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QUARTEL DO COMANDO GERAL
DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA
ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR ARISTARCHO PESSOA
CÃES DE RESGATE NAS OPERAÇÕES DE BUSCA E SALVAMENTO
DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
JONAS ALEXANDRE DOS SANTOS
OLAVO AURÉLIO DA NÓBREGA NETO
JOÃO PESSOA-PB
2016
JONAS ALEXANDRE DOS SANTOS
OLAVO AURÉLIO DA NÓBREGA NETO
CÃES DE RESGATE NAS OPERAÇÕES DE BUSCA E SALVAMENTO
DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR
Artigo apresentado à Câmara Técnica Educacional em Pesquisa Científica da Corporação, como requisito para obtenção do Título de Engenheiro de Segurança contra Incêndio e Pânico na Academia de Bombeiro Militar Aristarcho Pessoa.
Orientador (a): 1º Tenente Edson Augusto Ferreira Ferraz
JOÃO PESSOA-PB
2016
QUARTEL DO COMANDO GERAL
DIRETORIA DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA
ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR ARISTARCHO PESSOA
Artigo intitulado “Cães De Resgate Nas Operações De Busca E Salvamento Do
Corpo De Bombeiros Militar” de autoria de Jonas Alexandre Dos Santos e Olavo
Aurélio da Nóbrega Neto avaliada pela banca constituída dos seguintes professores:
Aprovada em: 29 de Novembro de 2016.
_______________________________________________________
1º Tenente Edson Augusto Ferreira Ferraz (CBMPB) – Orientador
________________________________________________________
Capitão Antônio Barbalho Tavares Junior (CBMPE) – Examinador
________________________________________________________
Professora Dra. Rosângela Guimarães de Oliveira – Examinadora
JOÃO PESSOA-PB
2016
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois graças a
Ele que tenho o privilégio de estar vivo e poder ter a honra
de estar concluindo este curso. Dedico também a meus
pais, George e Delânia, pelo amor, esforços e renúncias
realizadas para que eu tivesse uma educação de qualidade.
À minha noiva Rebeca pelas palavras de motivação e pelo
apoio em todas as horas. Aos familiares e amigos pelas
orações e palavras de motivação nos bons e maus
momentos. (Jonas Alexandre dos Santos)
Dedico este trabalho a Deus primeiramente por ter me
dado a graça de conseguir estar neste curso. Aos meus
pais Onildo e Luzia que me propiciaram toda a educação
necessária e o apoio para a minha formação. E
principalmente à minha esposa Juliany Paula e ao meu
filho Carlos Eduardo pela paciência e apoio nas horas boas
e difíceis, sem os quais eu não teria forças para hoje estar
terminando este curso. (Olavo Aurélio da Nóbrega Neto)
AGRADECIMENTOS
Jonas Alexandre dos Santos:
A Deus, pelas bênçãos derramadas em minha vida e pela oportunidade que me concedeu de estar cursando este curso, o qual sempre foi um sonho. Aos meus pais pela motivação e suporte nos mais variados momentos da minha vida, desempenhando um papel de uma verdadeira coluna na minha caminhada. Aos meus familiares pelo carinho e pelas palavras de incentivo tanto em momentos bons quantos nos maus, foram muito importantes. A minha noiva, pelo companheirismo e pelo auxílio durante essa etapa da minha vida, estando presente em todos os momentos, sempre com sua compreensão e paciência. Ao orientador e amigo de corporação, 1º Tenente Edson Augusto Ferreira Ferraz pelo apoio e ensinamentos que demonstraram seu profissionalismo e amor à profissão. Aos meus colegas de turma (Aspirantes 2016) pela convivência ao longo desses três anos, através da qual tive oportunidade de fazer verdadeiros irmãos e obter um crescimento tanto humano quanto profissional.
Olavo Aurélio da Nóbrega Neto:
A Deus, pela sua presença constante na minha vida, sem que eu precise pedir, pelo
auxílio nas minhas escolhas e me confortar nas horas difíceis.
Aos meus pais, Luzia e Onildo, por todo carinho e apoio incondicionais que me
prestam todos os dias desde que nasci.
A minha esposa Juliany e ao meu filho Carlos Eduardo, pelo amor e paciência
prestados em todos os momentos. Graças ao apoio e compreensão deles foi
possível desenvolver este trabalho.
Ao meu orientador e amigo, 1º Tenente Edson Augusto Ferreira Ferraz, pelos
ensinamentos científicos e operacionais que foram de fundamental importância para
a conclusão deste trabalho.
Às Coordenações Pedagógica e Disciplinar, por todo o auxílio, empenho e
compreensão ao longo de todo o curso.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para o desenvolvimento deste
trabalho.
Para ser bombeiro o corpo precisa saber que não há diferença
entre a madrugada fria, ou verão quente, entre a água e o fogo,
todos se igualam ao som das sirenes.
SER BOMBEIRO É UMA HONRA!!!!
Autor Desconhecido
RESUMO
A atividade de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar é a área de atuação mais diversificada dentro da corporação, em virtude da ocorrência das mais variadas emergências envolvendo pessoas, animais, bens materiais e meio ambiente. Dentre as tarefas realizadas, encontram-se as atividades de salvamento em altura, aquático e terrestre, este último dando ênfase as tarefas de busca e resgate de vidas ou bens perdidos. Nessa modalidade vêm se destacando a utilização de cães treinados para encontrar pessoas e objetos nos mais variados ambientes, desde áreas rurais até debaixo de escombros provenientes de desabamentos ou soterramentos em áreas urbanas. Pretendemos neste estudo mostrar a importância da utilização de cães nas atividades de busca e resgate nos Corpo de Bombeiros Miliares, apresentar um pouco do histórico dos cães de busca e resgate, destacando atividades que os cães desempenham dentro dos Corpos de Bombeiros, revelar como é realizado o treinamento através de atividades lúdicas, utilizando brincadeiras e brinquedos adorados pelos cães, além de abordar os tipos de buscas desempenhadas pelos cães de resgate. Será realizado um roteiro de entrevista com dez bombeiros lotados no Batalhão de Busca e Salvamento dentre os quais cinco oficiais e cinco praças.
Palavras-Chave: Cães. Busca e Salvamento. Treinamento.
ABSTRACT
Activity Search and Fire Brigade Rescue is the most diverse area of expertise within the enterprise, due to the occurrence of various emergencies involving people, animals, material goods and the environment. Among the tasks performed, the rescue activities in height, water and land are, the latter emphasizing the search tasks and rescue lives or lost goods. In this mode are distinguishing the use of trained dogs to find people and objects in various environments, from rural areas to under rubble from landslides or heaping in urban areas. We intend this study show the importance of using dogs in search and rescue activities in the Fire Department miliary, show a bit of history of search and rescue dogs, highlighting activities that dogs play in the Fire Stations, reveal how is performed training through play activities, using games and toys loved by dogs, in addition to addressing the types of searches performed by rescue dogs. Will be held an interview script with ten firefighters crowded the Search and Rescue Battalion of which five officers and five places. Keywords: Dogs. Search and Rescue. Training.
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1 INTRODUÇÃO
De acordo Parizotto (2013), com o aumento desordenado das cidades,
diretamente associadas com a ocupação das áreas de risco de deslizamentos e a
verticalização das edificações, tem crescido o número e a complexidade das
ocorrências, exigindo dos Corpos de Bombeiros de todo o Brasil, a constância nos
treinamentos e a aquisição de novos materiais para suprir as dificuldades
enfrentadas nos sinistros e proporcionar um melhor atendimento. Porém as
dificuldades financeiras encontradas pelas corporações impedem a realização da
compra desses materiais e a contratação do número de profissionais necessários,
muitas vezes tendo de trabalhar com um efetivo muito abaixo do ideal. Logo, é
preciso procurar alternativas para solucionar esses problemas visando sempre o
alcance da melhoria do tempo resposta da ocorrência.
É justamente nesta conjuntura que entra a necessidade do trabalho dos
cães de busca e resgate, pois de acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de
Sergipe (2013), a incrível capacidade do faro canino associado a sua mobilidade, faz
com que o cão desempenhe um trabalho de busca equivalente a vinte homens em
um tempo consideravelmente reduzido.
Os Corpos de Bombeiros Militar têm um histórico de intervir em ocorrências
de grandes dificuldades, tanto causadas pela ação da natureza como pelo homem, e
que exigem um grande contingente de pessoas trabalhando em conjunto para salvar
pessoas e bens materiais.
Ocorrências de deslizamentos, enchentes, desaparecimentos e agora, como
registrados em diversas partes do Brasil, terremotos, revelam a dificuldade de
acesso e perda de tempo para encontrar vítimas ainda com vida nesses desastres.
Logo, o serviço de resgate com o auxílio de cães é essencial para aumentar o tempo
resposta nas operações. De acordo com Lima Junior (2012), o trabalho de busca
utilizando cães é comum em diversos países. Destaca-se aí o trabalho dos cães na
busca de pessoas em desastres como o ocorrido no World Trade Center, em
setembro de 2001 nos Estados Unidos da América, e a tsunami que abalou Japão
em 2011.
No Brasil, cães de resgate foram usados em diversas ocorrências
destacando-se o resgate de vítimas soterradas no desabamento de um prédio na
região de São Mateus em São Paulo em 2013, e o deslizamento de terra na região
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serrana do Rio de Janeiro em 2011. Recentemente cães também foram usados para
encontrar corpos de pessoas soterradas pela lama proveniente do rompimento da
represa que devastou a cidade de Mariana, no interior de Minas Gerais.
Logo, vê-se a importância dessa poderosa ferramenta que é o cão de busca
e resgate e, sendo assim, é importante conhecer como são feitas essas buscas, de
que maneira são realizados os treinamentos dos cães empregados nesta tarefa tão
importante que é a de salvar vidas.
A escolha por esse estudo surgiu da curiosidade em saber como se realiza o
treinamento de cães de resgate, bem como, a afinidade com o tema.
Diante do que foi exposto, pode-se ver que a pesquisa sobre os cães de
busca e resgate vem a contribuir para desmistificar as especulações de como se dá
o treinamento e utilização de um cão, pelo fato de ser uma atividade que não é muito
divulgada no âmbito da corporação. Os objetivos são revelar um pouco da história
dos cães, que esse treinamento não é danoso ao cão, mostrar os principais tipos de
buscas e provocar no Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba a produção de
materiais sobre o tema, como também incentivar mais militares a se especializarem
na área.
2. ORIGEM DA ESPÉCIE CANINA: COMO ESTES VÊM SENDO UTILIZADOS
NAS ATIVIDADES DE BUSCA E SALVAMENTO
De acordo com o artigo ORIGENS... (2014) os canídeos, assim como outros
mamíferos como os ursos, gatos e outros animais carnívoros, descendem de um
ancestral comum, semelhante a uma doninha, denominado Miacis, que viveu há
aproximadamente 40 milhões de anos. Esses animais apresentavam cinco dedos,
patas chatas, possuíam capacidade de subir em árvores e suas unhas eram
retráteis, semelhantes a dos felinos atuais. Do Miacis evoluiu um animal de tamanho
médio, mais alto e comprido, o Cynodictis e este deu origem ao Cynodesmus que
viveu na Eurásia. Dele, sucedeu o Tomarctus que segundo Alcarria (2000) seria o
progenitor dos lobos, cães e raposas.
Basta dizer que o tomarctus deu origem a todas as espécies de canídeos (lobos, chacais, raposas, hienas e cães). Todos esses animais apresentam uma formação óssea similar e são predadores rápidos, com boa visão, boa audição, um olfato aguçado, além de dotados de uma excelente resistência física (ORIGENS..., 2014).
10
Figura 1- Evolução dos canídeos e outros mamíferos Fonte: http://caovet.blogspot.com.br/2013/12/origens-dos-caes-pre-historia.html
Muitas teorias afirmam que os cães atuais descendam dos lobos, porém não
da espécie Canis lúpus como conhecemos. De acordo com Horowitz (2012), tanto
os cães como os lobos têm um ancestral em comum que os fazem possuir uma
grande semelhança em seus DNA´s. Alguns autores, como Parizotto (2013),
afirmam que tanto os cães como os lobos descendam do lobo cinzento. Outros,
como Alcarria (2000), defendem que os cães não apenas descendam do Canis
lúpus pallipes, como é conhecido o lobo cinzento, mas também de chacais. Estes
cães podem ter dado origem a algumas raças nativas africanas atuais. “Rastrear os
canídeos até sua origem, não é um fato consensual entre os cientistas, porem as
correntes concordam com uma origem comum entre todos os canídeos modernos e
extintos” (PARIZOTTO, 2013, p.16).
Segundo o Parizotto (2013), o cão foi o primeiro dos animais domésticos e
esse processo de domesticação durou anos, de forma que os cães atuais pouco se
parecem com seus primeiros ancestrais. A domesticação desses animais deu-se
através da seleção das características desejáveis, ou seja, os seres humanos foram
moldando os cães de acordo com suas vontades e aptidões e esses fatores eram
11
passados de geração em geração. De acordo com o artigo ORIGENS... (2014),
várias são as características que tornaram os cães mais propensos à domesticação:
ele tem um tamanho conveniente para viver dentro da habitação humana, o fato de o
cão ser um caçador é de grande valia para a aquisição de alimento e a fertilidade da
espécie favorece a produção de um grande número de filhotes, de forma que agiliza
a seleção desses animais para atuarem em diversas tarefas, como a caça, a guarda,
pastoreio, tração e até cães de colo. Segundo Cielusinsky (2012), hoje os cães são
empregados em diversas atividades, como guia para cegos, no auxílio a deficientes
físicos, no combate ao narcotráfico e ao terrorismo, busca e salvamento de pessoas
e até na detecção de certas doenças como epilepsia.
Segundo Lima Junior (2010), os primeiros cães de busca e resgate foram
empregados no continente europeu para encontrar caminhos e pessoas soterradas
por nevascas. Eles teriam sido criados por frades franciscanos do monastério de
São Bernardo, um dos mais altos e antigos da Europa, e eram possuidores de um
faro apurado, grande senso de direção, densa pelagem para resistir às baixas
temperaturas além de corpos musculosos. Esses cães desenterravam pessoas e
ficavam em cima delas para aquecer até a chegada do socorro. O nome do
monastério acabou dando nome à raça São Bernardo, considerada, segundo o
artigo A HISTÓRIA... (2016), a pioneira na atividade de resgate.
De acordo com Parizotto (2013), cães de busca e resgate teriam sido
utilizados nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), salvando a vida
de soldados soterrados e feridos pelos bombardeios. Esses cães, segundo Alcarria
(2000), eram chamados de “cães ambulância”. Com a Segunda Guerra Mundial
(1939 – 1945), os cães foram utilizados pela Grã-Bretanha para encontrar pessoas
presas em escombros de edifícios. Como afirma CORTES (2002 apud PARIZOTO,
2013), a eficácia desses cães foi tão grande que a partir dos anos cinquenta
começou-se a ser criadas escola de formação de cães de busca e salvamento na
Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha e Suíça.
A Suíça foi o primeiro país a utilizar os cães com propósitos civis de resgate. Desde 1940, Ferdinand Schunmtz, foi o pioneiro ao dedicar-se à formação de cães, visando a localização de pessoas em avalanches, e posteriormente adaptando-os para a localização em escombros. A Alemanha, através dos Corpos Alemães de Defesa Civil, iniciou serviços com cães localizadores de pessoas vivas em escombros a partir da metade dos anos 50 (PARIZOTTO, 2013, p. 20).
12
Com a crescente importância dos cães nas atividades de busca e
salvamento, passou-se a criar escolas especializadas na formação desses animais.
Em 1971, na Suíça, surgiu a primeira escola de formação na área. Em 1972 foi
publicado o primeiro manual de adestramento para resgate. Nesse ano, de acordo
com o artigo A HISTÓRIA... (2016) foi criada a Dog Rescue American Associaition1
(ARDA) organização que reunia vários grupos de cães de resgate e treinadores para
trocar técnicas de treinamento e informações. Dessa maneira, a ARDA ajudou a
treinar cães capazes de ajudar pessoas através do seu faro. Em 1981, na
Alemanha, surgiu a Associação Nacional de Cães de Resgate. Em 1984 foi
realizado o primeiro Simpósio Internacional de Cães de Resgate, na Suíça.
De acordo com Parizotto (2013) os cães de resgate também foram
largamente utilizados em desastres como o grande terremoto na cidade do México
em 1985, o terremoto na Argélia em 1999, no resgate às vítimas do ataque às torres
gêmeas do Edifício World Trade Center em 2001, e no tsunami que abalou o Japão
em 2011. “Em todos esses eventos a participação dos cães foi decisiva”
(PARIZOTTO, 2013, p. 21).
No Brasil ainda é recente o uso de cães pelas equipes de socorro nas
ocorrências de busca e salvamento. De acordo com Parizotto (2013) a utilização de
cães nessas ocorrências teria iniciado no Estado de São Paulo e a partir daí, se
disseminado pelo país, visando treinar cães para a localização de pessoas em
escombros ou perdidas. Em 1999 surge no Estado de São Paulo a atividade
operacional denominada ECOS (Emprego de Cães nas Operações de Salvamento),
equipe especializada em socorrer vítimas de soterramentos. Em 2003 foi realizado
em Xanxerê, Santa Catarina, um encontro de bombeiros e policiais ligados à
atividade de cinotecnia, marcando o início das atividades com cães no Corpo de
Bombeiros Militar de Santa Catarina. De acordo com Parizotto (2013), Em 2005 foi
trazido para o referido estado o colombiano Engels German Cortez Trujillo que
ministrou um curso usando a técnica denominada K-SAR2. Neste curso participaram
bombeiros, outros militares, membros da defesa civil e voluntários de vários
1 Associação Americana de Cães de Resgate
2 Sigla que tem nas letras os significados “caninos”, “salvamento” e “resgate”. Neste método, a
principal pista para que os cães encontrem as vítimas são odores liberados pelo corpo humano na
forma de gases, que podem vir da terra ou da água.
13
municípios. Foi criado então a ABRESC – Associação de Busca, Resgate e
Salvamento com Cães do Brasil que tem, dentre outros objetivos, congregar
profissionais civis e militares com interesse na utilização de cães nas operações de
busca e resgate de pessoas e bens. “Esse foi um importante órgão difusor de
tecnologias e informações para várias instituições de bombeiros no país”
(PARIZOTTO, 2013, p.23).
Com os avanços obtidos a atividade vai transpondo a fase do total empirismo e também desenvolve suas potencialidades que vão além da busca urbana. Os cães que estavam sendo utilizados unicamente como ferramentas para identifica vítimas sob escombros, agora têm novas áreas para o serviço de busca e outras atividades especiais (PIVA, 2011, p. 19).
No Brasil, cães de resgate foram usados em diversas ocorrências
destacando-se o resgate de vítimas soterradas no desabamento de um prédio na
região de São Mateus em São Paulo em 2013, no deslizamento de terra na região
serrana do Rio de Janeiro em 2011, e para o resgate de corpos de pessoas
soterradas pela lama proveniente do rompimento da represa que devastou a cidade
de Mariana, no interior de Minas Gerais em 2015.
Logo, vê-se que a utilização desses animais conjunta com os militares em
salvamentos é de fundamental importância para acelerar o processo de busca e
garantir o êxito nas missões, uma vez que as atividades do Bombeiro Militar tornam-
se cada vez mais complexas, aliada ao aumento de desastres.
3. PRINCÍPIOS E TÉCNICAS APLICADAS NO TREINAMENTO DE UM CÃO DE
BUSCA E SALVAMENTO
Entender o processo cognitivo do cão é de extrema importância para a
realização do treinamento para o serviço de busca e salvamento. Ter ciência da
maneira como os cães adquirem novos conhecimentos e explorar essa capacidade
é um dos atributos que o adestrador deve ter para planejar a atividade específica
para a qual o cão será destinado, seja ela a busca de pessoas perdidas em uma
área rural, soterradas, presas em escombros, ou até a procura de restos mortais sob
ou subaquático.
14
Como afirma Parizotto (2013) a atividade de busca e resgate não é uma
atividade natural dos cães. Eles precisam aprendê-las e isso se dá através da
capacidade de repetição de uma ação que lhe fora ensinada antes. E essa
aprendizagem é dependente do método de ensino e da memória do cão.
O médico e fisiologista russo Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936), ao estudar
a fisiologia do sistema gastrointestinal, realizou procedimentos com cães que ficou
conhecida mundialmente como “O Cão de Pavlov”. Nessa experiência, um cão era
colocado atrás de uma parede, de modo que não conseguisse ver o que estava
atrás desta. Sempre que este cão iria ser alimentado, alguém andava pela sala,
tocava uma sineta e lhe entregava a comida passada por uma portinhola, fato este
que o fazia salivar. Depois de um tempo, apenas o fato de ouvir os passos ou o
toque da sineta, o cão salivava como se fosse receber a comida. Pavlov conseguiu
com isso mudar o comportamento do cão frente a um estímulo e inaugurava assim a
psicologia científica através do reflexo condicionado, fato este que o fez ganhar o
Prêmio Nobel na área de Medicina e Fisiologia em 1904.
Figura 2: Cão de Pavlov Fonte: http://adestradorasofia.blogspot.com.br/2014/01/
pavlov-e-skinner-origem-do adestramento.html
Estudando as teorias e experiências de Pavlov, o psicólogo americano
Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) lançava as teorias sobre o condicionamento
operante. Essa teoria, segundo (Bethlem, 2014), afirma que um comportamento
15
pode ser incentivado ou reprimido através de recompensas, ou seja, reforços. Se um
cão age de determinada maneira e queremos que ele mantenha esse
comportamento, recompensamos. Se quisermos que o comportamento seja
reduzido, punimos. Logo, de acordo com as teorias propostas por Bethlem (2014),
podemos então definir:
Reforço Positivo: ocorre quando o cachorro recebe algo (recompensa) que
ele gosta quando se comporta de certa maneira. Isso faz o comportamento se
repetir.
Reforço Negativo: ocorre quando algo que traz desconforto ao cachorro é
removido quando ele age de certa maneira.
Punição Positiva: ocorre quando é adicionado um estímulo desagradável
(aversivo) para o cão para extinguir um comportamento.
Punição Negativa: ocorre quando algo que o cachorro gosta é removido
quando ele age de certa maneira
Nota-se então que o condicionamento operante é a base para se treinar um
animal, principalmente os cães. Através do reforço positivo, pode-se modificar o
comportamento do cão para se realizar determinada tarefa. Porém uma observação
deve ser feita. De acordo com Alexandre Rossi3, em seu livro Adestramento
Inteligente (2015), toda e qualquer punição deve feita assim que o cão cometer o ato
e objetiva apenas inibir determinado comportamento, cessando os efeitos desta
assim que o cão deixar de realiza-lo.
Qualquer fator negativo durante o aprendizado contribuirá para uma resposta menos eficiente e para a má vontade do seu cão em efetuar o comando, já que subconscientemente ele vai relacionar o comando com os fatores do aprendizado (ROSSI, 2015, p.37).
Segundo Rossi (2015), no treinamento de um cão, quando queremos
ensinar determinado comportamento, começamos primeiramente sem o comando
propriamente dito, apenas a ação. Quando o cão realizar determinado ato,
imediatamente temos que recompensa-lo para que o animal assimile que ao
executar a tarefa, ganhará a recompensa e está agindo certo. Quando o cão está
familiarizado com a recompensa e a realização da ação, passa-se a acrescentar o
3 Formado em Zootecnia e Medicina Veterinária e especializado em comportamento animal.
Conhecido atualmente como Doutor PET.
16
comando propriamente dito e a reduzir a recompensa, até conseguir que o cão
execute a ação somente pelo comando de voz do adestrador.
De acordo com Sperinde e Zambonato (2009), o treinamento de um cão de
busca e resgate começa pela escolha da raça apropriada para cada tipo de trabalho.
Segundo os autores, geralmente são utilizadas raças de pastoreio ou de trabalho
como o Labrador Retriever, Pastor Alemão, Golden Retriever e Border Collie e o
Pastor Belga Malinois. Estas raças são as mais utilizadas pelo fato desses cães
apresentarem boa capacidade física, temperamento estável e uma forte tendência
aos jogos de caça. Segundo a American Rescue Dog Association (ARDA)4. De
acordo com essa associação, um cão de resgate deve ter preferencialmente:
Dupla camada de pelos para proteger e servir como isolamento natural em
condições climáticas extremas;
Eficiente estrutura física que permita o animal trabalhar por horas sem
demonstrar cansaço;
Possuir tamanho suficientemente pequeno para ser ágil e também para ser
transportado em vários tipos de veículos, e suficientemente grande para
trabalhar sob terrenos irregulares;
Possuir alto grau de inteligência e treinabilidade;
Comprovada habilidade para o sentido do faro;
Curioso com novas situações e novos objetos.
Entretanto, Segundo Brissos (2010), nem todos os cães realizam o mesmo
tipo de busca. Alguns cães são utilizados para rastreio e outros para a busca. O que
distingue esses dois tipos de cães é o treinamento e o modo com são utilizados em
missões. O cão de rastreio trabalha, na grande maioria do tempo, com o focinho no
chão e precisa de um ponto de partida, como cheirar uma peça de roupa, por
exemplo. Para esse tipo de trabalho, o tempo é um componente importante. Se uma
pessoa se perder em uma mata, por exemplo, o cão de rastreio deve começar seu
trabalho imediatamente após o desaparecimento antes que outros grupos de buscas
entrem no local, contaminando a pista de cheiro. Além disso, a chuva, o vento e
outros fatores climáticos favorecem a dissipação do odor da pessoa, dificultando o
trabalho. O cão de busca, também chamado de venteio, trabalha com o focinho no
4 Associação Americana de Cães de Resgate. Trata-se da mais antiga associação de busca e resgate
com cães dos Estados Unidos, fundada em 1972.
17
ar, captando o odor da pessoa ou objeto em qualquer área do local, transportados
pelas correntes de ar. Esses cães não precisam de um ponto inicial para se realizar
a busca e o tempo e os fatores climáticos não são problemas, pois os cães buscam
a origem do cheiro no seu ponto mais concentrado.
De acordo com Alcarria (2000), é importante que o treinador entenda o
processo de liberação dos odores liberados pelos seres humanos e como este é
transportado pelo vento até as narinas dos cães. Segundo o autor, os seres
humanos soltam células mortas da pele constantemente, conhecidas como rafts ou
cavéolas. São essas células que carregam bactérias e vapores que caracterizam o
cheiro individual de uma pessoa, e é justamente este odor procurado pelo cão. Elas
são transportadas pelos correntes de ar em formato de cone, também conhecido
como cone de odor, concentrado na origem (pessoa), ampliando-se à medida que a
distância aumenta.
Figura 3 - Cone de odor exalado pela vítima Fonte: http://casa.hsw.uol.com.br/caes-trabalhadores4
Ainda segundo Alcarria (2000), o treinamento do cão começa ainda filhote,
entre a sétima e a décima segunda semana de vida, com o treinamento de
socialização a fim de que este interaja com outros cães, pessoas e locais diferentes,
veja, ouça, sinta o cheiro de tudo ao seu redor e se acostume com barulhos altos e
coisas vivas, de tal modo que se familiarize com os mais diversos ambientes. É
nessa fase também que começam o treinamento de obediência básica, com
comandos fáceis como fica, senta, deita, solta, etc. com o intuito de garantir que o
cão se comporte de maneira calma e obedeça ao treinador sob várias circunstâncias
que podem estar presentes em uma situação de busca. Deve-se também realizar o
18
treinamento de agilidade visando ensinar ao cão a progredir em ambientes com
obstáculos. Neste tipo de treinamento, o treinador inclui diversos tipos de rampas,
pranchas, escadas, túneis e obstáculos para salto. Todo esse treinamento básico é
necessário para que o cão ganhe confiança em si mesmo e no treinador e possa
estar calmo em uma situação de busca real. Como afirma Brissos (2010), um cão
que foge ao controle de adestrador torna-se um problema em situações de busca e
salvamento.
Quando o cão está bem adaptado ao treinamento básico, começa então o
treinamento de busca propriamente dito. Segundo Freitas (2013), existem muitas
técnicas de treinamento de um cão de resgate, porém as mais utilizadas atualmente
pelos diversos Corpos de Bombeiros do mundo são o método Arcón e o método K-
SAR. O método Arcón, desenvolvido por Jaime Parejo García5, tem esse nome em
homenagem ao primeiro cão que utilizou esta técnica, o Cão d’água Espanhol
Arcón. Essa técnica pode ser utilizada na busca de pessoas presas em escombros
ou soterradas, de entorpecentes, explosivos, no tráfego de animais silvestres, etc,
utilizando apenas o odor. De acordo com o autor, neste método de treinamento o
cão está centrado no brinquedo usado no exercício. O treinador inicia o treino
jogando o objeto e deixando que o cão busque. Quando o cão está bem treinado
nesta brincadeira de joga e busca, o treinador começa a esconder o brinquedo e
deixar que o cão use o faro para acha-lo. É justamente neste momento que o
adestrador começa a inserir o cheiro daquilo que quer que o cão busque, seja ele o
cheiro de uma pessoa viva, de um cadáver, de sangue, de entorpecentes, etc. O
cão, a partir daí tentará buscar o odor associado ao brinquedo. Quando este vier a
achar o objeto, que na verdade será aquilo que se quer achar realmente, o treinador
jogará o brinquedo ou objeto para o cão em sinal de recompensa. Segundo Freitas
(2013), o método K-SAR, sigla inglesa que significa Kanine Search and Rescue
(Cães de Busca e Salvamento), é um método criado por Engels German Cortez
Trujillo6 no qual os cães são treinados para realizarem a busca de pessoas utilizando
tanto o sentido do faro quanto a audição e visão. Neste método de treinamento, os
cães são capazes de realizar tanto buscas por pessoas soterradas ou presas em
5 Nascido em Servilla, Espanha em 1961. Reconhecido em 2005 com o Certificado de Distinção do
Premio Sasakawa das Nações Unidas para a Redução de Desastres pela criação do método. 6 Colombiano nascido em Bogotá em 1965, é voluntário da cruz vermelha, psicólogo e adestrador de
cães.
19
escombros como pessoas perdidas em matas e campos abertos, ou seja, busca
rural. Neste método, segundo o autor o mais utilizado pelos Corpos de Bombeiros
atualmente, o vínculo do cão não é com o brinquedo em si, mas com a brincadeira
que o figurante faz. Aliás, de acordo com Parizotto (2013), o figurante é um dos itens
mais importantes neste método de treinamento. É ele quem realiza a brincadeira,
simula uma vítima, premia o cão quando este realiza uma atividade certa, entre
diversas outras atividades. O figurante ajuda o animal nas buscas, emitindo sons e
outros comportamentos para o cão, além do odor propriamente dito, consiga
encontrar pessoas também pela audição e visão. Quando o cão consegue encontrar,
o figurante imediatamente premia o cão com a brincadeira desejada, que pode ser
um brinquedo para ele morder, por exemplo. Segundo Freitas (2013), ambos os
métodos de treinamento exigem que o cão além de encontrar a vítima, sinalize o
local onde esta se encontra, podendo ser com latidos, sentando, deitando ou
realizando algum movimento previamente ensinado, permanecendo ao lado da
pessoa até a chegada do adestrador com a equipe de socorro.
4. TIPOS DE BUSCAS COM CÃES DE RESGATE
De acordo com Lima Junior (2010), os cães desempenham diversas funções
dentro dos Corpos de Bombeiros no que se refere à atividade de busca e
salvamento, porém destacam-se as atividades de buscas urbanas, rurais, de restos
mortais e as buscas aquáticas de cadáver.
Segundo o autor, as buscas urbanas são aquelas que envolvem a
localização, retirada e a estabilização clínica de vítimas presas em espaços
confinados. Esse tipo de busca se torna mais complicada devido a ser realizado em
ambientes onde os cenários nunca são os mesmos, dependendo do desastre
ocorrido e da posição dos escombros. Muito comum em eventos adversos como
terremotos e furacões.
No ambiente urbano, devido à complexidade da ocorrência, é exigido do
condutor do cão experiências em outras áreas do conhecimento, pois não só a vida
das vítimas está em jogo, mas também da guarnição e do próprio cão. Como afirma
Frichs (2011, p. 08):
Um bombeiro especialista em busca urbana deverá ter conhecimentos em estruturas de engenharia civil e patologia da construção, pois deverá observar as condições de segurança
20
estrutural e não estrutural para a entrada do mesmo, a circulação e os trabalhos nos escombros, como as rotas de saída de partículas de odor que afloram na superfície.
Mesmo o Brasil não apresentando uma quantidade considerável de
desastres ocasionados por terremotos, furacões ou outras catástrofes naturais, é
comum esse tipo de busca, pois muitos eventos adversos, como desabamentos de
casas e acidentes devido à utilização de materiais de qualidade questionável na
construção civil, ocorrem de forma recorrente. As buscas urbanas se dividem em
buscas em escombros e buscas em áreas de deslizamento por terra ou lama. Os
escombros são locais onde houve um colapso da estrutura de uma edificação, tendo
a presença de materiais sólidos compactados. Os deslizamentos são materiais
pastosos, geralmente terra, que são arrastados para longe do local de origem
especialmente depois de um período chuvoso. Segundo o autor, os cães darão o
alerta ao ver, ouvir ou sentir o cheiro de uma pessoa. Nas buscas urbanas, o
principal meio de transmissão do odor humano se dá por meio dos túneis de odor7.
De acordo com Da Luz (2006), as buscas rurais são aquelas onde as
pessoas em risco encontram-se em um ambiente longe do apoio e das facilidades
da cidade, como eletricidade, telefone, água encanada, instalações sanitárias e
estradas. Neste tipo de busca, os bombeiros devem considerar os diversos tipos de
terrenos bem como a pessoa a ser procurada. Os terrenos podem ser montanhosos,
pantanosos, de mata fechada, florestas, entre outros. Segundo Lima Junior (2010), o
terreno tem forte impacto sobre como cada equipe de cão trabalhará, pois nas
montanhas os mesmos podem ser afetados no seu fluxo de faro, assim como a
habilidade do condutor de conduzi-lo. Os pântanos muitas vezes podem ser grandes
e intransitáveis, já as matas fechadas, possuem pequenos fluxos de cheiro. Nas
buscas rurais, de acordo com o autor, o olfato é o principal sentido utilizado pelos
cães, pois a área de busca é geograficamente maior que o do ambiente urbano.
As buscas por restos mortais, segundo Lima Junior (2010), são aquelas
onde os cães são treinados para encontrar o odor de corpos ou partes de corpos em
decomposição. É utilizada principalmente nas investigações forenses, podendo os
cães encontrar o odor de corpos enterrados há mais de vinte anos. Além da
7 Túnel de odor consiste no local de passagem de ar em que partículas de odor atravessam por meio
de espaços vazios um caminho até a subida a superfície.
21
importância para as investigações policiais, esse tipo de busca também tem o
objetivo de proporcionar às pessoas a possibilidade de realizar um enterro digno dos
seus familiares.
De acordo com Alcarria (2000), na busca subaquática, os cães detectam os
odorem emanados pelos corpos submersos. Os gases liberados são transportados
pela água até a superfície, onde são captados pelas narinas dos cães. Essa busca é
importante para mostrar aos bombeiros onde mergulhar, levando-se em conta a
dimensão da área a ser percorrida. Entretanto, os bombeiros devem levar em
consideração alguns fatores como a correnteza da água, pois a local indicado pelo
cão pode não coincidir com a real localização da vítima.
Figura 4: Correnteza mascarando a real localização da vítima submersa Fonte: Cadaver Dog Handbook: forensic training and tactics for the recovery of human remains
Pode-se então notar que o cão, não importando sua modalidade de busca,
necessita estar altamente condicionado, a partir de treinamentos e estímulos que o
faça desenvolver seus sentidos, que já são tão evoluídos, para que possam
desempenhar sua função com excelência e possam contribuir cada vez mais com o
serviço bombeiro militar.
22
METODOLOGIA
O estudo é de caráter investigativo, exploratório e descritivo, com
abordagem qualitativa, partindo do levantamento das respostas coletadas dos
entrevistados. É investigativo, pois de acordo com Richardson (2003), ela aconteceu
quando nossa experiência cotidiana se conjugou com o problema da investigação,
contribuindo para a exploração do problema.
Segundo Gerhardt e Silveira (2009), é exploratória porque teve como
finalidade proporcionar uma maior familiaridade com o tema proposto, e é descritivo
porque foi realizada apenas uma observação dos fatos apresentados. Ainda de
acordo com as autoras, a abordagem é qualitativa porque tenta compreender o tema
proposto sem controlar o contexto da pesquisa, captando apenas seu contexto.
Foram entrevistados 10 (dez) bombeiros que trabalham diretamente com
busca e resgate lotados no Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de
Bombeiros Militar da Paraíba que fica situado no município de João Pessoa - PB. Os
dados foram coletados através de questionário semi-estruturado, após a autorização
do Comitê de Ética ao qual foi submetido pela Plataforma Brasil sob a CAAE nº
61382316.6.0000.5186.
Para a coleta dos dados foram utilizados os preceitos da resolução 466/12 do
Conselho Nacional de Saúde (CNS). Foram incluídos Termos de Consentimento
Livre e Esclarecido, Termos de Compromisso e Responsabilidade do Pesquisador
Principal e do Pesquisador Responsável e Termo de Anuência.
A resolução 466/12 incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os
referenciais da bioética, autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e
equidade, dentre outros, e visa a assegurar os direitos e deveres que dizem respeito
aos participantes da pesquisa, à comunidade científica e ao Estado. Esta reafirma os
princípios da consideração e do reconhecimento da dignidade, da liberdade e da
autonomia do ser humano participante da pesquisa.
A análise dos dados foi realizada através do programa Microsoft Excel a partir
da estatística descritiva e inferencial com o uso de testes comparativos sob a forma
gráficos. Para os dados qualitativos foi utilizada a metodologia de descrição das
narrativas pela análise do conteúdo Bardin.
23
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A sistematização e análise dos dados referentes ao que tange a busca e
resgate utilizando cães visou identificar as opiniões sobre o assunto de oficiais e
praças lotados no Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar
da Paraíba. A sistematização por meio de gráficos serviu para facilitar a visualização
e percepção do tema em questão.
A análise dos dados assim sistematizados permitiu identificar as
características das opiniões que esses bombeiros têm a respeito da importância da
atividade de Busca e Salvamento com Cães nos Corpos de Bombeiros, em especial
com o Corpo de Bombeiro Militar da Paraíba.
Com relação aos dados sóciodemográficos, observou-se que a idade média
dos Bombeiros participantes desta pesquisa é de 32 anos, o que demonstra que o
efetivo possui maturidade suficiente para a profissão de salvaguardar vidas e
riquezas materiais. Igualmente pode-se observar quanto ao tempo médio de serviço
na Corporação, que foi de 8,5 anos, ou seja, quase atingindo 1/3 do tempo total de
serviço previsto na Legislação dos Militares Estaduais da Paraíba, que é de 30 anos
de efetivo serviço.
Outro fator positivo relacionado à pesquisa é que quase a totalidade dos
bombeiros entrevistados possui formação em ensino superior, totalizando 90% e
destes, 18% possui ou está em processo de especialização, o que eleva o nível da
capacidade intelectual do grupo com ganhos substanciais para a Corporação.
Reproduzindo então os resultados observados após a aplicação da pesquisa
de campo, direcionada ao efetivo de cinco oficiais e cinco praças do Batalhão de
Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba, composta por nove
questões envolvendo o tema busca e resgate utilizando cães, temos:
A questão 01 procurou verificar os principais atributos que um cão de
resgate tem que ter para o serviço de busca e salvamento. O resultado foi o
seguinte:
24
Gráfico 01: Principais qualidades que um cão de busca e resgate deve ter, na
opinião dos entrevistados, João Pessoa – PB, 2016.
Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.
Dados da Pesquisa.
Conforme as dados apresentados acima, constata-se que houve várias
respostas referentes ao tema, sobressaindo-se como principais atributos de um cão
de resgate a inteligência, sociabilidade, faro apurado, controle psicológico e
apresentar interesse por brincadeiras, concordando com as características dos cães
apresentadas pela American Rescue Dog Association (ARDA).
A questão 02 procurou verificar se o treinamento causa algum dano aos
cães e quais são eles. Os resultados foram:
9,76% 4,88% 2,44%
2,44%
12,20%
9,76%
2,44%
4,88% 4,88% 9,76%
4,88%
2,44%
9,76%
12,20%
4,88% 2,44%
Porte médio-alto
Atencioso
Persistência
Resistência Física
Inteligência
Sociável
Vivacidade
Força
Tenacidade
Bom Faro
Controle Psicológico
Agilidade
Disposição
Interesse por Brincadeiras
Boa Saúde
25
Gráfico 02: Opinião dos entrevistados sobre os possíveis danos que o treinamento
causa aos cães, João Pessoa – PB, 2016.
Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.
Dados da Pesquisa.
Foram quase unanimidade os bombeiros que responderam que o
treinamento não causa danos aos cães. Apenas uma pessoa teve opinião contrária,
informando que o treinamento, em virtude da atividade de risco, causa danos aos
cães. Esse resultado entra em conformidade com as ideias de Freitas (2013),
quando afirma que o treinamento baseia-se em atividades lúdicas para os animais, e
que o cão está centrado na brincadeira ou brinquedo e não no treinamento
propriamente dito.
A questão 03 procurou saber se algum dos participantes da pesquisa já tinha
participado de alguma situação em que a utilização de cães de resgate foi
importante para o desfecho do evento e, em caso positivo, qual foi a situação.
Tivemos como resultado:
10%
90%
Sim
Não
26
Gráfico 03: Participação de algum evento que os cães foram importantes para o
desfecho da situação, João Pessoa – PB, 2016.
Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016. Dados da Pesquisa.
Gráfico 04: Tipo de busca na qual o cão foi importante para o desfecho, João
Pessoa – PB, 2016.
Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.
Dados da Pesquisa.
Pelo exposto, pode-se perceber que a grande maioria já participou de algum
evento no qual a utilização dos cães foi importante para o desfecho de alguma
70%
30%
Sim
Não
46%
8%
46% Curso
Busca Urbana
Busca Rural
27
situação, e destes, tivemos um empate entre as buscas rurais e os cursos de
especialização. Podemos verificar que, entre os tipos de buscas, a rural se sobressai
em relação à busca urbana, concordando então com as teorias de Parizotto (2013),
que afirma que essa modalidade de busca está crescendo nos Corpos de Bombeiros
Militares e se tornando importante visto as facilidades que o cão oferece.
A questão 04 procurou saber dos participantes as facilidades que os cães
oferecem no serviço de Busca e Salvamento. Obteve-se os seguintes resultados:
Gráfico 05: Facilidades oferecidas pelos cães nas ocorrências de Busca e
Salvamento, João Pessoa – PB, 2016.
Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.
Dados da Pesquisa.
Pode-se perceber que dentre todas as respostas dos participantes, a
diminuição do tempo resposta de uma ocorrência e uma maior eficiência das buscas
se sobressaíram frente às outras (41,18%). Isso reforça as ideias de Amorim Junior
(2013), quando afirma que um único cão de resgate pode substituir de 20 a 30
bombeiros em uma operação de busca.
A questão 05 procura saber as principais dificuldades enfrentadas pelos
bombeiros nas ocorrências envolvendo busca com cães. Tivemos como resultado:
5,88%
41,18%
35,29%
11,76%
5,88% Rapidez de varredura
Diminuição do TempoResposta
Maior Eficiência dasBuscas
Economia deMaterial/Efetivo
Sentido Apurado
28
Gráfico 06: Principais dificuldades enfrentadas no serviço de busca e salvamento
com cães, João Pessoa – PB, 2016.
Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.
Dados da Pesquisa.
Pode-se verificar que dentre as respostas dos participantes, o transporte dos
cães devido à falta de viatura, a falta de material adequado para treinamento dos
animais, a falta de uma doutrina especializada e uma estrutura física adequada,
como a falta de canis, estão entre as mais citadas. Logo, verifica-se pouco incentivo
a essa atividade dentro do Corpo de Bombeiro da Paraíba, o que confirma as teorias
de Parizotto (2013) que afirma que no Brasil ainda é recente o uso dos cães nas
ocorrências de busca e salvamento pelas equipes de socorro.
A questão 06 procura saber o interesse da tropa em se especializar neste
tipo de trabalho, obtendo como resultado:
29,63%
7,41%
22,22%
3,70%
3,70%
14,81%
14,81%
3,70%
Transporte dos Cães(Viaturas)
Falta de EfetivoEspecializado
Treinamento dos Cães
Falta de Material deTreinamento
Falta de DoutrinaEspecializada
Estrutura Física (Canil)
29
Gráfico 07: Índice de interesse na tropa do CBMPB em se especializar na área de
busca com cães, João Pessoa – PB, 2016.
Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.
Dados da Pesquisa.
Constatou-se que, pelas respostas dos participantes, há interesse da tropa
em se especializar neste tipo de serviço, porém metade dela se sente pouco
motivada para trabalhar na área, o que concorda com as ideias de Frichs (2011) que
diz que o bombeiro, além de ter conhecimentos relativos à atividade de busca com
cães, é necessário ter noções sobre construção civil, condições de segurança
estrutural, entre outros conhecimentos. Isso exige dedicação que algumas pessoas
não estão dispostas a ter ou se tem, falta o incentivo e a valorização da Corporação
para o desenvolvimento desta atividade.
A questão 07 busca saber a importância dada pelo Corpo de Bombeiros da
Paraíba a esse tipo de atividade dentro da corporação, perguntando: Como você
qualifica a importância dada a este tipo de atividade pelo Corpo de Bombeiros Militar
da Paraíba? Obtendo como resposta:
“Há um interesse mediano por tratar-se de uma atividade nova e que ainda
gera um expectativa por bons resultados, para que se justifique o custo
aplicado na formação de cães e condutores”. Of. 1
50% 50% Sim
Sim, Porém Pouco
30
“Deveria ser dado maior importância, pois é uma atividade que otimiza a
busca de pessoas perdidas e também têm seu lado cinoterápico, ou seja,
mais serviços prestados à sociedade”. Of. 2
“Francamente, muito baixa”. Of 3
“Ascendente”. Of 4
“Muito importante para a instituição”. Of 4
“Deveria ser dado maior importância, pois é uma atividade que otimiza a
busca de pessoas perdidas e também têm seu lado cinoterápico, ou seja,
mais serviços prestados à sociedade”. P1
“Devido ao pouco conhecimento sobre a atividade há um pouco de descrédito
por parte da tropa, melhorando a visão entre os especialistas em ouras áreas
de atuação do CBMPB”. P2
“O CBMPB ainda acha pouco importante a atividade com cães, devido a falta
de conhecimento na área”. P3
“De extrema importância para a corporação e para a sociedade”. P4
“O Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba ratifica a devida importância neste
tipo de atividade pois cada vez mais qualifica seus membros no exercício da
atividade de busca e resgate com cães”. P5
Como podemos observar, a partir do posicionamento dos militares, citado
acima, podemos concluir que em uma maioria, cerca de 60%, considera a atividade
com cães de uma importância significativa para o Corpo de Bombeiros militar da
Paraíba, devido a fatores como a eficiência nos serviços de buscas, a atividade
cinoterápica desempenhada pelos cães, que com isso aumentariam o leque de
serviços, bem como de benefícios, prestados à sociedade. Outra parcela da tropa,
embora pequena, acredita que a Corporação dá importância à atividade, porém
pouca, devendo olhar com melhores olhos para o serviço de busca e salvamento
com cães.
Diante do posicionamento do efetivo, constatamos que é um posicionamento
similar ao de Piva (2011), onde ele afirma que o papel dos cães com o passar do
tempo vem se tornando cada vez mais amplo, com áreas de atuação cada vez
maiores, denotando um crescente grau de importância. Bem como destacou
31
Parizzoto (2013), mencionando grandes desastres, que marcaram o mundo, como o
ataque ao World trade Center em 2001, o tsunami que abalou o Japão em 2011,
dentre outros desastres, onde cães atuaram de forma direta, contribuindo com uma
participação decisiva em tais ocorrências.
A questão 08 procura saber o que a Corporação poderia fazer para melhorar
o serviço de busca e resgate com cães. Como resultado, tivemos:
Gráfico 08: Pontos a melhorar pelo Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba na
atividade de busca e resgate com cães, João Pessoa – PB, 2016.
Fonte: Nóbrega Neto e Santos, 2016.
Dados da Pesquisa.
Pode-se verificar, dentre as respostas, que a maioria dos participantes
(39,13%) afirma que a capacitação do efetivo é primordial para o aperfeiçoamento
da atividade de busca com cães dentro da Corporação, seguida pela necessidade
de aquisição de viaturas especiais e aperfeiçoamento das instalações físicas, como
canis. Logo, vê-se a necessidade da Corporação em promover cursos, estágios e
treinamento para a tropa, visando capacita-la para atuar neste tipo de atividade,
concordando então com as teorias de Alcarria (2000), que afirma que o bombeiro
especialista nesta modalidade de busca, deve conhecer cada etapa do treinamento
para proporcionar o melhor tipo de atividade a ser desempenhada pelo cão.
4,35%
26,09%
39,13%
26,09%
4,35%
Equipamentos
Aquisição de Viaturas
Capacitação/Treinamento
Estrutura Física
Aquisição de mais Cães
32
A questão 09 tem o intuito de saber da tropa se é importante instalar nas três
Companhias Regionais localizadas em João Pessoa, em Campina Grande e no
sertão do Estado este tipo de atividade, perguntando: No seu ponto de vista, qual a
importância de se instalar um canil com equipe especializada neste tipo de trabalho
em cada uma das três unidades de Comando Regional do Corpo de Bombeiros
Militar da Paraíba? Obteve-se como resposta:
“Neste momento não acredito que seja necessário, considerando um volume pequeno de chamados e que não compensaria financeiramente. Vejo que a
instalação prematura de canis setoriais nas regionais, pode dificultar a padronização de procedimentos e condutas operacionais, o que pode levar a um desregramento
da atividade de BRESC. Após a solidificação de uma doutrina e da padronização de procedimentos, seria viável a instalação de canis setoriais”. Of 1
“Seria de grande importância para melhorar o tempo resposta de
determinadas ocorrências ampliando assim a prestação de serviço para a
sociedade”. Of. 2
“O tempo resposta e os diferentes tipos de clima e vegetação do nosso
estado; com a diferenciação dos cães em cada região”. Of 3
“Um atendimento melhorado e um tempo resposta reduzido nas solicitações
desta envergadura”. Of.4
“Para ter um pronto emprego para atividade na região de atuação”. Of.5
“Seria de grande importância para melhorar o tempo resposta de
determinadas ocorrências ampliando assim a prestação de serviço para a
sociedade”. P1
“Seria de grande importância, pois diminuiria o tempo resposta da ocorrência
e contaria com apoio dos outros canis”. P2
“De suma importância, devido às ocorrências de vítimas perdidas nessas
regiões sob comando dessas Regionais, otimizando o serviço no tempo
resposta, fazendo que, ao invés do deslocamento d canil de João Pessoa à
uma ocorrência no sertão, vá à ocorrência o canil da Regional responsável”.
P3
“Tudo para o bem coletivo é louvável. Excelente ideia. Penso que melhora a
qualidade do serviço quando do cuidado dos cães, para lógico, cuidado da
população que precisar”. P4
33
“De suma importância, pois no fim das contas quem ganha com toda essa
logística é a sociedade que obtém mais uma forma de busca e resgate”. P5
Quase todos os entrevistados responderam que é importante a criação da
atividade de busca e resgate com cães em cada uma das três Companhias
Regionais do Estado da Paraíba, pois diminuiria o tempo resposta em cada uma
delas, visto o fato de o Corpo de Bombeiros da Paraíba só possuir cães em João
Pessoa e em Campina Grande. Se fosse o caso de haver uma ocorrência que
necessitasse desses animais na 3ª Companhia Regional, teria que deslocar os cães
e o efetivo para o local, o que demandaria tempo e custos.
Podemos ver com isso que o desejo dos militares em se criar um canil no 3º
comando regional do CBMPB, visando principalmente a diminuição do tempo
resposta, para com isso aumentar a eficiência dos serviços institucionais, concorda
com o pensamento de Lima júnior (2010), onde ele afirma que é notório que o
emprego dos cães de resgate pode ser decisivo para salvar e preservar a vida
humana.
34
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através deste trabalho, pudemos perceber a importância da atividade de
busca e resgate utilizando cães para os Corpos de Bombeiros Militares e os
benefícios que trazem à sociedade pela agilidade e diminuição do tempo resposta
nas ocorrências, proporcionando maior eficiência e eficácia na solução dos
problemas atendidos pela Corporação. Também serviu para alertar as Organizações
Bombeiros Militar da necessidade de se investir na capacitação do efetivo e da
aquisição de equipamentos visando uma maior abrangência e desenvolvimento
desta atividade, pois as ocorrências estão ficando cada vez mais complexas e sua
resolução exige recursos humanos e materiais cada vez mais sofisticados. E muitas
vezes, por questões financeiras, é inviável para as corporações adquirir tais
recursos.
Sendo assim, como foi mostrado neste trabalho, o investimento na
capacitação do efetivo e no treinamento de cães de busca e resgate é uma
alternativa para a amenização desse problema. Logo, como é dever de toda
organização pública trabalhar para dar um serviço cada vez melhor à população,
quem sabe se essa atividade, tão pouco explorada pelas organizações de resgate
do Brasil, não possa se desenvolver ao ponto de ser uma obrigatoriedade a
instalação de pelo menos um canil em cada batalhão dos Corpos de Bombeiros
Militar do país?
35
REFERÊNCIAS
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38
APÊNDICES
39
APÊNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Bom dia (boa tarde ou noite), nossos nomes são Olavo Aurélio da Nóbrega Neto e
Jonas Alexandre dos Santos. Somos alunos (as) do Curso de Formação de Oficiais
Bombeiros Militares da Paraíba e temos como Orientador o 1º Tenente BM Edson
Augusto Ferreira Ferraz, que será o (a) Pesquisador (a) Responsável. O Sr. (a) está
sendo convidado (a), como voluntário (a), a participar da pesquisa intitulada “Cães
de Resgate nas Operações de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiro Militar”.
O estudo aqui proposto justifica-se pelo fato de a atividade de busca e resgate de
pessoas está se tornando mais complexa a cada dia, o que exige grandes
investimentos em aquisição de equipamentos e treinamento especializado do efetivo
dos Corpos de Bombeiros. Uma alternativa para diminuir os custos e potencializar o
trabalho tem sido a utilização dos cães para essa atividade.
O objetivo principal desta pesquisa será mostrar a importância da utilização de cães
nas atividade de busca e resgate nos Corpos de Bombeiros Militares. Os objetivos
específicos serão: relatar sobre a atividade de busca e salvamento no serviço do
Bombeiro Militar; Apresentar o históricos dos cães de busca e resgate, destacando
atividades que os cães desempenham dentro dos Corpos de Bombeiros; Descrever
como se dá o treinamento de um cão farejador e seu efetivo trabalho nas ações de
busca e resgate de vítimas e abordar os principais tipos de buscas desempenhadas
pelos cães de resgate.
Os dados serão coletados da seguinte forma: Será utilizado um roteiro de entrevista,
contendo perguntas abertas e fechadas, que abordará a percepção que os
participantes têm sobre a atuação dos cães nas atividades de busca e salvamento
dentro da Corporação Bombeiro Militar.
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Os riscos da pesquisa são os previsíveis na resolução 466/12, quando na fase da
coleta, poderá haver algum constrangimento por parte dos sujeitos pesquisados,
porém tal fato será evitado pelos pesquisadores. Quanto aos benefícios, serão tanto
na esfera acadêmica, como no âmbito social, quando tentaremos devolver ao
batalhão e à comunidade os resultados, que poderão levar subsídios para a
melhoria do serviço de busca e salvamento. Não haverá risco direto para o (a) Sr. (a)
que se submeter à coleta dos dados, contudo, como estará expondo elementos de
caráter pessoal, poderá haver constrangimentos. Ressalta-se, entretanto, que não
haverá identificação individualizada e os dados da coletividade serão tratados com
padrões éticos (conforme Resolução CNS 466/12) e científicos, sendo justificável a
realização do estudo.
FORMA DE ACOMPANHAMENTO E ASSISTÊNCIA: A participação do Sr. (a) nessa
pesquisa não implica necessidade de acompanhamento e/ou assistência posterior,
tendo em vista que a presente pesquisa não tem a finalidade de realizar diagnóstico
específico para o senhor, e sim identificar fatores gerais da população estudada.
Além disso, como no instrumento de coleta de dados não há dados específicos de
identificação do Sr. (a), a exemplo de nome, CPF, RG, etc., não será possível
identificá-lo posteriormente de forma individualizada.
GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE
SIGILO: O Sr. (a) será esclarecido (a) sobre a pesquisa em qualquer aspecto que
desejar. O Sr. (a) é livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou
interromper a participação a qualquer momento. A sua participação é voluntária e a
recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de prestação de
serviços aqui no estabelecimento. Os pesquisadores irão tratar a sua identidade com
padrões profissionais de sigilo. Os resultados da pesquisa permanecerão
confidenciais podendo ser utilizados apenas para a execução dessa pesquisa. Você
não será citado (a) nominalmente ou por qualquer outro meio, que o identifique
individualmente, em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Uma
cópia deste consentimento informado, assinada pelo Sr. (a) na última folha e
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rubricado nas demais, ficará sob a responsabilidade do pesquisador responsável e
outra será fornecida ao (a) Sr. (a).
CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO POR
EVENTUAIS DANOS: A participação no estudo não acarretará custos para Sr. (a) e
não será disponível nenhuma compensação financeira adicional. Não é previsível
dano decorrente dessa pesquisa ao (a) Sr. (a), e caso haja algum, não há nenhum
tipo de indenização prevista.
DECLARAÇÃO DO PARTICIPANTE OU DO RESPONSÁVEL PELO
PARTICIPANTE:
Eu, __________________________________________________, fui informado (a)
dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada e esclareci todas as
minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas informações.
O (a) Pesquisador (a) Responsável Edson Augusto Ferreira Ferraz (Orientador)
certificou-me de que todos os dados desta pesquisa serão confidenciais, no que se
refere a minha identificação individualizada, e deverão ser tornados públicos através
de algum meio. Ele compromete-se, também, seguir os padrões éticos definidos na
Resolução CNS 466/12. Também sei que em caso de dúvidas poderei contatar os
(as) estudantes Olavo Aurélio da Nóbrega Neto, telefone (83) 98781-6499 e e-mail:
olavoaurelioneto@gmail.com e Jonas Alexandre dos Santos telefone (83) 98638-
9512 e e-mail: jonasjp_@hotmail.com ou o (a) Professor (a) Orientador (a) Edson
Augusto Ferreira Ferraz, através telefone (83) 98830-2366 e e-mail:
bm_ferraz@hotmail.com. Além disso, fui informado que em caso de dúvidas com
respeito aos aspectos éticos deste estudo poderei consultar o Comitê de Ética em
Pesquisa, ao qual será distribuído.
Nome Assinatura do Participante Data
/ /
Nome Assinatura do Pesquisador Responsável Data
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APÊNDICE B
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS BOMBEIROS MILITARES DA PARAÍBA
Sexo: Masculino ( ) Feminino ( )
Graduação: Oficial ( ) Praça ( )
Tempo de Serviço: ______ Anos. Idade: _______ Anos.
ESCOLARIDADE:
( ) Mestrado/Doutorado (completo ou incompleto) ( ) Especialização completa
( ) Especialização incompleta ( ) Ensino superior completo
( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino médio completo
( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino Fundamental
1) Na sua opinião, quais as principais qualidades que um cão de
busca e resgate deve ter?
_____________________________________________________
___________________________________________________
2) Você acha que o treinamento dos cães de busca e resgate causa
algum dano aos mesmos? Sim( ) ou Não( )?
Qual?_______________________________________
3) Você já participou de alguma ocorrência, curso ou treinamento no
qual o auxílio dos cães foi primordial para o sucesso da operação?
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Sim( ) ou Não( )?
Qual?_______________________________________
4) Quais as principais facilidades que um cão oferece nas operações
de busca e salvamento dentro do Corpo de Bombeiros Militar?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________
5) Quais as principais dificuldades enfrentadas no serviço de busca e
salvamento com cães?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
____________________________________________________
6) Você acha que há algum interesse na tropa em se especializar na
área de busca com cães?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________
7) Como você qualifica a importância dada a este tipo de atividade
pelo Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________
8) Na sua opinião, sobre esta atividade, o que deveria ser
aperfeiçoado pelo Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba para
garantir um melhor atendimento à sociedade?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________
9) No seu ponto de vista, qual a importância de se instalar um canil
com equipe especializada neste tipo de trabalho em cada uma das
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três unidades de Comando Regional do Corpo de Bombeiros
Militar da Paraíba?
_____________________________________________________
_____________________________________________________
___________________________________________________
João Pessoa/PB, ______/______/______.
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ANEXOS
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