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 Cadernos de Pesquisa Revista Científica Ano 3 2011

Revista Cientifica 2011 Ano 3 Versao Site

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2011Cadernos de PesquisaRevista Cientfica Ano 3

Cadernos de Pesquisa - Ano 3 - N 3 - Novembro de 2011

CADERNOS DE PESQUISA REVISTA CIENTFICA

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Cadernos de Pesquisa - Ano 3 - N 3 - Novembro de 2011

Cadernos de Pesquisa Revista Cientca Ano 3, n. 3 (nov. 2011). So Paulo, SP: Grupo Ibmec Educacional, 2011. Anual. ISSN 2175-9871 1. Educao Peridicos 2. Cursos Tecnolgicos Peridicos

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CADERNOS DE PESQUISA REVISTA CIENTFICA

O peridico Cadernos de Pesquisa, de periodicidade anual, dedica-se a publicar artigos originais, artigos de opinio, artigos de reviso, relatos de experincia, relatos de casos e resenhas de autores brasileiros ou estrangeiros, relacionados a diversas reas.

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PRESIDENTE CONSELHO EXECUTIVO

Vandyck de Oliveira da Silveira Francisco Carlos DEmilio Borges Fbio Correa Xavier Ednei Augusto Janurio Vilma de Frana Nicolau Adriana Regina Mello da Silva Amadeu dos Santos Rosiane Aparecida Marinho Botelho Claudio Kiyoshi Umezu Fabiana Yoshinaga Fbio Correa Xavier Francis Regis Irineu Guilherme Bezzon Ivete Faesarella Lucia Kurdian Maranha Marilene Mariottoni Patricia da Silva Mello Sandra Gavioli Puga

CONSELHO EDITORIAL

CONSELHO CIENTFICO

EDITORAO GRFICA

Amadeu dos Santos Danielle Barbosa Anastacio Luciane Fernandes de Lima Veris Faculdades Ana Maria Cury Rehder Horcio Menegat

CAPA REVISO

Avenida Paulista, 302 13 andar - 01310 000 So Paulo SP Brasil Tel (55 11) 4501 9710 Fax 4501 9720 www.veris.edu.br

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SUMRIODescrio dos cones............................................................................................................ 2 Utilizao do DNA Mitocondrial na Cincia Forense ......................................................... 3 Dra. gueda Cleofe Zaratin Avaliao Microbiolgica de Cerdas de Escovas Dentrias e sua Descontaminao em Susbstncias Antisspticas ............................................................................................... 32 Prof Rosana Francisco Siqueira Criador de Partituras Musicais........................................................................................... 44 Prof. Aline Portella de Andrade Maria Prof. Marcelo Lopes de Moraes Prof. Matheus Giacomim Agostinetto Prof. Claudio Kiyoshi Umezu A Importncia do S&OP para a Competitividade das Empresas ................................... 55 Prof. Frederico da Costa Prof Ivete Faesarella Marketing Bancrio: uma Anlise do Relacionamento Interpessoal na Construo da sua Imagem................................................................................................ 64 Prof. Luis Fernando Zulietti Me. Rogrio dos Santos Morais Automao Residencial por Comandos de Voz ............................................................... 77 Prof. Mario Augusto Theodoro Buratto Prof. Claudio Kiyoshi Umezu Desenvolvimento de um Sistema de Superviso para um Hidrmetro Convencional utilizando o Software LabVIEW, para fins acadmicos ................................................... 96 Dr. Guilherme Bezzon Eng. Julio Cesar Tofoli Eng. Marcio Guimares Felipe Nanoconcreto: A Nova Gerao do Material mais Consumido na Construo Civil ...................................................................................... 106 Prof. Fbio Albino de Souza

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Abordagem Terica sobre a Influncia das Ligaes no Comportamento Global de Vigas de Madeira e Chapa Metlica ..................................................................................119 Dr. Ado Marques Batista Ma. Mrcia Lopes Giaponesi Comparao do Perfil Lipdico de Usurias e No Usurias de Contraceptivos Orais Combinados (COC'S) .................................................................. 130 Dra gueda Cleofe Zaratin Aleitamento Materno: Benefcios Nutricionais na Infncia .......................................... 147 Prof. Leondia Leite Rosa Progresso de Cargas no Treinamento Concorrente, Fora e Endurance no atenuam incrementos da fora mxima, mas reduz capacidade aerbia ................................... 163 Prof. Bernardo Neme Ericlia Carvalho de Oliveira Indianara Lopes de Oliveira Muller Amaral de Oliveira Estudo Epidemiolgico Descritivo de Leses Esportivas em Equipes Competitivas de Ginstica Artstica Infanto-Juvenil ............................................................................. 177 Elson de Almeida Dramatizao como Ferramenta de Ensino e sua Influncia sobre a prevalncia de enteroparasitoses em crianas e adolescentes de uma entidade beneficente no municpio de Campinas-SP ......................................................................................... 187 Dra. Soraya El Khatib Aplicao do Biomaterial na Reconstruo ssea........................................................ 200 Prof. Ana Beatriz de Albino Almeida Dana de Salo e Idosos: Nos Passos para uma Melhor Qualidade de Vida .............. 209 Prof. Rodrigo Luiz Vecchi Edilene Curvelo dos Anjos

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EDITORIALCaros leitores, Esta a terceira edio da Revista Cientca da Veris Faculdades, uma publicao que resulta da somatria de esforos coletivos de professores da instituio. Estamos muito orgulhosos com a consolidao de mais um trabalho, com o intuito de promover a discusso, o debate e a troca de informaes no campo da pesquisa. A cada nova edio os artigos evoluem com a curva de aprendizado e maturidade da marca, o que demonstra a preocupao do nosso corpo docente em desenvolver um trabalho srio, cada vez mais qualitativo. a conrmao de um compromisso da Veris com seus pblicos. Cada artigo traz o que tem de mais atual sobre cada rea do conhecimento. So textos criados para promover a reexo e o desenvolvimento da cincia com enfoque na formao cientca. Esperamos que, assim como ns, voc que empolgado com os artigos e feliz com mais este resultado de sucesso.

Boa leitura! Francisco Borges Chief Academic Ofcer

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DESCRIO DOS CONES

Agricultura e Veterinria

Cincias, Matemtica e Computao

Cincias Sociais, Negcios e Direito

Educao

Engenharia, Produo e Construo

Humanidades e Artes

Sade e Bem-estar Social

Servios

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UTILIZAO DO DNA MITOCONDRIAL NA CINCIA FORENSEALINE CAMARGO * THACIANE MATEUS DE SOUZA** GUEDA CLEOFE MARQUES ZARATIN ***

RESUMO Nas reas criminal e civil o propsito geral da identicao humana por DNA (genotipagem) testar a hiptese de que determinada pessoa a fonte doadora de uma evidncia biolgica e vericar a existncia de vnculo gentico entre indivduos. Para utilizao forense do DNA mitocondrial, o estabelecimento de um banco de dados de hapltipos das regies HVI e HVII que seja representativo da populao indispensvel. A partir do conhecimento da frequncia de um determinado hapltipo no banco de dados tornase possvel calcular a probabilidade de coincidncia ao acaso entre dois hapltipos em situaes onde se tem evidncia biolgica da cena de um crime e amostra de um suspeito, ou em situaes onde se tem material de um indivduo desaparecido e deseja-se associlo a algum como o mesmo hapltipo. Quanto menor a probabilidade de coincidncia ao acaso, maior a certeza que duas amostras ou so provenientes de um mesmo indivduo ou representam a mesma matrilinhagem. possvel encontrar variaes entre amostras de DNA mitocondrial em diferentes tecidos do mesmo indivduo heteroplasmia. Em investigaes genticas, a validade dos resultados depende de clculo das frequncias populacionais dos marcadores. Em funo disso, os bancos de dados dessas frequncias devem estar disponveis a qualquer pessoa que necessite dessa informao. Palavras-chave: polimorsmo. DNA mitocondrial, forense, biomarcadores, heteroplasmia,

* Graduada em Biomedicina pelo curso de Cincias Biomdicas Veris Faculdades Metrocamp/IBTA, [email protected] ** 2 Graduada em Biomedicina pelo curso de Cincias Biomdicas Veris Faculdades Metrocamp/IBTA, [email protected] *** 3 Doutora em Biologia Celular e Funcional rea Bioqumica, professora do curso de Cincias Biomdicas Biomedicina da Veris Faculdades Metrocamp/IBTA, [email protected]

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INTRODUO A cincia forense teve seu incio com a utilizao de grupos sanguneos ABO, sendo eles o principal marcador gentico em evidncia de crimes ou excluso de indivduos e testes de paternidade. Porm esse sistema foi substitudo aps o estudo do DNA (BONACCORSO, 2004). Ao longo do tempo, o mdico foi visto apenas como um prossional que cuidava da sade, mas grandes mudanas na nossa sociedade foram ocorrendo e assim a cincia forense foi ganhando espao e importncia. O DNA nuclear foi descoberto por Friedrich Miescher em 1869, e est presente nos ncleos de todas as clulas (DNA n) e nas mitocndrias (DNA mt). Em 1953, Watson e Crick propuseram um modelo helicoidal para a estrutura do DNA (BONACCORSO, 2004). Segundo Bonaccorso (2004), o DNA nuclear formado por duas cadeias de polinucleotdeos enrolados de forma helicoidal e ligados transversalmente por pontes de hidrognio (gura 1). Cada nucleotdeo resulta da combinao de trs componentes: fosfato, acar e bases nitrogenadas. So elas: Timina (T), Guanina (G), Adenina (A) e Citosina (C).

Figura 1 Molcula de DNA formada por duas cadeias de polinucleotdicas enroladas em dupla hlice. Ligaes entre as cadeias por meio de pontes de hidrognio. Sentido da cadeia: 5-3 e 3-5

Fonte - http://sites.google.com/site/geologiaebiologia/Home/biologia-e-geologia-11%C2%BA/ adn

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O estudo do perl gentico do DNA nuclear se tornou uma ferramenta indispensvel em investigaes criminais (PENA, 2005; KOCH, 2008) e tambm para estabelecer a paternidade (BONACCORSO, 2004). A aplicao da tecnologia do DNA n em investigaes forenses cresceu rapidamente nos ltimos 15 anos. Os resultados obtidos de suas anlises em casos criminais so aceitos nos processos judiciais, mas sozinho o seu estudo no pode provar a culpabilidade criminal de um indivduo; pode somente estabelecer uma conexo do suspeito com a cena do crime (PENA, 2005) e/ou estabelecer vnculo entre lho e suposto pai. As anlises so feitas por meio do perl gentico do suspeito e/ou suposto pai, comparando ao perl gentico da vtima e/ou lho, pela observao e comparao de vrios locus ao mesmo tempo e vericando a variao existente entre os indivduos (DOLINSK & PEREIRA, 2007). A preciso do teste, em caso de paternidade, pode atingir ndices superiores a 99.9999%, o que o torna uma ferramenta absolutamente slida e convel. Eles costumam proporcionar probabilidades cumulativas positivas de paternidade acima de 99,9%. Internacionalmente, aceitam-se, como provvel paternidade, probabilidades de 90-94,9%; como forte indcio de paternidade, entre 95-99%; e paternidade praticamente certa, acima de 99% (Adaptado do site DNA Reference). Para que sejam aceitos no tribunal de justia como evidncia, as amostras devem ser coletadas adequadamente seguindo um protocolo. Antes elas devem ser fotografadas e a equipe deve estar preparada para no contaminar a amostra a ser coletada, devem ser identicadas e armazenadas em local seguro (PENA, 2005), pois qualquer erro na etapa da coleta pode invalidar o resultado nal (IWAMURA & MUOZ, 2003). O FBI Federal Bureau of Investigation desenvolveu um banco de dados muito importante denominado CODIS Combined DNA Index System que utilizou o estudo do DNA n para registrar todas as tipagens de criminosos e suspeitos para futuras investigaes. No m dos anos 80 iniciaram-se estudos sobre a viabilidade do DNA mt para a anlise de identicao humana, porm, somente em 1992 foi possvel o incio da realizao de um protocolo para utilizao de seu sequenciamento em casos forenses, mas sua utilizao foi permitida somente aps a validao dessa tcnica de sequenciamento (IWAMURA & MUOZ, 2003; PENA, 2005). O DNA mt fornece cincia forense um mtodo para tipar espcimes onde h mnimas quantidades de DNA n, tais como ossos antigos, pelos sem bulbo, tecidos carbonizados, partculas de pele, etc., e tambm em amostras muito degradadas e/ou carbonizadas (HOLLAND & PARSONs, 1999; SARMENTO, 2006).

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Conforme Paneto (2006), o estudo de DNA mt foi a ferramenta utilizada na identicao da ossada de soldados americanos que lutaram na guerra do Vietnam, em restos de vtimas da tragdia de 11 de setembro de 2001 no World Trade Center nos EUA e tambm no acidente que envolveu o avio da TAM que colidiu-se com o depsito da prpria empresa em frente ao aeroporto de Congonhas na cidade de So Paulo, explodindo logo em seguida no dia 17 de julho de 2007. A cincia forense teve um avano importante nas ltimas dcadas e a sua relevncia notvel. Dentro dessa evoluo, novas portas se abriram para o conhecimento de tcnicas alternativas com o objetivo de desvendar e elucidar diversos processos investigativos. Neste sentido um estudo aprofundado do DNA mt signicativo, sendo uma ferramenta importante como fonte para novas pesquisas. O estudo foi uma reviso bibliogrca, utilizando livros e artigos nacionais e internacionais publicados em revistas indexadas nas bases de dado do Scielo, Biblioteca Virtual em Sade, PubMed selecionados a partir das seguintes palavras-chave: DNA forense, identicao, material biolgico, microssatlites, DNA mitocondrial, gentica forense, tipagem de DNA, perl de DNA, investigaes criminais, objetivando caracterizar o DNA mitocondrial como uma importante ferramenta na cincia forense.

DESENVOLVIMENTO

1. COLETA E PRESERVAO DAS AMOSTRAS O DNA a ser estudado na cincia forense pode ser qualquer uido biolgico (gura 2) como: sangue, smen, saliva, os de cabelo, ossos, unhas, entre outros (BENECKE, 2002; KOCH & ANDRADE, 2006; BONACCORSO, 2004; BOREM, 2004). Esse perl gentico obtido das amostras pode ser utilizado para inocentar ou culpar um suspeito (DOLINSKY & PEREIRA, 2007). Porm sua aceitao ou rejeio no tribunal ir depender de como essas amostras foram obtidas, pois h procedimentos padronizados que todo prossional deve seguir (KOCH & ANDRADE, 2006).

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Figura 2 - Ilustrao dos uidos biolgicos que podem ser utilizados em anlises forenses Fonte - http://www.stat.berkeley.edu/users/terry/Classes/s246.2006/Week2/Stat246Week2 Lec2.pdf

Um grande problema que os laboratrios de anlises forenses enfrentam no momento da coleta (fator pr-analtico) a contaminao, tanto ambiental, como pela equipe prossional ou pela populao (KOCH & ANDRADE, 2006; CRESPILLO et al., 2004; PENA, 2005; BONACCORSO, 2004). A amostra no pode conter nenhum artefato (mesmo que microscpico); caso contrrio os resultados sero falso-positivos ou falsonegativos, impossibilitando assim sua interpretao. Em amostras onde o DNA nuclear se encontra em poucas quantidades, o problema se torna ainda maior (CRESPILLO, 2004; WEEDN & SWARNEN, 1998). Para evitar qualquer erro e/ou problema foi preconizada uma padronizao nas coletas (PENA, 2005; BARALDI, 2008; KOCH & ANDRADE, 2006) para que aumente a conabilidade nos resultados (KOCH & ANDRADE, 2006). Todas as evidncias devem ser documentadas antes de sua coleta. Sua posio original deve ser registrada por meio de fotograas antes de se tocar, mover e at coletar. Quando possvel, a lmagem um meio adequado de se registrar a evidncia bem como qualquer objeto que relacione sua localizao na cena do crime. A condio em que a evidncia foi encontrada tambm deve ser relatada. Todos esses procedimentos favorecem a aceitao no tribunal uma vez que a maior quantidade de provas impossibilita posteriores questionamentos de suas origens (LEE & LADD, 2001; IWAMURA & MUOZ, 2003; KOCH & ANDRADE, 2006). As amostras, quando armazenadas, devem ser refrigeradas e no congeladas; seu transporte deve ser feito em pacotes seguros e lacrados, contendo todas as identicaes. As amostras da vtima e do suspeito devem estar sempre separadas (CATALIN et al, 2007). Um exemplo clssico de como o momento da coleta de extrema importncia o caso de O. J. Simpson, que foi acusado de matar sua ex-esposa e seu amigo. Na cena do crime a polcia encontrou muitas evidncias como: manchas de sangue pela casa e

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em pedaos de roupas. Seguindo as pistas a polcia foi at a casa de O. J. Simpson onde encontrou mais manchas de sangue, no carro, nas meias e no jardim. Exames de DNA comprovaram que o sangue era mesmo das vtimas. A promotoria achou que estava com o caso ganho, porm cmeras de televiso agraram um perito coletando amostras sem luvas, pessoas no autorizadas circulando pelo local do crime e as amostras que foram coletadas no tinham identicao, bem como nenhuma documentao prvia. Esses erros na coleta e preservao das amostras foram usados pelos advogados de defesa, alegando que o laboratrio criminal da polcia de Los Angeles no cumpriu os padres bsicos de manuseio, preservao das amostras (CHEMELLO, 2007; PENA, 2005). Em casos de estupros o prazo da coleta do material de 72 horas. Em amostras de secreo vaginal, o procedimento padro prev coleta com um swab, devendo o material coletado ser colocado em tubo seco para posterior esfregao em lmina (BARALDI, 2008). Se a coleta do material biolgico for feita em um hospital, ser indispensvel que o local esteja adequado para tal procedimento (equipamentos e equipe) e tambm se dever garantir o respeito vtima, pois se trata de trauma emocional (PENA, 2005). Quando a vtima no relata s autoridades o abuso sofrido a tempo que se possa colher o esperma para comparao gentica e acontece de ela engravidar, s poder praticar o aborto com uma autorizao judicial. Nesses casos, a percia pode utilizar amostra retirada do feto para comparao gentica com a do suspeito (GOES et al., 2002). Quando se utilizam dos os de cabelo, o bulbo o local onde se pode extrair o DNA n, porm quando no se tem o bulbo utiliza-se ento do DNA mt para o estudo (CHEMELLO, 2007). O Instituto de Criminalista de So Paulo forneceu a seus tcnicos a Resoluo n 194, pela Secretaria de Segurana Pblica (SSP) que estabelece normas de coleta e exame de materiais biolgicos para identicao humana. Pode-se destacar nessa resoluo o art. 6 que prev a existncia de um Termo de Coleta de Material Biolgico caso a pessoa que ir fornecer esteja viva (BONACCORSO, 2004).

2. GENTICA Gentica o estudo dos genes e a sua transmisso para geraes futuras. a cincia da variao biolgica, podendo ser dividida em duas fases: Gentica Clssica e Gentica Moderna (JORGE, 2007). A Gentica Clssica, de acordo com Mendel, aquela em que a hereditariedade particular e os genes (fatores herdados) determinam caracteres visveis existentes em pares de alelos. Um cromossomo herdado do pai e outro proveniente da me

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(MCKUSICK et al, 1999; PARADELA & FIGUEIREDO, 2007). Segundo Watson e Crick (1953), o gene caracterizado como o pedao de DNA que codica uma protena. Cada indivduo possui seu prprio cdigo gentico, com exceo dos gmeos idnticos (PARADELA & FIGUEIREDO, 2007). O genoma humano o conjunto de sequncias de nucleotdeos no codicadores presentes em uma clula, sendo que a informao gentica na clula humana est organizada em dois grandes genomas: o mitocondrial e o nuclear (BRAGANA, 2002). Apenas 3% dos genomas so formados por genes, o restante so grupamentos de protenas sem nenhuma informao. Os genes oferecem informaes para a produo das protenas que o corpo precisa produzir. Eles so agrupados em cromossomos, pois no se sabe ao certo o total de nmeros de genes que cada indivduo possui (SARMENTO, 2006). O DNA n est presente em todas as clulas do organismo que possui ncleo. Seu comprimento total de quase 2 metros. Ele foi dividido em vrios elementos distintos, chamados de cromossomos (SARMENTO, 2006). Nos cromossomos existem regies denominadas locus que so partes especcas contendo sequncias de nucleotdeos. Os genes presentes nessas regies podem ser: codicantes (xons) e no codicantes (ntrons) (PARADELA & FIGUEIREDO, 2007).

Figura 3 - Par de cromossomos homlogos. possvel observar os alelos e o Locus. Fonte - http://www.portaleducacao.com.br/forum/printer_friendly_posts.asp?TID=517.

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Os cromossomos homlogos (gura 3) possuem genes alelos que so responsveis pelas mesmas caractersticas genticas (SARMENTO, 2006). O termo gentipo refere-se ao conjunto de genes que um indivduo possui, determinando as caractersticas que iro se manifestar. J o termo fentipo empregado para designar caractersticas de um individuo, podendo ser morfolgica, siolgica ou comportamental (AMABIS & MARTHO, 1990).

3. BIOMARCADORES 3.1 Utilizao na biologia molecular Os biomarcadores podem ser denidos como variveis genticas, imunolgicas e bioqumicas que se relacionam com a expresso de alguma doena (SCHRIEFEN & CARVALHO, 2008). Conforme Paradela & Figueiredo (2007) as sequncias hipervariveis na molcula de DNA por serem altamente polimrcas podem ser utilizadas para distinguir indivduos e estabelecer vnculo gentico. Em exames forenses utilizam-se de sequncias repetitivas que tm funo estrutural, presente em cerca de 90% do genoma humano, sendo que os 10% restantes so genes que codicam protenas (BONACCORSO, 2004; DOLINSKY & PEREIRA, 2007). Essas regies so comparadas entre os indivduos (SALLES et al., 2003). So denominadas polimorsmos de DNA ou marcadores de DNA (KOCH & ANDRADE, 2006; SILVA & PASSOS, 2006; ROCHA et al., 2007; PENA, 2005). Segundo Bonaccorso (2004), os polimorsmos so variaes que acometem mais de 1% da populao, existindo dois tipos: Polimorsmo de Comprimento e Polimorsmo de Sequncia. O primeiro inclui as regies minissatlites (VNTR) e as regies microssatlites (STR) que compreendem as sequncias de nucleotdeos que se repetem em mltiplas cpias. J no Polimorsmo de Sequncia observam-se diferentes grupos de nucleotdeos em uma determinada localizao do genoma humano, e as variaes presentes podem ser manifestadas como substituies, adies ou delees de bases, podendo ser originadas de mutaes pontuais (PARADELA & FIGUEIREDO, 2007; BONACCORSO, 2004). A regio minissatlite (gura 4), denominada VNTR (Variable Number of Tandem Repeat) consiste de uma sequncia de repeties de nucleotdeos (BARBOSA, 2002; BONACORSSO, 2004). Seu tamanho de 15 a 35 pb de comprimento (KOCH & ANDRADE, 2006) e sua utilizao se d pelo fato de possuir um grande nmero de

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alelos diferentes, diminuindo drasticamente a probabilidade de existir dois indivduos no aparentados de compartilhar o mesmo gentipo (KOCH & ANDRADE, 2006). Essa regio proporciona uma caracterstica nica a cada indivduo. A populao pode se tornar polimrca em relao ao locus devido quantidade de vezes que os alelos se repetem ao longo do DNA (BONACORSSO, 2004).

Figura 4 - Regies minissatlite (VNTR) e microssatlite (STR). possvel observar a diferena dos tamanhos de cada sequncia Fonte - Science.kennesaw.edu/.../forensicpolymorphs.html

Outro polimorsmo de comprimento a regio microssatlite (gura 4), tambm denominada STR (Short Tandem Repeats), com estrutura repetitiva menor do que os minissatlites (BONACORSSO, 2004). constituda apenas por 2-7pb de comprimento que se repetem tambm vrias vezes ao longo do DNA (PINHEIRO, 2004; KOCH & ANDRADE, 2006; BONACORSSO, 2004).

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4. MITOCNDRIAS As mitocndrias (do grego mito: lamento e chondrion: grnulo) so organelas presentes nas clulas espalhadas pelo organismo dos seres vivos (GOODWIN et al., 2007), sendo caracterizadas por uma srie de propriedades morfolgicas, bioqumicas e funcionais. Elas utilizam oxignio e glicose para produo de energia (ATP) por meio de reaes qumicas denominadas ciclo de Krebs (SANTOS, 2005). So chamadas de usinas energticas, garantindo assim um bom funcionamento de cada clula (BARBOSA, 2006). Por essa razo, rgos que necessitam de mais energia acabam contendo mais mitocndrias em suas clulas do que outros que consomem menos. Em clulas do sistema nervoso e do corao sua presena se faz em grande nmero, uma vez que estes apresentam uma demanda maior de energia. O tamanho da mitocndria, em geral, varia de 1 a 4 micrometros (m) de comprimento. O nmero de mitocndrias pode ser diferente nas clulas, tendo a possibilidade de chegar de mil a 10 mil por clulas (AMABIS & MARTHO, 1990). A mitocndria apresenta duas membranas fosfolipdicas, uma externa lisa (BARBOSA, 2006) e outra interna em que se dobra formando pregas, tambm chamadas de cristais. A regio limitada pela membrana externa conhecida como matriz mitocondrial (gura 5).

Figura 5 - Estrutura interna da mitocndria. possvel observar os cristais, as membranas internas e externas, a matriz e o seu DNA Fonte - http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/aulas/1523/imagens/Diagrama _da_mitocondria.png

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No interior de cada mitocndria existe um uido denso, rico em enzimas onde se encontram tambm diversas protenas, DNA e ribossomos (AMABIS & MARTHO, 1990). As mitocndrias possuem um DNA prprio, ou seja, carga gentica prpria tendo capacidade de se autoduplicar. O seu DNA denominado DNA mitocondrial (SANTOS, 2005).

4.1. DNA mitocondrial como biomarcador molecular e sua aplicao em anlises forenses. A primeira sequncia completa do genoma mitocondrial humano foi descrita em 1981 por Anderson e colaboradores. Sendo novamente analisada e revisada por Andrews e colaboradores em 1999, foi modicada e denominada Cambridge Reference Sequence (CRS) (PANETO, 2006). Comparando o DNA n com o DNA mt (tabela 1), podem-se atribuir alguns fatores relevantes neste ltimo: a quantidade de cpias por clulas milhares de vezes maior (CHENG, 2005); a falta de histonas juntamente com a proximidade dos radicais livres que foram gerados durante a fosforilao oxidativa gerao de ATP e a baixa atividade da DNA polimerase fazem com que o DNA mt seja mais suscetvel a mutaes (BERTAGNOLLI, 2009). Sua localizao promove estabilidade, fazendo com que ela seja utilizada em amostras onde o DNA n est degradado, como, por exemplo, em incndios, quedas de avies entre outros acidentes em massa (CHENG, 2005).Tabela 1 Principais diferenas entre o DNA n e DNA mtParmetro Localizao Estrutura Mecanismo de proteo Nmero de genes Composio Caracterstica do genoma DNA nuclear Presente no ncleo de todas as clulas, protegido pela membrana nuclear Dupla hlice Protegido por histonas 100.000 genes Regies codicantes (xons) e no codicantes (ntrons) Diploide (herana materna e paterna) DNA mitocondrial Presente nas mitocndrias protegidas pela membrana mitocondrial Dupla ta circular No contm histonas 37 genes 90% regio codicante e 10% regio no codicante Haploide (herana materna)

continua

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Tabela 1 Principais diferenas entre o DNA n e DNA mt Parmetro Nmero de pb DNA polimerase Exonuclease Nmeros de cpias de DNA por clulas DNA nuclear Bilhes de pb Grande atividade Presente 1

concluso DNA mitocondrial 16.569 pb Baixa atividade Ausente 1.000 a 10.000

Fonte SANTOS, A.K.C.R.: DNA mitocondrial. 2005. Universidade Federal do Par

O DNA mt transmitido exclusivamente por linhagem materna, ou seja, seu genoma haploide assim como o cromossomo Y que herdado somente pelo pai (BARBORSA, 2006; PARADELA & FIGUEIREDO, 2007; SARMENTO, 2006).

Figura 6 Mapa do genoma mitocondrial humano. possvel observar a regio controle e seus nucleotdeos Fonte BUTLER, J.M. Forensic DNA Typing. London: Elsevier Academic, 2005

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O genoma mitocondrial possui cdigo gentico prprio (SANTOS, 2005), contendo 37 genes, sendo 2 que codicam RNAs ribossomais, 22 que codicam RNAs transportadores e 13 que codicam protenas e enzimas envolvidas na cadeia da fosforilao oxidativa, produo e armazenamento de ATP. Contm 16.569 nucleotdeos dispostos na forma de dupla ta circular (gura 6). Uma rica em guaninas (purinas), que formam a cadeia H (heavy) e a outra rica em citosinas (pirimidinas) que formam a cadeia L (light) (PANETO, 2006; BARBOSA, 2006; CRESPILLO, 2004; SANTOS, 2005; IBORRA et al., 2004; RICHARDS, 2004).

4.2. Regio hipervarivel O DNA mt possui em seus genes regies codicantes e no codicantes. A regio no codicadora apresenta 1.200 nucleotdeos e anqueia a posio 0 do genoma (PANETO, 2006, HOON & LEK, 2000). Tambm conhecida como Regio Controle (RC) (BARBOSA, 2006, CRESPILLO, 2005; PANETO, 2006), D-loop e regio hipervarivel. A regio controle possui 1.125 pb de comprimento e compreende as posies 16.024 a 16.569 e continua da posio 1 a 576. A origem da replicao para a ta H (gura 6) inicia-se nessa regio (BARBOSA, 2006; BERTAGNOLLI, 2009), alm de conter o sinal que controla a sntese de RNA e DNA. A regio D-loop se refere fase inicial da replicao, no momento em que a ta recm-sintetizada se desprende da ta molde e forma um crculo (PANETO, 2006; BERTAGNOLLI, 2009, SANTOS, 2005, BARBOSA, 2006). A formao da ta simples pode inuenciar o surgimento de mutaes (BERTAGNOLLI, 2009), visto que a taxa de mutao da ta simples do DNA mt quatro vezes maior que a dupla ta do DNA n, devido baixa delidade da DNA polimerase mitocondrial e perda de mecanismos de reparo (BARBOSA, 2006; PANETO, 2006). Essas regies hipervariveis so utilizadas na rotina forense devido ao seu alto grau de polimorsmo na sequncia de nucleotdeos, as mais utilizadas so HV1 (posio 16.024 a 16.365) e HV2 (posio 73 a 340). Existe ainda a regio HV3 (posio 438 a 574) que vem sendo estudada (PANETO, 2006; HOONG & LEK, 2005). Essa regio menos polimrca que a HV1 e HV2 e por essa razo s utilizada quando as anlises da regio HV1 e HV2 no so conclusivas. (BARBOSA, 2006; CRESPILLO, 2004). Ao realizar um trabalho para investigar a possibilidade da identicao de pessoas utilizando ossos (dental) que foram submetidos carbonizao, Remualdo e colaboradores (2005), escolheram as regies: STR-F13A01 (genmico) e quatro MPS da regio hipervarivel HV2 do DNA mt (MPS3A, MPS3B, MPS4A, MPS4B) para estudo. O objetivo de escolher os MPS se deu, pois se utilizassem somente a regio HV2 como um

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nico iniciador, teriam de amplicar uma grande regio, o que poderia ter interferncia prejudicial nas anlises. Os laboratrios de rotinas forenses utilizam os polimorsmos da regio HV1 e HV2 para comparao da amostra questionada com a sequncia de referncia (CRS). Se as duas sequncias diferirem em dois ou mais polimorsmos, poder ser feita uma excluso errnea; porm se as sequncias corresponderem uma a outra, a amostra questionada poder pertencer ao indivduo em questo ou ter vnculo materno. Outra possibilidade de que a amostra em questo possa ser de outro indivduo no aparentado, tornando-se indispensvel vericao da frequncia desse conjunto de polimorsmo que ocorre na populao em um banco de dados (PANETO, 2006). Hoong e colaboradores (2005), ao realizarem um estudo piloto em um caso forense, utilizaram as regies HV1, HV2 e HV3 para identicar o corpo carbonizado e para a comparao utilizaram amostras de sangue da suposta me. Aps obter as sequncias, estas foram ento comparadas sequncia de referncia (CRS) que apresentavam oito diferenas. A amostra de sangue apresentou na regio HV1 trs polimorsmos, HV2 quatro polimorsmos e na HV3 um polimorsmo. A amostra carbonizada apresentou na regio HV1 trs polimorsmos, HV2 trs polimorsmos e na HV3 dois polimorsmos. Ambas as amostras apresentaram polimorsmos em posies diferentes. Contudo concluiu-se que as amostras no apresentavam nenhum grau de parentesco. Observa-se, por meio deste estudo, a importncia da utilizao da regio HV3 como um auxiliar polimrco na aplicao forense, mesmo que na maioria dos casos forenses s sejam utilizadas as sequncias de nucleotdeos da regio HV1 e HV2. A regio HV3 tem o potencial de aumentar DNA mt como marcador. Conrmando a importncia da regio HV3 por ser altamente polimrca na utilizao da identicao humana em casos onde as regies HV1 e HV2 no forem sucientemente discriminatrias, Paneto (2006) vericou a frequncia de hapltipos dessa regio em 150 indivduos de uma populao; 50 deles apresentaram frequncias idnticas a CRS. Ao analisar as regies HV1 e HV2 separadamente, algumas amostras apresentaram o mesmo hapltipo, que s puderam ser diferenciadas aps anlise da regio HV3. Ges e colaboradores (2002) realizaram uma comparao do perl gentico em um caso criminal no Rio de Janeiro em 1998, onde a vtima era uma garota de 14 anos portadora da sndrome de Down, com suspeita de estupro. Porm no foi possvel a identicao daquele que o praticou, uma vez que a sua gravidez foi evidenciada meses mais tarde pelo tamanho da barriga, e a partir de ento que o caso veio tona. A vtima conseguiu autorizao judicial para a prtica do aborto e assim utilizaram as regies STR

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e VNTR do feto para comparao com os suspeitos. Dentre os quatro suspeitos, o nico com sequncias compatveis ao feto foi o nmero trs.

4.3. Heteroplasmia A heteroplasmia a presena de dois ou mais tipos de DNA mt em um mesmo indivduo. Foi observada primeiramente em associao a uma doena mitocondrial, e posteriormente foi demonstrada na regio controle do DNA mt (PANETO, 2006; BARBOSA, 2006). Esse evento pode ocorrer em uma ou mais mitocndrias, gerando uma mistura de molculas normais e alteradas (BARBOSA, 2006). O primeiro caso evidenciado da heteroplasmia ocorreu na identicao da famlia Romanov em 1992, onde cientistas forenses sequenciaram o DNA extrado dos ossos encontrados. Constatou-se que as cinco pessoas eram aparentadas e trs pertenciam s irms. Para conrmar a identidade de czarina Alexandre foi comparado com a sequncia de um sobrinho; a etapa mais difcil foi encontrar um parente de czar. Foram localizados apenas dois parentes e ao comparar as sequncias foi constatado que eram semelhantes e no idnticas. Na posio 16.169 o DNA mt do suposto czar apresentava um C e os parentes apresentavam T evento conhecido como heteroplasmia. Alguns anos depois o governo russo liberou a abertura do sarcfago onde o irmo de czar estava para possvel comparao; foi constatado que os dois tinham as mesmas heteroplasmias conrmando assim sua identidade (MURGA & FERNANDES, 2008). Ao longo da vida so acumuladas mutaes e por isso espera-se que todos os indivduos tenham heterosplamia (PANETO, 2006). Ela pode se manifestar das seguintes maneiras: 1) indivduos podem ter mais de um tipo de DNA mt em um nico tecido; 2) podem exibir um tipo de DNA mt em um tecido e um tipo diferente em outro tecido; 3) podem ser heteroplsmicos em uma amostra de tecido e homoplsmicos em outro tipo de tecido (BARBOSA, 2006; PANETO, 2006). possvel encontrar duas formas de heteroplasmia: a heteroplasmia de sequncia (gura 7), quando diferentes tipos de DNA mt se diferem em apenas um nucleotdeo, e a heteroplasmia de comprimento (gura 8), quando ocorre a deleo ou insero de uma citosina em regies contendo repeties mononucleotidicas (PANETO, 2006; BARBOSA, 2006).

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Figura 7 - DNA mt com heteroplasmia de sequncia. Troca de nucleotdeos na posio 16.093. A letra Y representa essa troca. Nessa posio deveria conter a letra T Fonte BUTLER, J. M. Forensic DNA Typing. London: Elsevier Academic Press, 2005

Figura 8 - Heteroplasmia de comprimento. Insero de uma citosina na sequncia em questo. Posio 260 no nucleotdeo Fonte - BUTLER, J. M. Forensic DNA Typing. London: Elsevier Academic Press, 2005

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Cientistas forenses devem estar preparados para lidar com essa interpretao de resultados obtidos de amostras que tenham em seu DNA mt a heteroplasmia, pois ela pode fortalecer ou complicar a identicao (PANETO, 2006; GOODWIN, et al, 2007). Por exemplo, se a amostra referncia e a amostra questionada possurem o mesmo conjunto de polimorsmo, a co-ocorrncia de heteroplasmia em um stio em particular poder ser uma evidncia adicional; agora se ela no ocorrer poder tornar o resultado duvidoso (PANETO, 2006). A frequncia da heteroplasmia de sequncia na populao baixa, podendo variar entre tecidos diferentes. Um estudo recente mostrou uma frequncia de 11,4% de heteroplasmia em amostras forenses de fragmentos de cabelos (PANETO, 2006). Para se conrmar a presena da heteroplasmia aps o sequenciamento, duas bases devem ser observadas em um mesmo ponto em ambas as tas do DNA mt.

5. BANCO DE DADOS 5.1. Crianas desaparecidas A procura por crianas e adolescentes desaparecidos constante, porm a localizao muito difcil. Dados divulgados da Rede Nacional de Identicao e Localizao de Crianas e Adolescentes Desaparecidos (REDESAP) apontam que existem hoje, registradas em todo o Brasil, cerca de 40.000 ocorrncias, sendo que 8.000 registros so pertencentes somente ao Estado de So Paulo (GATTAS, 2007). A tabela 2 mostra os dados estatsticos de crianas desaparecidas encontradas e a quantidade total de envolvidos em desaparecimentos no Brasil, relao por Estados, durante o perodo de 1/1/2009 at 16/10/2009 (adaptado do site: http://www. desaparecidos. mj. gov.br/Desaparecidos/). A coluna Desaparecido mostra a quantidade de crianas desaparecidas no perodo citado, enquanto a coluna Encontrado mostra a quantidade de crianas que foram localizadas (no necessariamente que tenham desaparecido nesse mesmo perodo, mas sua localizao se deu entre os meses de janeiro a outubro de 2009). J na coluna Quantidade observa-se o nmero total de casos de desaparecidos no perodo mencionado. possvel observar que em alguns Estados o nmero de desaparecidos muito maior do que a quantidade de crianas encontradas. Cear, Par, Rio de Janeiro, Sergipe e So Paulo foram os Estados com o maior nmero de desaparecidos, em contrapartida, quase nenhuma criana foi encontrada, ou seja, nesses Estados existem mais crianas sendo desaparecidas do que as que j esto desaparecidas serem encontradas. Deve-se levar em considerao o tamanho de cada

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Estado, em relao ao nmero de habitantes junto com a situao socioeconmica de cada um. Muitas vezes as famlias no relatam o desaparecimento para as autoridades. Com isso alguns dados acabam no sendo divulgados.Tabela 2 Dados estatsticos de crianas desaparecidas no Brasil durante o perodo de 1/1/2009 a 16/10/2009 continua UF AL BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PR RJ RN RO RS SC SE SP TO Total Desaparecido 0 5 19 12 0 4 1 3 2 0 36 1 1 1 15 0 1 6 0 19 22 0 148 Encontrado 0 0 0 45 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 4 0 0 7 3 9 0 0 70 Quantidade 0 5 19 57 0 6 1 3 2 0 36 1 1 1 19 0 1 13 3 28 22 0 218

Fonte - Presidncia da Repblica. Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Direitos Humanos. Crianas e adolescentes desaparecidos

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O termo desaparecimento deve ser empregado com muito cuidado, pois muitas vezes essas crianas ou adolescentes saem de casa por vontade prpria e no querem voltar para suas famlias. Os motivos para que pratiquem esse tipo de atitude so, na maioria das vezes, conitos familiares como maus tratos e abuso sexual (adaptado do site: http://www. desaparecidos.mj. gov.br/Desaparecidos/). A criao do banco de dados de DNA se tornou uma ferramenta de grande ajuda para as autoridades na identicao de crianas e adolescentes desaparecidos, pois, na maioria das vezes, essas crianas esto em localidades muito distantes, como, por exemplo, em outros Estados ou at mesmo em outros pases. Em situaes em que o desaparecido est longe de casa h muito tempo a complexidade ainda maior, pois a sionomia da criana j no mais a mesma de quando ela desapareceu. Mas com a criao de um banco de dados, utilizando amostras biolgicas dos familiares do desaparecido e dele mesmo possvel comparar o material gentico de ambos. Para isso importante haver uma interatividade entre os Estados brasileiros e at mesmo entre os outros pases. No Brasil, alguns Estados j possuem um banco de dados, so eles: Alagoas, Amap, Amazonas, Bahia, Cear, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraba, Paran, Pernambuco, Rio Grande do Sul e So Paulo (SILVA, 2009). A Espanha implantou em 1999 um programa chamado de Programa Phoenix para identicar cadveres e restos humanos que no puderam ser identicados pelos mtodos forenses tradicionais. Esse programa gerou dois bancos de dados de DNA mt independente, um o Banco de Dados Referncia onde esto sequncias de DNA mt de parentes maternos de pessoas desaparecidas, o outro o Banco de Dados Questionado com sequncias de DNA mt de restos de cadveres de indivduos desconhecidos, que podem comparar e cruzar sequncias similares ou idnticas (IWAMURA & MUOZ, 2003). No Brasil, para que se possa criar um Banco de Dados que no comprometa os direitos individuais e sociais, necessria a doao voluntria de amostras biolgicas de familiares de pessoas desaparecidas, surgindo assim um banco de dados civil de interesse das famlias (IWAMURA & MUOZ, 2003). O Estado de Alagoas foi o primeiro na implantao desse banco de dados (adaptado do site do Laboratrio de DNA forense de Alagoas). Em So Paulo, na Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo, no Departamento de Medicina Legal, tica e Medicina Social do Trabalho, por meio do Centro de Cincias Forense

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(CENCIFOR) funciona o projeto Caminho de Volta. Seu objetivo auxiliar as famlias de crianas e adolescentes desaparecidos (MOCHIUTE, 2009). O objetivo de ambos os projetos reunir informaes genticas e no genticas sobre crianas, adolescentes e adultos desaparecidos. Essas pessoas ainda podem estar vivas ou mortas, mas no puderam ser identicadas pelos mtodos tradicionais (adaptado do site do Laboratrio de DNA forense de Alagoas). Primeiramente, essas famlias precisam registrar um Boletim de Ocorrncia (B.O.). A partir da, elas podem participar de alguns programas ou ONGs (Organizaes No Governamentais) que executam trabalhos e pesquisas sobre esse assunto. O projeto Caminho de Volta, em So Paulo, atende as famlias que tiveram seus lhos desaparecidos com idades inferiores a dezoito anos, mesmo que estejam desaparecidos h muito tempo. Aps a apresentao do Boletim de Ocorrncia (B.O.), essa famlia responde a um questionrio com informaes referentes criana, participa de uma entrevista na 2 Delegacia de Pessoas Desaparecidas do Departamento de Homicdios e Proteo Pessoa (DHPP), alm de ceder amostra biolgica (sangue ou saliva) para a anlise do DNA (GATTAS, 2007). Por sua vez, os prossionais que atuam no projeto prestam toda a assistncia (psicolgica e emocional) a essas famlias, alm, claro, da procura por essas crianas (gura 9). A seguir, segue esquema dos procedimentos realizados pelo projeto Caminho de Volta:

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Figura 9 Procedimentos pelos quais as famlias que procuram o Projeto Caminho de Volta realizam at a localizao da criana Fonte Adaptado de GATTAS, 2007

O banco de dados contm informaes genticas doadas de familiares de pessoas desaparecidas; so essas as informaes utilizadas para conrmar ou no o vnculo familiar da pessoa desaparecida (ou resto mortal no identicado) e da suposta famlia (adaptado do site do Laboratrio de DNA forense de Alagoas). Para permitir a criao de um banco de dados, houve uma padronizao na rotina das coletas das amostras, que aumentou signicativamente a sosticao no mtodo de extrao do DNA (BARALDI, 2008). De acordo com Dolinsky & Pereira (2007), para gerar o perl de DNA so analisados no mnimo 13 loci vericando o comprimento das sequncias de bases de DNA (alelos). Esses pers so comparados entre si. A relao entre os alelos que ir estabelecer se h vnculo gentico familiar ou no. Depois disso, realizam-se clculos estatsticos para estimular quantas vezes ocorre esse perl na populao. Quando duas sequncias de DNA mt so idnticas, necessrio fazer uma estimativa estatstica da signicncia dessa coincidncia. Conta-se o nmero de vezes em que essa sequncia observada no banco de dados, para estimar a frequncia de um hapltipo de DNA mt em uma determinada populao (BARBOSA, 2006).

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Crespillo e colaboradores (2005) identicaram o primeiro cadver exumado na Catalunha procedente de uma fossa comum da guerra civil espanhola, sendo os resultados da sequncia nal obtidos do DNA mt comparado a uma base de dados de 2.192 indivduos caucasianos. Seus resultados mostraram que as anlises de DNA mt se convertem em uma estratgia adequada para levar a cabo a identicao de cadveres de certa antiguidade ou daqueles casos onde s se dispe de linhagem materna. 5.2. Criminal O banco de dados criminal mais importante criado at hoje o CODIS Combined DNA Index System institudo pelo FBI nos Estados Unidos. Esse banco tem sido o lder no desenvolvimento de tecnologias para genotipagem de DNA (IWAMURA & MUOZ, 2003). Comeou com um projeto piloto em 1990, com apenas 14 Estados e laboratrios locais (GATTAS, 2007). Em 1994 foi criado o DNA Identication Act, quando ganhou autoridade para estabelecer um banco de dados a nvel nacional para ns de investigaes criminais. Nesse banco de dados existem dois arquivos diferentes: o Forensic Index que so os pers genticos obtidos a partir da cena do crime e o Offender Index que so os pers genticos obtidos dos criminosos condenados por crimes sexuais e outros crimes violentos (PENA, 2005; BARALDI, 2008; GATTAS, 2007). Atualmente, mais de 500.000 pers de DNA esto cadastrados, sendo que 50.000 investigaes criminais foram nalizadas baseando-se nesse banco (GATTAS, 2007). Na Inglaterra, Johnson e colaboradores (2003) estimam em 40% a chance de localizar um criminoso por meio de um banco de dados de DNA. A tecnologia de um banco de DNA forense envolve sucintamente trs etapas (assim como no banco de crianas desaparecidas): coleta do material biolgico, anlise do perl do DNA e incluso dos dados no banco, e a comparao do perl do DNA desconhecido com aqueles arquivados. Existe tambm um arquivo com as informaes dos pers genticos da populao em geral para servir de referncia na anlise das frequncias encontradas (GATTAS, 2007). Dentro do sistema CODIS existem 13 loci cadastrados que, segundo Gattas (2007), so comparados mais ou menos em 100 trilhes de indivduos. Desses 13, pelo menos 10 marcadores precisam ser estabelecidos para que o perl possa ser inserido no banco. Em amostras degradadas, esste detalhe torna-se mais importante. Entre a amostra biolgica obtida da cena do crime e o suspeito ou a vtima, se houver combinao genotpica nos 13 loci, poder-se- armar que as amostras so provenientes do mesmo indivduo (IWAMURA & MUOZ, 2003).

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Todos os bancos criados at hoje pelo mundo padronizam os mesmos loci, sendo oito deles mais comuns nos bancos europeus e americanos: FGA, TH01, VWA, D3S1358, D8S1179, D16S539, D18S51 e D21S110 (GATTAS, 2007). O banco de dados tambm muito utilizado para comparar pers genticos obtidos com os j cadastrados, bem como na identicao de criminosos a partir de outros crimes (DOLINSKY & PEREIRA, 2007). A necessidade da criao de um banco de dados populacional de DNA mt se d para determinar a frequncia de conjuntos de polimorsmos que possam ocorrer na populao, isso facilita nos estudos de identicao (PANETO, 2006).

CONCLUSO Quando algum crime (de qualquer dimenso) acontece, muito importante que ele seja julgado de acordo com a verdade. Para isso existem muitos prossionais buscando a realidade dos fatos. Policiais e peritos trabalham em busca de provas, porm, muitas vezes, a prova mais importante acaba sendo aquela que no visualizada. A descoberta do DNA mitocondrial, o aperfeioamento das tcnicas na cincia forense e a criao de um banco de dados mundial ampliaram a possibilidade de desvendamento no mundo investigativo. Onde no possvel o uso do DNA nuclear, as anlises do DNA mitocondrial tm sido um caminho ecaz na identicao de casos at ento inconclusivos. Deve-se ressaltar que nenhum resultado expresso com 100% de certeza e sim 99,9999%, pois na biologia nenhum fato esclarecido em sua totalidade. Por meio de um conjunto de evidncias o juiz ser capaz de estabelecer sua sentena. Muitas pesquisas ainda devem ser feitas e muitos avanos ainda esto por vir, na certeza de que, consequentemente, seus benefcios sero sero notados pelo mundo.

ABSTRACT In criminal and civil areas, the overall purpose of the human identication by ADN (genotyping) is test the hypothesis that a person is a donor source of biological evidence and determine genetic relationships among people. For the forense utilization of mitochondrial DNA it is essencial a populations database stablishment of regions HVI and HVIIs haplotypes. From the frequence knowledge of an haplotype on database it is possible to

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calculate a random coincidence probability between haplotypes in situations where there is biological evidence of a crime scene and a suspects sample or in situations where there is a disappeared persons material and the objective is to associate it to someone with the same haplotype. As less as the random coincidence probability is, bigger are the certain that two samples are or are not from the same person or represent the same matrilineage. Its possible to nd many variations among mitochondrial DNA samples in differents tissues of the same person heteroplasmy. In genetic investigation, results validity depends on the populations frequencies calculation for the markers. Because of this, the frequencies of this database must be available to anyone who needs this information. Keywords: Mitochondrial AND, forensic, biomarkers, heteroplasmy; polymorsm.

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AVALIAO MICROBIOLGICA DE CERDAS DE ESCOVAS DENTRIAS E SUA DESCONTAMINAO EM SUBSTNCIAS ANTISSPTICASADRIANA PEREZ DA SILVA * TSSIA FERNANDA BULHES** JULIANA DE CSSIA SILVA *** GUEDA CLEOFE MARQUES ZARATIN**** ROSANA FRANCISCO SIQUEIRA DOS SANTOS*****

RESUMO A boca humana considerada um local propcio para proliferao de diversos tipos de bactrias, sendo que as escovas dentrias, estando em contato constante com a boca e, muitas vezes, deixadas em locais midos, tornam-se depsitos apropriados cultura bacteriana. Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo avaliar cerdas de escovas dentrias, com maior e menor tempo de uso, utilizadas no cotidiano por pessoas comuns, com a nalidade de vericar a contaminao das cerdas e as possibilidades de sua descontaminao com o uso de substncias antisspticas. Os resultados obtidos foram: menor grau de contaminao em cerdas com um ms de uso, presena de vrios agentes contaminantes como: E.coli, Estalococos coagulase negativa, Pseudomonas, bolores e leveduras, Serratia liquefacieus, e outros. No que se refere descontaminao foram testados o antissptico bucal e a Clorexidina 0,12% sendo que a Clorexidina mostrou-se mais ecaz na descontaminao. Palavras-chave: Anlise microbiolgica, contaminao, cerdas de escovas dentrias, descontaminao, substncias antisspticas.

* ** *** ****

Graduada do Curso de Cincias Biomdicas da Veris Faculdades Campinas. Graduada do Curso de Cincias Biomdicas da Veris Faculdades Campinas. Biloga Tcnica do Laboratrio Multidisciplinar da Veris Faculdade-Campinas. Doutora em Biologia Funcional e Molecular, rea de Bioqumica, Unicamp Professora do Curso de Cincias Biomdicas da Veris Faculdades Campinas. ***** Doutoranda em Cincias de Alimentos, rea de Microbiologia, Unicamp Professora do Curso de Cincias Biomdicas da Veris Faculdades Campinas.

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INTRODUO De acordo com Andrade (1989), um ambiente quente, mido e abafado ideal para proliferao de bactrias; nesse caso as escovas de dentes so objetos que frequentemente encontram-se nesse tipo de local, pois na maioria das vezes cam no banheiro, que considerado um dos ambientes com mais altas taxas de carga microbiana (CHIBEBE, 2001). A escova tambm ca em contato direto com outro ambiente contaminado, a boca. Estudos mostram que a boca humana um habitat propcio para proliferao de microorganismos, sendo a maioria potencialmente patognica. Normalmente essa microbiota representada por micro-organismos inofensivos que, em condies alteradas, podem causar infeces dentrias de baixo grau, porm em pacientes imunocomprometidos, esses micro-organismos podem tornar-se causadores de infeces mais graves, podendo atingir a corrente circulatria causando infeces generalizadas (NEZ, 1980). Na boca encontram-se cerca de 900 espcies de bactrias capazes de viver por at 24 horas entre as cerdas das escovas dentais, onde se multiplicam e tornam a entrar em contato com a boca na prxima escovao, colaborando para uma maior probabilidade de ocorrncias de doenas como a crie dental, alteraes gengivais e leses da mucosa bucal (PEREIRA, 2004). Estudos realizados por Sato et al. (2005) mostram que nas escovas podem ser encontrados micro-organismos do gnero Streptococcus, Staphylococcus, Corynebacterium e Pseudomonas, alm dos coliformes fecais. Segundo pesquisadores a contaminao microbiana das cerdas das escovas sofre a inuncia direta dos micro-organismos originrios da cavidade bucal, mas principalmente do ambiente onde as escovas de dentes so armazenadas(SATO et al., 2005; NELSON FILHO E FARIAS, 2004). Para Barros et al., (2001), cuidados na limpeza, manuteno e armazenamento das escovas so essenciais para evitar a contaminao, mas no so sucientes. Todavia, a maior parte da populao no tem conscincia de que suas escovas possam estar contaminadas por micro-organismos, devido ao seu mau uso e sua localizao. Hoje vrios mtodos de escovao so utilizados, e existem muitos estudos nessa rea, porm, em relao desinfeco das escovas aps o uso, pouco tem sido feito (PEREIRA, 2004). Segundo um levantamento feito pela Faculdade de Odontologia de Ribeiro Preto, a populao brasileira no possui o hbito de higienizar suas escovas. Vrios so os micro-organismos bucais encontrados, sendo os principais: Candida albicans,

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Streptoccus mutans, Streptoccus sanguis, Lactobacillus, Staphylococcus aureus (PEREIRA, 2004). Essas e outras bactrias so causadoras de inmeras doenas microbianas bucais destacando-se: candidose bucal, Infeces endodnticas, endocardite, crie, gengivite e periodontite. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar microbiologicamente cerdas de escovas dentrias com o intuito de vericar a contaminao aps o uso e a sua descontaminao com substncias antisspticas e vericar sua eccia na reduo microbiana.

MATERIAIS E MTODO Amostragem Foram analisadas dez escovas de dentes com mais de dois meses de uso. Essas escovas foram doadas por cinco voluntrios que posteriormente receberam um kit lacrado contendo uma nova escova de dentes aprovada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Inmetro). O grupo fez uso dessa escova por um ms e aps esse perodo foram recolhidas para anlise das cerdas. As cerdas dentrias foram acondicionadas em sacos plsticos estreis e levadas ao laboratrio de Anlises Clinicas da Veris Faculdades para realizao das anlises microbiolgicas durante os meses de junho e julho do ano 2010. Avaliao microbiolgica As cerdas dentrias foram mergulhadas em 10 ml de gua peptonada 0,1% (H2Op) e agitadas por 10 minutos. Para o isolamento do Staphylococcus aureus foi inoculada 0,1 ml da soluo inicial em gar Baird Parker (BP) em duplicata espalhadas com auxlio de ala de drigalski. As placas foram incubadas a 37C/48h. Aps incubao, as colnias tpicas foram submetidas conrmao por meio do teste de colorao de Gram, coagulase e catalase (SILVA et al., 2010). Na deteco do Streptococcus foi inculada 0,1 ml da soluo inicial em gar Mitis salivarius e gar Kenner Fecal (KF) em duplicata. As placas foram incubadas em microaerolia a 37C/24-48h. Aps incubao, trs colnias de cada meio de cultura foram submetidas ao teste de colorao de Gram e teste de catalase.

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Para os coliformes totais e coliformes termotolerantes foram inoculados 1 ml em triplicata da diluio inicial e das diluies subsequentes (at 10-2) em Caldo Lauril Sulfato Triptose (LST) incubados a 37oC/24-48h. Aps incubao os tubos com produo de gs foram submetidos conrmao, inoculando uma alada em caldo Verde brilhante 2% Bile (VB) para conrmao de coliformes totais a 35oC/24-48h; uma alada em Caldo Escherichia coli (EC) a 44,5C/24-48h para conrmao de coliformes termotolerantes. Os tubos positivos no caldo EC foram estriados no meio de cultura Eosina Azul de Metileno (EMB) a 37C/24h para vericar a presena de colnias pigmentadas de verde metlico com posterior conrmao por meio dos testes bioqumicos de oxidase e IMVIC (Indol, Vermelho de metila, Voges Proskauers e Citrato) (SILVA et al., 2010). Na identicao de bolores e leveduras foi utilizada a tcnica de superfcie, inoculando 0,1 ml da soluo inicial em gar Sabouraud com Cloranfenicol em duplicata. As placas foram incubadas a 25C/3-5 dias. Aps a incubao foi feita a contagem das colnias e cinco delas foram submetidas ao teste de colorao de Gram para conrmao de leveduras. Na deteco de Pseudmonas SP foi inoculado 1 ml da soluo inicial em Caldo Asparagina e incubados a 37C/24h. Os tubos com pigmento esverdeado foram submetidos conrmao usando caldo Acetamida e gar Leite (SILVA et al., 2005) No isolamento de bastonetes gram-negativos foi inoculado 0,1 ml da diluio inicial em gar Maconckey (MCC) em duplicata e incubados a 37oC/24-48h. Das placas com crescimento, foram selecionadas trs colnias para conrmao pelo teste de colorao de Gram, oxidase e kit para identicao, EPM/MILI/Citrato e galerias para enterobactrias, da indstria Probac do Brasil.

Teste de avaliao da eccia dos antisspticos bucais na reduo microbiana em cerdas dentrias Na anlise de desinfeco foram utilizados dois antisspticos bucais, sendo um base de declorexidina 0,12% e 12 escovas de dentes lacradas adquiridas no comrcio do Municpio da Cidade de Campinas/SP. O anissptico bucal base de clorexidina 0,12% tem na sua composio qumica os seguintes compostos: gluconato a 0,12%, glicerina, etanol, polisorbato 20, sacarinato de sdio, composio aromtica com sabor predominante de menta, FD&C Blue no 1, gua, enquanto que o outro antissptico composto por: timol, eucalipto, salicilato metil, mentol, sorbitol, lcool, cido benzoico, sacarina de sdio, benzoato de sdio, lcool propil, poloxamer 407, aroma e gua. Os micro-organismos utilizados na presente pesquisa foram Pseudmonas aeruginosa

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(ATCC 15442), Escherichia coli (ATCC 11229) e Staphylococcus aureus (ATCC 9144). Cada micro-organismo foi inoculado em 10 ml de Caldo Brain Heart Infusion (BHI) em duplicata e incubados a 37C/24h. Posteriormente as cerdas foram mergulhadas nessa soluo contendo os micro-organismos por 30 minutos; logo em seguida foram lavadas em gua destilada estril e depois mergulhadas nas solues, antisptico bucal e clorexidina 0,12%, por dez minutos. Aps esse perodo as cerdas caram imersas em 10 ml de H2Op onde foram agitadas por dez minutos e posteriormente analisadas por meio de diluies seriadas at 10-8 e o plaqueamento utilizando gar BHI. Aps solidicao as placas foram incubadas a 37C/48h. Aps a incubao foram feitas as contagens e os resultados expressos em Unidades Formadoras de Colnias (UFC)/cerdas dentrias.

Resultados e discusso Os resultados obtidos pelo presente estudo encontram-se resumidos na tabela 1. Eles indicam uma reduo signicativa de Estalococos coagulase negativa, bolores e leveduras nas escovas com apenas um ms de uso. No grupo dos coliformes totais houve uma reduo nas escovas trs, quatro e cinco em comparao com os dois grupos, porm houve prevalncia de Escherichia coli na escova um com um ms de uso. Em relao aos bastonetes gram-negativos foi evidenciada a prevalncia em ambos os grupos, porm uma reduo na escova dois com perodo de um ms de uso. Dentre os bastonetes gram-negativos foi possvel identicar a presena de Yersinia enterocoltica, Enterobacter cloacae, Serratia liquefaciens e Citrobacter freundii. As escovas dentrias usadas evidenciaram uma contaminao microbiana. Estudos como os desenvolvidos por Sato et al., (2004) comprovam que nas escovas de dentes podem ser encontrados, com frequncia, micro-organismos dos gneros Staphylococcus, Corynebacterium e Pseudomonas, alm de coliformes fecais.

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Tabela 1 Ocorrncia de crescimento microbiano em cerdas de escovas dentrias sem perodo estipulado e com um ms de usoElemento Descrio Sem perodo estipulado de uso Microorganismos 1 Estalococos coagulase negativa UFC*/escova Coliformes totais NMP**/escova Coliformes termotolerantes NMP**/escova E. coli NMP**/ escova Bolores e leveduras UFC*/ escova Bastonete gramnegativo UFC*/escova 6,5x10 6,5x10 < 3,0 3,6 < 3,0 < 3,0 < 3,0 7,4 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 < 3,0 2,4x10 < 3,0 < 3,0 < 3,0 1,1x10 1,1x10 < 3,0 < 3,0 < 3,0 > 1,1x10 > 2,3x10 1,1x10 2,3x10 2,3x10 > 1,1X103 > < 3,0 1,1X103 < 3,0 < 3,0 1,1x10 > 8,6x10 > 4,5x10 8,4x10 1,1x10 4 35 1 7 53 13 2 3 4 5 1 Com perodo estipulado de um ms de uso 2 3 4 5

>

> < 10 5,8x10 < 10 1 (bolor) 1 < 10 48 < 10

> 6,5x10

> 6,5x10

> 6,0x10 6,5x10 1,1x10 4,2x10 < 10 2x10 1,2x10 2,8x10 4

A Serratia sp reconhecida como um patgeno importante, com propriedades invasivas e alta resistncia a muitos antibiticos utilizados na atualidade, podendo causar pneumonia, bacteremia e endocardite, sobretudo em usurios de narcticos ou drogas e pacientes hospitalizados (MOBIN e SALMITO, 2006). Bactrias como Escherichia coli, Enterobacter cloacae, Citrobacter freundii, descritas no presente trabalho, sugerem contaminao fecal das superfcies das cerdas das escovas, que em contato com a boca representam risco iminente aos usurios, segundo Pinto et al., (2008) que descreveram as doenas infecciosas intestinais entre as maiores causas de mortes de crianas em todo o mundo, e apontaram em estimativas atuais 1,9 milho de mortes por ano causadas por diarreia. As leveduras apresentam maior patogenicidade em indivduos imunocomprometidos. Podem ocasionar desde infeces cutneas at sistmicas e provocar reaes alrgicas em pessoas predispostas (MOBIN e SALMITO 2006).

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Percebe-se pelos resultados obtidos a importncia da descontaminao das cerdas das escovas para a sade do usurio. Vrios autores sugerem um tempo limitado de uso para uma mesma escova dentria. Macedo e Lacaz Neto (1985) preconizam 25 dias, enquanto que Agudio et al., (1987) recomendam o descarte do instrumento assim que ele se apresentar danicado, ou com um ms de uso. Porm para Mialhe, Silva e Possobon, (2007), no h um consenso em relao ao tempo ideal para a troca da escova dental relatado na literatura. Com relao descontaminao, o grco 1 relata as diferenas na contagem inicial em relao contagem nal entre os trs micro-organsimos analisados e podese observar que a soluo de antissptico bucal no foi to eciente na diminuio da carga microbiana. A soluo de Clorexidina 0,12% se mostrou mais ecaz, praticamente 99,99%, como mostra o grco 2, em relao ao antissptico bucal. A Clorexidina foi escolhida por ser um produto de amplo espectro tendo ao sobre as bactrias gram-positivas, gram-negativas, alm de bolores e leveduras (NELSON FILHO e FARIAS, 2004). Estudos mostram que outras solues de antisspticos bucais podem ser utilizadas com a nalidade de descontaminar escovas, como hipoclorito de sdio, leos essenciais, entre outros (CHAVES et al., 2007).

Grco 1 - Resultado em Unidades Formadoras e Colnias (UFC) da descontaminao das cerdas dentrias utilizando antissptico bucal e clorexidina 0,12%.

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Grco 2 - Resultado do porcentual de reduo da descontaminao das cerdas dentrias utilizando antissptico bucal e clorexidina 0,12%. Estudos, como o de Lara (2001) sobre descontaminao de escovas utilizando vrias substncias para eliminar ou diminuir os micro-organismos presentes nas cerdas das escovas, tais como: cloreto de cetilpiridnio, hipoclorito de sdio a 1%, triclosan, leos essenciais e gluconato de clorexidina a 0,12%, mostraram eccia variada, podendo essas substncias ser usadas como meio de sanitizar escovas dentais e a associao delas mostrou timos resultados. Em geral, estudos focam no uso de solues antibacterianas e nos mtodos para eliminar ou diminuir o crescimento bacteriano nas cerdas aps a escovao, visando manuteno da sade bucal em geral (CHAVES et al., 2007). De acordo com Moreira e Cavalcante (2008), os hbitos de higienizao e armazenamento da escova dental so to importantes quanto a higiene bucal, para que ela no seja veculo de micro-organismos patognicos, como constatou a presente pesquisa. Mialhe, Silva e Possobon (2007) descrevem em seus estudos que uma maneira

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de se evitar a contaminao das cerdas por enterobactrias, como os coliformes fecais, armazenar as escovas no armrio; dessa maneira, as cerdas cam protegidas dos aerossis provenientes da descarga do vaso sanitrio. Porm na literatura h controvrsias em relao ao armazenamento das escovas em armrios de banheiro. Para Dinelle, Corona e Garcia, (2000), uma maneira ecaz e econmica de se evitar o surgimento e desenvolvimento de doenas provenientes do ato de escovao a preveno. Long, Santos e Nascimento (2000) constataram em seus estudos que bons hbitos de higienizao e armazenamento adequado das escovas evitam que elas se tornem veculos de contaminao que comprometem a sade por via oral, uma vez que em seus estudos, 95,7% das escovas dentais avaliadas e submetidas lavagem em gua corrente, assepsia por antissptico bucal, proteo por capa protetora e exposio ao ambiente natural caram livres de contaminao por micro-organismos.

CONCLUSO Dessa forma, pode-se concluir que micro-organismos patognicos presentes na cavidade bucal contaminam as cerdas das escovas dentrias, bem como os presentes no ambiente de uso da escova, e isso pode ser minimizado com o uso de substncias antimicrobianas na descontaminao das cerdas, sendo que a Clorexidina 0,12% mostrou-se mais eciente. Tambm conclumos que as escovas com mais tempo de uso apresentaram maior grau de contaminao das cerdas. O uso de solues na descontaminao de escovas dentais tem demonstrado ser uma importante medida de higiene, em vista da presena de micro-organismos, a partir das cerdas analisadas.

ABSTRACT The human mouth is a propitious site for the proliferation of several types of bacteria. Being that toothbrushes are constantly in contact with the mouth and are often subsequently left in damp locations, they too become veritable breeding grounds for bacterial cultures. In this regard, this study focuses on studying toothbrush bristles, with both greater and lesser usage periods of day to day use by ordinary people, with the objective of checking for contamination and the possibility of decontaminating them with the use of anti-septic substances. The results obtained were that lesser degrees of contamination could be observed on the bristles after a single months usage. Contaminating agents such as:

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E.coli, Staphylococcus coagulase negative, Pseudomonas, Serratia liquefaciens, molds, yeasts and others were already present. As for decontamination, antiseptic mouthwash and Chlorhexidine 0.12%, being that Chlorhexidine has been shown to be more effective at decontamination. Keywords: Microbiological analysis, contamination, bristle toothbrushes, clean, antiseptic chemicals.

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CRIADOR DE PARTITURAS MUSICAIS 1MARCELO LOPES DE MORAES * MATHEUS GIACOMIN AGOSTINETTO ** ALINE PORTELLA DE ANDRADE MARIA *** CLAUDIO KIYOSHI UMEZU ****

RESUMO A msica uma forma de arte universal, apreciada por inmeras pessoas, independentemente de raa, cultura, idioma ou classe social. Ruud (1990) arma que a msica evolui com a cultura e inuencia a viso do homem atravs do tempo. Pela msica, muitas empresas aumentam sua capacidade de atrair o consumidor para seu produto e podem obter excelentes resultados de venda, sendo pea fundamental no marketing dessas companhias. Possui seu prprio idioma e alfabeto, utilizados na forma de partitura e por meio dela que os msicos de uma orquestra entram em sincronismo e realizam uma perfeita execuo da obra. O processo de leitura, e principalmente criao de uma partitura, exige muito tempo de estudo. Este trabalho descreve o desenvolvimento de um software nomeado Composer, que visa minimizar signicativamente o trabalho e a necessidade de conhecimento das partituras. O aplicativo oferece ao usurio a possibilidade de obteno da partitura de, praticamente, qualquer msica em poucos instantes, mesmo sem conhecimento prvio de sua simbologia. Palavras-chave: Partitura, msica, MIDI

1 Extrado do Trabalho de Concluso de Curso em Engenharia de Computao dos autores. * Eng. de Computao pela Veris Faculdades Campinas. E-mail: [email protected] ** Eng. de Computao pela Veris Faculdades Campinas. E-mail: [email protected] *** Eng. de Computao pela Veris Faculdades Campinas. E-mail: [email protected] **** Doutor em Eng. Agrcola pela Unicamp. Prof. Titular da Veris Faculdades. E-mail: [email protected]

Cincia da Computao

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INTRODUO Na viso de muitas pessoas, trabalhar com msica mais um hobby do que realmente uma prosso. Elas tm a ideia distorcida de que no possvel se viver de msica e que necessrio ter uma prosso de verdade; como se o ato de cantar, tocar um instrumento, compor uma cano ou reger uma orquestra no exigisse muito tempo de dedicao, contrariando Guerchfeld (1989) que arma que o intrprete necessita estar em dia com seu instrumento, com sua tcnica, o que lhe consome vrias horas dirias. Assim como em qualquer prosso, para tornar possvel a comunicao entre os interessados, a msica possui seus prprios termos, idioma e alfabeto, que so utilizados na forma de partitura. Aprender a ler ou criar partituras como o aprendizado de um novo idioma, onde o domnio de suas regras indispensvel para a perfeita execuo e entendimento. Sabe-se que muitas pessoas precisam contratar servios de criao de partituras para uma determinada melodia, pois muitos dos considerados msicos, apesar de conhecerem o instrumento, no conhecem a simbologia das partituras. Para Unes (1988, p.14), o intrprete aquele que torna possvel ao leitor comum o acesso a uma determinada obra, que se encontra codicada em um sistema cujas regras so desconhecidas pelo leigo. Com essa nalidade, foi criado o Composer, que tem como objetivo facilitar o processo de interpretar e escrever novas criaes musicais.

Materiais e mtodos A funcionalidade principal desejada do aplicativo o reconhecimento de sons polifnicos, com a captao sonora de forma direta do instrumento. A principal premissa do Composer exigir o mnimo de conhecimento terico sobre a representao grca da msica, deixando isso a seu cargo, havendo somente a necessidade de o msico tocar a melodia desejada em seu instrumento preferido. A estrutura funcional do Composer pode ser subdividida nas seguintes etapas: Gravao do som do instrumento musical. Processamento do arquivo gravado (formato WAVE). Identicao das notas musicais por meio de anlise espectral de frequncias. Gerao do arquivo MIDI (Musical Instrument Digital Interface) a partir das anlises espectrais de frequncia.

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Interpretao do arquivo MIDI. Representao do arquivo MIDI na forma de partitura musical. O sistema operacional escolhido para desenvolvimento do Composer foi o Ubuntu (Linux), pois um sistema de cdigo aberto, gratuito, com excelente suporte para as verses mais recentes e com grande exibilidade para utilizao de chamadas por intermdio de linhas de comando. A verso do Ubuntu utilizada foi a 10.10, porm o programa foi testado nas verses 8.10 e 10.04, sem problemas de compatibilidade. Neste trabalhou utilizou-se intensamente tcnicas de transformada de Fourier na decomposio de um sinal, no domnio do tempo, em suas componentes em frequncia e suas amplitudes (SMITH, 1999). Durante o desenvolvimento do Composer, utilizou-se como ferramenta auxiliar de anlise, principalmente na converso das informaes do domnio do tempo para frequncia, do aplicativo Matlab, verso 2009, com o toolbox Sinal Processing. As linguagens utilizadas para o desenvolvimento do Composer foram Java e C++. A linguagem Java foi utilizada para a maioria das funes do programa, como: a gravao do arquivo WAVE, a chamada do conversor WAVE para MIDI, o reconhecimento do arquivo MIDI e sua representao em partituras. O conversor foi criado em linguagem C++, tendo como base o programa de cdigo livre Waon, que foi modicado com o objetivo de se melhorar o discernimento das notas e diminuio dos rudos. O software capaz de gravar arquivos de som do tipo WAV(DVIDA: WAVE?), de 16 bits, com frequncia de 22,050kHz a 44,100kHz, mono ou estreo. Aps a converso do arquivo WAV(DVIDA: WAVE?), o arquivo MIDI gerado do tipo padro. Com a criao do arquivo MIDI, foi possvel t import-lo e represent-lo por meio de partituras. A gura 1 ilustra o uxograma de funcionamento do Composer.

Figura 1 - Fluxograma de funcionamento do Composer

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O Composer analisa um stream de udio, proveniente de um arquivo de formato WAVE, gravado previamente pela ferramenta. Com as devidas informaes obtidas do sinal WAVE, um arquivo em formato MIDI ser gerado pelo programa, contendo todas as informaes necessrias como: frequncias, duraes e pausas. Encerrando o processo, criada a partitura com as informaes contidas no arquivo de formato MIDI. Este estudo foi constitudo por testes feitos com vrios instrumentos, notas diferentes e em diversos programas, possibilitando avaliar os diferentes resultados para posteriores solues. Resultados e discusso O programa Composer possui uma interface com o usurio bastante simplicada, com cinco botes (trs botes usados para iniciar, parar e ouvir a gravao, um boto para salvar o arquivo WAVE gerado e outro para a converso do arquivo de tipo WAVE para MIDI), mostrada na gura 2.

Figura 2 Interface para gravao e converso de arquivos

No aplicativo existem alguns listeners, que so objetos que reagem a algum evento e que necessitam de alguma ao prvia para que ele seja iniciado. O listener utilizado no boto de gravao chama a funo Record(). Com isso, algumas etapas so seguidas pelo Composer para que a partitura seja criada de acordo com o que foi tocado pelo msico. Para a converso do arquivo WAVE foi utilizada a biblioteca fftw3 do C++, possibilitando analisar o arquivo WAVE e calcular sua correspondente Transformada de Fourier.

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A implementao, em Matlab, do algoritmo utilizado para anlise do sinal pode ser realizada com as seguintes etapas: 1. A leitura do sinal no intervalo desejado, no formato WAVE, com a funo: Equao 1

[x,fs] = wavread(teste1medios.wav,[022000])

2. Aplicao da Transformada de Fourier para encontrar a frequncia predominante, com a seguinte funo:

Equao 2

3.

Converso em uma escala adequada:

lenght (Y) hz5000 = 5000 * fsEquao 3

fs f = (0 : hz5000) * lenght (Y)4. Visualizao do sinal transformado, no domnio da frequncia: Equao 4

plot(f , (abs, (Y(1 : lenght(f)))+eps))

Equao 5

Funes para remoo de sinais no desejados como rudos e sons pertencentes a oitavas, que so muito comuns, podem ser ativadas para se obter o valor correto de frequncia, eliminando sinais no tonais. Baseadas nas funes do aplicativo Waon, alguns exemplos dessas funes so: power_subtract_ave e power_subtract_octave. Outra importante informao obtida, agora j no arquivo MIDI, a intensidade das notas capturadas pela funo note_intensity. O retorno dela um vetor com a intensidade de todas as notas do arquivo MIDI. Aps o retorno da funo note_intensity, a funo WAON_notes_check chamada para que seja feita a vericao da diferena de tempo entre o incio e o m da nota. Essa funo identica a durao da nota.

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Assim que o arquivo MIDI lido e interpretado para reconhecimento, um arquivo do tipo TGSong criado e as informaes encontradas na sequncia MIDI so incorporadas a ele, para ento serem representadas na forma de partitura. Essa funo de representao em partitura utiliza uma tabela que contm todas as possibilidades de retorno encontradas na sequncia MIDI e designa qual imagem deve ser mostrada na partitura de acordo com o que ela representa. Os resultados obtidos, aps essas funes serem implementadas e ajustada