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    PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR N , DE 2011(Do Sr. Esperidio Amin)

    Acrescenta novos dispositivos Lei

    Complementar n 123, de 14 de dezembrode 2006, que Institui o Estatuto Nacional daMicroempresa e da Empresa de PequenoPorte, com o obje tivo de autorizar aconstituio de sociedade de garantiasolidria, e d outras providncias.

    O Congresso Nacional decreta:

    Art. 1 A Lei Complementar n 123, de 14 de dezembrode 2006, passa a vigorar acrescida da seguinte Seo I-A do Captulo IX - DOESTMULO AO CRDITO E CAPITALIZAO:

    Seo I -A Da Sociedade de Garantia Solidria.

    Art. 61-A. autorizada a constituio de Sociedade de

    Garantia Solidria - SGS, sob a forma de sociedade por aes, para aconcesso de garantia a seus scios participantes, sendo constituda de sciosparticipantes e de scios investidores:

    I - os scios participantes sero, preferencialmente,microempresas e empresas de pequeno porte, observados um nmero mnimode 100 (cem) participantes e a participao mxima individual de 5% (cinco porcento) do capital social;

    II - os scios investidores sero pessoas naturais ou jurdicas, que efetuaro aporte de capital na sociedade, com o objetivo

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    exclusivo de auferir rendimentos, no podendo sua participao, em conjunto,exceder a 49% (quarenta e nove por cento) do capital social.

    1 A Sociedade de Garantia Solidria ter seus atosarquivados no Registro Pblico de Empresas Mercantis e ter como finalidadesocial exclusiva a concesso de garantias pessoais ou reais a seus sciosparticipantes.

    2 O capital mnimo, subscrito e integralizado, paraconstituio de uma sociedade de garantia solidria ser de R$ 200.000,00(duzentos mil reais).

    3 assegurado aos participantes que se retirarem dasociedade o reembolso das aes que lhe pertenam e cuja titularidade noseja exigida em razo de uma garantia em vigor concedida pela sociedade.

    4 O estatuto social da sociedade estabelecer o prazomnimo de antecedncia para solicitao de reembolso prevista no pargrafoanterior.

    5 livre a negociao, entre scios participantes, de

    suas aes na respectiva sociedade de garantia solidria, respeitada aparticipao mxima que cada scio pode atingir.

    6 Podem ser admitidos como scios participantes asassociaes, as sociedades cooperativas, outras sociedades e profissionaisliberais.

    7 Sem prejuzo do disposto nesta lei complementar, sociedade de garantia solidria aplicam-se as disposies da lei especial que

    rege as sociedades por aes, aplicando-se-lhe ainda, nos casos omissos, asdisposies pertinentes do Cdigo Civil ou at mesmo estudos da Lei daSociedade de Garantia Recproca da Espanha.

    Art. 61-B. A sociedade de garantia solidria integra osistema financeiro nacional, sendo regulada pelo Conselho Monetrio Nacionale supervisionada pelo Banco Central do Brasil, no mbito de suas respectivasatribuies legais.

    Art. 61-C. O estatuto social da sociedade de garantiasolidria deve conter obrigatoriamente:

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    I a finalidade social, as condies e os critrios paraadmisso e excluso de novos scios participantes;

    II as condies do privilgio em favor da sociedadesobre as aes detidas por scio excludo por motivo de inadimplncia;

    III a proibio de que as aes dos scios participantessejam oferecidas como garantia de qualquer espcie;

    IV a estrutura societria, compreendendo a Assembleia-Geral, que funcionar como rgo mximo da sociedade e eleger o ConselhoFiscal e o Conselho de Administrao, que, por sua vez, indicar os membrosda Diretoria Executiva.

    Art. 61-D. A sociedade de garantia solidria sujeitaainda s seguintes condies:

    I - proibio de concesso a um mesmo scio participantede garantia superior a 5% (cinco por cento) do capital social ou do totalgarantido pela sociedade, prevalecendo o que for maior;

    II - proibio de concesso de crdito a seus scios ou aterceiros;

    III dever observar na destinao:

    a) dos resultados lquidos, a alocao de 5% (cinco porcento) para a rubrica de reserva legal, respeitado o limite de at 20% (vinte porcento) do capital social;

    b) da parte correspondente aos scios participantes, a

    alocao de 50% (cinquenta por cento) para o fundo de risco, que serconstitudo tambm por aporte dos scios investidores e de outras receitasaprovadas pela Assembleia-Geral da sociedade.

    Art. 61-E. O contrato de garantia solidria tem porfinalidade regular a concesso da garantia pela sociedade ao scioparticipante, mediante o recebimento de taxa de remunerao pelo servioprestado, devendo fixar as clusulas necessrias ao cumprimento dasobrigaes do scio beneficirio perante a sociedade.

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    Pargrafo nico. Para a concesso da garantia, asociedade de garantia solidria poder exigir a contragarantia por parte do

    scio participante beneficirio, respeitados os princpios que orientam aexistncia desse tipo de sociedade.

    Art. 61-F. A sociedade de garantia solidria podeconceder garantia sobre o montante de recebveis de seus scios participantes,objeto de securitizao, podendo tambm prestar o servio de colocao derecebveis junto empresa de securitizao especializada na emisso dosttulos e valores mobilirios transacionveis no mercado de capitais, que atuarna condio de agente fiducirio.

    Pargrafo nico. O agente fiducirio de que trata ocaput no tem direito de regresso contra as empresas titulares dos valores e contas areceber, objeto da securitizao.

    Art. 61-G. A sociedade de garantia solidria poder contarcom os seguintes recursos:

    I recursos aportados pelos scios participantes;

    II financiamentos de bancos e outras instituiesfinanceiras;

    III emisso de obrigaes de qualquer espcie;

    IV recursos pblicos, a serem definidos na forma da lei.

    Art. 61-H. autorizada a constituio de sociedade decontragarantia, que tem como finalidade o oferecimento de contragarantias sociedade de garantia solidria, nos termos da regulamentao.

    Art. 2 Esta lei complementar entra em vigor apsdecorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicao oficial.

    JUSTIFICAO

    Este projeto de lei complementar a reapresentaointegral com a devida reviso, que buscou o aprimoramento de cunho

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    constitucional, redacional e de tcnica legislativa do PLP n 109, de 2007, deautoria do ilustre ex-deputado Fernando Coruja, que infelizmente foi arquivado,

    em 31/01/2011, aps o trmino da Legislatura passada, por fora do art. 105 doRegimento Interno desta Casa.

    No entanto, diante da importncia do tema abordado,qual seja a regulamentao das sociedades de garantia solidria, que seromuito teis ao desenvolvimento e fortalecimento das microempresas eempresas de pequeno porte em nosso Pas, nos sentimos compelidos areapresentar a referida proposio, tendo a preocupao de preservar suaredao original, inclusive aproveitando sua justificao, que ora se reproduz:

    A Lei Complementar n 123, de 2006, representou umavano importante para as micro e pequenas empresas. Ela significa ocoroamento de um grande esforo empreendido por inmeras instituies eparlamentares em busca de polticas pblicas que impulsionem esse segmentoda sociedade. Particularmente relevante a instituio do Supersimples, queamplia significativamente o alcance do Simples, passando a abranger Estadose Municpios.

    Ocorre que a referida lei complementar no prev umsistema de garantia acessvel aos empreendimentos de menor porte. O antigoEstatuto da Microempresa, Lei n 9.841, de 5 de outubro de 1999, revogado,autorizava a constituio de sociedades de garantia solidria, mas, na prtica,tais sociedades no saram do papel.

    O texto da Lei Complementar n 123 que foi aprovadopelo Congresso Nacional mantinha a previso de constituio de sociedade degarantia solidria, com uma redao muito sucinta, que deixava toda aregulamentao do sistema para o Poder Executivo. O Presidente daRepblica o vetou integralmente, sob o argumento de que ele s contemplavamicro e pequenas empresas, deixando de fora segmentos importantes dasociedade que seriam potenciais usurios desse tipo de sociedade. Inusitadotal argumento, uma vez que foi concebido justamente dentro da Lei Geral dasMicro e Pequenas Empresas.

    Em todo caso, importante avaliar a razo de, a despeitodo marco legal vigente desde 1999, o sistema de garantia solidria no terdecolado. Parece-nos que, alm da falta de disposio poltica para

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    implement-la, a legislao no tratou da melhor forma alguns elementosimportantes.

    Entre eles, destaque-se o fato de que a lei no dispunhaque as sociedades de garantia solidria integravam o sistema financeironacional, sendo, portanto, obrigatoriamente fiscalizadas pelo Banco Central. Otexto remetia a fiscalizao ao Sebrae, rgo no integrante da estrutura doEstado, embora seu financiamento seja por contribuies compulsrias.

    Outro elemento que contribuiu para que o sistema novingasse foi a inexigncia de capital mnimo para tais sociedades operarem.

    Sem isso, no se garante a escala necessria para asoperaes. Aqui, o fixamos em R$ 200 mil.

    Tambm relacionado questo da escala, o nmeromnimo de scios para as sociedades operarem era de 10, claramenteinsuficiente, razo por que optamos pelo nmero de 100.

    Destacamos ainda a obrigatoriedade de constituio soba forma de sociedade annima, a nosso ver inadequada. Propomos a forma de

    sociedade de tipo especial, que abarca aspectos de sociedade annima, mascom algumas caractersticas distintas, que do conta das especificidades.

    bom ressaltar que, no incio de julho de 2007, foiaprovado pela Cmara dos Deputados o Projeto de Lei Complementar n 79,de 2007, com vrias alteraes na Lei Complementar n 123, de 2006. Entre asmudanas, reintroduz-se a previso de sistema nacional de garantia de crdito, j definindo que ele integrar o sistema financeiro nacional.

    Em nosso entender, o texto aprovado traz avanos emrelao ao modelo da Lei n 9.841, de 1999, mas ainda carece deaperfeioamento, pois poderia ter estabelecido os parmetros defuncionamento das sociedades de garantia. Por isso, entendemos aoportunidade deste projeto.

    H muitos pases em que sociedades de garantiavoltadas para pequenos empreendimentos foram implementadas com xito.Baumgartner (2004)1 faz um apanhado de diversas experincias. No sudeste1 Baumgartner, Regiane. Propostas para implementao de um sistema de garantia de crditomutualista como alternativa de acesso ao crdito para as micro, pequenas e mdias empresasno Brasil. Dissertao de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina.

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    asitico, por exemplo, a autora relata que se segue o modelo de sociedades degarantia corporativista, em que os recursos advm principalmente do setor

    pblico. No Japo, que conta com um amplo sistema de apoio s micro epequenas empresas, opera-se por meio de uma confederao nacionalcomposta por 52 sociedades de garantia, contando com macios recursospblicos.

    Sobre os pases europeus, Baumgartner relata que existeum amplo sistema de garantia solidria. Na Alemanha, opera-se comsociedades de responsabilidade limitada, regidas por leis do sistema financeiro.Na Frana, h 3 sistemas, a mais antiga sob a forma de sociedade mercantil.

    As mais novas so instituies financeiras.

    A experincia espanhola merece particular ateno, umavez que as sociedades de garantia recprocas -SGRs desempenham papel degrande relevo e serviram de inspirao para o modelo de sociedades degarantia solidria que se tentou implantar no Brasil. Tais sociedades soinstituies financeiras, sem fins lucrativos, cujas cotas as microempresasinteressadas em obter garantias tm que adquirir. Ao trmino da operao decrdito tal cota pode ser reembolsada ou a empresa pode optar porpermanecer associada.

    H mais de 20 sociedades de garantia recproca atuandonaquele pas, beneficiando anualmente cerca de 20 mil empresas, comoperaes anuais que se aproximam de 1 bilho de euros.

    Destaque-se ainda a entidade de refinanciamentodenominada Cersa, que cobre total ou parcialmente os riscos assumidos pelasreferidas sociedades. Fernando Puga (2002) informa que, em junho de 2001, aCersa possua um patrimnio de 45,5 milhes de euros, dos quais mais de90% do governo espanhol. O restante do patrimnio se dividia entre associedades de garantia recproca e instituies financeiras.2

    Na Amrica Latina, tambm h experincias comsociedades de garantia de crdito para microempresas, sendo a Argentina opas mais avanado neste campo, exigindo-se capital mnimo de US$ 240 mil epelo menos 120 scios.

    2 Ver Puga, Fernando Pimentel. (2002). O apoio financeiro s micro, pequenas e mdiasempresas na Espanha, no Japo e no Mxico. Texto para Discusso n 96. BNDES.

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    A partir da anlise sobre os motivos da falta de xito datentativa brasileira com sociedades de garantia solidria e da bem-sucedida

    experincia em vrios pases, propomos o presente projeto de leicomplementar, com a confiana de que este providenciar o marco regulatrionecessrio para a plena efetividade do sistema, superando um gargalo para oflorescimento dos microempreendimentos brasileiros, que precisamente ainsuficincia de crdito motivada pela falta de garantias. (...).

    Assim, diante das consideraes acima e pelo relevantemrito da proposio voltada ao desenvolvimento do expressivo segmento dasmicroempresas e empresas de pequeno porte, que muito representam no

    contexto da economia nacional, julgamos que o presente projeto de leicomplementar aperfeioar o Estatuto da Microempresa e da EmpresaPequeno Porte, ao tempo em que far por merecer a devida ateno enecessrio apoiamento de nossos ilustres Pares, com vistas sua breveaprovao nesta Casa.

    Sala das Sesses, em de de 2011.

    Deputado ESPERIDIO AMIN

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