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TEMPO
RADA
OSESP
2018
n a t u r e z ad o s s o n s
MINISTÉRIO DA CULTURA E FUNDAÇÃO OSESP APRESENTAM
23.9RECITAIS
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23.9 domingo 19H
—LUKÁS VONDRÁCEK PIANO
—FRÉDÉRIC CHOPIN [1810-49]Polonaise-Fantasia em Lá Bemol Maior, Op.61 [1845-6]12 MIN
ROBERT SCHUMANN [1810-56]Carnaval, Op.9 [1834-5] PREÂMBULO PIERROT ARLEQUIM VALSA NOBRE EUSEBIUS FLORESTAN COQUETE RÉPLICA ESFINGES BORBOLETAS ASCH – SCHA (LETRAS DANÇANTES) CHIARINA CHOPIN ESTRELLA GRATIDÃO PANTALEÃO E COLOMBINA VALSA ALEMÃ INTERMEZZO: PAGANINI CONFISSÃO PASSEIO PAUSA MARCHA DA “LIGA DE DAVI” CONTRA OS FILISTEUS30 MIN
/INTERVALO
ALEXANDER SCRIABIN [1872-1915]Fantasia em Si Menor, Op.28 [1900]9 MIN
JOHANNES BRAHMS [1833-97]Sonata nº 1 Para Piano em Dó Maior, Op.1 [1853] ALLEGRO ANDANTE SCHERZO: ALLEGRO MOLTO E CON FUOCO FINALE: ALLEGRO CON FUOCO29 MIN
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1 Particularidades sobre o pianismo dos compositores aqui comentados remetem ao pianista e professor Sílvio Baroni.
2 Com o consentimento de Clara, Schumann chegou a processar Friedrich Wieck pelo direito de se casar com sua filha (PERREY, Beate [ed.]. The Cambridge Companion to Schumann. Cambridge University Press, 2007, versão digital).
CHOPIN Polonaise-Fantasia em Lá Bemol Maior, Op.61
Repertório essencial na formação de qualquer pianista, a obra de Fréderic Chopin (1810-49) pode ser conside-rada ao mesmo tempo fonte matriz e ápice do pianismo romântico. Sua escrita, profundamente idiomática, explora ineditamente o relevo do te-clado, formado pela diferença de ele-vação entre teclas brancas e pretas.1 Schumann, Brahms e Scriabin – para citar apenas os compositores deste programa – tiveram sua obra como referência fundamental.
O próprio Chopin, contudo, não apreciava apresentar-se em con-certos: preferia tocar nos salões da sociedade parisiense, que o acolheu bem desde sua chegada, ainda jovem, para instalar-se na capital francesa. Composta em 1846, a Polonaise-Fantasia em Lá Bemol Maior, Op.61, é um dos pontos cul-minantes do ciclo de peças inspi-radas em danças da Polônia, seu país de origem. Embora o subtítulo Fantasia denote liberdade formal e caráter improvisatório – Chopin era um grande improvisador –, sua es- trutura harmônica revela um cuida- doso planejamento composicional.
SCHUMANN Carnaval, Op.9
Robert Schumann (1810-56) teve, em sua juventude, a intenção de tornar-se um pianista virtuoso. Em 1828, ele se tornou aluno de Friedrich Wieck (1785-1873), cuja fama como professor associava-se aos recitais prodigiosos de sua filha Clara Wieck (1819-96), então com 9 anos. A convi-vência do jovem pianista-compositor com a pequena virtuose resultaria, anos depois, em um amor que a fu-riosa objeção do pai não consegui-ria conter: eles ficariam noivos em 1837 – após o término do noivado de Schumann com outra moça, Ernestine von Fricken (1816-44) – e se casariam em 1840.2 Nesse período, contudo, Schumann lesionou irreversivelmente a mão pelo uso de um instrumento mecânico que prometia fortalecer seus dedos. Desistindo da carreira de pianista, ele voltou suas forças
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3 Clara Schumann foi também uma compositora de mão cheia. Sua produção foi, contudo, limitada por suas obrigações como mãe (ela e Robert tiveram oito filhos) e concertista (suas turnês proviam uma parte considerável da renda familiar), somadas aos papéis atribuídos à mulher à época (MONTEIRO DA SILVA, Eliana. Clara Schumann: Compositora X Mulher de Compositor. São Paulo: Ficções, 2015).
4 Trata-se da Neue Zeitschrift für Musik (NZfM). Quatro anos antes, em seu artigo de estreia para o Allgemeine Musikalische Zeitung, Schumann escreveria sobre Chopin: “Tirem os chapéus, senhores, um gênio!” (SCHUMANN, Robert [traduzido e editado por PLEASANTS, Henry]. Schumann on Music: A
para a composição – tornando-se Clara sua principal intérprete3 –, e passou também a escrever artigos de crítica musical. Em sua produção musical e literária materializam-se personagens que, mais que heterô-nimos, são verdadeiros alter-egos do compositor e prenunciam a tragédia de sua fragilidade psicológica, que o levaria a tentar suicídio e a falecer em um sanatório.
O Carnaval, Op. 9, foi composto em 1835 – ano em que Schumann terminou o noivado com Ernestine e secretamente passou a se relacionar com Clara; conheceu Chopin – com-positor a quem tinha na mais alta estima; e assumiu a edição de uma importante revista de crítica musical.4 O título da obra alude a um desfile – talvez mais psicológico que literal – de personagens reais e imaginários: protagonistas da comedia dell’arte (“Pierrot”, “Arlequin”, “Pantalon e Colombina”), as alteridades principais do compositor, “Eusebius” e “Flores-tan” (o primeiro seu lado intimista e emotivo, o segundo sua face intem-pestiva e enérgica), Clara (“Chiarina”),
“Chopin” (que parece não ter gos-tado nada do simulacro), Ernestine (“Estrella”) e “Paganini” (cujo vir-tuosismo Schumann admirava). No meio do ciclo estão as “Esfinges”: três sequências de notas, geralmente não tocadas, que consistem em células motrizes de toda a composição – em alemão, elas se traduzem nas letras “S.C.H.A” “A.S.C.H.” e “As.C.H.”, pre-sentes nos nomes do compositor e da cidade natal de Ernestine, Asch. O ciclo termina com uma majestosa marcha, excentricamente em tempo ternário, na qual o triunfo da vanguar-da musical sobre o conservadorismo é metaforizado pela vitória bíblica do Povo de Davi contra os Filisteus.
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5 BALLARD, Lincoln; BENGTSON, Matthew; YOUNG, John Bell. The Alexander Scriabin Companion: History, Performance, and Lore. Rowman & Littlefield, 2017, versão digital.
6 SWAFFORD, Jan. Johannes Brahms: A Biography. New York: Vintage Books, p. 40.
SCRIABIN Fantasia em Si Menor, Op.28
Alexander Scriabin (1872-1915) nu-triu desde tenra idade uma grande admiração pela obra de Chopin, es-tudando-a profundamente antes mesmo de ingressar no Conservatório de Moscou, aos 16 anos. Assim como Schumann, Scriabin lesionou a mão direita em decorrência de estudos desmedidos – o que, se não o impe- diu de seguir carreira como pianista, direcionou seu foco à composição. Sua produção para o instrumento revisi- ta o pianismo de Chopin, com har-monias modernas e matizes russas – em cores que, sinestesicamente, ele de fato enxergava com os sons musicais. Em 1900, quando com-pôs a Fantasia em Si Menor, Op. 28, Scriabin já gozava de reputação internacional, lecionava no Conserva- tório de Moscou – posto que aban-donaria em 1903 para construir uma nova vida na Europa ocidental, deixan-do para trás também mulher e filhos –, e flertava com os estudos de filoso- fia e misticismo que tanto influen-ciariam sua produção posterior.5 A Fantasia é uma de suas peças mais difíceis – seu título e brilhantismo ocultam, contudo, uma sólida coe- são formal.
JÚLIA TYGEL é pianista, compositora e professora na Faculdade de Música Souza Lima e no Ensino à Distância da UFSCar. É doutora em Música pela USP, com estágio na City University of New York como bolsista CAPES/Fulbright.
BRAHMS Sonata no 1 Para Piano em Dó Maior, Op.1
Em 1853, Johannes Brahms (1833-97), então com 20 anos, bateu à casa dos Schumann com o propósito de mostrar-lhes suas composições. Robert e Clara tinham renomada reputação – ele como compositor e ela como uma das maiores pianistas de seu tempo – e poderiam abrir portas ao jovem músico. Brahms sentou-se ao piano e tocou sua enérgica Sonata em Dó Maior, claro fruto do vigor de sua idade.6 Impressionado com o talento do rapaz, o casal o acolheu como seu protegido, dando início a uma relação que até hoje suscita conjecturas: Clara tornou-se muito próxima a Brahms, tocando suas peças e oferecendo-lhe conselhos musicais – laços que manteriam por toda vida. Quando Robert esteve internado, em seus últimos dias, con-tudo, foi Brahms – e não Clara – quem lhe fez a última visita.
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LUKÁS VONDRÁCEK PIANO
—Ganhador em 2016 da reconhecida competição Internacional de Piano Rainha Elisabeth. Recentemente esteve em importantes salas de concerto do mundo, como o Suntory Hall em Tokyo e o Concertgebouw em Amsterdã. Já se apresentou com a Orquestra Nacional da Bélgica, as Sinfônicas da Baltimore e Sidney e a Filarmônica de Oslo. Também participou de grandes festivais, como o PianoEspoo na Finlândia.
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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE ESTADO DA CULTURA
SECRETÁRIOROMILDO CAMPELLO
COORDENADORA DA UNIDADE DE DIFUSÃO, BIBLIOTECAS E LEITURA
SÍLVIA ANTIBAS
FUNDAÇÃO OSESP
PRESIDENTE DE HONRAFERNANDO HENRIQUE
CARDOSO
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
PRESIDENTEFÁBIO COLLETTI BARBOSA
VICE-PRESIDENTEANTONIO CARLOS QUINTELLA
CONSELHEIROSALBERTO GOLDMANENEIDA MONACOHELIO MATTARJOSÉ CARLOS DIASLUIZ LARAMARCELO KAYATHMÔNICA WALDVOGELPAULO CEZAR ARAGÃOSTEFANO BRIDELLI
DIRETOR EXECUTIVOMARCELO LOPES
DIRETOR ARTÍSTICOARTHUR NESTROVSKI
SUPERINTENDENTEFAUSTO A. MARCUCCI ARRUDA
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/osesposesp.art.br
salasaopaulo.art.brfundacao-osesp.art.br
Marina Rheingantz
Araraquara, SP, 1983
Pântano, 2011
óleo sobre tela
210 x 330 cm
Acervo da Pinacoteca do Estado
de São Paulo, Brasil.
Doação do Banco Espírito
Santo, S/A por intermédio da
Associação Pinacoteca Arte
e Cultura - APAC, 2015
Crédito fotográfico: Isabella Matheus
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