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B4 Paraíba Terça-feira, 20 de fevereiro de 2018 [email protected] Dorgival Terceiro Neto Júnior INDENIZAÇÃO NEGADA TRT paga R$ 24 mi de precatórios em 2017 Repasse. Valores saldaram dívidas nas esferas federal, estadual e municipal Laudo pericial descartou doença Sem inflamação ou deficit funcional A prova pericial é nítida ao demonstrar a ausência de fundamentação relativa ao fato Paulo Maia - Desembargador O Direito e o Trabalho [email protected] Xingar empregado possibilita rescisão indireta Xingamentos e gritos a funcionário possibilita pedido de rescisão indireta do contrato de trabalho, conforme decisão da Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Mato Grosso. No caso, a empregada alegou que vinha sendo constantemente tratada por seu chefe com xingamento de “Limpa esse pátio aí, sua burra!”, transformando as horas de trabalho que passava no ambiente de trabalho em momentos de tensão. A empresa negou as acusações e alegou que a trabalhadora abandonou o emprego, além de que ela não fez a denúncia de forma imediata A versão da trabalhadora foi confirmada pelas testemunhas que presenciaram gritos e xingamentos a outros funcionários diariamente, confirmando os maus tratos pelo patrão. Por isso, a Turma aceitou o pedido de rescisão indireta do contrato feito pela trabalhadora, porque, para os magistrados, era “desrespeitoso e nocivo à saúde emocional dos empregados”, ainda que a empregada tenha tolerado a conduta ilegal por um tempo ou mesmo que tenha demorado a fazer o pedido na Justiça. O relator do processo, juiz convocado Wanderley Piano, anotou que para extinguir o contrato de trabalho por justa causa do patrão é exigido a comprovação de que o empregador cometeu algo grave, que tornou impossível e insuportável ao trabalhador continuar naquele emprego. Para o relator, o argumento da empresa de que a trabalhadora não buscou a justiça de forma imediata após as ocorrências não se sustenta, pois ficou provado que as ofensas aconteciam diariamente, registrando que “não houve um único momento que tornou a continuidade do contrato insustentável, mas a existência de um assédio diário que culminou no ato extremo da Autora por não mais suportar o tratamento recebido”. (TRT 23ª. Região – 1ª. Turma – Proc. 0002350- 45.2015.5.23.0106) Discriminação religiosa gera dano moral coletivo A Sétima Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro condenou um banco a pagar R$ 100 mil de danos morais coletivos, por discriminação religiosa ocorrida em uma das suas agências. Na ação movida pelo Ministério Público do Trabalho, o relator do recurso, desembargador Rogério Lucas Martins, considerou comprovada a violação à liberdade de crença religiosa, intimidade e dignidade da pessoa humana, extrapolando os interesses individuais, pelo fato de uma sindicalista ter sido hostilizada por uma colega de trabalho, sendo chamada de “macumbeira, vagabunda e sem-vergonha”. O Parquet Trabalhista alegou que a sindicalista, apesar de agredida, foi afastada do trabalho por 45 dias, enquanto que a colega e agressora nada sofreu. Em seu voto, o relator assinalou que houve violação da liberdade de crença religiosa que extrapolou os interesses e a dignidade individual da trabalhadora, e também anotou que a lesão capaz de ensejar o dever de indenizar por dano moral coletivo não necessita atingir diretamente um número significativo de pessoas, bastando ofender uma coletividade e atingir valores essenciais que devem fazer parte de um ambiente de trabalho saudável, no qual compromissos mínimos de respeito e deferência à dignidade do ser humano sejam infalivelmente observados. Ao final, acabou provido o recurso do Ministério Público do Trabalho para condenar o banco a pagar indenização por dano moral coletivo de R$ 100 mil. (TRT 1ª. Região – 7ª. Turma – Proc. 0000029- 08.2013.5.01.0013) O Tribunal do Trabalho da Paraíba (13ª Região) pagou, em 2017, o valor total de R$ 24.558.088,97. Estado foi o que mais pagou. Inprocedente. Decisão foi da 1ª Turma de Julgamento do TRT, que acompanhou o voto do relator Um Ato Normativo que re- gulamenta os percentuais de distribuição dos precató- rios entre a Justiça Federal, Justiça do Trabalho e Justi- ça Estadual foi o responsá- vel pelo repasse de verbas para pagamento de preca- tórios vencidos. Em 2017. O TRT, por meio da Seção de Gestão de Precatórios, rece- beu do Tribunal de Justiça da Paraíba os valores finan- ceiros e repassou para paga- mento aos exequentes dos entes públicos devedores, estaduais e municipais. Os valores foram distribuídos entre as Varas do Trabalho, onde estavam tramitando os processos. Para quitação dos preca- tórios do ente público esta- dual, foi pago o valor de R$ 7.848.536,37. Para os entes públicos municipais (que en- volve cerca de 95% dos muni- cípios paraibanos), foi pago o valor de R$ 4.817.531,03. Com relação aos precató- rios federais, que não de- pendem do Ato Normativo, a União repassou ao TRT, para pagamento das admi- nistrações direta e indireta, valores correspondentes a R$ 5.563.702,55, sempre ob- servada a ordem cronológica de apresentação, ou as prio- ridades legais. De acordo com a Seção de Gestão de Precatórios, que está agregada ao Juízo Au- xiliar da Presidência, ten- do à frente o juiz Marcello Maia, quanto as requisições de pequeno valor (até 60 sa- lários-mínimos) dos órgãos públicos federais, a União pagou R$ 6.328,391,02 e to- dos esses valores foram pa- gos em 2017. Precatórios para este ano. Para 2018, novos pagamen- tos estão previstos para as esferas federal, estadual e municipal. Os pagamentos dos precatórios federais, pagos pela União, devem ocorrer até dezembro des - te ano. Os entes estadual e municipais deverão obe - decer aos percentuais que serão estipulados em um novo Ato Normativo Con- junto a ser firmado entre o TRT, TRF e TJ da Paraíba, o que já está em andamento, levando em conta sempre o quantitativo de precatórios de cada tribunal. Improcedência Sem provas que comprovassem todos os pressupostos para o reconhecimento da responsabilidade civil do empregador, o relator afastou a condenação imposta no 1º grau e julgou totalmente improcedente a reclamação. Com base no Laudo peri- cial que descartou doença ocupacional em um traba- lhador, a Justiça do Trabalho negou indenizações preten- didas. A decisão foi da 1ª Tur- ma do Tribunal do Trabalho da Paraíba (13ª Região) se- guiu o voto do relator, de- sembargador Paulo Maia, que julgou improcedente o recurso da Ação Trabalhista 0080700-75.2014.5.13.0004 proposto por uma ex-funcio- nária da Energisa Paraíba – Distribuidora de Energia S.A. Contra a empresa, pesa- vam dois recursos, ordinário e adesivo, iniciados na 4ª Va- ra de Trabalho de João Pes- soa. A empresa recorreu da decisão em que foi condena- da a pagar uma indenização por danos morais decorren- tes de doença ocupacional, no valor de R$ 15 mil. Ela alega que a prova peri- cial, elaborada pelo médico, levou em consideração o his- tórico médico da empregada e que esse mesmo perito afir- mou que a sequela de trauma por esmagamento sofrido pe- la mulher pode ser confundi- da com uma tendinite. Razão pela qual, pede que sejam considerados os termos do laudo do perito médico que concluiu não haver vínculo entre as doenças alegadas pela obreira e o trabalho de- senvolvido na empresa. Doença Ocupacional. O ar- gumento da Energisa é que a obreira sofreu um trauma gravíssimo na mão direita, deixando sequelas perma- nentes, que repercutem até hoje, não sendo possível afir- R$ 24,5 mil foi o valor total pago em precatórios pelo TRT em 2017 R$ 15 mil Era o valor da condenação em primeiro grau mar que a suposta tendinite foi agravada pelo trabalho. Destaca, ainda, que, mesmo voltando do período de afas- tamento pelo INSS, a ser- vidora continuou sentindo dores, mesmo sendo reloca- da para outra função. A empresa nega que a re- clamante foi acometida de doença ocupacional, ou que a doença tenha vínculo com os serviços laborais, pois a ativi- dade exercida não colocaria em risco a sua saúde e, muito menos, seria considerada ca- paz de provocar o surgimento da doença alegada. Sustenta, ainda, que tomou todas as medidas necessárias para garantir a saúde da servido- ra, como, por exemplo, em outubro de 2011, remanejou para o cargo de Auxiliar Ad- ministrativo, no qual eram exercidas atividades admi- nistrativas, sem que houves- se qualquer tipo de digitação. Afastamento. Inicialmen- te, a reclamante relatou que trabalhou para a empresa reclamada de 07/10/2008 a 01/11/2012 na função de atendente de call center, e que, em razão da realização de atividade repetitiva e ex- cessiva, desenvolveu ten- dinite na mão direita, que contém deficiência, atin - gindo, também, o punho e o braço direito. E que devi- do a esta patologia, teve que se submeter a uma cirurgia, que gerou um afastamento pelo INSS por seis meses. Contou que, “após a al - ta previdenciária, voltou ao trabalho e foi colocada no mesmo setor, realizando os mesmos serviços, sen- do submetida às mesmas exigências de metas e ta - refas. Afirma que voltou a sentir fortes e constantes dores, necessitando procu- rar, outra vez, o INSS, que a encaminhou para o Setor de Reabilitação. Tão logo a promovente concluiu a re - abilitação, diz que voltou à empresa e foi encaminhada para o Setor de PABX”. “Após análise do ambiente da empresa, das atividades exercidas pela reclamante, dos exames colacionados e do histórico previdenciário, o pe- rito médico” concluiu que, em- bora a reclamante afirme “que adquiriu doença ocupacional que compromete os membros superiores direito e esquerdo chamada de tendinite, a quem responsabiliza as atividades de trabalho durante seu pac- to laboral com a empresa”, não foi isso que comprovou duran- te esse exame pericial. De acordo com o relato do perito, embora a reclamante trabalhasse com esforço físi- co, esses não desencadearam tendinite. Os exames físicos da autora estão totalmente normal, não apresentando nenhum sinal inflamatório ou deficit funcional seja sen- sitivo ou motor que possa li- mitá-la ou incapacitá-la para o trabalho que antes desen- volvia. Também a ultrasso- nografia apresentada não mostra nenhum sinal de com- prometimento dos tendões dos membros superiores. Relatório. Odesembargador- -relator Paulo Maia entendeu que a prova técnica não favo- receu a tese da reclamante de doença ocupacional. Por este cenário, não encontra razão, pela via judicial, para respon- sabilizar o empregador, uma vez que a pretensão de paga- mento de indenização oriun- da de doença profissional, contraída durante a contrata- ção requer, necessariamente, a verificação da relação entre a patologia diagnosticada e o labor desenvolvido. ARQUIVO

TRT paga R$ 24 mi de - trt13.jus.br · recurso da Ação Trabalhista 0080700-75.2014.5.13.0004 proposto por uma ex-funcio - nária da Energisa Paraíba – Distribuidora de Energia

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B4 Paraíba Terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

[email protected]

Dorgival Terceiro Neto Júnior

INDENIZAÇÃO NEGADA

TRT paga R$ 24 mi deprecatórios em 2017Repasse. Valores saldaram dívidas nas esferas federal, estadual e municipal

Laudo pericial descartou doença

Sem inflamação ou deficit funcional

A prova pericial é nítida ao demonstrar a ausência de fundamentação relativa ao fato

Paulo Maia - Desembargador

O Direito e o Trabalho

[email protected]

Xingar empregado possibilita rescisão indiretaXingamentos e gritos a funcionário possibilita pedido

de rescisão indireta do contrato de trabalho, conforme decisão da Primeira Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Mato Grosso.

No caso, a empregada alegou que vinha sendo constantemente tratada por seu chefe com xingamento de “Limpa esse pátio aí, sua burra!”, transformando as horas de trabalho que passava no ambiente de trabalho em momentos de tensão.

A empresa negou as acusações e alegou que a trabalhadora abandonou o emprego, além de que ela não fez a denúncia de forma imediata

A versão da trabalhadora foi confirmada pelas testemunhas que presenciaram gritos e xingamentos a outros funcionários diariamente, confirmando os maus tratos pelo patrão.

Por isso, a Turma aceitou o pedido de rescisão indireta do contrato feito pela trabalhadora, porque, para os magistrados, era “desrespeitoso e nocivo à saúde emocional dos empregados”, ainda que a empregada tenha tolerado a conduta ilegal por um tempo ou mesmo que tenha demorado a fazer o pedido na Justiça.

O relator do processo, juiz convocado Wanderley Piano, anotou que para extinguir o contrato de trabalho por justa causa do patrão é exigido a comprovação de que o empregador cometeu algo grave, que tornou impossível e insuportável ao trabalhador continuar naquele emprego.

Para o relator, o argumento da empresa de que a trabalhadora não buscou a justiça de forma imediata após as ocorrências não se sustenta, pois ficou provado que as ofensas aconteciam diariamente, registrando que “não houve um único momento que tornou a continuidade do contrato insustentável, mas a existência de um assédio diário que culminou no ato extremo da Autora por não mais suportar o tratamento recebido”.

(TRT 23ª. Região – 1ª. Turma – Proc. 0002350-45.2015.5.23.0106)

Discriminação religiosa gera dano moral coletivo

A Sétima Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro condenou um banco a pagar R$ 100 mil de danos morais coletivos, por discriminação religiosa ocorrida em uma das suas agências.

Na ação movida pelo Ministério Público do Trabalho, o relator do recurso, desembargador Rogério Lucas Martins, considerou comprovada a violação à liberdade de crença religiosa, intimidade e dignidade da pessoa humana, extrapolando os interesses individuais, pelo fato de uma sindicalista ter sido hostilizada por uma colega de trabalho, sendo chamada de “macumbeira, vagabunda e sem-vergonha”.

O Parquet Trabalhista alegou que a sindicalista, apesar de agredida, foi afastada do trabalho por 45 dias, enquanto que a colega e agressora nada sofreu.

Em seu voto, o relator assinalou que houve violação da liberdade de crença religiosa que extrapolou os interesses e a dignidade individual da trabalhadora, e também anotou que a lesão capaz de ensejar o dever de indenizar por dano moral coletivo não necessita atingir diretamente um número significativo de pessoas, bastando ofender uma coletividade e atingir valores essenciais que devem fazer parte de um ambiente de trabalho saudável, no qual compromissos mínimos de respeito e deferência à dignidade do ser humano sejam infalivelmente observados.

Ao final, acabou provido o recurso do Ministério Público do Trabalho para condenar o banco a pagar indenização por dano moral coletivo de R$ 100 mil.

(TRT 1ª. Região – 7ª. Turma – Proc. 0000029-08.2013.5.01.0013)

O Tribunal do

Trabalho da Paraíba

(13ª Região) pagou,

em 2017, o valor total

de R$ 24.558.088,97.

Estado foi o que mais

pagou.

Inprocedente. Decisão foi da 1ª Turma de Julgamento do TRT, que acompanhou o voto do relator

Um Ato Normativo que re-gulamenta os percentuais de distribuição dos precató-rios entre a Justiça Federal, Justiça do Trabalho e Justi-ça Estadual foi o responsá-vel pelo repasse de verbas para pagamento de preca-tórios vencidos. Em 2017. O TRT, por meio da Seção de Gestão de Precatórios, rece-

beu do Tribunal de Justiça da Paraíba os valores finan-ceiros e repassou para paga-mento aos exequentes dos entes públicos devedores, estaduais e municipais. Os valores foram distribuídos entre as Varas do Trabalho, onde estavam tramitando os processos.

Para quitação dos preca-tórios do ente público esta-dual, foi pago o valor de R$ 7.848.536,37. Para os entes públicos municipais (que en-volve cerca de 95% dos muni-cípios paraibanos), foi pago o valor de R$ 4.817.531,03. Com relação aos precató-rios federais, que não de-pendem do Ato Normativo, a União repassou ao TRT, para pagamento das admi-

nistrações direta e indireta, valores correspondentes a R$ 5.563.702,55, sempre ob-servada a ordem cronológica de apresentação, ou as prio-ridades legais.

De acordo com a Seção de Gestão de Precatórios, que está agregada ao Juízo Au-xiliar da Presidência, ten-do à frente o juiz Marcello Maia, quanto as requisições de pequeno valor (até 60 sa-lários-mínimos) dos órgãos públicos federais, a União

pagou R$ 6.328,391,02 e to-dos esses valores foram pa-gos em 2017.

Precatórios para este ano. Para 2018, novos pagamen-tos estão previstos para as esferas federal, estadual e municipal. Os pagamentos dos precatórios federais, pagos pela União, devem ocorrer até dezembro des-te ano. Os entes estadual e municipais deverão obe-decer aos percentuais que serão estipulados em um novo Ato Normativo Con-junto a ser firmado entre o TRT, TRF e TJ da Paraíba, o que já está em andamento, levando em conta sempre o quantitativo de precatórios de cada tribunal.

Improcedência Sem provas que comprovassem todos os pressupostos para o reconhecimento da responsabilidade civil do empregador, o relator afastou a condenação imposta no 1º grau e julgou totalmente improcedente a reclamação.

Com base no Laudo peri-cial que descartou doença ocupacional em um traba-lhador, a Justiça do Trabalho negou indenizações preten-didas. A decisão foi da 1ª Tur-ma do Tribunal do Trabalho da Paraíba (13ª Região) se-guiu o voto do relator, de-sembargador Paulo Maia, que julgou improcedente o recurso da Ação Trabalhista 0080700-75.2014.5.13.0004 proposto por uma ex-funcio-nária da Energisa Paraíba – Distribuidora de Energia S.A. Contra a empresa, pesa-vam dois recursos, ordinário e adesivo, iniciados na 4ª Va-ra de Trabalho de João Pes-soa. A empresa recorreu da decisão em que foi condena-da a pagar uma indenização por danos morais decorren-tes de doença ocupacional, no valor de R$ 15 mil.

Ela alega que a prova peri-cial, elaborada pelo médico, levou em consideração o his-tórico médico da empregada e que esse mesmo perito afir-mou que a sequela de trauma por esmagamento sofrido pe-la mulher pode ser confundi-da com uma tendinite. Razão pela qual, pede que sejam considerados os termos do laudo do perito médico que concluiu não haver vínculo entre as doenças alegadas pela obreira e o trabalho de-senvolvido na empresa.

Doença Ocupacional. O ar-gumento da Energisa é que a obreira sofreu um trauma gravíssimo na mão direita, deixando sequelas perma-nentes, que repercutem até hoje, não sendo possível afir-

R$ 24,5 milfoi o valor total pago em precatórios pelo TRT em 2017

R$ 15 mil Era o valor da condenação em primeiro grau

mar que a suposta tendinite foi agravada pelo trabalho. Destaca, ainda, que, mesmo voltando do período de afas-tamento pelo INSS, a ser-vidora continuou sentindo dores, mesmo sendo reloca-da para outra função.

A empresa nega que a re-clamante foi acometida de doença ocupacional, ou que a doença tenha vínculo com os serviços laborais, pois a ativi-dade exercida não colocaria em risco a sua saúde e, muito

menos, seria considerada ca-paz de provocar o surgimento da doença alegada. Sustenta, ainda, que tomou todas as medidas necessárias para garantir a saúde da servido-ra, como, por exemplo, em outubro de 2011, remanejou para o cargo de Auxiliar Ad-ministrativo, no qual eram exercidas atividades admi-nistrativas, sem que houves-se qualquer tipo de digitação.

Afastamento. Inicialmen-

te, a reclamante relatou que trabalhou para a empresa reclamada de 07/10/2008 a 01/11/2012 na função de atendente de call center, e que, em razão da realização de atividade repetitiva e ex-cessiva, desenvolveu ten-dinite na mão direita, que

contém deficiência, atin-gindo, também, o punho e o braço direito. E que devi-do a esta patologia, teve que se submeter a uma cirurgia, que gerou um afastamento pelo INSS por seis meses.

Contou que, “após a al-ta previdenciária, voltou ao trabalho e foi colocada no mesmo setor, real izando os mesmos serviços, sen-do submetida às mesmas exigências de metas e ta-refas. Afirma que voltou a sentir fortes e constantes dores, necessitando procu-rar, outra vez, o INSS, que a encaminhou para o Setor de Reabilitação. Tão logo a promovente concluiu a re-abilitação, diz que voltou à empresa e foi encaminhada para o Setor de PABX”.

“Após análise do ambiente da empresa, das atividades exercidas pela reclamante, dos exames colacionados e do histórico previdenciário, o pe-rito médico” concluiu que, em-bora a reclamante afirme “que adquiriu doença ocupacional que compromete os membros superiores direito e esquerdo chamada de tendinite, a quem responsabiliza as atividades de trabalho durante seu pac-to laboral com a empresa”, não foi isso que comprovou duran-

te esse exame pericial.De acordo com o relato do

perito, embora a reclamante trabalhasse com esforço físi-co, esses não desencadearam tendinite. Os exames físicos da autora estão totalmente normal, não apresentando nenhum sinal inflamatório ou deficit funcional seja sen-sitivo ou motor que possa li-mitá-la ou incapacitá-la para o trabalho que antes desen-volvia. Também a ultrasso-nografia apresentada não

mostra nenhum sinal de com-prometimento dos tendões dos membros superiores.

Relatório. O desembargador-

-relator Paulo Maia entendeu que a prova técnica não favo-receu a tese da reclamante de doença ocupacional. Por este cenário, não encontra razão, pela via judicial, para respon-sabilizar o empregador, uma vez que a pretensão de paga-mento de indenização oriun-da de doença profissional,

contraída durante a contrata-ção requer, necessariamente, a verificação da relação entre a patologia diagnosticada e o labor desenvolvido.

ARQUIVO