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Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
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Índice 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 3
2. METODOLOGIA ............................................................................................................. 4
3. IMIGRAÇÃO LEGAL E INTEGRAÇÃO .................................................................... 5
3.1. Migração Internacional, População Habitualmente Residente e Aquisição de
Nacionalidade (Artigo 3.º) ...................................................................................................... 5
3.1.1. Fluxos Migratórios Internacionais ....................................................................... 5
3.1.2. Residência habitual .............................................................................................. 9
3.1.3. Aquisição de nacionalidade................................................................................ 12
3.2. Autorizações de residência concedidas a nacionais de países terceiros .................... 14
4. IMIGRAÇÃO ILEGAL E AFASTAMENTOS ........................................................... 19
4.1. Prevenção de entrada e permanência ilegais - Detecções .......................................... 19
4.2. Afastamentos ............................................................................................................. 20
5. CONTROLO DE FRONTEIRAS ................................................................................. 22
5.1. Prevenção de entrada e permanência ilegais – Recusas............................................. 22
5.2. Relação entre recusas, detecções e afastamentos ....................................................... 23
6. ASILO: PROTECÇÃO INTERNACIONAL .............................................................. 25
6.1. Requerentes de Protecção Internacional .................................................................... 25
6.2. Decisões sobre Protecção Internacional .................................................................... 27
6.3. Transferências ao abrigo do Regulamento de Dublin ................................................ 30
6.4. Menores desacompanhados ....................................................................................... 32
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
3
1. INTRODUÇÃO
O presente relatório foi produzido pelo Ponto de Contacto Nacional da Rede Europeia das
Migrações (REM), criada pela Decisão do Conselho 2008/31/CE, de 14 de Maio de 2008. O
PCN português é assegurado pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. A redacção do
relatório esteve a cargo do Departamento de Planeamento e Formação do SEF.
O objectivo principal deste Relatório sobre Estatísticas da Migração e Protecção Internacional
relativas a Portugal (2009) é descrever as tendências observáveis no ano de referência nas
séries estatísticas temáticas que dizem respeito ao nosso país. As séries em questão referem-se,
nomeadamente, às migrações, protecção internacional, recusas de entrada e detecções,
autorizações de residência e afastamentos. Todos os apuramentos focam em particular os
nacionais de países terceiros, ou seja, os cidadãos extra UE-27.
O desenvolvimento da análise procura potenciar eventuais sinergias com outros relatórios e
estudos que incidem sobre estas mesmas matérias, como por exemplo, o Relatório Imigração
Fronteiras e Asilo 2009, do SEF, ou as Estatísticas Demográficas – 2009, do Instituto
Nacional de Estatística (INE).
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
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2. METODOLOGIA
A metainformação do Eurostat, que se baseia em informação providenciada pelo INE,
descreve que o cômputo total de imigrantes para 2009, que surge na secção 3.1.1., terá sido
estimado com base nos resultados do Inquérito ao Emprego (IE) (acrónimo inglês = LFS).
Ainda segundo a mesma fonte, a distribuição desse total por país de nascimento, país de
nacionalidade, sexo e idade foi estimada através da aplicação de proporções resultantes: do IE,
no caso dos portugueses e dos dados relativos às autorizações de residência concedidas, no
caso dos estrangeiros.
Os dados relativos aos indivíduos com residência habitual, apresentados na secção 3.1.2,
provêm das estimativas da população residente. A estrutura por sexo, idade e nacionalidade é
imputada a partir dos dados do SEF sobre a população estrangeira com autorização de
residência (excluindo os titulares de vistos de curta duração, de estudo, de trabalho ou de
estadia, bem como os estrangeiros irregulares) e ainda dados relativos aos vistos de longa
duração concedidos nos postos consulares portugueses (fonte: MNE).
O valor da população residente que o INE indica para determinado ano reporta-se a 31 de
Dezembro desse mesmo ano, enquanto o Eurostat considera como momento de referência o
dia 1 de Janeiro. Deste modo, para compatibilizarmos os dados com o padrão europeu, e no
que respeita aos dados INE, o 31 de Dezembro de um dado ano corresponde ao 1 de Janeiro
do ano seguinte. As demais secções deste relatório utilizam a informação disponível no site do
Eurostat, em conformidade com as respectivas especificações.
Nas tabelas com números de casos reduzidos, nomeadamente a informação sobre protecção
internacional, a soma das células nem sempre coincide com os totais marginais. Tal facto
deve-se à aplicação do princípio da confidencialidade da informação, no âmbito do segredo
estatístico, por força do qual não se enumeram situações com menos de cinco casos. Esta
situação resulta bem visível nos gráficos sobre dados de protecção internacional (Asilo).
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
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3. IMIGRAÇÃO LEGAL E INTEGRAÇÃO
3.1. Migração Internacional, População Habitualmente Residente e Aquisição de
Nacionalidade (Artigo 3.º)
3.1.1. Fluxos Migratórios Internacionais
No período compreendido entre 2002 e 2009, observa-se uma tendência convergente na
evolução dos fluxos migratórios internacionais (Gráfico 1). A imigração tem decrescido de
forma consistente, mesmo considerando as subidas que se verificaram em 2007 (19%), bem
como no ano de referência do presente relatório, em que se verificou uma subida de cerca de 9%
em relação a 2008, atingindo um valor que ronda os 32 mil imigrantes. Trata-se de uma
quebra na tendência decrescente que se verificou nos últimos anos, cuja eventual natureza
atípica (como foi o caso de 2007), ou de inversão de ciclo, carece ainda de confirmação
através da análise dos valores dos anos subsequentes.
Cumpre referir que, no que diz respeito aos dados referentes 2007, importará ter presente a
emissão de autorizações de residência ao abrigo dos regimes excepcionais previstos na nova
Lei de Estrangeiros (Lei n.º 23/2007 de 4 de Julho), facto que poderá explicar, em grande
medida, os valores que se verificaram nesse ano. Relativamente a 2008, os dados têm
subjacente uma quebra de série estatística resultante da adopção do SII/SEF como fonte única
de produção de informação estatística de residentes estrangeiros (stocks e fluxos), através do
sistema SEFSTAT.
Gráfico 1: Fluxos Migratórios Internacionais (2002-2009)
Fonte: EUROSTAT
0
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Imigração Emigração Migração líquida
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
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No que respeita às nacionalidades que compõem os fluxos, verificam-se alterações
assinaláveis em relação ao ano anterior. Tendo por base os principais grupos de imigrantes,
observamos uma diminuição acentuada da representatividade dos cidadãos extracomunitários,
deixando, assim, de constituir o grupo maioritário (Gráfico 2).
Gráfico 2: Principais grupos de imigrantes por nacionalidade em 2008 e 2009 (%)
Fonte: EUROSTAT
Conforme se pode observar no quadro seguinte (Quadro 1), se excluirmos os indivíduos
portugueses, o número de imigrantes de nacionalidade estrangeira diminuiu cerca de 30%,
facto que nos leva a concluir que o aumento dos valores referentes à imigração em 2009
dever-se-á, sobretudo, ao regresso de cidadãos portugueses.
Quadro 1: Principais grupos de imigrantes estrangeiros por nacionalidade em 2008 e 2009 (n.º)
Fonte: EUROSTAT
Desagregando os dados por estrutura etária (Gráfico 3), observa-se que 45% dos imigrantes
pertencem ao grupo dos jovens em idade activa 20-34, em linha com o ocorrido nos últimos
anos e já referenciado como o tipo de imigração característico para Portugal.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2008 2009
32%
56%
14%
12%
54%
32% Non EU27-countries nordeclaring country
EU27-countries exceptdeclaring country
Declaring country
Grupos
Comunitários
Extracomunitários
TOTAL
2008
4.082
16.050
20.132
2009
3.999
10.264
14.263
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
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Gráfico 3: Estrutura Etária dos principais grupos de imigrantes por nacionalidade (n.º) - 2009
Fonte: EUROSTAT
No que concerne ao género, verificamos que, tal como nos anos anteriores, o sexo masculino
representa a maioria dos imigrantes (55%). No entanto, se observarmos a desagregação por
género nos principais grupos de imigrantes verificamos que no caso dos cidadãos
extracomunitários esta supremacia do sexo masculino não se verifica (Gráfico 4).
Gráfico 4: Desagregação por género nos principais grupos de imigrantes por nacionalidade (n.º)
- 2009
Fonte: EUROSTAT
0 5 000 10 000 15 000
0-19
20-34
35-64
65+
Declaring country
EU27-countriesexcept declaringcountry
Non EU27-countriesnor declaring country
0
5 000
10 000
15 000
20 000
Declaring country EU27-countriesexcept declaring
country
Non EU27-countries nor
declaring country
10 904
2 117
4 719
7 140
1 882
5 545
Females
Males
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
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Por seu turno, no que concerne à emigração, assistimos a uma ascensão gradual até 2006,
seguida de uma subida acentuada em 2007 e uma descida gradativa até 2009. Esta possível
inversão de tendência na emigração carece, no entanto, de verificação através dos dados
referentes a 2010 e 2011.
Durante o ano de referência, emigraram 16.899 indivíduos, dos quais 84% eram cidadãos
portugueses. Perto de 80% dos emigrantes tinham idades até aos trinta e quatro anos, o que
revela que, à semelhança dos anos anteriores, emigraram sobretudo pessoas nas idades activas
jovens e respectivos dependentes. Na composição dos emigrantes desagregada por sexo, 57%
são do sexo masculino.
Gráfico 5: Emigração por nacionalidade, idade e sexo em 2009
Fonte: EUROSTAT
Relativamente ao saldo migratório (Gráfico 1), assistimos a um claro e acentuado decréscimo
até 2008, ano em que se verificou o valor de menor expressão de toda a série (9.361
indivíduos). No entanto, em 2009, com a subida da imigração e o decréscimo na emigração, o
saldo migratório inverteu a sua tendência com uma subida de 65% em relação ao ano anterior,
atingindo um valor de 15.408 indivíduos.
Em termos globais, e uma vez que se verifica um saldo amplamente positivo no período em
apreço (mais de 289 mil indivíduos), poderemos afirmar que Portugal continua a ser um país
de imigração.
PT 84%
EU27 1%
Non EU27 15%
0-19 37%
20-34 40%
35-64 21%
65+ 2%
Male 57%
Female 43%
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
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3.1.2. Residência habitual
A população residente em Portugal em 31 de Dezembro de 2009 foi estimada em 10.637.713
indivíduos, valor que traduz um acréscimo populacional de 0,01%, para o qual contribuiu um
saldo migratório positivo de 15.408 indivíduos.
O número de estrangeiros com residência habitual em Portugal continuou a aumentar,
atingindo os 457.306 indivíduos, representando, no final do ano em análise, 4,3% da
população (+0,1% em relação a 2008), sendo constituída, maioritariamente, por cidadãos
nacionais de países terceiros (79%), o que representa um ligeiro decréscimo em relação ao ano
anterior (Gráfico 6). Este facto deve-se, sobretudo, a um crescimento expressivo de cidadãos
romenos (17%), fortalecendo assim, a sua posição de Estado-Membro da União Europeia com
maior número de residentes em Portugal.
Gráfico 6: Principais grupos de estrangeiros residentes habituais em 2008 e 2009 (%)
Fonte: EUROSTAT
As nacionalidades extracomunitárias com maior representatividade são, respectivamente, a
brasileira, ucraniana, cabo-verdiana, angolana, guineense (Bissau), moldava, chinesa, são-
tomense, russa e indiana (Gráfico 7). No que concerne aos respectivos posicionamentos, não
se verificam alterações em relação ao ano anterior. Cumpre referir ainda que se denota uma
ligeira quebra na maioria das nacionalidades, à excepção da brasileira, chinesa e indiana. Esta
ligeira quebra poderá ter sido motivada por diversos factores, tais como: obtenção da
nacionalidade portuguesa, retorno ao país de origem ou remigração para outros países.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2008 2009
81% 79%
19% 21%
EU27-countriesexcept declaringcountry
Non EU27-countries nordeclaring country
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
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Gráfico 7: Top 10 das nacionalidades de países terceiros residentes habituais em 2008 e 2009 (n.º)
Fonte: EUROSTAT
No que concerne à estrutura etária dos cidadãos estrangeiros com residência habitual em
Portugal (Gráfico 8), verificamos que a maioria pertence ao grupo de indivíduos em idade
activa 35-64, o que revela que se trata de uma população mais envelhecida do que a maioria
dos imigrantes, a qual, pertence ao grupo dos jovens em idade activa 20-34.
Gráfico 8: Estrutura Etária dos principais grupos de estrangeiros residentes habituais (n.º) -
2009
Fonte: EUROSTAT
0
20,000
40,000
60,000
80,000
100,000
120,000
2008
2009
0 50 000 100 000 150 000 200 000 250 000
0-19
20-34
35-64
65+
EU27-countriesexcept declaringcountry
Extra EU-27
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
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Numa análise por género (Quadro 2), observamos que, à semelhança dos anos anteriores, o
sexo masculino representa a maioria dos estrangeiros residentes habituais em Portugal (52%).
Quadro 2: Desagregação por género nos principais grupos de estrangeiros residentes habituais
(n.º) - 2009
Fonte: EUROSTAT
No entanto, esta realidade não é transversal a todas as nacionalidades. De facto, se
considerarmos as nacionalidades extracomunitárias mais representativas (Gráfico 9),
constatamos alguma predominância do género feminino nas nacionalidades brasileira, russa e
dos PALOP (à excepção da Guiné-Bissau).
Gráfico 9: Desagregação por género nas nacionalidades mais representativas de países terceiros
residentes habituais em 2009 (n.º)
Fonte: EUROSTAT
Grupos
Comunitários
Extracomunitários
TOTAL
Masculino
50.659
185.167
235.826
Feminino
43.501
177.979
221.480
Total
94.160
363.146
457.306
0
20,000
40,000
60,000
80,000
H
M
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
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Este facto será justificado pela eventual aquisição da nacionalidade portuguesa pela população
masculina que incorporou os primeiros fluxos migratórios.
3.1.3. Aquisição de nacionalidade
Em 2009, 25.570 indivíduos adquiriram a nacionalidade portuguesa, o que representa um
aumento de 14% face ao ano anterior. Analisando os principais grupos de indivíduos
estrangeiros, observamos que a maioria é nacional de países terceiros (86%) e apenas 2% de
um país da União Europeia.
As principais nacionalidades dos indivíduos que adquiriram a nacionalidade portuguesa em
2009 eram a cabo-verdiana, brasileira, moldava, guineense (Bissau), angolana, são-tomense,
indiana, ucraniana, guineense (Conacri) e russa. No que concerne aos respectivos
posicionamentos relativos face ao ano anterior, é de destacar a subida dos moldavos para a
terceira nacionalidade mais representativa, a duplicação dos valores das nacionalidades
indiana, ucraniana e russa, bem como a subida de 58% da nacionalidade guineense (Conacri).
Este facto poderá ser explicado pela longa permanência de comunidades oriundas destes
países, em particular, após a regularização extraordinária de 2001 (autorização de
permanência).
Gráfico 10: Top 10 das nacionalidades prévias de adquirentes da nacionalidade portuguesa em
2008 e 2009 (n.º)
Fonte: EUROSTAT
0
1,000
2,000
3,000
4,000
5,000
6,000
7,000
2008
2009
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
13
Relativamente à estrutura etária dos indivíduos que adquiriram a nacionalidade portuguesa
(Gráfico 11), verificamos que a maioria pertence ao grupo de individuos em idade activa 35-
64, em exacta consonância em relação ao que se verifica na estrutura etária dos cidadãos
estrangeiros com residência habitual em Portugal.
Gráfico 11: Estrutura etária dos principais grupos de estrangeiros que adquiriram a
nacionalidade portuguesa em 2009 (n.º)
Fonte: EUROSTAT
No que concerne ao género, verificamos que o sexo masculino representa a maioria dos
cidadãos estrangeiros que adquiriram a nacionalidade portuguesa (57%), um valor um pouco
superior ao apurado relativamente aos estrangeiros residentes habituais em Portugal (52%).
Quadro 3: Desagregação por género nos principais grupos de estrangeiros que adquiriram a
nacionalidade portuguesa em 2009 (n.º)
Fonte: EUROSTAT
0 2 000 4 000 6 000 8 000 10 000 12 000
0-19
20-34
35-64
65+
European Union (27countries)
Non EU27-countriesnor declaring country
Grupos
Comunitários
Países Terceiros
TOTAL
Masculino
226
14.265
14.491
Feminino
199
10.880
11.079
Total
425
25.145
25.570
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
14
3.2. Autorizações de residência concedidas a nacionais de países terceiros
No decurso do ano de 2009, foram concedidas 46.324 novas autorizações de residência, o que
representa um decréscimo de 17% em relação a 2008. Tal como no ano anterior, a maioria das
autorizações de residência foi concedida com base nos motivos de reunificação familiar (43%),
seguindo-se os relacionados com o exercício de uma actividade profissional (40%).
Gráfico 12: Primeiras concessões de autorizações de residência por motivos, 2009 (%)
Fonte: EUROSTAT
Em 2009, as nacionalidades mais representativas na obtenção da primeira autorização de
residência foram a brasileira, a qual representa 57% do total (um acréscimo de 5% em relação
a 2008), seguindo-se a cabo-verdiana com 12% e a ucraniana 6%. Para a maioria das
nacionalidades mais representativas o principal motivo é de ordem familiar, à excepção das
nacionalidades brasileira e indiana para as quais o principal fundamento para a concessão das
autorizações de residência é o exercício de uma actividade profissional. Cumpre salientar
ainda que o caso cabo-verdiano é o único onde a educação é o segundo motivo mais
apresentado (Quadro 4).
Family reasons
43%
Education reasons
9%
Remunerated activities reasons
40%
Other reasons
8%
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
15
Quadro 4: Concessão de primeiras autorizações de residência desagregada por nacionalidade
(top 10) e motivo, 2009
Fonte: EUROSTAT
No que concerne à alteração do estatuto de residente registaram-se 51.357 casos em 2009, o
que representa um aumento de 1,6% face a 2008. De entre os casos registados, destaca-se a
transferência de autorizações concedidas por motivos de “exercício de actividade remunerada”
para uma fundamentação com base em “outros motivos” (70% do total), seguindo-se a
transferência de autorizações previamente concedidas com base em “outros motivos” para
“exercício de actividade remunerada” (29%). Os restantes casos (1%), dizem respeito à
transferência das autorizações baseadas em “educação” para “exercício de actividade
remunerada”.
Gráfico 13: Alterações nos motivos das autorizações de residência, 2009 (n.º)
Nacionalidades
Brasil
Cabo-Verde
Ucrânia
Guiné-Bissau
China
Angola
Moldávia
S. Tomé e Principe
Índia
Rússia
Familiares
8.670
2.317
1.749
904
1.090
881
1.056
500
475
253
Educação
1.675
1.114
21
60
128
218
10
272
30
22
Actividades remuneradas
12.703
973
563
411
708
290
457
235
481
102
Outros motivos
587
633
76
712
54
420
72
386
71
41
Outros motivos
Actividade Remunerada
Educação
15.023
35.952
382
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
16
Em 2009, o número total de autorizações de residência válidas era de 360.322, o que
representou um acréscimo de 0,8% face a 2008. Tal como no ano anterior, a maioria tinha
como fundamento “outros motivos” (80%), seguindo-se os motivos relacionados com o
exercício de uma actividade remunerada (11%) e a reunificação familiar (8%). Cumpre
assinalar que, o peso relativo do fundamento “outros motivos” nas primeiras autorizações
(apenas 8%), é multiplicado por dez no âmbito do total de autorizações de residência válidas.
Esta situação advém, pelo menos em parte, do fluxo assinalável de transferência de
autorizações concedidas por motivos de “exercício de actividade remunerada” para “outros
motivos”, conforme observámos anteriormente. No que respeita à validade, 97% das
autorizações de residência tinha uma duração de 12 e mais meses.
Gráfico 14: Autorizações de residência válidas por motivos e duração da validade, 2009
Fonte: EUROSTAT
Relativamente às principais nacionalidades, observa-se que, em 2009, a maioria das
autorizações de residência pertenciam a cidadãos brasileiros (cerca de 36%), o que representa
um acréscimo de 6% no seu peso relativo face ao ano anterior. À semelhança de 2008,
seguem-se os cidadãos Ucranianos com 16% e os cidadãos cabo-verdianos com 15% (Gráfico
15).
8%
1%
11%
80%
Motivo
Family reasons
Educationreasons
Remuneratedactivitiesreasons
Other reasons
0.38% 3%
97%
Duração
From 3 to 5months
From 6 to11 months
12 monthsor over
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
17
Gráfico 15: Autorizações de residência válidas por nacionalidades, 2009
Fonte: EUROSTAT
Em todas as nacionalidades, a validade das autorizações de residência mais frequente é a que
se situa nos 12 e mais meses de duração1. No caso das autorizações de residência com duração
entre os seis e os onze meses, os nacionais do Brasil e de Cabo Verde constituem o maior peso,
compreendendo cerca de 54% do total das nacionalidades que compõem o ranking (Quadro 5).
Quadro 5: Autorizações de residência válidas por nacionalidades (top 10) e validade, 2009
Fonte: EUROSTAT
1 Artigos 75.º e 76.º da Lei n.º 23/2007.
36%
16% 15%
8%
7%
6%
4%
4% 2% 2% Brazil
Ukraine
Cape Verde
Angola
Guinea Bissau
Moldova
China
Sao Tome and Principe
Russian Federation
India
Nacionalidades
Brasil
Ucrânia
Cabo-Verde
Angola
Guiné-Bissau
Moldávia
China
S. Tomé e Principe
Rússia
Índia
3 a 5 meses
613
103
154
68
36
61
71
47
12
15
6 a 11 meses
3.171
754
2.031
882
863
392
554
616
131
226
12 e mais meses
112.436
51.436
46.660
25.638
22.057
20.320
13.786
10.830
5.995
5.543
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
18
No que concerne aos residentes de longa duração, em 2009 o seu número ascendia a 2.331, o
que representa um aumento de 55% face ao ano anterior (2008: 1497). Quanto às
nacionalidades mais representativas, verificamos que, à semelhança de 2008, perto de 80% é
constituída por cidadãos ucranianos, seguindo-se os brasileiros e os russos, com valores muito
inferiores (Gráfico 16).
Gráfico 16: Residentes de longa duração por principais nacionalidades, 2009
Fonte: EUROSTAT
0
200
400
600
800
1 000
1 200
1 400
1 600
1 800 1 725
210
80 52 37 34 33 31 22 19
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
19
4. IMIGRAÇÃO ILEGAL E AFASTAMENTOS
4.1. Prevenção de entrada e permanência ilegais - Detecções
Em 2009, foram detectados 11.130 cidadãos de países terceiros em situação ilegal, o que
representa um decréscimo de 61% face a 2008. Relativamente às principais nacionalidades,
não se verificam alterações no seu elenco em relação a 2008 (Gráfico 17). Em termos de
posicionamentos relativos face ao ano anterior, é de salientar a subida da nacionalidade
guineense (Bissau) de quinto para terceiro posto e, em sentido inverso, da nacionalidade
senegalesa de quarto para oitavo posto no ranking. Cumpre referir ainda que a nacionalidade
paquistanesa foi a única que divergiu da tendência de descida, verificando-se uma subida,
ainda que ligeira, no número de detecções.
Gráfico 17: Detecções por principais nacionalidades (top 10), 2009 (n.º)
Fonte: EUROSTAT
Relativamente à estrutura etária e ao género dos cidadãos de países terceiros detectados em
situação ilegal em Portugal, observamos que perto de dois terços é do sexo masculino (65%) e
que, em 69% dos casos, tem entre 18 e 34 anos (Gráfico 18).
0
2,000
4,000
6,000
8,000
10,000
12,000
14,000
16,000
18,000
20,000
2008
2009
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
20
Gráfico 18: Detecções por sexo e estrutura etária em 2009 (%).
Fonte: EUROSTAT
4.2. Afastamentos
A tendência de crescimento do número de nacionais de países terceiros alvo de decisões de
afastamento observada nos anos anteriores é corroborada pelos dados de 2009 com uma
subida de 26% face ao ano anterior. Quanto ao número de nacionais de países terceiros que
efectivamente saíram de território nacional na sequência de uma decisão de afastamento,
verifica-se que o seu valor se tem mantido relativamente estável, atigindo os 1.220 indivíduos
no ano em apreço (Gráfico 19).
Gráfico 19: Objecto de ordem de abandono e sujeitos de abandono efectivo, 2007-2009, (n.º)
Fonte: EUROSTAT
65%
35%
Males
Females
0.04% 1%
69%
30%
Less than 14 years
From 14 to 17years
From 18 to 34years
35 years or over
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
2007 2008 2009
7538 8185
10295
1208 1345 1220
Third countrynationals ordered toleave
Third countrynationals returnedfollowing an order toleave
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
21
Relativamente às principais nacionalidades verifica-se que, em 2009, 59% dos individuos
nacionais de países terceiros alvo de decisões de afastamento do território nacional eram
brasileiros, seguindo-se os cabo-verdianos e os guineenses (Gráfico 20).
Quadro 6: Principais nacionalidades objecto de ordem de abandono e sujeitos de abandono
efectivo, 2009 (n.º)
Fonte: EUROSTAT
Importa realçar ainda que os cidadãos brasileiros representaram 66% dos abandonos efectivos,
bem como o facto de os cidadãos marroquinos e nigerianos integrarem a lista das principais
nacionalidades (Gráfico 20), o que não se verifica no que concerne às ordens de abandono.
Gráfico 20: Principais nacionalidades – sujeitos a abandono efectivo, 2009 (%)
Fonte: EUROSTAT
Nacionalidades
Brasil
Cabo-Verde
Guiné-Bissau
Índia
Ucrânia
Angola
China
Senegal
Paquistão
Moldávia
Ordem de abandono
6.070
600
470
455
450
375
285
205
175
170
Abandono efectivo
715
45
45
30
80
70
20
20
15
15
66%
7%
7%
4%
4%
3% 3%
2% 2% 2% Brazil
Ukraine
Angola
Cape Verde
Guinea Bissau
Morocco
India
Nigeria
Senegal
China
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
22
5. CONTROLO DE FRONTEIRAS
5.1. Prevenção de entrada e permanência ilegais – Recusas
Em 2009 foram efectuadas 2.565 recusas de entrada em Portugal, valor que, face a 2008,
representa um decréscimo de 39%. No entanto, importa ter presente que no ano de referência
ocorreu uma diminuição de 15,8% de passageiros controlados nos aeroportos nacionais, facto
que poderá explicar, ainda que parcialmente, o acentuado decréscimo nas recusas de entrada.
Para esta redução de passageiros controlados terá contribuído, entre outros, a supressão do
controlo de fronteiras para os provenientes/com destino à Suíça, em resultado da adesão deste
país ao Acordo Schengen (12 de Dezembro de 2008).
No que concerne ao tipo de fronteira, constata-se 99,8% dos cidadãos de países terceiros a
quem foi recusada a entrada em território nacional chegaram ao país através das fronteiras
aéreas (2.560). As excepções ocorreram nas fronteiras marítimas, onde apenas se registaram 5
recusas em 2009, as quais se referem a cidadãos da Guiné-Bissau.
Por nacionalidade, o Brasil destaca-se das restantes com 1.670 recusas (65%), seguido do
Senegal com 160 (6,2%), de Angola com 145 (5,7%) e da Guiné-Bissau com 125 (4,9%). É de
salientar o caso da nacionalidade hondurenha que registou 20 recusas de entrada, quando em
2008 não havia registado nenhuma, bem como a duplicação de recusas de entrada a nacionais
da Nigéria. Por outro lado, sublinhamos os decréscimos ocorridos relativamente aos
paraguaios (-64%), senegaleses (-63%) e dos venezuelanos (-42%).
Gráfico 21: Recusas de entrada por nacionalidade em 2008 e 2009 (n.º)
Fonte: EUROSTAT
0
500
1000
1500
2000
2500
2008
2009
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
23
Relativamente aos fundamentos das recusas (Gráfico 22), o mais frequente foi a não
justificação dos propósitos e condições para a estada (36%), seguido da inexistência de um
visto ou de uma autorização de residência válidos (28%), e a insuficiência de meios de
subsistência (13%).
Gráfico 22: Recusas de entrada por fundamento 2009
Fonte: EUROSTAT
5.2. Relação entre recusas, detecções e afastamentos
Com vista a poder realizar uma análise comparada de três indicadores (recusas, detecções e
afastamentos), elaborou-se o gráfico infra, recorrendo a uma escala logarítmica (Gráfico 23).
Da sua observação, denota-se, desde logo, que a nacionalidade brasileira ocupa sempre a
primeira posição com valores muito assinaláveis (65% das recusas; 55% das detecções; 59%
dos afastamentos). Importa realçar também, que, para além da brasileira, as nacionalidades
que estão sempre presentes no Top 10 destas três variáveis são a angolana, a cabo-verdiana, a
guineense (Bissau), e a senegalesa.
Outro aspecto interessante a sublinhar é o facto de, para além da nacionalidade senegalesa,
todas as outras são de expressão portuguesa e a sua grande maioria é de origem Africana. No
entanto, as suas posições relativas não são lineares como acontece no caso brasileiro. Por
exemplo, a nacionalidade cabo-verdiana destaca-se nas detecções, ocupando o segundo posto,
representando 7% do total, mas ocupa o quarto posto nos afastamentos e o oitavo nas recusas.
5%
10%
28%
0.19%
36%
13%
8%
No valid travel document(s)
False travel document
No valid visa or residencepermit
False visa or residence permit
Purpose and conditions ofstay not justified
No sufficient means ofsubsistence
An alert has been issued
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
24
No caso angolano, destacam-se os terceiros postos nas recusas e nos afastamentos,
constituindo a sexta nacionalidade no que concerne a detecções. Cumpre salientar, igualmente,
o caso da nacionalidade senegalesa que, tal como ocorreu em 2008, se destaca de forma
assinalável nas recusas de entrada, ocupando o segundo posto, representando 6% do total.
Gráfico 23: Detecções, Recusas e Afastamentos em 2009 (n.º)
Fonte: EUROSTAT
À parte das nacionalidades acima mencionadas, nem todas se destacam nas três categorias. É
o caso da ucraniana que ocupa a segunda posição do ranking dos afastamentos e a quarta
posição nas detecções, não constando, porém, nas dez principais nacionalidades nas recusas de
entrada. Em contraponto, é de referir o caso venezuelano que ocupa a quinta posição das
recusas de entrada e que nas detecções e nos afastamentos não consta nas dez principais
nacionalidades. Estes factos poderão ter uma explicação geográfica, dado que a entrada de
ucranianos em Portugal é realizada, sobretudo, por via terrestre e no caso venezuelano, por via
aérea.
1
10
100
1,000
10,000
6 1
25
78
5
57
0
52
0
48
5 4
45
31
0
24
0
19
0
18
5
15
5
85
35
75
15
0
1 6
70
20
12
5
5
0
14
5
5
16
0
0
0
5 2
0
90
55
25
20
71
5
45
45
80
30
70
20
20
15
15
30
20
0
10
5
0
Detecções Recusas Afastamentos
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
25
6. ASILO: PROTECÇÃO INTERNACIONAL
6.1. Requerentes de Protecção Internacional
Durante o ano de 2009, registaram-se 140 pedidos de asilo o que representa um decréscimo de
13% face ao ano anterior. Numa perspectiva mais alargada, observando o período
compreendido entre 2002 e 2009, verificamos que não existe uma tendência evolutiva
explicita (Gráfico 24).
Gráfico 24: Requerentes de protecção internacional 2002-2009
Fonte: EUROSTAT
Desagregando os dados por estrutura etária e sexo, constatamos que os pedidos foram
maioritariamente formulados por indivíduos do género masculino (75%), e do escalão etário
situado entre os 18 e os 34 anos (61%).
Gráfico 25: Requerentes de protecção internacional por idade e sexo em 2009 (%)
Fonte: EUROSTAT
0
50
100
150
200
250
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
245
115 115 115 130
225
160
140
11%
3%
61%
25%
0%
Less than 14years
From 14 to 17years
From 18 to 34years
From 35 to 64years
65 years orover
75%
25%
Males
Females
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
26
As principais nacionalidades de requerentes de asilo foram os cidadãos da Eritreia e da Guiné
Conacri, com 20 pedidos cada, o que representa um aumento face a 2008 de 100% e 300%,
respectivamente. Cumpre salientar ainda o caso da Mauritânia que constitui a terceira
nacionalidade mais representativa em 2009, quando em 2008 não se registou qualquer pedido
de asilo por parte de cidadãos daquele país (Gráfico 26).
Gráfico 26: Principais nacionalidades dos requerentes de protecção internacional 2009
Fonte: EUROSTAT
No que concerne aos pedidos de protecção internacional com o processo pendente, em 2009
apenas havia cinco processos relativos a requerentes do sexo masculino, entre os 18 e os 34
anos.
Quanto aos requerentes de protecção internacional cujos pedidos foram retirados, a situação é
quase idêntica, registando-se apenas cinco casos de retirada de processos de pedido de asilo,
relativos a requerentes do sexo masculino, entre os 35 e os 64 anos.
0
5
10
15
20
25
5
10
0
25
10
25
10
0 0
20 20 20
15 15
10 10
5 5 5 5
2008
2009
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
27
6.2. Decisões sobre Protecção Internacional
À semelhança do ocorrido em 2008, para o ano em apreço não foram objecto de tratamento
estatístico as decisões finais2
. Neste contexto, a análise das decisões sobre protecção
internacional subsequente restringe-se às decisões de primeira instância3.
Em 2009, registaram-se 95 decisões de primeira instância, o que representa um decréscimo de
9,5% em relação ao ano anterior. No entanto, se observarmos o gráfico infra, notamos que nos
últimos anos o número de decisões não sofreu grandes variações. Esta situação advém,
naturalmente, da própria estabilidade do número de pedidos ao longo dos anos.
Gráfico 27: Decisões de primeira instância, 2002-2009 (n.º)
Fonte: EUROSTAT
No ano de referência, registaram-se 50 decisões positivas, o que representa uma taxa de
deferimento de cerca de 53%. Em relação ao ano anterior, representa uma quebra de 14%. No
2 Para “Decisão Final”, de acordo com a meta-informação do EUROSTAT, procura-se a expressão estatística da
vasta maioria das decisões efectivamente tomadas na tramitação normal de recurso. Não se pretende, assim, a
expressão estatística de casos excepcionais decididos em tribunais superiores. No caso de uma decisão de
rejeição pela “autoridade de primeira instância”, no caso português o MAI/SEF, a mesma entidade reapreciar a
decisão em sede de recurso, deverá ser contabilizada esta última decisão como “Decisão Final”. Os Tribunais
Administrativos e Fiscais e o Tribunal Central Administrativo são entidades portuguesas de instâncias superiores
de recurso. 3 Em acordo com a meta-informação do Eurostat, procura-se a expressão estatística de decisões, positivas e
negativas, relativas a pedidos de protecção internacional e concessões de autorização de permanência por razões
humanitárias, incluindo as decisões resultantes de procedimentos prioritários e acelerados conduzidos por
agências administrativas ou judiciais dos Estados Membros. São incluídas as decisões respeitantes a pessoas
sujeitas ao Regulamento de Dublin (Regulamento do Concelho (CE) n.º 343/2003).
230
100
75
90
105 110 105 95
0
50
100
150
200
250
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
28
entanto, se observarmos o gráfico abaixo (Gráfico 28), verificamos uma tendência para o
crescimento dos deferimentos.
Gráfico 28: Decisões de primeira instância positivas, 2002-2009 (%)
Fonte: EUROSTAT
Relativamente ao tipo de decisões, tal como se verificou no ano anterior, as que se
fundamentam na protecção subsidiária predominam, em grande medida, sobre as da
Convenção de Genebra (Gráfico 29).
Gráfico 29: Tipologia de decisões positivas (%)
Fonte: EUROSTAT
As principais nacionalidades dos requerentes de asilo cujos pedidos foram objecto de decisões
de primeira instância, positivas e negativas, são, sobretudo, oriundas do continente Africano,
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
10%
90%
Geneva Conventionstatus
Subsidiary protectionstatus
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
29
embora a nacionalidade mais representativa seja a colombiana. Em relação a 2008, cumpre
destacar uma descida acentuada no caso da Somália e, em sentido inverso, o caso da
Mauritânia (Gráfico 30).
Gráfico 30: Principais nacionalidades dos sujeitos de decisões de primeira instância (n.º)
Fonte: EUROSTAT
Desagregando os dados por estrutura etária e sexo, constatamos que a existência de uma
predominância de indivíduos do género masculino (78%), e do escalão etário situado entre os
18 e os 34 anos (69%).
Gráfico 31: Sujeitos de decisões de primeira instância por idade e sexo em 2009
Fonte: EUROSTAT
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
2008
2009
5% 5%
69%
21% Less than 14years
From 14 to 17years
From 18 to 34years
From 35 to 64years
78%
22%
Males
Females
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
30
Em termos de reinstalação, ao abrigo da Resolução do Conselho de Ministros n.º 110/2007, de
12 de Julho4
, Portugal acolheu um total de 30 cidadãos; 12 nacionais da República
Democrática do Congo, 4 nacionais do Iraque e ainda nacionais da Etiópia e da Somália,
tendo a todos sido reconhecido o estatuto de refugiado.
6.3. Transferências ao abrigo do Regulamento de Dublin
No âmbito do Regulamento de Dublin5, Portugal recebeu 58 pedidos de tomada a cargo, tendo
por base um visto ou uma autorização de residência emitidas por Portugal. Foram também
recebidos 17 pedidos de retoma a cargo, 15 dos quais se referiam a pedidos em análise de
requerentes que se encontravam sem autorização em território de outro Estado-membro. No
ano de referência, foram recebidos 13 pedidos de informação. No que concerne aos pedidos
efectuados por Portugal a outro Estado Membro, em 2009, só foram efectuados pedidos de
retoma a cargo, a maioria dos quais (15) relativos a pedidos em análise de requerentes que se
encontravam sem autorização em território nacional.
Do exposto, transparece que, tal como sucedeu no ano anterior, foram recebidos mais pedidos
do que aqueles que foram emitidos por Portugal (Gráfico 32).
Gráfico 32: Transferências de Dublin, pedidos recebidos e efectuados, 2009
Fonte: EUROSTAT
4 Que fixa o objectivo de promover a criação de condições para conceder anualmente, no mínimo, asilo a 30
pessoas, designadamente para fazer face aos pedidos de reinstalação de refugiados, previstos no artigo 27.º da Lei
n.º 15/98, de 26 de Março. 5
Regulamento (CE) n.º 343/2003 do Conselho, de 18 de Fevereiro de 2003 (http://eur-
lex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=OJ:L:2003:050:0001:0010:PT:PDF.)
0
10
20
30
40
50
60
Tomada a cargo:motivos
relacionados comdocumentação e
condições deentrada (Art.º
9.º,10.º, 11.º, 12.º)
Tomada a cargo:razões humanitárias
(Art.º 15.º)
Retoma a cargo: emconsideração - sem
autorização parapermanecer (Art.º
16.1.c)
Retoma a cargo:rejeição - sem
autorização parapermanecer (Art.º
16.º.1.e)
Informação
58
0
15
2
13
0 0
15
1 0
pedidos recebidos pedidos efectuados
Relatório Estatístico sobre Migração e Protecção Internacional - 2009
31
No ano de referência, foram aceites 44 pedidos de tomada a cargo, rejeitados 14 e transferidos
29. A fundamentação da totalidade dos pedidos era baseada em motivos relativos à entrada e
documentação do requerente. No que concerne a pedidos de retoma a cargo recebidos, 10
foram aceites, 5 rejeitados e 4 transferidos. A maioria destes pedidos estava relacionada com
pedidos em análise de requerentes que se encontravam sem autorização em território de outro
Estado-membro.
Quanto aos pedidos de retoma a cargo efectuados por Portugal, 14 foram aceites, 2 rejeitados
e 12 transferidos.
O sistema EURODAC6 esteve na base da recepção de 12 pedidos de retoma a cargo, sendo 5
aceites e 2 recusados. Por seu turno, Portugal emitiu 16 pedidos, todos de retoma a cargo,
tendo 14 sido aceites e 2 recusados.
Dos países com que Portugal cooperou ao abrigo do Regulamento de Dublin (Gráfico 33),
salienta-se, em termos de recepção, a Suíça enquanto principal parceiro (20), a Alemanha (16)
e a França (10), e em termos de emissão de pedidos, a Espanha (5) e a França (4).
Gráfico 33: Transferências de Dublin, principais parceiros (n.º)
Fonte: EUROSTAT
6 Regulamento (CE) n.º 2725/2000 do Conselho, de 11 de Dezembro de 2000.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Recepção Emissão
Recommended