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70 anos Ao longo de sete décAdAs, o sérgio frAnco
se firmA como referência de medicina diagnóstica no Brasil
saúde paraser,saber e sonhar
revista
[ número 01 | ano 01 ]
WWW SERGIOFRANCO COM BR/REVISTA NOSSO CANAL DIGITAL
PíLuLAS FILOSóFICASTemPerOS De BeLezADANçA NA íNDIAOS SeNTIDOS DAS PLANTAS
Um deBate soBre colesterol
com esPeciAlistAs no Assunto
especia
l 70 an
os
nú
mero
01 | a
no
01 setem
bro
/dezem
bro
2010
ww
w.sergio
fran
co.co
m.b
r/revistarevista
saúde para ser, saber e sonhar
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E se o mundo não tivesse limites para você?
Buenos Aires – Argentina 34°S
expediente
Pré-impressão e impressão Prol Grafica e Editora. Esta revista foi impressa em papel couché fosco 230 g/m2 (capa) e 115g/m2 (miolo).
Todos os direitos reservados Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não representam a opinião da revista, da Editora ou do Sérgio Franco Medicina Diagnóstica. A reprodução das matérias e dos artigos somente será permitida se previamente autorizada por escrito pela Editora, com crédito da fonte.
PrESiDEnTE
Márcia Marinho
DirETOr DE MArkETinG
ricardo Medina
COOrDEnADOrA DE
MArkETinG
christiane de carvalho
AnAliSTAS DE MArkETinG
aline câMera, Joana
castro e renatha
santana
ESTAGiáriA DE MArkETinG
aManda rodrigues
A revista S é uma publicação
quadrimestral do Sérgio Franco
Medicina Diagnóstica. Distribuída
gratuitamente, com conteúdo
desenvolvido por new Content
Editora e Produtora
rEAliZAÇÃO COnTEÚDO
participação especialclaus lehMann
Paulista de Pindamonhangaba
e viajante profissional,
o fotógrafo gosta de dizer que
é especializado em “pessoas
e suas histórias”. não é à
toa que escolheu se dedicar
ao retrato. É dele a foto do
dentista Fábio Bibancos.
gabriel Fraga
nem pílulas, nem divãs.
Já faz alguns anos que Gabriel
Fraga, 24, usa a ilustração
como terapia – e profissão.
Com base na cidade de
São Paulo, ele cria imagens
para revistas, estúdios e
agências de publicidade
dentro e fora do país.
anna anJos
Formada em design gráfico pelo
Centro Universitário Belas Artes
de São Paulo, a artista plástica e
ilustradora paulistana se divide
entre o mercado editorial e o
publicitário. nesta edição, ela
empresta seus traços para a
imagem de capa e a matéria de
70 anos do Sérgio Franco.
shâMia saleM
repórter especializada
em beleza e saúde há cerca
de 10 anos, a paulistana
já passou pelas mais
importantes publicações
do país. neste número,
ela desvendou todas as
novidades no tratamento
dermatológico masculino.
DirETOr-GErAl
giovanni rivetti
DirETOr EDiTOriAl
roberto Feres
DirETOr-GErAl DE
ATEnDiMEnTO
raPhael alcântara
DirETOr FinAnCEirO
edoardo rivetti
rEDAÇÃO
DirETOrA DE rEDAÇÃO
Juliana saboia
DirETOr DE ArTE
Wagner oliveira
EDiTOrA-ASSiSTEnTE
nathalia lavigne
DESiGnEr
Paulo reis
PrODUTOrA
daniele chiquito
PrOJETO EDiTOriAl
giovanni rivetti
roberto Feres
Juliana saboia
PrOJETO GráFiCO
lila botter
Wagner oliveira
GErEnTE DE
rECUrSOS HUMAnOS
anne Prado
GErEnTE DE
OPErAÇÕES
Fabio alcântara
GErEnTE FinAnCEirO
edvaldo alMeida
rEViSÃO
cida silva
PrODUÇÃO GráFiCA
sÉrgio h. alMeida
Marcos borges
ATEnDiMEnTO
genaro Moraes
TrATAMEnTO DE
iMAGEnS
Just laYout
COlABOrADOrES
TEXTO
ana santa cruz,
deborah Moraes
e shâMia saleM
FOTO
andrÉ arruda,
andrÉ valentiM,
claus lehMann,
deborah Moraes,
elton Fernandes,
Marcelo naddeo,
Marcelo resende
e rodrigo Moraes
ilUSTrAÇÃO
anna anJos, lila
botter, gabriel
Fraga, nelson
Provazi e Marcio
Moreno
sergio.franco@
newcontent.com.br
AV. MOFArrEJ, 825,
VilA lEOPOlDinA
SÃO PAUlO, SP,
CEP 05311-000
www.newcontent.com.br
rse
rsabe
22 papo franco Um debate esclarecedor sobre as causas,
os males e o controle do colesterol
28 beleza O cuidado com a pele também faz parte da rotina dos homens
32 lição de vida A história da economista Mônica de Oliveira,
que superou a endometriose e uma gravidez tubária e realizou o sonho de ser mãe
37 colunista convidado nuno Cobra, preparador físico
38 ensaio Temperos como pimenta, gengibre e limão em forma de produtos de beleza
44 soluções Dicas para tornar a viagem mais leve
46 gente do bem Fábio Bibancos garante o sorriso de jovens carentes
52 equilíbrio lições de filósofos aplacam as angústias da vida moderna
58 pausa A importância de desacelerar durante uma atividade física
59 colunista convidada Alice lobo, jornalista
60 capa Um passeio pela história do Sérgio Franco, que completa 70 anos sem
perder o espírito pioneiro, mas com a credibilidade da experiência
70 presença ibirapuera, em São Paulo; Parque lage, no rio de Janeiro; e Jardim Botânico,
em Curitiba. Um parque para cada cidade onde o Sérgio Franco está presente
74 cultura Sugestões culturais relacionadas à memória
6 editorial Márcia Marinho
8 editorial ricardo Medina
10 zoom
12 giro no Sérgio Franco
14 giro na saúde
16 na web
17 túnel do tempo
18 você sabia?
19 no hospital
20 ponto de equilíbrio
ro
nhas
ILUSTRAÇÃO DE CAPA: Anna Anjos
sumáriosetembro/dezembro 2010
SETEMBrO/DEZEMBrO 2010 revista s 5
76 ensaio Os cinco sentidos das plantas
82 turismo Uma viagem à Índia para aprender a filosofia
da dança Odissi, conhecida como ioga em movimento
90 palavra final Pensamento do filósofo espanhol José Ortega y Gasset
o começo Saúde para ser, saber e sonhar.
Estes três pilares resumem o
conceito desta publicação que,
não por acaso, chama-se Revista S.
A inicial do médico que, há
sete décadas, fundou e batizou
com seu nome o Sérgio Franco
representa também o ponto
de partida da nossa história,
marcada pelo empenho e pela
dedicação na realização de
exames de medicina diagnóstica.
Agora, com a revista,
construímos mais um canal
de comunicação para nos
aproximarmos de cada um de
vocês. Neste espaço, vamos
resgatar simples hábitos e
reflexões que podem fazer
de nós pessoas mais felizes e
saudáveis. O bem-estar, muitas
vezes, mora em pequenas
mudanças possíveis de serem
implementadas no dia a dia.
No aniversário de 70 anos,
a Revista S é o nosso presente
e o nosso agradecimento
para vocês que nos honram
com a sua confiança.
Boa leitura!
Márcia Marinho
Presidente
Como você resume
a importância
destes 70 anos?
Ser uma empresa 100%
nacional há tanto tempo
no mercado nos motiva
a inovar sempre. O
crescimento harmonioso
é um desafio que nos
move, assim como a busca
por novas tecnologias e
o incentivo à pesquisa
científica. Tudo isso para
oferecer aos nossos
clientes um atendimento
de excelência, embasado
nos padrões de qualidade
de órgãos importantes
de certificação, como
o ISO 9002, Inmetro
e DICQ/SBAC (da
Sociedade Brasileira
de Análises Clínicas).
2.
1.
O que você pode
adiantar sobre os
próximos projetos? Estamos expandindo
as operações em São
Paulo com a inauguração
do núcleo técnico e da
unidade na Avenida Brasil.
A expansão paulista e a
consolidação em Curitiba
mostram que o laboratório
tem vocação nacional.
E o futuro vamos escrever
juntos: clientes, médicos
e colaboradores.
editorialcomemoração
6 revista s SETEmBRO/DEzEmBRO 2010
A gente se encontra na Fnac.
Brasília Campinas Curitiba Porto Alegre Ribeirão Preto Rio de Janeiro São Paulo
FNC098_10_Rev_Fleury_205x275.indd 1 7/15/10 5:39 PM
Ao longo da história do Sérgio
Franco, uma característica é
muito marcante: a inovação.
Inovar no seu sentido mais amplo,
das tecnologias ao atendimento.
O aniversário de 70 anos coroa
essa nossa essência com um
projeto de comunicação que vem
sendo cuidadosamente estudado.
É nesse contexto que nasce a
Revista S, atrelada às mídias
sociais e ao nosso novo site.
O projeto de comunicação
integrado é mais um pioneirismo
desenvolvido para vocês,
caros clientes e médicos.
ricardo Medina
Diretor de marketing
Inovação
editorialcomunicação
2.
Como surgiu a ideia
da revista s e qual
é a sua proposta?
No ano em que o Sérgio
Franco comemora sete
décadas, a iniciativa
da revista reforça o
nosso posicionamento
de levar saúde e bem-
estar aos clientes. É para
eles que trabalhamos
incessantemente. Por isso
buscamos um canal para
estarmos ao seu lado, além
da experiência do exame.
E a publicação, assim
como as redes sociais na
internet, nos possibilita esta
interação. A divisão em três
pilares centrais (Ser, Saber
e Sonhar) foi a maneira que
encontramos para falar
de todas as necessidades
do ser humano: a saúde
do corpo, da mente e da
alma. E sempre com foco
na simplicidade. Afinal, não
precisamos de nada muito
elaborado para ser feliz.
as mídias sociais são uma
tendência mundial. De que
forma elas vão interagir com
a publicação impressa? Cada veículo tem o seu perfil,
mas eles se complementam.
Com a versão online da
Revista S é possível
aprofundar assuntos
abordados na publicação
impressa e ter acesso a
vídeos exclusivos produzidos
por médicos de diversas
especialidades. A partir dela,
o internauta pode navegar
pelas outras mídias sociais,
sempre atualizadas com os
assuntos mais relevantes da
área da saúde e abertas à
interatividade, inclusive para
o esclarecimento de dúvidas.
1.
8 revista s SETEmBRO/DEzEmBRO 2010
www.correios.com.br
SEDEX é o único que entrega em mais de 5.000 municípios em todo o Brasil. Pensou em alguma cidade do litoral brasileiro? Entregamos lá. Alguma cidade do interior? Lá também. SEDEX é o único com a marca Correios. Por isso, pode confi ar. Mandou, chegou.
SEDEX vai até onde ninguém vai.
zoompor dentro
Além dA superfícieImagIne uma projeção capaz
de exibir na superfície da pele a
localização exata de todas as veias
do corpo. Quem frequenta as
unidades do Leblon e do Barra
Shopping do Sérgio Franco Medicina
Diagnóstica, no Rio de Janeiro,
sabe que essa ideia já faz parte
da realidade. Proporcionada
pelo Vein Viewer, usado pelo
Sérgio Franco desde 2007,
primeiro laboratório a oferecer o
aparelho no Brasil, tal tecnologia
facilita a coleta de sangue
em pessoas com veias de difícil
acesso, como crianças ou adultos
que estejam passando por
algum tratamento. “Ele orienta
o coletor em relação à localização
das veias, além de deixar o paciente
bem mais tranquilo”, garante
Claudete Barreto, há 22 anos
no laboratório e responsável
pela coleta. Disponível por enquanto
nas duas unidades cariocas,
o Vein Viewer deve chegar até
o fim do ano em São Paulo.
Mais quentes do
que os outros
tecidos do corpo,
as veias são
ressaltadas pelo
aparelho com uma
projeção de raios
infravermelhos
Em seguida, um
computador
permite visualizar
essas informações
e projetá-las
em imagens na
própria superfície
da pele
Com um mapa
das principais
ramificações das
veias, fica mais
fácil puncioná-la
A coletora
Bianca Urbani,
colaboradora do
Sérgio Franco
passo a passoComo funciona o Vein Viewer
[ Fotos: André Arruda ]
Vivian David em
demonstração
SEtEMBRo/DEzEMBRo 2010 revIsta s 10 9 revIsta s SEtEMBRo/DEzEMBRo 2010
OrgulhO dA cAsAFã do Coral sérgIo FranCo, a presidente Márcia
Marinho lembra de como surgiu um dos maiores orgulhos
da empresa. “Estávamos planejando a festa de fim
de ano e uma colaboradora se ofereceu para cantar,
assim, bem informalmente”, diz Márcia. Era a Gloria Leal,
operadora de telemarketing, que juntou sua voz à de
outros colaboradores com dotes semelhantes e criou
o grupo, em 2005. Sob a regência do maestro Renato
Rodriguez, o coral conta hoje com cerca de 40 pessoas e
já rompeu os limites da empresa, se apresentando com
frequência em eventos externos. Porém, o evento mais
importante é mesmo na véspera de Natal em frente à
unidade do Leblon, já tradicional no bairro carioca.
À direita,
Márcia Marinho,
a maior
apreciadora do
Coral, hoje com
40 integrantes
BRiNDES À RECiCLAGEM criado há mais de dez anos, o programa de coleta seletiva do sérgio franco tem um atrativo extra para garantir a adesão de todos. Ao longo do ano, materiais como papel, plástico e vidro são depositados em locais apropriados e vendidos. “colocamos o dinheiro em uma poupança para comprar brindes da festa de fim do ano”, diz Judy santos, coordenadora de relacionamento com os convênios e incentivadora da coleta seletiva.
além de Contar com uma publicação
exclusiva para artigos e pesquisas científicas –
a revista Sérgio Franco Ciência –, são relevantes
as atividades da empresa nessa área. Com uma
média de 50 estudos feitos, muitos deles em
parceria com as principais instituições de ensino
no país, o laboratório também realiza cursos e
palestras – entre os quais, um de formação em
medicina laboratorial na unidade do Leblon.
Este ano, o laboratório foi representado com dez
trabalhos científicos no congresso da American
Association of Clinical Chemistry, importante
feira de tecnologia e diagnóstico laboratorial.
“É a maior vitrine nessa área”, ressalta a
médica Mônica Di Calafiori Freire, assessora
médico-científica do Sérgio Franco. outra
atuação é o curso ministrado em parceria com
o Centers for Disease Control and Prevention,
com sede nos EUA, voltado para o controle do
HiV. Durante seis semanas, profissionais de
Moçambique, um dos países mais atingidos
pelo vírus, recebem um treinamento pela equipe
do Sérgio Franco com aulas práticas e teóricas
no Brasil, na sede do laboratório.
giro no sérgio francoo que nossos colaboradores andam fazendo
PRoDUção CiENtíFiCA Pesquisas, participação em congressos e cursos são algumas das atividades do Sérgio Franco na área científica
SUStENtABiLiDADE
CoRAL
CiêNCiA
AGiLiDADE NoS RESULtADoS
ExAMES
o sérgIo FranCo trabalha
arduamente para minimizar a
ansiedade causada pela espera do
resultado do exame. A agilidade
é possível graças a diversas
ferramentas desenvolvidas pela
equipe de tecnologia da informação
dirigida por otávio Garcia há 12 anos.
Uma delas é a chamada Parte Pronta,
serviço que libera as informações
conforme os laudos são finalizados
– como, por exemplo, quando uma
amostra de sangue é usada para oito
exames diferentes, não é preciso
esperar o resultado de todos. “tudo
é em tempo real”, ressalta Garcia.
importante: os exames podem ser
entregues por e-mail, pelo site, por
meio de aplicativo para smartphone
ou na própria unidade. outra iniciativa
inovadora é o DeskDoc. Criado em 2008
em parceria com a área de marketing
e disponível exclusivamente para os
médicos, trata-se de um aplicativo
que apresenta a lista dos últimos
pacientes examinados. “Assim ele
pode escolher os casos mais graves
e acompanhar as modificações do
quadro ou novos exames”, diz Garcia.
Até o formato arquitetônico dos
chamados núcleos técnicos, com uma
estrutura horizontal onde cada
etapa segue um percurso linear,
ajuda a acelerar o processo.
Além disso, este setor funciona
por 24 horas nos 365 dias do ano.
No alto, à esq., otávio
Garcia, diretor de ti.
Acima, o aplicativo
DeskDoc. Abaixo, a
frota do Sérgio Franco
“Temos um serviço que libera as informações do exame por partes, conforme os laudos são finalizados” Otávio Garcia
[ Fotos: (1) Alessandro Mendes (2) Sthutterstock (3) André Valentim ]
(3)
(2)
(1)
(1)
SEtEMBRo/DEzEMBRo 2010 revIsta s 12 11 revIsta s SEtEMBRo/DEzEMBRo 2010
pOte de melmuIto Comum em países de clima
temperado, o mel ainda é preterido por aqui
para outras tentações bem menos gostosas e
saudáveis. Para difundir o consumo no Brasil,
a Confederação Brasileira de Apicultura
criou a campanha “Meu Dia Pede Mel
(www.meudiapedemel.com.br).
Além de ser uma poderosa fonte de
energia, é recomendado no tratamento
de anemias e doenças respiratórias e
no funcionamento do intestino.
Linhaça 85 kcal por colher de sopa55% de teor de gorduracom alta concentração de ômegas 3 e 6 e vitamina e, ajuda a combater o colesterol, além de prevenir tumores
SEiS PoR MEiA DúziA: GERGELiM E LiNHAçAA seu modo e a seu gosto, as duas sementes
são ótimas aliadas de uma alimentação saudável. Confira esses benefícios
Gergelim94 kcal por colher de sopa70% de teor de gordura é rico em cobre e ácidos graxos insaturados, bons para a saúde cardiovascular
XDE oLHo NA DUCHAVocê sabia que um banho no chuveiro elétrico é bem
mais econômico do que pelo aquecedor solar, gás ou boiler?
Foi o que constatou um estudo do Cirra (Centro internacional
de Referência em Reuso de Água), da Universidade de
São Paulo. Verifique os gastos de cada um na tabela abaixo,
em uma ducha de oito minutos.
R$ 0,30 – chuveiro elétricoR$ 0,46 – Aquecedor solarR$ 0,59 – Aquecedor a gásR$ 1,04 – Boiler elétrico
NA BALANçA
ECoNoMiA
ALiMENtAção
giro na saúdedicas de bem-estar
a noite dos sonhosQuando nem sempre é possível cumprir as horas de sono recomendadas – oito para as mulheres e sete para os homens –, nada como garantir a qualidade do descanso. Veja três dicas de como se preparar para o merecido repouso
leIte morno
Presente na
bebida, o triptofano
acelera os
neurotransmissores
envolvidos na
indução ao sono
deslIgar os
eQuIpamentos
eletrônICos
Aparelhos como a
tV e o computador
emitem uma luz que
atrapalha a secreção
dos hormônios
indutores do sono
banho de sol
Uma caminhada
em dia ensolarado
ajuda na produção
dos hormônios
indutores do sono
já que eles são
regulados pelo
contraste entre
luz e escuridão.
BAixo E BoM SoMAlguns momentos de silêncio – mesmo que
não seja absoluto – são fundamentais na vida
moderna. Confira a quantidade de decibéis de
algumas atividades do dia a dia para fugir do
barulho de vez em quando até em uma cidade
grande como São Paulo ou Rio de Janeiro.
Biblioteca: 30 dBÁrea residencial calma: 40 dB Barulho de chuva: 50 dBSom de danceteria: 110 dBSirene de ambulância: 120 dB
[ ilustração: (1) Gabriel Fraga (2) Sthutterstock Fotos: Divulgação e Sthutterstock ]
DESCANSo
SiLêNCio NúMERo
(1)
(2)
É quanto tem um copo de leite desnatado, perfeito para quem quer diminuir a ingestão de gordura ou manter o peso.
60calorias
BEM ALÉM DA LARANJAFoi-se o tempo em que os sucos se
limitavam às frutas da temporada
batidas com água e gelo. Na onda do
chamado suco de luz ou de clorofila,
preparado com hortaliças, legumes e
sementes germinadas, não param de
aparecer receitas nessa linha, cada
uma com uma finalidade. Confira.
Bom para a peleA combinação de laranja com
cenoura e beterraba é imbatível.
Acrescente damasco seco e uma
colher de sopa de broto de alfafa.
Bom para emagrecerAs bebidas de hortaliça são as mais
indicadas. Livre de gordura e ricas em
nutrientes variados, funcionam bem
com linhaça germinada e babosa.
Bom para o intestinoÉ só misturar um copo de suco de laranja
com meio mamão papaia, damasco seco
e uma colher de sobremesa de linhaça.
SUCoS ANtioxiDANtES
Mel: uma poderosa
fonte de energia
SEtEMBRo/DEzEMBRo 2010 revIsta s 14 13 revIsta s SEtEMBRo/DEzEMBRo 2010
prOgressO O pioneirismo de JK também influenciou o Sérgio Franco, que criou uma nova técnica de dosagem hormonal nessa época
Quando se pensa na década de 1950, é quase inevitável não asso-
ciar esse tempo ao boom econômico e às ideias de vanguarda do en-
tão presidente Juscelino Kubitschek. Quer exemplo mais progressista
do que a construção de Brasília, com o inovador plano piloto do urba-
nista Lucio Costa e as formas ousadas do arquiteto oscar Niemeyer?
todo esse desenvolvimento também influenciou as primeiras ati-
vidades do Sérgio Franco, quando ainda funcionava em um pequeno
escritório no centro do Rio de Janeiro. Foi ali
que trude Dimetz (ver página 64), formada
em farmácia e contratada em 1950, coman-
dou as primeiras pesquisas com hormônios.
Uma das inovações nessa área se concreti-
zou ainda no fim desse período, quando o la-
boratório passou a utilizar da técnica de do-
sagem hormonal por processos químicos em
testes de gravidez em vez dos biológicos usa-
dos até então. tal inovação representa o es-
pírito pioneiro do Sérgio Franco.
o estilo que fez da música
brasileira referência
internacional ganhava os
primeiros acordes no violão
de João Gilberto, precursor
da Bossa Nova.
o nascimento do rock já
tinha nome e sobrenome:
Elvis Presley, que inaugurou
o gênero nessa década e
conquistou o mundo com
sua voz grave e apresentações
performáticas.
Na área tecnológica, 1950 foi
um marco para o Brasil. No
dia 18 de setembro daquele
ano nascia o primeiro canal
de tV no país, a tV tupi.
Após perder para o Uruguai
em 1950, o Brasil conquistou
o primeiro título na Copa
do Mundo de 1958, com
Pelé e Garrincha no time.
1.
2.
3.
4.
Sueli Fernandes,
que foi secretária
do dr. Sérgio
Franco naquele
tempo
os anos 1950 no brasIl e no mundo
4.
3.
1.
2.
túnel do tempodécada de 1950
[ Fotos: Divulgação (1) Arquivo Sérgio Franco ]
na webrevista digital
nAVegAr é precisO...a leItura da revIsta s
não acaba nas últimas páginas
desta publicação. Na versão
digital, os três pilares que focam
o corpo, a mente e a alma são
abordados diariamente em posts
complementares aos assuntos
tratados na revista, matérias
exclusivas e vídeos feitos com
especialistas médicos.
Para começar, o site traz textos
explicativos sobre temas que
fazem parte do cotidiano, como as
razões para evitar o sedentarismo,
os princípios básicos de uma
alimentação saudável, os efeitos
nocivos do tabagismo e os distúrbios
do sono. Há vídeos do primeiro
Papo Franco – debate que vai
discutir as mais relevantes
questões médicas e, nesta edição,
colocou em pauta o colesterol alto.
Além de abranger todos os
campos da saúde, a Revista S
digital concentra também as
notícias sobre o Sérgio Franco
Medicina Diagnóstica, como, por
exemplo, as inovações tecnológicas
e os serviços prestados. informação
é o que não falta – é só clicar.
www.sergiofranco.com.br/revista
(1)
15 revIsta s SEtEMBRo/DEzEMBRo 2010
você sabiatecnologia
pArceriA de sucessO A unidade do Sérgio Franco instalada há pouco mais de um ano no Hospital 9 de Julho, na cidade de São Paulo, é reconhecida como um diferencial no atendimento
no hospital9 de Julho
para um hospItal de grande porte e referência
na cidade de São Paulo como o 9 de Julho, ter em sua
estrutura os serviços de medicina diagnóstica, pres-
tados pelo Sérgio Franco, representa, além da como-
didade, a agilidade no diagnóstico, essencial para a
orientação terapêutica.
“Em exames que medem a quantidade de açúcar no
sangue, por exemplo, temos um sistema que emite um
sinal de alerta se o nível está muito alto ou muito bai-
xo. Aqui a comunicação com a Unidade de terapia in-
tensiva (Uti) acontece na mesma hora, fundamental
para alguém com hipoglicemia, que precisa de trata-
mento imediato”, exemplifica o dr. Antônio Carlos Pig-
natari, consultor médico do Sérgio
Franco para o 9 de Julho, que con-
ta com 285 leitos, sendo 60 deles
compostos por Utis.
Para o dr. Pignatari, tão impor-
tante quanto a agilidade na entre-
ga dos diagnósticos é a credibilida-
de das informações - e quanto mais
próxima é a relação do laborátorio
com o hospital e seu corpo clínico,
melhor é o trabalho de consultoria
e, consequentemente, mais eficien-
te é o diagnóstico.
No alto, à esq;
entrada do
hospital no
bairro Cerqueira
César. De baixo
para cima; 3D do
que será o novo
pronto socorro
com a recepção,
o consultório e
um dos quartos
Vip do hospital
[ Fotos: Divulgação ]
para Quem não fala português e
nunca assistiu a um jogo no Brasil, a
frase não poderia ser mais enigmática.
Porém, era a que aparecia no topo dos
assuntos mais comentados do twitter
na abertura da última Copa do Mundo.
Não demorou para que os mais brin-
calhões inventassem uma explicação
para o popular “Cala boca, Galvão”.
Um deles convenceu muita gente de
que se tratava de uma campanha pa-
ra preservar esta ave em extinção – o
“galvão” – com um vídeo que foi as-
sunto na imprensa internacional e já
teve mais de um milhão de acessos.
A história acima é o melhor exem-
plo para comprovar o alcance da re-
de social no Brasil, que já conta com
cerca de dez milhões de usuários en-
tre os mais de 100 mil no total. Ante-
nado a esta nova realidade, o Sérgio
Franco Medicina Diagnóstica é o pri-
meiro laboratório a usar esse canal
de comunicação para informar o re-
sultado de exames dos clientes.
Funciona assim: quando chega pa-
ra fazer o exame e informa ao aten-
dente como prefere receber o resul-
tado, o paciente tem a opção de ca-
dastrar seu endereço no twitter, além
do e-mail. imediatamente, o perfil
@resultadoslabsf passa a seguir o
cliente. Basta ele aceitar o novo “se-
guidor” para receber uma mensa-
gem individual com um link do lau-
do no site do laboratório. tudo isso
em apenas 140 caracteres, tamanho
máximo dos posts do microblog.
um eficiente pOmBO-cOrreiO Com cerca de dez milhões de usuários no Brasil, o Twitter é mais uma ferramenta do Sérgio Franco para divulgar resultados dos exames
Basta ele aceitar o novo seguidor para receber uma mensagem individual com um link do laudo
SEtEMBRo/DEzEMBRo 2010 revIsta s 18 17 revIsta s SEtEMBRo/DEzEMBRo 2010
ponto de equilíbrioo que faz bem na vida de Luiza Possi
PiLATeS Pratico há dois
anos e mudou
muito a relação
com o meu corpo.
É bom para
a respiração e
para trabalhar a
força de forma
consciente.
MAndiOquinHA Eu gosto de tudo, mas
ultimamente estou viciada em
batata-baroa – ou mandioquinha,
como é chamada em São Paulo.
BALé Dançar muda o dia, o humor e a energia
de tudo em volta. Pratico balé desde os
dois anos de idade. Parei algumas vezes,
experimentei outras modalidades, mas
voltei para o clássico há cinco anos.
CLARiCe LiSPeCTOR Qualquer livro dela, mas
principalmente Uma
Aprendizagem ou o Livro
dos Prazeres (editora
Rocco), que terminei de
ler agora. É muito bom
para fazer a alma pensar,
traduz os sentimentos em
poesia, faz um bem...
Bons Ventos Sempre Chegam, título do quinto álbum
da carioca Luiza Possi, tem de fato algumas razões de
ser. o CD marca a estreia da filha de zizi Possi e reproduz
bem a leveza dos hábitos e gostos da cantora.
[ Fotos: Shutterstock e Divulgação/Reprodução ]20 revIsta s SEtEMBRo/DEzEMBRo 2010 [ ilustração: Nelson Provazi ]
a saúde do corpo
rsepapo franco
(pág. 22)
beleza (pág. 28)
lição de vida (pág. 32)
colunista convidado (pág. 37)
ensaio (pág. 38)
soluções(pág. 44)
papo francorse
A chamada dislipidemia, um dos principais fatores de risco de infartos e acidente vascular cerebral, foi tema da primeira edição do debate
[ fotos marcelo naddeo ]
colesterol em pauta
os convidados
Márcia Marinho, presidente
do sérgio franco (3ª da esq.
para dir.), recebe dr. Cláudio
Pereira da Cunha, professor da
UfPR, dra. Rosa Célia, fundadora
do Projeto Pró Criança Cardíaca;
e dr. otávio Gebara, professor de
Cardiologia da faculdade
de Medicina da UsP
22 revista s seteMbRo/dezeMbRo 2010
Dr. otávio Gebara (são Paulo-sP)autor do livro Coração de Mulher (editora Abril, es-
crito em parceria com Raul dias dos santos), o dr. otá-
vio Gebara é professor da faculdade de Medicina da UsP.
Para ele, mesmo quem é magro e saudável deve fazer o
lipidograma a partir dos 20 anos. “o desafio é conscienti-
zar a população de que é preciso medir o colesterol”, res-
salta. Por fim, diz que tanto a prevenção quanto o trata-
mento são bem simples. “Um dos maiores avanços da
medicina foram os remédios para combater o colesterol.
Após um mês já dá resultado.”
Dra. rosa célia (rio De janeiro-rj)diretora e fundadora do projeto Pró Criança Cardí-
aca, atividade social voltado para crianças com doenças
no coração, a cardiologista infantil dra. Rosa Célia é tam-
bém responsável pela cardiologia pediátrica do hospital.
Considerando que o colesterol alto atinge uma em cada
dez crianças no país, de acordo com pesquisa do InCor, dá
para se ter ideia do árduo trabalho da médica: “As crianças
passam em média cinco horas por dia em frente ao com-
putador, não fazem exercícios físicos. e a maior parte das
famílias está se alimentando muito mal”, alerta.
Dr. cláuDio Pereira Da cunha (curitiba-Pr)Professor da universidade federal do Paraná e
doutor em Cardiologia pela Universidade federal do Rio de
Janeiro, o dr. Cláudio Cunha iniciou o debate ressaltando a
importância de se diferenciar os três principais tipos de lipí-
dios presentes no organismo: o HdL, chamado de colesterol
bom, o LdH, o mau, e os triglicerídes. “A dislipidemia é a al-
teração desses níveis de gorduras que temos em nosso or-
ganismo causada por desvios de alimentação ou alterações
patológicas”, resumiu. e, para descobrir se algo está errado,
o meio mais eficaz é o exame de lipidograma.
‘embora seja um fator De risco Dos mais imPortantes, é uma Doença absolutamente
silenciosa, raramente Provoca alGum sintoma. além Disso, o biótiPo não fala a verDaDe.
Quem vê cara não vê colesterol. o único jeito De ter um
DiaGnóstico é com um exame ”
‘já acho tarDe fazer o Primeiro exame De liPiDoGrama aos 20
anos. QuanDo o colesterol alto é Descoberto DesDe ceDo,
o tratamento é mais fácil. e o trabalho começa
no carrinho De comPras, no suPermercaDo, com
toDa a família”
‘a Prevenção Deve ser vista como um investimento Para se ter uma viDa boa no
futuro. é um conjunto De atituDes Que se Deve seGuir DesDe a infância, evitanDo
alGuns alimentos e estimulanDo a ativiDaDe física. o resultaDo
vai aParecer lá na frente”
papo francorse
Q uem é pego de surpresa com o ter-mo dislipidemia não imagina que se trata de um problema familiar
para muita gente. Afinal, você pode não saber a definição técnica exata para os al-tos níveis de gordura no sangue, mas cer-tamente conhece alguém que já recebeu o diagnóstico de colesterol elevado – apesar de um grande número de pessoas ainda ig-norar a gravidade da doença.
Tema da primeira edição do Papo Franco, encontro quadrimestral com especialistas pa-ra falar de algumas das mais relevantes ques-tões médicas na atualidade, o assunto rendeu uma tarde inteira de debate no Hotel Emilia-no, em São Paulo, e reuniu três cardiologis-tas: dr. Cláudio Pereira da Cunha, professor da Universidade Federal do Paraná; dra. Rosa Cé-lia, fundadora e diretora do projeto Pró Crian-ça Cardíaca, no Rio de Janeiro; dr. Otávio Ge-bara, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Márcia Marinho, presidente do Sérgio Franco e anfitriã do even-to, fez o papel de mediadora.
mal silencioso Entre as principais causas de doenças co-
ronarianas e acidente vascular cerebral, o co-lesterol alto é tão perigoso quanto impercep-tível – afinal, praticamente não provoca sinto-ma, apenas em valores muito altos.
“Uma pesquisa realizada em São Paulo revelou que 85% das pessoas não sabem que esse é um fator de risco. É uma raridade ab-soluta uma pessoa com o colesterol altera-do ter algum tipo de sintoma, a não ser que esteja em níveis tão elevados, que comece a se acumular na pele e provocar manchas tí-picas”, afirmou dr. Otávio Gebara. Daí a im-portância de se fazer o exame a cada cinco anos a partir dos 20 anos de idade.
É bom ressaltar que tal média se aplica apenas para os que estão com as taxas contro-ladas — 200 para adultos e 100 para crianças. Quem é diabético ou possui na família um histórico da doença, mesmo seguindo uma
24 revista s seteMbRo/dezeMbRo 2010 seteMbRo/dezeMbRo 2010 revista s 25
papo francorse
dieta equilibrada e praticando exercícios físicos regularmente, precisa fazer o exa-me e controlar o mal desde criança. “Quan-to mais problemas de saúde você tem, mais baixo deve ser o nível de colesterol. E o nú-mero considerado ideal vem diminuindo ca-da vez mais. Anos atrás, 280 era uma taxa normal para adultos, hoje é praticamente um palavrão”, lembra a dra. Rosa Célia.
mitos em altaEntretanto, os saudáveis também não de-
vem fazer vista grossa. Afinal, como diz a dra. Rosa Célia, colesterol não dói, só quando se so-fre um infarto. Para se manter longe desse pon-to, além de cuidar da alimentação e não deixar de lado a atividade física, é imprescindível fa-zer o exame: “A grande dificuldade é conscien-tizar a população da necessidade de se medir o colesterol”, ressalta o dr. Gebara.
Além dos cuidados na prevenção e no diagnóstico, outro assunto que rendeu no encontro foram os mitos relacionados ao co-lesterol alto. Como, por exemplo, achar que só uma rotina de exercícios intensos e regu-lares dá resultado: “Qualquer atividade fí-sica é melhor que nada. Na verdade, o que importa é sair da inércia. Até essas campa-nhas para subir escadas e usar menos o ele-vador são bacanas em qualquer faixa etá-ria”, avisa dr. Gebara. Para as crianças, en-tão, essa regra deve ser criada logo cedo: “É fundamental se movimentar desde peque-no. E muitas vezes nem precisa sair de casa, qualquer jogo de peteca com os pais já é vá-lido”, garante a dra. Rosa Célia.
As chamadas “dietas milagrosas” foi ou-tro ponto levantado pelos especialistas: “En-tra modismo, sai modismo, e o único regime que funciona é aquele que você come menos. Uma alimentação variada, rica em frutas e legumes, mantém qualquer um saudável. Ler rótulo, por exemplo, é outra ótima for-ma de prevenção”, ressalta o dr. Gebara.
Até os tão banalizados suplementos ali-mentares entraram na lista: “Uma dieta sau-
dável supre tudo isso”, complementou o dr. Cláudio da Cunha. Já a dra. Rosa Célia lem-brou que os cuidados começam no carrinho do supermercado e com o exemplo dos pais: “As famílias comem muito mal, é só entrar no metrô e pedir para ver a bolsa das mães que ninguém vai ter uma maçã, mas todo mundo carrega um saco de biscoito”, critica a médi-ca. Associar o problema à obesidade é outro mito frequente. “O biótipo nunca fala a verda-de”, ressalta o dr. Gebara. Ou, como ele mes-mo diz, quem vê cara não vê colesterol.
leia mais: Para ter acesso ao debate e ao ví-
deo do encontro na íntegra, visite o nosso canal
digital: www.sergiofranco.com.br/revista/
ser/colesterol_em_pauta
em sentido horário,
Márcia Marinho
com os médicos
dr. Gebara, dr. Cunha
e dra. Rosa Célia.
À esq., a publicação
bioinforme, do
sérgio franco
dr. otávio Gebara,
dra. Rosa Célia e dr.
Cláudio da Cunha
durante o debate
[ Agradecimentos: Cau Chocolates, www.cauchocolates.com.br e Wines and Roses, www.winesandroses.com.br ]26 revista s seteMbRo/dezeMbRo 2010 seteMbRo/dezeMbRo 2010 revista s 27
belezarse
Cuidar da pele também faz parte do universo masculino. Principalmente se o objetivo é manter a aparência jovem por mais tempo
[ por shâmia salem ]
Fina estampa
A té há pouco tempo restrito apenas às mulheres, o cuidado com a saúde da pele é cada vez mais co-mum entre os homens. Outra boa notícia é que eles
não precisam acordar com uma hora de antecedência nem perder parte do fim de semana tratando da beleza. “A pe-le masculina é 20% mais espessa que a feminina, tem mais colágeno e é mais oleosa, o que explica por que os homens demoram mais para ter rugas e flacidez”, explica a dra. Isa-bella de Forneiro, dermatologista do Rio de Janeiro.
Para manter a aparência jovem por ainda mais tem-po – o que, segundo pesquisas, ajuda muito nas entrevis-tas de emprego e aumenta pontos com o chefe –, é indi-cado se tratar o quanto antes, principalmente depois dos 30 anos, porque é nessa faixa etária que o envelhecimen-to começa a dar as caras, literalmente.
Confira a seguir um roteiro de cuidados dos pés à cabeça. Mas, atenção: pouco adianta investir em cos-méticos e em tratamentos se não dormir direito, exage-rar na gordura e no álcool, fumar e não fizer exercícios físicos. Agora é com você!
1. Cabelo no lugarBasicamente, são dois os
motivos que costumam derrubar
os fios: a hereditariedade e o
estresse. No primeiro caso, o
tratamento costuma ser feito com
medicamento tópico (à base de
alfa estradiol e minoxidil) e oral
(com finasterida). Já a solução para
a queda capilar provocada pelo
estresse pode estar na infiltração
de corticoide – sim, trata-se de
injeções no couro cabeludo, mas
com dor suportável porque a
aplicação é feita com uma agulha
fina. “A substância combate a
inflamação e melhora a circulação
local e a imunidade”, explica a
dra. Isabella de Forneiro, que
indica de uma a duas sessões.
2. Sem sinal de caspa As causas da temida dermatite
seborreica ainda não foram 100%
esclarecidas, mas já se sabe
que o estresse, as alterações
hormonais, as mudanças bruscas
de temperatura, os banhos quentes
e o excesso de oleosidade agravam
o problema. para fugir da coceira e
da descamação, a dermatologista
recomenda tomar banho morno,
usar diariamente xampu, loção
anticaspa e evitar condicionador.
3. De cara limpaClaro que é bem mais prático lavar
o rosto apenas no banho e com
o mesmo sabonete do corpo.
o problema é que isso aumenta
o risco de ressecar e de cortar a
pele na hora do barbear. o ideal é
usar um produto específico para a
face e fazer a higiene pela manhã
e à noite, de preferência na pia
do banheiro, onde a água não é
tão quente quanto a do chuveiro.
“Melhor ainda se o sabonete
for esfoliante, pois previne pelo
encravado e cravos”, avisa a
dra. Isabella de Forneiro.
4. Barba bem feitaAo remover os pelos com lâmina,
a camada mais superficial do
rosto acaba sendo agredida. o
resultado? Irritação, desconforto,
alguns cortes e pelos encravados,
que inflamam por causa da ação de
bactérias presentes na pele. Mas é
possível tornar a obrigação menos
traumática com atitudes simples:
• tente fazer a barba logo após o
banho, já que o calor da ducha
abre os poros e amolece os fios.
• use espuma de barbear para a
lâmina deslizar com mais facilidade.
• passe o aparelho de barbear sempre
no sentido do crescimento dos fios.
• finalize com loção pós-barba à
base de ativos calmantes.
• retire os pelos encravados com pinça,
mas, se estiverem incomodando
demais, procure um dermatologista.
“Há casos em que só o laser resolve,
já que a luz destrói a raiz do fio e, a
partir daí, nascem bem mais ralos
e em menor quantidade”, conta
a dermatologista.
5. Fora, acne Apesar de ser mais comum na
adolescência, pode aparecer na
[ Foto: Corbis ]28 revista s seteMBro/dezeMBro 2010
fase adulta, especialmente
porque os homens têm pele
oleosa. para combater a acne,
lave o rosto pela manhã e
à noite com sabonete de enxofre
ou ácido salicílico e, na sequência,
aplique uma loção com resorcina –
ambas reduzem a produção de sebo.
Já os casos mais graves precisam
de acompanhamento médico.
Limpeza de pele também cai bem.
6. Transpiração controladasuor excessivo é um
constrangimento e tanto.
se esse for o seu caso, pode
se tratar de hiperidrose axilar,
disfunção provocada pela
hiperatividade das glândulas
sudoríparas que costuma piorar
com o estresse, a ansiedade, o
calor e a prática esportiva. Mas
essa alteração pode ser corrigida
facilmente com uma substância
chamada toxina botulínica.
“essa substância inibe a ação
das glândulas em três dias e
o efeito dura até um ano e meio”,
conta a dra. Isabella de Forneiro.
7. Pele a salvoprotetor solar não é exclusividade
das mulheres e tem de ser usado
tanto na praia quanto na cidade.
Afinal, a lâmpada do escritório
queima assim como o sol e a
radiação ultravioleta está presente
em vários momentos do dia.
“o protetor com Fps 30 em gel
é o mais indicado para a pele
masculina, mais oleosa e sujeita
a acne, e precisa ser aplicado
diariamente pela manhã e, se
possível, após o almoço”, ensina
a especialista. dessa forma, você
previne queimadura, ressecamento,
rugas, flacidez e até câncer.
8. Hidratar é precisoAr condicionado, vento, noites
maldormidas, bebida e cigarro
aumentam a produção de radicais
livres e prejudicam a hidratação
da pele, que resseca, perde a
elasticidade e fica acinzentada.
para recuperar o vigor, passe creme
hidratante formulado com ativos
revitalizantes e firmadores, como
ácido hialurônico, pCA-Na ou
ceramidas. “Mais do que
evitar que a pele perca água,
o cosmético previne e ameniza as
rugas, que ficam mais evidentes a
partir dos 40 anos”, avisa a médica.
9. Beleza da unhaCortar de qualquer jeito ou, pior,
roer as unhas é sinal de desleixo.
saiba como fazer a coisa certa:
• corte sempre com a tesoura
acompanhando o formato do dedo;
• lixe as unhas para ficarem lisas;
• não “cutuque” os cantos para não
correr o risco de deixar as unhas
dos pés encravadas. Caso isso
aconteça, procure um podólogo.
10. Calcanhar- de-aquilesQue tal cuidar também dessa
parte esquecida do corpo?
entre os males que atingem a
região, nada mais feio do que
um calcanhar rachado e
descamando – o que pode ser
evitado com o uso de hidratante
à base de lactato de amônio
ou ureia antes de dormir.
o mesmo creme também amacia
as partes mais duras e evita
os malfadados calos. Quanto
às bolhas, é difícil impedir que
apareçam em quem joga
futebol ou corre com frequência.
A única regra é não furá-las
em hipótese alguma, pois há o
risco de as bactérias provocarem
infecção. Mas se a bolha estourar
sozinha, lave bem a área, seque,
passe um creme cicatrizante
e coloque curativo. porém,
o que há de pior é mesmo
um pé com frieira e mau odor.
A dupla, que também pode vir
acompanhada de coceira e ardor,
entrega que você não secou bem
entre os dedos ou ficou muito
tempo com sapato fechado,
ambientes perfeitos para os
fungos e as bactérias agirem.
“para mantê-los a distância, deixe
os pés secos e arejados o máximo
de tempo possível, não repita o
mesmo calçado por mais de dois
dias, lave e seque bem os pés,
use apenas meias de algodão
e ponha o calçado para tomar
um solzinho de vez em quando”,
lista a dra. Isabella de Forneiro.
belezarse
30 revista s seteMBro/dezeMBro 2010
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a eliminar pelos
encravados.
[ Fotos: Corbis e divulgação produtos pesquisados pela editoria de beleza da revista s ]
>>
lição de vidarse
A economista carioca Mônica Ferreira de Oliveira teve endometriose e enfrentou operações para a retirada de trompas e de miomas no útero. Mesmo com todas
as dificuldades, conseguiu dar à luz a Isadora, de três anos. Hoje, aos 41, ela
planeja ter outro filho. Prova de que tudo é possível quando se quer ser mãe
[ fotos andré arruda ]
mãe natureza
H á dez anos, aos 31, passei por um momento difícil. Minha vida era bem estressante, trabalhava três turnos no mercado financeiro, um ambiente hos-
til e competitivo. Me sentia sempre sob pressão e cansada. Nessa época, com cinco anos de casada, tentava engravi-dar há dois. Como já havia um histórico de inflamação nas trompas (salpingite), fui obrigada a retirar uma delas mui-to jovem, sabia que não seria fácil.
Daí notei que o meu fluxo menstrual estava bastante inten-so. Perdia muito sangue e, consequentemente, vivia anêmica. As dores eram homéricas – às vezes achava que ia desmaiar – e só foram piorando ao longo do tempo. Isso atrapalhava bas-tante o lado profissional. Em certos dias me sentia imprestável, com vontade de ficar somente na cama, quietinha.
As fortes dores durante a menstruação reforçaram as suspeitas de endometriose (doença na qual partes do en-dométrio – camada que se forma no útero para receber o
32 revista s setembro/dezembro 2010
Após todas as
dificuldades para
engravidar, mônica teve
Isadora, hoje com
quase três anos
lição de vidarse
“A minha história pode ser resumida em perseverança. Agora estou pensando em tentar ser mãe novamente. Mais uma vez será um jogo de probabilidades”
34 revista s setembro/dezembro 2010
óvulo fecundado – se instalam em outros lugares do corpo). Como o pro-blema só pode ser diagnosticado por meio da videolaparoscopia (exame in-vasivo no qual se detecta e já se limpa alguns focos da doença), a dra. Edna Pottes, minha médica, aconselhou a fazer o procedimento imediatamente.
Não hesitei em nenhum minuto porque, segundo ela, se o problema não fosse tratado a tempo poderia pro-
vocar infertilidade. Além disso, seria o fim das dores e o meu útero estaria em condições para eu voltar a tentar ter um filho. A cirurgia foi um sucesso, as cólicas menstruais diminuíram e o fluxo retornou ao normal.
Passado o susto, resolvi adiar um pouco o plano de ser mãe e foquei nas conquistas profissionais. Como achava que as chances de engravi-dar naturalmente eram bem peque-nas, também não me prevenia.
Tudo ia bem até que, em 2003, comecei a sentir cólicas fortíssimas. Liguei para a médica informando que
já havia menstruado, mas continu-ava com um pequeno sangramen-
to. A dra. Edna achou aquilo es-tranho e indicou uma ultrasso-nografia e um exame Beta HCG.
Voltei para casa para repousar. Como sou curiosa, entrei em contato com o laboratório para saber o resultado – que, para a minha surpresa, deu positivo.
Durante seis, sete horas fiquei muito feliz. Mas, quan-
do a médica ligou, senti pelo seu tom de voz que algo estava errado. Na mesma hora ela perguntou pe-lo meu marido e pediu que eu arru-masse minha malinha e fosse com ele para a maternidade.
Era uma gravidez tubária (fora da cavidade uterina) e eu me encontrava em processo de hemorragia interna porque a trompa tinha estourado.
Esse dia foi uma verdadeira mon-tanha-russa. Mal tive tempo de co-memorar a gravidez e já estava em uma mesa de cirurgia, correndo risco de não sobreviver. “O mais importan-te é você neste momento”, avisou a doutora. Foi triste, mas foi bom, por-que naquele momento aumentou a minha determinação para conseguir engravidar novamente.
Mesmo assim, só no fim de 2006, com 38 anos, decidi de verdade ter um filho. Parei de fumar e comecei a to-mar remédios para estimular a ovu-lação. Em dezembro de 2006 iniciei o tratamento de fertilização in vitro. No fim de janeiro do ano seguinte,
Mão de Médica a experiência de mais de 30 anos na área de infertilidade
e reprodução assistida não impediu que a dra. edna Pottes, en-
docrinologista especializada em endocrinologia ginecológica,
se sensibilizasse com a história de mônica: “ela tinha 28 anos e
já havia retirado uma trompa. Além disso, sofria de hipotireoi-
dismo, alterações menstruais e era fumante”, lembra.
Ainda sem saber dos problemas da endometriose, a econo-
mista vinha tentando engravidar naturalmente. Após dois anos,
e nada do resultado positivo, associado a vários indícios da
doença, mônica foi aconselhada a fazer a videolaparoscopia.
muitas complicações e reviravoltas depois, como a gravidez tu-
bária que a obrigou a retirar a segunda trompa, a notícia da sua
gravidez em 2007 foi comemorada calorosamente: “Nosso en-
volvimento com esse caso foi imenso”, ressalta.
setembro/dezembro 2010 revista s 35
contra tudo e contra todos, para a mi-nha alegria, eu já esperava Isadora.
Tudo ia bem, aconteceram ape-nas indisposições corriqueiras, como enjoos. Na 12ª semana, mais ou me-nos no quinto mês, recebi outra notí-cia bombástica: estava com rubéola. Eu havia tido a doença na infância, po-rém, caí no grupo dos 5% das pessoas ameaçadas de recontaminação. Pas-sei um dia inteiro chorando, mas to-mei a decisão de enfrentar. A Isadora já se mexia na minha barriga, eu con-versava com ela todos os dias. Não ti-nha a menor possibilidade de fazer um aborto. Convivi os outros quatro meses com o risco de minha filha ficar com alguma sequela grave, como ce-gueira ou um problema cardíaco.
Em outubro daquele ano Isado-ra nasceu com 3,8 kg, 53 cm e absolu-tamente saudável! E eu renasci junto, também. Quando vi seus olhinhos de
jabuticaba, e ela parou de chorar de-pois de ouvir a minha voz, foi a maior emoção da minha vida.
O acompanhamento para essa história de sucesso foi muito impor-tante. É fundamental ter um médico de confiança que conheça o seu cor-po. Pude contar com profissionais excelentes que lutaram comigo, tan-to a dra. Edna Pottes quanto a dra. Laura Osthoff, que fez o meu parto.
A lição que eu tiro disso tudo é que, quando se tem um sonho, é pre-ciso lutar por ele. A minha história pode ser resumida em perseverança. Agora estou pensando em tentar ser mãe novamente. Mais uma vez será um jogo de probabilidades.
Leia mais: saiba mais sobre
endometriose em: www.sergiofranco.
com.br/revista/saude-de-a-a-z/
endometriose
lição de vidarse
Raio X da endoMetRiose: O que é? – Presença de tecido
semelhante ao endometrial fora da
cavidade uterina.
Causas – A origem não é conhecida:
“Há várias teorias. A mais comum
é que se trata de uma doença
embrionária, ou seja, as células que
vão dar origem ao endométrio se
espalham para outras partes do
corpo. Poderia ser ainda um problema
causado pelo estresse da vida
moderna”, explica a dra. edna Pottes.
sintOmas – fortes dores
pélvicas (no abdômen inferior)
durante ou fora da menstruação
e dificuldade para engravidar.
tratamentO – Além de confirmar
o diagnóstico, um exame invasivo
chamado videolaparoscopia é
usado também como forma de
tratamento, pois já é possível limpar
alguns focos da doença. Há casos
em que é recomendado, depois, um
bloqueador hormonal que interrompe
a menstruação por um certo período.
Abaixo, fotos de Isadora nos
primeiros meses de vida:
“Quando vi seus olhinhos de
jabuticaba foi a maior emoção
da minha vida”, diz mônica
36 revista s setembro/dezembro 2010 [ fotos: Arquivo pessoal / divulgação ]
“O corpo sabe o que fazer para lhe oferecer o máximo até quando você lhe dá o mínimo de atenção – imagina quando proporcionamos um pouco mais”
colunista convidadonuno cobra
aça o teste: passe alguns anos seguindo uma ali-
mentação adequada, com boas horas de sono, uma
atividade física sistemática aliada a técnicas de re-
laxamento e à meditação. Não importa em que fase da vi-
da, qualquer pessoa vai se sentir plenamente jovem.
Não existe idade. o corpo é maravilhoso e sabe o que
fazer para lhe oferecer o máximo até quando você lhe dá
o mínimo de atenção – imagina quando proporcionamos
um pouco mais. Nosso organismo tem esse nome justa-
mente porque se organiza.
Apesar de ser algo muito particular, a base de uma ali-
mentação saudável já é conhecida: além das três principais
refeições, é bom equilibrar um café da manhã, reforçado e
rico em frutas e fibras, com um almoço com carboidratos,
proteínas, verduras, legumes e um jantar bem leve.
os ‘‘lanchinhos’’ entre uma refeição e outra, como uma
fruta ou vitamina, também são bem-vindos. Vale lembrar
que a alimentação não é só física,
mas também mental – afinal, tam-
bém somos aquilo que pensamos.
Para beneficiar a mente e o espíri-
to, o corpo necessita de movimento.
mas este precisa ser feito de forma
ordenada, sem sacrifícios. o esfor-
ço faz bem, desde que venha acom-
panhado de prazer. tenha uma prá-
tica constante, mas, acima de tu-
do, agradável. A malhação inconse-
quente, ao contrário de realizar a ta-
refa máxima da saúde, pode tirar vo-
cê do tão fundamental equilíbrio.
A vida moderna, com tanto confor-
to e comodidade, roubou do homem
essa necessidade tão básica que é a
atividade física, trazendo todo o tipo
de desequilíbrios e enfermidades. e a
vida é como a bicicleta: se parar, cai.
seguindo essa fórmula, em qual-
quer idade você pode resgatar a sua
juventude. o corpo só precisa rece-
ber algumas condições básicas de
saúde. e, acima de tudo, lembrar o
quão importante é a alimentação
mental e estar em movimento em
qualquer fase da vida.
nuno cobra é preparador físico e
mental desde 1952, foi treinador
do piloto Ayrton senna e é autor do
bestseller A semente da Vitória
(editora senac são Paulo)
O segredO dA juventude[ IlustrAção neLson provazi ]
F
setembro/dezembro 2010 revista s 37
rsabe
a saúde da mente
gente do bem (pág. 46)
equilíbrio(pág. 52)
pausa(pág. 58)
colunistaconvidada
(pág. 59)
capa(pág. 60)
presença(pág. 70)
cultura(pág. 74)
[ Ilustração: Nelson Provazi ]44 REVISTA S SETEMBRO/DEZEMBRO 2010
DOCE AROMA Com notas da
fl or-de-cerejeira,
este perfume
sólido tem fragrância
suave e delicada.
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40 revista s setemBro/dezemBro 2010 setemBro/dezemBro 2010 revista s 41
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42 revista s setemBro/dezemBro 2010 setemBro/dezemBro 2010 revista s 43
46 revista s setembro/dezembro 2010
gente do bemrsabe
Criador da Turma do Bem, uma das mais reconhecidas ONGs do Brasil, esse dentista garante a saúde bucal de 12 mil crianças e adolescentes sem recursos em mais três países. Mas quem está bem contente com isso é ele mesmo
[ por ana santa cruz fotos claus lehmann ]
fábio bibancos
o homem do sorriso
setembro/dezembro 2010 revista s 49 48 revista s setembro/dezembro 2010
esponsável pelos sorrisos – e, consequentemente, por boa parte do charme – de atores globais como Fábio Assunção, Rodrigo Lombar-di e Ana Paula Arósio, o dentista Fábio Bibancos poderia estar rindo à toa apenas com tal lista de pacientes-celebridades. Mas foi só em 2002, quando começou a cuidar da saúde bucal de crianças e adoles-centes de comunidades carentes, que ele se realizou de verdade.
À frente da Turma do Bem, uma das mais reconhecidas ONGs da área de saúde no país, o cirurgião-dentista encarna com perfeição o papel de empreendedor social quando extrapola o atendimento nos limites de seu consultório. Na cruzada diária para minimizar o pro-blema de falta de acesso a dentistas experimentado por cerca de 25 milhões de brasileiros, sua missão é expandir a rede de profissionais que atendem gratuitamente a adolescentes carentes pelo país afora.
“Ao ganhar sorrisos saudáveis, eles adquirem também um incenti-vo enorme para a autoestima e uma chance maior de conseguir emprego e de ter uma vida social gratificante, sem receio de falar, sorrir e de se apro-ximar dos outros”, avalia Bibancos.
O passo inicial da vitoriosa em-preitada aconteceu em 1998, quando ele publicou o livro Um Sorriso Fe-liz para seu Filho (Editora CLA). Na época, o trabalho de divulgação in-cluía palestras em escolas particula-
res e públicas. Estar diante de reali-dades sociais tão diferentes foi deter-minante para a guinada na carreira deste paulistano. “Compreendi que as mães com filhos nas escolas públicas entendiam como cuidar das crianças, mas não contavam com recursos mí-nimos para ter sucesso. Nas famílias pobres, não faltava cuidado, e sim es-cova e pasta de dente”, lembra.
MissÃo inTERnacionaL No início, a pedido das mães,
Bibancos encaminhava as crianças para serviços gratuitos de univer-sidades. Em certo momento, po-rém, optou por agir com mais em-penho e passou a tratar ele mes-mo dos casos mais graves. Diante do aumento dos pedidos, resolveu procurar o engajamento de colegas de profissão para multiplicar o nú-mero de atendimentos.
Assim, em 2002, começou a sur-gir a rede de especialistas que hoje
opera no Brasil, na Argentina, na Ve-nezuela e, mais recentemente, se ex-pandiu também para Portugal. Em todos esses países, já são sete mil dentistas que separam horários na agenda para atender a crianças e a adolescentes até os 18 anos sem con-dições de pagar pelas consultas – e garantem com isso um total de 12 mil bons sorrisos. A triagem dos pacien-tes é feita por meio de avaliação da saúde bucal em visitas a escolas pú-blicas. Na mira da ONG estão os ca-sos mais críticos entre jovens de 11 e 17 anos, de preferência os mais ve-lhos. Afinal, são eles que precisam estar com o sorriso em dia para bri-gar pelo primeiro emprego.
A tarefa de aprofundar a ação da Turma do Bem logo resultou em reconhecimento para Bibancos. Em 2006, ele foi eleito empreende-dor social, premiação da Fundação Schwab, da Suíça, ligada ao Fórum Econômico Mundial de Davos.
r
‘Ao gAnhAr sorrisos sAudáveis, eles Adquirem tAmbém incentivo pArA A AutoestimA e umA chAnce de ter umA vidA sociAl grAtificAnte, sem receio de fAlAr, sorrir e de se AproximAr dos outros”
Há oito anos à frente
da turma do bem,
bibancos foi eleito
empreendedor
social em 2006
pela fundação
schwab, da suíça
50 revista s setembro/dezembro 2010
gente do bemrsabe
‘A médiA de consumo no brAsil é de ApenAs umA escovA dentAl por Ano pArA fAmíliAs de cinco pessoAs. o mínimo seriAm três pArA cAdA hAbitAnte em 12 meses”
entre as 12 mil crianças e
adolescentes atendidos nos
quatro países, a prioridade
são os que têm de
11 a 17 anos e brigam pelo
primeiro emprego
[ fotos: (1) divulgação ]
Mas é a satisfação de ver um cres-cente número de adolescentes ca-rentes que se livraram das cáries que mais empolga Bibancos – e não apenas por uma questão de saúde: “Dá para dizer que uma boca sadia tem influência decisiva no desenvol-vimento de vínculos afetivos de um adolescente, além de ajudá-lo a con-seguir trabalho mais facilmente”.
Bibancos lembra que, ao contrário da garotada das escolas particulares, os meninos e as meninas das escolas públicas mostram uma adesão incrí-vel ao tratamento. Medo de ir ao den-tista é algo de estranho para essa tur-ma: “Eles vêm sempre perfumados e muito arrumados como se fossem se divertir e não se tratar”, ressalta.
Sua luta mais recente é pela aprovação de uma lei que institua preços populares, a menos de um real, para kits de higiene bucal. “A média de consumo no Brasil é de apenas uma escova dental por ano para famílias de cinco pessoas. O mínimo necessário seriam três para cada habitante no prazo de 12 me-ses”, afirma Bibancos, que já é autor de quatro títulos sobre o assunto.
saiba como apoiar essa iniciativa
no site: www.turmadobem.org.br (1)
(1)
setembro/dezembro 2010 revista s 53 52 revista s setembro/dezembro 2010
equilíbriorsabe
Pílulas filosóficas
Aplaque as angústias da vida moderna com a contribuição de pensadores como Platão, Aristóteles e Schopenhauer, que passaram a vida refletindo sobre a condição humana
[ por ana santa cruz ilustrações gabriel fraga ]
correntados em uma caverna, um grupo de ho-mens nunca tinha visto a luz do dia. Das coi-sas e deles mesmos, só conheciam as sombras projetadas na parede a partir da luz de uma fo-gueira às suas costas. Dos sons, só ouviam os ecos vindos de longe. Narrado por Platão no li-vro A República há 2.500 anos, o chamado Mi-
to da Caverna é uma das mais poderosas metáforas da Filosofia para descrever uma situação à qual muitos estão condenados: de total alie-nação, ou de tomar sombras como verdades.
A alegoria prossegue com um dos homens saindo à luz do dia e compreendendo a realidade em um lento processo de superação da ig-norância. E a história termina com uma indagação: como ele, que
A
setembro/dezembro 2010 revista s 55 54 revista s setembro/dezembro 2010
equilíbriorsabe
Moderação Antídoto para a obsessão por status: quando só o que importa é a necessidade de dinheiro e prestí-gio e a busca por ambos desgasta a convivência com família e amigos. Lição de Epicuro (341 a.C. – 270 a.C.), filósofo grego: Observe se os seus de-sejos são seus, de fato, ou dos outros. Tenha clareza a respeito das suas reais necessidades.
aprendeu a enxergar a luz, seria recebido pelos compa-nheiros, se voltasse à caverna onde imperam as sombras?
São de questionamentos como este que a Filosofia se alimenta há milhares de anos. Platão escreveu A Repúbli-ca pensando de que forma seria uma cidade ideal. Filósofos dos séculos seguintes tratariam de questões igualmente re-levantes para a coletividade ou ligadas à condição indivi-dual do homem. Assim, angústias como medo, solidão, sen-timento de inadequação, ansiedade e frustração seriam ma-téria farta para reflexões valiosas de mentes privilegiadas.
O lado prático de tudo isso é que tais ideias podem ser interpretadas como ótimas lições para o cotidiano de hoje. Com base no trabalho de três filósofos modernos – o fran-cês Luc Ferry, o alemão Theo Roos e o anglo-suíço Alain de Botton –, selecionamos algumas das virtudes cultivá-veis diante das situações desgastantes.
Autores de livros introdutórios ao pensamento de alguns dos maiores filósofos desde a Antiguidade, como Sócrates, Epicuro, Sêneca, Montaigne, Schopenhauer e Nietzsche, eles lembram de problemas que acompanham a humanidade há milênios. Mais exatamente desde o momento em que o homem satisfez as necessidades bá-sicas de alimento e abrigo e passou a contar com tempo para dedicar-se a indagações sobre ser, ter, querer, fa-zer – ou seja, como viver melhor.
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Para Sêneca, o importante é saber lidar com os altos e baixos da vida, em não ficar tão feliz ou tão triste com os acontecimentos
1
serenidade Antídoto para a ansiedade: quando a expectativa de que algo vai dar errado domina o pensamento. Lição de Schopenhauer (1788-1860), filósofo ale-mão: Não se apegue aos erros cometidos, aprenda com eles sem se recriminar demais. Planeje apenas o essencial para o futuro.
paciência Antídoto contra a raiva: quando os aborre-cimentos nos fazem explodir à toa. Lição de Hannah Arendt (1906-1975), filósofa alemã: Pense com o coração e sinta com a cabeça. Aposte consigo mesmo que não vai ficar fu-rioso e imagine-se paciente. Depois, pergunte quem é mais forte: você ou a sua raiva?
aMor-próprio Antídoto para a opinião alheia: quando se tem a im-pressão de que não é capaz de chegar ao sucesso em diferentes dimensões da vida. Lição de Montaigne (1533-1592), filósofo francês: Faça anotações, escre-va um diário. Leitura e escrita são fontes de autoco-nhecimento que elevam a autoestima e nos tornam mais aptos para a vida. Lição de Sêneca (4 .a.C. – 65 d.C.), filósofo romano: para ele, quem vive de acor-do com as opiniões dos outros nunca vai ser feliz.
leveza Antídoto para a mania de perfeição: quando a obsessão pelos detalhes domina. Lição de Albert Camus (1913-1960), escritor e filósofo argelino radicado na França: A busca exagerada pela perfeição prejudica a realização de projetos. Valorize as coisas simples, tanto no campo pessoal quanto no profissional.
245
3
56 revista s setembro/dezembro 2010
sabedoria Antídoto para a frustração: quando a energia investi-da para alcançar um objetivo não é suficiente. Lição de Nietzsche (1844-1900), filósofo alemão: Evite cul-par os outros. Abasteça seu espírito com a leitura.
equilíbrio Antídoto para a euforia ou a desolação. Lição de Sêneca (4 a.C. - 65 d.C.), filósofo romano: Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. O im-portante é saber lidar com os altos e baixos da vida, em não ficar tão feliz ou tão triste com os acontecimentos cotidianos.
jornada Antídoto para a acomodação. Lição de Marco Auré-lio (121-180), imperador romano que também se de-dicou à filosofia: A ideia é viver cada momento da melhor maneira, sem se preocupar com o resultado.
razão Antídoto para o radicalismo e a impulsividade: quando as emoções e o orgulho falam mais que a razão. Lição de Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), filósofo grego: Não adianta ser tão corajoso a ponto de dizer tudo o que vem à cabeça para o seu chefe, por exemplo. Tampouco ele recomenda ser covarde. A virtude está no meio.
6
897
equilíbriorsabe
autoajuda com conteúdo As obras que fazem um apanhado de tais lições filosóficas são ótimas introduções ao pensamento dos grandes filósofos
aprender a viver
(luc ferry, editora Objetiva)
o ex-ministro da educação da França
explica como as religiões influenciaram
o pensamento filosófico e
de que forma o triunfo do cristianismo
no ocidente causou uma
revolução nos valores.
as consolações da filosofia
(alain de botton, editora rocco)
o autor anglo-suíço recorre
ao pensamento de sócrates,
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e nietzsche para tratar de
temas como frustração
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58 revista s setembro/dezembro 2010
“A moda sustentável envolve produção economicamente viável, socialmente justa e ambientalmente correta”
sustentabilidade é a
moda do momento. e o que
acontece quando esse con-
ceito é usado no mundo fashion?
A definição de moda sustentável en-
volve produção economicamente viá-
vel, socialmente justa e ambientalmen-
te correta. Na prática, significa usar ma-
teriais que não agridam o planeta, res-
peitar os princípios do comércio justo e
desenvolver economias locais incenti-
vando novos polos produtivos que va-
lorizam a atividade da região. e, com
foco em um ou mais destes três pila-
res, marcas e estilistas têm criado cole-
ções, peças, desfiles e campanhas.
É o caso da estilista inglesa stella
mcCartney. Além de não utilizar ma-
terial proveniente de animal, como o
couro, ela escolhe tecidos orgânicos. o
perfume stella sheer 2010 leva o selo
da certificadora internacional ecocert.
essa preocupação se estende tam-
bém às suas parcerias, como a linha
para a Adidas com peças de tecido
confeccionado de garrafa Pet recicla-
da e algodão cultivado sem pesticidas.
A filha de Paul mcCartney lançou uma
loja em milão cujo conceito visa o me-
nor impacto ambiental possível.
Já a Chanel trouxe icebergs à pas-
sarela no seu último desfile de inverno.
As placas foram se derretendo e for-
mando poças d’água, exemplificando
o aquecimento global. Para aguentar o
frio, o estilista Karl Lagerfeld desenvol-
veu roupas com peles falsas, uma críti-
ca àqueles que adotam as de animais.
mas não são somente grandes no-
mes da indústria fashion mundial que
estão preocupados com a sustentabi-
lidade. Até as redes populares entra-
ram na onda. No brasil, a C&A e as lo-
jas marisa vendem algumas edições
limitadas de camisetas produzidas
com algodão orgânico. A inglesa top-
shop apostou em novos designers que
criam com tecido de segunda mão.
Pois é, esta é a maior tendência no
mercado: não deixar materiais irem
para o lixo e reaproveitá-los sempre
que possível. Upcycle é assim, dar vi-
da nova para o que seria jogado fora.
Na estethica – feira de moda ética
que acontece na semana de moda lon-
drina –, esse era o comportamento de
nove entre dez expositores. A marca el-
vis & Kresse fez acessórios com man-
gueiras que seriam despejadas em li-
xões. A From somewhere usou restos
de tecidos de grifes italianas.
Por aqui, o estilista Alexandre Her-
chcovitch idealizou peças com o eco-
simple, tecido 100% de matéria-pri-
ma upcycled. os resíduos e as apa-
ras de confecções são coletados, se-
parados por cor, passam por um pro-
cesso de “desfibragem” chamado de
rasgamento e sem substância quími-
ca. Já em forma de fibra, o material é
fiado e, então, os fios, tecidos.
mas é um mercado que está ape-
nas começando no brasil. e somos
nós, os consumidores, que temos de
incentivar e exigir uma atitude cons-
ciente do mundo fashion.
alice lobo é jornalista e assina
o blog Verdinho básico –
www.verdinhobasico.com.br
Moda Verde[ ILUstrAção marcio moreno ]
A
colunista convidadaAlice Lobo
setembro/dezembro 2010 revista s 59 [ Foto: Corbis ]
DesAceLere Às vezes um bom respiro é o que falta na hora de
resolver aquele problema ou achar a inspiração
para uma nova ideia. durante uma atividade física
prolongada, esse pequeno intervalo também se torna
fundamental: é nessa hora que o corpo processa o
esforço e ganha energia para superar novos limites.
se a pausa ainda vier junto com alguns goles de água,
não tem nada mais revigorante.
pausacaminhada
rsabe
caparsabe
Mesclando a credibilidade conquistada pela experiência com o espírito pioneiro que marcou
toda sua trajetória, a empresa completa 70 anos em pleno vigor da juventude
[ ilustração anna anjos ]
sérgio franco
n o fim da década de 1960, quando decidiu que não ia mais voltar para Salvador após as férias no Rio de Janeiro, a baiana Judimaria Santos se deu
conta de que precisava de um emprego. Com vinte e pou-cos anos, soube que um pequeno laboratório em Botafo-go procurava uma recepcionista. “Cheguei lá e o dr. Sérgio estava na bancada fazendo exames. Na mesma hora ele me contratou”, lembra Judy, como é chamada, hoje coordena-dora de relacionamento com os convênios.
O “dr. Sérgio” era, na verdade, Sérgio Affonso Montei-ro Franco, o fundador do laboratório batizado com seu pró-prio nome há exatos 70 anos. A recepção calorosa pelo do-no pode parecer algo improvável atualmente – afinal, os 17 colaboradores daquela época se transformaram em mais de 1.500 e a única unidade em Botafogo se multiplicou por quase 100 no Rio de Janeiro, em Curitiba e São Paulo. Mas,
para os mais antigos, o cuidado na relação com as pessoas, difundido pelo médico patologista, nunca se perdeu. “Ele era uma pessoa muito humana e isso se reflete na empresa até hoje”, elogia Judy, há 43 anos na casa.
Outra memória viva é a farmacologista Trude Di-metz. Aos 81 anos e há 60 na empresa, ela ainda não quis se aposentar e hoje é responsável técnica e asses-sora científica, além de um verdadeiro patrimônio lo-cal. Braço direito do “dr. Sérgio” até o momento em que ele esteve à frente da empresa, em 1984, Trude lembra de sua curiosidade desbravadora e da busca constante por novas técnicas: “Ele lia nas revistas americanas o que tinha de mais novo e encomendava para o laborató-rio”, ressalta. Mas também não esquece que o patologis-ta nunca deixou de lado a atenciosa relação com o clien-te: “Muitas vezes ele ia pessoalmente colher os exames
caparsabe
na casa de políticos como Carlos La-cerda e Ernesto Geisel”, revela.
Assim como Judy, com quem com-partilha uma forte amizade há mais de 40 anos (leia box), Trude vê na em-presa uma extensão da vida familiar. A baiana, inclusive, chegou a retornar a Salvador para se casar, mesmo após receber uma carta do dr. Sérgio pou-co antes de pedir demissão. A mensa-gem, pelo visto, fez efeito. Quatro me-ses depois, ela estava de volta ao Rio e empregada novamente, sem nenhum arrependimento de ter desmarcado o compromisso para se dedicar à car-reira. “Por meio do meu trabalho aqui eu construí minha vida. A rotina é pu-xada, mas venho trabalhar com muita satisfação. Tenho certeza de que fiz a troca certa”, garante.
No entanto, a preocupação com o lado humano não está limita-da apenas ao ambiente entre os
“Muitas vezes o dr. Sérgio ia pessoalmente colher os exames na casa de políticos como Carlos Lacerda e Ernesto Geisel”
os núcleos técnico-
científicos do rio de
Janeiro (ao lado), em
são Paulo (abaixo, à esq.)
e em Curitiba (abaixo)
[ Fotos: Divulgação (1) Elton Fernandes ]
Com estrutura horizontal, o núcleo técnico
do rio é um dos mais modernos do país
sEtEmbro/DEzEmbro 2010 revista s 63
(1)
caparsabe
colaboradores da empresa. No re-lacionamento com o cliente este é um aspecto prioritário. Selma Cos-tinha, diretora de relacionamento com o cliente desde 2003, diz que um dos segredos do sucesso do Sér-gio Franco Medicina Diagnóstica é servir o paciente com liberdade. “Nossa ideia é oferecer um leque de possibilidades para ele ser aten-dido como quiser: seja por telefone, pelo site ou mesmo pessoalmente”, explica ela, lembrando que, para isso, todos os meios precisam ser igualmente eficientes.
“No Sérgio Franco, todas as ações são pensadas para oferecer ao paciente um maior bem-estar. A sa-tisfação dele é o nosso principal ob-jetivo e o atendimento tem um pa-pel fundamental neste processo. Pa-
ra garantir a excelência e a padroni-zação nesse campo, nossos colabora-dores passam por treinamentos fre-quentes. Dessa forma, o atendimen-to das unidades Sérgio Franco obe-dece ao mesmo critério nos três esta-dos onde estamos presentes. Tal pa-dronização permite que um paciente consiga pegar o resultado do exame em qualquer unidade, inclusive em outro estado”, conclui Selma.
E como é possível saber se os clientes estão de fato satisfeitos com o atendimento? É exatamente isso o que faz Flávia Souto, coordenadora de relacionamento. Ela é responsá-vel por desenvolver novas soluções a partir das sugestões do cliente.
Também nos bastidores, outro cuidado constante é o de garantir o bom funcionamento de todas as
Trude & Judy – PraTa da casaamigas há mais de 40 anos,
trude Dimetz e Judimaria santos, a
Judy, são verdadeiros patrimônios
do sérgio Franco medicina
Diagnóstica. ambas carregam
no peito o orgulho de terem
passado a vida na empresa.
Enquanto trude comandava
as pesquisas científicas como
braço direito do dr. sérgio Franco,
Judy se dividia entre as funções
de recepcionista e datilógrafa
nos primeiros anos da entidade.
“meu início foi atípico”, lembra
Judy, usando uma definição que se
aplica perfeitamente a sua trajetória
na empresa. afinal, para quem
veio de salvador passar férias, foi
procurar um emprego só
para continuar no rio e acabou
ficando 43 anos na empresa,
não pode haver definição melhor.
“agora, cada uma trabalha em
um setor, pois isso aqui cresceu
muito”, diz trude, hoje na função
de assessora científica, enquanto
Judy é coordenadora de
relacionamento com os convênios.
Porém, na hora de falar do
passado, é quase impossível
conversar com as duas
separadamente: “a Judy é quem me
ajuda a lembrar das belas histórias
do passado”, diz trude. Já a colega
recorda das primeiras lições assim
que foi contratada, em 1967.
“Era ela quem orientava
os colaboradores”, revela.
“A Judy é quem me ajuda a lembrar das belas histórias do passado”Trude Dimetz
64 revista s sEtEmbro/DEzEmbro 2010
selma Costinha,
diretora de
relacionamento
com o Cliente
[ Fotos: andré arruda ]
etapas – da entrada do cliente até a li-beração do laudo. Que o diga Carmem Sacramento, coordenadora de quali-dade e há 30 anos no Sérgio Franco. Metódica e organizada, ela contro-la de perto todo esse processo – e não esconde o orgulho ao mostrar certi-ficados como o ISO 9002, Inmetro e DICQ/SBAC (Sociedade Brasileira de Análises Clínicas), além do ISO 9001 de 2008, obtido todos os anos desde 1998: “Fomos o primeiro laboratório do Rio de Janeiro a ganhar esse reco-nhecimento de qualidade tão impor-tante”, orgulha-se Carmem.
Outro ponto forte que sempre es-teve presente na rotina laboratorial do Sérgio Franco é a preocupação tecno-lógica. Quem cuida de perto desse as-sunto é Otávio Garcia, diretor de tec-nologia há 12 anos. Entre os marcos da área na última década, ele cita o fato de o Sérgio Franco ter sido o primeiro laboratório do país a fornecer o resul-tado dos exames no site da empresa, em 1997: “Nós demos uma importân-cia para a internet quando ninguém levava o asunto a sério”, diz Otávio.
Já entre as novidades mais recen-tes está um programa chamado RPS
caparsabe
“Em 1997, a gente deu uma importância para a internet, quando ninguém levava o assunto muito a sério”, Otávio Garcia
1940
O patologista Sérgio Affonso Monteiro Franco abre no Rio de Janeiro um pequeno laboratório de análises clínicas.
Década de 1950
O talento para o pioneirismo já aparece nesse período, quando a modesta equipe adotou a técnica de dosagens hormonais por processos químicos nos exames de gravidez.
Década de 1960
Nessa época, o laboratório passa a funcionar em Botafogo e é o primeiro a oferecer o exame de gasometria – teste que mede o PH e os níveis de gases no sangue.
1974 Nesse ano, a sede muda novamente para outro edifício em Botafogo, onde funciona até 1992. Ainda na mesma década, o Sérgio Franco Medicina Diagnóstica foi o primeiro laboratório a fazer dosagens de hormônios esteroides no país.
Cronologia
o diretor administrativo
e financeiro Fábio
Xavier ressalta o
legado tecnológico do
fundador sérgio Franco
o serviço de atendimento ao Cliente é formado por um time de colaboradores
treinado para atender 24 horas por dia, durante sete dias por semana
sEtEmbro/DEzEmbro 2010 2010 revista s 67
(Registro Pessoal de Saúde), no qual o paciente pode controlar seu histórico com dados como vacinação, alergias e operações realizadas, deixando-as dis-poníveis para o seu médico particular ou outros dos hospitais credenciados. E, ainda, o laudo gráfico, que, desde 1998, oferece um comparativo dos exa-mes feitos pelo cliente desde a sua pri-meira visita no laboratório. “O dr. Sér-gio Franco era uma pessoa muito liga-da nessa área e trouxe novas tecnolo-gias, tanto na área diagnóstica quanto no atendimento”, lembra Fábio Xavier, diretor administrativo e financeiro.
Da tecnologia de ponta à simpa-tia obrigatória atrás do balcão, alguém duvida que o legado do fundador foi mantido com afinco nestes 70 anos?
[ Fotos: Divulgação (1) andré arruda (2) Elton Fernandes ]
(1)
(2)
a mais nova
unidade de
Curitiba
uma das salas de
treinamento do nutec do rio
Década de 1980 Em 1983, já doente, o dr. Sérgio Franco encontra um grupo de investidores que tinha sua mesma filosofia de trabalho e concretiza a venda da empresa.
Década de 1990
O desenvolvimento tecnológico marcou esse período na empresa. Em 1992, foi implementada a identificação dos exames por código de barra, que garante a segurança das amostras do paciente. Em 1997, passou-se a divulgar o resultado na internet, outro pioneirismo da marca. Também nessa época surgiu a DAL (Divisão de Apoio a Laboratórios), rede de parcerias com laboratórios de todo o país.
Anos 2000
Um dos registros importantes deste período foi a construção do núcleo técnico-científico no Rio de Janeiro. Com 11 mil m², é ainda hoje um do mais modernos do país. Entre os motivos destaca-se a estrutura horizontal em linha reta, que favorece o fluxo de produção em sentido linear. Além disso, o espaço conta com diversos ambientes, desde uma academia de ginástica, um cyber café até um salão de beleza. Nas outras cidades em que o Sérgio Franco está presente, os chamados Nutecs seguem o mesmo padrão. Em 2006, é inaugurado o Centro Integrado de Diagnóstico no Leblon, a maior unidade do laboratório. No ano seguinte, a empresa abriu seis unidades de atendimento em Curitiba e, agora, está iniciando a operação em São Paulo.
Cronologia
caparsabe
“Como diz o ditado, antiguidade é posto. O fatode a empresa sobreviver incólume até hoje é o maior aval quanto à eficiência e à seriedade”, Norberto Chamma
régua e compassorEsPonsávEl PEla Criação
Da logomarCa DEsDE 2001,
o arquitEto E DEsignEr
Paulistano norbErto
Chamma traDuziu Em
imagEm os mais valiosos
ConCEitos Da EmPrEsa, Como
atEnDimEnto, tECnologia
E PrECisão. Para rEForçar
a traDição E os ProJEtos
DE EXPansão Do sérgio
FranCo, ElE aCrEsCEntou
1940, ano Da FunDação Do
laboratório, à logomarCa
de que forma você pensou
em associar atributos da
empresa como tecnologia
e precisão no design da
logomarca?
aqui cabe uma interessante
discussão: o nome da
instituição é de uma pessoa
física. nosso principal objetivo
era transferir a credibilidade
de um homem renomado
para uma entidade. Creio que
conseguimos, pois quando
lemos hoje as palavras sérgio
Franco não associamos mais
a uma pessoa e sim a uma
excelente rede de serviços
de medicina diagnóstica.
Quais foram as suas principais
referências para pensar na
marca sérgio Franco?
Conceber uma nova marca
é um processo de síntese de
muitas informações objetivas
e subjetivas. ao longo do
tempo aprendemos que, em
projetos de marca para saúde,
devemos transmitir não apenas
tecnologia e técnica, mas
também valor de humanidade
e respeito ao próximo. nunca
podemos perder de vista
que saúde não é um produto
como outro qualquer — diz
respeito à integridade física
e emocional de pessoas.
mas, para associar a marca a
conceitos como tecnologia e
percepção microscópica, tentei
usar, no ícone volumes, linhas
suavemente curvas e um
azul mais intenso.
Por que vocês decidiram
colocar o ano de fundação
do sérgio Franco no
novo logotipo?
Em cada exame ou laudo
efetuado, por mais simples que
pareça, basta que um tenha
o resultado equivocado para
a marca ficar em situação de
risco. mas, como diz o ditado,
antiguidade é posto. o fato
de a empresa ter sido fundada
em 1940 e sobreviver incólume,
sendo testada diariamente, é
o mais importante aval quanto
à credibilidade, à tecnologia, à
eficiência e à seriedade.
Confira a
evolução das
marcas do
sérgio Franco
1. 2.
3.
68 revista s sEtEmbro/DEzEmbro 2010 [ Fotos: Divulgação (1) roberta Dabdab ]
(1)
70 revista s julho/outubro 2010
presençarsabe
Os melhores lugares para caminhar, curtir a natureza, ver uma exposição ou simplesmente não fazer domingo noparque
O fatO de ser chamado
de “praia de paulista” não é
nenhum demérito para o maior
parque da cidade de São Paulo
– pelo contrário. o ambiente
democrático das areias cariocas
é reproduzido com fidelidade
nos bosques do Ibirapuera, com
direito a moças que se arriscam
a ficar de biquíni nos dias
ensolarados. Com área de 1.584
km2 e uma imensidão de verde,
o espaço idealizado por oscar
Niemeyer, junto com o paisagista
roberto burle Marx, também
é rico em atrações culturais.
Além do prédio da Fundação
bienal, da oca e do Museu Afro
brasil, conta ainda com a rica
coleção de arte contemporânea
do Museu de Arte Moderna
e uma parte do Museu de
Arte Contemporânea na uSP.
É programa para todos os gostos! avenida Pedro Álvares Cabral, s/n, tel. (11) 5573-4180
Ibirapuera (SP)
[ Foto: Marcelo Naddeo ]
nada no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba, cidades onde o Sérgio Franco está presente
Saiba mais com sérgio francoUniversO infantil (sP)
Construído na década de 1960 para
atender a todas as especialidades
dentro da pediatria, o hospital
Infantil Sabará é referência nessa
área. Em agosto é inaugurado
um novo prédio com 104 leitos
de internação, sendo 28 de utI.
o Sérgio Franco Medicina
Diagnóstica presta serviços
tanto para as crianças internadas
quanto para as que vêm de fora de
forma exclusiva em um ambiente
especialmente preparado para elas.
SEtEMbro/DEzEMbro 2010 revista s 71 70 revista s SEtEMbro/DEzEMbro 2010
MenOs MOviMentaDO QUe O seU viZinHO JarDiM BOtâniCO, o
Parque lage é o lugar ideal para desfrutar bons momentos de sossego.
Mas não para por aí: o casarão em estilo eclético, da década de 1920, é
sede da tradicional Escola de Artes Visuais do Parque lage. À beira da
piscina também é possível saborear um bom café da manhã. rua Jardim Botânico, 414, Jardim Botânico, tel. (21) 3257-1800
Parque Lage (RJ)
Os Dias friOs DO invernO paranaense não são
desculpa para deixar de se exercitar ao ar livre, principalmente
se for uma caminhada no jardim botânico Francisca
Maria Garfunkel rischbieter. Inaugurado em 1991,
o parque tem um jardim ao estilo francês e uma estufa
de ferro e vidro inspirada no Palácio de Cristal, de londres,
que abriga cerca de 300 mil plantas de diversas partes do
mundo. o pôr-do-sol visto dali é um espetáculo à parte. entre a avenida lothário Meissner e a rua Ostoja roguski, Jardim Botânico, Curitiba, tel. (41) 3362-5289
Jardim Botânico (Curitiba-PR)
[ Fotos: (1) Caru ribeiro (2) brunno Covello/SMCS ]
(2)(1)
Saiba mais com sérgio francoDeCOraçãO (rJ)
o cuidado do Sérgio Franco em
promover saúde e bem-estar aos
seus clientes começa já no primeiro
contato. Nas unidades do rio de
janeiro, a arquitetura e a decoração
foram pensadas para oferecer
o máximo de conforto. Criar um
ambiente aconchegante, associado
à excelência no atendimento, é uma
preocupação constante.
Saiba mais com sérgio francoCasa De CaMPO (Pr)
A mais recente unidade do Sérgio
Franco em Curitiba tem um quê de
antigamente. Instalada no bairro de
batel, a construção tombada era
uma antiga chácara e reproduz o
clima de “casa de campo” de quando
foi erguida, na década de 1960.
bem diferente dos arranha-céus
modernosos daquela vizinhança.
SEtEMbro/DEzEMbro 2010 revista s 73 72 revista s SEtEMbro/DEzEMbro 2010
plantassentidos
das
ensaioro
nhas
olfato“Rosa é uma rosa é uma
rosa é uma rosa”, já dizia
a poetisa americana
Gertrude Stein pensando
na imutabilidade das
coisas. Imortalizada
no famoso poema
Sacred Emily, de 1913,
o grande triunfo da flor
é o perfume presente
em suas pétalas.
Nem só para aguçar o olfato e a visão as plantas são cultivadas. Além de enfeitar qualquer ambiente, muitas delas despertam sensações como o tato, a audição e até o paladar
[ poR janaína resende fotoS marcelo resende ]
76 revista s SEtEmbRo/dEzEmbRo 2010 SEtEmbRo/dEzEmbRo 2010 revista s 77
visão
paladarAlém de garantir um toque
colorido ao prato, as flores
comestíveis são ótimas
para incrementar o sabor.
Uma boa espécie para
saladas, por exemplo,
é a flor-de-capuchinha.
A orquídea seduz justamente por associar
exuberância à delicadeza. porém, ao
contrário do que se pensa, suas flores não
são tão frágeis assim – e o clima tropical
é um grande aliado para os 300 gêneros
presentes na América Latina.
78 revista s SEtEmbRo/dEzEmbRo 2010 SEtEmbRo/dEzEmbRo 2010 revista s 79
tatoo toque aveludado e o colorido
das folhas de suas mais de seis mil
espécies, fazem da violeta uma das
flores preferidas dos brasileiros.
principalmente a violeta-africana,
bastante popular no país.
audiçãoda mesma família que as
palmeiras, o coqueiro pode
chegar a 30 metros de altura e
tem folhas de até seis metros
de comprimento – por isso
produz um som tão marcante
quando bate um vento. Nada
mais tropical e relaxante.
SEtEmbRo/dEzEmbRo 2010 revista s 81 80 revista s SEtEmbRo/dEzEmbRo 2010
turismoro
nhas
Uma viagem surpreendente para conhecer de perto o Odissi, estilo de dança clássica hindu, nascida no estado de
Orissa, na costa leste do país
Índiadançana
[ por Deborah Moraes fotos Deborah e roDrigo Moraes ]
[ foto: Corbis ]
84 revista s setembro/dezembro 2010
“Q uem é você?’’, perguntaram-me recentemente durante um curso sobre mito e movimento, em São
Paulo. ‘‘Sou uma pessoa que ama, que dança e que escreve’’, respondi. Sim, jornalismo e dança sempre andaram de mãos dadas na minha his-tória pessoal. Tudo começou aos 14 anos, quan-do entrei em contato com o trabalho corporal do coreógrafo e professor de dança Ivaldo Ber-tazzo. Meses depois cheguei aos palcos paulis-tanos junto com outros bailarinos não profis-sionais, denominados “cidadãos-dançantes”.
Àquela época, ainda não tinha o distancia-mento necessário para medir a influência que Bertazzo imprimiria na minha vida. Mas, entre passos e vivências, silêncios internos e acordes de fora, fui modelando um corpo singular e no plural. Um corpo desenhado pela percepção de gesto e a estrutura formulada por ele.
Após algum tempo, este corpo ganhou novas formas, variantes daquela. Foi quan-do a dança pulou para o caderninho de ano-tações e para os livros de pesquisa e eu fiquei no escuro. As luzes se apagavam e o espetá-culo começava: de protagonista passei para a posição de espectadora. Mas uma especta-dora assídua. Queria ver outras danças; todas elas. Nesse período, encontrei o brasileiríssi-mo Grupo Corpo, a genialidade singular da coreógrafa alemã Pina Bausch (1940-2009), a explosão de centros de gravidade do balé do americano William Forsythe e a meditação dionisíaca da dança japonesa Butô, entre tan-tas outras. Dancei com eles no escuro.
Na cadêNcia dos deuses Estava nos meus 20 anos, muito em-
penhada em me dedicar aos ásanas e pra-nayamas, práticas recomendadas pela io-
ga, quando, já meio entediada com a lerdeza dos mo-vimentos hiperconscientes, encontrei no Google refe-rências à dança que mudaria a minha vida. “Dança in-diana”, digitei sem querer querendo.
O resultado da nova busca foi um encontro quase re-ligioso com o Odissi – estilo de dança clássica hindu nas-cida no estado de Orissa, na costa leste do país. Essa fas-cinante arte milenar nos últimos sete anos tem me pro-porcionado os mais singulares prazeres, em uma espécie de meditação transcendental em movimento.
direto da FoNte“Namah Shivaya, Namah Shivaya...”, cantava na
língua local a minha mais nova guru indiana da dan-ça, enquanto me ensinava os passos da coreografia dedicada a Shiva, o deus dançarino. Durante os dez dias em que fiquei em Orissa, o berço do Odissi, este mantra guiou o meu caminho. Aconteceram muitos
“Encontrei no Google referências à dança que mudaria a minha vida. ‘Dança indiana’, digitei sem querer querendo”
turismoro
nhas
em sentido horário,
gotipua inverte-se em
postura acrobática durante
apresentação de dança;
crianças na aula de odissi;
menino sendo ajudado
a colocar o sári, parte
integrante do figurino; grupo
em forma de shiva, o deus
dançarino; e bailarinas de
Odissi nos últimos detalhes
da maquiagem corporal
86 revista s setembro/dezembro 2010
preparativos para a viagem de um mês pela Índia. E diversos detalhes foram pensados e encaixados ob-sessivamente na minha compacta mala laranja. “É in-crível como as coisas se arranjam dentro de uma sim-ples caixa com rodinhas”, meditei comigo. Uma boa metáfora da vida cotidiana: com o tempo tudo pare-ce se acomodar em uma espécie de zona de conforto. Era do que eu me afastava. A minha busca ao estudar cada ângulo daquela bagagem.
Desembarquei com Rodrigo, meu companheiro de jornada, em Bhubaneswar, capital do estado de Orissa, em um fim de tarde nebuloso. A nossa primeira providência foi procurar um quarto de hotel decente. Optamos pelo Pal Heights, integrado a um shopping center.
De todas as cidades em que estivemos, esta era a mais provinciana e rústica, o que triplicou a dificuldade de co-municação com os indianos, que mal falavam inglês e bal-
dedicado a Shiva na forma Tribhuva-neswar (“Senhor de Três Mundos”), de onde o local tomou o nome. Lá pe-lo terceiro dia, já estávamos diante de uma apresentação dos gotipuas (meni-nos de 6 a 14 anos que, desde o sécu-lo 16, vestem-se de meninas para tur-nês de dança em Orissa). Destas cria-turas mágicas dedicadas ao deus Vish-nu, o Odissi herdou a forma acrobática e a elaboração rítmica dos pés.
Para completar fizemos uma visita ao gurukul deles (espécie de hostel onde as pessoas rezam, dançam, recebem massa-gem, estudam e aprendem a tocar o mar-dala – tambor do Odissi e um dos ícones do estado). Então, colocamos as mãos na
massa e começamos a produzir o docu-mentário Odissi, Dança Divina, sobre es-sa arte milenar. Eles cantaram e se apren-sentaram diante da nossa câmera.
Durante nosso roteiro cinematográ-fico na Uktal Music and Dance College, entrevistamos professores de música e de dança Odissi. Faltando três dias para seguir viagem, tiramos uma tarde e fo-mos visitar o Nandan Kanan Zoo, a 20 km de Bhubaneswar; e sob o impiedoso sol de Orissa, nos deparamos com o raro tigre branco, um dos orgulhos da diver-sa fauna indiana. À tarde, entrevistamos mais uma importante figura da história da dança: Sarat Das e a família. Ele é na-da mais, nada menos do que o filho do “Guru dos Gurus” do Odissi, nascido na família de uma mahari. Assim eram cha-madas as dançarinas dos templos finan-ciadas pelos reis da dinastia Ganga.
buciavam palavras em orya, língua local, como se estivéssemos entendendo tudo.
Comer também se revelou uma grande façanha. Rodamos a cidade em riquishás barulhentos (táxis sonoramen-te apelidados de “tuc-tuc”) atrás de res-taurantes que servissem pratos não api-mentados; daí, vencidos pela exaustão, chegamos à conclusão de que o melhor seria nos abastecer do bom e velho noodles no supermercado ao lado.
daNça em orya“Ek, do, teen”, insistia a minha gu-
ru, Aruna Mohanty. Nesse ritmo pri-mário do “um, dois, três” indiano fui incorporando a sabedoria expressiva do Odissi direto da fonte.
Pular da cama cedo, enrolar-me em um dos meus únicos dois sáris (traje na-cional das mulheres indianas) da viagem e me esforçar para ser compreendida por um motorista de riquishá eram ativida-des que faziam parte da minha via-crúcis matinal diária até chegar à casa da guru.
Pontualmente às sete da manhã lá estávamos eu e o Rodrigo no portão de Aruma. Eu, pronta para receber a próxi-ma sequência de passos e hastas relati-vos ao universo de Shiva; ele, com um li-vro debaixo do braço prestes a ser lido enquanto me esperava. Tridente, guir-landa de serpentes, terceiro olho visio-nário, tudo precisava ser absorvido rapi-damente em duas horas de aula.
Tínhamos que ser práticos e organi-zados (mais ou menos como a minha ma-la laranja) para explorar os lugares relati-vos à história do Odissi no intervalo entre uma aula e outra. Era necessário que tu-do se arranjasse no espaço de dez dias.
mil templosNa primeira tarde livre, visitamos
três dos sete mil templos da cidade. O mais imponente deles, o Lingaraj, é
tridente e tambor
de shiva compõem
a postura na foto.
À dir., entalhe
de músicos
e dançarinas
celestiais no templo
do sol, em Konark;
sarat das e sua
família engajada
na arte do odissi,
e deborah com
Aruna mohanty,
sua guru indiana“No ritmo primário do ‘um, dois, três’ indiano fui incorporando a sabedoria expressiva do Odissi direto da fonte”
turismoro
nhas
setembro/dezembro 2010 revista s 89 88 revista s setembro/dezembro 2010
zemos a entrevista com a guru, e eu agra-deci-lhe por me ensinar mais um pou-co dessa arte. Na despedida, ela nos le-vou para almoçar no Dalma, tipicamen-te orya, restaurante do seu marido. De lá partimos com um confortável gosto de massala (mistura de temperos e espe-ciarias) na boca. É incrível como tudo se arranja no tempo e no espaço da dança. Chegou a hora de seguir para Goa, costa oeste da Índia, e relaxar sob os coqueiros à beira-mar. Namaste!
Deborah Moraes estuda odissi
desde 2003 com a professora silvana
duarte, no estúdio padmaa Arte e
Cultura, em são paulo. o documentário
odissi, dança divina, produzido durante
sua viagem para a Índia, pode ser visto
no site www.vimeo.com/odissi.
Ficamos lá por horas a ouvir as histórias de devoção à Jaganatha, uma das muitas encarnações de Vishnu, considerado por eles o Senhor do Universo.
surya Namaskar (ou saudação ao sol)
Enquanto meu sári secava no varal improvisado do quarto do hotel, rumamos de carro até Konark, on-de está o Templo do Sol. Esta maravilha arquitetôni-ca construída no século 13 para Surya, o deus Sol, é o maior ícone da história da dança, e de lá muitos profes-sores e coreógrafos tiraram a nomenclatura gestual de que hoje é feito o Odissi. Ficamos por ali recebendo os sagrados raios solares que penetravam na imensa car-ruagem formada por 12 pares de rodas e registramos algumas das posturas de dança entalhadas na pedra daquele Patrimônio da Humanidade da Unesco.
Fizemos uma pausa para o almoço no restaurante do Mayfair Hotel, e seguimos nossa peregrinação até o Templo de Jaganatha, em Puri, um dos lugares mais sagrados da Índia – e do Odissi. A entrada de não hin-dus no templo é proibida, então tivemos que ver o seu pagode branco (torres sobrepostas com múltiplas bei-radas) de 65 m de altura do teto de um antigo ashram.
No caminho de volta, procuramos pela imagem mais comum de Jaganatha (acompanhados do irmão Balbhadra e da irmã Subhadra), e, com as três divin-dades tribais na mochila, fizemos nossa saudação final ao sol de Orissa. Minha primeira jornada até o coração do Odissi terminava. Depois da última aula de dança, quando completei a coreografia dedicada a Shiva, fi-
“Enquanto meu sári secava no varal improvisado do quarto do hotel, seguimos viagem até o Templo do Sol, em Konark
em sentido
horário, vendedor
de imagens
de Jaganatha,
principal deidade
do odissi; imenso
pagode do templo
de Jaganatha,
em puri; nascer
do sol na baía
de bengala;
deborah no portal
do templo do
sol, em Konark;
avenida que leva
ao templo de
Jaganatha; e um
simpático macaco
no bebedouro do
Nandan Kanan zoo
turismoro
nhas
serviço de bordo orissA
Pal heights: J/7 Jayadev Vihar,
tel. 91 (674) 236-1156, http://palheights.com
templo Lingaraj: Lingaraj Nagar; Uktal
music and dance College: sardar patel Hall
Complex Unit - ii, tel. 91 (674) 253-5484
templo do sol: distrito de puri, 65 km
a se de bhubaneswar
templo de Jaganatha: distrito de puri,
60 km ao s de bhubaneswar
Mayfair hotel: Chakratirtha road,
tel. 91 (675) 222-7800, www.mayfairhotels.com
restaurante Dalma: 157, madhusudan Nagar,
tel. 91 (933) 712-2548, http://dalmahotels.com
“O hOmem é O hOmem
e suas circunstâncias”
josé ortega Y gasset filósofo espanhol
(1883-1955)
palavra finalro
nhas
[ ilustração: lila botter ]90 revista s setembro/dezembro 2010
C
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CY
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K
AF_Anuncio_2010.pdf 1 27/07/10 10:38
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