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Explicação sobre indicadore contábeis
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Proposta de Metodologia para a Análise e Seleção de Indicadores para Sistemas de Avaliação de Desempenho em Sustentabilidade
Juliano Bezerra de Araújo1, João Fernando Gomes de Oliveira2
RESUMO
Muitas empresas estão interessadas em investigar o desempenho de seus processos em termos dos aspectos de impacto relacionados à sustentabilidade, isto porque a sustentabilidade é capaz de fornecer um framework para a integração dos interesses ambientais, sociais e econômicos as estratégias de negócio. Não é possível nos dias atuais pensar em desenvolvimento econômico sem a paralela preservação do meio-ambiente e do benefício mútuo da sociedade. O êxito econômico deve ser acompanhado por um meio social mais justo e igualitário, onde o meio-ambiente também seja protegido e aprimorado. Como as tecnologias de produto e processo estão constantemente mudando, o novo paradigma da competitividade global requer a proteção dos princípios básicos da sustentabilidade, bem representados através do frame triple bottom line. Assim, os recursos em geral devem ser usados com eficiência, sejam humanos ou de capital. Em um ambiente econômico altamente competitivo, é possível afirmar que as empresas mais preparadas são aquelas que utilizam melhor os seus recursos, i.e. as nações e companhias mais competitivas não são aquelas que utilizam os inputs de menor custo, mas aquelas que empregam as tecnologias mais avançadas e os melhores métodos no controle de seus recursos. As empresas vêm utilizando sistemas de medição de desempenho para identificar e abandonar as operações intensivas em recursos, perseguindo por modelos de produção mais eficientes. As empresas procuram aprimorar o seu desempenho baseados na idéia: o que é medido pode ser gerenciado, “what gets measured, gets managed”. Dessa forma, o objetivo principal do trabalho envolveu o projeto de uma metodologia a ser aplicada na seleção de indicadores de desempenho para a avaliação da sustentabilidade de produtos e processos. Partindo de um conjunto de indicadores em sustentabilidade, obtidos a partir de diferentes modelos de medição de desempenho, e.g GRI, a metodologia vem a viabilizar a construção de um conjunto de métricas que sejam mais ajustadas ao tipo de tecnologia em estudo.
1 Doutorando em Engenharia de Produção. Departamento de Engenharia de Produção, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. E-mail: jaraujo@sc.usp.br 2 Professor Titular. Departamento de Engenharia de Produção, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. E-mail: jfgo@sc.usp.br
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ABSTRACT
Several companies are interested in investigating the performance of their processes in terms of impacting aspects related to sustainability, since it is capable of providing a framework that integrates the environmental, social and economical interests into the business strategy. It is not possible nowadays to think about economical development without the parallel preservation of the environment and mutual benefit of the society. The economical success must be accompanied by a fairer and equalitarian society, where the environment is protected and enhanced. As the product and process technologies are continually changing, the new global competitiveness paradigm demands the protection of the basic principles of sustainability, well represented by the triple bottom line frame. As a result, the productive activities are seeking to use the input resources with better efficiency. In a highly competitive economical scenario, it is reasonable to state that the better prepared companies intend to use the resources more effectively, i.e. the most competitive companies are not the ones that use the inputs of lower costs, but the ones that make use of more advanced technologies and better resource control methods. Companies have been using performance measuring systems to identify and abandon the more resource intensive operations, pursuing for more efficient production models. The companies attempt to enhance their performance by adopting the idea: “what gets measured gets managed”. In this manner, the main goal of this paper is to present a robust methodology to be used in the assessment and selection of indicators for the sustainability analyses of products and processes. Starting from a set of sustainability indicators, obtained from different sustainability performance measurement systems, e.g. GRI, the methodology comes to make viable the construction of a special set of metrics suitable to a specific kind of investigation and technology.
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1. Introdução
Uma maneira de estimular à integração dos interesses ambientais, sociais e econômicos as estratégias de negócio consiste em investigar o desempenho de seus processos em termos dos aspectos de impacto relacionados à sustentabilidade. A sustentabilidade de negócios pode ser definida como a adoção de estratégias e ações que atendem as necessidades das empresas e dos diferentes stakeholders, enquanto protegem, mantém e melhoram os recursos humanos e naturais que podem ser necessários no futuro (LABUSCHAGNE; BRENT; VAN ERCK, 2005).
As motivações das empresas em desenvolverem projetos em sustentabilidade não são totalmente altruístas, pesquisas recentes tem demonstrado que perseguindo a sustentabilidade não se conseguem somente benefícios ambientais e sociais, mas também pode ser melhorado o valor econômico da firma (FIKSEL; MCDANIEL; MANDENHALL, 1999). Além disso, não é possível nos dias atuais pensar em desenvolvimento econômico sem a paralela preservação do meio-ambiente e do benefício mútuo da sociedade (figura 1.1). Segundo Schwarz, Beloff e Beaver (2002, p. 58), “é uma premissa que o bem estar econômico está inexoravelmente ligado a preservação do meio-ambiente e ao bem estar da população”.
Figura 1.1. Sustentabilidade e objetivos para o futuro (WBCSD, 2007). Como está representada na figura 1.1, a idéia a ser defendida nos tempos atuais é: “acima a economia e a qualidade de vida, abaixo a utilização de recursos e a poluição” (WBCSD, 2007, p. 23). As linhas contínuas mostram o ponto de desenvolvimento atual e as linhas em tracejado, as perspectivas para o futuro após a adoção de modelos mais eficientes. A economia e a qualidade de vida devem continuar a subir, enquanto a utilização de recursos e a poluição decrescem. Segundo os autores, é necessária uma melhora da qualidade de vida para todos os setores da sociedade, porém acompanhado por um ambiente natural intacto e equilibrado.
No meio empresarial existia a crença de que para aprimorar a qualidade ambiental, as empresas deveriam aumentar os seus custos associados aos produtos e processos. Em outras palavras, existia um trade-off inerente e fixo para as empresas ambientalmente responsáveis: ecologia versus economia. Isso acontecia porque as empresas patrocinavam uma abordagem no mínimo precipitada, no qual tudo, exceto a própria regulação, era mantido estático, i.e. tecnologia, produtos, processos e as necessidades dos consumidores eram estipulados como atributos fixos, o que permitia que os custos associados a prevenção da poluição continuassem a crescer.
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Porter e Lindle (1995) recomendam, então, que as empresas incentivem a inovação e o aprimoramento tecnológico dos seus produtos e processos como meio de prevenir a poluição e também melhorar a produtividade de seus recursos. De acordo com os autores, a poluição pode ser considerada como uma forma de desperdício econômico. Quando sucata, substâncias tóxicas, ou fontes de energia são descartadas no meio-ambiente como poluição, isto é um sinal que os recursos foram usados incompletamente e ineficientemente. Não obstante, as empresas ainda devem executar atividades complementares que adicionam custos, mas não criam valor para os clientes, e.g. estocagem e transporte.
Nesse sentido, através de investimentos em inovação tecnológica é possível aprimorar o desempenho ambiental do produto e ao mesmo tempo, trazer maior competitividade para a empresa. Novas tecnologias minimizam o custo em lidar com a poluição, assim que ocorrem, e melhoram a produtividade dos recursos. Considerando um ambiente econômico altamente competitivo, é possível afirmar que as empresas mais preparadas são aquelas que utilizam melhor os seus recursos (PORTER; LINDLE, 1995).
Agora resta a pergunta de como proceder para aprimorar a eficiência das atividades, quais ferramentas podem ser aplicadas para essa finalidade e quais tecnologias devem ser escolhidas? Para adotarem modelos de produção mais eficientes, identificando e abandonando as operações intensivas em recursos, um grande número de empresas têm utilizado sistemas de medição de desempenho. As empresas procuram aprimorar o seu desempenho baseados na idéia: o que é medido pode ser gerenciado, “what gets measured, gets managed”.
A idéia conceitual da medição de desempenho em sustentabilidade consiste em coletar dados mensuráveis e rastreáveis das firmas que reflitam os principais aspectos de impacto ou pontos de pressão. A partir de tais informações, os aspectos de impacto são transformados em relatórios que contém os impactos em sustentabilidade agrupados em categorias e ponderados de acordo com os fatores de importância. O grande desafio é gerar e disseminar informações para a tomada de decisão sobre sustentabilidade que sejam robustos, relevantes, acurados e viáveis em custo para os usuários (JIN; HIGH, 2007; OLSTHOORN et al., 2001).
O monitoramento da sustentabilidade dos processos resulta em benefícios para as companhias, sociedade em geral e meio-ambiente. Muitas oportunidades aparecem de práticas sustentáveis na manufatura. Tomando, por exemplo, o caso do uso de recursos materiais em projetos de produtos e processos, bons resultados podem aparecer da reciclagem e coleta de materiais, utilização de materiais substitutos que proporcionam menos perdas, produtos com tempo de vida útil superior ou ainda, a possibilidade de recuperação de partes de produtos ao final de sua vida (CASCIO, 1996).
De acordo com Jin e High (2007) relatórios que abordam a sustentabilidade constituem uma das maiores oportunidades para o aumento das vendas pelas empresas. Atualmente, 45% das 250 maiores companhias dos EUA separam o relatório corporativo em sustentabilidade (aspectos sociais e ambientais), enquanto para as 100 maiores empresas, 36% adotam tais indicadores. Em alguns setores a reportagem em sustentabilidade alcança a marca de 100%, e.g. setores químico, mineração, papel e celulose.
Ao longo do trabalho será realizada uma ampla discussão sobre o tópico sustentabilidade. Inicialmente é apresentada a evolução dos sistemas de produção rumo a modelos mais sustentáveis de produção. Em seguida, alguns dos mais importantes sistemas de medição de desempenho em sustentabilidade são apresentados. Na última seção do trabalho, é introduzida brevemente uma metodologia para a avaliação e seleção de indicadores para sistemas de avaliação de desempenho em sustentabilidade.
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2. Introdução de Modelos Sustentáveis de Produção
Fatores como, população crescente, desenvolvimento econômico e escassez de recursos têm compelido a sociedade a buscar progressivamente por modelos sustentáveis que sejam aplicáveis as diversas atividades produtivas. Dessa forma, o design de novos sistemas de produção passou a adotar práticas para o tratamento de perdas e resíduos – também chamado de abordagem end-of-pipe – e, mais recentemente, o esforço se concentrou em prevenir tais perdas e resíduos através do design de processos mais limpos e eficientes, ou cleaner
production. Com a finalidade de trazer a dimensão adicional de equidade e bem-estar social, em conjunto com a geração de valor econômico, os modelos sustentáveis de produção representam a tendência de vanguarda. A seguir estão detalhadas brevemente as diferentes abordagens propagadas nas últimas décadas visando melhorar a sustentabilidade dos sistemas de produção.
2.1. Controles do tipo end-of-pipe
As tecnologias para o controle da poluição, em contraste as tecnologias de prevenção, têm a função de tratar e dispor poluentes ou subprodutos tóxicos liberados ao final de processos produtivos. Para alcançar tal objetivo, são acrescentados aos sistemas de produção novos equipamentos e operações. Através da instalação de controles e tecnologias para essa função, não ocorre qualquer alteração na quantidade de poluição produzida, somente na qualidade do seu tratamento, sendo por esse motivo denominado controle do tipo end-of-pipe (KLASSEN; WHYBARK, 1999).
Medidas de controle do tipo end-of-pipe são vistas como custosas e não produtivas uma vez que não proporcionam um potencial para vantagens competitivas. Estão preocupadas basicamente em atender padrões de controle, sem procurar superar tais limites (RUSINKO, 2007). Por esse motivo, um problema enfrentado pelas empresas que buscam por melhor controle da poluição é a necessidade de assumir investimentos em equipamentos que não proporcionam ganho de produção. 2.2. Produção mais Limpa
Produção mais limpa, por sua vez, pode ser interpretada como a aplicação contínua de uma estratégia de prevenção ambiental a produtos e processos com o objetivo de diminuir os riscos ao meio-ambiente e a população. Ela vem a incorporar o uso mais eficiente dos recursos naturais e desse modo minimizar a geração de resíduos e poluição, bem como os riscos a saúde humana e a sua segurança. Em resumo, ela lida com os aspectos de impacto ambiental na sua fonte e não no final do processo, sobrepondo-se a abordagem do tipo end-of-pipe (WBCSD, 2007).
Definir as fontes causadoras e não os efeitos dos impactos ambientais é uma estratégia positiva para ambos os negócios e o meio-ambiente. É possível afirmar que prevenir poluição e resíduos é um investimento contraposto aos custos finais elevados associados às atividades de limpeza. Para os processos, produção mais limpa inclui economizar recursos materiais e energia, eliminar o uso de substâncias tóxicas e reduzir a quantidade e toxicidade de todas as emissões e resíduos. Para produtos, envolve reduzir os efeitos negativos através do seu ciclo de vida, da extração dos recursos materiais até a sua disposição final. Já para serviços, cuidados especiais são aplicados no momento do seu design e execução
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2.3. Eco-eficiência
De acordo com definição do WBCSD (2007), Eco-eficiência pode ser entendido como sendo a entrega de produtos e serviços a preços competitivos que satisfazem as necessidades humanas e trazem qualidade de vida. Ao mesmo tempo, reduzem progressivamente o impacto ecológico e a intensidade do uso de recursos ao longo do ciclo de vida, para um nível pelo menos que atenda a capacidade do planeta. Eco-eficiência significa, portanto, promover melhorias econômicas e o uso eficiente dos recursos, além de prevenir emissões. Novas tecnologias, melhorias ao longo de todo o ciclo de vida e novos produtos devem ser incentivados através de uma abordagem criativa
Segundo RUSINKO (2007), o enfoque da eco-eficiência pede que as empresas concentrem esforços na produtividade de seus recursos, a fim de aprimorar o desempenho ambiental do produto e ao mesmo tempo, trazer maior competitividade para a empresa. Para planejar e monitorar tal processo são estabelecidas medidas de desempenho e realizadas avaliações periódicas da condição ambiental e econômica. 2.4. Desenvolvimento Sustentável
Desenvolvimento sustentável foi definido pela primeira vez no relatório “Our
Common Future: Report of the World Commission on Environment and Development” (BRUNDTLAND, 1987) e depois ratificado pela Agenda 21, durante a Eco 92 ocorrida na cidade do Rio de Janeiro. Desenvolvimento sustentável pode ser definido como as ações que permitem as gerações atuais satisfazer suas necessidades sem comprometer a capacidade das gerações futuras (WBCSD, 2007). Segundo SIKDAR (2003), desenvolvimento sustentável é um balanço entre o desenvolvimento econômico, gestão ambiental e igualdade social. Em alguns círculos de negócio essa definição é referida como triple bottom line (ELKINGTON, 1998). Em síntese, a sustentabilidade somente ocorrerá quando as condições econômicas e sociais forem melhoradas ao longo do tempo sem exceder a capacidade ambiental.
Nos tempos atuais, a sociedade cobra do mundo corporativo evidências de um gerenciamento sustentável, com metas de desempenho e medidas para a avaliação contínua de suas atividades. Existe a demanda por um modelo de gestão que faça a ligação entre o conceito de criação de valor para o negócio com a compatibilidade ecológica e social, trazendo ambos em um balanço justo. Na seção 3, podem ser vistos uma série de modelos de medição de desempenho utilizados justamente para essa finalidade de planejar e monitorar a sustentabilidade.
A associação de engenheiros alemães (VDI 4070, 2006) em sua diretiva visando o gerenciamento sustentável elabora uma lista dos potenciais benefícios da produção responsável aos diferentes stakeholders.
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Quadro 2.4.1. Benefícios do gerenciamento sustentável (VDI 4070, 2006).
Stakeholders Dimensão econômica Dimensão ambiental Dimensão social
Consumidores Entrega de “valor por dinheiro” Proteção do meio-ambiente
durante a fase de uso Retenção de consumidores por
imagem positiva
Empregados Mão-de-obra qualificada e
motivada Menor impacto na saúde e
segurança
Boas condições de trabalho e satisfação ajudam a reter bons
funcionários
Fornecedores Parceiros de negócio confiáveis e compartilhamento de informações
Integração de aspectos ambientais em produtos e
processos
Fornecimento confiável e segurança no trabalho
Acionistas Investimento atrativo Investimentos atrativos para
“investidores verdes”
Investimentos atrativos para “investidores conscientes
socialmente”
Fornecedores de capital
Termos favoráveis Redução do risco devido à abordagem de prevenção
Trabalhos seguros por efeito da minimização de riscos
Autoridades (e.g.
licenciamento)
Procedimentos simplificados Requerimentos reduzidos Boa comunicação e coordenação
Público em geral Imagem de empresa de vanguarda Imagem positiva de companhia
responsável ambientalmente Imagem positiva de companhia
responsável socialmente
3. Modelos de Medição de Desempenho em Sustentabilidade
Diferentes modelos de medição de desempenho em sustentabilidade podem ser utilizados em avaliações de processos, produtos e serviços. Estes modelos surgiram para harmonizar o processo de gerenciamento da sustentabilidade, segundo princípios que tornassem as medidas confiáveis. Os dados obtidos deveriam ser robustos e úteis aos diferentes stakeholders, sem a contrapartida de custos elevados e tempos de análise demorados.
Dentre os modelos existentes, foram descritos aqueles avaliados como sendo de grande relevância, de acordo com pesquisadores da área (LABUSCHAGNE, BRENT; VAN ERCK, 1995; OLSTHOORN et al., 2001; JASCH, 2000). Os modelos escolhidos são: ISO 14031; Labuschagne, Brent e Erck, 2005; Verein Deutscher Ingenieure (VDI), 2006; Global
Reporting Initiative (GRI), 2007; e Institution of Chemical Engineers (IChemE), 2007. 3.1. ISO 14031
O modelo proposto pela ISO 14031 para a medição de desempenho ambiental, ou Environmental Performance Evaluation (EPE), tem como objetivo entender, demonstrar e melhorar as operações das empresas. Isto pode ser alcançado gerenciando efetivamente os elementos das suas atividades, produtos e serviços que podem causar um impacto significativo ao meio-ambiente. Dessa forma, a ISO 14031 foi desenvolvida para auxiliar os sistemas de gestão ambiental a fornecer informações confiáveis e verificáveis em uma base constante para determinar quando o desempenho ambiental está dentro dos critérios definidos pela organização (ISO 14031, 1999).
A Avaliação de Desempenho Ambiental (EPE) orientada pela norma ISO 14031 segue o modelo de gerenciamento “plan-do-check-act” (PDCA), que apresenta quatro diferentes fases de ação, a iniciar pelo planejamento. O modelo PDCA também é aplicado aos outros modelos medição de desempenho em sustentabilidade. As fases que compõem a avaliação podem ser vistas na figura 3.1.1.
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PLANEJAMENTO (PLAN) Planejando a avaliação do desempenho ambiental
Selecionar indicadores para a avaliação do desempenho ambiental
FAZER (DO)Usar dados e informações
Coletar dados
Avaliar informações
Analisar e converter dados
Reportar e comunicar
CHECAR E AGIR (CHECK AND ACT)Revisar e melhorar a avaliação do desempenho ambiental
Dados
Informação
Resultados
Figura 3.1.1. Fases existentes para a EPE de acordo com a ISO 14031 (1999).
Na primeira fase devem ser encontrados os aspectos de impacto ambiental de maior relevância e que se situem sob a esfera de controle da organização. Uma determinação dessa fase corresponde à definição de expectativas de desempenho para tais critérios. Durante a segunda etapa os dados gerados são usados para obter informações sobre o desempenho ambiental das diferentes atividades de uma empresa. A coleta dos dados deve ser feita regularmente e assegurando a confiabilidade das fontes, se possível com a anuência do departamento de qualidade. Depois de obtidos os dados, basta transformá-los em indicadores de desempenho para que sejam analisados.
Na última etapa do processo de avaliação do desempenho ambiental as oportunidades de melhoria do sistema devem ser aproveitadas a partir da revisão contínua do EPE. Possíveis pontos a serem verificados incluem a relação dos custos associados à monitoração e benefícios obtidos, o progresso da empresa para atender aos critérios e adequar-se a eles, e por fim, a validade e credibilidade das fontes de dados e métodos de coleta. A visão dos stakeholders deve estar integrada a essa rotina inicial.
Sistema de Medição de Desempenho
Ambiental
Inputs
M ateriais processados, reciclados e brutos
Serviços de suporte, .e.g t ransporte.
instalações f ísicas e equipamentos
Emissões tóxicas
Emissões poluentes
Quant idade e t ipos de energia
Outputs
Produtos, Subprodutos, Reciclados e reuso
Resíduos sólidos e líquidos, tóxicos ou não
Emissões para ar, água e terra
Serviços oferecidos pela organização
Barulho, calor, vibração, luz e rediação
Indicado res Operacio nais
OP I
Indicado res Gerenciais
M P I
Indicado res de C o ndição
A mbiental
Figura 3.1.2. Categorias de indicadores de desempenho de acordo com a ISO 14031 (1999).
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Através da figura 3.1.2 pode ser visualizada uma lista das categorias de medidas para os indicadores de desempenho operacionais. Os indicadores foram separados de acordo com a classificação input ou output. Para o caso dos recursos de entrada (input), existem as categorias materiais, energia e serviços, e em relação aos recursos de saída (output), foram definidas as emissões, resíduos, produtos e serviços como parâmetros a serem monitorados.
3.2. Labuschagne, Brent e Erck, 2005
Os autores argumentam existir uma carência de sistemas de medição de desempenho que reconheçam a sustentabilidade nas práticas operacionais. De acordo com Labuschagne, Brent e Erck (2005), a sustentabilidade era pensada mais nos termos institucionais e estratégicos, sem considerar o lado econômico-operacional das atividades de manufatura apropriadamente. Poucas métricas eram aplicadas com o intuito de medir o rendimento das operações e as existentes, focavam demasiadamente no lado ambiental e eram orientados basicamente ao desenvolvimento de produtos. Dessa forma, o objetivo do modelo proposto foi desenvolver um conjunto amplo de critérios em sustentabilidade que pudesse ser usado para avaliar projetos, tecnologias, assim como a sustentabilidade como um todo da companhia.
Sustentabilidade eco nô mica Sustentabilidade ambiental Sustentabilidade so cial
Desempenho f inanceiro
Desempenho econômico
Potenciais benefícios f inanceiros
Ar
Água
Terra
Energia e recursos materiais
Recursos humanos internos
População externa
Part icipação dos stakeholders
Performance social macro
Sistema de Medição de
Desempenho em Sustentabilidade
Iniciativas operacionais Iniciativas sociais
Oportunidades de negócio
Figura 3.2.1. Sistema de medição de desempenho em sustentabilidade de operações de acordo com
Labuschagne, Brent e Erck (2005).
A figura 3.2.1 ilustra o sistema elaborado pelos autores para avaliar o desempenho real da sustentabilidade das operações de uma empresa. Dentro do modelo proposto, as iniciativas operacionais e as iniciativas sociais são consideradas separadamente. É considerado essencial que a responsabilidade social das empresas não seja confundida como a única dimensão social da empresa, as iniciativas operacionais também exercem papel de destaque e diferenciam-se por estarem integrados diretamente as atividades de negócio. O nível operacional da empresa é avaliado em três dimensões, sendo elas a econômica, ambiental e social. A partir de cada uma destas, surgem critérios que servem de ponto de partida para a elaboração dos indicadores de desempenho.
3.3. Verein Deutscher Ingenieure (VDI), 2006
O objetivo do modelo desenvolvido pela associação de engenheiros alemães foi fornecer uma abordagem prática e efetiva em custo para integrar critérios de gerenciamento sustentável aos processos de negócio (produtos e serviços), assegurando a transparência e rastreabilidade das informações geradas. Segundo a associação, o conjunto
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de orientações que constam no manual para a sustentabilidade em empresas visa fornecer informações necessárias para a implantação de metas e objetivos sustentáveis, principalmente em empresas de pequeno e médio porte (VDI, 2006).
Critério Econômico Meio-ambiente Critério Social
Result ado operacional
Capit al social
Ret orno sobre capit al social
Ret orno sobre invest imento
Ret orno sobre capit al de
t erceiros
Valor adicionado
Taxa de rejeição
Ut ilização da capacidade
Custo da não-conformidade
% de fornecedores
cer t if icados
Cresciment o das vendas
Sistema de Medição de
Desempenho em Sustentabilidade
Part icipação no mercado
Gast o em P&D
Desenvolvimento do capit al
f ixo
Desenvolvimento do capit al
corrent e
Produt ividade
Lucro lí quido
Recursos mat er iais usados
Energia usada
Água usada
Emissões para o ar
Taxa de água descart ada
Emissões para água
% de mat er iais poluent es
Mat er iais poluentes
Número de plant as sujeit as a
licenças
Taxa de reciclagem para o
input mat er iais
Taxa de f ont es renováveis de
energia
Taxa de embalament o de
materiais
Taxa de retorno das
embalagens
Taxa de t ranspor te dent ro da
companhia
Invest iment o em medidas de
prot eção
Medidas especí f icas de
consumo e emissões
Adequação das emissões aos
limit es
Resí duos
Custo da medidas de proteção
ambiental
% de perdas de invent ár io
Reclamações recebidas
inf rações
Número de empregados
% de t rainees
Quant idade de dias perdidos
por doença
Turnover de f uncionár ios
Quant idade de dias perdidos
por acidentes
% cust o para desenvolviment o
de pessoal
% de mulheres em cargos de
direção
Horas-ext ra pagas
% de def icient es empregados
Dias reservados por
f uncionár io para qualif icação
% dos f uncionários que
receberam t reinamentos
Part icipação dos f uncionários
em melhorias
Índice de part icipação de
f uncionár ios em projetos
Nível de barulho no ambient e
de t rabalho
Tempo de permanência na
empresa
Número de pet ições e
reclamações
Número de lugares de t rabalho
para não f umant es
Indicadores recomendados
Indicadores adicionais
Indicadores complementares
Legenda:
Figura 3.3.1. Sugestão de indicadores de desempenho de acordo com a VDI (2006).
A figura 3.3.1 traz a série de indicadores de desempenho desenvolvidos pela VDI que servem de base para as empresas implantarem programas de gestão sustentável. Os indicadores estão classificados em três diferentes graus de importância, os indicadores recomendados, adicionais e complementares respectivamente. Embora a empresa selecione os indicadores que sejam mais adequados as suas operações, os indicadores recomendados pela VDI vêm a ser cruciais para a reportagem do rendimento em sustentabilidade. 3.4. Global Reporting Initiative (GRI), 2007
O documento elaborado pelo Global Reporting Initiative (GRI) apresenta o conteúdo e os princípios necessários para a elaboração de relatórios relativos à sustentabilidade. As
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métricas estão estruturadas de acordo com a hierarquia: categoria, aspecto e indicadores (GRI, 2007).
A figura 3.4.1 apresenta as categorias e aspectos de desempenho de acordo com o framework proposto pelo GRI. Dentro dos padrões de medidas definidos pelo GRI, os indicadores podem ser tanto quantitativos quanto qualitativos. Os indicadores qualitativos são mais indicados em situações complexas de serem mensuradas, servindo perfeitamente como complemento para a análise das informações. As medidas qualitativas também serviriam melhor para os casos em que o impacto a ser mensurado é compartilhado por outras empresas também.
Critério Econômico Meio-ambiente Critério Social
Consumidores
Fornecedores
Empregados
Setor econômico
Fornecedores de capital
Sistema de Medição de
Desempenho em Sustentabilidade
C atego ria impacto s
eco nô mico s dire to s
M ateriais
Energia
Água
Emissões, ef luentes e resíduos
Biodiversidade
C atego ria impacto s
ambientais
Fornecedores
Produtos e serviços
Obediência a leis
Aspectos amplos
Transporte
Trabalho
Relações trabalhistas
Saúde e segurança
Diversidade e oportunidades
Treinamento e educação
C atego ria prát icas
trabalhistas
Estratégia e gerenciamento
Não discriminação
Liberdade de associação e reinvidicação
Trabalho forçado e compulsório
Trabalho infant il
C atego ria direito s
humano s
Práticas disciplinares
Prát icas de segurança
Direitos indígenas
Comunidade
Corrupção
Contribuições polít icas
Competição e preço
C atego ria so ciedade
Saúde e segurança do consumidor
Produtos e serviços
Propaganda
Respeito por privacidade
R espo nsabilidade de
pro duto
Figura 3.4.1. Critérios, Aspectos de impacto e Indicadores de Desempenho de acordo com GRI (2007).
3.5. Institution of Chemical Engineers (IChemE), 2007
O guia desenvolvido pela Associação dos Engenheiros Químicos (IChemE) visou introduzir uma série de indicadores que pudessem ser usados na avaliação do desempenho em sustentabilidade de uma unidade produtiva e dessa forma auxiliar os engenheiros a proporcionar melhor eficiência ambiental, social e econômica as operações. As categorias de indicadores apresentadas na figura 3.5.1 foram selecionadas por especialistas e devem ser interpretadas de acordo com as características das operações a serem avaliadas.
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Critério Econômico Meio-ambiente Critério Social
Energia
M aterial
Água
Terra
Sistema de Medição de
Desempenho em Sustentabilidade
R ecurso s
Impactos atmosféricos
Impactos no ambiente aquát ico
Impactos na terra
Emissões, ef luent es
e resí duo s
Lucrat ividad e, valor
e t axas
Diretos
Indiretos
Invest iment os
Local d e t rabalho
Saúde e seg urança
no t rab alho
So ciedad e
Figura 3.5.1. Categorias de desempenho de acordo com o modelo IChemE (2007).
Na figura 3.5.1 estão representadas as categorias de impacto de acordo com o modelo
IChemE. Dentro deste modelo, todas as medidas podem ser divididas pelo output do processo. São usadas taxas para relacionar medidas de impacto contra unidades de produção ou valor econômico.
4. Metodologia Proposta para a Avaliação e Seleção de Indicadores de Desempenho
Em qualquer sistema de medição de desempenho em sustentabilidade, uma fase importante consiste em definir apropriadamente os aspectos de impacto e as métricas para a sustentabilidade. Essa fase garante que os indicadores escolhidos venham a ser significativos perante as preocupações econômicas, ambientais e sociais. Uma característica comum aos modelos atuais é a ausência de uma metodologia tanto de investigação dos aspectos de impacto das atividades quanto de seleção criteriosa dos indicadores a partir dos principais pontos de pressão.
Portanto, como existe uma grande variedade de medidas que podem ser aplicadas a produtos, processos e organizações, será detalhada agora uma proposta de metodologia para a análise e seleção de métricas para atividades de manufatura. Dessa forma, será fornecida uma ferramenta que auxiliará as empresas a optar por medidas que realmente se ajustam as suas operações.
Antes de proceder com a aplicação da metodologia proposta de avaliação e seleção de indicadores é necessário ter armazenado em um banco de dados um conjunto suficiente de aspectos de impacto e indicadores de desempenho para as atividades de produção de uma dada empresa ou setor (figura 4.1). Essa obrigação foi cumprida através da análise de uma quantidade suficiente de sistemas de medição de desempenho já existentes, como os modelos apresentados na seção anterior. Nesta oportunidade foram apresentados cinco modelos de grande importância para a elaboração de relatórios de sustentabilidade, sendo eles: ISO
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14031, Labuschagne, Brent e Erck (2005), Verein Deutscher Ingenieure (2006), Global
Reporting Initiative (2007) e Institution of Chemical Engineers (2007).
Metodologia aplicada a avaliação e seleção de métricas
Ferramentas de suporte a decisão
Inventário ambiental
(LCIA)
Entrevistas com
especialistas
Adequação a modelos atuais
de produção
Base de dados de indicadores de
sustentabilidade
Avaliação de Desempenho em Sustentabilidade
Indicadores ambientais
Indicadores econômicos
Indicadores sociais
Indicadores ambientais
Indicadores econômicos
Indicadores sociais
Figura 4.1. Sistema de avaliação de desempenho em sustentabilidade e ferramentas de suporte aplicadas a
seleção de métricas.
Passando a fase propriamente dita de avaliação e seleção de indicadores ambientais, um fator chave é a ponderação a respeito dos impactos ambientais proporcionados pelas diferentes atividades. Impacto ambiental pode se definido como qualquer mudança no meio ambiente, benéfica ou prejudicial, resultante das atividades de instalações, produtos ou serviços (EPA, 2003).
Das diferentes ferramentas que existem para auxiliar na identificação a avaliação dos principais aspectos de impacto, e.g. auditorias ambientais, a metodologia proposta utilizará o inventário ambiental. Através do inventário ambiental serão quantificados os recursos materiais e de energia, emissões atmosféricas, emissões via água (waterborne) e outras emissões do ciclo de vida do processo e produto. De acordo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, 2007), o inventário ambiental permite obter com clareza e robustez os principais aspectos de impacto para as diferentes opções de tecnologias de produto e processo. Nesse tipo de análise todos os dados relevantes são coletados e organizados. Ainda de acordo com a EPA, sem um inventário ambiental não existe base para avaliar impactos ambientais comparativos e possibilidades de melhorias.
A elaboração de uma análise do tipo inventário ambiental pode ser separada em quatro etapas. Em primeiro lugar é necessário desenvolver um fluxograma do processo em estudo, seguido de um plano para a coleta de dados. Depois é preciso coletar os dados para que sejam, finalmente, reportadas as partes interessadas.
O fluxograma de operações (fase 1) é uma ferramenta adequada para mapear os inputs e outputs dos processos de manufatura, vindo a viabilizar a análise de todas as alternativas tecnológicas existentes em projetos de investimento. Nesse caso, é essencial chamar a atenção para as fronteiras do sistema em estudo, pois é necessário que as opções em avaliação tenham o mesmo detalhamento no mapeamento de seus sistemas. A segunda fase de uma análise do
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inventário ambiental trata do plano de coleta de dados e tem como objetivo assegurar que a qualidade e a solidez das informações obtidas venham a atender as expectativas dos tomadores de decisão. Já no caso da terceira fase, os esforços para a coleta de dados envolvem a combinação de pesquisa, visitas e contato direto com especialistas, os quais geram grande quantidade de dados. Uma maneira de reduzir o tempo e a quantidade de recursos para a coleta de dados é obter de fontes externas os dados, já que muitas organizações desenvolveram bases de dados especificamente para o inventário ambiental. Softwares para LCA contêm dados comuns para a construção de inventários do ciclo de vida. A última fase (fase 4) corresponde a reportagem dos resultados da avaliação do impacto ambiental. Uma lista deverá conter todas as quantidades de poluentes liberados para o ambiente, juntamente com a energia e recursos materiais consumidos. Posteriormente, são mensuradas as diferenças relativas para cada tipo de impacto ambiental em potencial e os fatores que proporcionam maior pressão ao meio-ambiente. A partir desses resultados, é possível escolher os indicadores de desempenho que melhor representam o tipo de processo ou produto em análise.
Com relação aos indicadores sociais, o objetivo da metodologia proposta é avaliar a sustentabilidade das atividades de uma dada empresa, por isso a preocupação maior está relacionada com os impactos proporcionados por ela no sistema social e o tipo de relação com os stakeholders. Dessa forma a sustentabilidade social deverá ter dois focos, o interno e o externo. O foco interno trata da saúde e do bem estar dos funcionários, práticas disciplinares, equidade e direitos humanos (incluindo treinamento e oportunidades para o desenvolvimento pessoal). Já o foco externo aborda de forma estruturada a sociedade, separando a análise nos níveis local, regional e nacional.
Considerando a avaliação e seleção de quais indicadores sociais utilizar no modelo de medição de desempenho em sustentabilidade, é possível fazer uso de algum outro método de availiação de impacto social, como Métodos de SIA (Social Impact Assessment) e CSR (Corporate Social Responsibility), ou então, proceder para uma saída mais econômica, breve e também representativa, a realização de entrevistas com especialistas da área nas empresas ou em outras agências apropriadas.
As entrevistas serviriam para definir quais dos diferentes indicadores sociais existentes no banco de dados (figura 4.1) melhor representam a atitude de uma companhia para com o tratamento de seus próprios funcionários, fornecedores, contratados terceirizados e clientes, além da sociedade com um todo. Com o auxílio de um especialista todas as atividades que são potencialmente importantes podem ser clareadas para depois terem sua magnitude estimada com a finalidade de elaborar um ranking de importância relativa.
Embora a metodologia proposta esteja considerando a consulta a especialistas como sendo uma maneira eficaz de obter informações úteis para a análise da sustentabilidade social, as companhias vêm também aplicando uma variedade de métodos para revisar e selecionar os aspectos de impacto social que são mais importantes. Alguns desses métodos seriam: condução de seções de brainstorming, monitoramento e mensuração de dados, relatórios regulatórios, relatórios e estudos científicos, consulta a agências governamentais e acadêmicas, consulta a agências não governamentais, parcerias com fornecedores e subcontratados, consulta a consumidores, consulta a clientes e partes interessadas, além de consulta a diferentes tipos de associações (FIKSEL et al, 1999; RUSINKO, 2007).
Abordando as métricas referentes à dimensão econômica, alguns modelos consideram o desempenho econômico como sendo um agente externo, no entanto, para a metodologia proposta o desempenho econômico virá a ser uma medida exclusivamente interna. O raciocínio que justifica essa concepção concentra-se no fato de que se a saúde da empresa não estiver em boa situação, as demais contribuições também serão penalizadas. Como Labuschagne, Brent e van Erck (2005, p. 377) expõem, “as iniciativas relacionadas às
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operações internas de uma empresa contribuem diretamente para que a lucratividade seja representativa”.
Logo, os indicadores econômicos selecionados deverão ter uma abordagem diferente da fornecida pelos indicadores financeiros usuais, apresentando a obrigação de descrever verdadeiramente a criação de valor e riqueza. Deverá constar um cálculo preciso do valor adicionado pelas atividades, menos o custo das mercadorias, recursos materiais, entre outros fatores. Em paralelo, outras medidas como, indicadores de produtividade de recursos, confiabilidade e flexibilidade de tecnologias de manufatura, também devem ser incluídas como meio de fornecer maior segurança e visão aos responsáveis pela tomada de decisão nas atividades de projeto de produto e processo. 5. Considerações Finais
Através da metodologia proposta, espera-se contribuir para a seleção das métricas mais adequadas as atividades executadas por uma empresa. Como as métricas podem apresentar diferentes aplicações, a escolha de quais medidas utilizar é complexa e envolve diferentes considerações. Além da aplicação desejada para tais medidas, é preciso considerar o tipo de firma, o setor em estudo, o tamanho da empresa, a proximidade a mercados consumidores sensíveis a questões ambientais, as regulações externas e ainda, a cultura corporativa da organização. Cada conjunto de indicadores deve ser específico para o contexto organizacional e para as necessidades dos usuários por informações (Olsthoorn et al., 2001).
Somente através da comparação de indicadores para diferentes períodos, lugares e firmas (benchmarking) é possível realizar uma avaliação ampla do progresso alcançado e dos ganhos em potencial advindos dos programas em sustentabilidade. Sistemas de avaliação de desempenho em sustentabilidade são importantes para realizar o planejamento, direcionamento e controle dos impactos proporcionados por uma dada empresa em seu meio (Jasch, 2000). Referências
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