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Lavra Superficial UFG
RELATÓRIO – VISITA TÉCNICA MINA MORRO DO
OURO – KINROSS PARACATU
Maio/2012
DIEGO HENRIQUE B. MAYA BARBOSA, aluno 7º período Engenharia de Minas, UFG,
diegohbm@hotmail.com
RESUMO: Este re la tór io t ra ta sobre a vis i ta técnica real izada na mina de Morro do
Ouro em Paracatu da empresa Kinross . Aborda sobre a local idade, geologia , e
processamento de lavra .
PALAVRAS CHAVE: Paracatu, Kinross, lavra, superficial, morro, ouro.
ABSTRACT : This report focuses on the technical tour held at Morro do Ouro mine
in Paracatu of company Kinross . Discusses about the locat ion, geology and mining
process .
KEY WORDS: Paracatu, Kinross, mining, open pit,
1. INTRODUÇÃO
O presente relatório aborda sobre a visita técnica realizada na mina Morro do Ouro da
Kinross em Paracatu. Aborda a geologia da mina, sobre os métodos de lavra empregados, sobre
o processamento mineral e demais particularidades da mina de forma resumida e realizada de
acordo com as observações feitas e informações retiradas de outras fontes.
2. LOCALIZAÇÃO
O depósito aurífero de Morro do Ouro situa-se a aproximadamente 2 Km da cidade de
Paracatu, noroeste do estado de Minas Gerais. A cidade localiza-se a 250 Km de Brasília, 482
Km de Belo Horizonte e a 210 Km de Catalão. O acesso de Catalão a Paracatu pode ser feito
através das rodovias GO-020 e BR-050.
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Fig. 1 – Mapa da localização da mina Morro do Ouro.
3. HISTÓRICO DA ÁREA
O depósito de Morro do Ouro foi descoberto pelos Bandeirantes no século XVIII, quando
foram encontrados os primeiros aluviões auríferos.
A atividade mineira teve seu auge na segunda metade do século XVIII quando além dos
aluviões, foi lavrada parte do minério oxidante aflorante, tornando-se uma das ocorrências mais
produtivas da capitania de Minas Gerais.
Após o fim daquele século as atividades mineiras foram interrompidas quando o depósito
foi considerado exaurido. Depois de um longo tempo garimpeiros locais exploraram a região até
o século XIX.
Devido ao baixo teor de ouro o depósito foi considerado como economicamente inviável
até a década de 80 quando em 1987 foi aberta a primeira cava da mina de Morro do Ouro pelo
grupo Rio Tinto.
No final do ano de 2004 o grupo Kinross adquiriu 100% do depósito de Morro do Ouro.
Em 2007 a empresa Rio Paracatu Mineração S/A (RPM) controlada pelo grupo canadense
Kinross, definiu seu projeto de expansão, caracterizando uma reserva de 1.396.490 toneladas,
com teor médio de 0,4 g/t, sendo a vida útil expandida de 15 (quinze) para 33 (trinta e três)
anos.
4. CONTEXTO GEOLÓGICO
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O pacote de rochas filíticas que hospeda a mineralização aurífera do Morro do Ouro é
considerado como pertinente à base da Formação Paracatu, definindo localmente chamado
Membro Morro do Ouro. A Formação Paracatu, de idade Proterozóica Superior, aflora ao longo
de extensa faixa orientada NS, no setor meridional da porção oriental da chamada Faixa de
Dobramentos Brasília.
Em termos das características geológicas locais, o Morro do Ouro se constitui num alto
topográfico proeminente na região de Paracatu, em meio a terrenos bastante erodidos e
aplainados.
No Morro do Ouro afloram os mesmos filitos regionais, porém com algumas diferenças
notáveis: as rochas são nitidamente mais deformadas e mostram a comum presença dos boudins
de quartzo que caracterizam o corpo mineralizado. Além de serem muito mais sulfetadas, as
litologias do Morro do Ouro são mais sericíticas que as rochas encaixantes, como resultado do
processo hidrotermal que provocou a mineralização. A foliação das rochas mostra direção geral
N20-40ºW, com mergulho médio da ordem de 10ºSW.
A área em que se localiza a mina a céu aberto da Kinross é caracterizada por uma
sequência de filitos que apresentam uma transição entre uma zona oxidada, próxima à
superfície, e uma zona sulfetada, em profundidade. Abaixo desta ocorre uma zona não
mineralizada, denominada horizonte A – “footwall”. Os horizontes C, T e B1 se constituem na
porção oxidada do corpo mineralizado, ao passo que a Unidade B2 representa a parte primária,
sulfetada, de maior dureza, e com menor grau de faturamento (Fig. 3).
As rochas intemperizadas e oxidadas têm entre 20 e 40 m de espessura e apresentam
sistemas de fraturamentos significativos. Os horizontes C e B1 foram removidos em quase toda
a área da mina como consequência da atividade de explotação mineral. O horizonte B2 é bem
mais resistente que o horizonte B1, e sua dureza aumenta em profundidade. Supõe-se que com o
aumento da resistência da rocha, o grau de fraturamento diminua em profundidade de modo
similar. O horizonte B2 tem espessura de até 100 m.
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Fig. 2 – Horizontes C, T, B1 e B2 do corpo mineralizado.
Sistemas de falhas normais com forte mergulho foram identificados e atravessam a área
da mina. Essas falhas se orientam aproximadamente segundo as direções norte-sul e leste-oeste.
As zonas de falhas são geralmente estreitas, não mais largas que 10 m e contêm filito menos
resistente e brechas associadas. A maior parte da mina faz parte de uma estrutura em “graben”
com direção leste-oeste.
O córrego Rico, a oeste da mina, flui sobre depósitos aluvionares recente; eles são
compostos basicamente por sedimentos clásticos com granulometria variando de arenosa a
cascalho arenoso. A largura dos depósitos aluvionares é incerta, porém é estimada em
aproximadamente 100 m e as espessuras atingem até 7 metros (CETEC, 2004). O cascalho de
aluvião tem sido extensivamente trabalhado por garimpeiros.
4.1. Mineralização
A mineralização aurífera do Morro do Ouro pode ser atribuída à precipitação de fluídos
hidrotermais da própria rocha encaixante, ricos em ouro, sulfetos, carbonatos esílica.
O ouro ocorre sob diferentes formas:
i) ouro livre disseminado na rocha e concentrado em boudins de quartzo;
ii) ouro residual resultante da decomposição dos sulfetos e carbonatos;
iii) ouro associado aos sulfetos e carbonatos na unidade B2 e
iv) ouro reconcentrado por processo laterítico.
Fig. 3 – Mapa da geologia local da mina Morro do Ouro.
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5. LAVRA
As reservas de minério do Morro do Ouro são estimadas atualmente em 230 milhões de
toneladas lavráveis, com um teor médio de ouro de 0,459 g/t. A lavra do minério é a céu aberto,
com bancadas de 8 m.
Lavra-se o minério pelos métodos de encosta e de cava. Por se tratar de um minério
friável, o desmonte é feito sem a utilização de explosivos. As operações de lavra iniciam-se com
o desmatamento e decapeamento da cobertura vegetal, utilizando trator CAT-D6E (uma
unidade), seguido do desmonte com tratores CATD10N (três unidades) utilizando escarificador,
carregamento com carregadeiras CAT-992D (três unidades) e transporte por caminhões CAT-
777C (10 unidades) com capacidade de 85 t. O teor de corte da mina situa-se na faixa de 0,350
g/t. A alimentação da usina é proveniente de duas frentes de lavra, cuja movimentação anual de
ROM é de 21 milhões de toneladas, mantendo ainda um estoque de emergência de 400.000 t,
para ser utilizado em épocas chuvosas (novembro a março).
Atualmente, faz-se a lavra por blocos com NPV (net present value) positivo, não se
importando com a qualidade do bloco, isto é, se é minério de transição CT, B1 ou B2.
Fig. 4 - Operação de carregamento em frente de lavra da mina em Morro do Ouro.
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6. TRATAMENTO DO MINÉRIO
O processo de beneficiamento do minério na usina inicia-se com a britagem, realizada em
circuito aberto de dois estágios. Após desmonte e transporte, os caminhões descarregam o
minério na linha de britagem. O minério é classificado em circuito fechado por uma série de
peneiras antes de seguir para o circuito de moagem.
A moagem é feita através de quatro linhas paralelas, constando cada uma, de um moinho
com alimentador tipo “spout feeder”. A descarga de cada moinho é bombeada para um conjunto
de duas baterias de dezesseis hidrociclones KREBS (oito ciclones por bateria). O minério que
sai da bateria de ciclones segue para a flotação ou jigagem.
Fig. 5 – Imagem da planta de beneficiamento.
Os concentrados dos jigues, com teores de ouro de cerca de 25 g/t, são enviados
diretamente para a unidade de hidrometalurgia, juntando-se aos concentrados finais do processo
de beneficiamento.
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Fig. 6 - Fluxograma de beneficiamento do minério aurífero CT, B1 e B2.
Abaixo segue os principais dados operacionais do processo de beneficiamento:
Circuito de moagem
Consumo de energia na moagem (kW/t)
Moagem primária: 3,5 kWh/t
Percentagem da velocidade crítica do moinhos (%):
Moagem primária: 70
Moagem secundária: 70
Percentagem de sólidos (%):
Moagem primária: 70
Moagem secundária: 70
Consumo de bolas:
Moagem primária: 290 g/t
Moagem secundária: 100 g/t
Circuito de flotação células unitárias recuperadoras
Percentual de sólidos: 25% na alimentação
Consumo de reagentes:
Mercaptobenzotiazol de sódio (solução 50% v/v ): 30 g/t
Regulador de pH (CaO) : 220 g/t
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Metil isobutil carbinol : 25 g/t
pH da flotação 6-6,5
tempo de residência do minério na flotação 16 min
Circuito de flotação células desbastadoras
Percentual de sólidos: 30% na alimentação
Consumo de reagentes:
Mercaptobenzotiazol de sódio:10 g/t
Metil isobutil carbinol: 15g/t
Dowfroth: 5g/t
pH da flotação 6,5
Espessamento
Área unitária de sedimentação
Concentrado remoído: 0,209 m2/t/24h.
Rejeito: 0,187 m2/t/24h.
Teor de Au da alimentação : 0,48 g/t de ouro
Teor de Au do rejeito: 0,107 g/t de ouro
Recuperação de Au na flotação unitária recuperadora: 30%
Recuperação de Au na flotação desbastadora: 40%:
Recuperação de Au no circuito de hidrometalurgia: 92,18%
Recuperação global de ouro nas usinas de beneficiamento e hidrometalúrgica:
71,84%
7. CONCLUSÃO
Visitas técnicas complementam o ensino teórico realizado durante todo o período de
aulas. São de suma importância para a formação de qualquer profissional.
A interação real com a localização de minerações nos põe em real perspectiva do setor
produtivo. Facilita o entendimento da teoria e nos coloca em situação real de operações
mineiras.
A importância de Morro do Ouro para a indústria mineira é evidente pela sua dimensão.
O processo produtivo engloba todo o processo exigido para a obtenção da liga de ouro.
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REFERÊNCIAS
CPRM. 1980. Ouro nas regiões auríferas dos Agudos Grandes e Morro do Ouro – Vale do
Ribeira. SUREG São Paulo, Relatório, 63p.
SHIMADA, H. 2002. Mina do Morro do Ouro (Apiaí, SP) – Um sítio potencial de visitação
temática de mineração e meio ambiente – Proposta de projeto de implantação. Instituto
Geológico, São Paulo, 19 p.
DE SAAR ALMEIDA, BRUNA. Dissertação de mestrado: Geoquímica dos Filitos
Carbonosos do Depósito Morro do Ouro, Paracatu, Minas Gerais. Universidade de
Brasília, 2009, paginas 34,35,36.
MELLO MONTE, MARISA; SAMPAIO, JOÃO; GONTIJO, PAULO; TONDO, LUÍS.
Ouro – Rio Paracatu – RPM. Centro de Tecnologia Mineral, Ministério da Ciência e
Tecnologia, Rio de Janeiro, 2002, páginas 3,4,5,9.
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