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Por. Semana 13
Eduardo Valladares(Bruna Basile)
Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por escrito. Todos os direitos reservados.
08/05
15/05
22/05
29/05
Semântica dos pronomes 1
09:15 19:15
Semântica dos pronomes 2
09:15 19:15
Análise de textos e questões no modelo ENEM
09:15 19:15
Semântica dos verbos 1
09:15 19:15
CRONOGRAMA
Semântica dos pronomes 1 (pessoais, pos-sessivos)
01. Resumo
02. Exercício de Aula
03. Exercício de Casa
04. Questão Contexto
08mai
127
Por.
RESUMOPronome Pessoal
Os pronomes pessoais servem para caracterizar as
pessoas de uma fala, por exemplo, a 1ª pessoa (quem
fala), a 2ª pessoa (com quem se fala) e a 3ª pessoa
(de quem se fala). Além disso, funcionam como ele-
mento de coesão para a retomada de um nome an-
teriormente expresso. Veja o exemplo: “Levantaram
Dona Rosário, embora ela não quisesse.”
→ Os pronomes sujeitos (pessoais reto) são normal-
mente omitidos na Língua Portuguesa porque as de-
sinências verbais bastam para a indicar a pessoa a
que se refere, bem como o número gramatical (sin-
gular ou plural) dessa pessoa. Exemplo: (Eu) ando;
(Nós) rimos.
→ A 1ª pessoa do plural (nós) é conhecida como o
plural da modéstia, pois é utilizado para evitar um
tom impositivo ou muito pessoal de opiniões. Os es-
critores costumam utilizar-se do nós em lugar da for-
ma verbal eu, por esse motivo. Essa estrutura é en-
contrada em redações de vestibulares, dissertações
de mestrado, etc. pois o autor procura dar a impres-
são que as ideias que expõe são compartilhadas por
seus leitores.
Pronome Possessivo
Enquanto os pronomes pessoais denotam as pesso-
as gramaticais, os possessivos, o que lhes cabe ou
pertence. Eles apresentam formas correspondentes
à pessoa que se referem.
→ O emprego da 3ª pessoa do singular ou do plu-
ral pode gerar ambiguidade em uma frase por conta
da dúvida a respeito do possuidor. Para evitar qual-
quer ambiguidade, a Língua Portuguesa nos ofere-
ce precisar o possuidor com a utilização das formas:
dele(s), dela(s), de você(s), do(s) senhor(es), da(s) se-
nhora(s), entre outras expressões.
→ Para reforçar a ideia de posse visando a clareza
e a ênfase, costuma-se utilizar as palavras: próprio,
mesmo. Por exemplo: Era ela mesma; eram os seus mesmos braços.
Pronomepessoal.
Pronomepossessivo.
128
Por.
2.
EXERCÍCIO DE AULA1.
VERÍSSIMO, L. F. As cobras em: Se Deus existe que eu seja atingido por um raio.
Porto Alegre: L&PM, 1997. (Foto: Reprodução/Enem)
O humor da tira decorre da reação de uma das cobras com relação ao uso de
pronome pessoal reto, em vez de pronome oblíquo. De acordo com a norma-pa-
drão da língua, esse uso é inadequado, pois
a) contraria o uso previsto para o registro oral da língua.
b) contraria a marcação das funções sintáticas de sujeito e objeto.
c) gera inadequação na concordância com o verbo.
d) gera ambiguidade na leitura do texto.
e) apresenta dupla marcação de sujeito.
O uso do pronome átono no início das frases é destacado por um poeta e por um
gramático nos textos abaixo.
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
ANDRADE, Oswald de. Seleção de textos.
São Paulo: Nova Cultural, 1988.
“Iniciar a frase com pronome átono só é lícito na conversação familiar, des-
preocupada, ou na língua escrita quando se deseja reproduzir a fala dos
personagens (…)”.
CEGALLA. Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua
portuguesa. São Paulo: Nacional, 1980.
Comparando a explicação dada pelos autores sobre essa regra, pode-se afirmar
que ambos:
a) condenam essa regra gramatical
b) acreditam que apenas os esclarecidos sabem essa regra.
c) criticam a presença de regras na gramática.
d) afirmam que não há regras para uso de pronomes.
e) relativizam essa regra gramatical.
129
Por.
4.
3. Os donos da comunicação
Os presidentes, os ditadores e os reis da Espanha que se cuidem porque os
donos da comunicação duram muito mais. Os ditadores abrem e fecham a
imprensa, os presidentes xingam a TV e os reis da Espanha cassam o rádio,
mas, quando a gente soma tudo, os donos da comunicação ainda tão por
cima. Mandam na economia, mandam nos intelectuais, mandam nas moças
fofinhas que querem aparecer nos shows dos horários nobres e mandam no
society que morre se o nome não aparecer nas colunas. Todo mundo fala
mal dos donos da comunicação, mas só de longe. E ninguém fala mal deles
por escrito porque quem fala mal deles por escrito nunca mais vê seu nome
e sua cara nos “veículos” deles. Isso é assim aqui, na Bessarábia e na Baixa
Betuanalândia. Parece que é a lei. O que também é muito justo porque os
donos da comunicação são seres lá em cima. Basta ver o seguinte: nós, pra
sabermos umas coisinhas, só sabemos delas pela mídia deles, não é mes-
mo? Agora vocês já imaginaram o que sabem os donos da comunicação
que só deixam sair 10% do que sabem? Pois é; tem gente que faz greve, faz
revolução, faz terrorismo, todas essas besteiras. Corajoso mesmo, eu acho,
é falar mal de dono de comunicação. Aí tua revolução fica xinfrim, teu ter-
rorismo sai em corpo 6 e sevocê morre vai lá pro fundo do jornal em quatro
linhas.
Millôr Fernandes. Que país é este?, 1978.
No último período do texto, a discrepância dos possessivos teu e tua (segunda
pessoa do singular) com relação ao pronome de tratamento você (terceira pes-
soa do singular) justifica-se como
a) possibilidade permitida pelo novo sistema ortográfico da língua portuguesa.
b) um modo de escrever característico da linguagem jornalística.
c) emprego perfeitamente correto, segundo a gramática normativa.
d) aproveitamento estilístico de um uso do discurso coloquial.
e) intenção de agredir com mau discurso os donos da comunicação.
“Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando à missa, viu entrar a dama,
que devia ser sua colaboradora na vida de Dona Plácida. Viu-a outros dias,
durante semanas inteiras, gostou, disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé,
ao acender os altares, nos dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se,
amaram-se. Dessa conjunção luxúrias vadias brotou Dona Plácida. É de crer
que Dona Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia
dizer aos autores de seus dias: - Aqui estou. Para que me chamastes? E o
sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: - Chamamos-te para
queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer,
andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de
tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã
resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos na costura, até
acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num
momento de simpatia”.
Machado de Assis. Memórias Póstumas de Brás Cubas.
130
Por.
5.
No trecho “pisou-lhe o pé”, o pronome lhe assume valor possessivo, tal como
ocorre em uma das seguintes frases, também extraídas de “Memórias póstumas
de Brás Cubas”:
a) “falei-lhe do marido, da filha dos negócios, de tudo”.
b) “mas enfim contei-lhe o motivo da minha ausência”.
c) “se o relógio parava, eu dava-lhe corda”.
d) “Procure-me, disse eu, poderei arranjar-lhe alguma coisa”.
e) “envolvida numa espécie de mantéu, que lhe disfarçava as ondulações do ta-
lhe”.
Juventude Encarcerada
Não adianta vocês fazerem rebeliões e quebrarem tudo porque dinheiro para re-
alizar reformas e prendê-los aparece rapidamente”. Ao fazer essa declaração em
caráter informal a um adolescente que cumpria medida sócio-educativa de inter-
nação, jamais poderia imaginar que essa mensagem passaria a nortear suas ati-
tudes dali em diante.
As experiências vividas em unidades de internação e de semiliberdade do Degase
(Departamento Geral de Ações Socioeducativas), órgão responsável pelos adoles-
centes em cumprimento de medidas socioeducativas no Estado do Rio de Janeiro,
respaldam minhas palavras sobre o tema em voga na mídia: a redução da maio-
ridade penal para 16 anos.
Poderia falar de vários fatos para justificar a minha opinião contrária à redução
da maioridade penal e também da adoção do Direito Penal Juvenil. Ambas, a meu
ver, destoam das conquistas da sociedade brasileira garantidas pelo Estatuto da
Criança e do Adolescente e por outros diplomas.
Adolescentes são apresentados à sociedade como mentores de crimes hediondos,
traficantes perigosos, perturbadores da ordem pública e outras qualificações que
em nada renovam as expressões utilizadas no início do século passado para justi-
ficar o encarceramento de adolescentes oriundos de classes populares.
A triste conclusão a que chego é a de que, infelizmente, não há um plano de inclu-
são na sociedade brasileira para essa enorme população de crianças e adolescen-
tes originários das classes menos favorecidas. Portanto, surgem como alternativas
o encarceramento, o extermínio e a exploração sexual e do trabalho dessa popu-
lação. Estamos sensibilizados com a dor dos pais dos jovens assassinados em São
Paulo, no Rio de Janeiro, no Maranhão e em todos os recantos deste Brasil onde
crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos são assassinados diariamente por
pessoas de todas as classes sociais que se organizam em quadrilhas para ceifar
vidas pelos motivos mais fúteis.
Quando tomo conhecimento de notícias envolvendo adolescentes e até mesmo
crianças pergunto-me: quem estará semeando o desamor nesses corações? Por
que não conseguimos impedir que os mentores dessa tragédia continuem atuan-
do? Por que servimos banquetes a corruptos? Por que não anistiamos os adoles-
centes que cometeram atos leves e não reincidiram para que possamos cuidar
com responsabilidade de asos mais graves? Por que as instituições responsáveis
pelo atendimento não têm a atenção devida do estado e de toda a sociedade?
131
Por.
“— É verdade, seu Sidney, para prender a gente o dinheiro aparece rapidinho. Eu
não me meto nessa furada. Eu vou é pra escola.”
Ele foi para a escola, não aconteceu a rebelião e a sociedade ganhou mais um
crítico do sistema. Jogado no sistema penitenciário, aquele jovem não teria tem-
po para desenvolver sua consciência crítica. Reduzir a maioridade penal significa,
também, anular a possibilidade de corrigirmos nossas falhas pelo desrespeito aos
direitos de todas as crianças e adolescentes do Brasil.
Silva, Sidney Teles da. Revista Ocas saindo das rua
O uso de verbos e pronomes na primeira pessoa do plural, no sexto parágrafo,
evidencia, analogicamente, que o “nós” é equivalente a:
a) o Estado.
b) o sistema penitenciário.
c) a sociedade.
d) as instituições responsáveis.
e) a família.
EXERCÍCIO DE CASA1.
O que motivou o apito do juiz foi:
a) a necessidade de empregar a ênclise para seguir a norma padrão.
b) o uso de um objeto direto no lugar de um objeto indireto.
c) a opção pelo pronome pessoal oblíquo “o” em vez de “a”.
d) a obrigatoriedade da mesóclise nessa construção linguística.
e) a transgressão às regras de concordância nominal relacionadas ao pronome.
2. Não era e não podia o pequeno reino lusitano ser uma potência colonizadora
à feição da antiga Grécia. O surto marítimo que enche sua história do século
XV não resultara do extravasamento de nenhum excesso de população, mas
fora apenas provocado por uma burguesia comercial sedenta de lucros, e
que não encontrava no reduzido território pátrio satisfação à sua desmedida
ambição. A ascensão do fundador da Casa de Avis ao trono português trou-
xe esta burguesia para um primeiro plano. Fora ela quem, para se livrar da
ameaça castelhana e do poder da nobreza, representado pela Rainha Leo-
nor Teles, cingira o Mestre de Avis com a coroa lusitana. Era ela, portanto,
132
Por.
3.
, quem devia merecer do novo rei o melhor das suas atenções. Esgotadas as
possibilidades do reino com as pródigas dádivas reais, restou apenas o re-
curso da expansão externa para contentar os insaciáveis companheiros de
D. João I.
Caio Prado Júnior, Evolução política do Brasil. Adaptado.
O pronome “ela” da frase “Era ela, portanto, quem devia merecer do novo rei o
melhor das suas atenções”, refere-se a
a) “desmedida ambição”.
b) “Casa de Avis”.
c) “esta burguesia”.
d) “ameaça castelhana”.
e) “Rainha Leonor Teles”.
Brasil
Seu destino é crescer.
Nosso turismo já é um produto de exportação com prestígio no mundo in-
teiro. Antes, para o resto do mundo, éramos apenas o país do Carnaval e
do futebol. Isso há muitos anos. Agora é diferente, agora o país tem rumo.
Com o PNMT - Programa Nacional de Municipalização do Turismo -, mais
de 1.200 cidades turísticas estão sendo preparadas para que se tornem me-
lhores para os turistas e para quem vive nelas. Treinamos e capacitamos
mais de 500 mil profissionais, nas diversas áreas ligadas ao turismo em todo
o Brasil. Leis do tempo do Império foram atualizadas, abrindo novos hori-
zontes, principalmente para o turismo marítimo. Só em 2001 tivemos 30 dos
maiores transatlânticos do mundo navegando pelo nosso litoral. Com o ce-
nário brasileiro modernizado e mais atraente, de 2 milhões passamos para
5 milhões de turistas estrangeiros recebidos anualmente. O turismo traz os
benefícios de um maravilhoso produto de exportação, ajudando a combater
nossas dificuldades sociais com a geração de mais emprego, mais renda e
divisas para o país. Consulte seu agente de viagens.
Embratur, Ministério do Esporte e Turismo, Governo do Brasil.
Analisando as informações apresentadas no texto e a forma como estão organi-
zadas, podemos afirmar que:
1) o texto começa por estabelecer uma oposição entre diferentes momentos da
história do turismo no Brasil.
2) o discurso predominante é visivelmente triunfalista e pretende ser altamente
convincente.
3) na concepção do autor do texto, o Carnaval e o futebol possibilitaram novos
rumos para o incremento da economia brasileira.
4) o vocábulo ‘turismo’ e outros seus cognatos ocorrem várias vezes e, assim,
marcam o tópico principal que dá unidade ao texto.
5) a voz que fala pelo texto se expressa na primeira pessoa do plural, do início ao
fim, embora não apareçam as marcas explícitas do pronome pessoal.
133
Por.
4.
Estão corretas apenas:
a) 1, 2, 3 e 5
b) 1, 2, 4 e 5
c) 2, 3, 4 e 5
d) 3 e 4
e) 1 e 2
A crônica é um gênero textual que frequentemente usa uma linguagem mais in-
formal e próxima da oralidade, pouco preocupada com a rigidez da chamada
norma culta.
Um exemplo claro dessa linguagem informal, presente no texto, está em:
a) O medo é um evento poderoso que toma o nosso corpo, (l. 1)
b) Me lembrei dessa história por conta de outra completamente diferente, (l. 8)
c) De repente, vejo um menino encostado num muro. (l. 10-11)
d) ele também não podia imaginar que eu pedisse desculpas. (l. 28)
134
Por.
6.
5. Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra:
e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O
efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão corrupta
como está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual será, ou
qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou por-
que a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores
não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa salgar e
os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem rece-
ber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem
outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imi-
tar o que eles fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não salga, e
os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não deixa
salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não
é tudo isto verdade? Ainda mal!
Antônio Vieira, Sermão de Santo Antônio
Vieira é um homem do século XVII. É possível detectar, no texto de Vieira, carac-
terísticas da língua portuguesa que divergem de seu uso contemporâneo. Pen-
sando nessa diferença entre o português atual e o português usado por Vieira,
considere as seguintes afirmativas:
1. Diferentemente de hoje, o pronome pessoal oblíquo átono antecedia a nega-
ção.
2. O “porque” é empregado no texto como conjunção explicativa e sua grafia é a
mesma usada atualmente.
3. A conjunção “ou” tem no texto um uso que não é o de alternância.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
c) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
bv000033.pdf>.)
Leia com atenção o fragmento abaixo do conto "A terceira margem do rio".
Nossa mãe, vergonhosa, se portou com muita cordura; por isso, todos pen-
saram de nosso pai a razão em que não queriam falar: doideira. Só uns
achavam o entanto de poder também ser pagamento de promessa; ou que,
nosso pai, quem sabe, por escrúpulo de estar com alguma feia doença, que
seja, a lepra, se desertava para outra sina de existir, perto e longe de sua
família dele.
Guimarães Rosa in: Primeiras estórias
O uso dos pronomes possessivos na parte grifada do texto está de acordo com
a norma culta padrão. Todavia você pode manter o mesmo sentido usando uma
outra construção. Escolha nas alternativas abaixo aquela que melhor substituiria
o trecho destacado sem criar ambiguidade.
135
Por.
7.
a) perto e longe da tua família dele.
b) perto e longe da sua família.
c) perto e longe da tua família.
d) perto e longe da família dele.
e) perto e longe da família daqui.
Sobre a origem da poesia
A origem da poesia se confunde com a origem da própria linguagem.
Talvez fizesse mais sentido perguntar quando a linguagem verbal deixou de
ser poesia. Ou: qual a origem do discurso não poético, já que, restituindo la-
ços mais íntimos entre os signos e as coisas por eles designadas, a poesia
aponta para um uso muito primário da linguagem, que parece anterior ao
perfil de sua ocorrência nas conversas, nos jornais, nas aulas, conferências,
discussões, discursos, ensaios ou telefonemas.
Como se ela restituísse, através de um uso específico da língua, a integrida-
de entre nome e coisa − que o tempo e as culturas do homem civilizado tra-
taram de separar no decorrer da história.
A manifestação do que chamamos de poesia hoje nos sugere mínimos
flashbacks de uma possível infância da linguagem, antes que a representa-
ção rompesse seu cordão umbilical, gerando essas duas metades − signifi-
cante e significado.
Houve esse tempo? Quando não havia poesia porque a poesia estava em
tudo o que se dizia? Quando o nome da coisa era algo que fazia parte dela,
assim como sua cor, seu tamanho, seu peso? Quando os laços entre os sen-
tidos ainda não se haviam desfeito, então música, poesia, pensamento, dan-
ça, imagem, cheiro, sabor, consistência se conjugavam em experiências
integrais, associadas a utilidades práticas, mágicas, curativas, religiosas,
sexuais, guerreiras?
Pode ser que essas suposições tenham algo de utópico, projetado sobre um
passado pré-babélico, tribal, primitivo. Ao mesmo tempo, cada novo poema
do futuro que o presente alcança cria, com sua ocorrência, um pouco desse
passado.
Lembro-me de ter lido, certa vez, um comentário de Décio Pignatari, em que
ele chamava a atenção para o fato de, tanto em chinês como em tupi, não
existir o verbo ser, enquanto verbo de ligação. Assim, o ser das coisas ditas
se manifestaria nelas próprias (substantivos), não numa partícula verbal ex-
terna a elas, o que faria delas línguas poéticas por natureza, mais propensas
à composição analógica.
Mais perto do senso comum, podemos atentar para como colocam os índios
americanos falando, na maioria dos filmes de cowboy − eles dizem “maçã
vermelha”, “água boa”, “cavalo veloz”; em vez de “a maçã é vermelha”, “essa
água é boa”, “aquele cavalo é veloz”. Essa forma mais sintética, telegráfica,
aproxima os nomes da própria existência − como se a fala não estivesse se
referindo àquelas coisas, e sim apresentando-as (ao mesmo tempo em que
se apresenta).
136
Por.
No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam nossa re-
lação com as coisas, impedindo nosso contato direto com elas. A linguagem
poética inverte essa relação, pois, vindo a se tornar, ela em si, coisa, oferece
uma via de acesso sensível mais direto entre nós e o mundo. (...) Já perde-
mos a inocência de uma linguagem plena assim. As palavras se desapega-
ram das coisas, assim como os olhos se desapegaram dos ouvidos, ou como
a criação se desapegou da vida. Mas temos esses pequenos oásis − os poe-
mas − contaminando o deserto da referencialidade.
ARNALDO ANTUNES
Na coesão textual, ocorre o que se chama catáfora quando um termo se refere a
algo que ainda vai ser enunciado na frase.
Um exemplo em que o termo destacado constrói uma catáfora é:
a) Como se ela restituísse.
b) Pode ser que essas suposições tenham algo de utópico.
c) não numa partícula verbal externa a elas.
d) No seu estado de língua, no dicionário, as palavras intermedeiam.
8. Cedo ou tarde, uma dúvida cruel pinta na sua cabeça: "Que profissão esco-
lher?". Ou ainda: "Em que faculdade entrar?" . [...]
É por isso que a Editora Abril está lançando o Guia do estudante. Porque
o que ele mais tem é exatamente o que você mais precisa saber: tudo so-
bre todas as profissões universitárias e técnicas, o mercado de trabalho, os
cursos e o nível de todas as faculdades brasileiras, onde e como conseguir
bolsas de estudo e muitas dicas de profissionais bem-sucedidos. Uma verda-
deira luz pra você acertar na escolha da profissão que mais faz sua cabeça.
O melhor de tudo é que a decisão será sua e de mais ninguém. Com os pés
no chão. Sentindo firmeza.
Pode contar com o Guia do estudante pra encarar essa parada. Ele vai dar
a maior força pra você.
VEJA, São Paulo, n. 976, 1987 apud. AMARAL, Emília et al. Português: no-
vas palavras literatura, gramática, redação. São Paulo: FTD, 2000. p. 326.
Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) em relação ao texto.
(01) O pronome pessoal ele (ref. 2) faz referência ao estudante que busca uma
faculdade para cursar.
(02) Nota-se, no início do texto, um tom menos formal, com uma linguagem pró-
xima do cotidiano. Ao longo do segundo parágrafo, percebe-se que, ao descre-
ver o produto, o autor do texto utiliza uma linguagem mais próxima da escrita,
voltando, no final, a dirigir a palavra aos jovens, num tom mais coloquial.
(04) Segundo o texto, o Guia do estudante oferece trabalho e meios de conse-
guir bolsas de estudo nas faculdades do Brasil e também do exterior.
(08) De acordo com o texto, os pais devem se afastar no momento em que o jo-
vem escolhe a profissão que quer seguir, pois o Guia do estudante será uma ver-
dadeira luz na vida do jovem.
137
Por.
QUESTÃO CONTEXTO
(16) "Que profissão escolher?" e "Em que faculdade entrar?" são exemplos de
discurso direto introduzido no texto para mostrar alguns questionamentos feitos
pelos jovens no momento em que estão decidindo seu futuro profissional.
(32) O trecho O melhor de tudo é que a decisão será sua e de mais ninguém. Com
os pés no chão. Sentindo firmeza. pode ser assim reescrito, sem que seu sentido
seja alterado: O melhor de tudo é que a decisão será sua e de mais ninguém com
os pés no chão: sentindo firmeza.
(64) O pronome possessivo sua se refere à segunda pessoa do discurso você.
Leia o trecho abaixo retirado de um artigo científico:
O conceito de norma que orienta este estudo se baseia em autores como Fa-
raco (2008) e Bagno (2007), (2011), (2013), entre outros. Esse conceito implica
uma concepção de língua como heterogênea e variável, aberta a uma diver-
sidade de usos além dos estabelecidos pela Gramática Normativa.
Nessa concepção, negamos que as línguas se organizem de uma maneira
uniforme, fazendo com que seus usos orais ou escritos possam ser caracte-
rizados alternativamente como "certos" ou "errados". Antes, toda língua se
constitui como um conjunto de variedades dotadas de diferenças recíprocas,
cada uma delas podendo ser utilizada de acordo com os contextos sociais
de interação. Pensamos, concordando com Bagno (2011), que seja impossível
separar dentro da língua "o que pertence à estrutura ou ao sistema linguís-
tico [...] e o que é constructo cultural, social, político, ideológico" (BAGNO,
2011, p. 356). [...]
Comente a utilização da 3ª pessoa do plural no texto apresentado.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0103-18132016000300731&lang=pt
138
Por.
01.Exercício de aula1. b
2. e
3. d
4. e
5. c
02.Exercício de casa1. b
2. c
3. b
4. b
5. c
6. d
7. d
8. 2 + 16 + 64 = 82
03. Questão ContextoO trecho apresentado faz parte de um artigo cientí-
fico e utiliza a 3ª pessoa do plural para evitar um tom
impositivo e por isso, faz uso do plural de modéstia.
O autor procura dar a impressão que as ideias que
expõe são compartilhadas por ele e outros autores.
GABARITO
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