Patologia nodular da tireoide

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Nódulo da Tireóide

Faculdade de Medicina da Universidade do PortoServiço de CirurgiaTurma 5 - Grupo D

Alberto Paulo CostaAna Filipa Pedrosa

Ana Rita PombalJoão Carlos Costa

João Cláudio AntunesSetembro de 2006

Sumário

� Anatomia e Fisiologia� Abordagem de um caso clínico

� História clínica e Exame físico� Meios complementares de diagnóstico� Patologia� Terapêutica� Resumo

� Casos clínicos

Caso Clínico

• J.C.C.P, 58 anos, sexo masculino, apresenta-se com uma

massa, visível e palpável, no triângulo anterior esquerdo do

pescoço.

Anatomia da Tireóide

Fisiologia da Tireóide

� Iodo da dieta activamente transportada para células

foliculares da tireóide;

� Combinação com resíduos de tirosina da tireoglobulina,

formando monoiodotirosina (MIT) e diiodotirosina (DIT),

necessárias para a formação de T3 e T4;

� T4 exclusivamente produzido na tireóide. 80% T3 formada a

partir de T4 em tecidos periféricos.

Regulação da Tireóide

� Loops inibitórios:

� Auto-regulação: Independente do TSH, dependente do intake de iodo;

� Resposta a outras hormonas (adrenalina, hCG…).

Função da Tireóide

� Hormonas tiroideias afectam quase todos ossistemas orgânicos:� desenvolvimento cerebral fetal e maturação esquelética;

� aumento do consumo de O2, taxa metabólica basal e produção de calor;

� efeito iono e cronotrópico positivo;

� regulação centro respiratório;

� aumento motilidade GI;

� aumento turnover ósseo e velocidade contracção e relaxamento muscular;

� aumento glicogenólise, gliconeogénese, absorçãointestinal glicose e síntese e degradação colesterol;

Epidemiologia

� Nódulo da tireóide palpável em 4-7% dos adultos

americanos, proporção de 5 mulheres para um homem;

� Identificável em 50% das autópsias;

� 1% dos cancros no homem (40 casos/ 1 milhão pessoas);

� Menos de 0,5% da mortalidade por cancro;

� Taxa de incidência cancro tireóide: 4/100000/ano.

Nódulo da Tireóide

� Que estratégias de diagnóstico devem ser seguidas?

Contexto ClínicoQuestão principal:

O nódulo é benigno ou maligno?

Grande maioria são benignos - 80%

Contexto Clínico

Nódulos da tireóide podem ser:

� Assintomáticos/ sintomáticos;

� Pequenos/ grandes;

� Únicos/ múltiplos;

� Descobertas acidentais/ “Incidentalomas”.

Clínica associada ao nódulo da tireóide:

� Alterações morfológicas (compressão/ invasão);

� Alterações funcionais (hipo/ hipertireoidismo).

História Clínica

Identificação do doente:� Sexo;� Idade;� Naturalidade e residência;� Profissão.

História da doença actual: � Início;� Dor;� Sintomas de hiper/ hipotireoidismo;� Outros sintomas associados;� Compressão;� Evolução.

História Clínica

Antecedentes pessoais e familiares:

� História de patologia da tireóide;

� História de neoplasias/ síndromes endócrinos;

� História de doença auto-imune;

� História de exposição a radiação (cabeça e pescoço).

Fármacos

Exame FísicoInspecção

Palpação

Exame Físico

� Caracterizar nódulo:� Localização;� Tamanho;� Limites;� Mobilidade/ aderência;� Mobilidade com movimentos musculares; � Consistência;� Pulsatilidade;� Dor.

� Palpar cadeia de nódulos linfáticos cervicais; � Avaliar sinais de hipo/ hipertireoidismo;� Pesquisar sinais de compressão/ invasão.

Factores de risco:

Malignidade

Suspeita de malignidade:

� História familiar

� Idade

� Irradiação cervical prévia

� Geografia

�Sexo

� Crescimento nodular rápido

�Nódulo duro

�Nódulo superior a 4 cm

�Fixação a estruturas adjacentes

�Paralisia de cordas vocais

�Adenomegalias cervicais

�Metástases distantes

Meios Complementares de Diagnóstico

Estudo FuncionalDoseamento sérico de:

� TSH (screening)

� T3 e T4 livres (se TSH alterado)

� anticorpos anti-tireoideus

� Anti-Tg; anti-TPO; TRAb

� calcitonina

� Carcinoma medular da tireóide familiar (MTC) e esporádico,

MEN2.

Ecografia

� Detecção de nódulos tireóideus não palpáveis;

� Número e tamanho dos nódulos;

� Distinção entre nódulos císticos e sólidos.

Cisto tireoideu complexo

Ecografia

� Método inócuo e não invasivo;

� Dependente do operador;

� Identificação de adenopatias adjacentes;

� Monitorização da evolução dos nódulos;

� Importante para guiar a biópsia aspirativa com agulha fina

(BAAF) em caso de nódulos dificilmente palpáveis.

Não é fiável na distinção entre nódulos benignos e malignos

Cintigrafia (123I, 99mTc)

� Caracterização morfo-funcional ;

� Áreas hipofuncionantes: frias;

� Áreas hiperfuncionantes: quentes;

� Risco de malignidade maior nos

nódulos frios (15-20%) que nos

quentes (<5%).

Não deve ser usado para distinguir nódulos malignos de benignos

Cintigrafia (123I, 99mTc)

Principais indicações:

� Quando TSH diminuída, faz a distinção entre doença de

Graves e nódulo tóxico;

� Despiste de eventuais metástases e tecido tireóideu residual

em doentes submetidos a tireoidectomia total.

TC e RMN

� Não necessários para estudo de rotina de nódulos tireoideus;

� Avaliação da extensão intra-torácica de bócio;

� Análise da compressão de estruturas adjacentes;

� Estadiamento de neoplasias malignas.

� Pesquisa de metástases em pacientes com cancro da tireóide,

quando outros estudos são negativos;

� Muito dispendioso.

PET

Biópsia Aspirativa com Agulha Fina

� Para o estudo primário de doentes com nódulo da tireóide.

� Nos incidentalomas, é utilizada apenas no caso de de história familiar de carcinoma da tireóide ou de irradiação do pescoço ou da cabeça;

� Não diferencia adenoma de carcinoma folicular;

� Seguro, acessível, boa relação custo-benefício;

� O resultado determina o tipo de tratamento a seguir.

Pequena % de falsos negativos

�Indeterminado

�Benigno

�Suspeito

�Maligno

Biópsia Aspirativa com Agulha Fina

Adaptado de Schwartz’s

Nódulo da tireóide

BAAF e citologia

Indeterminado

Repetir BAAF

MalignoSuspeito ou NeoplasiaFolicular

Benigno

Cisto Nódulo colóide

Níveis de TSH TSH suprimida

Cintigrafia

Nódulo tóxico Graves

Díficilpalpar

Ecografia

Patologia Nodular da Tireóide

Doente com nódulo da Tireóide…Em que patologia pensar?

Patologia Nodular da TireóideBócio

Bócio difuso Bócio nodular

Doença de GravesBócio não tóxico difusoTiroidite de Hashimoto

Outras tiroidites

Bócio multinodular Bócio uninodular

Bócio toxíco multinodularBócio não toxíco multinodular

Tiroidite de Hashimoto

Adenoma tóxicoNódulo coloide

CistoFoco de tiroidite

Adenoma folicularCarcinoma folicularCarcinoma papilar

Carcinoma medularCarcinoma anaplástico

Linfoma da TireóideMetástases

Patologia Funcional da Tireóide

Eutiroidismo

Aumento de T3 e/ou T4Hipertiroidismo

Diminuição de T3 e/ou T4Hipotiroidismo

Doença de GravesBócio tóxico multinodular

Adenoma tóxicoAdenoma/carcinoma folicular

Tempestade tireoideiaFase inicial das tireoidites

Bocios não tóxicosTireoidite de Hashimoto

Tireoidite de RiedelOutras tireoidites

Nódulo da Tireóide

Nódulo TireoideuBAAF

Benigno65%

Suspeito20%

Maligno5%

CistoNódulo coloide

Nódulos microfolicularTireoidite linfocítica

Adenoma folicularCarcinoma folicular

Carcinoma das célulasde Hürtle

Carcinoma papilarCarcinoma medular

Carcinoma anaplásticoLinfoma da tireóide

Metástases

Não diagnóstico10%

Doença de Graves

� Bócio tóxico difuso vs bócio tóxico com estrutura

multinodular ;

� Maior incidência no sexo feminino (5:1) e entre os 40 e 60

anos;

� Doença autoimune;

� Ig’s estimuladoras dos

receptores TSH;

� Hipertiroidismo.

Bócio Multinodular Tóxico

� História prévia de um bócio

multinodular não tóxico;

� Hipertiroidismo;

� Maior incidência no sexo

feminino e em indivíduos

com mais de 50 anos.

Adenoma Tóxico

� Nódulo autónomo produtor de hormonas tireoideias;

� Associação a mutação somática no receptor TSH;

� Hipertiroidismo (se o nódulo > 3 cm);

� Mais frequente em indivíduos jovens.

Bócio não Tóxico

� Difuso , multinodular e uninodular ;

� Eutiroidismo ou hipotiroidismo;

� Hiperplasia difusa de tireóide

vs hiperplasia focal;

� Causas:

� Deficiências enzimáticas na síntese hormonal;

� Deficiência de iodo;

� Tiroidites;

� Resistência às hormonas tiroideias;

� ...

Tireoidite de Hashimoto

� Bócio difuso vs bócio

com estrutura multinodular ;

� Doença auto-imune;

� Mais frequente nas mulheres

(10:1) de meia idade (30 a 50 anos);

� Hipotiroidismo;

� Tireoidite linfocítica aumenta 80 vezes o risco de Linfoma

da Tireóide .

Cisto

� Nódulo com conteúdo líquido mais ou menos homogéneo;

� Simples vs complexo;

� Benigno vs maligno;

� Os cistos complexos têm que ser aspirados e submetidos a

estudo citológico;

� Adenopatia cervical cística até prova em contrário é

metástase de carcinoma papilar cístico.

Nódulo ColóideNódulo Microfolicular

Nódulo Colóide :

� Normalmente benigno;

� 60 a 70% dos resultados das BAAF revelam material

colóide;

� Resulta de hiperplasia focal da glândula;

� Nódulo colóide com mais de 3 cm tem indicação cirúrgica.

Nódulo Microfolicular :

� Resulta de hiperplasia focal da glândula.

Adenoma ou Carcinoma Folicular?

� Neoplasia com origem no epitélio folicular;

� Lesão geralmente solitária, esférica e indolor;

� Cápsula bem delimitada vs cápsula invadida;

� BAAF inconclusiva, diagnóstico de malignidade é feito na

peça, após cirurgia;

� 20% dos tumores foliculares são malignos;

� A neoplasia maligna representa 10% dos carcinomas da

tireóide e é mais frequente em pessoas idosas.

Adenoma ou Carcinoma Folicular?

� Ocorre predominantemente em regiões pobres em iodo;

� Uma pequena % dos nódulos são autónomos, causando

tireotoxicose;

� Metástases sobretudo por via hematogénea para pulmão,

esqueleto e fígado.

� Carcinoma das células de Hürtle : subtipo de carcinoma

folicular da tireóide.

Carcinoma Papilar

� Carcinoma mais comum, representa 80% de todos os

carcinomas tireoideus;

� É o carcinoma da tireóide predominante nas crianças,

jovens e indivíduos expostos a radiação prévia;

� Apresentação bimodal;

� São nódulos não funcionantes, de crescimento lento,

estimulados pela TSH;

� Metastização linfática para gânglios regionais (é mandatória

a sua pesquisa no exame físico).

Carcinoma Papilar

� Ocorre predominantemente em

regiões ricas em Iodo;

� Neoplasia geralmente com muito

bom prognóstico;

� Variantes de melhor prognóstico:

microcarcinoma, cístico e capsulado;

� Os nódulos associados a translocações RET são mais

agressivos;

� Formas familiares de carcinoma papilar.

Carcinoma Medular

� 5% dos carcinomas da tireóide;

� Tumor tem origem nas células C da tireóide;

� Nódulo secretor de calcitonina e outros péptideos;

� Metastização ganglionar;

� Surge de forma esporádica - 75% dos casos - ou familiar -

25% dos casos.

� Associado a mutações do proto-oncogene RET;

� As formas familiares podem surgir associadas a outros

tumores - MEN2 – Neoplasia Endócrina Múltipla tipo 2.

Carcinoma Medular

� Mandatória a pesquisa de mutação RET;

� Nos casos familiares há indicação para tireoidectomia

profiláctica na infância;

� Casos esporádicos:

� Nódulo unilateral;

� Mais frequente depois dos 50 anos;

� Casos familiares:

� Nódulos bilaterais;

� Indivíduos jovens;

� Mais agressivo, sobretudo MEN 2b.

Carcinoma Anaplástico

� Mais raro - 1% dos casos - mas também o mais agressivo;

� Surge principalmente em mulheres idosas;

� Muito mau prognóstico, sobrevida ao fim de um ano é 0%;

� Massa cervical sólida e irregular, de crescimento rápido e

doloroso, que envolve rapidamente toda a glândula e

tecidos adjacentes;

� Sintomas obstrutivos;

� Metástases ganglionares e pulmonares frequentes.

Linfoma da Tireóide

� Menos de 1% de todas as neoplasias malignas da tireóide;

� Complicação de uma tireoidite autoimune crónica vs linfoma

da tireóide secundário a uma leucemia;

� Nódulo de crescimento rápido;

� Linfoma geralmente não-Hodgkin;

� Boa resposta a quimio e radioterapia.

TERAPÊUTICA

Nódulos Benignos na BAAF

� Nenhum tratamento com seguimento clínico periódico.

ALTERNATIVAS� Aspiração;

� Cirurgia;

� Terapêutica com levotiroxina;

� Injecção de etanol.

Cirurgia

� Vantagens:

� Exérese do nódulo;

� Alívio completo dos sintomas;

� Diagnóstico histológico definitivo;

� Único tratamento definitivo.

� Desvantagens:

� Necessidade de hospitalização;

� Custo elevado;

� Complicações da cirurgia:

� Paralisia das cordas vocais;

� Hipoparatireoidismo;

� Hipotireoidismo.

Supressão da TSH com Levotiroxina

� Vantagens:� Não necessita de hospitalização;

� Baixo custo;� Diminuição do tamanho do nódulo;� Pode prevenir o aparecimento de novos nódulos.

� Desvantagens:� Baixa eficácia;� Tratamento de longa duração;� Incidência de recorrência dos nódulos elevada;

� Risco de arritmias cardíacas;� Risco de osteoporose;

� Sem interesse para lesões independentes da TSH.

Injecção de Etanol

� Vantagens:

� Não necessita de hospitalização;

� Relativo baixo custo;

� Diminuição do tamanho do nódulo;

� Não causa hipotireoidismo.

� Desvantagens:

� Experiência limitada com o tratamento;

� Sucesso dependente da habilidade do operador;

� Doloroso;

� Efeitos laterais potencialmente graves (trombose da veia jugular, hematomas);

Nódulos Tóxicos

� Geralmente benignos

� Iodo radioactivo;

� Cirurgia;

� Injecção de etanol;

� Terapia antitireoidea.

Terapia Antitireoidea

� Vantagens:

� Não necessita de hospitalização;

� Baixo custo;

� Diminuição do tamanho do nódulo;

� Menor incidência de hipotireoidismo.

� Desvantagens:

� Redução de tamanho pouco efectiva;

� Risco de hipotireoidismo;

� Efeitos colaterais: exantema, febre, agranulocitose.

Iodo Radioactivo

� Vantagens:

� Não necessita de hospitalização;

� Baixo custo;

� Diminuição do tamanho do nódulo.

� Desvantagens:

� Contra-indicado na gravidez e amamentação;

� Risco de hipotireoidismo;

� Risco de tireoidite por radiação e tireotoxicose;

� Redução gradual e lenta do nódulo.

Nódulos Suspeitos na BAAF

� Remoção cirúrgica

Nódulos Malignos na BAAF

� Lobectomia;

� Tireoidectomia total;

� Linfadenectomia.

Nódulos Malignos – Follow-Up� Carcinoma Diferenciado

� Terapêutica ablativa com I131;

� Supressão da TSH com levotiroxina;

� Doseamento de níveis séricos de tireoglobulina;

� Doseamento de níveis séricos de atc antitireoglobulina;

� Cintigrafia.

� Carcinoma Indiferenciado

� Radioterapia e quimioterapia.

� Carcinoma Medular

� Doseamento da calcitonina.

Tratamento Gold-Standard

� Indicações para Remoção Cirúrgica :

� Características citológicas e clínicas sugestivas de cancro;

� Nódulo suspeito;� Nódulo tóxico;� Sintomatologia;� Razões estéticas.

Resumindo...

� Bócio Difuso e Nodular

� Carcinoma da Tireóide

Bócio Difuso e Nodular� O Essencial do Diagnóstico:

� Nódulos solitários ou múltiplos detectados à palpação;

� Podem estar associados a sintomas de compressão (disfagia, dispneia);

� Determinação da TSH e tiroxina livre (FT4);

� BAAF para nódulos solitários ou dominantes.

� Diagnóstico Diferencial:

� Doença de Graves (bócio tóxico difuso);

� Tiroidite auto-imune;

� Carcinoma.

Carcinoma da Tireóide

� O Essencial do Diagnóstico:� História de irradiação do pescoço;� Com frequência nódulo indolor, duro – disfagia e/ou

rouquidão;� Linfadenopatia cervical quando há metástases locais;� Provas funcionais da tireoide normais – não regride com a

administração de hormona tireoideia.

� Diagnóstico Diferencial:� Tiroidite;� Outras massas do pescoço e outras causas de

linfadenopatia;� Quisto do canal tiroglosso;� Nódulos benignos.

Carcinoma da Tireoide

� Tratamento:

� BAAF é o melhor meio para fazer distinção entre nódulos benignos e malignos;

� Tireoidectomia total para carcinoma; iodo radioactivo no pós-operatório para doentes seleccionados com metástases ávidas de iodo; quimioterapia combinada em tumores anaplásticos;

� Prognóstico em função do tipo celular e da histologia: carcinoma papilar apresenta excelentes perspectivas, o anaplásico, as piores;

� Carcinoma medular é tipicamente refractário à quimioterapia e irradiação.

Carcinoma da Tireoide

� Em doentes submetidos a irradiação na infância –

prática frequente antigamente – um nódulo

tireoideu é maligno até prova em contrário.

� Adenopatia cística cervical até prova em contrário

é metástase de carcinoma papilar.

Esquematizando...

Caso Clínico

� Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Caso Clínico

Identificação:

� J.C.C.P.;� 58 anos;� Sexo masculino;� Raça caucasiana;� Casado;� Residente em Viana do

Castelo;� Natural de Viana do

Castelo;� Contabilista.

Caso Clínico

� Queixa Principal

� Bócio

� História da doença actual:

� Assintomático até Junho de 2006, altura em que notou um bócio difuso da glândula tireóide;

� Nega disfagia e rouquidão, bem como sintomas de hipo/hipertireoidismo;

� Refere dispneia para algumas posições.

Caso Clínico

� Antecedentes pessoais:

� Nega antecedentes de patologia tireoideia;

� Nega exposição a radiação externa;

� Nega neoplasias endócrinas.

� Antecedentes familiares:

� Mãe com história de bócio;

� Dois irmãos com história de nódulos tireoideus, de diagnóstico citológico desconhecido, ambos sujeitos a tireoidectomia.

Caso Clínico

� Exame físico geral:� Traqueia sem desvios;

� Sem sinais de hipo/hipertireoidismo;

� Mucosa e língua sem alterações.

� Exame físico da tireóide:� Inspecção:

� Aumento difuso da glândula - pouco marcado.

� Preservação da mobilidade da glândula.

Caso Clínico

� Palpação:

� Aumento difuso da glândula;

� Nódulo palpável, na região supraclavicular esquerda, 3-4 cm, não doloroso, consistência mole, de bordos regulares, sem fixação aos tecidos adjacentes, não pulsátil;

� Sem adenomegalias cervicais palpáveis.

� Auscultação:

� Sem sopros audíveis.

Caso Clínico

� Exames complementares de diagnóstico:

� Análise laboratorial:� TSH – Normal.

� Ecografia:� Bócio multinodular, com nódulo dominante no lobo

esquerdo.

� BAAF:� Nódulo Colóide.

Caso Clínico

� Atitude Terapêutica:

� Tireoidectomia

Caso Clínico

� M.D.C.F.;� 16 anos;� Sexo feminino;� Raça caucasiana;� Solteira;� Residente em Vila Nova

de Gaia;� Natural do Porto;� Estudante.

Identificação:

Caso Clínico

� Queixa Principal

� Nódulo visível e palpável no triângulo anterior direito do pescoço

Caso Clínico� História da doença actual:

� Assintomática até Agosto de 2002, altura em que notou um nódulo cervival visível, palpável e móvel com a delutição ;

� Refere disfagia e odinofagia, bem como sintomas de hipertireoidismo:

� Aumento da sudorese;

� Palpitações;

� Hiperfagia;

� Emagrecimento - 4 quilos em 1 mês;

� Diarreia;

� Insónias;

� Hiperactividade;

� Nega dispneia e rouquidão.

Caso Clínico

� Antecedentes pessoais:

� Nega antecedentes de patologia tireoideia;

� Nega exposição a radiação externa;

� Nega neoplasias endócrinas.

� Antecedentes familiares:

� Sem antecedentes de patologia tireoideia.

Caso Clínico

� Exame físico geral:� Sinais de hipertireoidismo:

� Aumento da sudorese;

� Taquicardia;

� Exame físico da tireóide:� Inspecção:

� Nódulo móvel com a deglutição no triângulo anterior direito cervical.

Caso Clínico

� Palpação:

� Nódulo palpável, na região supraclavicular direita, 3 cm, não doloroso, consistência dura, de bordos regulares, sem fixação aos tecidos adjacentes, não pulsátil;

� Sem adenomegalias cervicais palpáveis.

Caso Clínico

� Exames complementares de diagnóstico:

� Análise laboratorial

� Ecografia

� BAAF

Caso Clínico

� Ecografia

09/08/2006

Caso Clínico

Ecografia:

� “Nódulo solitário da tireóide na transição do lobo direito com o istmo, relativamente homogéneo, sólido, de limite relativamente bem definido (...) restante parênquima

tireoideu quer à direita quer à esquerda não demonstrou aterações (...) pequenos gânglios satélites ao polo inferior da tireóide sobretudo à direita e no istmo.”

Caso Clínico

0.65 - 1.91 ng/ml

4.7 - 11.1 ug/dl

5.89*

19.0*

T3T4

0.350 - 5.000 mUI/L0.011*TSH

200 - 800 /mm3605Monócitos

1500 - 4000 /mm33524Linfócitos

até 100 /mm336Gran. Basófilos

40 - 400 /mm3401*Gran. Eosinófilos

4000 - 11000 /mm3

2000 - 11000 /mm3

89004334

Leucócitos Gran. Neutrófilos

Hemograma

Valores de Refer.Resultado Actual

19/08/2002

Caso Clínico

<= 40 UI/ml = NR1 986 = R *Atc Anti-tiroglobulina

1.7 – 3.7 pg/ml

0.70 – 1.48 ng/dl

2.41.01

T3 livreT4 livre

0.350 - 5.000 mUI/L< 0.004*TSH

200 - 800 /mm3746Monócitos

1500 - 4000 /mm34723*Linfócitos

até 100 /mm368Gran. Basófilos

40 - 400 /mm3486*Gran. Eosinófilos

2000 - 11000 /mm35277Gran. Neutrófilos

4000 - 11000 /mm311300*Leucócitos

Hemograma

Valores de Refer.Resultado Actual

23/09/2002

Caso Clínico

� BAAF

“O exame micorscópico dos esfregaços mostra elevada celularidade , composta por células foliculares isoladas e em

agrupamentos superpostos, de aspecto papilífero . As células possuem núcleos aumentados de volume, por vezes irregulares e contendo fendas , bem como células com citoplasma amplo e

denso. Observam-se igualmente células gigantes multinucleadas, macrófagos e colóide de aspecto viscoso.

Achados citológicos compatíveis com o diagnóstico de Carcinoma Papilar da tireóide.”

Caso Clínico

� Atitude Terapêutica

� Tireoidectomia total;

� Esvaziamento ganglionar;

� Ablação de tecido tireoideu restante com Iodo radioactivo;

� Levotiroxina;

Caso Clínico

� Relatório Anatomopatológico

� “(...) exame extemporâneo de gânglio linfático (...) exame histológico confirma o resultado (...) observando-se metástases ganglionares de

carcinoma papilar.”

� “(...) istmo e lobo esquerdo com múltiplos pequenos nódulos (...) o parênquima tireoideu restante apresenta lesões de tireoidite linfocíticae hiperplasia papilífera (...)”

� Metástases ganglionares várias.

2/10/2002

Caso Clínico

<= 35 UI/ml = NR16 = NRAtc Anti-peroxidase

<= 40 UI/ml = NR746 = R *Atc Anti-tiroglobulina

<= 55 ug/l< 0.5Tiroglobulina

0.380 – 4.940 mUI/L45.867 *TSH

Valores de Refer.Resultado Actual

11/11/2002

Caso Clínico

� Cintilograma. 11/11/2002

� “revela imagem de coto tiroideu restante.”

� “metástases cervicais, supraclaviculares e mediastínicas negativa.”

� Terapêutica com I131.18/02/2003

� “No cintilograma de pesquisa efectuado ao 8º dia após terapêutica, foi evidente um foco de captação cervical compatível com a presença de

tecido tireoideu funcionante. Não foram evidentes outros focos de hiperfixação patológica do radiofármaco.”

� Cintilograma de pesquisa. 13/10/2004

� “não revela evidente imagem de fixação do 131 Iodo compatível com

tecido tiroideu funcionante. Pesquisa de metástases negativa.”

Caso Clínico

� Terapêutica e Seguimento

� Opoterapia com Levotiroxina;

� Doseamento de T3, T4, TSH e tireoglobulina.

PARABÉNS

Sus

Neves

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