambiente virtual de
aprendizagem EDmodo como um espaço que auxilie no processo de ensino e
aprendizagem do aluno, como extensão da sala de aula, ou seja, que o aluno que
tenha acesso a internet (no caso deste estudo todos os alunos tinham este acesso
em suas casas), possa participar de forma interativa no processo de aprendizagem,
sendo mediado pelo professor, o ambiente e os colegas de sala de aula.
O uso das TICD, por meio de ambientes virtuais de aprendizagem, segundo
BARRETO (2010, p. 6), “tem possibilitado, de forma fácil e rápida, a interação entre
os autores envolvidos no processo, através de ferramentas que, cujas atividades e
ações educacionais dirigidas, podem potencializar ou não o processo de
aprendizagem”.
Para Camas (2012), ao utilizar uma plataforma virtual deve-se entender que:
uma ferramenta virtual tem mecanismos, metodologias outras que não a reprodução daquilo que se há de fazer presencialmente, não de forma mecânica ou autoritária, mas de forma a gerar a percepção das possibilidades de uso para além do espaço físico da escola, para a promoção do estudo continuado de nossos alunos (2012, p. 53).
Neste sentido, concordamos com Valente (2005) quando ao se referir ao ato
de ensinar, posiciona-se fazendo-nos compreender que ao entendermos e
deixarmos de transmitir apenas informações, poderemos passar ao ato “de criar
ambientes de aprendizagem para que o aluno possa interagir com uma variedade de
situações e problemas, auxiliando-o em sua interpretação para que consiga construir
novos conhecimentos" (VALENTE, 2005, p.5).
A presente pesquisa, utilizou o ambiente virtual de aprendizagem EDmodo
para o estudo dos micro-organismos: vírus, bactérias, protozoários e fungos para
trabalharmos as potencialidades e possibilidades de estudo de nossos alunos.
Disponibilizamos além de conteúdos complementares, questões de avaliação
somatória e formativa, como também objetos de aprendizagem entendidos como “
qualquer material eletrônico que provê informações para a construção do
conhecimento” (BRASIL, MEC, 2005).
3 O AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM (AVA) EDMODO
O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) EDmodo, uma rede social
fechada e gratuita desenvolvida para fins educativos, foi fundada no mês de
setembro de 2008, na Califórnia, Estados Unidos. Atualmente é utilizada por um
grande número de professores e estudantes em todo o mundo, podendo ser
acessado em: www.edmodo.com.
Caracteriza-se como um ambiente interativo focado na comunicação entre
professor-aluno, aluno-aluno, favorecendo situações de aprendizado através da
colaboração e cooperação dos participantes. Não depende de instalação de
plataforma, ou seja, ele pode ser acessado a partir de qualquer sistema operacional,
por um computador com acesso a internet ou por um dispositivo móvel como o
smartphone ou tablet.
Por ambiente interativo e interatividade, seguimos Silva (1998; 2000), que por
meio de estudos chega a conclusão que a interatividade não é somente a relação
entre os homens, nem entre homem e máquina, é um processo de comunicação
complexo, em que os atuantes estão dispostos a participar e intervir de uma forma
mais profunda, desta forma “A mensagem no contexto da interatividade não se
reduz à emissão. Ela é espaço tridimensional de atuação daquele que não pode
mais ser visto como receptor” (SILVA, 1998).
Quando se fala em meio de comunicação e construção do conhecimento, em
um ambiente virtual de aprendizagem, faz-se necessário diferenciar os termos
colaboração e cooperação.
Cogo (2006) ao verificar a colaboração, traz a teoria piagetiana, fazendo-nos
entender que a colaboração seria uma interação em que existem trocas de
pensamentos:
seja por comunicação verbal ou coordenações de pontos de vista, de discussão, sem ocorrer operações racionais, não havendo uma estrutura operatória. A cooperação está vinculada à interação, a qual requer a formação de vínculos e a reciprocidade afetiva entre os sujeitos do processo de aprendizagem. As interações interindividuais possibilitam a modificação do sujeito na sua estrutura cognitiva e do grupo como um todo, não em caráter somatório, mas em uma perspectiva de formação de um sistema de interações (idem, 2006, p. 682).
Desta maneira, a colaboração ocorre quando há troca de pensamentos e
corresponde a uma etapa anterior a cooperação, enquanto esta última corresponde
à etapa onde ocorre a construção do conhecimento.
A plataforma educativa EDmodo, segundo Maricato (2010, s.p.), no que tange
a perspectiva didático-pedagógica, “contribui para o processo de ensino e
aprendizagem e propicia uma prática pedagógica dinâmica focada em uma
construção do conhecimento interativa, colaborativa, cooperativa e de autoria entre
seus participantes”.
De acordo com Freire (2011), “nas condições de verdadeira aprendizagem os
educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução
do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo” (idem,
2011, p. 28). Deste modo, entendemos que um AVA, pensado pedagogicamente
para a interatividade, a colaboração e a cooperação tem potencialidades para um
fazer educativo que, gerando a participação dos envolvidos, pode também gerar a
autoria dos alunos, quando produzem seus conhecimentos no ambiente e a do
professor.
O ambiente EDmodo possibilita a hipertextualidade, onde o professor e seus
alunos podem interagir e compartilhar objetos educacionais, permite o feedback do
educador e a complementação de tarefas por parte dos alunos, além de
disponibilizar um calendário para que o professor possa agendar tarefas e
compromissos que serão enviados aos alunos, e, uma biblioteca onde o professor
pode disponibilizar materiais que sejam considerados relevantes ao processo de
aprendizagem.
A avaliação dos alunos pode ser realizada através do acompanhamento e
desenvolvimento dos mesmos, por meio das postagens que se realizam nos fóruns,
da realização e entrega de tarefas propostas, na participação de enquetes, e nas
contribuições que realizam, trazendo novas fontes de pesquisa sobre o assunto
abordado para compartilhar com o grupo a partir de suas próprias descobertas
(MARICATO, 2010, p. 41).
O acesso à plataforma EDmodo se faz através do endereço eletrônico:
www.edmodo.com. Por ser um ambiente educativo, para que os alunos possam
acessá-lo precisam ser convidados, através de um código ou de uma URL do grupo
fornecido pelo professor.
4 Caminhos metodológicos: o estudo dos micro-organismos no AVA EDmodo
O presente trabalho é fruto da implementação de um projeto elaborado como
requisito parcial do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) ofertado pela
Secretaria de Estado da Educação do Paraná, e foi desenvolvido com a turma do 2º
ano B, do colégio estadual Prof José Guimarães, localizado no bairro Vila Hauer, na
cidade de Curitiba.
A metodologia utilizada foi de abordagem qualitativa, num estudo empírico,
posto que a amostra pesquisada é relativa e somente foi aplicado em uma turma,
com 36 alunos do ensino médio, tendo o pesquisador participado como observador
ativo e participante (LUDKE; ANDRÉ, 2011; CHIZZOTTI; 2006; CAMAS, 2008) da
ação aqui trazida. A ação iniciou-se com a aplicação de um questionário que
pretendeu verificar o acesso e uso da internet pelos alunos envolvidos.
Dos 36 alunos entrevistados apenas três afirmaram não terem acesso a rede.
Para os alunos que responderam no questionário que não possuíam acesso a
internet em casa, foi proposto um horário no contra turno para que pudessem utilizar
a internet da escola para realizar as atividades que seriam propostas no ambiente
EDmodo. Entretanto, esses alunos afirmaram que utilizariam a internet na casa de
parentes para realizar as atividades.
O resultado do questionário demonstrou que 94% dos alunos entrevistados
acessam a internet em casa; 93% acessam a internet diariamente; 81% dedicam
quatro ou mais horas por dia na internet, sendo as redes sociais o que mais
costumam acessar, conforme mostram os gráficos 1, 2, 3 e 4.
Após a aplicação do questionário, os alunos foram instigados quanto a
possibilidade de se utilizar uma metodologia diferenciada para o estudo do conteúdo
de micro-organismos: vírus, bactérias, protozoários e fungos. Essa metodologia seria
através de um ambiente virtual de aprendizagem, que funcionaria como uma
extensão da sala de aula, visando auxiliá-los no processo de aprendizagem da aula
dada presencialmente.
Gráfico 1: Local de acesso à Internet Gráfico 2: Frequência de acesso
Gráfico 3: Horas de acesso diário Gráfico 4: O que os alunos acessam
Como os alunos mostraram-se respectivos a proposta de trabalho e curiosos
sobre esse novo espaço de aprendizagem, optou-se nesse momento, com o auxílio
de um multimídia, apresentar a plataforma EDmodo aos alunos, orientando-os sobre
como realizar o cadastro de estudante para que pudessem ter acesso ao ambiente
e, fornecendo a eles o código de acesso ao grupo micro-organismos, local de
exposição das atividades propostas no ambiente.
4.1 Distribuição e ações pedagógicas do Edmodo
Ficou acordado com os alunos que nas aulas presenciais seria trabalhada a
parte teórica, de forma expositiva dialogada, dos micro-organismos, envolvendo
suas características morfológicas, ciclo de vida, bem como a importância benéfica
e/ou patológica desses seres vivos para a espécie humana. No ambiente EDmodo
seriam disponibilizados materiais de aprendizagem que complementassem o que foi
visto em aula presencial, como também atividades que exigiriam a participação
(interação, cooperação, colaboração e criação-autoria) acerca do conteúdo
estudado. É interessante ressaltar que alguns alunos que portavam smartphones
realizaram na aula a busca do site do EDmodo e aproveitaram para realizar o
cadastro no ambiente.
O primeiro conteúdo disponibilizado no ambiente EDmodo foi o Módulo I -
Ambientação, tendo como objetivo a exploração do ambiente pelos alunos. Foi
solicitado que utilizassem a ferramenta Mural para enviar uma mensagem a um
colega de turma e a ferramenta Setting para inserir uma imagem no perfil.
Deu-se o prazo estipulado para o cadastro na plataforma e realização das
atividades de ambientação de uma semana.
Para o módulo II - Vírus, após exposição teórica em aula presencial, foi
disponibilizado aos alunos, no ambiente EDmodo, um Quiz apresentando questões
de verdadeiro ou falso sobre os vírus.
Para auxiliar os alunos nessa atividade disponibilizaram-se alguns objetos de
aprendizagem, como o simulador Vírus, que foi produzido por Lucieni de Oliveira
Conterno, Infectologista e Coordenadora do Núcleo de Epidemiologia Clínica da
Faculdade de Medicina de Marília – FAMEMA, e um trecho do filme “Epidemia”
(Epidemia/Outbreak, Suspense, EUA, 1994, 128 minutos, COR. Direção: Wolfgang
Petersen).
Os alunos tiveram o prazo de uma semana para usarem os materiais de
estudo e responderem ao Quiz. Em aula presencial foram discutidas as questões
propostas na atividade online que apresentaram maior número de erros pelos
alunos. A avaliação dessa atividade foi feita pelos acertos no Quiz como pela
participação dos alunos nas discussões em sala de aula. Aproveitou-se para instigar
os alunos sobre os fatores que provocam a reincidência de viroses consideradas
erradicadas no Brasil.
Para o conteúdo de bactérias, após estudarem sobre as características,
utilidades e bacterioses em aula presencial, os alunos foram convidados a realizar,
como tarefa para casa, duas atividades do módulo III – Bactérias, no ambiente
EDmodo.
A primeira atividade, intitulada “Resistência bacteriana versus antibióticos”,
teve como objetivo levar os alunos a refletirem sobre os fatores que tem contribuído
para o aumento do número de bactérias resistentes a antibióticos. Os alunos foram
orientados a socializar suas reflexões sobre a temática abordada, através da
ferramenta Mural do ambiente virtual, que funciona como um fórum, e a interagir
com as ideias dos colegas. Além das orientações sobre como realizar a atividade 1,
foi disponibilizado no EDmodo, alguns objetos de aprendizagem, com o intuito de
auxiliar os alunos nas reflexões sobre o tema proposto. Sendo eles: o vídeo “A
aventura dos antibióticos”; o áudio “Alexander Fleming” que comenta sobre a
descoberta da penicilina; e o artigo “Uso indiscriminado de antibióticos e resistência
microbiana: uma guerra perdida?” (WANNMACHER, L. Uso indiscriminado de
antibióticos e resistência microbiana: uma guerra perdida? OPAS/OMS -
Ministério da Saúde, Vol.1 Nº4, Brasília, Março de 2004.
www.opas.org.br/medicamentos/docs/HSE_URM_ATB_0304.pdf). A segunda
atividade proposta no ambiente EDmodo, foi o Quiz de resposta curta “As
Bactérias”. O prazo máximo para realização dessas atividades foi de 10 dias. Este
tempo foi estipulado para orientar os alunos que um estudo mais aprofundado sobre
um determinado tema deve ser tratado com tempo necessário para que tenham o
prazo de pesquisarem além dos materiais disponibilizados e refletirem de modo a se
sentirem provocados pelo assunto abordado.
No decorrer da semana, alguns alunos, em aula presencial, apontaram
deficiência nas questões apresentadas no Quiz, onde não aceitava como resposta,
sinônimos. Para que não houvesse prejuízo no aprendizado dos alunos, optou-se
por substituir o questionário por um com questões de verdadeiro ou falso.
Em aula presencial, foram discutidas as postagens realizadas na ferramenta
Mural, em que os alunos apontaram como o principal fator para o aumento do
número de bactérias resistentes, o uso indiscriminado de antibióticos pela população
humana, ou seja, sem indicação médica. Foi discutido ainda, sobre as questões
propostas no Quiz, sendo a avaliação feita pela participação dos alunos nas
atividades dessa temática, bem como a quantidade de acertos na atividade 2.
O próximo micro-organismo estudado foi os protozoários. Em aula presencial,
após estudarem o micro-organismo em questão, os alunos foram orientados a
formarem grupos de seis alunos e cada grupo ficou responsável em apresentar
características (agente causador, modo de transmissão, principais sintomas e
profilaxia) de uma protozoose. Sendo elas: Mal de Chagas, Giardíase,
Leishmaniose, Tricomoníase, Toxoplasmose e Malária. Um representante de cada
grupo ficou responsável em postar as informações da protozoose que o grupo era
responsável, no módulo IV – Protozoários, através da ferramenta Mural do EDmodo.
Todos deveriam visualizar a postagem de seu grupo e dos demais.
A segunda tarefa foi uma enquete sobre os fatores que contribuem para o
contato da espécie humana com os vetores (mosquito, percevejo) de doenças
endêmicas. Os alunos tiveram que pesquisar na internet e no artigo disponibilizado
no ambiente sobre a questão levantada e votar na alternativa que consideravam
como principal fator. Segundo o resultado da enquete, os alunos consideraram o
desmatamento como sendo o primeiro fator e a higiene pessoal como segundo fator.
Não houve votos para as queimadas.
O prazo estipulado para realização dessas atividades foi de uma semana.
Após esse período, foram retomadas em sala de aula as atividades sobre os
protozoários disponibilizadas no ambiente virtual. Os alunos comentaram sobre a
pesquisa que realizaram em relação as protozooses, e sobre as postagens dos
colegas, com as quais puderam compreender a importância do estudo dos
protozoários, no que diz respeito a saúde pública.
Quanto ao resultado da enquete, discutiu-se com os alunos sobre os
principais fatores que aumentam o índice de doenças endêmicas: o desmatamento e
as queimadas. Os alunos concluíram que ao destruir o habitat natural dos vetores,
através desses dois fatores, a espécie humana acaba colocando em risco sua
saúde. Os alunos que votaram no fator higiene pessoal, disseram ter confundido
com os agentes causadores de doenças transmitidos pela água ou pelo solo. A
retomada pelos resultados da enquete pode retomar questões necessárias na
aprendizagem, e mostrar a importância dos feedbacks nas tarefas solicitadas.
No estudo dos fungos enfatizou-se, em aula presencial, a importância
ecológica e econômica desses seres vivos, além das doenças causadas por eles a
diversas espécies de plantas e animais, inclusive a espécie humana.
Como tarefa, foi disponibilizado no Módulo V - Fungos, na plataforma
EDmodo, um Quiz de associação intitulado “Os fungos”, e alguns objetos de
aprendizagem para auxiliar os alunos na execução da atividade proposta. Sendo
eles: o vídeo “Os Fungos” (um recorte do vídeo “Plantas, algas e fungos”, produzido
pelo projeto Embrião da UNICAMP/SP); o simulador “Micoses”; e o áudio “Fungos”.
O prazo dado para essa atividade foi de uma semana.
Durante a semana fez-se um levantamento no EDmodo verificando que houve
um aumento dos acessos e participações dos alunos nas atividades. Em sala de
aula, percebeu-se que os alunos discutiam entre si as atividades da plataforma, uns
ajudando os outros na realização das mesmas.
Em aula subsequente ao prazo estipulado para realização da atividade,
retomou-se, em aula presencial, as questões propostas na atividade e discutiu-se
sobre a importância dos fungos como agentes benéficos ou patógenos a diversas
espécies com que se relaciona. Observou-se uma evolução dos alunos em relação
às discussões em sala e um interesse maior pela disciplina.
Durante a implementação do projeto verificou-se que o acesso ao EDmodo e
a realização das atividades ocorreu de forma gradativa. Houve resistência por parte
de alguns alunos que não concordavam em realizar atividades em casa. Essa
resistência foi diminuindo à medida que os colegas de turma foram realizando as
atividades e comentando sobre as mesmas em sala de aula. Percebeu-se que a
resistência desses, nada mais era do que a dificuldade que tinham em relação ao
uso do EDmodo, pois a medida que conversavam com os colegas e esses
orientavam quanto a realização das atividades, o nível de resistência diminuía. Não
demorou muito para que os alunos começassem a idealizar a possibilidade dos
demais professores utilizarem o EDmodo em suas disciplinas como opção de tarefa
de casa.
5 GRUPO DE TRABALHO EM REDE (GTR)
É de suma importância, trazermos para este artigo, o trabalho que realizamos
concomitantemente ao estudo do uso do Ava com os 36 alunos do Ensino Médio. No
Projeto de Desenvolvimento Educacional – PDE - Paraná, realizado pela Secretaria
de Educação, apresentamos no Grupo de Trabalho em Rede – GTR, que é parte
integrante da formação dos professores participantes do PDE, sendo realizado no
ambiente virtual de aprendizagem Moodle da Secretaria da Educação do Estado do
Paraná, e tendo como público-alvo: professores da disciplina de Biologia da rede
estadual de ensino do Paraná, que totalizam em 17 participantes.
O objetivo deste GTR foi propor aos professores participantes, a utilização do
ambiente virtual de aprendizagem EDmodo como metodologia diferenciada para o
estudo dos micro-organismos. Para tanto, foi disponibilizado o material didático
contendo um tutorial de acesso a plataforma EDmodo e a utilização de suas
ferramentas, bem como, atividades elaboradas para aplicação junto aos alunos,
sobre a temática em estudo.
Durante o GTR, que apresenta carga horária de 64 horas, houve discussões,
através da ferramenta Fórum, em que os professores participantes foram instigados
quanto: “a utilização de um ambiente virtual de aprendizagem pode contribuir para a
compreensão de conteúdos de Biologia através da aprendizagem colaborativa?”,
apresentando-se a presente pesquisa.
Dessa discussão, trazemos como complementação e potencialidades
encontradas, uma síntese dos relatos contendo pontos positivos para a utilização do
AVA EDmodo e algumas observações quanto ao seu uso, sendo algumas delas
transcritas abaixo e que se encontram no AVA da Secretaria de Educação do Estado
do Paraná.
Os professores mencionaram a importância do uso das tecnologias no
ambiente escolar como meio a estimular os alunos no processo de aprendizagem.
A utilização de um ambiente virtual de aprendizagem para complementação de estudos de conhecimentos teóricos, tem muito a contribuir para o aprendizado do aluno, principalmente pelo seu poder de socialização. Ao perceber que é possível trocar ideias e opiniões sobre um determinado conteúdo, o aluno sente-se motivado a aprender, pois este assunto extrapola as paredes da sala de aula (Profª 1– professora participante do GTR).
Alguns professores participantes citaram o desafio, quanto ao uso de novas
tecnologias, por exemplo, o uso da internet em sala de aula, aos professores que se
dizem despreparados para tal uso.
A tecnologia ainda está restrita nas salas de aula devido ao desconhecimento por parte do professor em trabalhar com elas. Isso realmente é um ponto negativo, tendo em vista que os alunos de hoje, tem um acesso absurdo ao mundo das tecnologias, redes sociais,..., onde a escola passa a ser um lugar sem interesse e até mesmo desatualizada da era em que a sociedade vive (Profª 2– professora participante do GTR).
Os participantes relatam que o uso de um ambiente virtual de aprendizagem,
como espaço extraclasse para a realização de atividades escolares, tende a ser
interessante e desafiador para os alunos, pois deverão organizar seu tempo de
estudo em casa, além de terem um acesso mais direto com o professor, o que
facilita e auxilia a sua aprendizagem.
Um ambiente virtual de aprendizagem, pode estabelecer uma ponte entre o conhecimento que o aluno já possui e o que ainda pode ser acrescentado. Ele possibilita novas formas de saber e torna o estudo mais dinamizado e atrativo. Acredito que esse seja um ponto altamente positivo, para ser trabalhado com a nova geração que vem surgindo, de forma que a aprendizagem possa ter um novo olhar e uma boa e agradável alternativa de produção do saber (Profª 3 – participante do GTR).
Os professores participantes avaliaram positivamente a implementação do
projeto, destacando a aprendizagem colaborativa e a utilização de metodologias
diferenciadas como fatores que estimulam o aprendizado. Para eles, adequar à
metodologia e os recursos audiovisuais de forma que haja a comunicação com os
alunos, é também, uma forma de fazer da aula um momento propício à
aprendizagem. Além disso, o uso do AVA EDmodo permite que os alunos façam
uma ponte entre aquilo que já aprenderam e o que ainda vão aprender.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As novas tecnologias fornecem instrumentos imprescindíveis para o trabalho
escolar, onde os recursos que elas disponibilizam são capazes de facilitar, agilizar a
vida da sociedade contemporânea e de fornecer formação educacional, permitindo
assim, a atualização de conhecimentos, a socialização de experiências e a
aprendizagem através dos recursos tecnológicos. Entretanto, o uso de novas
tecnologias, citando como exemplo o acesso à internet no ambiente escolar, está
longe dessa realidade, sendo um dos fatores o desconhecimento por parte do
professor em como trabalhar com as novas tecnologias.
Uma alternativa é o professor aprender junto com seus alunos. Enquanto os
alunos auxiliam o professor na parte técnica/funcionamento da ferramenta, o
professor auxilia os alunos a utilizá-la a partir de um propósito, a favor da
aprendizagem. Pois, apesar dos alunos apresentarem habilidades quanto ao uso
das novas tecnologias, observou-se, durante esse estudo, que é difícil ao aluno
fazer uma ponte entre a tecnologia e o conhecimento, sendo importante nesse
estágio a presença do professor mediador.
O uso do AVA EDmodo permite aproveitar o tempo dos alunos nas redes
sociais a fim de desenvolver o lado crítico de cada um para questões voltadas aos
conteúdos disciplinares ou do cotidiano desses. Nesse ambiente extraclasse o
professor é mediador do conhecimento, ou seja, proporciona ao aluno um ambiente
de trabalho que o estimule a criar, comparar, discutir, rever, perguntar e ampliar
ideias, permitindo ao aluno a autoria na aprendizagem.
Nesse sentido, esse estudo demonstrou que a inovação na práxis pedagógica
através da inclusão de ferramentas tecnológicas, no caso o AVA EDmodo, tende a
despertar nos alunos o interesse pela disciplina, bem como, a interação de forma
colaborativa aos conteúdos desenvolvidos, contribuindo no processo de ensino e
aprendizagem dos alunos.
Sendo assim, o uso do ambiente virtual de aprendizagem EDmodo é
recomendado aos professores, de diversas disciplinas, como ferramenta tecnológica
que auxilia o processo de ensino e aprendizagem de forma colaborativa na
construção de conhecimentos.
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