Os quadrinhos underground brasileiros · Os remanescentes de hippies Wood & Stock, o falso guru...

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Quadrinhos udigrudiOs quadrinhos underground brasileiros

Henrique Magalhães

Quadrinhos underground brasileiros:

tubo de ensaio, reação à falta de

perspectiva profissional ou

regulamentação do mercado.

No meio acadêmico, underground

virou udigrudi, no melhor jeitinho

antropofágico brasileiro.

Balão, Ovelha Negra, Boca, Capa e

Lodo de São Paulo; Uai! e Humordaz,

de Belo Horizonte.

A autoprodução

caracterizava as

revistas alternativas

O Bicho, do Rio de Janeiro, Vírus e

Esperança no Porvir.

Pivete, Cabramacho e Maturi, de Natal.

Em Brasília, Risco;

Em São Luís, Baú de Cartuns; em

Fortaleza, Pau de Arara. Ôxente!, de João

Pessoa.

O Nordeste também

teve suas publicações

alternativas

Produção de charges e tiras cômicas:

mais espaço em jornais e salões de

humor.

Início da década de 1970: Fradinhos, de

Henfil, e Rango, de Edgar Vasques;

O Pato, de Ciça e As Cobras, de Luís

Fernando Veríssimo.

As tiras como

resistência

Os Fradinhos, de Henfil, notabilizaram-se pelo humor corrosivo.

Rango, de Edgar Vasques, expunha a miséria

e a fome do país.

O Pato, de Ciça: crônica e critica à sociedade brasileira

As Cobras, de Veríssimo faziam a crítica aos desmandos

do poder.

Os Fradinhos protagonizavam as mais inusitadas

situações fazendo crítica de costume, social e política.

Revista do Fradim, pela Codecri, mais de 30 edições

na década de 1970.

A revista Fradim alcançou

grande sucesso

Versatilidade dos personagens de Henfil, abordagem de

questões em evidência no cenário nacional.

Eco à luta dos movimentos reivindicatórios das chamadas

minorias.

Tiras de Zeferino: fome, seca, miséria e coronelismo no

sertão nordestino.

Zeferino, Graúna e Bode Orelana

Angeli abriu nova vertente para os quadrinhos humorísticos

brasileiros.

Personagens caricaturais que representavam os tipos sociais

urbanos e crítica de costumes.

Angeli criou personagens inspirados nos tipos urbanos: o punk

Bob Cuspe, a boêmia inveterada Rê Bordosa.

Os remanescentes de hippies Wood & Stock, o falso guru Ralah

Ricota.

Wood & Stock, personagens da fauna urbana de Angeli

Revista Chiclete com Banana, editada à semelhança da

revista Mad.

Espírito “fanzine”, suplemento ao estilo dessas publicações

amadoras.

Independência do mercado.

Criação da editora Circo, com

coletâneas de tiras, álbuns, revistas.

Na nova editora, autores egressos dos

fanzines e revistas independentes da

década de 1970. Luís Gê, Paulo e

Chico Caruso, Laerte, Glauco.

Gatos, de Laerte

Lançamento das revistas

Chiclete com Banana, de Angeli;

Circo, mesclando aventuras de

autores europeus e brasileiros

Luiz Gê foi uma das maiores

expressões da revista Circo

Pela editora Circo também

sairam as revistas Piratas do

Tietê, de Laerte; Geraldão, de

Glauco e Níquel Náusea, de

Fernando Gonsales.

Geraldão, de Glauco e

Níquel Náusea, de

Fernando Gonsales

Chiclete com Banana influenciou

os jovens autores nacionais.

A forma “marginal”, mas

estruturada, marcaria a nova

geração de editores

independentes.

Fenômeno mundial em vistas de

um novo mercado independente.

Os autores passaram a investir

mais em suas obras resguardando

seus direitos.

Arroz Integral, de Cleuber:

forte influência de Angeli

Provocações de Adão

Iturrusgarai num universo

estritamente masculino:

Rocky & Hudson, dupla de

cowboys gays.

Traço caricatural ao estilo

underground, abordagem de

temas pouco convencionais.

A irreverência de Adão com

seus cowboys gays

Lourenço Mutarelli, expressionismo visceral e contundente

em Transubstanciação. Iconoclasta no texto e no traço.

Início com o fanzine Over-12, em março de 1988, editado por

Marcatti.

Publicação no suplemento Mau,

da revista Animal.

Murarelli tornou-

se cult não só

no meio

underground

Marcatti, autoprodução dos

autores underground. Domínio

dos meios de produção.

Chegou a publicar na Chiclete

com Banana.

Primeiro brasileiro realmente

underground a ter seus

quadrinhos distribuídos nas

bancas.

Marcatti imprimia

suas revistas

Revista Frauzio, em 2000, pela editora Escala, sem

censura ou atenuantes sobre os quadrinhos

escatológicos.

O underground seria mais um filão mercadológico,

dirigido a aficionados, numa clara manifestação de

cultura pós-massiva.

Marcatti

dominava todo o

processo de

produção

No amplo espectro dos

quadrinhos underground cabe

toda representação

expressionista que traduza o

universo pessoal de seu autor.

Dos quadrinhos viscerais de um

Luciano Irrthum, ainda inédito no

circuito comercial, ao trabalho

onírico e metafísico de Edgar

Franco, vale todo tipo de

experimentação.

A arte

metafísica de

Edgar Franco

Edgar Franco é um expoente dos

quadinhos poético-filosóficos

onde criou um universo todo

próprio, tecendo a simbiose entre

ser humano e máquina.

Lançou fanzines, livros e álbuns

por conta própria e pela editora

independente Marca de Fantasia.

Transessência, pela

Marca de Fantasia

Com Mozart Couto lançou o álbum BioCyberDrama, pela

editora Opera Graphica, considerado um trabalho dos mais

significativos para os quadrinhos na atualidade.

Pesquisador da linguagem dos quadrinhos e novas

tecnologias, criou as Hqtrônicas.

Animação e uma nova proposta

narrativa para as HQ

no suporte digital.

Livro sobre HQtrônicas

e álbum de Edgar

Franco, este em

parceria com Mozart

Couto

Luciano Irrthum, revelação dos

quadrinhos marginais, enfocando

de forma virulenta e contundente

as neuroses urbanas próprias de

seus personagens.

Adaptações de Augusto dos Anjos

e Edgar Allan Poe.

O grotesco na obra

de Luciano Irrthum

Quadrinhos com forte impacto visual,

traço denso e nervoso.

Circula em autoproduções e por editoras

independentes.

Capa de Irrthum para o fanzine

Top! Top!

Traço grosseiro e “sujo”, próprio

dos quadrinhos underground