Prática de Audiência Trabalhista Conforme o Novo CPC · É Juiz do Trabalho no TRT da 2ª Região...

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Prática de Audiência Trabalhista Conforme o Novo CPC

Marcos scalércio É Juiz do Trabalho no TRT da 2ª Região (São Paulo), aprovado nos Concursos Públicos para ingresso na magistratura trabalhista do TRT da 1ª Região (Rio de Janeiro) e do TRT da 24ª Região (Mato Grosso do Sul). Professor em curso preparatório para as carreiras trabalhistas e para o Exame da OAB no Damásio Educacional. Palestrante em todo o Brasil sobre os mais diversos temas jurídico-laborais e autor de obras jurídicas.Email: marcosscalercio@hotmail.com

Tulio MarTinez MinTo É advogado especialista em Direito e Processo do Trabalho. É também consultor de escritó-rios de advocacia em matérias trabalhistas e autor de obras jurídicas.Email: tulio@martinezminto.com

Visite nossa página e acompanhe diariamente as mais relevantes notícias trabalhistas: <https://www.facebook.com/jurisprudenciatst>.

Marcos scalércio

Tulio MarTinez MinTo

Prática de Audiência Trabalhista Conforme o Novo CPC

2ª edição

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:1. Brasil : Audiência trabalhista : Direito do

trabalho 347.9:331(81)

Scalércio, Marcos

Prática de audiência trabalhista conforme o novo CPC / Marcos Scalércio, Tulio Martinez Minto. -- 2. ed. -- São Paulo : LTr, 2017.

Bibliografia1. Audiências - Brasil 2. Direito processual do trabalho - Brasil 3. Processo civil

I. Minto, Tulio Martinez. II. Título.

17-02714 CDU-347.9:331(81)

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Rua Jaguaribe, 571CEP 01224-003São Paulo, SP – BrasilFone (11) 2167-1101www.ltr.com.brMaio, 2017

Produção Gráfica e Editoração Eletrônica: LINOTEC

Projeto de Capa: FABIO GIGLIO

Impressão: PIMENTA & CIA LTDA

Versão impressa: LTr 5758.6 — ISBN: 978-85-361- 9193-5

Versão digital: LTr 9139.4 — ISBN: 978-85-361- 9235-2

Agradeço aos meus pais, pelo exemplo de vida e de luta, aos meus irmãos pelo apoio na fase da

preparação e pela alegria de ser tio de sobrinhas lindas.

Agradeço a todos alunos pela confiança e ajuda na continuidade da realização do meu sonho de professor.

Agradeço ainda a Deus, pela iluminação, paz e saúde para conseguir força na luta dos meus objetivos.

Marcos scalércio

Agradeço ao meu pai Sávio, minha mãe Catia e meu irmão Bruno, por sempre apoiarem minhas escolhas.

Agradeço à minha eterna companheira, coach e conselheira Janaina, por estar ao meu lado em todos os momentos, bons e ruins.

Agradeço, ainda, ao meu amigo Marcos Scalércio, pela oportunidade e confiança em, juntos, elaborarmos este trabalho.

Tulio MarTinez MinTo

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .............................................................................................................. 13

NOTAS DA SEGUNDA EDIÇÃO ....................................................................................... 15

1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS ................................................................................. 17

1.1. Etimologia e Conceito ................................................................................... 17

1.2. Previsão Legal ................................................................................................. 17

1.3. Sujeitos Participantes ..................................................................................... 19

1.3.1. Partes ................................................................................................. 19

1.3.2. Juiz ...................................................................................................... 20

1.3.3. Secretários de Audiência .................................................................. 23

1.3.4. Procuradores ..................................................................................... 24

1.3.5. Terceiros ............................................................................................. 27

1.3.6. Peritos ................................................................................................. 29

1.3.7. Ministério Público ............................................................................ 30

1.4. Tipos de Audiência ....................................................................................... 31

1.4.1. Audiência Una ................................................................................... 32

1.4.2. Audiência Inicial ............................................................................... 32

1.4.3. Audiência de Conciliação ............................................................... 34

1.4.4. Audiência de Instrução e Julgamento ............................................ 38

1.4.5. Audiência de Julgamento ................................................................ 46

1.4.6. Audiência Extraordinária ................................................................ 47

1.4.7. Audiência em Fase de Execução .................................................... 48

10 Marcos Scalércio / Tulio Martinez Minto

1.5. Publicidade da Audiência .............................................................................. 48

1.6. Ata de Audiência ........................................................................................... 49

1.7. Local da Audiência – Local de Sentar à Mesa de Audiência .................... 51

1.8. Horário da Audiência – Atraso – Efeito da Ausência ................................ 52

1.9. Revelia .............................................................................................................. 55

1.10. Vestimentas e Aparências .............................................................................. 57

1.11. Poder de Polícia em Audiência ..................................................................... 59

2. REPRESENTAÇÃO DAS PARTES .............................................................................. 61

2.1. Jus Postulandi x Obrigatoriedade do Advogado ......................................... 61

2.2. Representação por Preposto ......................................................................... 66

2.3. Micro e Pequena Empresa ............................................................................. 68

2.4. Empregador Doméstico ................................................................................. 71

2.5. Condomínio Edilício ..................................................................................... 71

2.6. Sociedade Irregular, de Fato e Sem Personalidade Jurídica ...................... 72

2.7. Sociedade em Recuperação Judicial............................................................. 73

2.8. Sociedade Falida ............................................................................................. 74

2.9. Empregador Falecido ..................................................................................... 75

2.10. Empregado Falecido....................................................................................... 76

2.11. Sociedade Extinta e Sucessão Trabalhista ................................................... 78

2.12. Grupo Econômico .......................................................................................... 79

2.13. Consórcio de Empregadores ......................................................................... 80

2.14. Administração Pública ................................................................................. 81

2.15. Pessoa Jurídica de Direito Público Externo ................................................ 84

2.16. Pessoa Jurídica Estrangeira ........................................................................... 84

2.17. Ausente ............................................................................................................ 84

2.18. Menor .............................................................................................................. 85

2.19. Incapaz ............................................................................................................ 86

2.20. Legitimidade Extraordinária e Substituição Processual ............................ 88

3. ETAPAS DA AUDIÊNCIA ........................................................................................... 91

3.1. Prazo para Marcação da Audiência ............................................................. 91

3.2. Abertura da Audiência – Pregão .................................................................. 93

Prática de Audiência Trabalhista Conforme o Novo CPC 11

3.3. Tentativas de Conciliação .............................................................................. 95

3.4. Entrega da Defesa .......................................................................................... 97

3.5. Produção de Provas ........................................................................................ 100

3.6. Razões Finais ................................................................................................... 108

3.7. Sentença ........................................................................................................... 109

4. DAS PRELIMINARES E QUESTÕES INCIDENTAIS A SEREM RESOL-VIDAS EM AUDIÊNCIA ....................................................................................... 111

4.1. Exceção de Incompetência Relativa ............................................................. 114

4.2. Incompetência Absoluta ................................................................................ 118

4.3. Exceção de Impedimento .............................................................................. 119

4.4. Exceção de Suspeição ..................................................................................... 122

4.5. Imunidade de Jurisdição ............................................................................... 123

4.6. Exclusão Preliminar da Reclamada ............................................................. 124

4.7. Perempção ....................................................................................................... 124

4.8. Litispendência e Coisa Julgada ..................................................................... 125

4.9. Conexão e Continência ................................................................................ 127

4.10. Ilegitimidade Passiva ..................................................................................... 127

4.11. Prescrição ....................................................................................................... 128

4.12. Prescrição Intercorrente ................................................................................ 130

5. PROVAS ....................................................................................................................... 133

5.1. Provas Produzidas em Audiência ................................................................ 137

5.2. Princípios Específicos da Prova .................................................................... 138

5.2.1. Princípio do Contraditório .............................................................. 138

5.2.2. Princípio da Igualdade de Oportunidade ...................................... 139

5.2.3. Princípio do Livre Convencimento Motivado ............................. 139

5.2.4. Princípio da Oralidade ..................................................................... 139

5.2.5. Princípio da Aquisição Processual ou da Comunhão da Prova . 140

5.2.6. Princípio da Unidade da Prova ....................................................... 140

5.2.7. Princípio da Primazia da Realidade ............................................... 140

5.2.8. Princípio da Aptidão da Prova ........................................................ 140

5.2.9. Princípio da Vedação da Prova Obtida por Meio Ilícito ............. 140

12 Marcos Scalércio / Tulio Martinez Minto

5.3. Situações Polêmicas ....................................................................................... 141

5.3.1. E-mail ................................................................................................. 141

5.3.2. Redes Sociais ..................................................................................... 141

5.3.3. Câmera Filmadora ............................................................................ 141

5.3.4. Telefone .............................................................................................. 141

5.3.5. Revista ................................................................................................ 141

5.4. Interrogatório e Depoimento das Partes ..................................................... 142

5.5. Prova Documental ......................................................................................... 144

5.6. Prova Pericial .................................................................................................. 145

5.7. Prova Testemunhal ......................................................................................... 150

5.8. Inspeção Judicial ............................................................................................. 153

5.9. Prova Emprestada........................................................................................... 154

5.10. Ata Notarial ..................................................................................................... 155

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 157

APRESENTAÇÃO

O processo do trabalho é tido como um procedimento simples, célere, não formal onde imperam os princípios da simplicidade e da oralidade. Em decorrência disso não se exige a observância de todos os requisitos na prática dos respectivos atos processuais, como ocorre no processo civil.

Além disso, não existe (até o momento), no Brasil, um Código de Processo do Tra-balho, sendo a construção do ordenamento processual trabalhista feita principalmente pelas (poucas) normas processuais previstas na Consolidação das Leis do Trabalho, bem como no Código de Processo Civil, além de outras leis esparsas e específicas.

Assim, é certo afirmar que a Lei Processual Civil tem grande importância e repre-sentatividade na seara laboral. Com a vigência da Lei n. 13.105 de 16 de março de 2015 a partir de março de 2016 o processo do trabalho também sofreu mudança, inclusive no tocante à audiência trabalhista e seus atos e institutos correlatos.

Como dito, por ser regado da simplicidade e oralidade, principalmente no tocante às peças processuais, já que ainda existe a possibilidade do jus postulandi, a Audiência Trabalhista possui grande importância na construção da verdade real.

É na audiência que o magistrado praticamente terá o primeiro contato com os fa-tos, onde serão colhidas as provas e onde será praticada a conciliação.

A audiência trabalhista possui diversas peculiaridades, o que a torna única quando comparada com a ocorrida no processo civil ou de outra área jurídica. Todas essas pe-culiaridades, além da ordem, forma e explicação dos atos foram abordados nesta obra.

Fora dado o enfoque prático ao trabalho redigido, tornando a leitura dinâmica e possibilitando ao leitor sentir-se dentro da sala de audiência, o que facilita muito o aprendizado do jovem ou futuro advogado em como se portar e atuar em uma audiência trabalhista.

Além disso, toda a obra fora feita à luz da nova lei processual civil e de sua aplicabi-lidade no processo do trabalho, o que nos possibilitou abordar várias possíveis celeumas acerca dos novos institutos implementados no ordenamento jurídico brasileiro.

Trouxemos assuntos pouco explorados na doutrina, como por exemplo a aparência e vestimenta dos participantes da audiência. Tratamos, ainda, de diversas situações ex-tremamente práticas que causam insegurança ao profissional que nunca se deparou ou imaginou aqueles casos.

14 Marcos Scalércio / Tulio Martinez Minto

A intenção desta obra não é esgotar as discussões, tampouco abordar todos os as-suntos existentes acerca da audiência, mas sim servir como um guia prático ao estudante de direito ou profissional que atua ou atuará no processo do trabalho. Além disso, o material auxiliará até os profissionais mais experientes no âmbito trabalhista, já que com o Código de Processo Civil de 2015, diversas mudanças ocorreram.

Esperamos poder agradar nossos leitores e contribuir de alguma forma com seu aprendizado e conhecimento profissional. Nos colocamos à disposição para diálogos e sugestões. Nossa intenção é agradar você e auxiliar na ampliação da doutrina especiali-zada no assunto.

Grande abraço e ótima leitura.

Marcos e Tulio

NOTAS DA SEGUNDA EDIÇÃO

Para a segunda edição deste trabalho, procedemos à atualização da obra com as alterações das Súmulas e OJs do TST ocorridas após a elaboração da edição anterior, bem como acrescentamos as eventuais aplicações ou não dos dispositivos do Novo CPC, conforme o entendimento do TST na Instrução Normativa n. 39/2016 que dispõe sobre as normas do Código de Processo Civil de 2015 aplicáveis e inaplicáveis ao Processo do Trabalho, de forma não exaustiva, bem como acrescentamos a sistemática implementada pela Resolução n. 174/2016 do CSJT que regulamenta políticas de conciliação na Justiça do Trabalho.

É importante mencionar que referida Instrução Normativa vem sendo muito cri-ticada pela doutrina. A Anamatra, por exemplo, autora da ADI 5516 (que questiona a constitucionalidade da IN n. 39/2016) defende que cabe a cada magistrado de primeiro e segundo graus decidir, em cada processo, qual norma do novo CPC seria ou não aplicada.

Sustenta a Anamatra que ao editar uma instrução normativa regulamentando essa aplicação, o TST teria violado o princípio da independência dos magistrados, contida nos arts. 95, incisos I, II e III e 5º, incisos XXXVII e LIII da Constituição Federal. Ale-gam que o máximo que poderia ter feito o TST, visando dar segurança jurídica, seria a edição de enunciados ou a expedição de recomendação, e não uma instrução normativa “que submete os magistrados à sua observância como se fosse uma lei editada pelo Poder Legislativo”, sustenta.

Outra inconstitucionalidade apontada na ADI citada é a invasão da competência do legislador ordinário federal (art. 22, inciso I) e a violação ao princípio da reserva legal (art. 5º, inciso II). Segundo a Anamatra, o TST não possui competência, constitucional, tampouco legal, para editar instrução normativa com a finalidade de “regulamentar” lei processual federal, por se tratar de típica atividade legislativa.

De toda forma, fato é que a IN n. 39/2016 está em vigor e é importante para os fins nesta obra visados que o leitor tenha conhecimento de seu conteúdo, bem como da crítica acima citada.

Agradecemos imensamente a todos os nossos leitores pelas avaliações positivas que recebemos desta obra. É muito gratificante ver que nosso trabalho está contribuindo para o atendimento dos diversos objetivos profissionais.

16 Marcos Scalércio / Tulio Martinez Minto

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Em caso de sugestões, críticas ou outros assuntos relacionados a esta obra, por fa-vor, entre em contato conosco, será um prazer conhecer nossos leitores:

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Grande abraço,

Marcos e Tulio

1. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

1.1. Etimologia e Conceito

Etimologia nada mais é do que a evolução do termo, da palavra. Neste caso, faz-se necessário a análise do que se tem pela palavra audiência para a construção do seu conceito.

A palavra audiência provém do termo em latim audientia que significa ato de ouvir, já que é derivada do verbo audire.

De forma geral, pode-se dizer que audiência é o ato de receber alguém com o obje-tivo de o escutar com atenção ou de o atender sobre algo que tem para falar.

No processo judicial, audiência é a sessão, o momento previamente agendado em lugar determinado no qual o magistrado ouve as partes e demais sujeitos participantes, produz atos processuais e decide questões.

1.2. Previsão Legal

A Consolidação das Leis do Trabalho aborda a audiência de forma específica nos artigos 813 a 817. Não nos parece suficiente o principal momento do processo ser tra-tado em tão poucos artigos. Apesar de se notar o tema abordado de forma esparsa em outros dispositivos celetistas, certamente, a CLT é omissa em muitos aspectos e pecu-liaridades, o que é compreendido dada sua origem em 1943 quando o processo e as próprias ferramentas disponíveis eram de forma geral mais simples.

Art. 813. As audiências dos órgãos da Justiça do Trabalho serão públicas e realizar-se-ão na sede do Juízo ou Tribunal em dias úteis previamente fixados, entre 8 (oito) e 18 (dezoito) ho-ras, não podendo ultrapassar 5 (cinco) horas seguidas, salvo quando houver matéria urgente.§ 1º Em casos especiais, poderá ser designado outro local para a realização das audiências, mediante edital afixado na sede do Juízo ou Tribunal, com a antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) horas.§ 2º Sempre que for necessário, poderão ser convocadas audiências extraordinárias, observa-do o prazo do parágrafo anterior.Art. 814. Às audiências deverão estar presentes, comparecendo com a necessária antecedên-cia, os escrivães ou secretários.Art. 815. À hora marcada, o juiz ou presidente declarará aberta a audiência, sendo feita pelo secre-tário ou escrivão a chamada das partes, testemunhas e demais pessoas que devam comparecer.

18 Marcos Scalércio / Tulio Martinez Minto

Parágrafo único. Se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o juiz ou presidente não houver comparecido, os presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido constar do livro de registro das audiências.

Art. 816. O juiz ou presidente manterá a ordem nas audiências, podendo mandar retirar do recinto os assistentes que a perturbarem.

Art. 817. O registro das audiências será feito em livro próprio, constando de cada registro os processos apreciados e a respectiva solução, bem como as ocorrências eventuais.

Parágrafo único. Do registro das audiências poderão ser fornecidas certidões às pessoas que o requererem.

A regra de contenção (criada para conter o uso do processo comum no processo do trabalho) insculpida no artigo 769 da CLT se mostra de grande valia e importância nos dias atuais em que a CLT, em razão de seu ancilosamento não supre mais todas as necessidades do operador do direito, seja em decorrência da omissão legal celetista, seja pelas lacunas ontológicas (a lei existente é antiga, não se adequando aos tempos atuais) ou axiológicas (a lei existente não é mais suficiente para se atingir a justiça no caso con-creto) existentes no texto consolidado.

Art. 769. Nos casos omissos, o direito processual comum será fonte subsidiária do direito processual do trabalho, exceto naquilo em que for incompatível com as normas deste Título.

No caso da audiência, o que mais se nota é mesmo a omissão legal, já que apenas cinco artigos de lei não são suficientes para abordar toda a temática necessária.

O Código de Processo Civil de 2015 possui dispositivo similar ao acima menciona-do, qual seja, o artigo 15, que assim menciona:

Art. 15.  Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administra-tivos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.

Apesar das diversas correntes doutrinárias divergirem acerca da semelhança ou não dos termos supletiva (CPC de 2015) e subsidiária (CPC de 2015 e CLT), entendemos que o artigo 15 do CPC de 2015 tem a mesma finalidade atual do artigo 769 da CLT, qual seja, permitir a aplicação de dispositivos do processo comum no processo do trabalho em caso de omissão do segundo, respeitados, obviamente, os princípios norteadores do Processo do Trabalho.

Oportuno citar o alcance das expressões “supletiva” e “subsidiária” no que diz res-peito à aplicação do art. 15 citado. Na aplicação supletiva há a complementação de uma legislação na outra, podendo falar-se em preenchimento de lacunas ontológicas e axio-lógicas. Já na aplicação subsidiária há a integração da legislação com o preenchimento de lacunas normativas.

Vale, ainda ressaltar o texto da Instrução Normativa n. 39/2016 do Tribunal Supe-rior do Trabalho que dispõe sobre as normas do Código de Processo Civil de 2015 apli-cáveis e inaplicáveis ao Processo do Trabalho, de forma não exaustiva, de 10 de março de 2016.

Prática de Audiência Trabalhista Conforme o Novo CPC 19

Art. 1º Aplica-se o Código de Processo Civil, subsidiária e supletivamente, ao Processo do Tra-balho, em caso de omissão e desde que haja compatibilidade com as normas e princípios do Direito Processual do Trabalho, na forma dos arts. 769 e 889 da CLT e do art. 15 da Lei n. 13.105, de 17.03.2015.

§ 1º Observar-se-á, em todo caso, o princípio da irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias, de conformidade com o art. 893, § 1º da CLT e Súmula n. 214 do TST.

§ 2º O prazo para interpor e contra-arrazoar todos os recursos trabalhistas, inclusive agravo in-terno e agravo regimental, é de oito dias (art. 6º da Lei n. 5.584/1970 e art. 893 da CLT), exceto embargos de declaração (CLT, art. 897-A).

O Código de Processo Civil de 1973 não possuía capítulo específico para tratar to-talmente da audiência, sendo abordada parcialmente em capítulos específicos, conforme se observava nos artigos 331 e 444 a 457.

O CPC de 2015, apesar de possuir capítulos específicos da audiência (Capítulos V e XI do Título I do Livro 4 da Parte Geral), também aborda outros aspectos liga-dos à audiência, como os sujeitos participantes e provas produzidas em audiência, em outros capítulos. Isso é plenamente compreendido e inclusive recomendado, uma vez que a audiência, por ser, possivelmente, o principal momento do processo, abrange diversos institutos processuais que não lhes são exclusivos, merecendo assim capítulos específicos.

Sendo assim, o Novo Código de Processo Civil não inovou a estrutura como a au-diência é prevista legalmente.

1.3. Sujeitos Participantes

Como já dito, é na audiência que o juiz ouve as partes e demais sujeitos participan-tes do processo. Mas quem são estes sujeitos?

No processo do trabalho, obrigatoriamente, são sujeitos as partes (autor e réu) e o juiz. Além destes, há também os procuradores (não obrigatórios em todos os processos do trabalho em decorrência do jus postulandi), terceiros, peritos, representante do Mi-nistério Público e secretário de audiência.

1.3.1. Partes

As partes são os chamados sujeitos da lide, já que são parciais, ou seja, possuem interesse na solução da lide a seu favor. São partes do processo Autor e Réu.

As partes são as pessoas que pedem (geralmente autor) ou contra quem se pede (geralmente réu) algo em juízo. Falamos geralmente, pois há casos em que, em relação à lide, o réu formula pedidos. É o caso do pedido contraposto e da reconvenção.

Importante pontuar que nem sempre a parte é titular do direito material, já que há casos em que quem pleiteia em juízo não é o detentor do direito, como ocorre no caso de substituição processual – legitimação extraordinária.

No processo do trabalho, em decorrência de sua origem como órgão administra-tivo não integrante do Poder Judiciário (o que só ocorreu com a Constituição Federal

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