View
0
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
Faculdade de Letras
Mestrado em Ciências da Comunicação
Vertente de Cultura, Património e Ciência
Cadeira de Estágio Curricular do 2º ano
Mais Acessibilidades
Trabalho realizado no âmbito da cadeira de estágio
na Fundação de Serralves
pela discente Jenny Ramos nº 080739041
Sob a orientação do Professor Doutor Nuno Moutinho,
Dra. Sofia Vitorino e Engenheira Elisabete Alves
Porto, 20 de Setembro de 2010
Faculdade de Letras
Mestrado em Ciências da Comunicação
Vertente de Cultura, Património e Ciência
Cadeira de Estágio Curricular
Mais Acessibilidades
Trabalho realizado no âmbito da cadeira de estágio
na Fundação de Serralves
pela discente Jenny Ramos nº 080739041
Sob a orientação do Professor Doutor Nuno Moutinho,
Dra. Sofia Vitorino e Engenheira Elisabete Alves
Porto, 20 de Setembro de 2010
Agradecimentos
Subjacente ao espírito de um estágio existe uma importante componente
pedagógica, só possível de concretizar graças ao contacto com novas realidades e com
as pessoas que lhe dão força, razão pela qual não é possível de deixar de expressar
aqui o meu modesto agradecimento a um conjunto de pessoas que contribuíram de
forma indelével para mais este momento de aprendizagem.
A minha primeira palavra é dirigida à minha família pela dedicação e apoio
prestado ao longo de todo o meu percurso académico.
De seguida à instituição de acolhimento, a Fundação de Serralves, cuja
excelência das instalações e do quadro de pessoal licenciado, constituem sem dúvida
um óptimo exemplo de instituição, dedicada as artes, cultura, arquitectura numa
simbiose com o meio ambiente. Como não podia deixar de ser, agradecer também aos
responsáveis pela condução pedagógica e profissional deste estágio no seio da
instituição, a Dr.ª Sofia Vitorino e a Engenheira Elisabete Alves, pela disponibilidade
demonstrada em aceitar a tarefa de me orientar. A minha palavra de agradecimento é
igualmente estendida a todas as pessoas com quem tive a oportunidade de contactar na
Fundação.
Individualmente quero agradecer ao Professor Doutor Nuno Moutinho,
professor e coordenador do meu estágio curricular, pelo apoio e orientação que
contribuíram para a realização deste relatório. Pela sua disponibilidade e dedicação
ao longo do estágio, um especial reconhecimento.
20 de Setembro de 2010
Jenny Ramos
Apresentação
Melhorar o acesso à cultura e as suas colecções, por parte dos visitantes com
necessidades especiais, constitui objectivo essencial partilhado por todos. No entanto, é
sabido que numerosos obstáculos impedem a plena fruição do nosso património cultural
móvel, seja através de inúmeras barreiras arquitectónicas, seja através de deficiências de
comunicação diversas que se revelam na documentação de apoio e contextualização de
exposições e acontecimentos, na sinalética e na identificação de objectos.
Preparei este plano com a colaboração do Serviço Educativo da Fundação de
Serralves, Professor Carlos Guedes da APPACDM (Porto) – Associação Portuguesa de
Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental, Dra. Clara Mineiro do IMC – Instituto
dos Museus e da Conservação, Dr. Pedro Homem de Gouveia, autor da Acessibilidade-
Portugal, entre outras associações.
Cumpro o objectivo de divulgação de normas e boas praticas para a
acessibilidade em Serralves, mas espero ir mais longe e poder também dar o contributo
para a aplicação destas propostas de modo a que seja possível alcançar uma melhoria
significativa do acolhimento e da informação aos visitantes com deficiências. Dessa
forma, concretizar algumas etapas da eliminação de obstáculos sociais, físicos e
comunicacionais do museu.
Ilustração Fonte: http://images.google.pt
Índice
1. Introdução……………………………………………………………….pág. 6
2. Apresentação da Fundação de Serralves..………………….….………...pág. 8
3. Os públicos do Serviço Educativo……………………………………….pág. 12
4. Atitudes perante as necessidades especiais………………………….…..pág. 14
5. Diagnóstico das necessidades especiais………………………………….pág. 19
6. Plano de Sugestão……………………..……………………………..…..pág. 24
7. Conclusão………………………………………………………………..pág. 34
8. Referências Bibliográficas………………………………………….……pág. 35
Índice de Imagens
Anexos
Relatório de Estágio 6
1. Introdução
Nos últimos tempos, a captação de novos públicos tornou-se uma preocupação
central para os técnicos dos museus devido a um conjunto de transformações de distinta
natureza, nomeadamente, a necessidade de conseguir novas fontes de financiamento
perante a redução do investimento público na cultura, a tendência para uma maior
fiscalização nos sectores da educação e da cultura, o incremento das contrapartidas
exigidas por parte de patrocinadores mecenas dos museus e a emergência de estudos
comparativos, no que se refere a estatísticas de visitantes de museus, como indicador do
impacto das exposições.
Neste sentido, o Serviço Educativo da Fundação de Serralves realiza análises
quantificativas para verificar o número de visitantes que mensalmente frequentam
Serralves e as suas oficinas. Estes estudos afiguram-se ferramentas de trabalho
essenciais para aproximar o museu das comunidades, podendo ser um contributo para a
definição de políticas culturais locais e para fixar a programação. Servem, ainda, de
apoio à análise e organização dos conteúdos das visitas, verificando se estão adequadas
aos públicos.
Através da participação em várias oficinas, constatei a preocupação em adequá-
las ao tipo de público, consoante o nível escolar e, consequentemente, elaborei um
trabalho empírico1 que reflecte a análise do tipo de público presente, a postura do
monitor face aos visitantes e a adequação da linguagem / comunicação.
A divulgação da programação é funcional, no entanto, há pequenos ajustes a
fazer quando queremos chegar a um grupo novo, nomeadamente no que diz respeito a
pessoas com necessidades especiais. Trata-se de um público com o qual Serralves já
trabalha, mas com pouca adesão, com especificidades muito próprias que merecem
igualdade no acesso aos museus. Desta forma a instituição cria ferramentas e
desenvolvem processos de conhecimento do público, na perspectiva de pôr em marcha
actividades que correspondam às suas expectativas e necessidades.
1 O trabalho empírico encontra-se nos vários Relatórios Semanais de Estágio, que podem ser consultados
em anexo
Relatório de Estágio 7
Este relatório tem como principal objectivo apresentar um plano de sugestões
que vai desde o campo da comunicação, nomeadamente quais os meios que podem
ajudar na divulgação das actividades e posteriormente avaliar se o processo
comunicativo com as entidades resultou e se houve satisfação / qualidade do público.
Terá em atenção os diversos níveis de informação e linguagem para o público, assim
como apresentará vários formatos de comunicação possíveis face às características dos
grupos com necessidades especiais, de forma a serem incluídos nos museus. Este plano
sugere ainda uma diversificação da oferta, apresentando iniciativas que a englobe
activamente nos espaços da Fundação, para que, no futuro, grupos com necessidades
especiais visitem e usufruam culturalmente de Serralves, num acto colectivo ou
autónomo.
Relatório de Estágio 8
1. Apresentação da Fundação de Serralves
2.1 Fundação
A Fundação de Serralves é uma instituição cultural de âmbito europeu criada em
1989, direccionada para a arte contemporânea e para o ambiente. Situada na cidade do
Porto, todo o espaço é de grande beleza e criatividade, enobrecendo a cultura
portuguesa. É constituída por diversos espaços como o Parque, a Casa, o Museu de Arte
Contemporânea, a Biblioteca, e o Auditório. Serralves disponibiliza também visitas
orientadas, actividades de turismo cultural e espaços com actividades privilegiadas para
as crianças e escolas. São espaços que seguem a missão de sensibilizar e suscitar o
interesse do público para a Arte Contemporânea em simbiose com o ambiente.
Em termos históricos, foi com o Decreto-Lei 240-A/89, de 27 de Julho que se
deu início à parceria entre o Estado e a Sociedade Civil, englobando as 51 entidades
privadas e públicas, e que originou a criação da Fundação.
Em Março de 1991 é assinado o contrato com o magistral arquitecto Álvaro Siza
Vieira para a elaboração do projecto de arquitectura do Museu Nacional de Arte
Contemporânea.
Desde a sua criação, o número de fundadores tem vindo a aumentar, pois novos
membros têm vindo a aderir ao projecto de Serralves, o que faz com que seja conhecida
como uma das principais instituições culturais portuguesas. No sentido de projectar a
arte, a Fundação organiza anualmente uma programação diversificada de iniciativas que
promove a reflexão e a discussão das temáticas predominantes, arte e natureza, com a
sociedade contemporânea e a educação de hoje.
No ano de 1996, devido à sua riqueza e distinção arquitectónica, o património
imobiliário de Serralves ganhou o mérito de «Imóvel de Interesse Público».
Relatório de Estágio 9
2.2 Museu
Criar e desenvolver uma colecção
representativa da arte contemporânea
portuguesa e internacional é um dos principais
objectivos do Museu de Serralves. Esta
colecção constitui-se através de aquisições
directas, obras em depósito do Estado e de
coleccionadores privados, bem como doações.
Assim sendo, o Museu apresenta exposições
temporárias, colectivas e individuais, proporcionando diversidade artística com o intuito
de oferecer aos públicos vários contextos de arte.
As exposições são abrangidas por uma programação pedagógica conforme o tipo
de público e a sua faixa etária. O museu é também um espaço que promove e
desenvolve projectos com os jovens artistas, com vista a criar um diálogo também com
a comunidade local. Actualmente, no espaço do Museu, podemos encontrar outros
serviços, tais como restaurante, biblioteca, livraria e a loja.
2.3 Casa
Rodeada por um parque de 18 hectares, a Casa
de Serralves foi a sede inicial da Fundação,
constituindo actualmente um espaço que também
acolhe exposições temporárias. Tendo sido há muitos
anos atrás a residência particular do segundo Conde de
Vizela, Carlos Alberto Cabral, a Casa, conjugada com
toda a sua riqueza paisagística, é, em termos
arquitectónicos, um exemplar notável de inspiração
Art Deco.
Imagem 1: Museu de Arte Contemporânea Fonte: www.serralves.pt
Imagem 2: Casa de Serralves Fonte: www.serralves.pt
Relatório de Estágio 10
2.4 Parque
Aberto ao público no ano de 1987, após
trabalhos de recuperação do parque, Serralves orgulha-
se de proporcionar momentos paisagísticos
inigualáveis. Ao longo dos anos, tem vindo a
contribuir para a educação e sensibilização da
sociedade na defesa do meio ambiente. Para tal,
proporciona actividades ao ar livre com intuito
pedagógico, mas também lúdico, possibilitando aos
visitantes agradáveis momentos de passeio. O Parque
foi distinguido com o prémio da inovação no domínio
da educação ambiental da Associação Portuguesa de Museologia – APOM em 1996 e o
Henry Ford Prize for the Preservation of the Environment em 1997.
2.5 Auditório
O auditório de Serralves foi
inaugurado em 2000 e, desde então,
acolhe uma programação de artes
performativas para os diversos públicos. É
um espaço que mobiliza a atenção da
assistência para reflexões em torno da
cultura contemporânea, com o intuito de
investigar e debater o presente, mas
também especular sobre futuros possíveis.
Imagem 3: Jardim da Casa de Serralves
Fonte: www.serralves.pt
Imagem 4: Auditório Fonte: www.serralves.pt
Relatório de Estágio 11
2.6 Biblioteca
A biblioteca presta um serviço
especializado no campo da investigação
em arte, tendo como utentes
preferenciais investigadores, criadores,
arquitectos, bem como, estudantes
universitários. É, no entanto, um espaço
aberto a todos os que visitam a Fundação
de Serralves.
A biblioteca disponibiliza ao público em geral computadores de acesso livre, e
também dispõe de aparelhos especificamente preparados para cidadãos invisuais ou
amblíopes. Oferece uma riqueza bibliográfica significativa nas temáticas da Arte
Contemporânea, Arquitectura e Paisagem.
Imagem 5: Biblioteca da Fundação de Serralves Fonte: www.serralves.pt
Relatório de Estágio 12
2. Os públicos do Serviço Educativo
A Fundação de Serralves faz mensalmente uma análise quantitativa ao seu público e
o que se verifica é que, ano após ano, o número de visitantes tem vindo a aumentar. Este
facto poderá ser constatado através da análise do gráfico nº 1 (vide anexos), o número
de visitantes passaram de 337068 no ano de 2004 para 412550 em 2008.
É possível verificar no gráfico nº2 que, no mesmo ano de 2008, o serviço
educativo organizou 105.038 visitas, tendo registado um aumento considerável desde o
ano de 2007, quando a fundação foi apreciada apenas por 92.492 visitantes.
As actividades do serviço educativo podem ser agrupadas em tipologias que
representam a percentagem do volume de actividade. As visitas guiadas escolares
representam a grande fatia (53%), de seguida as oficinas escolares (35%) e por fim as
visitas guiadas a público, oficinas sazonais e cursos (12%), como é possível verificar no
gráfico nº 3.
No que se refere à abrangência geográfica, a zona metropolitana do grande Porto
é a que se destaca com 58%, mas as zonas de Braga (13%) e de Aveiro (9%) também
são alcançadas, segundo o gráfico nº4.
A fundação de Serralves trabalha com diversos públicos, nomeadamente
crianças, jovens, professores e grupos com necessidades educativas especiais, abraçando
desta forma o 1º ciclo, o ensino superior, a formação para professores, e com maior
relevância no nível secundário com 23%, 3º ciclo com 21%, 2º ciclo com 16% e 1º ciclo
com 15%, como está representado no gráfico nº 5. Os grupos com necessidades
especiais – NEE - representam apenas 1%.
Pode também constatar-se, através do gráfico nº6, que grande parte das escolas
que contacta o serviço educativo são estabelecimentos de ensino público (78%)
representando os colégios privados e outros tipos de estabelecimentos apenas uma
pequena parte dos visitantes (22%).
No que diz respeito ao número de participantes com necessidades especiais que
frequentaram as oficinas em Serralves no ano lectivo 2008/2009, pode verificar-se no
gráfico nº7, que num total de 1061 participantes de escolas ou associações, a oficina
Parque à Vista foi das mais frequentadas, com 270 intervenientes. Estes dados são
plausíveis, porque a oficina pretende despertar e desenvolver as capacidades de
comunicação através do contacto com o meio ambiente. Dá-lhes a oportunidade de
Relatório de Estágio 13
participarem em actividades que muitas das vezes nas escolas ou associações não lhes é
permitido.
Em suma, verifica-se que uma grande diversidade de público é acolhida pelo
serviço educativo, com especial incidência nos grupos escolares. O facto de o número
de visitantes tender a aumentar só evidência a dedicação e o bom trabalho da equipa do
serviço educativo, ao organizar acções instrutivas que proporcionem a todos momentos
culturais enriquecedores. No entanto, enquanto para alguns grupos a melhoria do
serviço / visitas desenvolve-se com novas actividades lúdicas, para os grupos com
necessidades especiais são necessários melhoramentos a nível de infra-estruturas e
actividades adequadas às suas características. Neste sentido, apostar fortemente nos
grupos com necessidades especiais é ganhar um «novo» público e, ao mesmo tempo,
enriquecer a notoriedade que a Fundação de Serralves representa a nível nacional e
internacional.
No que diz respeito às oficinas temáticas2, há actividades destinadas aos grupos
com necessidades especiais – crianças, jovens e adultos, num contexto de aprendizagem
que tem como objectivo valorizar a experimentação, alargar o conhecimento e a
criatividade, e ainda estreitar a ligação com as associações que apoiam estes grupos.
Actualmente, o serviço educativo, em colaboração com os técnicos, tem
disponíveis as seguintes actividades para os grupos com necessidades especiais:
� Percurso no Parque � Ciência para todos � Mãos à Horta � Pinturas e Espessuras � Verde sobre Verde � Viagens � Com pés e cabeça � O lugar do movimento
2 Gratuito mediante marcação prévia. A ficha de pré-marcação está disponível no site da Fundação de
Serralves
Relatório de Estágio 14
4. Atitudes perante as necessidades especiais
1. Exclusão = Marginalização da diferença
Muitas vezes as pessoas com deficiência sentem-se marginalizadas e
impossibilitadas de exercer plenamente os seus direitos e deveres. Há várias razões para
que sejam, ainda hoje, mais excluídas na nossa sociedade. Esta exclusão não será
certamente intencional: resulta da falta de conhecimento ou do esquecimento por parte
de quem concebe espaços, equipamentos ou dinamiza serviços. Ou então, do receio de
não se saber lidar com a diferença. Outras vezes ainda, o trabalho com pessoas com
necessidades especiais é evitado por ser considerado mais desgastante do que com o
outro público-alvo.
As atitudes pré-concebidas face à pessoa com deficiência podem criar situações
de discriminação, expressa muitas vezes por comportamentos de super-protecção ou de
rejeição, tanto por parte dos técnicos dos museus como do público em geral. Os
profissionais dos museus precisam, por isso, de formação específica para poder efectuar
um acompanhamento adequado às pessoas com necessidades especiais, assegurando a
sua dignidade e o respeito pela diferença. As pessoas com deficiência podem ter formas
diferentes de se comportar e de falar, mas isso não constitui um comportamento de
risco. É preciso procurar ouvir atentamente o que dizem e evitar juízos de valor.
As pessoas com deficiência não querem ser vistas nem como vítimas nem como
heróis. Querem ser ouvidas e contribuir utilmente para a sociedade em que todos
vivemos, querem exercer os seus direitos plenamente e não de forma parcial. As
associações que as representam integram movimentos dos Direitos Humanos que
promovem a igualdade de oportunidades, enfrentando muitas barreiras na luta contra a
discriminação com base na raça, no sexo ou nas opções sexuais.
Infelizmente, para alguns as pessoas com deficiência são tão diferentes que não
têm direito a emoções e opiniões. Não são chamadas a participar nas decisões que
afectam as suas vidas, nem as suas opiniões são solicitadas quando um evento é
concebido para o público em geral. Mas não se pode assumir que alguém, porque tem
dificuldades motoras, de expressão ou de compreensão da linguagem oral ou escrita,
não pode participar plenamente na vida social.
Assim, colocar uma rampa na porta do museu para vencer declives, não basta. É
necessário proporcionar o acesso a todo o museu às pessoas com deficiência, para lhes
Relatório de Estágio 15
oferecer a possibilidade de terem as mesmas oportunidades que uma pessoa dita normal.
E é preciso não esquecer que mesmo que não sejamos pessoas com deficiência
permanente, é previsível que todos nós tenhamos incapacidades num dado momento das
nossas vidas, particularmente no caso de uma população que está a envelhecer como a
sociedade ocidental.
2. Inclusão = Respeito pela diversidade
A variedade dos seres humanos é enorme. A sua estatura, cor de pele, dos olhos
e do cabelo, as suas capacidades e a maneira como utilizam os seus sentidos mudam de
pessoa para pessoa.
Muitas pessoas com deficiência têm dela uma perspectiva positiva: não é uma
doença que precisa de ser tratada, é algo que faz parte da sua identidade. Querem que o
seu direito de ser «diferente» seja respeitado. O seu drama não é a deficiência em si,
mas a falta de compreensão por parte dos outros, que centram a sua atenção nela e não
na pessoa enquanto ser humano, o que os leva a atitudes de discriminação. É importante
ajudar a construir uma imagem positiva no que diz respeito à deficiência.
Estes indivíduos, que nos seus sentimentos e necessidades têm mais pontos em
comum com os demais do que as diferenças notórias, podem desenvolver diversas
competências e participar na vida da comunidade desde que beneficiem dos apoios
necessários.
É claro que não se pretende negar a existência de incapacidades que afectam
tanto as pessoas com deficiências como todas as outras, num momento ou noutro das
suas vidas. A questão é que o problema deve ser focalizado não nas necessidades
especiais que a pessoa tem, mas sim no meio físico ou social em que ela vive. Por
exemplo, se uma pessoa numa cadeira de rodas não consegue entrar num edifício, o
problema não está na deficiência que levou a pessoa à cadeira, mas sim na largura da
porta ou nos degraus no átrio. É preciso, portanto, adaptar o meio em que vivemos para
dar as mesmas oportunidades a todos. Nessa perspectiva, os espaços e equipamentos
para uso público devem estar sempre disponíveis, independentemente dos dias da
semana ou da presença de um determinado funcionário. No caso específico dos museus,
as pessoas com deficiências devem poder efectuar a sua visita sozinhas, sem
necessidade de marcação prévia, e não depender de um grupo especialmente
Relatório de Estágio 16
organizado. O visitante deve sentir-se bem-vindo em qualquer altura, e não estar apenas
sujeito a um serviço que lhe é disponibilizado extraordinariamente. Se é normal
fornecer o guia do museu em línguas estrangeiras, uma versão em Braille ou em
«linguagem fácil» deve ser encarada como viável.
Uma abordagem multi-sensorial do museu evita a exclusão. Usando informação
escrita e oral com diversos níveis de complexidade e empregando meios de
comunicação visuais, orais, tácteis e interactivos, o museu cumprirá melhor a sua
missão, comunicando eficazmente com mais pessoas. Esta abordagem não implica a
banalização nem a perda de qualidade da informação. Pelo contrário, permite reflectir
sobre os objectivos estabelecidos, avaliar a eficácia do trabalho realizado, atingir um
público mais vasto, enriquecer as exposições e descobrir mais-valias. O Museu
Smithsonian nos Estados Unidos da América, por exemplo, publicou um guia para
pessoas com dificuldades de aprendizagem, pensando que ia servir um pequeno número
de visitantes, mas verificou que esse guia se tornou muito útil para as famílias e para
pessoas para quem o inglês não é língua materna.
Em Portugal, também podemos assinalar várias abordagens que visam incluir os
grupos com necessidades especiais. É o caso do projecto Arte Acess, implementado em
1997 no Museu Nacional de Arte Antiga, no Museu Nacional dos Coches e no Museu
de José Malhoa que consistia Atitudes e gestos sociais de gentileza em elaborar vídeos nos
quais atitudes e gestos sociais de gentileza a informação dos edifícios e as colecções
fossem também fornecidos em língua gestual. Plantas do museu em relevo e textos
sobre a história do edifício e das colecções foram disponibilizadas em Braille, bem
como em formato ampliado para os amblíopes. Foi também elaborado uma miniatura de
um coche.
Outro exemplo a salientar é o Museu do Chiado, em Lisboa, em parceria com o
Instituto António Feliciano de Castilho, que criou um percurso táctil na exposição
permanente de Escultura do Século XIX e XX, que pressupõe o manuseamento das peças
com as luvas apropriadas, criando condições para uma visita de pessoas com deficiência
visual. Está disponível uma planta táctil da sala, um catálogo em Braille e outro
ampliado para amblíopes.
Relatório de Estágio 17
O Museu Nacional de Soares dos Reis, também digno de sublinhar, preparou em
1999 a exposição As Belas-Artes e o Romantismo em Portugal para ser acessível a
pessoas com deficiência visual. Com a colaboração da ACAPO, ANACED –
Associação Nacional de Arte e Criatividade de e para Pessoas com Deficiência e do
núcleo de Apoio a Cegos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, foram
elaborados materiais, como uma planta táctil e foi gravado um percurso áudio com
informação sobre a exposição e descrições das mais importantes peças. Durante esse
percurso, assinalado por pausas musicais, era possível tocar, com a protecção de luvas,
algumas das obras expostas.
2.1 Captar novo público – grupos com necessidades especiais
Na conquista de novos públicos, uma das maiores dificuldades é ultrapassar a
ideia que as pessoas por vezes têm de que a arte é aborrecida. Há que encontrar formas
de envolver outras áreas artísticas. Se pretendemos chegar a um público com
necessidades especiais, temos que prever a existência de infra-estruturas e exposições
que vão ao seu encontro. O objectivo é darmos a conhecer a programação de Serralves,
mantendo a informação sempre actual, conquistar mais público e apresentar outra visão
da arte / museu e cruzando a arte / museu com outras áreas. Através dos estudos de
público é possível identificar as características da assistência que queremos atrair,
conhecer tanto as suas expectativas, como as suas preferências, organizar conteúdos em
função dos seus interesses e necessidades e adequar o discurso ao nível intelectual dos
visitantes. É o que acontece com os grupos com necessidades especiais que engloba
áreas como a deficiência visual, auditiva, motora, mental, entre outras. Estas
deficiências colocam o indivíduo numa posição de desvantagem emocional e social.
Contudo, podem apresentar um desenvolvimento intelectual normal e até autónomo,
recorrendo, para isso, a alguns suportes de apoio.
Em Portugal, muitos museus dispõem já de infra-estruturas arquitectónicas
(rampas, elevadores, casas de banho adaptadas, etc.) e de outros dispositivos, para que o
acesso físico seja uma realidade para todos. É o caso também da Biblioteca Nacional de
Portugal em Lisboa, com área de leitura especial e da Biblioteca Sonora da Biblioteca
Pública Municipal do Porto. Há, assim, diversos aspectos a ter em conta quando se fala
Relatório de Estágio 18
de acessibilidade, aspectos esses que, dada a sua complexidade, convidam a uma
reflexão mais aprofundada.
Serralves assinou um protocolo com a ACAPO – Associação de Cegos e
amblíopes de Portugal - para que os invisuais possam igualmente usufruir da cultura,
arte e do meio ambiente que Serralves oferece. Esta iniciativa surge no âmbito das
comemorações dos 10 anos da inauguração do Museu de Arte Contemporânea e
pretende sensibilizar e promover a imaginação criativa numa índole social.
Relatório de Estágio 19
5. Diagnóstico das necessidades especiais
O decreto-lei 163 / 2006 define as normas a seguir nas construções de edifícios,
para os dotar de acessibilidade plena. Muitas vezes as instalações em que os museus se
encontram são edifícios com um valor histórico e patrimonial, o que pode dificultar o
cumprimento da lei, porque os programas de reconversão podem ser muito onerosos ou
potencialmente destrutivos do carácter histórico ou da autenticidade dos edifícios. De
qualquer modo, enumerar algumas das barreiras que impedem a acessibilidade do
espaço pode ajudar a encontrar soluções.
Como fazer o diagnóstico
Para assegurar que as iniciativas do museu vão de facto ao encontro de pessoas
com necessidades especiais, bem como se adequam às suas capacidades, é essencial que
estas participem activamente na sua estruturação. Por isso, parcerias formais e informais
com as pessoas com deficiência e com os seus representantes são úteis para identificar e
ouvir sugestões. O factor tempo é essencial. Deve ser sempre facultado o tempo
suficiente para que as propostas sejam efectivamente compreendidas antes de se
discutirem os assuntos, de modo a assegurar que as pessoas com deficiência e os
técnicos especializados e mediadores compreenderam o seu conteúdo.
O diagnóstico das necessidades deve ser planeado sistematicamente e pode ser
implementado de várias maneiras:
Consultar os interessados
Visitar diferentes serviços (escolas, centros de apoio, unidades residenciais, etc.)
é uma maneira de recolher informação sobre as pessoas com deficiência, as suas áreas
de interesse e as condicionantes que as suas necessidades especiais implicam.
Identificar os recursos disponíveis
Enumerar os recursos existentes na comunidade ajuda a ter melhor consciência
dos meios que estão à nossa disposição para criar redes de apoio a nível da dinamização
cultural. Poderá efectuar-se um levantamento das associações de pessoas com
deficiência, centros de recursos educativos e culturais existentes na área geográfica do
museu, os quais poderão colaborar tanto na estruturação como na implementação das
actividades para pessoas com necessidades especiais.
Relatório de Estágio 20
Implicar todos os intervenientes
Efectuar reuniões com os diversos intervenientes no processo (políticos,
autarcas, profissionais de educação e saúde, pessoas com necessidades especiais, etc.) é
positivo, porque a partilha de ideias leva a uma maior sensibilização e predisposição
para colaborar nas iniciativas.
Obstáculos e Acessibilidades
Os obstáculos são variados. A altura de um suporte expositivo pode impedir uma
pessoa de baixa estatura, ou alguém que se desloque numa cadeira de rodas, de ver a
peça exposta. Além das barreiras físicas, existem as barreiras à informação, que
impedem os visitantes com problemas de visão ou com dificuldade em entender a
mensagem escrita.
Físicos
A realidade humana é muito variada, assim como os obstáculos físicos são
inúmeros. A melhor maneira de identificar estes obstáculos é tentar fazer diversos
percursos dentro do museu na companhia de pessoas com mobilidade reduzida, para
detectar não só os obstáculos, mas também os melhores locais para fazer uma pausa e
descansar.
A nível exterior destaca-se:
• Segundo o Decreto-Lei 163 / 2006, que define as normas a seguir nas
construções para as dotar de acessibilidade plena, devem ser reservados no
mínimo dois lugares, demarcados a amarelo, sobre a superfície do pavimento. O
estacionamento pode ser feito na rua ou no interior da fundação. Na rua não há
nenhum lugar reservado com o devido símbolo internacional de acessibilidade,
que deveria estar localizado o mais perto possível da porta de entrada. Daí
facilmente se consegue subir o lancil do passeio, pois é bastante baixo. Para
estacionar no interior da fundação é obrigatório o pagamento do lugar reservado
que se encontra devidamente identificado. Desde o lugar de estacionamento até à
recepção o piso é plano e estão à disposição vários degraus, portas e elevador.
Por perto encontra-se um vigilante ou funcionário para ajudar.
• As portas da rua são aceitáveis, porque são de batente, largas, com puxadores em
forma de alavanca.
Relatório de Estágio 21
A nível interior salienta-se:
• Desde a entrada na rua até a recepção, o percurso é plano e ligeiramente
inclinado. Serralves não apresenta aspectos negativos neste campo. Existem
espaços amplos com recurso às escadas ou ao elevador, quer na entrada do
museu, biblioteca ou restaurante, quer no interior destes mesmos espaços.
� O acesso à biblioteca pode ser feito através de escadas ou de elevador. No
interior dos elevadores, estão disponíveis os números dos pisos em Braille. É
um espaço plano e amplo com a distância suficiente entre as mesas e as
estantes para a mobilidade de uma cadeira de rodas ou um cão guia. Existe
uma mesa com 3 computadores que deve ser utilizada por pessoas com
necessidades especiais de acordo com a sinalética. No entanto, os
computadores não estão prontos para serem usados por invisuais. É
necessário que o deficiente se desloque à funcionária da biblioteca e,
posteriormente, esta faça a ligação do teclado em Braille ao monitor. A
biblioteca oferece 3 teclados em Braille que se encontram guardados num
armário, graças ao seu elevado custo (3.000 eur. cada um) e à não vigilância
do espaço. Portanto, esse equipamento só é facultado depois de pedido. Os
computadores estão preparados com sistemas informáticos apropriados,
nomeadamente o Zomtext e o Windows eyes, cuja auditoria é feita pela
ACAPO.
A biblioteca não abre ao fim-de-semana, mas é facultado um espaço perto da
recepção para a pessoa estar no computador. Para garantir o funcionamento
dos equipamentos, foi dada formação adequada a uma recepcionista para
estar habilitada a prestar apoio na montagem do equipamento informático.
A biblioteca é um espaço especializado nas temáticas ligadas à arte e não se
sabe até que ponto há público com necessidades especiais a frequentar essas
áreas, daí ainda não haver publicações em Braille. Há apenas uma revista
externa que está disponível na biblioteca. Portanto, quer haja visitas com
grupos de necessidades especiais ou o deficiente o faça de forma autónoma,
a biblioteca pode ser visitada sem qualquer entrave físico e há sempre
pessoas disponíveis para ajudar no que for necessário. O que se quer é que
ele se sinta bem, sem qualquer tipo de discriminação.
Relatório de Estágio 22
� O museu tem vários desníveis considerados ligeiros. No entanto, para
facilitar a interpretação do desnível aos invisuais deveria haver uma textura
rugosa no início e no fim do desnível. É também aconselhável a existência
de um corrimão. No interior do espaço há elevador para melhorar o acesso
aos vários pisos do museu.
� Ao nível das áreas comuns, destaco a ausência de instalações sanitárias
adaptadas. Ao abrigo do decreto-lei 163/2006, uma das cabines deveria
medir 220cm x 220 cm, para permitir o acesso por ambos os lados da sanita,
o pavimento das instalações sanitárias deveria oferecer boa aderência e o
espaço teria de estar apetrechado com equipamento de alarme.
Sensoriais
Se uma exposição não for concebida a pensar nas pessoas com problemas
auditivos e visuais, alguns visitantes não terão acesso à informação. Por isso é essencial
fornecê-la em diversos formatos e transmitir o conhecimento aproveitando todos os
sentidos. Estas opções poderão ser aproveitadas por todos porque a comunicação pode
estabelecer-se de forma mais completa e enriquecedora.
Intelectuais
O nível da percepção e da compreensão das obras e dos objectos expostos pode
tornar-se um obstáculo. Por vezes, os textos informativos empregam uma linguagem
especializada e complexa, partindo do princípio que o visitante dispõe dos
conhecimentos ou capacidades necessários para os interpretar.
A pessoa com deficiência visual necessitará de compreender a obra através do
tacto. Não sendo possível tocar nas obras, em alternativa poderá ser interessante criar
réplicas, de modo a possibilitar a percepção dos objectos mais estimulantes. Também os
textos informativos que acompanham as obras deverão estar em Braille ou em áudio.
Relatório de Estágio 23
Sinaléticas
No que toca às pessoas com necessidades especiais, os obstáculos poderão
situar-se na orientação do espaço. A sinalização é por vezes inexistente o que provocará
dificuldades em seguir as indicações do percurso ou identificar os vários serviços.
Segundo o decreto-lei 163 / 2006, capítulo 4, secção 4.14 respeitante à
Sinalização e Orientação «deve existir sinalização que identifique e direccione os
utentes para entradas / saídas acessíveis, percursos acessíveis, lugares de
estacionamento reservados para pessoas com mobilidade condicionada e instalações
sanitárias de utilização geral acessíveis».
Em todo o espaço devem existir mapas de orientação simples que permitam uma
circulação autónoma. Deverá também existir sinalética que faculte informação sobre o
tipo de acessibilidade disponibilizado pelo museu.
A compreensão é facilitada por um contraste cromático forte entre as letras e o
fundo da placa informativa. Assim, é importante ter em consideração o local de fixação,
a cor do fundo da placa e a cor das letras. Por exemplo, se o local de fixação for uma
parede branca, o fundo do sinal deverá ser preto com letras brancas ou/e amarelas.
Um museu deve ser um local onde não haja obstáculos para que todos os
visitantes se sintam bem-vindos. Um ambiente acolhedor é criado pela arquitectura,
iluminação, sinalética, acessibilidade e atitude dos funcionários que acolhem os
visitantes.
Relatório de Estágio 24
6. Plano de sugestão
Para promover o acesso à informação a pessoas com necessidades especiais é
importante uma boa comunicação acompanhada de uma divulgação coerente para que
se disponibilize informação a vários níveis:
1. Comunicação:
a. Divulgação
Meios de divulgação convencionais
É indispensável a existência de um guia reproduzido em diversos meios e
suportes, disponibilizado no sítio institucional do museu, que divulgue todas as
condições de acesso a pessoas com necessidades especiais: a disponibilidade do
estacionamento reservado, a existência de lugares acessíveis no auditório e no bar, a
acessibilidade dos elevadores, o número de degraus entre os andares e os serviços
educativos especificamente dirigidos a pessoas com necessidades especiais ou
abrangentes de diversos públicos. Toda a publicidade convencional deveria fazer
referência à acessibilidade do museu e incluir um contacto para obter informação mais
pormenorizada. É importante que todos os funcionários, sobretudo os que fornecem
informação aos visitantes aos mais diversos níveis, tenham conhecimento das condições
de acessibilidade e das exposições.
Associações de pessoas com necessidades especiais
Para chegar às pessoas com necessidades especiais e aumentar o número das que
frequentam os museus, deve privilegiar-se a divulgação da informação junto das
respectivas associações e centros de dia, assim como considerar a possibilidade de fazer
uma apresentação para essas entidades sobre novos serviços e/ou o desejo de trabalhar
em parceria com as mesmas.
Também se poderão efectuar campanhas de sensibilização junto dos serviços da
comunidade (escolas, instituições, clubes, colectividades) que podem abranger
potenciais interessados.
Relatório de Estágio 25
Acontecimentos recreativos culturais
Organizar acontecimentos recreativos culturais com convites especialmente
dirigidos à participação de pessoas com necessidades especiais poderá ser uma forma de
atrair novos públicos e de divulgar os serviços disponibilizados pelo museu.
Órgãos de comunicação social
É fundamental que os órgãos de comunicação nacional e local sejam envolvidos
na divulgação das iniciativas do museu, através da realização de acções de
sensibilização específicas sobre a questão da acessibilidade e do estabelecimento de
canais preferenciais de comunicação com os responsáveis daqueles órgãos.
b. Avaliação
O objectivo da avaliação é criar mecanismos que assegurem que os serviços
respondem verdadeiramente às necessidades das pessoas. A avaliação deverá ser
realizada de modo sistemático. Neste sentido, e com o objectivo de recolher informação
de modo abrangente, a avaliação deve ser efectuada sob várias formas:
Dos visitantes, neste caso com necessidades especiais
Existem diversas formas de promover a avaliação dos serviços, como por
exemplo através da realização de um inquérito a ser devolvido ao museu após o seu
preenchimento em casa, para melhor avaliar o grau de satisfação e eficácia das
adaptações, nomeadamente:
1. Acesso ao museu
1.1. Espaço
1.1.1 Estacionamento (se estacionou no interior da fundação, se teve dificuldades)
1.1.2 Passeio e vias de acesso (percurso entre o estacionamento e a entrada do
museu)
1.2. Informação (nome, horário, quais as dificuldades sentidas)
2. Museu
2.1 Espaço (se houve dificuldade nos desníveis, escadas, elevadores, portas, as
entrada e saídas estão bem identificadas)
Relatório de Estágio 26
2.2 Informação (mapas de orientação fáceis, sinaléticas adequadas, textos de leitura
em versão ampliada, Braille ou áudio)
3. Pessoal (se foi bem atendido e orientado quando requisitou ajuda)
4. Voltaria a visitar Serralves? Ou recomendaria um amigo a visitar Serralves?
Também seria possível gravar as opiniões das pessoas no fim da visita, ou então
pedir a opinião da entidade que solicitou a visita de grupo.
Convém lembrar que nem todas as pessoas com necessidades especiais estão aptas a
pronunciar-se sobre acessibilidade e que nem todas querem participar no processo. Por
isso, não se deve forçar estes visitantes a comentar as adaptações feitas, ou a fazer.
De representantes dos grupos alvo
Uma avaliação dos serviços disponibilizados efectuada pelos representantes dos
grupos alvo, após a realização da visita, permitirá também detectar as dificuldades
sentidas pelos visitantes.
Do pessoal do museu
A equipa do museu implicada nas actividades deve dar a sua opinião sobre o modo
como elas decorreram.
2. Diversos níveis de informação:
As pessoas podem ter problemas de literacia por várias razões:
- Qualquer tipo de necessidade especial que afecte a capacidade de ler ou
compreender;
- Educação formal limitada;
- Problemas de carácter social;
- Língua materna diferente da língua oficial do país onde vivem.
As competências de literacia das pessoas diferem bastante e, mesmo entre os grupos
acima mencionados, há uma grande diversidade na capacidade de ler e escrever.
Relatório de Estágio 27
A designação de «linguagem fácil» pode não ser universal e não será possível
escrever um texto que se adapte às capacidades de todas as pessoas com problemas de
literacia e compreensão. No entanto, textos escritos usando «linguagem fácil» tornam-se
mais acessíveis e são geralmente caracterizados por:
- Utilizar uma linguagem simples e directa;
- Incluir apenas uma ideia principal por frase;
- Evitar linguagem técnica, abreviaturas e iniciais;
- Ter uma estrutura clara e lógica.
O modo como a informação está estruturada é muito importante. A exposição dos
conteúdos deve seguir uma sequência clara e lógica, apoiando-se em expressões,
palavras, frases ou ideias essenciais.
É relativamente fácil escrever sobre coisas simples e concretas; é muito mais difícil
apresentar conceitos abstractos. Quando não for possível evitar os conceitos abstractos,
estes deverão ser ilustrados com exemplos concretos.
A apresentação da informação também é muito importante. Fotografias, figuras ou
símbolos devem apoiar o texto sempre que possível, de modo a ajudarem a sua
compreensão. Estas ilustrações também devem ser fáceis de entender e estar claramente
relacionadas com o texto. O modo como os textos, ilustrações ou quaisquer informações
são apresentados, também deve ser considerado cuidadosamente:
- Apresentar as ideias em pequenas frases, pois existe dificuldade em processar
muita informação ao mesmo tempo
- Repetir e reforçar o que foi dito, dando simultaneamente relevância aos
conteúdos mais importantes.
3. Diversos formatos:
As necessidades e capacidades das pessoas com necessidades especiais são
variáveis e o material de «linguagem fácil» nem sempre é acessível a todas as pessoas,
principalmente àquelas que não conseguem mesmo ler. Se a informação estiver também
disponível em formatos não escritos, chegará a um maior número de pessoas com
Relatório de Estágio 28
necessidades especiais dando apenas um formato alternativo, pelo que convém que
exista hipótese de escolha.
a. Ampliações visuais
Uma versão ampliada é relativamente fácil de produzir quando os textos são
digitalizados. Recomenda-se o uso de letras de 18/20 pt, texto alinhado à esquerda,
fundo simples, sem negrito nem itálico.
Uma lupa convencional com aumento de 2,5 vezes, poderá estar disponível
quando não for possível ampliar um texto ou produzir uma réplica de um objecto
pequeno.
b. Ampliações sonoras
Na bilheteira, recepção, auditório e salas onde se realizam apresentações
regularmente deve considerar-se a introdução de um anel de indução magnética ou um
dispositivo semelhante que tem grande utilidade para quem usa auricular. É
imprescindível consultar os especialistas sobre as especificações técnicas deste tipo de
equipamento, pois um anel numa sala pode interferir com outro numa sala vizinha.
c. Braille
Textos em Braille devem ter uma apresentação simples, sem recurso ao itálico
ou negrito para salientar informação e de preferência sem colunas. Imagens que
transmitem informação suplementar devem ser convertidas em texto. As legendas em
Braille devem ser fixas e colocadas a um ângulo de 45º, para facilitar a leitura. A versão
em Braille pode ser incluída nos painéis informativos. As alternativas são uma
publicação em Braille disponível na recepção e um suporte portátil junto do respectivo
painel informativo.
d. Gravações áudio
Museus e monumentos podem ser equipados com sistemas automáticos de
informação áudio. As gravações podem ser feitas e copiadas facilmente, o que as torna
uma boa opção para produzir informação para pessoas que não podem ler.
Normalmente são activadas por um botão, mas também podem ser activadas por
um sensor que detecte a entrada de um visitante na sala. Os sistemas de infravermelhos
Relatório de Estágio 29
que necessitam do uso de um receptor por parte do visitante têm a vantagem de ter
múltiplos canais, permitindo a transmissão da informação em diversas línguas.
e. Gravações vídeo
O vídeo é uma excelente escolha para fornecer informação. A combinação de
informação visual e verbal pode ser bastante eficaz para alcançar as pessoas que têm
sérios problemas de leitura e compreensão de textos.
O trabalho de passagem para vídeo da informação necessária deverá ser
realizado por Interpretes de Língua Gestual Portuguesa.
f. Multimédia e Internet
Inicialmente concebida no seio da comunidade científica como um instrumento
para estabelecer a circulação de ideias, a internet é hoje cada vez mais um produto de
comunicação de massas. Um website é considerado inteligível quando o conteúdo
informativo, navegabilidade e interactividade são acessíveis a todos os utilizadores.
A acessibilidade à internet por cidadãos com necessidades especiais é
assegurada por diferentes tecnologias, quer de hardware quer de software,
designadamente as que efectuam a conversão equivalente da informação de um órgão de
sentido para outro, como por exemplo da visão (monitor do computador) para o tacto
(barra de Braille para cegos) ou para a audição (síntese sonora vocal para cegos).
Existem ferramentas e tecnologias específicas de edição de websites que
permitem ultrapassar determinados tipos de deficiências, concretamente as que se
relacionam com a dificuldade em distinguir cores: informação essencial não pode
basear-se exclusivamente na diferenciação da cor e, por outro lado, é fundamental
assegurar um contraste suficientemente nítido entre texto e fundo.
4. Formas de acesso táctil:
Se um museu pretende tornar as suas exposições / visitas mais acessíveis através
do contacto físico, deverá seleccionar peças emblemáticas, susceptíveis de poderem ser
tocadas.
Relatório de Estágio 30
a. Réplicas
Quando a fragilidade, valor ou condições de conservação não permitem o
contacto com o original, deverá ser feita uma réplica do original. Por vezes, poderá ser
demasiado complexo ou dispendioso produzi-la no material original. Nestes casos uma
amostra do material usado do original deverá ser associada à réplica.
b. Miniaturas / Ampliações
Existem peças que são ou demasiado grandes ou demasiado pequena para serem
tocadas com as mãos e interpretadas convenientemente.
No caso de ampliações de peças, estas deverão ser acompanhadas por uma
indicação do seu tamanho real. As ampliações são aconselhadas quando as peças no seu
tamanho real contêm pormenores difíceis de identificar com os dedos.
No que toca às miniaturas, estas deverão ser acompanhadas por algo que permita
entender o seu verdadeiro tamanho. Tal como as réplicas, estas reproduções deverão
usar materiais originais, ou pelo menos fornecer um toque muito parecido.
c. Representação de imagem em relevo
Pinturas e imagens podem ser representadas em relevo com um maior ou menor
grau de sucesso. Por vezes, têm de ser simplificadas e quase adaptadas porque o tacto e
a visão funcionam da mesma maneira. As mãos entendem melhor áreas com texturas
diferentes do que diversas linhas em relevo.
5. Diversificação da oferta:
É necessário dar às pessoas motivação para ir a um museu, tornando-o
interessante e agradável através do desenvolvimento de actividades que se relacionem
com as vivências ou experiências de vida das pessoas. Eis algumas sugestões:
a. Dia Internacional das pessoas com Deficiência (3 de Dezembro)
É uma data comemorativa internacional promovida pelas Nações Unidas desde
1998 e que seria igualmente importante assinalar na Fundação de Serralves com a
realização de actividades organizadas especialmente para os grupos com necessidades
especiais.
Relatório de Estágio 31
b. Dia da Criança incluindo as crianças com necessidades especiais (1 de
Junho)
A Fundação de Serralves celebra anualmente o dia da criança com espectáculos
de teatro e muitas outras surpresas. É fundamental convidar as associações e abrir as
portas da Fundação para que as crianças com necessidades especiais também possam
participar no mesmo universo.
c. Oficinas / Ateliês de Expressão Plástica, Culinária, Dança e Música
Dinamizar ateliês específicos promove a fruição dos conteúdos da exposição. Estes
projectos permitem a experimentação sensorio-motora dos objectos, a exploração dos
vários materiais na criação da obra e o trabalho em equipa.
d. Visitas guiadas – tipo I
Organizar visitas que fazem parte do programa geral de actividades do museu
podem ser acompanhadas regularmente por um intérprete da Língua Gestual (por
exemplo, 1º sábado do mês). Também podem ser organizadas visitas tácteis para o
público em geral, anunciadas como uma oportunidade de tocar nas obras, e não como
eventos exclusivos para pessoas com necessidades especiais.
e. Visitas guiadas – tipo II
Nas visitas com grupos mistos que englobam alunos surdos é possível uma
tradução simultânea em língua gestual portuguesa, de forma a incluí-los nessa mesma
visita. Para esta situação acontecer sem imprevistos, é necessário uma marcação prévia
e a escola deverá facultar a informação das especificidades dos alunos portadores de
necessidades especiais.
f. Actividade ao ar livre (espaços verdes)
As actividades ao ar livre, nomeadamente, os jogos tradicionais (por exemplo,
no parque da Fundação de Serralves), permitem um contacto com a natureza que, de
certa forma, dinamiza o desenvolvimento físico e psicológico. É uma forma de aliviar
os níveis de stress e de criar maior disposição para enfrentar as actividades do dia-a-dia.
Isto porque, infelizmente, as pessoas com necessidades especiais centram-se muito em
actividades fechadas nas associações ou paradas em casa. No aspecto social, favorece
Relatório de Estágio 32
ainda as relações interpessoais e consequentemente o aumento de laços de amizade. É
uma explosão de alegrias, movimentos e ideias.
g. Workshops «Introdução ao Braille»
Seria vantajosa a realização de um workshop destinado aos professores, alunos e
pessoas invisuais e amblíopes, técnicos de áreas de serviços de atendimento público, e
outros profissionais com responsabilidades e interesses nesta problemática. O objectivo
seria sensibilizar os cidadãos em geral para os problemas de informação e comunicação.
h. Exposições subordinadas ao tema «O Braille e a sua evolução até aos
dias de hoje»
A pertinência da realização de exposições relacionadas com temas com os quais
se identifiquem está relacionada com a necessidade de evidenciar a sua realidade, bem
como, clarificar outros públicos.
i. Acolher obras de pessoas com deficiências
Para dar a conhecer as suas capacidades artísticas, seria proveitoso proporcionar
espaços que possam acolher as suas obras, quer a título individual quer colectivo. Um
exemplo ilustrativo é os conhecidos «artistas que pintam com a boca e os pés» apoiados
pela Sociedade dos Artistas Deficientes Manuais – SADM das Caldas da Rainha.
j. Após um estudo de quantificar o número de pessoas com necessidades
especiais que frequentem o ensino superior nas áreas da artes e
arquitectura
A análise quantitativa é importante para reflectir a hipótese de dispor na
biblioteca da Fundação de Serralves livros sonoros e em Braille sobre essas temáticas.
k. Criar um blog
No site da Fundação de Serralves poderia ser criada uma ligação para um blog
cujo objectivo fosse publicar notícias sobre as actividades ou acontecimentos actuais.
Desta forma, após a leitura dos artigos, o leitor poderia comentar ou criticar de forma
construtiva. O que se pretenderia era estreitar a comunicação entre a Fundação e toda a
sua comunidade, ou seja, as pessoas que já a visitaram.
Relatório de Estágio 33
l. Criar uma planta/mapa de orientação
Elaborar um mapa ou planta de orientação simples e clara em Braille, que
estariam disponíveis na recepção do museu, seria uma hipótese viável. Os percursos
seriam assinalados em Braille, bem como os locais de paragem para descanso
recomendáveis no jardim e as obras aí expostas. Desta forma, transformávamos a visita
de um invisual autonomamente.
Em jeito de conclusão, trata-se de traduzir a planta de orientação já existente em
versão Braille e ajustar alguns pormenores face às necessidades especiais.
m. Criar uma maqueta
Uma oferta interessante seria a criação de uma maqueta sonora da Fundação de
Serralves com legendas em Braille disponível na recepção, para todo o público, mas
com especial relevância para os surdos, cegos e amblíopes.
Relatório de Estágio 34
7. Conclusão
Reconhece-se que é difícil pôr em prática, de imediato, todas as sugestões que este
relatório aponta para a captação de públicos com necessidades especiais. O museu de
Serralves, tal como muitos dos museus portugueses, são edifícios com grande valor
arquitectónico, mas com muitas barreiras para este tipo de visitantes. Esta preocupação
de eliminar as barreiras arquitectónicas existentes não deve ser esquecida no futuro,
quando o museu for objecto de remodelação. O bom senso deverá ser a linha guia para a
resolução dos problemas concretos e para a definição das prioridades.
Uma maneira diferente de encarar estes assuntos, com uma maior sensibilização
para as necessidades especiais, contribuirá para que sejam projectadas exposições e
actividades numa perspectiva mais inclusiva. Este cenário pressupõe um trabalho
conjunto sistemático, dialogante e construtivo entre todas as partes implicadas:
profissionais do museu, os arquitectos e designers e também representantes de
associações de pessoas com necessidades especiais. Desse diálogo, crescerão os museus
onde todos se sentirão melhor, onde a ausência de barreiras físicas, sensoriais ou
intelectuais constituirá seguramente um benefício para todos.
“Porque urge sensibilizar para a necessidade de adaptar o meio às pessoas e não
as pessoas ao meio”.
APD – Associação Portuguesa de Deficientes3
3 É uma organização de direitos humanos com o objectivo de promover a defesa dos interesses das
pessoas com deficiência em Portugal, de forma a garantir a igualdade de participação em todas as áreas da sociedade.
Relatório de Estágio 35
Referências bibliográficas
Monografias
• LEITE, Elvira, VICTORINO Sofia – Serralves Projectos com Escolas 2002-2007. Porto. Fundação de Serralves. 2008
• CARVALHO, Anabela, Mineiro, Clara – Encontro Museus e Educação, actas 10/11 Setembro 2001. Lisboa. Centro Cultural de Belém, 2001
• FPCEUP, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação - Necessidades Especiais – Guia para Apoio a Serviços Educativos. Porto. 2004
• MONTEIRO, Manuela - 2 Pontos: A Revista dos Professores Portugueses. Nº10 Outubro. Porto Editora. 2009
• VARINE-BOHAN, Hugues de - O tempo social. Tradução de Fernanda Camargo Moro e Lourdes Rego Novaes. Rio de Janeiro. Eça, 1987
• RIBEIRO, Agostinho et alli - Sobre o conceito de museologia social. Lisboa. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, 1993. (Cadernos de Sociomuseologia, n. 1).
• GARDNER, Laura; GROFF, Gerda - What museum guides need to know. 2. ed. Nova York. American Foundation for the Blind, 1990.
Documentos Electrónicos
• Fundação de Serralves – disponível em www.serralves.pt
• Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal – disponível em www.acapo.pt
• Associação Portuguesa de Museologia – disponível em
http:||apom.paginas.sapo.pt
• Instituto dos Museus e da Conservação – disponível em www.ipmuseus.pt
Índice de imagens
Imagem 1 – Museu de Arte Contemporânea……..………. …………………. pág. 9
Imagem 2 – Casa de Serralves……………………………….……………….. pág. 9
Imagem 3 – Jardim da Casa de Serralves……………………………….……. pág. 10
Imagem 4 – Auditório………….…………………………………...………… pág. 10
Imagem 5 – Biblioteca da Fundação de Serralves……….….….……………...pág. 11
Anexos
Imagem 6: Planta de Serralves Fonte: Fundação de Serralves
Imagem 7: Planta de Serralves Fonte: Fundação de Serralves
Gráfico 1: Número de Visitantes em 2008 Fonte: www.serralves.pt
Gráfico 2: Serviço Educativo Fonte: Serviço Educativo da Fundação de Serralves
Gráfico 3: Tipologia das actividades Fonte: Serviço Educativo da Fundação de Serralves
Gráfico 4: Abrangência por área geográfica Fonte: Serviço Educativo da Fundação de Serralves
Gráfico 5: Grau de Ensino
Fonte: Serviço Educativo da Fundação de Serralves
Gráfico 6: Estabelecimentos de ensino
Fonte: Serviço Educativo da Fundação de Serralves
Gráfico 7: Número de participantes com necessidades educativas especiais por oficina no ano lectivo 2008/09
Fonte: Serviço Educativo da Fundação de Serralves
Legislação
A nível Nacional destaca-se as seguintes leis:
- Decreto-lei nº. 9/89 de 2 de Maio
Aprova a lei de Bases da Prevenção e da Reabilitação e Integração das Pessoas com Necessidades Especiais.
- Decreto-lei nº. 123/97 de 22 de Maio
Torna obrigatório a adopção de normas técnicas de eliminação de barreiras arquitectónicas em edifícios públicos, equipamentos colectivos e via pública para melhoria da acessibilidade das pessoas com mobilidade condicionada.
- Decreto-lei nº. 163 / 2006 de 8 de Agosto (ver em detalhe em anexo)
Aprovada pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, actualiza o decreto-lei 123/97 de 22 de Maio, e introduz novas normas técnicas de acessibilidade.
A nível Comunitário:
-Carta Comunitária dos Direitos Sociais
(Aprovada no Conselho Europeu de Estrasburgo em Dezembro de 1989)
Refere que todas as pessoas com deficiência devem beneficiar de medidas adicionais que favoreçam a sua integração social.
- Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia
(Aprovada na Cimeira de Nice em Dezembro de 2000)
Reconhece que, para alcançar a igualdade para as pessoas com deficiência, o direito à não discriminação deve ser completado pelo direito a beneficiar de apoio e assistência.
Decreto-lei nº 163/2006 de 8 de Agosto
Relatório Semanal do Estágio na Fundação de Serralves –
Serviço Educativo
Orientador de estágio da Faculdade de Letras: Doutor Nuno Moutinho Orientadores de estágio da Fundação de Serralves: Dra. Sofia Vitorino e Engenheira Elisabete Alves Estagiária: Jenny Ramos
Semana: 16 a 20 de Novembro de 2009
Dia 16 – Início do estágio
Reconhecimento do Museu e da Quinta, dois locais onde o estágio decorrerá. São ambos
espaços pedagógicos, sendo, o primeiro um lugar que oferece várias temáticas sobre a arte e
arquitectura e o segundo um espaço que permite estabelecer laços com o meio ambiente e
explorar a biodiversidade.
Dia 17
Observação da Oficina Cientistas no Parque com a monitora Paula, do Mundo Científico, Lda.
Muito resumidamente, discutiram-se os processos vitais dos seres vivos, ou seja, foi dada a
conhecer a importância ecológica da minhoca no solo. Foi proporcionado aos jovens capturar
minhocas e dissecá-las.
Observação da Oficina Aulas no Parque com o monitor Eng. Fernando. Foi uma actividade que
gerou muito entusiasmo e uma participação activa dos jovens, pois estes ficaram a conhecer a
diversidade animal explorando o contacto com os animais da Quinta.
Dia 18
Observação da Oficina Viver com a Energia com o monitor Rui, do Mundo Científico, Lda.
Torna-se imprescindível este tipo de oficina, pois permite complementar os conhecimentos
adquiridos em sala de aula com trabalho laboratorial e experimental, que nem sempre é
possível pôr em prática nas escolas. O tema foi a utilização dos combustíveis fósseis, desde a
sua origem até à sua transformação.
Observação da Oficina Ambiente e Saúde com a monitora Rita, do Mundo Científico, Lda. É um
programa pioneiro que, na minha opinião, tem tudo para dar certo. Iniciou-se com uma
apresentação de slides, um enquadramento teórico sobre anatomia interna dos animais e de
seguida experiências que promoveram a interacção entre os miúdos.
Verifiquei também que há o cuidado de que a actividade não seja pontual e, neste sentido, são
facultadas aos mais novos fichas de trabalho para fazerem na sala de aula com o professor.
Desta forma, pretende-se mostrar que a visita a Serralves é um complemento ao que já
aprenderam e que há muitas mais coisas para continuar a aprender.
Dia 19
Observação da Oficina Clubes da Natureza com um Grupo de Necessidades Especiais, com a
monitora Ana Martins. Trata-se de uma actividade que incita a criança a sentir a terra com as
suas mãos, elaborando pequenas plantações que são revistas na próxima sessão. Há, portanto
uma continuidade do trabalho das crianças. Reparei também que, com a ajuda da monitora, é
proporcionada à criança a realização da actividade com o colega, promovendo interacção
entre as crianças e evitando a tradicional exposição professor – aluno. Penso que esta
realidade se verifica graças à metodologia que a monitora usa. Na minha opinião, é muito
importante que o público sinta que não é só o adulto aquela figura que os pode ajudar, mas
sim uma outra criança da sua idade. Na realidade, o que se pretende é criar
complementaridade e laços afectivos entre eles. Nesta oficina é muito importante a
sensibilidade do monitor e toda a sua comunicação não verbal. Este tipo de público exige
muito para além das palavras, principalmente gestos afectuosos e carinho, que os tornará
muito mais participativos e sociáveis no seu futuro.
Dia 20
Observação da Oficina Ambiente e Saúde com um grupo de alunos do 8º ano do CEF – Curso
de Educação e Formação, do agrupamento de Escolas Domingos Capela em Espinho, dirigido
pela monitora Cláudia, do Mundo Científico, Lda. Tratando-se de um público pequeno e
peculiar, visto serem jovens oriundos de famílias desestruturadas, pude reparar que a
monitora desenvolveu uma comunicação mais próxima e informal e optou por iniciar a aula
com um ligeiro enquadramento teórico sobre as adaptações dos seres vivos, para que o seu
discurso não se tornasse denso e a atenção do seu público não se dissipasse. Estes jovens
frequentam o curso de jardinagem e manifestam pouca disposição para estar numa sala de
aula, e por isso mesmo, passou-se de imediato para as experiências ao ar livre. Conclui-se,
portanto, que a melhor arma para ajudar estes jovens é o recurso à prática, e o seu
entusiasmo e empenho elevou-se nos canteiros experimentais.
Denotei que, ao contrário das outras oficinas em que participei, nesta os jovens precisaram de
muito acompanhamento e do incentivo da monitora e dos seus professores. Por isso mesmo,
deve trabalhar-se com grupos pequenos, não excedendo os 10 elementos, para que durante o
tempo que estão na escola ou oficinas se sintam motivados e tenham a atenção merecida, que
as famílias não lhes conseguem prestar. A escola é, sem dúvida, fundamental neste contexto.
Ajuda-os, acima de tudo, a educar e a desenvolver capacidades para o seu futuro. Este é um
percurso longo que requer que haja determinação e gosto pelo que fazem, cuja fonte de
alimentação passa muitas vezes pela escola e pelos seus professores.
Jenny Ramos
Relatório Semanal do Estágio na Fundação de Serralves –
Serviço Educativo
Orientador de estágio da Faculdade de Letras: Doutor Nuno Moutinho
Orientadores de estágio da Fundação de Serralves: Dra. Sofia Vitorino e Engenheira Elisabete
Alves
Estagiária: Jenny Ramos
Semana: 23 a 27 de Novembro de 2009
Dia 23
Não compareci
Dia 24
Não compareci
Dia 25
Devido às condições climatéricas, a escola com visita agendada anulou a sua vinda e, por isso,
participei na Oficina Viver Energia com o monitor Rui, do Mundo Científico, Lda. Os
participantes eram alunos do 11º ano do Curso Tecnológico de Electrónica da Escola
Secundária Infante D. Henrique do Porto, cujo tema de estudo foi a Electricidade Estática. Por
ser um público específico e já com noções sobre a electricidade, o monitor optou por facultar
aos jovens a oportunidade de realizarem experiências e, por isso mesmo, não recorreu com
frequência à ajuda dos slides. As actividades práticas nesta oficina são particularmente
importantes e necessárias para se perceber o conteúdo, e foi nesta sequência que o monitor
trabalhou. Foi possível fazer com que todos os alunos participassem activamente e desta
forma, os participantes revelaram entusiasmo e curiosidade de saber mais. Houve sempre uma
preocupação do monitor em criar interacção. Fê-lo incessantemente colocando questões,
solicitando a ajuda dos intervenientes e promovendo concursos (que, não só o vencedor
levasse a sua experiência, ou seja, a construção da pilha, como todos os outros).
Notei ainda que para haver mais empatia, o monitor partilhou as experiências que fez quando
era mais novo e o público reagiu muito bem e de divertido que quebrou o distanciamento.
Prestei apoio no arquivo de fichas de inscrição e inquéritos de satisfação com a Anabela.
Por fim, ajudei na preparação do material de trabalho para a oficina Parque à Vista.
Dia 26
Participei na Oficina Parque à Vista orientada pelas monitoras Marta e Isabel, da Cataventos
Projectos Educativos, Lda., cujo público foi o Jardim de Infância de Sta. Bárbara, de Gondomar,
com o objectivo de fazer um bolo para pássaros.
Ao contrário das outras oficinas em que estive envolvida, reparo que, devido ao baixo nível de
escolaridade, não houve a conhecida complementaridade com os currículos escolares.
Verificou-se, por sua vez, uma preocupação em oferecer aos mais pequenos o contacto directo
com os materiais de trabalho através do tacto, numa simbiose com o meio ambiente.
Nestas idades é fundamental o recurso aos slides para dar uma nota introdutória sobre o tema
e é também uma forma de captar a atenção, mostrando imagens para que as possam
identificar. Por outras palavras, pretende-se motivá-los.
A monitora usou uma linguagem simples, com recurso frequente ao diminutivo, e de certa
forma cómica, de modo a facilitar a assimilação e a aproximação à realidade que já conhecem.
Depois da componente prática, o entusiasmo era notório. Verifiquei a delicadeza e perspicácia
das monitoras e educadoras de infância ao dinamizarem a aula. Enquanto algumas crianças
estavam a experimentar, os outros, que esperavam pela sua vez ou que já a tinham realizado,
distraíam-se a cantar.
Todo o trabalho realizado na oficina é levado para o Jardim de Infância, de forma a criar neles
o sentido de responsabilidade de continuar o trabalho na sala de aula.
A título informativo, o programa do Parque à Vista é modificado de 4 em 4 anos para evitar
repetições em escolas que já visitaram Serralves e, em cada mês, há um tema interessante e
dinâmico que, sempre que possível, está relacionado com as especificidades do mês.
Prestei, ainda, algum apoio na preparação do material de trabalho para o Laboratório de Artes.
Dia 27
No âmbito da comemoração do décimo aniversário do Museu de Serralves, assisti a visita
guiada realizada às exposições no Museu (Augusto Alves da Silva, Colecção de Serralves e BES
Revelação) orientadas pelo Dr. João Fernandes, actual director do Museu.
Contou com a presença de estudantes, amigos de Serralves, profissionais de arte, arquitectos e
admiradores de obras de arte. Este grupo bastante grande e heterogéneo participou na visita
que decorreu desde as 11h da manhã, mostrando uma predisposição para o evento diferente
da do público de sábado que vem só para se distrair e espreitar algumas obras.
A visão pormenorizada e o extenso conhecimento cultural do Dr. João atraiu grande parte do
seu público. Não só a sua profunda sabedoria cultural mas também toda a gestão da
exposição, conferem-lhe um estatuto inigualável dentro da Fundação. Na verdade, a sua
exposição teórica acaba por traduzir a sua interpretação pessoal sobre a arte e influenciar o
público. Mas não é isso que se pretende, pois uma obra pode demonstrar vários sentimentos e
situações. Daí o Dr. João alertar para o facto de que o público tem que interpretar por si e não
ser ninguém a impor uma visão. Acrescenta ainda que «A obra é independente do discurso do
monitor».
O palco dos acontecimentos é o Museu, onde a imaginação e a reflexão do público são os
principais actores. Nele é possível aproximar cultura e comunicação e cruzar públicos. Permitir
que os visitantes tenham espaço e tempo para um confronto pessoal com a arte, é um dos
grandes objectivos do Museu.
Tive oportunidade de montar e organizar os materiais do laboratório.
Participei no Laboratório de Artes com a coordenação de José Maia e colaboração da
psicóloga Ana Luísa e Pedro, ambos da ADILO – Agência de Desenvolvimento Integrado de
Lordelo do Ouro - e 9 jovens do Bairro do Aleixo. Quantifico com precisão porque me refiro a
jovens oriundos de famílias desestruturadas, que lutam por um futuro promissor, com a ajuda
da ADILO, investindo em si e melhorando o que está à sua volta. Neste sentido, é um grande
sucesso tê-los na instituição. Para além dos jovens, este centro desenvolve actividades no
domínio da família e da empregabilidade. São vários os projectos, como o METAS – Medir
Escolhas, Trabalhar Autonomias, CLCO – Centro Comunitário de Lordelo do Ouro, entre outros,
que proporcionam aos jovens desenvolver actividades práticas para ajudar na sua inclusão
social e promover o seu sucesso escolar.
O monitor iniciou o laboratório com a projecção de slides que mostravam murais, ao mesmo
tempo que os explicava. Não havia nenhuma aqui projecção de texto, somente de imagens.
Uma maneira de os manter atentos e curiosos. Desde a postura, linguagem, vestuário e
ambiente, tudo foi transmitido de forma muito simples e básica, para criar empatia.
Tanto os 2 mais novinhos, como os mais crescidos, dos quais 2 jovens se encontram a
frequentar o curso de arte no Museu Soares dos Reis, demonstraram grande apreço nas
actividades práticas que se seguiram. Houve dinamismo e vontade de aprender.
É importante referir que são eles que tomam a iniciativa de participar neste laboratório e isso
nota-se quando pegam no lápis e borracha para trabalhar. Empenho e dedicação são notórios
nos seus desenhos. Esta oficina difere das outras cujo público é levado pelas escolas ou pelos
pais (quando é Natal, Páscoa ou Verão).
Prestei apoio na arrumação da sala.
Jenny Ramos
Relatório Semanal do Estágio na Fundação de Serralves –
Serviço Educativo
Orientador de estágio da Faculdade de Letras: Doutor Nuno Moutinho Orientadores de estágio da Fundação de Serralves: Dra. Sofia Vitorino e Engenheira Elisabete Alves Estagiária: Jenny Ramos
Semana: 30 Novembro a 4 Dezembro de 2009
Dia 30 – «Ponte»
Dia 1 – Feriado
Dia 2
Participei na Visita Guiada de Arquitectura sob a orientação da monitora Matilde Seabra, que
contou com a participação dos alunos do 2º ano do curso de arquitectura do Instituo Superior
Técnico de Lisboa.
Por se tratar de um grupo específico, os estudantes de arquitectura e a monitora, também ela
arquitecta, adoptaram uma postura mais formal e justificadamente uma linguagem puramente
técnica. A visita começou pela explicação e demonstração dos espaços arquitectónicos do
Museu, da Casa e do Parque. Neste circuito único, em todos os espaços, a monitora
proporcionou momentos de reflexão e de questões, que no meu entender, foram bem
conseguidos, pois todo o meio envolvente era propício.
Noto que não foi dos grupos mais participativos em que estive envolvida, mas foram
excessivamente observadores e muito curiosos, demonstrando vontade de tocar em tudo o
que lhes chamava a atenção. Penso que foi plausível, pelo simples facto de que, numa sala de
aula, não há oportunidade de ver ao vivo e tocar. Esta dupla, por vezes, é fundamental, pois
transmite-nos sensações.
Por outro lado, provoca um maior distanciamento do monitor e do seu público. Isolados na sua
observação pessoal, a monitora chamou-os à atenção oportunamente para outros
pormenores. Esta é http://www.net-empregos.com/1047149/administrativa-recepcionista-
para-empresa-financeira-lisboa/uma forma de eles não ficarem retidos num ponto e ajudá-los
a suscitar outros pontos de interesse.
No entanto, houve momentos interactivos na visita, conseguidos quando a monitora
expressou a sua opinião sobre a arte e, posso dizer, que houve alguma reciprocidade. Mas foi
apenas uma situação pontual, ao contrário das outras actividades.
Achei muito interessante o momento em que a monitora criou paragens no percurso feito pelo
jardim, porque permitiu conjugarem mentalmente os seus conhecimentos com a natureza.
Consistiu num momento de reflexão e assimilação do espaço arquitectónico enaltecido com as
cores do Outono.
Estive, ainda, envolvida na organização de pastas.
Dia 3
Celebrado o protocolo entre a Fundação de Serralves e a ACAPO – Associação dos Cegos e
amblíopes de Portugal, da delegação do Porto, foi possível brindar 4 invisuais presentes com
uma visita a Serralves, sob a orientação da monitora Sónia Borges, a participação da Dra. Sofia
Vitorino, coordenadora do Serviço Educativo e a Dra. Cristina Passos, directora de Projectos
Especiais da Fundação.
Jornalistas de vários órgãos de comunicação social, bem como a assessora de imprensa da
Fundação estiveram presentes para celebrar esta primeira visita dos invisuais e amblíopes aos
espaços de Serralves.
O Átrio foi o ponto de partida para darmos início à visita, que foi a primeira para dois dos
invisuais. Foi lançado o primeiro desafio, cujo objectivo era descobrir qual o som que estava a
ser emitido. Seguros e certos nas suas respostas, os alunos continuaram a participar na visita
activamente, ouvindo a contextualização da monitora sobre a obra do artista, para poderem
associar o seu pensamento ao que ouviram e de certa forma, fazer com que faça sentido
aquele conjunto.
Sempre juntos, a monitora e o seu pequeno público, enalteceram uma grande interacção e
troca de provérbios que proporcionou momentos de descontracção. Na minha opinião, estes
pequenos grupos funcionam muito bem, permite criar uma maior aproximação e expressar
pequenos comentários que talvez ocultássemos se fosse num grupo maior.
Ao longo da visita foi proporcionado aos nossos visitantes tocarem nas esculturas do parque,
como foi na grande colher vermelha que se encontra no jardim. No entanto, para eles
perceberem bem a diferença de escala, a monitora facultou a ferramenta de trabalho do
jardineiro (a colher) em tamanho normal e explicou que a colher é 10x maior a que eles
tiveram nas mãos. Uma forma de eles terem noção sobre o objecto. A mesma situação
repetiu-se quando sensibilizaram a escultura em maquete, que é uma espécie de habitáculo
que proporciona momentos de reflexão e diferentes tempos quando estamos dentro dele.
Sentir texturas, aromas, pavimentos, os arbustos geométricos, tocar nos troncos, andar em
cima das folhas caídas, … pequenos gestos que são particularmente de grande importância
para eles.
Notei também que para além de toda a sensibilidade e amabilidade de quem acompanhou a
visita, entre eles há uma entreajuda e uma grande auto-defesa em obstáculos, o que
demonstra, sem sombras de dúvida, confiança nos seus passos. Pessoas com capacidades no
exercício da sua cidadania.
Para além do passeio pelo parque e pela majestosa Alameda dos Liquidambares, fomos visitar
a casa. Desde o portão de ferro, os vários puxadores existentes, as linhas do chão de madeira,
a mesa em pedra, tudo sensibilizado ao pormenor pelo nosso público que mostrou grande
agrado pela casa que está prestes a completar 80 anos de existência.
Quero salientar ainda a importância da monitora para este público em particular. É uma
pessoa muito afável que lidou muito bem com eles. A sua simpatia, naturalidade com que
explicou e os provérbios foram ganhos com grandes sorrisos.
Confesso que gostei muito de me obrigar a dar importância a comunicação não-verbal e a
todos os pormenores que todos os dias nos rodeiam, que estão lá, mas não lhe prestamos
valor.
Criar acessibilidade aos espaços culturais tem sido uma batalha longa, mas conta hoje com
uma grande vitória ao oferecer condições de igualdade invisuais.
Na minha opinião, a visita correu bastante bem e é uma vitória assegurar o envolvimento das
pessoas com deficiências visuais numa vida social. Mostrar que, infelizmente, não possuem
uma das faculdades básicas, a visão, mas que têm armas para enfrentar os restantes dias e
com elas usufruir da cultura, das artes, da arquitectura e dos segredos da natureza.
Da parte da tarde, fui assistir a Visita guiada as Exposições que contou com a presença de um
grupo de 10 homens que frequentavam uma formação em Arquitectura financiada no IEFP –
Instituto de Emprego e Formação Profissional do Porto cuja orientação ficou a cargo da
monitora Raquel Correia. A monitora questionou-os, logo no início, sobre o que entendiam
sobre a arte, por forma, a adequar a visita e o seu discurso. Uma vez que, era um público que
visitava Serralves pela 1ª vez e com percursos de vida fora do contexto das artes ou da
arquitectura, a monitora adoptou uma linguagem corrente e cheia de pormenores que captou
o seu interesse.
Ao longo da exposição, as fotografias foram alvo de reflexão e de máxima atenção dos
visitantes, aliás, foram o grande objecto de estudo.
Penso que neste tipo de público não se justifica uma grande exposição extensiva, mas sim
realçar os pontos fortes que caracterizam cada obra do artista, assim, é possível e torna-se
mais fácil reterem uma ideia.
Houve várias paragens que permitiram uma partilha de sensações ao visualizarem
determinadas fotografias. Eclodir interacção e fazê-los interpretar a imagem. Ao fim ao cabo,
um exercício de grupo de onde emergiu pensamentos engraçados e únicos. Curioso verificar
que em cada grupo, em cada pessoa, há uma interpretação muito pessoal e que nem sempre
vai ao encontro da mensagem do artista. A nossa vivência acaba por moldar a nossa visão e
deixar-nos levar pela imaginação.
Dia 4
Observação da actividade Aulas no Museu I coordenado pelo monitor José Maia e com a
participação dos alunos do 6º ano da Escola Secundária Inês de Castro de Coimbra.
O grande enfoque desta actividade é a disciplina de educação visual e tecnológica, orientada
para o ensino básico / 2º ciclo, que tem como principal objectivo oferecer aos alunos
experiências de modo a vivenciarem com a arte. Portanto, nada melhor que começar por
entender as linguagens plásticas e perceber as diferenças entre a pintura e a escultura.
Questionados sobre o que entendiam sobre estas temáticas, o monitor apercebeu-se do que é
que já tinham dado na escola.
Tendo como base os slides, o monitor solicitou a um aluno de cada vez a leitura dos textos e
depois para reforçar, exemplificou com os materiais de trabalho existentes na sala. Facilitou o
entendimento e também captou a atenção. Uma vez que, o grupo estava um pouco disperso e
com pouca disposição, pois vieram de longe e estavam a queixar-se de estar com sono, o
monitor resolveu fazer pequenos exercícios práticos que em nada tinham a ver com a matéria.
Mas, a meu ver, foram engraçados e eles reagiram bem. Despertaram!
Falou-se sobre o desenho, a pintura, a escultura, a colagem, a arquitectura, bem como, os
elementos constituintes da gramática visual (o ponto, linha, plano, volume, texturas, padrão,
modulo, cor, luz, movimento, ritmo, materiais e técnicas). Mas para que eles pudessem
exercitar o que aprenderam, fomos ao Museu. Sem tocar nas obras, foi pedido que eles
identificam-se toda a gramática visual, de modo, a que apercebem-se da interacção das cores,
da ilusão óptica e de todo o movimento que as fotografias oferecem. Criou-se um momento de
interpretação fotográfica para que exercitassem o pensamento e não sentirem a visita como
um passeio pelo Museu onde há fotografias bonitas e outras feias.
Um exercício bem conseguido que os obrigou a terem um papel activa na sua aprendizagem.
Mostrar que os Museus são espaços vivos onde podemos dar «asas» a nossa imaginação e
com ele aprendermos.
Apoiei na arrumação da sala dos Serviços Educativos para a actividade seguinte.
Participação na 2ª sessão de um conjunto de 4 sessões do Laboratório de Artes também
coordenado pelo monitor José Maia e com a habitual colaboração da ADILO. Sem grandes
demoras, houve uma breve apresentação de slides sobre extensive graffiti, desta vez não só
com imagens, mas também o retrato acompanhado de texto. Como contou com a participação
de novos alunos, o monitor explicou o trabalho que os colegas realizaram na 6ª passada. Aos
«repetentes» o trabalho era para continuar. Por forma, a deitar mãos a obra, nada melhor que
pô-los a vontade com o espaço e com as ferramentas de trabalhos que iriam usar,
principalmente com as tintas. Rapidamente se passou da teoria a prática. Em redor da sala
podíamos encontrar expostas as fotografias e os trabalhos realizados, uma forma de, fazer
senti-los que fazem parte de algo, que o espaço era deles. E se o espaço era harmonioso e
colorido, era porque eles conseguiram animá-lo com a criatividade. Entre recortes, colagens,
pinturas, a participação e o entusiasmo foram sempre visíveis. Mostraram muito que gostaram
de fazer esses trabalhos pois, identificaram-se com o graffiti. Penso que nesta 2ª sessão houve
a habitual boa disposição e vontade de trabalhar, e o facto, da nota introdutória ser pequena e
ligeira, ao contrário da primeira, não esgotou a sua paciência e tiveram mais tempo para
trabalhar como verdadeiros artistas.
Jenny Ramos
Relatório Semanal do Estágio na Fundação de Serralves –
Serviço Educativo
Orientador de estágio da Faculdade de Letras: Doutor Nuno Moutinho Orientadores de estágio da Fundação de Serralves: Dra. Sofia Vitorino e Engenheira Elisabete Alves Estagiária: Jenny Ramos
Semana: 7 Dezembro a 11 Dezembro de 2009
Dia 7 - «Ponte»
Dia 8 – Feriado
Dia 9
Participação na Oficina Clubes da Natureza novamente com a monitora Ana Martins e contou
com o entusiasmo dos pequeninos do Colégio Os Primeiros Passos do Porto.
O que vamos fazer hoje Ana? Perguntou uma menina a puxar pelo casaco da Ana. O trabalho
era apanhar as sementes das árvores, colocá-las no saco de plástico para depois deixá-las
secar. Como não havia muitas sementinhas, apanhou-se também bolotas, pinhas, cocas ao
longo do jardim. A apanha correu muito bem e eles estavam de parabéns, portanto, mereciam
uma surpresa, correr no roseiral! Um espaço muito bonito e que encanta os miúdos. Poderam
brincar, correr em harmonia com a natureza. Os pequenos estavam bem-dispostos e o facto de
já conhecerem a Ana (tratando-a sempre por Ana e não por professora, como aconteceu no
outro Clube da Natureza) fez com que o ambiente fosse bastante agradável para todos.
No final, levaram para o colégio uma amostra das várias sementes. Novamente, a mesma
componente de criar responsabilidade nas crianças ao cuidar das sementes que levaram e,
também uma forma de tangibilizar a sua visita.
De tarde, era altura da Arquitectar!
A Oficina, orientada pela monitora Inês Caetano, contou com a participação dos alunos do 9º
ano da Escola E. B. 2/3 de Alvarelhos da Trofa, que tinha como principal exercício de
exploração e imaginação construir uma pequena maquete individual para um museu novo.
Após uma breve nota introdutória sobre o que era ser arquitecto, o que era arte, arquitectura,
… temáticas artísticas. Foi um momento em que eles puderam expressar a sua opinião.
Foi facultado a todos os elementos uma planta do Museu de Arte Contemporânea e pedido
que identificassem certos pontos como as paredes, as portas, etc. Foi um exercício fácil pois
eles estavam a frequentar o curso tecnológico. No interior do Museu, a planta funcionou como
uma bússola. Uma forma de explorar e testar a sua capacidade de orientação, uma vez que,
havia partes que não estavam identificadas na planta (falhas), o que provocava despiste.
Percebido o estilo do arquitecto e a organização do espaço, a parte prática foi então
desenvolvida na sala dos Serviços Educativos em que consistia em introduzir uma nova
configuração e lógica diferente do Siza Vieira. Tendo como base a planta foi dada liberdade em
reorganizar os 4 espaços do museu. A monitora ajudou ao dar algumas pistas, mas de resto foi
a imaginação e criatividade de cada um.
Experimentar formas irregulares, criar novas paredes, clarabóias, varandas, tecto, … para eles
sentirem a importância de uma maquete que permite estudar a simetria, interpretar as
dinâmicas das paredes, e ao fim ao cabo, tirar conclusões e criticas que evidenciem que os
espaços são funcionáveis.
Quando todos terminaram a sua maquete, algumas com formas bem curiosas, os autores de
cada trabalho apresentou aos colegas a sua visão/raciocínio.
Foi possível levarem a maquete para casa e a monitora sugeriu, para os mais curiosos, várias
maneiras de aprimorarem a maquete, por exemplo com tintas. Mostrar que havia muito mais
a fazer. Não só erguer paredes, mas também atribuir-lhe tonalidades aos espaços com
significados diferentes.
Dia 10
Participação na oficina Cientistas no Parque novamente com a monitora Paula, mas desta vez
com a participação dos alunos do 6º ano da Escola E. B. 2/3 de Pedrouços. O conteúdo escolar
foi o mesmo que na oficina do dia 17 de Novembro, ou seja, apanhar uma minhoca no jardim e
dissecá-la.
Em conversa com a professora, a própria opinou que as oficinas eram muito boas porque
durante os 60 minutos de aula não chegavam para dar o programa lectivo previsto, e
consequente, não sobra tempo para as actividades práticas. E na escola em questão também
não havia espaço nem sequer material para realizar as experiências. Desta forma, Serralves
pôde assegurar aos jovens um contacto com a realidade e meio ambiente.
Como o trabalho foi bem desenvolvido houve tempo para adiantarem o trabalho que seria
feito na escola, portanto, de colar a imagem da minhoca dissecada na ficha de trabalho, bem
como, de fazer a sua legenda.
Dia 11
Participação na Oficina Parque à Vista com os pequenitos do jardim de Infância da Quinta do
Vale de Vila Nova de Gaia e a coordenação da Carla e Isabel da Cataventos, Lda.
A lição foi sobre as cores básicas, o transparente e o opaco. E, para explicar identificou as cores
nos objectos existentes na sala.
Para se perceber como surgem novas cores, fez-se misturas com as tintas de água. Colocou-se
dentro de cada saquinho de plástico o amarelo, azul, vermelho e verde. Depois colou-se dois
paus pequenos em forma de cruz e em cada ponta dos paus colou-se um fio que ligava ao
saquinho que continha a tinta. Uma espécie de espanta espírito que serviu para pendurar e
com a incidência da luz reflectia as cores em grande escala. O resultado final foi muito
engraçado e eles gostaram de «brincar» com as cores.
Apoiei na montagem da sala do serviço educativo.
Participação na 3ª sessão da oficina Laboratório de Artes com José Maia e a colaboração da
ADILO.
Houve uma nova aluna, e como é habitual, o monitor tem a preocupação de mostrar o
trabalho que os colegas têm vindo a desenvolver. Aos colegas nem foi preciso serem
orientados, já sabiam os seus lugares e que trabalho tinham que fazer.
A segunda parte da sessão consistia em fazer uma maquete de uma Bike Tour que gostassem
de ter na zona de residência. O monitor, para ajudar, projectou vários exemplos reais de Bike
Tour.
Entre esferovite, cartão, cortes e colagem nasceu um projecto muito engraçado.
Ajudei na arrumação da sala do serviço educativo.
Jenny Ramos
Relatório Semanal do Estágio na Fundação de Serralves –
Serviço Educativo
Orientador de estágio da Faculdade de Letras: Doutor Nuno Moutinho Orientadores de estágio da Fundação de Serralves: Dra. Sofia Vitorino e Engenheira Elisabete Alves Estagiária: Jenny Ramos
Semana: 14 Dezembro a 18 Dezembro de 2009
Dia 14 – Sem actividades
Dia 15
Embalados pela música de fundo da autoria dos Lullabye Brasileira, fizemos uma Viagem pelo
imaginário comandada pela Cristina Camargo. Os tripulantes eram do Externato Ana Sullivan.
Espalhados pela sala puderam movimentar-se como se estivessem a voar para um lugar
imaginário. Chegados a terra imaginária, tinham a sua espera «personagens». As personagens
eram as suas sombras na parede. Para assinalar a sua personagem, um colega contornava a
sua sombra e vice-versa. O passo seguinte era dar vida, colorir. Mas para isso era necessário
tintas. Então, já sentados, a monitora explicou a mistura das cores básicas para fazer o
castanho, rosa, verde e laranja. Com o pincel na mão e o copo na outra, preencheram a parede
toda, ou seja, além de pintar a sua sombra, fizeram outros desenhos, que representavam a
vida dessa cidade imaginária, por exemplo, casas, flores, animais, sol, …
Para os que acabavam mais cedo, a monitora entreve-os com folhas cheias de tinta para eles
contornarem. Uma forma para ninguém estar parado na «viagem».
Visto serem um grupo de necessidades especiais foi necessário a participação das professoras
e uma linguagem muito emotiva e simples. Além disso, o tacto ou o gesto foi imprescindível
para os orientar e levá-los mesmo ao sítio onde tinham que trabalham.
Confesso que foi uma oficina muito interessante não só pelo público mas, também pela
sensibilidade da monitora. Em conversa com as professoras desabafou que o espaço que eles
têm na escola é um terço da sala do Serviço Educativo, portanto, muito pequeno, o que
delimita o tipo de actividades e os movimentos corporais. A vinda deles a Serralves traduz-se
assim numa grande motivação porque para além das expressões corporais, aquela liberdade
de movimentar-se sem restrições, a música envolvente que proporciona um ambiente
descontraído O objectivo da aula era aprender a entender a sua relação com a sombra, com
algo imaginário, isto é, uma maneira de puxarem pela imaginação.
De tarde, foi a vez da monitora Joana Mendonça guiar os alunos do 12º ano do curso
Profissional de Gestão do Ambiente da Escola Secundária de Seia ao longo das Exposições.
Com apenas 1hora de visita e visto se tratar de um grupo não vocacionado para a arte, a
monitora fez uma selecção das fotografias do Museu mais pertinentes para debaterem.
Desde a prova de contacto de Augusto Alves da Silva, a projecção aleatória das fotografias da
viagem do autor por estradas espanholas, na sala síntese a fotografia do «Ferrari» e do jardim
zoológico, o vídeo do Museu de cera com a imagem do Presidente Bush e ainda a obra
intitulada «Estradas», foram pontos de paragem e reflexão. Mas porquê só estas fotografias?
Pelo facto de serem mais fáceis de entender o contexto e representavam aspectos que o leitor
facilmente identificava. Todas elas tinham pormenores interessantes e quase sempre era esse
o ponto de partida da monitora. Na colecção Serralves 2009 focou apenas a peça da artista
Ana Vieira intitulada «As Janelas». Foi uma sensação engraçada...como se estivéssemos a
espreitar as casas dos vizinhos.
Houve momentos em que tive a sensação que a oficina era apenas para as duas professoras e
para mim. Por fim, o grupo já estava muito desmotivado e disperso.
Penso que houve aqui falhas para captar e manter a atenção do público e depois o facto de ser
apenas 1hora deu-lhes a sensação que era chegar, ver algumas obras e pronto estava feito.
Não viram a arte como um momento de reflexão, de questões, de partilha e liberdade de
pensamento.
Dia 16
Apoiei na preparação da sala de trabalho (cozinha da Casa).
Participei na Oficina Verde Sobre Verde com a monitora Cristina Camargo e os alunos do 5º
ano da Escola Básica 1/2 Vila Praia do Âncora.
Sendo o verde a cor dominante de Serralves, a observação que eles fizeram no percurso até a
Casa, serviu como base para estudar unicamente essa cor e as suas tonalidades.
Divididos em quatro mesas os 17 alunos, a monitora disponibilizou em cada uma delas os
materiais de trabalho, desde os pratos de plástico, pasteis de óleo, tinta azul e amarela, rolos,
pincéis, cotonetes, cartões de crédito,… Depois de ser explicado o manuseamento de cada um
deles era altura de trabalhar.
Descobriram as várias tonalidades do verde, as várias texturas que cada instrumento de
trabalho permite realizar, tudo conjugado com a sua criatividade que evidenciava no papel.
A animação e a alegria tomaram conta da aula, já para não referir que havia tinta por todo o
lado. Era fruto da liberdade de «brincar» com as tintas na sala de aula e de fazerem
experiências com coisas banais como o uso do cotonete ou do cartão de crédito,.
Foi possível nesta oficina desenvolver a experimentação de novos tons, valorizar a sua
autonomia, no sentido em que, depois da explicação eles realizarem o máximo do trabalho
sozinho. Mostrar ainda que é possível dois campos temáticos – o meio ambiente e a arte – se
cruzarem.
Como é habitual cada um levou para casa os seus trabalhos.
No fim da oficina arrumamos a sala.
Ajudar a planificar as actividades do Serviço Educativo de acordo com a faixa etária das
crianças foi um dos grandes tópicos de conversa na Formação para Formadores liderada pela
Consultora do Serviço Educativo, Dra. Elvira Leite, em parceria com a Dra. Sofia Vitorino e a
Dra. Elisabete Alves.
Desta vez, nos bancos estavam os monitores para participarem nas várias actividades que
tinham sido preparadas pelo Serviço Educativo. A primeira actividade foi escrever numa folha
em branco as 5 palavras mais importantes para nós, amachuca-la e coloca-la no meio da roda
que fizemos no centro da sala. Na tentativa de regressarmos a nossa infância, foi-nos proposto
um exercício que implicava escrever as experiências mais marcantes, sejas boas ou más, no
nosso nascimento, aos 3, 6, 11 e 17 anos. No lado verso dessa folha, contornamos a nossa mão
esquerda e colamos as iniciais do primeiro e último nome.
Para finalizar este conjunto de exercícios, tínhamos que traçar a nossa vivência, as nossas
experiências, (desde o nosso nascimento até aos 17 anos) portanto, em termos físicos foi
desde onde estávamos sentados até ao centro da sala. Podíamos usar qualquer um dos
materiais disponíveis na sala, desde, fita-cola, tesouras, fotografias, canetas,…e depois era só
puxar pela criatividade e representar as várias etapas da nossa vida. Posteriormente, foi
proporcionado um momento de partilha sobre as experiências de cada um.
Gostei termos começado pela prática, motivou-nos e criou-se um ambiente descontraído.
Também a sala ganhou harmonia com os trabalhos colados no chão.
A 2ª parte foi iniciada com um espaço aberto sobre a importância das oficinas, no qual se
referiu as oportunidades que oferecem, desde, a liberdade ao institucional, a importância de
desenvolver capacidades de interpretação, autonomia e criatividade, entre outras. Serviu para
entender melhor a dinâmica de ajustar o conteúdo pragmático à idade da criança. Houve uma
projecção de slides, que na minha opinião, foram bem conseguidos porque este tipo de
matéria explica-se através de imagens (desenhos feitos por miúdos de várias idades) do que
texto atrás de texto. Alertou-se para a importância que há em estudar previamente o público
da oficina e planifica-la minuciosamente. Ter a sensibilidade para a produção plástica, na
observação, nos exercícios de memorização e também na organização do espaço de acção de
acordo com o público. Neste sentido, foi distribuído um esquema de planificação de
actividades / oficinas para ajudar o trabalho do monitor e aumentar a satisfação e pedagogia
de quem visita a Fundação de Serralves.
Dia 17
Reunião com a Dra. Sofia para orientação do tema do relatório de estágio.
Dia 18
Apoiei na organização da sala.
Era a quarta e última sessão da oficina Laboratório de Artes com o monitor José Maia e os
jovens da ADILO.
O objectivo era expor todos os trabalhos realizados nas paredes e em cima das mesas, por
forma, a ser uma exposição aberta ao público. Mas para tal, foi necessário finalizar a maquete
(bike tour). Enquanto uns a pintavam outros fizeram miniaturas de skates, bancos de jardim,
pessoas, balizas, animais,… com plasticina para dar vida a maquete. Relembro que a maquete
é um projecto de bike tour que eles gostavam de ter no seu bairro.
Com tudo terminado e exposto abriu-se as portas da exposição.
Contou com a especial participação da Dra. Elvira Leite e Dra. Sofia Vitorino, entre outros
singulares, que demonstraram bom agrado pelos trabalhos dos jovens. Houve interacção de
alguns jovens com as pessoas presentes, a fim de explicar o trabalho que desenvolveram e até
foi possível explicar certos trabalhos ao pormenor. Paralelamente a exposição, houve a
projecção dos trabalhos deles.
No geral, gostei de aprender tudo quanto foi possível, conviver com outras realidades e ajudar
o monitor na preparação e decurso da aula, mas há alguns pontos que quero referir:
• Visto ter sido um grupo com várias faixas etárias, eu reparei que os mais velhos
desempenharam mais o papel de ajudar os pequenos, sendo que eles também
queriam participar mais. Sugiro então, a continuação destas oficinas mas com
intervalos de idades, agrupando sempre crianças com crianças e jovens com jovens.
Até podia haver em simultâneo as duas oficinas em cada sala, para que venham e
regressem ao bairro todos juntos. E em cada sala, um responsável da ADILO.
• Ideal era também que os jovens que viessem a primeira sessão que voltassem as
restantes, para depois o trabalho não ficar a meio ou aparecerem novos jovens a meio,
porque, isso implica que se explique novamente o trabalho realizado e os outros terão
que aguardar novas indicações.
• Outra ideia era ser facultado um certificado de participação na última sessão para eles
guardarem e desta forma, tangibilizar o serviço.
Colaborei na arrumação do espaço.
Jenny Ramos
Relatório Semanal do Estágio na Fundação de Serralves –
Serviço Educativo
Orientador de estágio da Faculdade de Letras: Doutor Nuno Moutinho Orientadores de estágio da Fundação de Serralves: Dra. Sofia Vitorino e Engenheira Elisabete Alves Estagiária: Jenny Ramos
Semana: 21 de Dezembro a 4 de Janeiro de 2010 – Férias de Natal conforme
calendário escolar
Semana: 5 a 8 de Janeiro de 2010
Dia 5
Participei na Visita Guiada Exposições orientada pelo monitor Samuel Silva e a colaboração
dos alunos do 9º ano da Escola Básica 2/3 de Montelongo.
Logo no início o monitor planificou a visita para entender a sua estrutura. No interior do
museu conheceu-se a vida do artista, Augusto Alves da Silva, e tentar perceber o que era arte.
Não impor um ponto de vista, mas sim criar neles um fio condutor para que eles possam
desenvolver o seu próprio pensamento. Na prática, o monitor levou-os a ver o vídeo que o
artista fez em estradas espanholas e propôs um exercício que consistia em identificar um
denominador comum e tentarem perceber a relação da imagem e o som. Criar um momento
de interacção e descobrirem a mensagem e experiência que o autor quis transmitir na obra.
Este tipo de exercício aplicou-se também as outras obras. No caso das fotografias, o monitor
alertou-os para a dialéctica da fotografia que o autor evidencia nelas. Tentar perceber o
conteúdo e a forma da imagem que nos remete para alguma simetria e diálogo de cor. O
monitor quis mostrar a fotografia, não só o seu lado estético e subjectivo, mas também o
significado e o significante (semiótica) que ela representa. Não ser um mero espectador
especulativo, mas obrigá-lo a entrar na interpretação visual e descobrir o ponto inquietante
que nos faz pensar.
Fomos também visitar algumas obras da exposição colectiva de Serralves, nomeadamente
entender a metamorfose da obra de Júlia Ventura, a apresentação escultórica do carro
decapotado e as fotografias intituladas «Estrelas do Rock» do argentino David Lamelas. Em
todas elas, o monitor proporcionou espaços de conversa, de questões, de detalhes que
originou risos entre os mais novos. Houve sempre o cuidado de ver a obra num tempo
passado, de como os factores históricos, sociais influenciaram a obra e vê-la hoje num
contexto diferente permitiu tirar ilações. Esta distinção provocou reflexão e também ver a arte
como um produto ou resultado da sociedade.
Ao longo da visita, verifiquei que o monitor teve a preocupação de criar uma identificação do
que se via com algum objecto ou momento pessoal para que a compreensão fosse mais fácil e
objectiva. Em conversa, o monitor confessou-me que usa este tipo de estratégia da
identificação que o ajuda a captar a atenção do público, questioná-los e mostrar a arte como
algo acessível a qualquer um.
No fim da visita, sentados no chão, reflectiu-se sobre afinal o que é a arte e a literacia visual
que todos os dias somos bombardeados.
Dia 6
O Livro de Artista foi a oficina que contou com a participação da turma do 12º ano de Artes da
Escola Secundária de Rio Tinto sob a coordenação do monitor Samuel Silva.
O monitor seguiu a mesma linha orientadora no início da oficina, como fez na visita do dia
anterior, planificou as etapas da sessão.
Esta oficina tem como objectivo final elaborar um pequeno livro e, para tal, fomos a biblioteca
do Museu de Serralves entender o que era um livro de artista. Na mesa estavam vários
exemplos, nomeadamente, de Richard Tuttle, On Kowara, John Cage, entre outros. Cada livro
tinha a sua própria identidade que o distinguia dos livros convencionais, ora pela sua forma
(circular, quadrada, …), textura (tecido, caixa, …) e conteúdo (mais imagem e menos texto,
auto-retratos, colagens, …). Foi um momento rico para compreender o que é um livro de
artista e todas as suas características intrínsecas, que o tornam distinto de qualquer livro
tradicional. Também ajudá-los em como podem dar asas a sua imaginação para depois criarem
o seu próprio livro.
Seguiu-se o Museu onde também foi possível visualizar outros modelos de livros, tais como, o
livro desdobrável de Robert Filliou, o jogo de palavras de Júlio Plaza, várias fotografias e
serigrafias que retratam a poesia visual com o movimento de letras.
Depois de uma boa sessão explicativa, era altura de criar novos livros de artista. Sentados em
grupo na sala do Serviço Educativo e com todos os materiais disponíveis começaram a
desenvolver os projectos. Havia apenas 1hora e penso que foi suficiente para mostrar que se
pode realizar algo simples, mas criativo, basta ter uma boa gestão do tempo. O monitor foi
sempre acompanhando os trabalhos e acabava por dar uma ou outra dica para os inquietar e
obrigá-los a arranjar uma solução.
Entretanto, os professores fotografavam os trabalhos, bem como as apresentações. Os alunos
desta turma confessaram que tinham um espaço no site da escola e faziam questão de colocar
fotografias dos seus trabalhos.
Todos nós gostamos de registar o momento, por isso, a questão da tangibilidade da oferta
cultural dos serviços ser muito importante para preservamos a visita.
Dia 7
Participação na Visita Guiada ao Parque com a monitora Paula Duarte e os alunos do 8º ano
da Cooperativa de Ensino Açorenses de Viana do Castelo. Não se tratava da primeira visita
destes alunos a Serralves e sabendo de antemão, a monitora tentou perceber porque repetiam
a experiência e do que é que se lembravam. Criou logo um momento interactivo e, foi a partir
desse momento que começou a relembrar e aprofundar as maravilhas que os jardins
oferecem. A colher do jardineiro foi sem dúvida a mais lembrada.
Quer pela sua dimensão, a posição que nos remete para um dinamismo, o contraste do
vermelho com o verde da natureza e, também a localização central na antiga entrada principal,
são factores que facilmente retemos.
A Casa de Serralves ou a Casa Rosa também foram pontos alto da visita, pois mereceram uma
abordagem mais extensiva. Dando sempre espaço para que eles observam-se foram depois
questionados sobre o que tinham achado sobre a casa. Falou-se desde a fachada, a capela, as
divisões da casa, mas sem grandes pormenores do seu interior. Todo o jardim do século XX
que embeleza a frente da Casa foi analisado quer pela sua dimensão, cor, geometria racional,
jogo de água e a utilidade social que oferece.
O grupo não foi dos mais entusiastas e, por forma, a simplificar a matéria mas, torná-los mais
participativos, a monitora, a medida que mostrava os jardins, pedia para compararem com o
jardim anterior. O jardim romântico/naturalista foi o que se seguiu. Este prima muito pela
espontaneidade da natureza, o lago, a ilha, o embargador e o facto de estar sem grandes
intervenções do homem confere-lhe uma beleza natural. O 3º jardim foi o Contemporâneo
que nos contempla com uma vegetação mais diferente.
Antes de chegar ao fim da visita fez-se ainda uma breve paragem com vista para os candeeiros
da biblioteca realçando a obra do arquitecto Siza Vieira.
Tive a sensação que primeiramente orientou-se a visita para um modelo tradicional de ensino,
mas visto ter um grupo muito disperso, pouco interessado e participativo, houve uma
mudança na atitude da monitora. Notou-se que a abordagem foi muito geral e comparativa
entre os vários jardins. Conheceu-se os pontos característicos dos jardins, mas sem grande
contexto histórico. Penso que este tipo de atitude seja importante para qualquer monitor
porque quando se apercebe do «estado» do grupo e que o modelo que habitualmente se usa
não está a funcionar, é escusado continuá-lo a praticar naquele momento. Pelo contrário,
proporcionar a visita mais «leve» para que no final seja simpática. Pelo que percebi, se o
conhecimento for transmitido na base da identificação comum e numa conversa corrente com
os grupos mais novos, a visita é bem conseguida. É o monitor quem comanda a visita e é ele
que deve proporcionar a vinda a Serralves agradável e instrutiva.
Dia 8
Neste dia 8 acompanhei os 20 alunos da Escola Básica 1/JI Maninho nº1 da Madalena em dois
momentos, o primeiro na oficina História Ilustrada com Sónia Borges e depois na Visita
Guiada ao Parque com Duarte Silva.
Era a primeira vez que estes pequenos de 7 anos visitavam Serralves e a Sónia perguntou o
que eles esperavam ver e fazer. Formulou questões básicas para os conhecer e também criar
um ambiente simpático entre todos. Facilmente, nasceu uma empatia, muito graças a Sónia,
quer pela sua simpatia, tom de voz, partilha de vivências e o recurso a provérbios, são
mecanismos naturais que origina um ambiente afável. Não é a primeira oficina que vi com ela
e confesso que gosto sempre da alegria e da sensibilidade com todas as crianças.
O objectivo da oficina era criar uma história em conjunto e, para lá chegar, foi pedido que cada
um desenha-se numa folha o que quisesse e conta-se ao colega do lado o que fez. De seguida,
trabalhando dois a dois, tiveram que escrever uma história que conjuga-se os dois desenhos. A
história foi então, dividida em quatro partes, cada uma em quatro folhas acompanhadas dos
seus desenhos. No final, todos juntaram as suas quatro folhas aos outros e formaram um livro
grande com uma história bastante curiosa… Havia duas crianças que não sabiam escrever, mas
até foi engraçado ter acontecido porque entenderam que também é possível criar uma
história unicamente com desenhos.
Era altura da Visita ao Parque com o Duarte.
Foi uma visita muito agitada o que obrigou ao Duarte não dar espaço para brincadeiras. Sem
grandes detalhes sobre o Parque de Serralves, identificaram a colher do jardineiro, a Casa, os
jardins, as árvores e as sementes. Foi tudo muito superficial, os pequenos estavam mais
interessados era nos lagos e nos patos.
São idades muito tenras que ainda não despertaram para um conhecimento muito profundo e
então, as coisas mais simples da natureza são os alvos de grande admiração. É esta
sensibilidade que o monitor desde cedo tem que estar com atenção e adequar o seu discurso e
disposição.
Jenny Ramos
Relatório Semanal do Estágio na Fundação de Serralves –
Serviço Educativo
Orientador de estágio da Faculdade de Letras: Doutor Nuno Moutinho
Orientadores de estágio da Fundação de Serralves: Dra. Sofia Vitorino e Engenheira Elisabete
Alves
Estagiária: Jenny Ramos
Semana: 11 a 15 de Janeiro de 2010
Dia 11
Participei na Visita Guiada Exposições com o monitor Paulo Jesus e com a colaboração dos
alunos do 9º ano da Escola Básica 2/3 Paço de Sousa.
A visita começou com as emblemáticas fotografias de Augusto Alves da Silva e os seus traços
característicos nas obras. O grupo não foi muito participativo, apesar das várias questões
abordadas inicialmente pelo monitor. Mesmo nas fotografias que provocavam mais inquietude
e subjectividade de tema, não houve muita interacção. Reparei que houve momentos
complicados para o monitor.
Falei com o monitor para tentar saber como podemos comunicar com um público mais
complicado, como este grupo. Apesar de colaborar apenas a um mês em Serralves, explicou-
me que este tipo de visita desenvolve-se muito pela exposição teórica, muito embora nas
fotografias do Augusto Alves da Silva ainda conseguisse alongar-se nos pontos fortes que elas
transmitem. As obras com recurso ao audiovisual, de Richard Lang e a sua obra «Stones and
Flies», do Miguel Palma, entre outros, na sua opinião encaixam bem nestes grupos mais
desinteressados. Isto porque as pessoas estão habituadas a pensar na arte no seu lado mais
convencional, portanto, pinturas, esculturas ou quadros. Algo muito complicado de se fazer e
interpretar e recusam-se a tentar explorar, como se fosse inatingível. Quando se deparam com
um carro capotado ou um objecto com originalidade e fundamento, algo que eles estão
habituados a ver no dia -a dia a ser convertido em obra de arte, desperta a atenção e leva-os a
reflectir então, até onde pode ir a arte.
Dia 12
Apoio logístico a Dra. Sofia.
No âmbito do tema do relatório de estágio entrevistei a responsável da Biblioteca de Serralves
para perceber qual a acessibilidade de uma pessoa portadora de deficiência quer motora ou
visual até a biblioteca.
O percurso que o portador com deficiência motora ou invisual faz até a biblioteca…
Desde a entrada principal da Fundação de Serralves até a recepção não há qualquer entrave
para o deficiente, é um passeio plano e recto. Chegado a recepção (piso 3) é orientado por um
segurança ou recepcionista para o elevador para seguir para o piso 2 da biblioteca. Há ainda
outro elevador do piso 2 para o piso inferior da biblioteca. Os botões dos elevadores estão
com a numeração em Braille.
No interior da biblioteca, como se desenvolve o caminho…
A biblioteca é um espaço amplo com a distância suficiente entre as mesas e as estantes para a
mobilidade de uma cadeira de rodas ou um cão guia. Existe uma mesa com 3 computadores,
no fundo da biblioteca para quem desce de elevador, assinalada para uso de pessoas com
necessidades especiais. No entanto, os computadores não estão prontos de imediato para o
caso dos invisuais, é necessário que o deficiente se desloque a funcionária da biblioteca e
posteriormente esta faz a ligação do teclado em Braille ao monitor. Há então 3 teclados em
Braille e encontram-se guardados num armário pois o seu elevado custo (3.000 eur. cada um)
e a não vigilância do espaço, obriga-os a esta medida de segurança. Portanto, só quando
pedido é que é facultado.
O computador está preparado com sistemas informáticos apropriados, nomeadamente o
Zomtext e o Windows eyes, cuja auditoria é feita pela ACAPO.
A biblioteca fecha ao fim-de-semana, como é resolvida esta questão se aparecer um
invisual…
Foi dada formação adequada a uma recepcionista para estar habilitada a prestar apoio na
montagem do equipamento informático. A biblioteca não é aberta ao fim de semana, mas é
facultado um espaço perto da recepção para a pessoa consultar o computador.
A biblioteca apresenta os mínimos da acessibilidade. Mas há pouca aderência dos grupos
com necessidades especiais a biblioteca…
A biblioteca é um espaço especializado nas temáticas ligadas a arte e não se sabe até que
ponto há público com necessidades especiais a frequentar essas áreas, daí ainda não haver
publicações em Braille. Há sim uma revista externa que está disponível na biblioteca em
Braille.
Portanto quer haja visitas com grupos de necessidades especiais ou o deficiente o faça de
forma autónoma pode-se visitar a biblioteca sem qualquer entrave físico e há sempre pessoas
disponíveis para ajudar no que seja necessário. O que se quer é que ele se sinta bem, sem
qualquer tipo de discriminação.
Dia 13
Na Visita Guiada As Exposições do dia 13 contou com a participação do Externato Maristas de
Lisboa orientados pela Rita Martins.
Este colégio privado desloca-se uma vez por ano ao Museu de Arte Contemporânea no âmbito
da disciplina de artes que frequentam.
Começou a visita com uma explicação geral da história de Serralves bem como os espaços que
constituem e a função do Serviço Educativo na organização das visitas pedagógicas.
Nas obras que vimos a monitora teve sempre a preocupação de fazer várias leituras da
fotografia bem como relacionar alguns aspectos que elas contêm com a evolução da técnica
fotográfica. Abordou a questão do tempo, da narrativa, do movimento que podemos analisar
neste artista que se afirma «fotografo da realidade», ou seja, não apenas em criar um
momento de interpretação possível da fotografia, mas sim enquadra-la na história da
fotografia. Por exemplo, perceber o porquê do movimento que hoje conseguimos captá-lo e
que no início da fotografia só o estático era conseguido.
O público mostrou-se sempre interessado, colocando sempre questões e comentários sobre
qual era a sua leitura da obra. A monitora também abordou o grupo várias vezes, e notou-se
perfeitamente que tinham conhecimento.
Apesar de serem uma turma do 10º ano houve uma certa formalidade quer da parte da
monitora, pela sua postura e linguagem técnica, quer pelos jovens que demonstraram um bom
comportamento.
Dia 14
Não houve actividades, aproveitei para pesquisa bibliográfica na Faculdade de Letras.
Dia 15
Pesquisa bibliográfica.
Jenny Ramos
Relatório Semanal do Estágio na Fundação de Serralves –
Serviço Educativo
Orientador de estágio da Faculdade de Letras: Doutor Nuno Moutinho Orientadores de estágio da Fundação de Serralves: Dra. Sofia Vitorino e Engenheira Elisabete Alves Estagiária: Jenny Ramos
Semana: 18 a 22 de Janeiro de 2010
Dia 18, 19, 20, 21 e 22
Apoiei na parte logística nas oficinas «Máquinas».
Apoiei a Anabela no Parque de Serralves.
Participei na 2ª sessão de formação para formadores.
Jenny Ramos
Relatório Semanal do Estágio na Fundação de Serralves –
Serviço Educativo
Orientador de estágio da Faculdade de Letras: Doutor Nuno Moutinho Orientadores de estágio da Fundação de Serralves: Dra. Sofia Vitorino e Engenheira Elisabete Alves Estagiária: Jenny Ramos
Semana: 25 a 29 de Janeiro de 2010
Dia 25
Apoiei na parte logística nas oficinas «Máquinas»
Participei na oficina Ciência Para Todos com o grupo de necessidades educativas especiais da
APPACOM coordenado pelo Mundo Cientifico, Lda.
Principais anotações:
Entrevista ao professor Carlos Guedes da APPACDM do Porto.
Actividades que podemos desenvolver com jovens da APPACDM...
Esta associação acolhe jovens com deficiência mental e neste sentido, podemos desenvolver
actividades como a pintura, ao ar livre para estimular o exercício físico, cozinha, lidas da
casa,…todas as actividades em que haja mobilidade física ou manuseamento dos matérias. A
duração não poderá exceder os 10 ou 15 minutos porque depois desse tempo há uma perda
de atenção. O ideal são actividades curtas e práticas com várias fases de desenvolvimento do
trabalho para facilitar a sua aprendizagem e não se perder atenção.
Qualquer que seja o tipo de actividades os jovens podem usar os materiais de forma doseada,
não devem estar todos à sua disposição. No que toca aos objectos cortantes, estes são
eliminados porque são jovens com grande carga emocional instável. Apesar de todos os jovens
serem portadores de deficiência mental, esta deficiência apresenta vários níveis (ligeiro,
moderado e profundo) e através desta classificação que se agrupa os jovens para que possam
participar em actividades.
Qual a dimensão do grupo?
A dimensão do grupo não deverá exceder os 6 ou 7 elementos e a colaboração de um
professor e um auxiliar. Esta indicação é aplicada quer em actividades no seio da associação
quer em externas, como aconteceu na oficina.
É uma associação que visita regularmente os espaços de Serralves. Quais as dificuldades?
Trata-se de um grupo com a perfeita mobilidade física, portanto, a nível de infra-estruturas
não há qualquer obstáculo. O professor Carlos opina no sentido de haver mais sinaléticas para
a sala do Serviço Educativo, museu, casa de banho, …
Estabelecer comunicação entre o monitor e o jovem é muito importante. Como adoptar essa
comunicação?
Para além da comunicação verbal, é importante complementá-la com a linguagem não-verbal.
Ao falarmos devemos indicar, articular, exemplificar para que a sua compreensão seja mais
rápida. A pouca atenção dos jovens reflecte-se depois na sua aprendizagem porque
apresentam um défice muito grande de assimilação das coisas (os professores e psicólogos
estudam esse aspecto através dos desenhos). Os monitores podem através da expressão
corporal dos jovens avaliar o seu empenho e entusiasmo, daí ser importante qualquer gesto
aliado as palavras.
Não esquecer que é importante, mas não elementar a formação académica do monitor para
acompanhar estes grupos. É indispensável também um extenso trabalho de terreno cuja
observação se tornará valiosa no futuro para organizar actividades.
Dia 26, 27, 28 e 29
Apoiei na parte logística nas oficinas «Máquinas»
Jenny Ramos
Recommended