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FUNDAO JOO PINHEIRO SECRETARIA DE ESTADO
DE TRANSPORTES E OBRAS PBLICAS DE
MINAS OERAJS
PLANO DIRETOR DE USO E
OCUPAO DO SOLO PARA
MUNICPIO DE RIO NOVO
Belo Horizonte Outubro 2002
G o v e r n o d e M i n a s (i e r a i s
G O V E R N A D O R DO ESTADO DE MINAS GERAIS
Itumar Augusto Cauticro Franco
S E C R E T A R I O DE ESTADO DE T R A N S P O R T E S E OBR A S PBLICAS
Marco Antnio Marques de Oliveira
SECRETRIO DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E COORDENAO GERAL
Frederico Penido de Alvarenga
F U N D A O JOO PINHEIRO
PRESIDENTE
Ricardo Carneiro
C E N T R O DE ESTUDOS MUNICIPAIS E M E T R O P O L I T A N O S
Benjamin Alves Rabello Filho
DIRETOR G E R A L DO D E P A R T A M E N T O DE AV1O CIVIL
Maj.-Brig.-do-Ar Venncio Grossi
PLANO DIRETOR DE USO E OCUPAO DO SOLO
PARA O MUNICPIO DE RIO NOVO
Convnio de cooperao celebrado entre a Secretaria de Estado de
Transportes e Obras Pblicas (SETOP) e a Fundao Joo Pinheiro (FJP),
objetivando a elaborao do anteprojeto de lei do Plano diretor de uso e
ocupao do solo para os municpios de Goiana e Rio Novo, em funo da
construo do Aeroporto Regional da Zona da Mata/MG, em 27 de dezembro
de 2001.
Fundao Joo Pinheiro. Centro de Hstudos Municipais e Metropolitanos.
Plano diretor de uso e ocupao do solo para o municpio de Rio Novo. - Beio Horizonte, 2002.
134p. il.
1. Plano diretor - Rio Novo. 2.Uso do solo - Rio Novo. 3. Ocupao do solo - Rio Novo. 4. Aeroporto -Rio Novo. I Titulo
CDU: 711.16 (815.12 Rio Novo)
FUNDAO JOO PINHEIRO
PLANO DIRETOR DE USO E OCUPAO DO SOLO PARA O MUNICPIO DE RIO NOVO
Belo Horizonte
Outubro 2002
G o v e r n o d c M i n a s G e r a i s
F U N D A ^ O J O O PINHKIRO Alameda das Acacias, 70 Sao I.uiz Bclo Horizonte - MG CEP 31275.150 Telefone: (31)3448.9400 Fax:(31)3448.9588 F.-mail: gcral@fjp.gov.br Site: http://vvvvw.ijp.gov.br
mailto:gcral@fjp.gov.brhttp://vvvvw.ijp.gov.br
FUNDAO JOO PINHEIRO
EQUIPE TCNICA
C O O R D E N A O - SECRETARIA DE ESTADO DI: TRANSPORTES H OBRAS
PBLICAS:
Jlio Csar Diniz de Oliveira
C O O R D E N A O - F U N D A O J O O PINHEIRO
Delio Araujo Cunha
ELABORAO - F U N D A O J O O PINHEIRO
Achilles Pitanga Maia Buseeio
Delio Araujo Cunha
Deusdedit Soares dos Santos
Marcelo dc Matos Versiani
Maria Izabel Marques do Vale
Slvio Ferreira de Lemos
APOIO ADMINISTRATIVO
Eguimar Rodrigues Barroso
Ftima Maria de Almeida Pinto
Ktia Aparecida Silva
C O L A B O R A O
Jos Maria Gonalves de Castro (Prefeito)
Brenildo Ayres do Carmo ( Assessor jurdico)
Flvio Rodrigues Melo (Secretrio de obras)
Euiz Carlos (Secretrio de eventos e turismo)
Sheila Cock Moreira de Oliveira (Secretaria de Transportes e Obras Pblicas)
CAPA: Wagner Bottaro
COPIDESQUE: Luiz Carlos Freitas Pereira
NORMALIZAO: Helena Schirm
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
III
FUNDAO JOO PINHEIRO G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
S U M R I O
1 I N T R O D U O 1
2 D E S C R I O DO E M P R E E N D I M E N T O 4
3 C A R A C T E R I Z A O IX) MUNICPIO DE RIO N O V O 11
4 ASPECTOS S O C I O E C O N M I C O S 25
4.1 Ocupao do sudeste de Minas Gerais 25
4.2 Funcionalidade da economia mineira c regional 27
4.3 Organizao social e poltica 33
5 S U G E S T E S DE T R A B A L H O MUNICIPAL 43
6 LEI DE USO E O C U P A O DO SOLO E N T O R N O DO
A E R O P O R T O REGIONAL DA ZONA DA MATA 50
7 P R O P O S T A S 64
8 A N T E P R O J E T O DE LEI DO PLANO DIRETOR DE
O R G A N I Z A O T E R R I T O R I A L DO MUNICPIO DE RIO N O V O 68
9 ANLISE DOS ASPECTOS DE S A N E A M E N T O 85
10 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 115
7003
IV
FUNDAO JOO PINHEIRO
1 I N T R O D U O
A escolha do novo stio aeroporturio para abrigar as operaes da
aviao regular da Regio da Zona da Mata foi motivada pelas restries de ampliao
da pista do Aeroporto Francisco de Assis cm Juiz de Fora, que teria como objetivo o
atendimento de aeronaves de maior porte. As possibilidades de expanso da infra-
estrutura atual so tambm bastante restritas, em virtude das limitaes impostas pelas
dimenses do stio, pela proximidade com loteamentos residenciais no entorno, alm da
topografia acidentada que predomina em toda a regio.
Diante desse empreendimento de porte significativo na Zona da Mata,
sediado nos municpios de Rio Novo c Goiana, a Secretaria de Transportes e Obras
Pblicas preocupa-se no apenas com as obras, mas com a sua insero no territrio
municipal, em termos do comprometimento ambiental e principalmente com o impacto
na comunidade, em termos do retomo social. Desta forma, este documento apresenta o
anteprojeto de lei que institui o Plano Diretor de Uso e Ocupao do Solo de Goiana e a
Lei de L'so e Ocupao do Solo do em tomo do Aeroporto Regional da Zona da Mata,
elaborado pelo Comando da Aeronutica
O trabalho foi desenvolvido em uma efetiva parceria com Poder Pblico
e a comunidade, tendo como suporte e princpios assegurar a equidade social e a
sustentao ambiental, como tambm o fato de trazer as diretrizes fundamentais para a
comunidade local, constituindo para isso espao de eo-gesto pblica, indicando um
novo papel para o poder pblico municipal.
O futuro desejado para Goiana tambm um futuro que deve ser
construdo. File no est dado por si, no presente. Pelo contrrio, apresenta-se na
atualidade s como possibilidade e, em grande medida, negao da realidade imediata e
seus limites. Nesse sentido, o futuro desejado muito mais que o saneamento e tem
como fator decisivo para sua conquista as aes c diretrizes que se apresentam como
Mod 7003
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
1
FUNDAO JOO PINHEIRO
alternativas de desenvolvimento e fortalecimento da comunidade, reunidas nesse Plano
Diretor.
Para a elaborao deste trabalho, que procura, ao final indicar as reas
mais adequadas ocupao humana de acordo com as potencialidades e limitaes do
uso existente, necessrio fazer uma descrio das atuais condies ambientais, sociais
e econmicas encontradas no municpio. Para tanto, foram selecionados indicadores que
caracterizam os meios fsicos e biticos c as condies atuais de preservao de seus
recursos ambientais, (mapa 1)
MtxJ 7003
2
G o v e r n o d c M i n a s G e r a i s
Fi M>\- M i n a > l i t r
Mapa 1 - MESORREGIO ZONA DA MATA MINAS GERAIS - 2002
Fontes Fundao Ja3o Pinheiro (FJP). Centro de Estudos Mun
FUNDAO JOO PINHEIRO
2 DESCRIO DO E M P R E E N D I M E N T O
O local proposto para implantao tio Aeroporto Regional da Zona da
Mata fica a 35 quilmetros de Juiz de Fora, na divisa dos municpios de Goiana e Rio
Novo. Partindo de Juiz de Fora, o acesso feito pela MG-353, passando pelos
municpios de Coronel Pacheco e Goiana. O stio encontra-se a oito quilmetros da sede
dc Rio Novo. no lugar onde atualmente se implantou a MG-353 , que neste trecho possui
um traado retilneo de aproximadamente quatro quilmetros (mapa 2).
O Aeroporto Regional da Zona da Mata ser dotado de infra-estrutura
adequada ao atendimento da demanda de passageiros e carga da regio, em substituio
ao atual Aeroporto Francisco de Assis, em Juiz de Fora. Essa regio vem apresentando
boas perspectivas de desenvolvimento econmico e ampliando suas relaes comerciais
com grandes centros como So Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, com reflexos
diretos no potencial para o transporte de carga.
O Aeroporto Regional da Zona da Mata ter uma rea patrimonial total
de 415,30 hectares, na qual ser construda a pista de pousos e decolagens, o terminal de
passageiros, o ptio principal de estacionamento de aeronaves, o estacionamento de
veculos e pistas para txi, o parque de abastecimento de aeronaves, as instalaes do
servio de salvamento e combate a incndios (Sescinc), o sistema terminal de carga, a
rea de apoio s companhias areas, instalaes do aeroclube, ptio de estacionamento
de aeronaves e hangares (do aeroclube e da aviao geral), a rea das oficinas, alm das
reas ocupadas pela torre de instrumentos para controle do trfego areo e da faixa de
segurana de aproximao para pousos e decolagens.
a) Pista de pouso e decolagem
O desenvolvimento da infra-estrutura do aeroporto no novo stio ser
realizado em etapas, a partir da implantao inicial de uma pista de pouso e decolagem
com 1.800m de comprimento e 30m de largura. No futuro, conforme as diretrizes do
Mod 7003
4
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
FUNDAO JOO PINHEIRO
Plano Diretor do aeroporto e de acordo com a demanda, a pista dever ser ampliada para
2.500 m.
Seu comprimento foi definido a partir da capacidade operacional das
aeronaves que apresenta potencial para operar neste aeroporto, segundo as previses de
demanda, como as aeronaves ERJ 135, ERJ-145, B73 7-500, A-319, Poker 50 e Foker
100.
Para atender futura ampliao da pista, o pavimento ter um reforo
estrutural superior ao exigido para sua previso de operao atual, com resistncia
compatvel com o atendimento a aeronaves de passageiros tipo B73 7-300 e cargueiras
tipo B727/100.
Com comprimento de pista de 1.800m. o aeroporto atender as aeronaves
de passageiros e cargueiros (para pouso) com ligaes previstas para as diversas capitais
do pas, como Braslia, So Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
b) Infra-estrutura do aeroporto
O terminal de passageiros ocupar rea de 1.950m*, com dimenses de
65m x 30m, e possuir estrutura capaz de atender o nmero de passageiros e usurios
previstos no horrio de pico de trfego areo.
A infra-estrutura do Aeroporto Regional da Zona da Mata ocupar uma
rea total de 43 .790m 2 distribuda da seguinte forma: estacionamento de veculos:
3.490m 2 , parque de abastecimento de aeronaves: 1600nr , servio de salvamento e
combale a incndio - (Sescinc): 500nr , terminal de carga: 2 .000m 2 . plio de
estacionamento de aeronaves: 17.850m 2 . rea de apoio s companhias areas: 500m 2 ,
rea do acroclubc: 2 .250m 2 , hangaragem do aeroclube: 3.600m 2 , ptio frontal do
aeroclube: 2 .625m 2 , hangaragem da aviao geral: 2 .500m 2 , ptio frontal da aviao
geral: 2 .500m ; e ptio de estacionamento de aeronaves: 4.375m 2 .
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G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
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FUNDAO JOO PINHEIRO l\\ G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
O aeroporto contar ainda com reservatrio de abastecimento de gua,
esgoto sanitrio, usina de reciclagem de lixo c de aterro sanitrio e sistemas de
abastecimento de gs, energia eltrica e comunicao.
c) Condies de operao do aeroporto
Devido s condies meteorolgicas e s caractersticas topogrficas da
regio, a infra-estrutura de trfego areo do aeroporto ser capacitada a permitir
operaes de circulao, aproximao, pousos e decolagens por instrumentos,
considerados viveis pelo Instituto de Aviao Civil (IAC), atravs da Diretoria de
Eletrnica e Proteo ao Vo (DF.PV).
Sero instalados os seguintes equipamentos para operar e auxiliar o
trfego areo:
rdio farol;
farol rotativo;
balizamento noturno;
estao de comunicao;
estao meteorolgica e
torre de controle.
d) Zonas de proteo do aeroporto
De acordo com a legislao especfica do Ministrio da Aeronutica (Portaria n. 1.141/GM5 de 08/12/87). as propriedades vizinhas aos aeroportos esto
sujeitas a restries especiais de uso e aproveitamento do solo. Estas restries so
relativas ao uso das propriedades quanto a edificaes, instalaes, culturas agrcolas e
objetos de natureza permanente ou temporria e tudo mais que possa embaraar as
operaes de aeronave ou causar interferncia nos sinais dos equipamentos de auxlios a
radio-navegao area ou dificultar a visibilidade dos pilotos.
6
Mod 700J
FUNDAO JOO PINHEIRO
Portanto, so definidas reas de proteo para as operaes de pouso e
decolagem de aeronaves, alm das zonas de aproximao. Para o caso do Aeroporto
Regional da Zona da Mata, essas reas estaro inseridas na rea patrimonial do
aeroporto e podero ser adquiridas pelo empreendedor.
Para evitar interferncia com os equipamentos de auxlio a radio-
navegaao area, delimitada uma rea que se estende para fora da rea patrimonial do
aeroporto, num raio de 4.000 m a 45.000 m a partir da pista de pouso e decolagem,
denominada de zona de proteo de auxlio da navegao area.
Para evitar o incOmodo imposto populao vizinha ao aeroporto pelo
barulho das aeronaves, foi elaborado o plano de zoneamento de rudo, melhor detalhado
no capitulo 6. liste plano foi elaborado em funo do movimento de aeronaves e do tipo
de aviao que ir operar no Aeroporto Regional da Zona da Mata, classificado como
Categoria I (Pista de Aviao Regular de Cirande Porte de Alta Densidade).
e) Relocao da M - 3 5 3
O aeroporto ser implantado no local onde atualmente passa a rodovia
MG-353 . Ela ser afetada pela construo da pista de pouso e decolagem, em um
segmento de aproximadamente 4 km, entre os municpios de Goiana c Rio Novo.
No trecho afetado, a rodovia ser relocada numa posio a montante do
traado atual, e ler alinhamento praticamente paralelo ao da futura pista do aeroporto.
A rodovia passar em frente ao terminal de embarque c desembarque de passageiros, ao
qual se ter acesso atravs de um trevo.
f) Unidades de conservao
Os impactos ambientais causados pela implantao do aeroporto e
principalmente, pela supresso da mata nativa dos Bentes - de aproximadamente 10 ha,
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
FUNDAO JOO PINHEIRO
nos municpios de Rio Novo e Goiana - , levaram a Feam a propor ao Copam (Licena
Ambiental n-306), a criao de duas unidades de conservao (UC) como uma das
condicionantes para obteno da Licena de Instalao (LI): uma em de Rio Novo c
outra em de Goiana, como medida compensatria.
Em Rio Novo, devido ausncia de reas em bom estado de preservao,
foi escolhida uma rea de vegetao secundria (capoeirinha) e com menor potencial
para conservao da biodiversidade, mas que seria incorporada rea da Cachoeira do
Calixto, que pertence Prefeitura e utilizada para lazer pela comunidade. A Cachoeira
do Calixto situa-se a aproximadamente 2 km da sede de Rio Novo, s margens da
estrada de terra de ligao a So Joo Nepomuceno.
Em Goiana, ficou definido que os esforos para a criao da UC seriam
direcionados para a mata da Fazenda Bonanza, onde seriam desenvolvidos
levantamentos temticos mais detalhados. A rea selecionada esta a 8 km da sede
municipal s margens da estrada de terra de ligao com a cidade de Bicas, (mapa 3)
Mod 7 0 0 1
8
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
A F U N D A O J O O PINHEIRO ti ****** 35 MV** E c ' J i >
Mapa 2 - LOCALIZAO DO AEROPORTO REGIONAL DA ZONA DA MATA - MINAS 6ERAIS - 2002
FUNDAO JOO PINHEIRO
3 C A R A C T E R I Z A O DO MUNICPIO DE RIO N O V O
Rio Novo possui uma superfcie de 208 km 2 , localizado s margens da
rodovia MG-353 , entre as coordenadas geogrficas 21 20* 1 2 " e 21 30 ' 1 0 " de
latitude Sul e 43 15' 0 0 " e 43 00"* de longitude Oeste. Faz parte da mesorregio Zona
da Mata e microrregiao Juiz de Fora 1 e tem como vizinhos ao norte, Tabuleiro e
Guarani, ao sul Goiana, a oeste Piau e a leste Descoberto c So Joo Nepomuccno. Esta
distante da capital mineira 330 quilmetros c a 50 quilmetros da cidade-plo regional
Juiz de Fora. (mapa 4)
Do ponto de vista poltico-administrativo, o municpio de Rio Novo c
constitudo por sele distritos: Rio Novo (distrito-sede), Ribeiro dos Anjos, Cachoeira
Santa, Caranguejo, Mato Negro, Furtado de Campos e Neto.
Segundo informaes do ltimo censo do IBGE , seus 8.550 habitantes
correspondem a 0,04 % da populao total do estado (17.891.494 hab.). Existem 4.330
homens e 4.220 de mulheres, respectivamente 50,64 % c 49,35 %, A populao urbana
de 7.264 habitantes e a rural de 1.286 habitantes. Observa-se um equilbrio entre a
populao de sexo masculino e feminino. A densidade demogrfica de 41,10
habitantes por k m 2 .
A evoluo demogrfica do municpio, apresenta perdas constantes de
populao, devido a desmembramentos de emancipao de reas rurais, como o caso
de Goiana, em 1995.
A perda de trabalhadores que migram para os grandes centros como Belo
Horizonte, Rio de Janeiro e Juiz de Fora em busca de melhores condies de trabalho
1 INSTITUTO DE GE-IOCINCIAS APLICADAS. Mesorreeics e microrrcgiOcs geogrficas 2000. Belo Horizonte, 2000. Esc : 1:1.500 000. : CIDAtfS. [Rio de Janeiro: IBGE, 2002]. Disponvel em:
^http.Vvvwvv.ibge.gov.Br.'ciddes'navegabilidadc padro""- Acesso em: maro de 2002.
Mod 7003
G o v e r n o d c M i n a s G e r a i s
11
http://http.Vvvwvv.ibge.gov.Br.'ciddes'navegabilidadc
FUNDAO JOO PINHEIRO
reflete a incapacidade da economia do municpio de propiciar alternativas de atividades
que gerem emprego e renda, de forma a reter ou at mesmo atrair populao.
Para conhecer o passado do municpio, preciso estudar a histria do
pas e especialmente de Minas Gerais. A pesquisa toma-se emocionante quando se
descobre que a histria desla regio da Zona da Mata esl inteiramente ligado ao maior
acontecimento histrico do rasil, a inconfidncia Mineira. Esta regio de Minas Gerais
era denominada "Sertes proibidos do Leste Mineiro" c s a partir da segunda metade
do sculo 18 estas terras de montanhas, florestas e rios, habitadas to somente por feras
e ndios, comeavam a ser percorridas por ordem da Corte e do Governo da Capitania.
Nessa poca, cm Minas Gerais nasciam as idias de uma reforma poltica
com intuito de varrer do solo ptrio o feudalismo luso-brasileiro. O alferes Joaquim Jos
da Silva Xavier, Tiradentes, j era conhecido como atuante militar da Cavalaria dos
Drages de Minas e simpatizante ativo da independncia da colnia, tornando-se o
principal agente revolucionrio.
Tiradentes, na sua misso militar de comandante do Caminho Novo ,
percorria sempre esta regio de Minas antes tambm denominada Regio do Paraibuna.
Exercia ele grande influncia entre os militares e gozava da estima e confiana dos
moradores da regio e, assim, na zona da Mata pregava com entusiasmo os ideais dos
inconfidentes.
Relatados e comprovados nos Autos da Devassa que inclusive
mencionam os locais percorridos pelo incansvel Tiradentes. os fatos comprovam que.
por algumas vezes. Tiradentes percorreu esta regio do Vale do Rio Novo em
cumprimento s misses militares e certamente na pregao de seus ideais.
Em 19 de julho de 1781, oito anos antes de sua priso, 'Tiradentes
recebeu do governador da Capitania de Minas (ierais. D. Rodrigues Jos de Menezes a
incumbncia de construir um caminho "que cortasse a capitania para leste, atravessando
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12
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
FUNDAO JOO PINHEIRO
o serto bruto, onde alguns moradores j se estavam instalando". Outro cidado,
tambm encarregado desta misso, foi o tenente-coronel Manoel do Vale Amado,
morador da regio e proprietrio de sesmaria no vale do Rio Novo. Este abastado
fazendeiro cedeu a Tiradentes oito escravos para incio dos trabalhos e construo do
referido atalho que deveria ligar o Caminho Novo ao "Registro do Paraibuna". Porem,
apenas trs dias depois de iniciados os trabalhos. Manuel do Vale Amador retirou seus
escravos alegando que eles lhe faziam falta, exatamente porque "achava-se bastante
preocupado com a factura de outra picada para o Rio Novo na qual tinha todo o
interesse". - t, o <
Aberta a picada para Rio Novo. Tiradentes aqui esteve cumprindo sua
1 < misso de comandar e fiscalizar as ocorrncias prximas ao Caminho Novo, elaborando u
relatrios ao governador da Capitania.
Outro fato marcante a comprovar a presena destas paragens do heri da
Inconfidncia ocorreu quando o novo governador da Capitania, Luiz da Cunha
Menezes, pela Portaria de 16 de abril de 1784 determinou que Tiradentes acompanhasse
o sargento-mor Pedro Afonso Galvo de So Martinho aos "sertes da parte leste da
Capitania, denominados reas proibidas". Galvo de So Martinho foi o chefe da
expedio, mas como o governador queria conhecer os aspectos da regio determinou
que tambm seguisse o alferes Joaquim Jos da Silva Xavier em razo da sua
"inteligncia mineralgica". Desejava o governador ter "um conhecimento fsico da sua
verdadeira situao e da sinuosidade do terreno".
A regio da Zona da Mata mineira, j na segunda metade do sculo
XVIII comeou a ser desbravada pelos exploradores que. vindos da zona aurfera da
provncia, embrenhavam-se pelas matas virgens procura de ouro e terras para
colonizao. As primeiras expedies aos sertes do Ro Novo teriam ocorrido a partir
de 1780. Quando os intrpidos desbravadores aqui chegaram, de imediato
providenciaram a construo de uma pequena capela c o novo povoado ficou conhecido
como "( 'apela de Cima", distinguindo-o de um outro povoado tambm em formao,
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
FUNDAO JOO PINHEIRO
situado a alguns quilmetros rio abaixo. L tambm havia uma pequena capela - a
"( 'apela de Baixo", onde se situa a cidade de so Joo Nepomuceno.
A Capela de Nossa Senhora da Conceio, no serto do Rio Novo, foi
erigida a pedido de Antonio Dias dos Reis, por proviso de 17 de junho de 1800.
As famlias Costa Mattos c Pereira da Silva foram pioneiras da formao
do patrimnio do municpio. Aos poucos o povoado foi tomando forma, e cm 22 de
junho de 1834 foi executado o primeiro Termo de Arruamento do Arraial de Nossa
Senhora da Conceio do Rio Novo.
A histria no registra (pelo menos, no menciona a data exata da
chegada da primeira expedio at s margens do rio Novo. Todas as narrativas
procuram situar este acontecimento no perodo compreendido entre fins do sculo 18 e
princpio de sculo 19, ou simplesmente, "no decorrer do sculo 18". Pelas datas
correspondentes aos demais municpios da regio e referentes aos primeiros registros
sobre fatos da histria local, acreditam ser acertado situar o descobrimento dos "Sertes
do Rio Novo" durante a dcada de 1790).
"A Capela de Nossa Senhora da Conceio, no Seno do Rio Novo
"freguesia de Guarapiranga", foi erigida a pedido de Antonio Dias dos Reis, por
proviso de 17 de junho de 800.
Assim, ao findar o sculo XVIII, exploradores vindos pelos lados do Pomba, (ou
mesmo vindos "das bandas do Piranga", passando pela regio do aluai Rio Pomba),
peneiram nas densas florestas desta regio da Zona da Mata. outrora dominada pelos-
indios. Aqui chegaram abrindo picadas at o local onde encontraram um riacho que
passaram a seguir. (Crrego que se localiza na proximidade das divisas de Rio Novo,
com os municipios de Taboleiro e Piau - estrada MG-35I, regio conhecida como
"Boa Vista").
Seguindo o curso do crrego, os intrpidos aventureiros o denominaram
"Caranguejo ", observando que o mesmo tinha curvas to acentuadas e sinuosas, que
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14
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
FUNDAO JOO PINHEIRO
parecia a todo instante voltar, como se estivessem "andando para trs. como um
caranguejo". Quem conheceu o Ribeiro do Caranguejo, antes da dragagem feita na
dcada de 70, sabe que realmente possuiu tantas curvas que era bastante difcil seguir
todo seu curso.
Relata a histria que nossos bandeirantes continuaram sua marcha,
seguindo as margens do "Caranguejo" e quando se afastaram um pouco desta,
depararam com um rio maior, mais caudaloso e de curso mais reto. o que teria levado
um deles a exclamar "Este no o mesmo. E um rio novo.'! Dai a denominao
original e nica do municpio ".3
" BKiNlI JXX A. C, Aspectos histrico sobre o municpio de Rio Novo - Minas Cerais s/d. Rio Novo
15
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
Ki \m< V O . J O O P I N H E I R O
Mapa 4 - MICR0RRE6I0 JUIZ DE FORA - MES0RRE6I0 ZONA DA MATA - MINAS GERAIS - 2002
Fontes Fundao Joo Pinheiro (FJP). Cent ro de Estudos Municipais e Met ropo l i tanos (CEMME)
www abominas gov ar
FUNDAO JOO PINHEIRO
a) Clima
A Zona da Mata est sob a influncia de circulao dos sistemas
atmosfricos tropicais. O clima controlado pelas massas de ar equatorial continental,
tropical continental, tropical atlntico e polar atlntico. Os deslocamentos dessas massas
de ar so responsveis pela marcante sucesso alternada de estao mida e seca.
O clima que mais caracteriza a regio, de acordo com a classificao de
Kppen, o subtipo climtico Cwb, clima tropical de altitude com veres suaves, que
atinge os trechos elevados da Serra da Canastra, Serra do Hspinhao, Mantiqueira e sul
do Fstado; os dias mais quentes ocorrem em janeiro e fevereiro, e a temperatura
mantm-se em tomo de 23c. Os invernos mais rigorosos acontecem de junho a agosto,
com mdia do ms mais frio de 10,8 C 4 .
A precipitao pluviomtrica varia entre 1.500 e 1.600 milmetros. A
partir de abril, com o decrscimo do perodo chuvoso, ocorre a fase da retirada, que se
estende al setembro. Verifica-se que os nveis mximos da deficincia vo de junho a
agosto, meses de menor pluviosidade. Em setembro, comeo do perodo chuvoso que se
estende at maro, h novamente reidralao do solo, tendo incio a fase de reposio.
A umidade relativa da regio de 78,7%, apresentando grandes variaes
durante o ano, principalmente nos meses de agosto a outubro, quando se situa em torno
de 76%. Atinge valor mdio mais elevado de abril a junho, chegando 80%.
No so normais geadas severas em toda a regio da Zona da Mata;
contudo, pode haver ocorrncias espordicas, especialmente nas reas de vrzeas.
4 INSTITUTO I)F. GliOClbNCIAS A R I C A D A S . Mapa do municipio de Betim com monografa, lelo Horizonte, l979.E-.se: 1:50.000.
Mud 7003
17
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
http://l979.E-.se
FUNDAO JOO PINHEIRO
Para este estudo, considera-se relevante o levantamento de dados sobre o
vento, especialmente sua direo, tendo em vista o significado desse elemento para o
planejamento da distribuio espacial das atividades urbanas, sobretudo a industrial.
Desse modo. foram consultadas diversas fontes bibliogrficas 5 e o Atlas
Climatolgico de Minas Gerais do 5 Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia
(Inmet), para obteno de dados.
Em decorrncia da circulao atmosfrica geral, constata-se que toda a
fachada Atlntica do Hrasil percorrida por ventos de norte, nordeste, leste e sudeste,
porm, com predominncia de ventos norte, nordeste, da Bahia para o sul e sudoeste
proveniente do anticlinal 6 do Atlntico Sul. '
b) Geologia
O municpio encontra-se inserido na unidade do Complexo Juiz de Fora,
sendo caracterizado pela ocorrncia de rochas gnissicas. F.ncontra-sc posicionado
prximo margem direita do rio Novo sobre um espesso depsito aluvionar, constitudo
por material areno-argiloso. com faixas de cascalho firme resistente e aparentemente em
horizonte bastante espesso.
c) Solos
Ocorrem basicamente dois tipos de solos: latossolos e solos aluviais.
Os latossolos so solos muito antigos, profundos e bem drenados.
Ocorrem sobre relevo ondulado a suavemente ondulado, sem limitaes para
INSTITUTO I)H GF.OC1LNCIAS. Sntese climtica de Belo Horizonte. Belo Horizonte, 1990.
^Anticlinal pode ser definido com: dobra com a convexidade voltada para o alto e abrindo-se para baixo Lf-TNZ, V.. l.f-:ONARDOS, . U. Glossrio geolgico. So PauloiCompanhia Editora Nacional., 1971.. 7 BARBOSA G.V.. R1BF.IRO C M . . Locao de anemgrafos e solarmelros, Belo Horizonte: UFMG/IUC, 1983.
M
FUNDAO JOO PINHEIRO
mecanizao agrcola, o que concerne boa aptido para a implantao de lavouras.
Apresentam baixa fertilidade natural c elevada acidez, necessitando de adubaes e
correes com calcrio. A vegetao original era de floresta, quase toda suprimida para
implantao de pastagens. Restaram somente pequenas manchas de capoeiras.
Os solos aluviais ocorrem nas vrzeas do rio Novo, formado por material
depositado durante as enchentes. So solos em geral frteis, bons para lavouras;
entretanto, alguns locais possuem elevada umidade, formando brejos que permanecem
encharcados durante todo o ano. Existem tambm no domnio desses solos poas
constitudas pelos antigos meandros do rio, que acumulam gua durante a poca
chuvosa. Atualmente estes solos so utilizados para pastagem e, em alguns locais, por
pequenas lavouras de arroz.
d) Relevo
O municpio de Rio Novo est situado no domnio dos planaltos,e pode
ser dividida em trs reas: de relevo dissecado, de relevo intensamente dissecado e de
vrzeas.
A rea de relevo dissecado corresponde regio com topos aplainados,
entre 400 e 600 metros de altitudes. Possui vertentes suaves, recobertas por pastagens e
remanescentes da Mata Atlntica, que so preferenciais para o afloramento de lenis
subterrneos. Esse compartimento o que apresenta maior atuao dos processos
erosivos.
A rea de relevo intensamente dissecado corresponde regio com
altitudes entre 600 e 950 metros, apresentando uma poro mais elevada com topos
aplainados correspondendo a serra de Pequeri e serra da Pedra. Os vales so encaixados,
entalhando as rochas gnissicas do Complexo Juiz de Fora. As declividades das
vertentes so mais acentuadas, sendo atenuadas por algumas rampas de colvios, que
esto sofrendo intensos processos erosivos, com muitos canais fluviais e ravinas.
MtxJ 7003
19
G v c r n o d c M i n a s G e r a i s
FUNDAO JOO PINHEIRO
A eroso acelerada por ravinamerito mais ntida nas reas com pastagens desprovidas
de tcnicas de conservao do solo.
A rea de vrzea corresponde regio mais plana do municpio, prxima
ao rio Novo com altitudes variando de 350 a 400 metros vales espaados, com pouca
ramificao de drenagem, vertentes com declividade inferior a 10%. Sustentada pelo
Complexo Juiz de fora. essa rea c recoberta por sedimentos cenozicos, ocorrendo
uma massa significativa de solo hidromrfico prximo aos canais fluviais, constitudos
por material areno-argiloso, com faixas de cascalho firme, resistente e aparentemente
em horizonte muito espesso. Os processos erosivos so menos freqentes do que nos
compartimentos anteriores. Nessa rea de declividade baixa onde se instala a sede
municipal.
e) Hidrografia
A bacia hidrogrfica do rio Novo uma sub-bacia do rio Paraba do Sul.
O rio Novo tem suas nascentes na serra da Mantiqueira, no municpio de Santos
Dumont e desgua no rio Pomba a montante da cidade de Cataguases. O rio Pomba
afluente da margem esquerda do rio Paraba do Sul.
Os principais cursos d 'gua que formam a bacia hidrogrfica do rio Novo
so o ribeiro Caranguejo, Ponte Preta, Santana, Crrego Goiana, Carangola.
De forma mais abrangente, bacia hidrogrfica conceituada como "um
sistema terrestre e aqutico geograficamente definido, e composto por sistemas fsicos,
biolgicos, econmicos e sociais."
De forma mais especfica, bacia hidrogrfica pode ser entendida como o
"conjunto de toda a drenagem de uma dada regio, formada por ribeires e riachos e que
rene toda gua colhida por eles num determinado corpo d 'gua, seja ele um rio, um
lago ou mesmo o mar".
Mod 7003
G o v e r n o d c M i n a s G e r a i s
20
FUNDAO JOO PINHEIRO
O entendimento destes dois conceitos importante, porque quando se
refere bacia hidrogrfica do rio Novo dirige-se no s aos afluentes e colees de gua
que direta e indiretamente vo lanar suas guas naquele rio, mas tambm o seu meio
bitico (vegetao, flora, fauna etc) e socioeconmico (cidades, populao, infra-
estrutura, sade, educao, atividades econmicas ele).
Portanto, uma bacia hidrogrfica deve ser vista como um sistema,
integrando no s o conjunto dos corpos d 'gua que so seus formadores como tambm
uma grande diversidade de ambientes fsicos, socioeconmicos e culturais, cm que se
desenvolvem diferentes atividades econmicas e sociais, as quais exercem uma
influncia direta na vegetao, no solo, na biodiversidade em geral e na qualidade das
guas de seu rio formador, que passa a ser um canal para onde convergem os rejeitos de
todas as atividades econmicas c humanas ali desenvolvidas.
A rea de influncia do Aeroporto Regional da Zona da Mata, engloba
somente drenagens secundrias do rio Novo. na divisa dos municpios de Goiana e Rio
Novo. Kst situada em uma antiga superfcie de aplainamento denominada "Superfcie
Guarani-Rio Novo" , com relevos de topos regulares entre 400 e 500 metros e vales de
fundo chato, formadores dos aluvies do rio Novo, os quais se estendem por grande
parte ao longo de seu percurso.
0 Vegetao
O municpio de Rio Novo est inserido no ecossistema de Mata
Atlntica, que uma das florestas tropicais mais ameaadas do mundo. Para se ter idia
da situao da Mata Atlntica no Brasil, basta lembrar que na poca do descobrimento
ela ocupava aproximadamente 12% do territrio nacional, estendendo-se do Rio Grande
do Norte ao Rio Grande do Sul. Hoje, esta reduzida a apenas 7% de sua rea original .
IEF Cobertura vegetal e uso do solo da regio leste do Listado de Minas Gerais - Programa de proteo
da mata Atlntica 1094
Mod 7003
21
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
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A Mata Atlntica o ecossistema brasileiro que mais sofreu os impactos
ambientais dos ciclos econmicos da histria do pas. Ainda no sculo 16, houve a
extrao predatria do pau-brasil, utilizada para tinturas e construes. A segunda
grande investida foi o ciclo da cana-de-acar. Constatada a fertilidade do solo,
extensos trechos de matas foram derrubados para dar lugar aos canaviais. No sculo 18,
foram as jazidas de ouro que atraram para o interior um grande nmero de aventureiros
portugueses e de vrias partes mundo. A imigrao levou a novos desmatamentos, que
se estenderam at os limites com o cerrado, para a implantao da agricultura e
pecuria. No sculo seguinte, foi a vez do caf. Provocando a marcha ao sul do Brasil.
Nas ltimas dcadas. Rio Novo sofreu um intenso processo de supresso
da sua vegetao original, desmaiada para suprir a formao de reas de pastagens,
demanda de madeira para construo civil, carvoejamento destinado a indstria
siderrgica e reflorestamento com a monocultura do eucalipto. Estes ciclos de ocupao
econmica na regio resultaram num empobrecimento de sua cobertura vegetal natural,
restando poucos fragmentos localizados, principalmente nos topos de morros e ao longo
dos cursos d 'gua e nascentes.
O mapa de vegetao de Minas Gerais elaborado pelo Programa de
Proteo da Mata Atlntica de 1994 9 mostra as regies tltoecolgicas e as demais reas
de vegetao do Kstado com suas formaes remanescentes, os refgios ecolgicos e as
antropias a que acorrem. l endo como referncia o mapa, imagens de satlite landsat 7 e
as observaes em campo, elaborou-se uma caracterizao geral da formao vegetal do
municpio:
a) floresta estacionai semidccidual - seus agrupamentos remanescentes
mais expressivos localizam-se nas reas de maior declividade no municpio e nas partes
superiores das vertentes. Entre as espcies de maior importncia observada nesta mata,
1EF Cobertura vegetal e uso do solo da regio leste do F.slado de Minas Gerais - Programa de proteo
da mata Atlntica 1994
22
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
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destacam-se o jacarand-da-bahia e o palmito, constantes na lista oficial de espcies da
flora brasileira ameaadas de extino.
Como a maior parte das rvores possui altura de at 8 metros, isso deve-
se s alteraes ocorridas nessa mala no passado, provavelmente corte seletivo ou
desbaste. Algumas rvores que apresentaram altura superior a 14 metros, so possveis
remanescentes da floresta or ig inal 1 0 .
b) Outras extenses da floresta estacionai semidecidual so as matas
ciliares ao longo dos cursos d 'gua. As matas ciliares, aquelas que acompanham os
cursos dos rios, crregos e nascentes e so responsveis pela proteo destes
mananciais. F,m muitos trechos dos cursos d \ igua que cortam Goiana, como Rio Novo,
Crrego da Cachoeira, Crrego Lava-p, no existem mais e raro encontrar as matas
ciliares protegendo esses cursos na extenso definida pela legislao.
c) Os pastos so reas semicolonizadas por rvores ou arbustos,
configurando o estgio pioneiro da regenerao natural. A sua predominncia
caracteriza-se por grandes espaos desmaiados, ocupados por gramneas introduzidas
para formao de pastagens. Os pastos recobrem as maiores extenses de terras no
municpio, geralmente ocupando as partes mais planas e so normalmente formados por
braquiria e capim-gordura e. em menor escala, pelo capim-favorito, colonio e capim-
elefantc. As pastagens so, no geral, limpas. Algumas rvores nativas se desenvolveram
aps o plantio das gramneas ou remanescentes da cobertura florestal original, tendo
sido poupadas do corte. Poucas espcies foram observadas, citando-se o mulungu, ip
amarelo, angico, fedegoso e leiteiro, (mapa 5)
1 ( 1 Sete - Relatrio de impacto ambienlal-RIMA
Mot) 7003
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
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FUNDAO J O O PINHEIRO
Mapa 5 - VEGETAO - MINAS GERAIS - 2002
Vegetao secundria (comunidade vegetacional secundria que surgem nas reas modificadas pela interveno humana
Agropecuria (engloba reas com agricultura cclica, permanente e pastagens
Fontes: Fundao loo Pinheiro FIP). Centro de Estudos Municipais e Metropolitanos (CEMME)
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4 ASPECTOS S O C I O E C O N M I C O S
4.1 Ocupao do Sudeste de Minas Cerais
Confrontando os dados censitrios de populao do IBGE de 1980, 1996
e 2000, observa-se uma estabilidade na participao relativa dessa parte do estado. Se,
cm 1980, sua populao rural e urbana era de aproximadamente 1.644.500 habitantes
(12%), em 1996 essa populao eleva-se cm nmeros absolutos para 2.076.386
habitantes e sua participao pouco sc altera. 12.45% do total de Minas Gerais.
Essa estabilidade no dinamismo populacional da regio est fortemente
relacionada a um acentuado processo migratrio que vem sendo observado ao longo das
ltimas dcadas.
A cidade de Juiz de Fora o maior centro urbano e industrial da regio,
privilegiada com a sua posio intermediria entre Belo Horizonte, Rio de Janeiro e
So Paulo.
A posio do sudeste de Minas Gerais, entre o Rio de Janeiro e Belo
Horizonte, contribui para explicar seu processo de ocupao. Seu maior detalhamento
deve permitir uma melhor compreenso.
As Bandeiras, expedies que tinham o propsito de encontrar pedras c
metais preciosos, partindo de Piratininga e Taubal (So Paulo), embrenhavam-se em
direo ao leste mineiro, abrindo caminho na mata por meio das gargantas da Serra da
Mantiqueira, para alcanar a Serra do Mar e chegar at o litoral norte paulista e baia
da Ilha Grande, seguindo para a cidade do Rio de Janeiro.
Com a descoberta das primeiras minas de ouro, principalmente em
Sabar, o acesso mais fcil cm direo ao Rio de Janeiro era passando por Borda do
Campo, atual Barbacena. Com isto. outros arraiais foram surgindo, ora como pontos
M"
FUNDAO JOO PINHEIRO
estratgicos de fiscalizao, ora para facilitar a sobrevivncia dos exploradores,
mineiros e comerciantes que comearam a passar pela regio procura de novos
horizontes.
As barreiras naturais, como a serra da Mantiqueira e a mata atlntica,
alm de tribos indgenas, foram os primeiros obstculos para a ocupao inicial da
regio. A ocupao da regio, no comeo, foi tambm dificultada pela poltica da Coroa
portuguesa, no incio do sculo 18. proibindo a penetrao e abertura de trilhas para
impedir o que se chamava na poca de i l o descaminho do o u r o " ' 1 .
Com o propsito de impedir o contrabando, o governo colonial, no auge
do ciclo da minerao, em 1720, ju lgou imperativo abrir uma estrada ligando a regio
das minas at a cidade do Rio de Janeiro. Com a abertura da primeira via de circulao,
as diversas localidades e passagens foram sendo batizadas como forma de identificao,
como Mata do Rio, Zona da Mata, Mato Dentro, Mata de Rio Doce, Mata do Pcanha,
Mata do Mucuri e t c 1 2 , compreendendo as bacias dos rios Mucuri, Doce e Paraba do
Sul. Essa estrada deu origem estrada Unio e Indstria, cujo traado serviu de linha
para a implantao da atual rodovia l iR -040.
Com a decadncia da agroindstria da cana-de-acar no perodo
colonial e a substituio do acar como principal produto de exportao, as plantaes
de caf em So Paulo comeam a crescer pelos contrafortes da serra do Mar, vale do
Paraba, e vale do Paraba do Sul, causando profundas transformaes e indo para o lado
do vale mineiro, peneira pela Zona da Mata, no s modificando-a como tambm a
economia mineira. Esse crescimento da economia cafeeira, principalmente na primeira
metade do sculo 19. deveu-se abundncia da mo-de-obra liberada pelas regies
mineradoras cm decadncia.
" VALVLRDK, Orlando. Estudo regional da Zona da Mata de Minas Grais, Revista Brasileira de
Geogralia, Rio de Janeiro, n. l , p. I - 131, jan./mar. 1958. 1 ? Idem
Mod 7CC
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
26
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lim 1830, o caf j ocupava o primeiro lugar na pauta das exportaes do
Brasil. Hm Minas, tomou um forte impulso, principalmente nos municpios de Mar de
Kspanha, Matias Barbosa, Rio Preto. Rio Pomba e Porto do Cunha, atualmente Alm
Paraba.
A partir de 1920. a regio sofre com as crises do caf, tendo como causa
a superproduo, e como conseqncia, entre outras, um imenso xodo rural. Diante
disso, na fase inicial a regio experimentou um aumento de sua populao, tornando-se
uma das mais populosas do estado no incio do sculo 20.
Com o declnio do caf e sua substituio pela pecuria, cresceu a
concentrao de terras e a diminuio da oferta de emprego. Com isso, restou
populao outra alternativa seno a emigrao dentro do prprio estado em direo ao
sul de Minas, onde o caf expandia-se, acompanhando o outro lado da fronteira paulista.
4.2 Funcionalidade da economia mineira e regional
Nas circunstncias em que Minas Gerais se inscreve na diviso
interrcgional do trabalho, emergem determinados padres de especializao produtiva
que refletem, em ltima instncia, vantagens comparativas ou locacionais, que dizem
respeito s que refletem a forma e a intensidade de distribuio das atividades
econmicas no espao.
O dcsenvohimento capitalista determina um processo permanente de
redistribuio das atividades econmicas no espao. Isso se expressa num sistema
complexo de articulaes, em que as regies c cidades centralizam relaes socio-
econmicas em nveis espaciais distintos c interrelacionados.
V o d 7003
27
(] o v c r D o d e M i n a s G e r a i s
FUNDAO JOO PINHEIRO
A emergncia dos centros polarizadores d origem s economias de
escala ao nvel das regies, associadas a dois efeitos principais 1" 1: de aglomerao, que
resulta em atratividade s atividades complementares que possuem oportunidades
cumulativas em termos de reduo de custos ao se implantarem na rea, e o efeito
ligao, que surge sobretudo com a ampliao c melhoria na rede viria, implicando
reduo do custo de transporte entre a periferia e o centro.
A insero do sudeste de Minas Gerais dentro do modelo capitalista
brasileiro se deu. pois. dentro das bases da produo agropecuria, com suas vantagens
e desvantagens. Sua vinculao economia do Rio de Janeiro, primeiro como capital
imperial, depois como capital da repblica, formou-se naturalmente, com reflexos
importantes sobre a regio.
Rio dc Janeiro vem perdendo importncia como centro macrorregional
freme aos demais centros nacionais num processo sistemtico que j se estende por
quase meio scu lo 1 4 . A perda de importncia do Rio de Janeiro, como centro
polarizador fica claramente configurada em termos de sua rea dc influncia em Minas
Gerais. Compem historicamente essa rea os espaos situados a sudeste do estado,
tendo em Juiz de Fora o centro regional que intermedia essa vinculao. Verifica-se
contudo, a partir da dcada de 80, uma relativa desarticulao da estrutura de relaes
regionais a partir do Rio de Janeiro.
A regio cm estudo vem acompanhando o movimento de perda de
dinamismo da economia do Rio de Janeiro, conformando um espao cuja importncia
no setor agropecurio declinante no contexto da economia mineira. O declnio da
economia cafeeira marca a estagnao e a decadncia da agropecuria e mesmo da
economia regional como um todo.
1 ' ANUSR regional da funcionalidade da economia mineira. Belo Horizonte: Fundao Joo Pinheiro,
1990. 78p. e SUDLSTF mineiro - diagnostico, [Belo Horizonte], Instituto Nacional de Desenvolvimento
Industrial, 1994. i 16 p 1 4 AN1.SE regional da funcionalidade da economia mineira, op. Cit. Nota 13
G o v e r n o d c M i n a s G e r a i s
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Mod 7003
FUNDAO JOO PINHEIRO
Na retrao do caf, que ocorre no perodo 1930-50, o setor agrrio tende
para a pecuria leiteira, processo que se faz acompanhar da subdiviso das grandes
propriedades rurais da rea, desembocando numa redistribuio fundiria em que
predominam as pequenas e mdias propriedades.
A pecuria leiteira, setor que sofreu uma poltica de controle de preos,
mostra-se incapaz de assegurar o dinamismo c a modernizao setorial. Sua baixa
rentabilidade implica em nveis reduzidos de investimentos setoriais, resultando numa
estrutura produtiva relativamente atrasada, caracterizada por ndices tecnolgicos c de
produtividade muito baixos.
As culturas alimentares bsicas - arroz, feijo e milho, mantm
caractersticas acentuadas de produo de autoconsumo e, conseqentemente, baixa
conotao comercial.
A modernizao setorial tem-se circunscrito a determinados bolses de
produo de culturas mercantis - caf, cana-de-acar c, em menor escala,
hort i fru t i gra nj e i ro s.
Kmbora estagnada economicamente, a rea dispe de uma infra-estrutura
bsica relativamente desenvolvida, alm de um sistema de cidades ordenado. H ainda
dois ramais ferrovirios atravessando a rea, ligando Belo Horizonte ao Rio de janeiro.
As ligaes ferrovirias, no entanto, atendem essencialmente a demandas de grandes
empresas extra-regionais.
Consultando a bibliografia sobre a estrutura regional, observa-se que o
espao geogrfico est organizado segundo um modelo centro periferia, caracterstico
da fase atual do sistema capitalista brasileiro. O centro formado pelas duas metrpoles
nacionais, So Paulo e Rio de Janeiro, com suas reas metropolitanas e uma metrpole
regional. Belo Horizonte.
Mod 7003
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
29
FUNDAO JOO PINHEIRO
A periferia constituda de diversas reas ou municpios, cada qual com
suas caractersticas e suas paisagens, mas todas ligadas por laos de dependncia
econmica, poltica e cultural com o Rio de Janeiro, So Paulo e Belo Horizonte. A
maior parte das relaes das reas perifricas com o centro feita por intermdio das
atividades industriais, do comrcio e dos servios existentes nas metrpoles.
Conselheiro I.afaiete e Barbacena constituem reas que abrigam centros
industriais de maior gerao de carga para as ferrovias, com minrio de ferro, ao em
lingotes e ferro gusa, entre outros produtos minerais e siderrgicos, alm da produo
de cimento.
Juiz de Fora constitui cm centro industrial de maior diversificao da
regio. Possui um conjunto de atividades ligadas siderurgia (laminao de no planos
comuns), concentrao de zinco, mquinas e implementos agrcolas, fiao, tecelagem
e confeco, uma produo lacticnio diversificada e uma indstria automobil s t ica 1 5 .
A produo agrcola, especialmente a de hortifrutigranjeiro, associada ao
xodo rural, demonstra uma mudana na estrutura regional de produo, essa,
direcionada ao mercado onde especializa.
Alguns municpios, porm, apresentam ainda contornos da produo
tradicional, como Viosa e Muria, que agravam o quadro de fragilidade da produo
agropecuria regional.
Kssa estrutura comandada pelo capital, representado por grandes
empresas e conglomerados, que articulam os segmentos produtivos regionais,
direcionando os investimentos nas regies perifricas segundo seus interesses. Assim,
1 5 PLANO multimodal de transpone. [Belo Horizonte): SFPLAN, Secretaria de Filado de Transporte,
DER/MG. 1994. v 3.0. Anlise scio-econmica.
Mod ?onn
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
30
FUNDAO JOO PINHEIRO
pode-se observar que a atual diviso interregional do trabalho basicamente a mesma
desde meados do sculo 20.
O processo de desconcentrao econmica, particularmente do setor
industrial, pouco alterou essa diviso, pois as economias perifricas tiveram de se
adaptar aos interesses da regio mais industrializada, especializando-se em produzir o
que necessrio para a moderna estrutura produtiva dos centros.
F.ssa justamente a caracterstica que faz da regio em estudo um espao
articulado com as economias regionais muito mais voltadas para as trocas internas do
que para o mercado nacional. No entanto, essa situao pode comear a se alterar com
estmulos dados ultimamente exportao e acordos estabelecidos com os grandes
mercados globais, principalmente com os parceiros do jMercosul.
Diante desse quadro, nas dcadas de 70 e 80, diversas iniciativas dos
governos estadual e federal e de instituies financeiras internacionais, principalmente o
Banco Internacional para Reconstruo e Desenvolvimento - Bird. promoveram aes
setoriais voltadas para a promoo do desenvolvimento agropecurio regional como o
Programa de Desenvolvimento Integrado da Zona da Mata (Prodemata) e o Programa
de Aproveitamento de Vrzeas (Provarzeas). Mesmo assim, tais iniciativas no foram
suficientes para reverter a estagnao setorial e induzir um processo sustentado de
modernizao agrcola.
Na dcada de 90, os estudos da regio Zona da Mata mineira continuam
com o objetivo de formular estratgias e diretrizes que permitam, uma vez
implementadas, acelerar o crescimento do setor secundrio da regio. Essa regio foi
precursora do processo de industrializao do estado e por longo perodo liderou a
produo fabril mineira. Entretanto, nas ltimas dcadas, passou por transformaes
marcadas pela perda do dinamismo de sua estrutura produtiva, pelo envelhecimento de
Mod 7C03
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
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seu perfil industrial c por sucessivas quedas de participao no produto industriai de
Minas Gerais" 1 .
A anlise do setor agropecurio regional mostra que, quantitativamente, o
setor ocupa uma posio relevante no estado, contribuindo, em 1990, com 17.9% do
PIB. J em termos de orientao, este setor vem se caracterizando ainda por uma
acentuada predominncia da pecuria leiteira e de culturas dc subsistncia tradicional,
praticada principalmente em municpios com menos de 20 mil habitantes.
Aps anos difceis com a perda econmica do Rio de Janeiro, a regio
comea a vislumbrar um alento, com a implantao da fbrica de automveis Mercedes-
Benz em Juiz de Fora e a retomada da recuperao da economia do Rio de Janeiro, com
a instalao da fbrica Volkswagen no municpio de Resende, alm da nova fbrica da
Peugeot-Citron, juntamente com os grandes fornecedores como a Michelin, fbrica de
pneus, e a Guardian, fbrica dc vidros para carros. Os investimentos das quatro
empresas somam cerca de US$ 1.2 bilho e propiciaram a criao de 2,3 mil empregos
d i re tos 1 7 .
Nessa nova escalada, o Rio de Janeiro d sinais de entrar numa fase
promissora j nesta dcada dc 90. Poder tornar-se tambm, em pouco tempo,
importante eixo de desenvolvimento nacional integrado. Essa viso est contida no
Piano Estratgico de Desenvolvimento do Rio de Janeiro, que tem como autores o
economista Raphal de Almeida Magalhes, presidente do Comit Coordenador das
Aes Federais no Estado do Rio de Janeiro, e o engenheiro bliezer Batista, ex-
presidente da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). O plano c parte de um projeto
maior, divulgado em 1994. que inclui o estado em 18 eixos de desenvolvimento
traados para levar o Brasil a integrar-se economia sul-americana. Por esse
1 6 SWDFSTE mineiro - diagnostico. [Belo Horizonte], Instituto Nacional de Desenvolvimento Industrial,
1994. 116 p.
' ' BRANDO. Nilson J. Caminho puxa progresso. Gazeta Mercantil: balano anual 98. Rio de
Janeiro, v 3, n 3, p l O - l2,nov. 1998
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
32
Vtxt 7003
A FUNDAO JOO PINHEIRO planejamento, o Rio recebeu investimentos superiores a US$ 6,5 bilhes em reas
bsicas para o desenvolvimento regional. A rea de telecomunicaes, o porto dc * IS
Sepetiba e o plo gs-qumico em Caxias esto entre os destaques do plano .
As possibilidades de investimentos no Rio de Janeiro so de tal ordem
que levaram a Federao das Indstrias do Ustado do Rio de Janeiro (Firjan) e o
governo estadual a se aliarem para dar partida construo da RJ-109, rodovia que
permitir melhorar o escoamento de mercadorias por Scpeba. Ela comear no
entroncamento da BR-116 (Rio-Juiz de Fora) com BR-040 (Rio-Terespolis), cruzar a
via Dutra e passar pelos municpios da Baixada Fluminense, at chegar ao porto.
Os investimentos citados acima, somados reforma do Porto de Sepetiba
(RJ), a escolha de novas empresas para se localizarem no Rio de Janeiro e a efetivao
do Plano so a base das mudanas que devem marcar a reverso da economia no eixo de
transporte Belo Horizonte / Rio de Janeiro, muito dependente da agropecuria, no que
caracteriza a grande parte de seus municpios.
4 .3 Organizao social e poltica
A economia do municpio de Rio Novo apresenta-se com forte presena
da pecuria leiteira, atividade tpica regional. Indica do ponto de vista econmico,
caractersticas de estagnao, de forma semelhante ao contexto regional, apesar de
encontrar-se em localizao privilegiada, prxima a Juiz de Fora, principal plo da
regio. A seguir, de forma sinttica, as caraclersticas econmicas do municpio.
o si a. o *- < o o
Li
BRANDO, Nilson J. Caminho puxa progresso. Gaveta Mercantil: balano anual 98. Rio de
Janeiro, v 3, n 3, p 10 12. nov. 1998
" 33
Mod 7CQ3 E M L I O T E C A M P t M Q A C A O JOO PINHEIRO
G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
FUNDAO JOO PINHEIRO
a) Setor Agropecurio
A utilizao das terras est associada principalmente cultura do milho
(representada pelas culturas temporrias) e da pecuria bovina (pastagens naturais e
plantadas). A expressiva ocorrncia das pastagens naturais mostra um manejo
tradicional da pecuria, com absoro ainda restrita de tcnicas mais modernas. Alguns
estabelecimentos agropecurios esto se equipando com currais novos, amplos c
pavimentados, cercas eltricas, capineiras, utilizando inseminao artificial e ordenha
mecnica.
A pecuria bovina, contrariando a tradio do processo histrico de
ocupao e estruturao econmica regional, est voltada para a produo de corte,
conforme revelam os dados relativos ao efetivo bovino e a sua destinao (nmero de
vacas ordenhadas).
No que tange ao controle sanitrio, o escritrio regional do Instituto
Mineiro de Agropecuria (IMA) vem desenvolvendo uma intensa campanha para a
erradicao da febre aftosa, assim como o controle da brucelose e da raiva.
De acordo com o Censo Agropecurio dc 1995-96. percebe-se, no que sc
refere estrutura fundiria, que embora haja uma forte presena dos pequenos
estabelecimentos cm termos de nmero (81 ,9% de participao), em termos de rea esta
participao alcana s 30,6%, considerando-se aqueles com rea de at 100 hectares.
Isto implica que os quase 18% de grandes proprietrios detm 70% da rea total.
Os dados apurados no Censo Agropecurio de 1995/96, relativos ao
Valor da Produo Agropecuria, mostram destaque para a produo vegetal,
responsvel por 90 ,25% do valor total.
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G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
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Neste contexto se sobressai a participao da lavoura temporria, a qual
respondeu por 7 2 , 0 1 % do valor da produo vegetal, resultado associado,
evidentemente, ao desenvolvimento cultura do milho e do feijo.
b) Setor industrial
O setor industrial do municipio representado por 12 estabelecimentos,
basicamente de pequeno porte, predominando os ramos tradicionais: produtos
alimentares, vesturio, calados e artefatos de tecidos, bebidas, mobilirio e
transformao de minerais no-metlicos.
Com a atuao tradicional das cooperativas e indstrias da regio a
indstria de laticnios Lcreme, fabricante de queijos, requeijo c manteiga.
c) Comrcio e servios
Segundos dados do "Sistema Realidade Municipal", o comrcio varejista
c o setor de servios so relativamente diversificados, registrando-se a existncia de 74
estabelecimentos, sendo condizente com o porte e as necessidades do municpio. Nota-
se. neste contexto, uma forte dependncia do municpio em relao a Juiz de Fora.
d) Infra-estrutura
Segundo dados do IBGL, o municpio possui j institudos alguns
instrumentos de Gesto L'rbana, como a Lei do Permetro Urbano, a de Parcelamento do
Solo, Legislao sobre Areas de Interesse Especial e de Interesse Social, o Cdigo de
Obras e o Cdigo de Posturas. Contudo, o municpio no possui ainda um Plano Diretor
ou Lei dc Zoneamento.
A questo da moradia no um problema para o municpio de Rio Novo ,
havendo boa oferta de imveis residenciais, assim como de imveis comerciais. A
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FUNDAO JOO PINHEIRO
Prefeitura Municipal tem desenvolvido aes a fim de propiciar maior acesso
habitao aos estratos de menor renda.
O municpio dispe de duas emissoras de rdio, a New River PM e a
Transa News FM, c dc dois jornais privados (edies mensais), nmero bastante
expressivo para o seu porte, alm dos jornais regionais que ali circulam. Rio Novo
servido pela Telemar. possuindo aproximadamente 935 linhas e operando com os
servios de DDD c DDI. Recebe, ainda, sinal dos principais canais de televiso aberta.
Na sede urbana. Rio Novo conta com agncias do Banco do Brasil S/ e Banco do
Estado de Minas Gerais S/A, alm da Cooperativa de Crdito Rural de So Joo
Nepomuccno.
Toda a populao urbana localizada na sede e nas vilas j dispe de rede
de distribuio dc energia eltrica. A eletrificao j atinge cerca de 286
estabelecimentos rurais (INDI, 2000) , alcanando 70% do total. A distribuio da
energia eltrica feita pela Companhia Fora e Luz Calaguases-Leopoldina,
apresentando consumo aproximado de 9.327.000 kWh/ano.
O municpio dc Rio Novo est interligado pelas rodovias MG-353 , que
atravessa o centro urbano pondo em risco a populao e a MG-126. Possui, ligaes
regulares diretas de nibus para Belo Horizonte e os principais centros regionais.
e) Arrecadao municipal
Os dados relativos arrecadao municipal revelam receita tributria em
1999 de RS 708.437,00, sendo R$ 353.528,00 em ICMS. situando Rio Novo entre os
municpios mineiros de mdio nvel de arrecadao no conjunto do estado.
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Governo d c M i n a s G e r a i s
FUNDAO JOO PINHEIRO
0 Saneamento
Os servios de abastecimento de gua e esgotamento sanitrio em Rio
Novo sao desenvolvidos pela Prefeitura Municipal por meio de um grupo de trabalho
que atua junto com o servio de obras do municpio.
O abastecimento de gua na sede do municpio feito por um sistema
misto, pane com gua superficial captada e tratada e parte com gua procedente de seis
poos profundos. O sistema funciona de forma razovel atendendo a aproximadamente
96% dos domiclios urbanos, mas carece de adequaes como: a implantao do
controle de qualidade das guas; implantao de desinfeco das guas procedentes dos
poos profundos; e melhorias e correes diversas, cm especial a retirada dc teores
excessivos de ferro ocorrentes na gua do manancial superficial.
Na questo do esgotamento sanitrio existem redes pblicas na sede do
municpio que atendem a aproximadamente 8 5 % dos domiclios. So redes construdas
em pocas diversas, parte em cermica e parte em PVC. Os lanamentos so feitos
dentro da rea urbana no Rio Novo e Ribeiro Caranguejo, provocando poluio nos
mesmos e se constituindo em risco para a sade da populao que eventualmente pode
ter contacto com essas guas. No h, portanto, interceptores que encaminhem os
esgotos para jusante da cidade, e o problema se agrava quando ocorrem enchentes e
transbordamento dos rios.
A sede dispe de um pequeno sistema de drenagem pluvial urbana
constitudo de galerias celulares de pedra e redes tubulares localizadas principalmente
em algumas ruas da rea mais central do ncleo urbano. Existem deficincias
relacionadas necessidades de expanso c melhoramentos do sistema. O principal
problema entretanto ocorrente constitudo pelas enchentes e inundaes do Rio Novo
e do seu tributrio Ribeiro Caranguejo. Essas guas, contaminadas com esgotos da
prpria cidade, dc tempos em tempos atingem moradias e outros equipamentos urbanos,
causando um quadro ambiental grave e que ameaa a sade da populao. Uma
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G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
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FUNDAO JOO PINHEIRO
providencia inicial e urgente para a questo a proibio efetiva da ocupao das
margens dos cursos d 'gua e a construo dos interceptores de esgotos.
No que diz respeito limpeza urbana, Rio Novo dispe de um servio
que atende a praticamente toda a sede do municpio, e com uma regularidade adequada.
Entretanto, faz-se necessria a modernizao dos equipamentos e processos. O destino
final feito em lixo. sem maiores cuidados, caracterizando um problema ambiental que
necessita de soluo em curto prazo.
Deve-se ainda destacar que a primeira medida necessria para se buscar a
melhoria dos servios de saneamento em Rio Novo consiste no estabelecimento ou
criao de entidades na prefeitura devidamente institudas c constantes no seu
organograma funcional, com atribuies, responsabilidades e competncias para
desenvolver os trabalhos.
g) Sade
A unidade gestora da sade a Secretaria Municipal de Sade. O
processo de gesto da sade enquadra-se desde 1998 no sistema de gesto plena, cuja
ateno bsica c de responsabilidade do municpio, que recebe as verbas
governamentais.
O setor de sade apresenta boa estrutura, considerando seu porte. E
servida por um hospital, a Santa Casa de Misericrdia de Rio Novo, e dois postos de
sade, um localizado na sede urbana e outro no distrito de Furtado de Campos. Atuam
na rea de sade 5 mdicos (clnico geral, gineco-obstetra, e dermatologista), 1
psiclogo. 5 dentistas, duas enfermeiras de nvel superior, 1 farmacutico, I qumico, 2
auxiliares de dentista, 1 tcnico de laboratrio, 2 tcnicos da vigilncia sanitria e 8
auxiliares de enfermagem.
Os postos de sade funcionam de segunda a sexta-feira das 7h s 17h, e
prestam atendimento bsico populao. Embora lenham recebido novos equipamentos
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G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
FUNDAO JOO PINHEIRO G o v e r n o d e M i n a s G e r a i s
para o Centro de sade, o municpio ainda possui problemas para o atendimento da
populao devido precariedade do prdio em que funciona o centro.
Segundo o secretrio de sade de Rio Novo, a Santa Casa presta
atendimento a pessoas de Goiana, Piau, Coronel Pacheco, dentre outros municpios
limtrofes, possuindo importncia destacada para estes municpios. Casos de maior
gravidade so enviados a Juiz de Fora. Contudo, a Santa Casa enfrenta a precariedade
das instalaes de seu Centro de Sade.
Funcionando num prdio datado de 1914, a vigilncia sanitria e as
divises estruturais no condizem com a atual demanda.
Graas ao convnio da Secretaria Municipal de Sade com a Funasa,
desenvolvido um programa de controle preventivo de dengue e outras molstias
transmissveis, incluindo a esquistossomose.
O municpio de Rio Novo oferece ainda um hospital-asilo que conta,
hoje, com 11 internos que recebem atendimento especializado.
h) Educao
O municpio de Rio Novo matriculou, cm 2001 , um total de 2.341 alunos
distribudos entre as zonas rural e urbana, nos diversos nveis de ensino.
A anlise segundo o nvel de ensino mostra o esforo que o municpio
tem realizado para responder demanda por vagas em seu sistema educacional, seja em
termos absolutos, seja em relao ao atendimento da instncia municipal. As entrevistas
indicam prioridade ao ensino fundamental. Essa prioridade resulta, sobretudo, do
trabalho realizado pela rede municipal de ensino por intermdio programa ' T o d a
Criana na Escola" Nesse sentido, o acompanhamento do Conselho Tutelar nas questes
de ateno educao fizeram com que a taxa de evaso escolar chegasse a ndices
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muito prximos a zero. O atendimento s crianas de pr-escola relativamente alto,
comparando-se com o conjunto de Minas Gerais.
O ensino mdio tem um nvel de cobertura bastante equilibrado em
relao ao ensino fundamental, o que denota a importncia que lodo o processo de
escolarizao tem recebido do poder pblico. Um dos fatores que contriburam
significativamente para o aumento do nmero de matrcula no segundo grau foi a oferta
do transporte escolar c. no caso de Rio Novo, a oferta de transporte escolar para Juiz de
Pora, para aqueles alunos que completaram o segundo grau.
De fato, a possibilidade de seguir os estudos aps o trmino do segundo
grau motiva os estudantes a conclurem seus estudos.
Duzentos e setenta e dois alunos da rede pblica municipal e estadual de
diversas localidades utilizam o transporte escolar. O transporte feito atravs de 9
veculos, sete da prpria prefeitura e dois alugados, perfazendo doze linhas implantadas.
Um grupo benetlciado pelo transporte escolar o de alunos que saem para estudar em
Juiz de Fora, para cursarem cursos tcnicos profissionalizante, pr-vestibular ou
faculdade. So atendidos 110 alunos.
Considerando-se as caractersticas bsicas do setor educacional, que se
encontra bem estruturado e sem problemas de atendimento demanda para o ensino
fundamental informaes obtidas na Secretaria Municipal de Educao indicam que o
setor rene condies de absorver acrscimos de demanda. Tal fato deve, contudo, levar
em conta a precria oferta de instalaes tsicas que limita essa capacidade de
ampliao.
i) Meio Ambiente
As aes do Departamento de Meio Ambiente esto prioritariamente
voltadas para a preservao de reas remanescentes representativas do ecossistema
local/regional. Dessa forma, foi estabelecido um convnio com a Escola Agrotcnica de
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Rio Pomba com vistas a real i/ar medies e estudos em uma regio do municpio onde
est sendo estudada a possibilidade de se efetivar a criao de uma Reserva Particular
de Patrimnio Natural (RPPN). Alm disso, est sendo implementado um horto
municipal que realizar a doao de mudas para a populao e dar suporte a uma
campanha de preservao de matas, a ser realizada numa parceria entre a Secretaria de
Meio Ambiente e a Secretaria de Kducao.
j ) Organizao social e atuao institucional
O municpio possui trs associaes da sociedade civil organizada ligada
zona rural do municpio: a Associao Comunitria de Furtado Campos, o Sindicato
Rural de Rio Novo e a Associao de Pequenos Produtores Rurais da Regio de Rio
Novo. Na zona urbana, destacam-se as organizaes de representao setorial, como a
Associao Com. Ind. Prestadores de Serv. e Agropec. de Rio Novo (ACIPAR) e o
SINSFRPIJ. Registram-se tambm atuantes organizaes da sociedade civil como
clubes de servios (Lions), clube do Lo e a Associao de Pescadores Amadores do
Rio Novo. Nesse contexto formaram-se os Conselhos e Comisses em mbito
municipal, dentre os quais o: Conselho Municipal do Patrimnio Cultural, Conselho
Rionovense de Defesa da Cidadania, a Comisso Municipal de Fmprego, que tem
recebido recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador para os cursos de capacitao de
mo-de-obra.
k) Percepo da comunidade em relao ao empreendimento
Pelo levantamento de campo, pode-se perceber a divulgao sobre as
possibilidades de implantao do empreendimento. A notcia fot disseminada a partir de
duas fontes. Para os proprietrios dos estabelecimentos e moradores da rea diretamente
afetada, a informao deu-se mediante servios de sondagem e de cadastramento
realizados. Para a populao, em geral, especialmente, os moradores da cidade de Rio
Novo, a divulgao adveio de algumas reportagens na imprensa. Foram realizadas
matrias mostrando uma reunio entre os chefes dos executivos municipais de Rio Novo
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c Goiana com o governador com vistas a tratar de temas referentes ao planejamento de
aes para o desenvolvimento regional, e, dentre estas aes a construo do Aeroporto
Regional da Zona da Mata. Um episdio a ser ressaltado foi a declarao, no jornal
Minas Gerais, do aeroporto como dc utilidade pblica e, por isso, os proprietrios da
rea diretamente afetada passveis dc serem desapropriadas. A tnica existente at o
momento de que o municpio ser contemplado com um bom investimento, o que
poder contribuir para alavancar uma retomada de sua economia. Dessa forma, a
implantao do empreendimento encarada com certo entusiasmo, como um fator
contribuinte para o encaminhamento de novos investimentos para a regio.
As manifestaes de instituies pblicas ou privadas mostraram-se
favorveis instalao do empreendimento, que tambm visto como um fator
positivo, tendo em vista que haver, especialmente durante a etapa de construo, um
acrscimo da oferta de emprego e dc arrecadao para o municpio. Ressaltam, no
entanto, a necessidade de se avaliar claramente os impactos ambientais, sobretudo no
que diz respeito questo do rudo, riscos de acidentes e aumento da quantidade de
pessoas no municpio em funo da construo do aeroporto e de seu funcionamento.
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FUNDAO JOO PINHEIRO
5 SUGESTES DE T R A B A L H O MUNICIPAL
Este tpico sugere um conjunto de diretrizes que podero ser utilizado
para formular agendas de trabalho da prefeitura, orientar a elaborao de planos,
programas e projetos locais e auxiliar os administradores e tcnicos na conduo dos
negcios municipais. Trata-se de uma realidade de cada lugar, de modo a definir as
aes prioritrias a serem desenvolvidas.
As aes a serem empreendidas pelos prefeitos devem ser precedidas da
elaborao de amplo diagnstico dos problemas locais em todos os setores, c deve
considerar, em sua preparao, a participao da sociedade.
A atitude de envolver os atores municipais permite o fortalecimento do
setor pblico local, d sinergia s aes e agrega energia e recursos de toda ordem ao
processo de desenvolvimento.
A administrao municipal necessita ser pr-ativa, empreendedora,
inovadora, sensvel s demandas e s potencialidades locais.
K preciso considerar a integrao do municpio com sua rea de em torno
e com a regio onde se localiza. Nesse sentido, a participao em associaes e
consrcios municipais facilita a soluo de problemas e o uso racional dos recursos. So
exemplos a existncia de consrcios municipais de sade, brigadas de incndios e as
associaes formadas para manuteno e conservao de estradas.
a) Promover o desenvolvimento econmico local
Os administradores municipais devem buscar o desenvolvimento
econmico, sem o qual ser impossvel gerar ocupao c renda para a populao.
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O desenvolvimento deve assentar-se sobre as potencialidades locais,
buscando inserir a economia municipal, sucessivamente, nos mercados regional,
nacional e internacional
A gerao de emprego de qualidade fundamental para reverter o quadro
de pobreza existente no pas e em praticamente todos os municpios.
O desenvolvimento econmico fundamental gera um ciclo virtuoso
com impacto favorvel sobre as finanas e a administrao municipal, bem como sobre
a qualidade de vida das pessoas, desde que preserve o meio ambiente.
b) Aumentar a proviso da infra-estrutura municipal
A existncia de infra-estrutura condio indispensvel para o
crescimento / desenvolvimento econmico e social municipal. Assim, fundamental a
existncia e / ou disponibilidade de uma rede mnima de transporte, energia eltrica,
abastecimento de gua, esgotamento sanitrio, comunicaes - especialmente de rede
telefnica, dentre outras.
Um municpio com potenciai para desenvolver o setor secundrio deve
dar ateno disponibilidade de terrenos para a instalao de fbricas, por exemplo. Se
o potencial de crescimento for a agrcola faz-se necessrio cuidar das estradas vicinais,
instalar um mercado do produtor, alm de outros equipamentos de apoio agropecuria.
c) Tornar o municpio mais atraente para receber investimentos
Us governos estaduais e municipais esto se conscientizando de que
necessrio preparar o seu territrio para receber investimentos, sob pena de ficar
margem do processo de desenvolvimento. As empresas esto se localizando cada vez
mais onde as vantagens comparativas forem maiores: disponibilidade de infra-estrutura,
mo-de-obra treinada, existncia de terrenos para localizao das atividades, dentre
outros fatores.
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As prefeituras devem esludar as possibilidades de crescimento das
atividades e setores c de atrair empresas para o seu municpio, sob pena dos negcios se
concentrarem em poucos pontos do territrio nacional.
Tornar o municpio mais atraente no significa apenas ter farta infra-
estrutura. Outros aspectos devem ser observados, como a legislao local, a
disponibilidade de mo-de-obra treinada, e a concesso de incentivos que no
signifiquem a eroso das finanas locais.
d) Apoiar as microempresas e o setor informal
As microempresas e o setor informal devem ser incentivados por serem,
em geral, grandes geradores de empregos e pelo papel importante que ocupam hoje na
cadeia produtiva, onde a terceirizao se evidencia como mecanismo cada vez mais
adotado pelos setores pblico e privado.
li importante tambm fortalecer o esprito empreendedor local, mediante
identificao e divulgao de oportunidades de negcios: o que falta no municpio e na
sua regio do entorno e que pode ser produzido localmente uma possvel ao a ser
encetada.
As prefeituras municipais podem tambm organizar formas de
financiamentos para as microempresas e apo ia ra formalizao de atividades informais.
e) Priorizar as atividades rurais
Os maiores ndices de pobreza relativa localizam-se nas reas rurais. Isto,
combinado com o fato de que a maioria dos pequenos municpios possui como base
econmica as atividades rurais e nela residem as maiores oportunidades de crescimento,
torna prioritrio apoiar o setor.
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Os municpios devem auxiliar, lambem, os governos estadual c federal na
implantao da reforma agrria e no apoio agricultura familiar, aumentando a gerao
de emprego no campo.
0 Explorar o potencial turstico
Os municpios menos urbanizados tm, em muitos casos, um potencial
turstico no explorado. O crescimento da demanda pelo turismo ecolgico pode
significar uma alavanca para o crescimento econmico de muitos lugares, desde que
devidamente organizados e incentivados.
O turismo uma das atividades que mais cresce atualmente e que apoia
no uso intensivo de mo-de-obra alm, de envolver nmero de setores como transporte,
hotis, restaurantes, artesanatos e produo cultural, dentre outros.
g) Ajustar a administrao municipal
A mquina administrativa da prefeitura dever ser ajustada de modo a
cumprir no s as determinaes constitucionais, como tambm adaptar-se s mudanas
que, progressivamente, vm ocorrendo no papel do Estado. Tas ajustes no se referem
apenas "estrutura" organizacional da administrao mas, principalmente, mudana
comportamental.
h) Capacitar os servidores da administrao municipal
No basta realizar a reforma administrativa da prefeitura municipal. E
importante capacitar os servidores em todos os nveis, de modo a entenderem
plenamente qual a sua "misso".
A educao profissional e a reciclagem permanente dos servidores e
tcnicos devero ser buscadas junto aos rgos tcnicos estaduais, privados e
organizaes no-governamenlais, como o Fundao Joo Pinheiro, o Instituto
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Brasileiro de Administrao Municipal - IBAMA, e o Programa de Formao
profissional do Ministrio do Trabalho.
i) Reduzir o gasto pblico nas atividades-meio
O aparelho estatal brasileiro gasta muito em atividades-meio, como por
exemplo em pessoal, manuteno e conservao, pouco restando para a realizao de
investimentos c gastos correntes nas atividadcs-lns.
Vrios governos estaduais e municipais despendem mais de 6 0 % de sua
receita total com a folha de pagamento do funcionalismo, o que , inclusive, ilegal.
j ) Aumentar a receita municipal
Alm de reduzir os gastos com as atividades-meio, faz-se necessrio
incrementar as receitas municipais mediante o aumento da arrecadao oriundo da
cobrana de impostos e taxas arrecadados localmente.
Rssa providncia fundamental, tendo cm vista que as receitas
constitucionais e as transferncias a fundo perdido no devero crescer
substancialmente no futuro, isto , s aumentaro - no caso das transferncias
constitucionais - em funo do crescimento das atividades econmicas, o que ocorre
lentamente.
A cobrana de impostos locais deve considerar a capacidade de
pagamento da populao, de modo a evitar a evaso tributria e no cometer injustias
com os mais pobres. Os impostos e taxas devem ter, assim, um efeito redistributivo.
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k) Organizar a ocupao do espao municipal c proteger o meio
ambiente
A proteo ao meio ambiente dar sustentabilidade ao desenvolvimento.
E necessrio dotar medidas prticas de preservao e conservao da flora, fauna, ar e
recursos hdricos, com vistas a criar no territrio municipal um ambiente atraente para a
implantao das diversas atividades.
O instrumento bsico da poltica de desenvolvimento e expanso urbana
o Plano Diretor. Iodas as cidades com mais de 20 mil habitantes devero possuir o
seu plano.
De um modo geral, os planos diretores estabelecem as diretrizes para a
ordenao das atividades urbanas, para a legislao que disciplina o uso do solo, e ainda
orienta o crescimento das cidades, sendo, em muitos casos, o principal instrumento de
desenvolvimento dc todo o municpio.
F, preciso que o Plano Diretor se transforme em lei, de modo a servir
como instrumento efetivo de ordenao do uso do solo c das atividades urbanas. Os
vereadores devem exigir o seu cumprimento.
Ainda que o Plano Diretor venha a ser elaborado por equipes de fora das
prefeituras, imprescindvel que tcnicos e funcionrios locais acompanhem a sua
preparao e sejam treinados com o objetivo de implant-los.
A implantao dos planos diretores tem sido facilitada pela criao, na
Constituio de 1988, de novos institutos jurdicos para o desenvolvimento urbano.
Os novos institutos jurdicos criados foram: o parcelamento e a
edificao compulsria; o imposto predial e territorial urbano progressivo no tempo; a
indenizao expropriatria paga em ttulos da dvida pblica; e o usucapio urbano.
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As trs primeiras medidas foram criadas para promover o adequado
aproveitamento dos terrenos no utilizados e subutilizados (os chamados vazios
urbanos), de acordo com o que dispuser a lei do plano diretor.
As prefeituras devem se apoiar nesses instrumentos, especialmente no
usucapio urbano estabelecido no artigo 183: '"aquele que possuir como sua rea urbana
de at duzentos e cinqenta metros quadrados, por cinco anos. ininterruptamente e sem
oposio, utilizando-a para sua moradia e de sua famlia, adquiri-lhe- o domnio, desde
que no seja proprietrio de outro imvel urbano ou rural". direito no ser
reconhecido ao mesmo possuidor por mais de uma vez e os imveis pblicos no sero
adquiridos por usucapio . 1 9
SOUZA, Ldgar Bastos de. Gesto municipal c desenvolvimento integrado e sustentvel. Braslia: Secretaria - Execuiiva do Programa Comunidade Solidria, 1998.
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M M ) 7 0 0 3
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6 LEI DE USO E O C U P A O D O S O L O E N T O R N O DO A E R O P O R T O
REGIONAL DA ZONA DA M A T A
A implantao do novo Aeroporto Regional da Zona da Mata dotado de
infraestmtura adequada ao atendimento da demanda de passageiros c cargas do sudeste
do Estado de Minas Gerais, proporcionar facilidades ao desenvolvimento econmico
da regio, ampliando as relaes comerciais com os grandes centros do pas, com
reflexo direto no mercado potencial para o transporte de cargas.
Nessa perspectiva, o planejamento geral tem por objetivo estabelecer a
concepo para o desenvolvimento do aeroporto, considerando a melhor relao entre o
atendimento da demanda estimada, o meio ambiente, o uso do solo na rea de em torno
e a disponibilidade do sitio para a instalao das facilidades. Nesta concepo, esto
incorporadas as diretrizes gerais do Comando da Aeronutica, bem como as diretrizes
urbanas e ambientais.
A concepo de desenvolvimento para o aeroporto resulta da
compatibilizao de estimativas de capacidade prevista e dos parmetros gerais de
planejamento compreendendo:
O estabelecimento do zoneamento funcional do sitio aeroporturio;
A programao das fases de implantao;
A configurao fsica mais adequada evoluo do trfego areo
projetado para os prximos vinte anos;
A utilizao da rea patrimonial proposta para um horizonte de
planejamento superior ao de vinte anos, estabelecido neste Plano
Dentre as diretrizes gerais acima, elaboradas pelo Comando da
Aeronutica, a rea patrimonial ser estudada com mais detalhe por conter o uso e
ocupao do solo cm torno do aeroporto, bem como as diretrizes urbanas e ambientais.
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As caractersticas da topografia da Regio da Zona da Mata oferecem
poucas opes no que tange escolha de um sitio aeroporturio ideal. Diante das
dificuldades de selecionar uma rea desocupada e de relevo menos acidentado, o
Governo do Estado de Minas Gerais indicou o sitio localizado entre os municpios de
Goiana e Rio Novo, ao longo do trecho da rodovia MG-353.
A rea patrimonial, onde estabelece as diretrizes de zoncamento de rudo,
foi definida de modo a abrigar uma infraestrutura aeroporturia compatvel com o
potencial de gerao de demanda por transporte areo da Regio da Zona da Mata para
alem do horizonte final de planejamento (2022).
As diretrizes foram estabelecidas
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