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Dr. Júlio Henriques

PROGRAMA DAS LIÇÕES NA

CADEIRA DE BOTÂNICA

CURSO GERAL

COIMBRA

IMPRENSA DA UNIVERSIDADE

1915

• >

PROGRAMA DO CURSO DE BOTÂNICA m (*)

INTRODUÇÃO

História e divisões da Botânica

» O estudo das plantas data de épocas remotíssimas. Esse estudo referia-se quási só às plantas úteis. O ensino entrou no plano das escolas superiores. Com esse fim foram ereados os primeiros jardins botânicos (Pisa em 1544; Bolonha em 1545).

* O estudo regular e scientifico das plantas data prin- cipalmente da época em que foram publicadas as obras de Linoen (1735-1755). Nessas obras Linnea (n. em 1707; m. em 1778) estabeleceu a linguagem scientifica e a forma ou norma de descrever as plantas, creando assim a Fito- grafia que é base da Morfologia externa das plantas.

* Desde Clusio (1576) os botânicos tentaram agrupar as plantas, classificando-as. Ray fez a distinção entre plan-

(1) Livros para consultar: Van Tieghem— Traité de Botanique. Belsung — Aiialnmieet physiologie végétales. Strasburger, Noll, Schenck, Schimper— Tratado di Botânica.

Para classificação de plantas: Pereira Coutinho — Flora de Portugal. J. Henriques — Esboço da flora da bacia do Mondego. G. Bonnier et G. de Layens — Flore de France. H. Léveillé — Tableau analytique de la flore française.

Para trabalhos de anatomia: Strasburger — Manual leclmique d'anatomie végétale.

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4? *&

tas monocotiledóneas e dicotiledóneas; Magnol (1689) deu a ideia de famílias; Tournefort (1694) criou o género; Jus- sieu (1789) deu o primeiro método.

O grande progresso da botânica descriptiva foi devido ao génio de Linneu com a publicação em 1735 do Sistema sexual. Todos os trabalhos neste sentido formaram a meto- dologia ou taxinomia, que tem por base a morfologia com- parada.

* A descoberta do microscópio (1620?) abriu novo campo para o estudo das plantas. Foram Grew e Malpighi (1672-1687) os primeiros a estudar a estruturadas plantas. Os estudos regulares e de valor datam de 1840 depois das publicações do botânico alemão Hugo von Mohl. Todos estes estudos deram a anatomia e histologia vegetais, que fazem conhecer a morfologia interna das plantas.

* Desde 1640 os estudos experimentais, seguidos por Malpighi, Grew, Hales, Mariolte, Ingen-House e de outros lançaram as primeiras bases da fisiologia vegetal. Moder- namente tem-se feito estudo cuidadoso de fenómenos espe- ciais da vida vegetal — a adaptabilidade ao meio externo, creando-se um novo ramo de Botânica, a Ecologia ou Eto- logia.

* Desde Clusio quàsi todos os botânicos, descrevendo as plantas, indicavam a pátria delas. Em 1814 R. Brown publicou a pri Schow eivou as regiões botânicas, | ,.caçoes de A. de Ilumboldt, de Candolle, de Griesebach e de outros consti- tui ram a Geografia das plantas ou Fitogeografia.

* Em 1814 Jaeger apresentou as primeiras ideias sobre as monstruosidades vegetais; Goète interpretou algumas; outros botânicos fizeram estudos sobre essas monstruosi- dades. Moquin-Tandon em 1841 e o Dr. Masters em 1869 fizeram notáveis publicações, que deram bases seguras para a Teratologia vegetal.

* Desde Sterneberg (1820) o estudo dos fósseis de origem vegetal chamou a atenção dos botânicos, seado no- táveis os estudos e publicações de A. Brogniart (1821-1837). Estes estudos formam hoje um importante ramo de Botâ- nica — a Fitopakontologia.

* O estudo das plantas pode ser feito de modo especial e particular, atendendo-se a certas e determinadas quali- dades. Desta forma teremos a Botânica aplicada.

Para o estudo e ensino da Botânica há os jardins botâ- nicos, os lierbários, os museus, essenciais para o conhe- cimento das espécies e das suas aplicações; os laboratórios, indispensáveis para o estudo da anatomia e fisiologia. Condições e organização destes estabelecimentos.

Para o estudo da anatomia o histologia é indispensável um microscópio. Descrição deste instrumento. Micros- cópio simples e uso dele; microscópio composto; stativo, partes ópticas; objectivos acromàticos e apocromáticos; oculares ordinários e compensadores; iluminação. Câmara clara. Medida de amplificação e dos objectos observados. Micrótomos; reagentes; corantes; métodos de fazer as preparações.

A Botânica em Portugal

O ensino oficial da Botânica em Portugal foi determi- nado nos Estatutos dados à Universidade em 1772. Em seguida foram criados o Jardim Botânico em Coimbra para servir para a prática dos alunos de Botânica dirigindo a organização dele o professor D. Vandelli, que o Marquês de Pombal tinha chamado de Pádua, e um outro junto ao palácio da Ajuda em Lisboa para instrução dos príncipes.

Em 1836 o decreto de 17 de setembro determinava que a Academia Beal das Sciéncias creasse um Jardim Botânico nas cercas dos conventos de Jesus e dos Paulistas. Em 1837 pela creação da Escola Politécnica de Lisboa, do Instituto Agrícola e da Academia Politécnica do Porto ampliou-se o ensino da Botânica Já o decrete de novembro de 1836 tinha mandado crear jardins botânicos nos liceus. Em 1840 foram creados os jardins botânicos anexos às

Escolas Médico-Cirúrgicás de Lisboa e Porto, ficando este em comum com o da Academia (o terreno tinha apenas 6.280 metros quadrados).

O atual jardim da Escola Politécnica de Lisboa só foi organizado em 1874.

A alguns portugueses se devem trabalhos de valor sobre a flora de paises diversos. Garcia da Horta publicou em 1562 o Colloquio dos simples, publicação mais antiga sobre plantas da índia; o P.e João de Loureiro (1790) publicou a Flora da Cochinchina; o Dr. Alexandre Rodrigues Fer- reira herborizou no Brasil, existindo bom numero das plantas por êle escolhidas no herbário da Politécnica de Lisboa ; Fr. José Mariano da Conceição publicou uma Flora fluminense importante.

A flora do posso pais tem sido estudada por estrangeiros e nacionais. Dos primeiros Clusio em 1563; Loefling. dis- cipulo de Linneu em 1751; Grisley em 1650; Toumefort em 1689; o professor Link e o conde de Iloffmmansg de 1798-1801, e mais tarde, de 1846-1818 o Dr. F. Welvvitch percorreram o pais herborizando.

Este último botânico foi encarregado pelo governo por- tuguês do estudo da flora das possessões portuguesas da África ocidental e ai fez colheitas valiosíssimas.

Dos portugueses o principal foi o Dr. Félix de Avellar Brotero (n. 1744; m. I8Í8), que publicou em 1804 a Flora lusitanica e mais tarde, como complemento a Phy- lographia lusitanica.

Um contemporâneo de Brotero, o abade Correia de Serra, fez publicações importantes em diversos ramos de Botânica. Depois dos trabalhos do Dr. Wehvitch houve apenas a exploração do Dr. Carlos Maria Gomes Machad.0 em 1862, e desde 1880 a Sociedade Brotereana bastante tem feito, tendo o Boletim já 26 anos de publicação.

Os estudos paleontlógicos foram iniciados pelo Dr. Ber- nardino António Gomes. O Conselheiro Wenceslau de Lima incetou também esses estudos e no estrangeiro o Marquês de Saporta e o professor Heer publicaram trabalhos de grande valor.

II

Morfologia externa

Noções gerais sobre as formas das plantas. Formas ta- lófitas e cormófitas. Formas de ramificação (monopodias, dicotomias, simpodias). Partes de que se compõem o corpo das plantas superiores —rais, caule, folhas.

Transformações (metamorfoses) que nestas se podem dar.

A flor e os frutos. A forma das plantas pode variar durante o desenvolvi-

mento e por isso é essencial estudar todas as fases por que elas passam (embriogenia).

Regras para a descrição e denominação das espécies.

III

Morfologia interna (anatomia e histologia)

A) —Célula. (R. Hooke, 1667; Schleiden e Schwan, 1837-1838)

A célula vegetal compõe-se de: a) citoplasma i b) núcleo / c) centrosferas \ Protoplasma^ parle viva da célula. d) mitocondrios l e) plastides

/) membrana celulósica ] g) sucos celulares Secreções da célula. h) inclusões I

a) Citoplasma. Substância semiflúida, semipermeável, que por perda da água passa ao estado da vida latente. Compreende em geral três camadas —uma-externa (ecto-

plasma), uma média (mesoplasma), outra interna (ehdo- plasma). Organização do citoplasma.

Natureza química do citoplasma. E formado de substân- cias albuminóides. Coagulação, reacções diversas.

b) Núcleo. Membrana nuclear; suco nuclear; retículo de acromatina (linina), grânulos de çromatina (micleimi . nucleolos. Estrutura e forma. Natureza química, reagentes corantes (verde do metilo).

c) Ccntrosfcras ou esferas directrizes. Centrosomas, radiações (distintas na ocasião da divisão das células).

d) Mitocondrlos. Formas. Mitocondrios propriamente ditos; condriomites; condriocontes; condriodoma.

e) Plastides. Situação, forma, estrutura, composição química. Matérias produzidas pelos plastides: matérias corantes (xantofila, carolina, clorofda, e outros pigmentos); matérias de reserva no estado sólido (fécula ou amilo, aleu- rona) ou liquido (suco celular).

f) Membrana celulósica. Qualidades fisicas; compo- sição química. Celulosa (CeHioOs)"; Substâncias pecticas. Reacções (Cloroiodeto de zinco, reagentes corados Estru- tura.

Modificações químicas da membrana (cutinização, sube- rificação, lenbificaçlo, gelificação, mineralização).

Modos de crescimento da membrana e aspectos diversos que pode apresentar. Crescimento por intuscepção e por justaposição. (Células pontuadas, riscadas, aneladas; célu- las esféricas, estreladas, poliédricas, ele).

g) Sucos celulares. Sam secreções dos hidroleucitos (vacuolos). Composição.

h) Inclusões. Dissolvidas no suco celular (inulina, assú- cares, glicosides, taninos, sais minerais e orgânicos, ami- dos, asparagina e outros); matérias corantes; alcalóides.

Não dissolvidas (amilo, glicogéneo, óleos e matérias gordas, essências, resinas); matérias proteicas (aleurona, glúten); cristais minerais.

A vida da célula

Alimentação. Respiração e excreção. Movimentos do citoplasma. Irritabilidade. Turgescência.

Origem das células

Toda a célula deriva de outra célula ou por divisão, que pode ser igual ou desigual e ainda por gemação, ou por conjugação.

Divisão. Nas células filhas o citoplasma, centrosferas e plastides derivam dos órgãos da célula mãe por simples divisão: os vacuolos derivam em geral de outro ou outros vacuolos da célula mãe; o núcleo provém sempre do nú- cleo da célula mãe por divisão directa (amitose) ou por divisão indirecta (cariocinese, cinese).

Nesta ha diversas fases:

íl. Formação dos cromosomas; II. Fusão da Profase..] membrana; III. Viagem das cromosomas

( para o equador."

Metafase J Formação da placa equatorial.

A fase j I. Divisão longitudinal dos cromosomas: II. ' I Viagem dos cromosomas para os poios.

!I. Agregação dos cromosomas em dois núcleos novos; II. Formação de membrana envolta desses núcleos.

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Número de cromosomas. Estes consi rvam a sua indi- vidualidade na célula em repouso e sam os elementos de- terminantes da hereditariedade.

Origem da membrana celulósica.—Na formação por gemação é formação do protoplasma. Na divisão, cada celnla-filha liça com metade da parede da célula-mãe, e ou a célula se divide dando duas células mais ou menos independentes (Desmidiaceas); ou uma nova membrana se forma a partir da parede da célula mãe (formação centri peta) ou se organiza nos filamentos do fuso na direcção equatorial indo até à parede da célula mãe (formação cen- trífuga).

A membrana celulósica pode formar-se logo a seguir à divisão do núcleo, ou depois de muitas divisões (formação livre).

Conjugação, fusão dos protoplasmas de duas células. * Exogamia, quando as células sam livres:

Isogamia, quando as duas massas protoplásmicas são iguais.

Heterogamia quando são desiguais. * Endogamia quando as massas protoplásmicas que se

conjugam se reúnem na mesma célula.

B) —Tecidos

* União das células entre si. As células dos tecidos diferenciando-se podem dar lugar

às formas seguintes: a) biocitos-células vivas, formando parênquimas. Algu-

mas (galaclocitos) conteem liquido especial (látex) podendo ter formas diversas.

b) colocitos-células vivas de parede desigualmente gros- sa. São elementos de solides.

c) idrocitos — células aneladas, riscadas, pontuadas, es- pitreladas. Não são células vivas. São em geral reser- vatórios de água. Constituem o sistema traqueal.

d) stereocitos e esclerocitos—células cm geral mortas

li

de paredes grossas; ex. fibras e células esclerosas (esàerênquímas).

e) hadrocitos — células mortas de paredes grossas, mas com pontuações aureoladas.

Comunicações citoplásmicas. Espaços intercelulares: meatos, lacunas, bolsas, ca-

nais intercelulares de origem schisogénica ou lisi- génica.

* Sistemas de tecidos. Meristemas (primários e secundários); tecidos defi-

nitivos (primários e secundários). Células iniciais. Tecidos primários das plantas vasculares.

a — Sistema tegumentar — epiderme. b — Sistema condutor — fascículos vasculares. c — Sistema fundamental.

e ainda em algumas plantas d— Sistema laticífero.

a) Epiderme: Situação, caracteres; estornas aéreos e aquíferos, pêlos, glândulas, tentàculos: modificações quí- micas da membrana. Quási sempre ausência de grânulos clorofilinos.

Zona pilífera da raís.

b) Fascículos. — Três elementos entram na formação deles, dois essenciais (vasos e tubos crivosos), uns aces- sórios (fibras lenhosas e fibras liberinas, parenquima).

Vasos: caracteres; modificações das paredes; lenhi- ficação, morte.

A região na qual se encontraní-é denominada —região vascular, ou lenhosa, madeira, ou xilema.

Tubos crivosos: caracteres; parede celulósica fina não lenhificada; crivo; calo; conteúdo citoplásmico sem núcleo.

A região na qual se encontram é a região crivosa, li- berina, líber ou floema.

Elementos acessórios: „ . . (lenhoso. Paren,luima Iiberino.

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■ Sclerênquima-fibras.. j If^Slt

Composição primária dos fascículos. Fascículos lenhosos e liberinos isolados.

(colaterais.... j^f Fascículos liberolcnhososjbicolaterais (ai)erios-

( concêntricos.

A parte formada pelos fascículos constitui o cilindro central ou stele.

Tecido fundamental. — Parénquima, colênquima ; es- clerenquima, endoderme, elementos secretores.

LatIcífero8|Sé,ulaS

I1,alÍ.(Í-íferaS- I Vasos laticiferos.

Todas estas partes derivam do meristema, que dife- renciando-se dá o dermatogéneo, ou epiderme primá- ria, periblema donde deriva a parte do sistema fun- damental desde a epiderme atè à endoderme e o pleroma donde deriva o cilindro central. Frequentes vezes há uma célula inicial para cada uma destas partes.

Membros das plantas cormontas

# # Raia. Estrutura primária; simetria radial.

* Zona pilífera.

r j zonas corticais externa e interna. wsta endoderme.

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poriciclo. rasciculos lenhosos de formação centrípeta.

e {fascículos liberinos. medula e raios medulares.

# » Caule. Estrutura primária; simetria radial.

# Epiderme.

* Casca. — Camadas externas, frequentes vezes colen- quimatosas; tecido clorófilino; camadas internas por vezes sclerosas; endoderme.

« Stele. — Monostelia; polistelia e astelia. Com fascículos isolados. Com fascículos concêntricos. Com fascículos concêntricos ou colaterais isolados. Com fascículos colaterais dispostos circularmente.

Extensão dos fascículos. Fascículos foliares, fascículos caulinares. No hipocotilo faz-se a modificação dos fascícu- los para ligar os da rais com os do caule. Modos por que se faz essa união.

* • Folha, partes de que é composta, (pecíolo, estipu- las, bainha, limbo). Simetria dorsi-ventral em geral.

» Epiderme, estornas aéreos, aquíferos e hidalodos, distribuição deles:

Parenqmmajf"0 acunoso.

* Nervuras. Modificações secundárias. Meristemas secundários; teci-

dos secundários; câmbio. Caule com câmbio interfascicular cilíndrico. Cama-

das anuais; idade das árvores; meios de a deter- minar.

Caule com câmbio extrafascicular cilíndrico.

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Caule com formações secundárias de origem peri- ciclica.

Raís com câmbio interfascicular sinuoso. Modificações secundárias da casca. Câmbio felodér-

mico

ou felogeneo j g^loíferme | ^riderme.

Células de cortiça mortas. Ritidoma. Lenticelas.

Fisiologia

Propriedades físicas das plantas. — Solides do corpo das plantas. Turgecència. Tensão dos tecidos. Tecidos mecânicos.

Nutrição. — Composição química da planta. Sam ele- mentos comuns a quási todas as plantas — o oxigénio, hidrogénio, carbono, azote, enxofre, o fósforo, e, àlêm destes, encontram-se o cloro, silica. potassa, cal, soda, magnésia e ferro. Muitas outras substâncias podem ser encontradas, nT;o sendo porém essenciais.

Quantidade relativa das substâncias essenciais. Métodos de determinar a composição das plantas e da importância de cada uma dessas substâncias. Cultura em água.

Absorpçâo dos alimentos pelas raíscs. — Região de absorpção. Estado em que devem estar as matérias ali- mentares para serem absorvidas. Acção digestiva dos pêlos radicais. Osmose nestes pólos.

Movimentos da água na planta. — Passagem de cé- lula para célula; movimentos nos vasos. Fenómenos capi- lares, rosário carpilar, etc. A impulsão radicular. Ele- mentos que servem para a condução da água. Como se determinam. Velocidade da corrente no interior da planta.

Transpiração e sudação. —Importância destas funções,

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Órgãos pelos quais se fazem.. Condições externas que sobre elas teem influência: temperatura, luz, estado higromé- trico do ar. Quantidade de água emitida pelas plantas. In- fluência sobre o clima. Demonstração experimental da transpiração.

Absorpção de alimentos pelas folhas. — Absorpção de água e de matérias minerais. Absorpção do carbono, Função clorofilina. Condições essenciais para esta função: temperatura, luz. Produtos da assimilação do carbono. Fòrmar-se há o aldeído fórmico (CHjO) que por conden- sação poderá dar glicosa ejamilo (6CH2O = C6H10O5 +H*0)?

Absorção do azote.—Absorpção directa do azote: bactéria das raizes das leguminosas. Absorpção do azote pelas raizes no estado de combinação (nitratos, compostos amoniacais). Bactérias nitrificantes.

Utilização das matérias assimiladas nas plantas. — Formação de compostos azotados; amidas, matérias albu- minóides, etc. Na formação destas entrarão os compostos cianicos? A assimilação dos nitratos exige a presença da clorofila e acção de luz: sais amoniacais não teem igual exigência.

Circulação das matérias assimiladas. —Estado em que devem estar para circularem. Agentes que os trans- formam para que possam circular: fermentos. Por onde caminham. Podem ser destinados a alimentação directa ou para serem armazenados para nutrição futura. Plantas anuais, bisanuais e perenais. Lugares onde se formam os depósitos.

Modos especiais de nutrição. Parasitismo, saprofitismo, simbiose. Plantas carnívoras.

Respiração. — Entrada e movimentos dos gazes nas plantas. Respiração em geral. Relação entre as quantidades do oxigénio e auhidrido carbónico. Causas que podem fazer variar esta relação: natureza e idade da planta, na-

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4. tureza dos sucos celulares. Intensidade respiratória, variá- vel com a natureza e idade da planta, e numa mesma planta com o órgão considerado, e nas diversos fases de desenvolvimento desta com o estado das superfícies da planta, com a temperatura, com a intensidade da luz, com a pressão do oxigénio.

A respiração da rais. A respiração das plantas aquáticas. Efeitos caloríficos e luminosos devidos à respiração.

Respiração intramolecnlar, ou anaeróbia.

Reprodução. — Processos diversos de reprodução. Pro- pagação vegetativa, reprodução agamica e sexuada. Propa- gação vegetativa por proliferação e por esporulação.

Reprodução sexual (fecundação). Modos por que se pode efectuar. Antofecundação e fecundação cruzada. Plantas anemófilas e entomófllas. Comparação dos núcleos sexua- dos; número de cromonomas que neles se encontram. Efeitos da fecundação. Hereditariedade; variação. Apogamia.

Frutificação; fases de desenvolvimento do fruto. Dessi- minação; fim desta função; meios pelos quais se efectua.

Germinação. — Condições essenciais da semente, e ex- ternas (ar, humidade, calor). Fenómenos internos. Desen- volvimento das partes do embrião; digestão dos alimentos, absorpção destes.

Crescimento. — Localização do crescimento. Zonas de crescimento: repartição do crescimento da zona de alon- gamento. Velocidade do crescimento. Factores internos e externos do crescimento. Génese e desenvolvimento dos diferentes órgãos da planta.

Funções de relação. —Relação das plantas com o meio exterior. Morfoses (automorfoses, fotomorfoses, termomor- foses, hidromorfoses, quimomorfoses, biomorfoses, geomor- foses, mecanomorfoses). Tactismos. Tropismos. Irritabili- dade ou sensibilidade das plantas.

Sono das plantas. Movimentos determinados pelo choque (Mimosa pudica, Berberis, Mimulus). A sensibilidade das plantas carnívoras.

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Morfologia especial

Atualmente o número de espécies conhecidas passa de 200:000. Para o estudo delas é absolutamente indispensá- vel a classificação, e esta deve ser tão natural, quanto possível, pois que nos deve não só facilitar a determinação e estudo das espécies, mas ainda fazer conhecor as rela- ções de parentesco e portanto de origem de todas as espé- cies.

Em toda a classificação teem preferência os caracteres fornecidos por órgãos mais importantes pela função que exercem, e pela sua fixidês.

Métodos de Jussieu, de De Candolle, de Bentham e Hooker, e do Dr. Engler.

Pela forma geral do corpo todas as plantas podem ser agrupadas do modo seguinte:

Talófitas.

( Celulares Cormófitas ]

' Vasculares

BpSfitasjAsif0^amas- Fanerogâmicas | Sifónognmas.

As plantas talófitas compreendem os algaí As cormófitas celulares compreendem os musgos e

ticas. As cormófitas vasculares compreendem as filicales, equi-

setáles e hicopodiáles, que sam criptogãmicas vasculares, e as fanerogâmicas que compreendem as plantas gimnos- pérmicas (cicadales, coníferas e gnetales) e as angiospér- micas (monocotiledóneas e dicotiledóneas).

Caracteres gerais das algas. — Organização, modos de reprodução — agamica (por divisão, por zoosporos, por renovação) — gamica por conjugação, por gametos iguais (isogamia, desiguais heterogamia). Classificação.

Caracteres gerais dos fungos. — Organização (hifa,

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mieélio, escloroto); modos de reprodução — agamica (por esporos, conídias); — gamica (conjugação e por gametos). Analogias com as algas. Modo de vida —sapórfitia, para- sitismo e simbiose (lichenes). Exemplos de fungos nocivos (oidio, mildio, ferrugem das gramíneas) ou úteis (fungos comestíveis—túberas, míscaros).

Briófitas. — Organização e reprodução — agamica (por esporos, por propágulos, por divisão); — gamica (anterídio e anterosoides, archegóneo e oosfera). Alternação de ge- rações. Protonema, briófita completa, parte sexuada, parte esporífera.

Pteridofita. — Organização e reprodução. Alternação de gerações — a fase taloide (protalo) sexuada; fase espo- rífera— planta completa com raís, caule e folhas. Forma- ção dos esporos (esporos ou diodangios, esporangios, soros, indúsio). Pteridofitas isospóricas e heterospóricas. Exem- plos de fetos, equisetáceas e licopodiáceas.

Fanerogâmicas. — Organização da flor. Distinção entre gimnospérmicas e angiospérmicas. Antera (tnicrosporangio ou microdiodangio), pólen (micróspero ou microdiodio), óvulo (macrosporangio ou macrodiodangio), saco embrio- nário (macrosporo ou macrodiodangio). A folha carpelar aberta (f. gimnospérmicas), ou formando o ovário, estilete e estigma (f. angiospérmicas).

Organização geral da rais, do caule e das folhas. Divisão e caracteres gerais das gimnospérmicas (coní-

feras em especial) e das angiospérmicas (monocotiledóneas e dicotiledóneas. Exemplos de algumas famílias.

Geografia botânica de Portugal.

Programa dos trabalhos de microscopia

I. Determinação do poder amplificante do microícópio. Métodos de inclusão.

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II. Observação dos grânulos de amilo da batata, do trigo, do milho e do feijão. Caracteres físicos. Reacções com os reagentes iodados e com a potassa. Medida da grandeza dos grânulos. Desenho com a camará clara.

III. Estudo da célula vegetal; parede, protoplasma, núcleos e vacuolos. Reacções carateristicas, cloroiodeto de zinco, verde de metilo, carmin, eosina, vermelho de ru- ténio, reagente genebrês. Movimentos do protoplasma (folha da Elodea; pêlos estaminais da Tradescantia; Chara). Formas das células (frutos de Ruscus aculeatus —epi- derme, polpa subjacente, polpa próxima do caroço, célu- las do caroço; do Jwmis); células de parede espessa (se- mentes de palmeiras, casca da noz, granulações das peras ; células scelerosas da casca da Magnólia, das folhas da oli- veira e da Camélia). Desenhos das preparações com indi- cação da respectiva amplificação.

IV. Matérias contidas nas células àlêm do protoplasma e do núcleo. Plastides. Gromoplastides (folhas de musgos, da Elodea, observando nestes a existência de amido nos cloroplastides; plastides do fruto da roseira, nas flores da Slrelitzia regime, nas flores das Chagas).

Amilo-plastides (rizoma do íris). Grãos de aleurona com globoide e cristalóide (semente

do Rícino); granulares (sementes de tremoço, de trigo); cristais (pecíolo de Begónias; risoma do íris, caule de Tra- descantia (rafides).

Inulina (rais da Dahlia); assúcar (rais da beterraba); tanino (casca de salgueiro, de carvalho, de eucalipto).

Reacções com o chloroideto de zinco e com os reagentes corantes e com sais de ferro para o tanino.

V. Tecidos; parenquimas, lacunas; colenquima (peciolo de Begónia; sclerenquimas (casca da semente de palmei- ras) ; epiderme; pêlos, estornas simples ou com células companheiras. Tecido suberoso, estrutura e modo de for- mação (ramos de sabugueiro).

Reacções com o cloroiodeto de zinco e com os reagentes corantes. Desenhos e medidas.

VI. Feixes libero-lenhosos, alternos (rais do íris e ex- tremidade da rais aérea do Fiem mocrofila); concêntricos

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(folhas de fetos); colaterais abertos (caule muito novo das dicotiledóneas, caule de Aristolochià). Elementos dos feixes (fibras, traqueides e vasos crivosos). Distinção entre floema (liber) e xilema (lenho); rais, medula, endoderme e peri- ciclo.

Separação dos elementos dos fascículos pela maceração de Schultz.

Reacções com o verde do iodo ou do metilo, com a flo- roglucina, com a coralina e com a eosina.

Desenhos das preparações. VII. Estudo da estrutura do caule dum feto (risoma de

Pteris, de Polipodittm); duma monocotiledónea (íris, mi- lho, Smilax); duma dicotiledónea e desta a parte muito nova (caules herbáceos), e a completamente formada (Tilia, Plalanus, Querem).

Formações primárias e secundárias nas dicotiledóneas e nas monocoliledóneas (Dracaena). Emprego dos rea- gentes corantes (carmin e verde de iode; coralina ; floro- glucina; cloroiodeto de zinco, reagente genebrês).

VIII. Estudo da rais; coifa, região pilifera. Estrutura interna. Camadas corticais, endoderme, cilindro central (stele). Formações primárias (rais do íris e da parte mais nova da rais de qualquer dicotiledónea (Ficus macrófila). Formações secundárias nas dicotiledóneas.

IX. Estudo da folha; estrutura do peciolo, disposição dos fascículos libero-lenhosos; simetria. Limbo: epiderme das duas páginas do limbo; distribuição dos estornas aéreos, aquíferos e hidatodos: estrutura interna do limbo; tecido palissádico e lacunoso. Folhas homógeas e hetero- géneas. Folhas submergidas ou flutuantes (Elodea, Valis- neria, Potamogeton, Nymphaea).

X. Estudo completo duma planta ou duma série de or- ganizações semilares (estornas; estrutura de folhas, etc). Desenhos à camará clara. Fotografia.

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