Palestra discurso e poder

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Discurso e Poder

Profa. Nádia Biavati

Universidade Vale do Rio Doce- Letras/ GIT

Objetivos

Apresentar duas vertentes de Análise, a americana e a francesa

Abordar a Análise de discurso crítica como maneira de compreender papel e a importância da consciência crítica da linguagem, tanto para a educação quanto para a percepção da linguagem como um momento importante da vida social.

Hipóteses:

Os discursos constituem identidades e as instituições ajudam a representá-las.

As identidades, valores e práticas vêm produzindo, reproduzindo e naturalizando novas ordens sociais e as relações de poder.

A construção e representação das instituições pela mídia acontece com a projeção de imaginários por meio de ideologias que interpelam os sujeitos.

O referencial teórico-metodológico da ACD

A ACD é uma abordagem que compreende o texto em três dimensões- texto, prática discursiva e prática social. Nesse sentido, destacam-se:Os aspectos da dimensão textual, em que torna-se relevante considerar os elementos léxico-discursivos, micro e macrotextuais que perpassam as propagandas;O estudo da dimensão da prática discursiva, que se liga às convenções genéricas que demarcam significativamente as propagandas;O estudo dos aspectos ligados à prática social, de forma a desvendar o sistema de conhecimentos e crenças, práticas e valores vinculados às instituições sociais.

conceito importante: identidade relacional

O modo como apreendemos identidades relaciona-se à representação que se tem sobre algo.A representação atua simbolicamente para classificar o mundo e nossas relações no seu interior (HALL, 1997).A identidade é relacional (WOODWARD, 2000, p.9). As representações nos dizem o que algo é ou não é e dizem respeito à relação que temos com o outro . Por isso, a identidade é marcada pela diferença e pela similaridade. Elas se constituem pelas posições-de-sujeito.

Perspectivas dos estudos culturais

Perspectivas essencialistas na discussão sobre identidades: conjunto de características compartilhadas, pontos de convergência para todos os sujeitos de uma nação, raça, classe, etnia e/ou gênero.Pertencimento pelo “ser algo”Perspectivas não-essencialistas: focaliza diferenças bem como características compartilhadas, entende que há mudanças em processo e portanto, relações pela marcação simbólica.Identidades não são unificadas(op. Cit. ,p.14)Hall e Woodward: visão não-essencialista.

Discurso e representação

“Os discursos e os sistemas de representação constroem lugares a partir dos quais os indivíduos podem se posicionar e falar”(op. Cit. , 2000, p. 17)A representação inclui as práticas de significação e os sistemas simbólicos por meio dos quais os significados são produzidos, posicionando-nos como sujeitos. É por meio dos significados produzidos pelas representações que damos sentido à nossa experiência e àquilo que somos.

Uma concepção de representação para AD (woodward, 2000)

A representação é um processo cultural através do qual se estabelecem identidades individuais e coletivas e os sistemas simbólicos nos quais ela se baseia para tornar possível aquilo que somos ou algo em que queremos ou podemos nos tornar.

Aspectos da AD de tradição Francesa

Bases: Michel Pêcheux, Michel Foucault,

Interacionismo Socio-discursivo: M Bakhtin

Principais expoentes: Jacqueline Authier- Revuz, Courtine, Michel Pêcheux

AD Francesa

Discurso: palavra em movimento (Orlandi, 1999).

Uma teoria do discurso oriunda da corrente francesa de Análise de discurso reconhece a presença o discurso produzido no dialogismo da linguagem. Há as bases do Outro/outro no discurso, bem como uma heterogeneidade de vozes que atravessa os dizeres dos sujeitos enunciadores .

Linguagem marcada pelo dialogismo

A linguagem é vista como prática social fundamentalmente marcada pelo dialogismo, que segundo Authier-Revuz (1982) possui dupla orientação: um dialogismo que se refere ao diálogo do discurso com o discurso do outro da interlocução (o destinatário) e um dialogismo do discurso com os outros discursos, advindos da relação com o mundo, modelados no inconsciente. Esse duplo dialogismo manifesta-se na interação verbal que se estabelece entre o locutor e o interlocutor, e na intertextualidade produzida no interior do discurso, marcada pela interdiscursividade.

A palavra na perspectiva enunciativa

Portanto, a palavra não é monológica ou individual, mas implica sempre a expressão de um em relação ao outro, ela é orientada socialmente e constituída da interação entre interlocutores.

AUTHIER-REVUZ (1982, 1990, 2004) reflete sobre a presença do outro e do Outro na heterogeneidade de vozes presente nos vários discursos. Percebe-se a presença desses nos textos midiático, acadêmico, (etc), caracterizando a heterogeneidade presente nos textos em geral.

A visão dialógica e polifônica

Podemos afirmar, a partir desse contexto, que nossa palavra traz sempre a perspectiva da outra voz (Polifonia) e que ao dizer, o locutor estabelece um diálogo com o discurso do interlocutor, não como um simples decodificador, mas como a imagem de um contradiscurso.

O dialogismo da linguagem em Faroeste Caboclo

Agora o Santo Cristo era bandidoDestemido e temido no Distrito FederalNão tinha nenhum medo de políciaCapitão ou traficante, playboy ou general

Foi quando conheceu uma meninaE de todos os seus pecados ele se arrependeuMaria Lúcia era uma menina lindaE o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu

Ele dizia que queria se casarE carpinteiro ele voltou a ser"Maria Lúcia pra sempre vou te amarE um filho com você eu quero ter"

O tempo passa e um dia vem na portaUm senhor de alta classe com dinheiro na mãoE ele faz uma proposta indecorosaE diz que espera uma resposta, uma resposta do João

"Não boto bomba em banca de jornalNem em colégio de criança isso eu não faço nãoE não protejo general de dez estrelasQue fica atrás da mesa com o cú na mão

E é melhor senhor sair da minha casaNunca brinque com um Peixes de ascendente Escorpião"Mas antes de sair, com ódio no olhar, o velho disse:"Você perdeu sua vida, meu irmão

"Você perdeu a sua vida meu irmãoVocê perdeu a sua vida meu irmão

Gênero página de rede social

O referencial teórico da Análise Crítica do Discurso

Principais expoentes: Van Dijk, Kress, Fowler, N Fairclough)A terminologia discurso (FAIRCLOUGH, 2001) pode ser entendida de duas maneiras:Substantivo abstrato, conceito através do qual se entende o uso da linguagem como prática social;Substantivo comum, como o modo de significar a experiência a partir de uma perspectiva particular;Texto: palavra escrita ou falada produzida num evento discursivo.Prática discursiva: produção, distribuição e consumo de um texto.Ordem do discurso: totalidade de práticas discursivas de uma instituição e a relação entre elas.

Significados nos textos (FAIRCLOUGH, 2003)

Significado Acional

Siginificado Representacional

Significado Identificacional.

A análise crítico-discursiva considera a realidade dos textos como orientados pelas realidades sociais, passíveis das contingências das instituições.

A Propaganda como um gênero discursivo:

Apresenta-se em narrativas ou descrições

Simula diálogos com o leitor.

Segue as tendências do discurso:a conversacionalização; a democratização e a comodificação do discurso.

Cria marcas com o poder de tornar-se mais poderosas que o próprio produto.

O universo da moda

http://www.youtube.com/watch?v=H3zVITTz_OM&feature=player_detailpage

O universo infantil representado

O democratização do discurso

A construção de estereótipos

A representação de padrões

Considerações Finais

O papel da educação é despertar a consciência crítica da linguagem.

A análise de Discurso Crítica, como teoria e método, é um dos instrumentos de percepção, interpretação e explanação da realidade midiática, para a formação de cidadãos mais críticos.

Referências BHABHA, H. K. O local da cultura. Tradução de Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis, Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2001.BIAVATI, N. D. F. O lugar do trabalhador e das relações de trabalho em propagandas publicadas em revista brasileira de informação geral: um estudo de caso em ACD. 2001. 169 f. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Faculdade de Letras, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2001. FAIRCLOUGH, Norman. Discourse and social change. Oxford: Polity Press Blackwell Publishers Ltd., 1992a.FAIRCLOUGH, Norman. (Ed.) Critical language awareness. London: Longman Publishing, 1992b. p.1-29.FAIRCLOUGH, Norman. Language and power. 8th impression. New York: Longman. 1994.FAIRCLOUGH, Norman. Media Discourse. New York: Edward Arnold, 1995a.FAIRCLOUGH, Norman. Critical Discourse Analysis: The critical study of language. London: Longman, 1995b.FAIRCLOUGH, Norman. Linguistic and intertextual analysis within discourse analysis. In: JAVORSKI, A. e COUPLAND, Nikolas. (Ed.) The Discourse Reader. London: Rutledge, 1999. p.183-211.FAIRCLOUGH, Norman. New labor, new language? London: Routledge, 2000.FAIRCLOUGH, Norman. A análise crítica do discurso e a mercantilização do discurso público: as universidades. Trad. Célia Maria Magalhães. In: MAGALHÃES, Célia M. M. Reflexões sobre a análise crítica do discurso. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Série Estudos Lingüísticos, v.2, 2001.FAIRCLOUGH, N. Language and Globalization. New York: Routledge, .HALLIDAY, M.A.K. Introducion to functional grammar. London: Edward Arnold, 1988.