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FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO – FAAP
Centro Superior de Aperfeiçoamento Profissional – CENAP
MDG Consultores Associados
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
924/98 – 7ª TURMA – CONTROLE DA POLUIÇÃO AMBIENTAL
RIO PARAÍBA DO SUL,
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL PROVOCADA
PELA MINERAÇÃO DE AREIA.
José Eduardo Jendiroba Teixeira, Eng.º Mec.
Patrícia Cardoso Santiago, Eng.ª Mec.
Kelly Fabiana Chacim Tronchini, Eng.ª Mec.
Coordenação do curso: Prof. Carlos Eduardo Tirlone
Orientação metodológica: Prof. Eduardo Ehlers
São José dos Campos, novembro de 1.999.
2
FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO – FAAP
Centro Superior de Aperfeiçoamento Profissional – CENAP
MDG Consultores Associados
A monografia:
RIO PARAÍBA DO SUL,
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL PROVOCADA
PELA MINERAÇÃO DE AREIA; elaborada por:
José Eduardo Jendiroba Teixeira, Eng.º Mec.
Patrícia Cardoso Santiago, Eng.ª Mec.
Kelly Fabiana Chacim Tronchini, Eng.ª Mec.
e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora, foi aceita pelo Centro Superior
de Aperfeiçoamento Profissional e homologada como requisito à obtenção do Título de
Pós-Graduado em Engenharia de Controle da Poluição Ambiental.
Data:
Nota final:
Banca examinadora:
3
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a colaboração:
Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos
Sindicato das Indústrias Extratoras de Areia do Estado de São Paulo
Secretarias do Meio Ambiente de S. J. Campos e Jacareí
Câmaras Municipais de São José dos Campos e Caçapava
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - Taubaté
4
SINOPSE
Esta monografia apresenta e discute a origem, desenvolvimento e estágio
em que se encontra a degradação ambiental decorrente da mineração de areia no rio
Paraíba do Sul, no trecho Jacareí – Caçapava. Incursiona pela história do Vale do Paraíba
para encontrar a origem da devastação ambiental e analisar quais os principais estudos
realizados para a região. Faz uma apresentação dos fenômenos geomorfológicos que
afetam a bacia hidrográfica e consequentemente o rio Paraíba do Sul a fim de poder
diferenciar fenômenos naturais de atividades antrópicas. Verifica a dependência da região
metropolitana de São Paulo em relação aos minerais do Vale do Paraíba. Dimensiona o
negócio areia para a construção civil. Para avaliar o nível de consciência ecológica dos
empresários da areia, foi-lhes aplicada uma pesquisa sobre gestão ambiental. Os conflitos
originados da atividade mineral são apresentados e as imagens do satélite confirmam a
motivação da sociedade na luta por um ambiente restaurado e equilibrado.
Palavras chave: mineração de areia, degradação ambiental, rio Paraíba do
Sul, Vale do Paraíba, mata ciliar, construção civil.
ABSTRACT
This monograph presents and discusses the origin, development and state in
which one finds the environmental degradation due to the sand mining in Paraíba do Sul
river, in the Jacareí – Caçapava section. It makes an incurtion into the history of the
Paraíba Valley to find out the origin of the environmental degradation and analyse which
are the most important studies done for the region. It presents the main geomorphological
phenomena that affect the hidrographic basin and consequently the Paraíba do Sul river in
order to differenciate natural phenomenon from antropic activities. It verifies the
dependency of the metropolitan region of São Paulo in relation to the Paraíba Valley
minerals. It quantifies the business of sand to the civil construction. To appraise the level
of the ecological conscientiousness of the sand entrepreneurs, a survey on environmental
administration was undertaken. The conflicts originated from the mining activity are
presented and the satelite images confirm the motivation of society in the fight for a
restored and balanced environment.
Uniterms: sand mining environmental degradation, Paraíba do Sul river, Paraíba Valley,
ciliary forest, civil construction.
5
SUMÁRIO
§ TÍTULO p.
1 INTRODUÇÃO 7
1.1 Metodologia de elaboração desta monografia 7
CAPÍTULO I 11
2 Generalidades 11
2.1 Classificação das condições do ecossistema 11
2.2 Água, recurso limitado 13
2.3 Apresentação da bacia do Paraíba do Sul 21
2.4 Histórico da região 25
2.5 Caracterização dos recursos hídricos superficiais 39
2.6 Descrição da área de trabalho 40
2.7 Clima 43
2.8 Vegetação 44
CAPÍTULO II 46
3 Geomorfologia 46
3.1 Introdução 46
3.2 Geomorfologia fluvial 47
CAPÍTULO III 64
4 O construbusiness e a indústria de construção civil 64
4.1 Introdução 64
4.2 A importância econômica do Vale do Paraíba 65
4.3 O consumo de agregados na construção civil 66
CAPÍTULO IV 68
5 O negócio mineração 68
5.1 O ambiente econômico 68
5.2 Indicadores da produção mineral 68
5.3 A mineração de areia 69
5.4 A engenharia mineral 74
5.5 Localização de jazidas de areia 77
5.6 Aspectos legais e institucionais 77
5.7 O potencial areeiro do Rio Paraíba do Sul 101
5.8 Identificação das mineradoras de areia 102
CAPÍTULO V 107
6 O conflito de interesses 107
6.1 A questão da energia 107
6.2 Mineração e meio ambiente 109
6.3 A extração de areia no rio Paraíba do Sul 111
6.4 O aproveitamento da areia no leito de rios 114
6.5 O planejamento ambiental 114
6.6 Recuperação das áreas degradadas 115
6.7 Matas ciliares 120
CAPÍTULO VI – Monitoramento 126
CAPÍTULO VII – Conclusões 129
CAPÍTULO VIII – Bibliografia 138
Anexos 149
6
RIO PARAÍBA DO SUL,
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
PROVOCADA PELA
MINERAÇÃO DE AREIA.
“Nós concordamos em respeitar, fomentar, proteger e
reabilitar os ecossistemas da Terra, para assegurar a
diversidade biológica e cultural” (Carta da Terra).
7
1 INTRODUÇÃO.
1.1 Metodologia de elaboração desta monografia.
1.1.1 Considerações gerais.
Esta monografia foi redigida em função do curso de pós-graduação
“Controle da Poluição Ambiental” visando a identificação das áreas de degradação
ambiental provocada pela mineração de areia no rio Paraíba do Sul e da necessidade dos
autores em relatar resultados das suas observações de temas regionais. Para tal seguiu-se o
fluxograma da figura 1:
1.1.2 Levantamento de dados.
Foram utilizados os seguintes meios:
Pesquisa de mercado para caracterização da gestão ambiental na lavra.
Fotografias, imagens de satélite e documentação cartográfica.
Vistorias.
Entrevistas.
Pesquisa bibliográfica.
Foram obedecidos os seguintes critérios:
a areia como insumo básico na construção civil;
o crescimento da demanda por obras civis e o conseqüente aumento do consumo de
areia;
a interdependência entre o rio Paraíba do Sul, suas margens, a mineração de areia, a
preservação do meio ambiente e em vários trechos, a necessidade da recomposição
do meio ambiente degradado.
8
Figura 1 - Fluxograma de atividades.
Início
Definição do tema
Estabelecimento dos
objetivos
Seleção da área de
estudos
Reconhecimento
da área
(vistorias)
Trabalho de
campo
Inventário das
mineradoras
Coleta de dados
nos órgãos
governamentais Documentação
fotográfica
Avaliação da degradação
ambiental e dos conflitos
Fim
Lev
anta
men
to b
ibli
ográ
fico
, le
gis
lati
vo e
cart
ográ
fico
Monografia
9
1.1.3 Conteúdo do trabalho.
No primeiro capítulo, o da introdução, comenta-se o estoque de água para
uso humano disponível, seu caráter finito, o seu desperdício e a ameaça de guerra pela sua
posse. Apresenta-se a problemática dos recursos hídricos no estado de São Paulo com
ênfase na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul. Faz-se um histórico da região e de seus
projetos. A seguir caracterizam-se os recursos hídricos superficiais, descreve-se esta área,
caracteriza-se o seu clima e a sua vegetação.
No segundo capítulo, apresenta-se a geomorfologia e faz-se um resumo dos
estudos geomorfológicos da região.
No terceiro capítulo, descreve-se as tendências do construbusiness e da
construção civil e o consumo de agregados com enfoque na areia.
No quarto capítulo apresenta-se a mineração brasileira em especial a
mineração de areia. Conceitua-se a areia normal brasileira e a mineração de areia para a
construção civil. Aborda-se os aspectos legais e institucionais da legislação que afeta a
mineração de areia e a abertura de uma firma mineradora. Comenta-se o potencial areeiro
do rio Paraíba do Sul e as empresas mineradoras da área de estudo.
O quinto capítulo analisa o conflito de interesses entre areeiros - construção
civil - sociedade. Trata da recuperação das áreas degradadas e seu monitoramento.
No sexto capítulo estão as conclusões deste trabalho.
No sétimo capítulo apresenta-se a bibliografia.
Anexos a seguir.
1.1.4 Objetivos do trabalho e justificativa.
Este trabalho se propõe a estudar a degradação ambiental provocada pela
mineração de areia no rio Paraíba do Sul e identificar os conflitos existentes.
O estudo se justifica, pois, a bacia do rio Paraíba do Sul tem sido motivo de
preocupação dos setores de planejamento e dois grandes estudos foram realizados
culminando no Plano Regional do Macro Eixo Paulista e no Macrozoneamento da Bacia
do Paraíba do Sul, sendo este último aprovado pelo Decreto Federal n.º 87.561 de 13 de
setembro de 1.982.
O Governo do Estado de São Paulo através da Secretaria da Agricultura e
Abastecimento fez publicar no Diário Oficial de 15.03.1.983, folha 40 a Resolução S. A.
A. n.º 49 de 14.03.1.983 dispondo sobre a institucionalização do Programa de
Desenvolvimento Agrícola da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul no Estado de São
Paulo – PROVALE com os seguintes objetivos gerais:
10
a. Preservação das áreas agricultáveis; e,
b. Implantação de tipologia agrícola condicionada à capacidade de uso do solo
harmonizada com as atividades resultantes do desenvolvimento urbano e industrial, de
forma a compatibilizar-se necessidades sócio-econômicas e proteção ambiental
(Provale).
Duas portarias do Ministério do Interior, chamam a atenção, tabela 1:
Tabela 1 - Portarias do Ministério do Interior referentes à bacia do rio Paraíba do
Sul.
PORTARIA DATA DESCRIÇÃO
GM/n.º 086 04/06/1981 Classificação dos cursos d’água da Bacia Hidrográfica do Rio
Paraíba do Sul.
GM/ n.º 157 26/10/1982
Estabelece normas ao lançamento de efluentes líquidos
contendo substâncias não degradáveis de alto grau de
toxicidade decorrentes de quaisquer atividades industriais.
Além disso, a mineração de areia para a construção civil tem sido intensa,
na região, e a degradação ambiental conseqüente já é visivelmente agressiva em vários
trechos do Rio com vários comprometimentos.
11
CAPÍTULO I
2 Generalidades.
2.1 Classificação das condições do ecossistema.
Segundo Aurélio,
ecossistema é o conjunto dos relacionamentos mútuos entre determinado meio ambiente e
a flora, a fauna e os microrganismos que nele habitam, e que incluem os fatores de
equilíbrio geológico, atmosférico, meteorológico e biológico.
A classificação das condições do ecossistema está apresentado na figura 2.
12
Figura 2 - Classificação das condições do ecossistema.
Fonte: Cuidando do Planeta Terra – UICN/PNUMA/WWF in A Questão Ambiental e as Empresas – SEBRAE.
Auto-reguladoras.
Grande proporção de espécies
nativas em relação às introduzidas.
Sistemas naturais Provimento de sistemas de sustentação da
vida e da biodiversidade.
Sistemas
modificados
Provimentos de serviços de sustentação da
vida e da biodiversidade. Produção
sustentável de recursos em estado selvagem.
Sistemas
cultivados
Agricultura, plantio de árvores e
aquiculturas sustentáveis
Sistemas
construídos
Desenvolvimento urbano adequado à
sustentabilidade. Reguladas pelo
homem. Grande
proporção de
espécies
introduzidas em
relação às
espécies
nativas.
Recuperação ou
reabilitação
Insu
sten
tável
P
ote
nci
alm
ente
sust
entá
vel
Sistemas degradados
13
Explicações sobre a figura 2:
1 – As principais condições do ecossistema estão demonstradas nos quadros escurecidos:
Sistemas naturais – ecossistemas onde, até a 1ª Revolução Industrial (1.780 a
1.860), o impacto do homem não foi maior do que o de quaisquer outras espécies nativas, e
não afetou a estrutura do ecossistema. A mudança climática está excluída da definição,
porque a mudança climática causada pelo homem deve afetar todos os ecossistemas e
eliminar todos os ecossistemas naturais como definidos aqui.
Sistemas modificados – ecossistemas onde o impacto humano é maior do que
quaisquer outras espécies, mas cujos componentes estruturais não são cultivados. A maior
parte do planeta está modificada, incluindo as áreas de terra e mar normalmente
consideradas áreas “naturais”. Por exemplo, florestas regenerativas, usadas para produção
de madeira; pastagens naturalmente regenerativas usadas para criação.
Sistemas cultivados – ecossistemas onde o impacto humano é maior do que o de
quaisquer outras espécies, e cuja maioria de componentes estruturais é cultivada. Por
exemplo, fazendas, pastos formados artificialmente, plantações, lagos para aqüiculturas.
Sistemas construídos – ecossistemas dominados por edificações, estradas, ferrovias,
aeroportos, portos, barragens, minas e outras construções antrópicas.
Sistemas degradados – ecossistemas cuja diversidade produtiva e condição para
habitação foram enormemente reduzidas. A degradação dos ecossistemas da Terra é
caracterizada por perda de vegetação e de solo; e a dos ecossistemas aquáticos é
freqüentemente caracterizada por águas poluídas que podem ser toleradas por poucas
espécies.
2 - As setas à esquerda indicam que o declive de sistemas naturais para sistemas
construídos representa uma mudança da condição auto-reguladora para a condição
regulada pelo homem, um declínio na diversidade das espécies nativas, e um aumento na
diversidade das espécies introduzidas.
3 – As principais conversões dos ecossistemas para condições diferentes são demonstradas
pelas linhas grossas; outras conversões importantes são indicadas por linhas finas.
4 – As condições para existência de ecossistemas potencialmente sustentáveis encontram-
se acima da linha pontilhada horizontal. Os usos potencialmente sustentáveis de cada
condição dos ecossistemas estão resumidos à direita dos quadros escurecidos. Os usos de
um ecossistema são sustentáveis se forem compatíveis com a manutenção do ecossistema
naquela condição. Os usos insustentáveis levam à conversão do ecossistema para uma
outra condição.
5 – A vida sustentável exige a proteção dos sistemas naturais mais a produção sustentável
de culturas e criações produzidas em sistemas cultivados mais o desenvolvimento de
sistemas construídos, implementado com base nos interesses humanos e ecológicos mais a
recuperação ou reabilitação dos sistemas degradados.
14
2.2 Água, recurso limitado.
Os oceanos constituem importantes reservatórios de água, armazenando
97% das águas do planeta; os gelos representam cerca de 2,1%; as águas subterrâneas
totalizam 0,7% e mais, entre lagos doces e salinos (0,016%), umidade do solo (0,005%),
atmosfera (0,001%), biosfera (0,0002%) e, nos rios, apenas 0,00009%. O total de
evaporação da Terra e o total de precipitação que retorna à Terra se eqüivalem, mostrando
que não há perdas no balanço global: ambos atingem 496 x 1012
m3/ano, o que eqüivale a
uma profundidade de 97 cm/ano em termos médios do planeta (Berner e Berner, 1.987).
A América do Sul é o continente que apresenta os maiores valores de
precipitação total (163 cm/ano), dos quais 93 cm/ano escoam na superfície e 70 cm/ano
retornam à atmosfera (Budyco, 1.974).
Figura 3 - Brasil, principais bacias hidrográficas e a Bacia do Paraíba do Sul.
O Brasil tem a maior reserva hidrológica do mundo, 14% da que pode ser
consumida. Cada brasileiro possui, em tese, 34 x 106 l à sua disposição. A escassez se
15
explica pela péssima distribuição da água brasileira. Quase 80% se concentram na
Amazônia, enquanto áreas do agreste ficam à mingua, figura 3. Apenas 10% do esgoto
gerado é tratado e 23,8% da população (36 milhões de pessoas) não tem água encanada.
Quem tem a usa mal, tabela 2.
Tabela 2 - Consumo de água nos afazeres domésticos.
CONSUMO DOMÉSTICO DE ÁGUA (l)
Higiene pessoal Lavar as mãos
Fazer a barba
Escovar os dentes
7
75
18
Banho Ducha (15 min)
Chuveiro (15 min)
135 a 243
45 a 144
Lavar louça Apartamento (15 min)
Casa (15 min)
117
243
Lavar roupa Lavadora (5kg)
Tanque
135
117 a 279
Regar jardim Durante 10 min 186
Lavar calçada Durante 15 min 279
Lavar carro Mangueira (30 min)
Balde
216 a 560
40 Fonte: SABESP e Panorama Setorial da Gazeta Mercantil.
Um agricultor nordestino gasta, em média, 18 x 106 l/ano para irrigar um ha,
trinta vezes mais que um israelense, submetido a clima igualmente seco. Pelas contas do
Ministério do Planejamento, da água tratada, distribuída à população, perdem-se até 40%
dos 10,4 x 1012
l distribuídos anualmente no País.
Devemos considerar, também, que são abertos, anualmente, no País, entre
90.000 e 100.000 poços artesianos.
A lei de direito da água do Brasil é o Código de Águas, de 10.07.1.934,
considerado pela Doutrina Jurídica como um dos textos modelares do Direito Positivo
Brasileiro. Em 08.01.1.997 foi sancionada a Lei Federal n.º 9.433 que organiza o setor de
planejamento e gestão, em âmbito nacional, portanto, uma Lei de Organização
Administrativa para o setor de recursos hídricos. A bacia hidrográfica é adotada como
unidade de planejamento.
A Lei n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1.997, criou o Conselho Nacional de
Recursos Hídricos e atribuiu à Secretaria dos Recursos Hídricos a função de sua Secretaria
Executiva, estabeleceu que a presidência desse Conselho será ocupada pelo titular da Pasta
do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, e
proclamou os princípios básicos, tabela 3. No seu Art. 1º, V, define que a
16
“bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de
Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos”.
Tabela 3 - Princípios básicos na Lei Federal n.º 9.433/97.
POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS
Adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento.
Usos múltiplos
Reconhecimento da água como um bem finito e vulnerável.
Reconhecimento do valor econômico da água.
Gestão descentralizada e participativa.
A Lei n.º 9.433/97 também define cinco instrumentos à boa gestão do uso
da água, tabela 4.
Tabela 4 - Instrumentos da Lei n.º 9.433/97.
INSTRUMENTOS DA LEI n.º 9433/97
Plano Nacional de Recursos Hídricos
Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos
Cobrança pelo uso da água
Enquadramento dos corpos d’água em classes de uso (ver Resolução CONAMA n.º 20)
Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos.
A Lei Federal n.º 9.433/97 também estabeleceu um arranjo institucional
claro, baseado em novos tipos de organização para a gestão compartilhada do uso da água,
tabela 5.
Tabela 5 - Organismos criados pela Lei Federal n.º 9.433/97.
ORGANISMOS CRIADOS PELA LEI n.º 9.433/97
Conselho Nacional de Recursos Hídricos
Comitês de Bacias Hidrográficas
Agências de Água
Organizações Civis de Recursos Hídricos
Em 1.988 o governo federal lançou o Programa Nacional de Combate ao
Desperdício de Água que pretendia reduzir em 15% as perdas de água economizando R$
1,27 x 109/ano.
17
Aos 2 de setembro de 1.999 o presidente Fernando Henrique Cardoso
assinou o projeto de lei que cria a Agência Nacional de Águas (ANA). A ANA terá pela
frente dois assuntos relevantes e atuais para serem tratados: as secas prolongadas,
especialmente no Nordeste, e a poluição dos rios.
São Paulo, aprovou uma política de recursos hídricos a partir do Plano
Estadual de Recursos Hídricos e a inclusão na Constituição Estadual de 1.987 de uma
seção (II) específica (Art. 205 a 213) para tratar da matéria recursos hídricos. Criou-se o
Conselho Estadual de Recursos Hídricos que propôs a Política Estadual de Recursos
Hídricos (PERH), instituída pela Lei Estadual n.º 7.663. Esta estabelece a cobrança pela
água, como uma commodity, e a criação de comitês de bacias hidrográficas, com
representantes de todos os setores interessados e poder decisório (Barbosa, 1997).
A Secretaria de Recursos Hídricos Saneamento e Obras, criada pela Lei
Estadual n.º 8.275, modificada pela Lei Estadual n.º 9.952, está montando o Projeto de
Conservação e Revitalização de Recursos Hídricos, para cuidar do setor rural, o maior
usuário do País, respondendo por cerca de 70% do consumo total de água e considerado
também o maior poluidor. O soro do leite polui dez vezes mais que o esgoto doméstico,
com uma ação tão nefasta para o meio ambiente quanto o vinhoto da cana-de-açúcar
(Sasse, 1.998).
A zona subsuperficial saturada ou zona freática representa a fonte de água
fresca mais importante no mundo: 21% do total da água doce do planeta ou 97% da água
doce não congelada. No Brasil estimou-se um volume armazenado de 111.661 km3. Este
volume é pouco utilizado por nós devido às condições climáticas e geológicas que
favorecem uma grande ocorrência de água superficial, especialmente na Região Sudeste,
onde estão as grandes concentrações populacionais (Guerra e Cunha, 1998). A Lei
Estadual n.º 6.134 regulamentada pelo Decreto Estadual n.º 32.955, dispõe sobre a
Preservação dos Depósitos Naturais de Águas Subterrâneas.
Dentro de vinte e cinco anos, aproximadamente, um terço da população
mundial enfrentará graves desabastecimentos de água, aumentando o perigo de guerras
pelos recursos hídricos, segundo a Organização das Nações Unidas . “Conflitos por causa
de água, guerras civis e internacionais, ameaçam tornar-se um fator-chave do panorama
mundial no século XXI” (Houlder, 1.999).
Praticamente todo o aumento de três bilhões de pessoas na população global
esperado até 2.025 ocorrerá em países em desenvolvimento, onde a água é, com
freqüência, escassa ou chega somente com a estação das chuvas, com furacões e enchentes,
sendo drenada rapidamente pelo solo. A maior parte da água potável disponível encontra-
se em países desenvolvidos, que só têm um quinto da população mundial.
Pesquisa recente (Houlder, 1.999) publicada pelo Instituto Internacional de
Administração dos Recursos Hídricos, um centro de pesquisa sediado na cidade de
Colombo, no Sri Lanka, prevê “absoluta escassez de água” para 17 países do Oriente
Médio, do Sul da África e para regiões mais secas do Oeste e do Sul da Índia e no norte da
China. Outras vinte e quatro nações sofrerão de “extrema escassez de água”,
18
principalmente na África subsaariana. Para estes países é improvável um alívio da situação
por causa da falta de recursos para o desenvolvimento de projetos de captação. A escassez
será particularmente danosa para a agricultura, que absorve entre 70% e 80% das reservas
disponíveis de água.
A Comissão Mundial para a Água no Século XXI, um grupo de estudos
recém-formado com o apoio da ONU e do Banco Mundial, informa que a agricultura
irrigada terá de atender a 70% do aumento da demanda de alimentos da população mundial
em 2.025. Mas mesmo que haja um grande aumento na eficiência da irrigação, a
necessidade de água crescerá 17% mais do que o total disponível hoje. Se não houver
mudanças, a demanda será então 56% superior à disponibilidade atual.
Segundo a ONU, a escassez de água é agravada pela poluição, pelo uso
ineficiente e pelo consumo insustentável dos lençóis subterrâneos através dos poços
artesianos. As reservas hídricas também são prejudicadas por sua administração
insuficiente e fragmentada, relutância em tratar a água como patrimônio econômico
público e pela inadequada preocupação com a saúde e questões ambientais.
A ONU prevê um forte aumento do número de mortes por males
relacionados com a qualidade da água – atualmente são 5,3 milhões de óbitos por ano e
3,35 bilhões de casos de doença por ano. Cerca de metade da população dos países em
desenvolvimento sofre de doenças provocadas por água contaminada. Segundo o Sistema
Único de Saúde (SUS), 70% dos leitos hospitalares estão ocupados por portadores de
doenças hídricas (Lancia, 1.999).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa e alerta que a qualidade
da água está se tornando um problema crescente na Europa por causa da agricultura
intensiva, da industrialização e da superexploração dos recursos. Um em cada sete
europeus, especialmente os habitantes da Europa Oriental, não tem acesso a água potável.
Doenças “medievais” como cólera, febre tifóide e hepatite do tipo A estão retornando
(Houlder, 1.999).
A globalização da questão ambiental teve início com a 1ª Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente realizada em junho de 1.972, em Estocolmo, movida
pela degradação ambiental em todo o mundo que se refletia em uma poluição industrial,
exploração de recursos naturais, deterioração das condições ambientais e problemas
sanitários, déficit de nutrição e aumento da mortalidade. Problemas como efeito estufa e
aquecimento global, chuva ácida e aparecimento de buracos na camada de ozônio são
efeitos do processo de industrialização e da vida urbano-industrial. O desmatamento e as
diversas formas de poluição ambiental têm acelerado a destruição da diversidade biológica,
sendo que 70% do que restou de toda a variedade de espécies de vida existentes no mundo
concentram-se em apenas doze países (Austrália, Brasil, China, Colômbia, Equador, Índia,
Indonésia, Madagascar, Malásia, México, Peru e Zaire). O Brasil é o quarto país
contribuidor para o efeito estufa, seguido dos EUA, da Comunidade dos Estados
Independentes (antiga URSS) e China. Enquanto os três primeiros emitem elevados valores
de CO2 devido ao consumo de energia, o Brasil é o maior emissor de CO2 proveniente da
queimada de florestas.
19
O modo de vida da maioria das sociedades modernas, que estabelecem
como meta o aumento da produção e do ritmo da produtividade, representa a causa
fundamental. Essas questões mundiais só serão resolvidas com medidas efetivas tomadas
em conjunto, entretanto, acordos entre países como os da 2ª Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), realizada em junho de 1.992,
no Rio de Janeiro, nem sempre são eficazes, devido aos inúmeros interesses econômicos e
políticos em jogo.
Um desafio atual, para as sociedades, constitui colocar em prática a noção
surgida no final da década de 1.980 sobre o desenvolvimento sustentável, uma questão de
puro bom senso que exigirá mudanças na produção e no consumo e em nossa maneira de
pensar e de viver.
O W.B.C.S.D – Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento
Sustentável, lançou, em 1.998, na Holanda, as bases do conceito de responsabilidade
social corporativa:
“responsabilidade social corporativa é o comprometimento permanente dos empresários
de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico,
melhorando, simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias,
da comunidade local e da sociedade como um todo”.
Certos processos ambientais, como lixiviação, erosão, movimentos de massa
e cheias, podem ocorrer com ou sem a intervenção humana. Dessa forma, ao se
caracterizar processos físicos, como degradação ambiental, deve-se levar em consideração
critérios sociais que relacionam a terra com seu uso, ou pelo menos, com o potencial de
diversos tipos de uso (Guerra e Cunha, 1.996).
À medida em que a degradação ambiental se acelera e se amplia
espacialmente, numa determinada área que esteja sendo ocupada e explorada pelo homem,
a sua produtividade tende a diminuir, a menos que o homem invista no sentido de
recuperar essas áreas.
Comumente coloca-se a responsabilidade da degradação ambiental no
crescimento populacional e, na conseqüente pressão que esse crescimento proporciona
sobre o meio físico. Pode ser uma causa, mas não a única, nem a principal (Boyden e
Hadley, 1.973). O manejo inadequado do solo, tanto em áreas rurais, como em áreas
urbanas, é a principal causa da degradação. As próprias condições naturais podem, junto
com o manejo inadequado, acelerar a degradação. Chuvas concentradas, encostas
desprotegidas de vegetação, contato solo-rocha abrupto, descontinuidades litológicas e
pedológicas, encostas íngremes são algumas condições naturais que podem acelerar os
processos.
Mudanças ocorridas no interior das bacias de drenagem podem ter causas
naturais, entretanto, nos últimos anos, o homem tem participado como um agente
acelerador dos processos modificadores e de desequilíbrios da paisagem. O
comportamento da descarga e da carga sólida dos rios têm se modificado pela participação
20
antrópica diretamente nos canais, através de obras de engenharia, e, indiretamente, através
das atividades humanas desenvolvidas nas bacias hidrográficas (Guerra e Cunha, 1.996).
O vale fluvial é uma depressão alongada (longitudinal) constituída por um
ou mais talvegues – o canal mais profundo do leito de um curso de água - e duas vertentes
com sistemas de declive convergente. Pode ser conceituado, também, como planície à
beira do rio ou várzea.
O perfil longitudinal do vale difere do perfil do rio porque o primeiro
depende do gradiente da planície. Em decorrência, as formas do vale, com seções
transversais em U ou V, resultam da interação do clima, relevo, tipo de rocha e estrutura
geológica.
O rio, com seu talvegue, controla os processos de formação do vale, embora
a sua influência direta seja restrita à calha e à planície de inundação.
O fundo do vale pode ser entendido sob o ponto de vista dos tipos de leito,
de canal e de rede de drenagem. Cada uma dessas fisiografias possui uma dinâmica
peculiar das águas correntes, associada à uma geometria hidráulica específica, geradas
pelos processos de erosão, transporte e deposição dos sedimentos fluviais.
A associação desses elementos da rede fluvial, com a altimetria e os
controles estruturais, que originam importantes níveis de base regionais e locais, permite o
desenvolvimento de um perfil longitudinal específico, dinâmico e em constante busca de
um equilibrado balanço entre descarga líquida, erosão, transporte e deposição de
sedimentos. Desse modo o rio mantém certa proporcionalidade entre os diferentes
tamanhos da sua calha, da nascente à foz. Atividades humanas desenvolvidas em um
trecho do rio podem alterar, de diferentes formas e escalas de intensidade, a dinâmica desse
equilíbrio. São exemplos, as obras de engenharia como as construções de reservatórios e
canalizações, a substituição da mata ciliar por terras cultivadas, o avanço do processo de
urbanização e a exploração de alúvios.
Uma das formas que o rio encontra para retornar ao equilíbrio anterior
refere-se à intensa erosão das margens, assim como a mudança na topografia do fundo do
leito.
As formas do fundo do leito são criadas pela interação da descarga e dos
sedimentos transportados. Canais com areias bem selecionadas, ou silte, têm suas próprias
formas características. Ondas de areias, por exemplo, formam bancos transversos, em
forma de lóbulos, em plano. Essas formas instáveis contrastam com os perfis dos rios de
cascalhos formados pela alternância de declives planos e íngremes das seções rasas e
fundas respectivamente. Essas soleiras e depressões são características de rios de cascalhos
que são eliminadas pelas obras de canalização. São necessários longos períodos de tempo
para a reconstrução dessas formas.
Os grãos de areia provêm, em sua grande maioria, da desagregação de
rochas preexistentes, seguida de um transporte pelas águas ou pelo vento. São mais
freqüentemente constituídos por quartzo. Segundo a dimensão dos grãos classifica-se em
21
areia grossa, média, fina e muito fina. A nomenclatura também leva em consideração a
presença de outros elementos: areia feldspática (ou arcózio), micácea (ou psamito),
aurífera, argilosa, etc.. As areias mesmo compactadas, apresentam grande porosidade e
permeabilidade, que as tornam retentoras de água. As areias silicosas muito puras (com
99,5% de silício) são utilizadas em vidraria. Um solo arenoso contém pelo menos 80% de
areia.
2.3 Apresentação da bacia do Paraíba do Sul.
O estado de São Paulo tem relevo de planaltos ocupando quase a totalidade
da sua superfície, com exceção da baixada litorânea. Este relevo corresponde aos trechos
paulistas do Planalto Atlântico e do Planalto Meridional brasileiros, com 85% das terras
estaduais situadas entre 300 e 900 m de altitude, anexo 4. Identificam-se cinco unidades
morfológicas: a planície litorânea, o planalto cristalino, a depressão tectônica do vale do
Paraíba do Sul, a depressão periférica paulista e o planalto sedimentar, figura 4.
A rede hidrográfica do estado de São Paulo pode ser apreciada no anexo 6.
Figura 4 - Relevo brasileiro e planaltos e serras do Atlântico-Leste-Sudeste.
22
A depressão tectônica do vale do Paraíba do Sul, percorrida, no sentido SO-
NE pelo rio Paraíba do Sul está limitada a NO pela escarpa da serra da Mantiqueira. A SE,
é limitada pelas serras do Quebra-Cangalha e da Bocaina, esta, um bloco soerguido da
serra do Mar, com altitudes que ultrapassam os 2.000 m. Sobre a serra da Mantiqueira
destaca-se ainda o bloco elevado do maciço de Campos do Jordão.
A bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul em seus limites atravessa três
estados brasileiros: 24% correspondem à sub-bacia paulista, estendendo-se desde a região
metropolitana de São Paulo até a divisa com o Rio de Janeiro; 37% compõem o sudeste
mineiro e os 39% restantes constituem a maior parte do território fluminense (DAEE,
1.977 e Vale Verde).
O rio Paraíba do Sul é formado pelos rios Paraitinga e Paraibuna, anexos 6 e
7, nascendo o primeiro na Serra da Bocaina a 1.800 m de altitude e o segundo na Serra do
Mar a 1.200 m de altitude (DAEE, 1.977; Alves, 1.997; Abranches, 1.999; Maia, 1.999).
Apresenta uma disposição de exceção na rede hidrográfica brasileira: é formado
inicialmente pela confluência dos rios Paraitinga e Paraibuna que tem seus cursos na
direção sudoeste na área montanhosa da Serra do Mar, após a confluência, continua na
direção O até as proximidades de Guararema, onde é barrado pela Serra da Mantiqueira
que o obriga a inverter completamente o rumo do seu curso, passando a correr para o NE e
finalmente para L, até alcançar o oceano em São João da Barra, após percorrer uma
distância de 1200 km, anexos 6, 7, 8 e 9.
A Lei Estadual n.º 10.020 dispõe sobre a constituição de Agência de Bacia e
a Deliberação 21/98 sobre a criação de Agência de Bacias. O rio Paraíba do Sul e sua
bacia, são federais, então, todos os rios que o formam são federais também; mas as micro-
bacias, não.
Esse complicador vem sendo administrado pelo Comitê das Bacias
Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul e Serra da Mantiqueira (CBH-PSM), criado em
25.11.1.994, anexos 8 e 9. Como a constituição de uma Agência depende sempre da
aprovação do Comitê e também da adesão de 35% dos municípios cortados pelo rio, torna-
se, então, necessário um acordo entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro que será feito por meio do Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio
Paraíba do Sul (CEIVAP). O CEIVAP calcula que serão necessários R$ 3,3 bilhões para a
recuperação ambiental da área total de 57 mil km2
da Bacia. O Banco Mundial está
liberando para o Ministério do Meio Ambiente recursos de US$ 800,000.00 do fundo do
governo japonês PHRD, para a elaboração de projeto de recuperação da bacia hidrográfica
do rio Paraíba do Sul, denominado Projeto de Qualidade das Águas e Controle da Poluição
Hídrica (PQA) (Feijo, 1.999).
A Agência das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul e Serra da
Mantiqueira deve entrar em operação a partir do ano 2.000. A proposta para sua criação
será encaminhada ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos.
A Agência terá como principal objetivo colocar em prática todas as decisões
tomadas pelo CBH-PSM, prestando apoio técnico, financeiro e administrativo, além de
participar nas negociações de recursos junto aos investidores.
23
Um levantamento abrangente da situação dos recursos hídricos brasileiros
foi feito em 1.984/85 pelo então DNAEE (Departamento Nacional de Água e Energia
Elétrica) e indicava, na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, como problemas
prioritários, a necessidade de recursos hídricos para o sistema Light/Rio e grandes cargas
orgânicas lançadas nas regiões de São José dos Campos, Taubaté, Volta Redonda e Juiz de
Fora (Castro, 1.998).
A Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) Bacia
Hidrográfica do rio Paraíba do Sul, possui as seguintes características, tabela 6 e anexos 8
e 9:
24
Tabela 6 - Características da UGRHI Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul.
CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO DIMENSÃO
Área de drenagem (km2) Bacia do Paraíba do Sul 14.396
Cursos d’água principais Rios: Paraíba do Sul, Paraibuna,
Paraitinga, Jaguari, Parateí e Una
Reservatórios Funil, Jaguari, Paraibuna-Paraitinga,
Santa Branca
População urbana
(habitantes)
1.990 1.401.000
2.010 2.226.000
Demanda (m3/s)
Urbano 1.990
Urbano 2.010
3,5
7,2
Industrial 1.990
Industrial 2.010
8,3
12,9
Irrigação 1.990
Irrigação 2.010
8,2
30,9
Demanda/Disponibilidade
hídrica superficial
Demanda total (m3/s)
1.990
2.010
20,0
51,0
Disponibilidade (m3/s)
Q7,10
Qref.
71,0
140,0
(Dem.total/Qref.) x 100 (%) 1.990
2.010
14,3
36,4
Disponibilidade hídrica
subterrânea (m3/h)
vazão potencial
Aqüífero Taubaté 10 a 250
Cristalino 5 a 40
Carga Poluidora (t DBO/dia)
1.990
Potencial Urbana 85,4
Industrial 89,9
Remanescente Urbana 58,1
Industrial 8,3
Potencial total 175,3
Remanescente total 66,4
Municípios integrantes
Aparecida, Arapeí, Areias, Bananal, Caçapava, Cachoeira
Paulista, Canas, Cruzeiro, Cunha, Guararema, Guaratinguetá,
Igaratá, Jacareí, Jambeiro, Lagoinha, Lavrinhas, Lorena, Monteiro
Lobato, Natividade da Serra, Paraibuna, Pindamonhangaba,
Piquete, Potim, Queluz, Redenção da Serra, Roseira, Santa
Branca, Santa Isabel, São José do Barreiro, São José dos Campos,
São Luiz do Paraitinga, Silveiras, Taubaté, Tremembé.
Fonte: (1) DAEE; (2) PERH – 1994/95 in htpp://www.recursoshidricos.sp.gov.br
25
O rio Paraíba do Sul, por mais que lhe voltemos as costas, é um elemento
natural importantíssimo do ponto de vista físico, econômico e cultural para a comunidade
do Cone Leste Paulista. A areia é um dos insumos básicos da construção civil e o rio
Paraíba do Sul é fundamental na economia regional como fonte de abastecimento de água e
extração de areia; alimentação e transporte foram relegados (Maia, 1.999).
Na várzea do rio Paraíba do Sul encontram-se grandes trechos de áreas de
cultura irrigada. Ao longo desta várzea estão também localizadas as principais cidades da
região, que tem apresentado uma crescente expansão nas últimas décadas. Assim, com
exceção das áreas urbanas que estão expandindo-se cada vez mais para as várzeas, todo o
restante da área apresenta uma aptidão do uso do solo bastante adequado à utilização
agrícola das terras, anexos 14, 15, 16 e 17. Nos trechos de escarpa com relevos
acidentados, muitos de altas declividades, um superpastoreio ou excessiva utilização das
terras com fins agrícolas, podem dar início a processos erosivos.
Deve-se atentar também o fato de que trechos de várzea sendo ocupados
com áreas urbanas é extremamente nocivo, pois, além de não atenderem a vocação
principal da várzea que é agrícola, impermeabiliza-a e gera resíduos líquidos e sólidos que
podem contaminar, tanto os recursos hídricos superficiais como os subterrâneos (Sausen,
1.991).
Nossas casas ribeirinhas são construídas orientadas no sentido de que o rio
seja o fundo do nosso quintal (Guidotti, 1.998); nossas cidades o têm como um estorvo ao
seu crescimento e, por isso, suas margens são desprezadas e seu curso receptáculo de
esgotos fétidos que deverão ser carregados sorrateiramente para a próxima cidade; nossas
indústrias, enquanto puderam o envenenaram; a areia, indispensável na construção civil,
está ali, “de graça”, no quintal; os pescadores, ah ! os pescadores ainda insistem?
2.4 Histórico da região.
O Vale do Paraíba teria sido percorrido pela bandeira chefiada por Braz
Cubas e Luiz Martins, que em 1.560 partiu de São Vicente à procura de ouro. Entretanto, a
primeira incursão, que documentadamente o percorreu na quase totalidade do trecho
paulista, foi a comandada por Martim Correia de Sá. Destinava-se a auxiliar os guaianás
contra os tamoios, e partiu do Rio de Janeiro a 14 de outubro de 1.597 com 700 brancos e
2.000 índios. Galgando a Serra do Mar por Parati, atravessou os campos de Cunha,
alcançou o rio Paraíba do Sul entre São José dos Campos e Pindamonhangaba, e daí,
cruzando a Mantiqueira, chegou até o rio Sapucaí (Simões, 1.977). Fernão Dias Pais, o
“governador das esmeraldas” partiu de São Paulo em 1.674, entrou pelo sertão de
Guaratinguetá e daí seguiu para Minas Gerais à procura das esmeraldas (Pombo, 1.960).
Durante todo o século XVI, até os fins do século XVII, o Vale do Paraíba
tornou-se passagem obrigatória de todos os que se dirigiam do Rio de Janeiro às Minas
Gerais e à São Paulo, através dos chamados “Caminho Velho” e “Caminho dos Paulistas”.
Os bandeirantes deixando o rio Tietê, alcançavam o rio Paraíba do Sul pela garganta de
26
São Miguel, descendo-o até Guapacaré, atual Lorena, e dali passavam a Serra da
Mantiqueira, aproximadamente por onde transpunha a Estrada de Ferro Rio e Minas,
seguindo, então, para Goiás (Normano, 1.945). Ao longo desses caminhos foram surgindo
núcleos humanos permanentes. Esses núcleos formavam-se tanto em volta de sedes de
sesmarias (Taubaté, 1.632; Paraibuna, 1.666; etc.), como dos locais de pouso de viajantes.
Em fins do século XVIII já existiam as vilas de Taubaté, Guaratinguetá, Jacareí,
Pindamonhangaba, São José dos Campos (Regato, 1.994; Bondesan, 1.967), Cachoeira,
Bananal, Caçapava, Paraibuna, Paraitinga, todas muito pobres, produzindo apenas o
necessário para o próprio sustento.
Na primeira década do século XIX, a cultura cafeeira já atinge o Rio de
Janeiro, começando no litoral: Angra dos Reis e Parati, daí deslocando-se também para
São Paulo: Ubatuba, Caraguatatuba e São Sebastião. Porém é no Vale do Paraíba que o
café prospera (Prado Jr., 1.959; Hildebrando, 1.959; Koshiba, 1.979).
De 1.830 a 1.880, aproximadamente, toda energia econômica volta-se para o
cultivo do café, que então é vendido ao mercado europeu em expansão e sem concorrência.
Torna-se, por isso, o estabilizador da economia do Império, a ponto de se poder dizer, na
época, que o “Brasil é o Vale” (Koshiba, 1.979).
Por volta de 1.840 – ano do início da primeira fase do reinado pessoal de D.
Pedro I - o Vale do Paraíba produzia 80% do café de todo o estado de São Paulo e sua
produção rural representava 37% da produção do Estado. A partir de 1.850 o café passou a
ser o principal produto do Vale do Paraíba, com a produção aumentando sempre até o fim
do século. Foi uma época de grandes riquezas em que o Vale do Paraíba se sobressaiu
politicamente, representado pelos “barões do café”, membros da aristocracia rural do
Segundo Império (1.840 – 1.889). A produção per capita atingiu, em média, 60% mais do
que no resto do Estado (Simões, 1.977).
O Império tinha, na escravidão, o seu ponto principal de sustentação
(Calmon, 1.958) e os senhores de engenho e os barões do café constituem a camada
dominante do Império, pela simples razão de que a economia é escravista, monocultora e
inteiramente voltada para o mercado externo. Dominando o poder econômico, detinham o
poder político. O Império expressava, pois, os interesses dos senhores de engenho e dos
barões do café do Vale do Paraíba. Ramos de fumo e café ornamentavam o Escudo do
Brasil Império.
A abolição do tráfico negreiro em 1.850 (Gouveia, 1.955), porém,
representa um duro golpe à hegemonia daquela camada social. Sua situação se agrava após
a Guerra do Paraguai (1.865 – 1.870) quando a luta pela abolição da escravatura se coloca
no centro dos debates políticos. A Lei Áurea (1.888), enfim, solapa o próprio fundamento
sobre o qual se assentava o regime imperial brasileiro (Koshiba, 1.979).
As terras, intensamente exploradas, se exauriam, e o único motivo que ainda
as tornava economicamente rentáveis – o trabalho escravo – foi eliminado.
27
A proclamação da República, em 1.889, vem atender os interesses dos
grandes fazendeiros de café, paulistas, mineiros e fluminenses. A República Velha é, por
isso, a “República do Café”.
No entanto, desde 1.895, a economia cafeeira começava a mostrar sinais de
crise: superprodução e queda de preço. Em 1.906, a crise atingiu seu ponto culminante. A
safra de café desse ano ultrapassou os 20 milhões de sacas, para um consumo mundial
inferior a 16 milhões, enquanto os preços continuavam a cair. Em fevereiro, reuniram-se
em Taubaté (Nosso Século, 1.985) os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro e firmam um acordo conhecido como “Convênio de Taubaté” (Bello, 1.959) e
decide-se que a fim de evitar a queda de preço, os governos estaduais interessados devem
contrair empréstimos no exterior para adquirir parte da produção que excede o consumo do
mercado internacional. Inicia-se, assim, a “política da valorização do café”.
Desde aí, o café, no Brasil, esteve continuamente sobre um sistema de
defesa: em 1.906 ele foi limitado pelo estado de São Paulo e um grupo de negociantes de
Nova York; em 1.927, já era composto de uma frente única de todos os estados produtores
de café do Brasil. O plano de 1.906 foi temporário e da mesma forma o foram os de 1.917
e 1.921 (Normano, 1.945). A crise cafeeira é aliviada em 1.918 com a geada e o fim da Iª
Grande Guerra.
De 1.898 a 1.919 a política do “café-com-leite” mantém-se inabalável.
Em 1.927 a porcentagem da exportação de café comparada com a
exportação brasileira total era de 70,6%.
Em outubro de 1.929, ocorre o crash da Bolsa de Nova York e a
cafeicultura mergulha em profunda depressão. O valor de venda do café cai em 30%. Não
há mais crédito externo. Está suspenso o financiamento interno. Banco e agiotas executam
hipotecas sobre fazendas de café e elas transferem-se da posse de famílias
“quatrocentonas” para a de sitiantes, imigrantes e seus filhos (Donato, 1.982).
As levas de imigrantes europeus que começavam a afluir no início deste
século, procuravam outras regiões do Estado, ainda inexploradas. As terras cansadas das
colinas foram dominadas pelos pastos e a pecuária passou a constituir, desde então, a maior
riqueza da região. As plantações passaram a dominar nas várzeas, onde se desenvolveu a
produção do arroz a partir de 1.920, passando a principal produto agrícola da região; esta
produção, entretanto, estava sujeita às enchentes periódicas do rio Paraíba do Sul. A
produção do Vale do Paraíba passou a constituir apenas 5% da produção do Estado, e a
produção per capita chegou a 29% abaixo da média estadual.
A população do Vale do Paraíba, que de 1.840 a 1.920 cresceu em
progressão aritmética, na razão de 3.700 habitantes por ano, chegou a decrescer entre 1.920
e 1.930. Surgem as “cidades mortas” descritas por Monteiro Lobato. Somente a partir de
1.950 voltou a apresentar um nível de crescimento razoável, com taxa de 12.500 habitantes
por ano. A partir dessa época teve início um rápido desenvolvimento industrial, que se
tornou possível graças à excepcional localização geo-econômica, à abundância de energia
elétrica e às facilidades de transporte. Cidades como Aparecida, Cruzeiro, Guaratinguetá,
28
Jacareí, Lorena, Pindamonhangaba e Taubaté, quase que duplicaram de população entre
1.950 e 1.960, sendo que em São José dos Campos, nesse período, a população passou de
25.892 para 56.882 habitantes.
A população total dos trinta e dois municípios, que era de 449.732
habitantes em 1.950, passou para 574.036 em 1.960 e 792.461 em 1.970, isto é, aumentou
de 27,7% em dez anos e 76,5% em vinte anos. A população urbana passou de 344.563
habitantes em 1.960, para 584.816 em 1.970, com aumento de 70% em 10 anos,
representava 44,6% da população total em 1.950, passou a representar 60% em 1.960 e
74% em 1.970.
Esse crescimento vertiginoso das cidades, devido à rápida industrialização,
trouxe desenvolvimento, mas, também, inúmeros problemas, entre eles, a poluição do ar,
das águas e do solo, para cuja solução há ainda necessidade de medidas urgentes e em
alguns casos bem radicais.
Por outro lado o setor agropecuário não acompanhou o surto de
desenvolvimento aumentando ainda mais a diferença que já existia entre o setor primário e
o secundário.
A forte extração mineral no Vale do Paraíba teve seu início na década de 50
com o predomínio da extração no leito do rio por pequenas empresas e baixo impacto
ambiental.
Devido ao crescimento da demanda por agregados para a construção civil, a
exploração de areia no Vale do Paraíba acompanhou-a para atender o mercado regional e
da Grande São Paulo, tomando a frente o município de Jacareí por se localizar numa
grande jazida de boa qualidade e perto do mercado consumidor. Novas necessidades
surgiram na década de 70, esgotando a capacidade de extração de areia no leito do rio,
aparecendo, assim, as primeiras cavas às margens do rio Paraíba do Sul, que foram
crescendo de maneira desordenada e sem critérios.
O município de São José dos Campos está na altitude 600 m s.n.m., na
latitude –23º 10’46”, longitude 45º 53’13”, tem área de 1.102,2 km2 e foi criado em 1.767;
o município de Jacareí está na altitude 567 m s.n.m., na latitude –23º 18’19”, longitude 45º
57’57”, tem área de 461,1 km2 e foi criado em 1.653; o município de Caçapava está na
altitude 560m s.n.m., latitude –23º 06’03”, longitude 45º 42’25”, tem área de 370,8 km2 e
foi criado em 1.855 e Eugênio de Melo está na altitude 565 m s.n.m., na latitude –23º
08’20”, longitude 45º 47’09” (IBGE, 1.995).
2.4.1 Os planos do DAEE.
Com a finalidade de promover a recuperação econômica da bacia
hidrográfica do Vale do Paraíba, no seu trecho paulista, pelo aproveitamento racional dos
seus recursos naturais, o Governo do Estado criou, em 1.938, o Serviço de Melhoramento
do Vale do Paraíba, que deu início ao planejamento do Vale do Paraíba.
29
Em 1.951 esse Serviço foi incorporado ao Departamento de Águas e
Energia Elétrica (DAEE), então criado. A partir daí, os trabalhos passaram a se reger pelos
princípios do planejamento regional, com base no aproveitamento múltiplo dos recursos
hídricos.
As diretrizes do planejamento de reerguimento regional, calcadas em grande
parte naquelas do Vale do Tennessee, foram elaboradas por uma equipe de técnicos do
DAEE e da Secretaria da Agricultura, em 1.952 e tinha como suporte o Art. 17 do Ato das
Disposições Transitórias da Constituição do Estado de São Paulo de 1.947.
O Tennessee é um rio dos Estados Unidos da América, afluente do Ohio
(margem esquerda), com 1.600 km de extensão. As obras realizadas em seu curso, no
período do New Deal do Presidente Franklin Delano Roosevelt, levaram à construção de
uma trintena de barragens, destinadas principalmente a regularizar o débito, permitir a
navegação e fornecer hidroeletricidade, o que favoreceu a industrialização em seu vale.
Esse plano de aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos, atividade
básica do DAEE, era constituído dos seguintes itens:
a. Uso racional das bacias hidrográficas.
b. Defesa contra inundações.
c. Abastecimento de água.
d. Navegação.
e. Produção de energia elétrica.
f. Irrigação.
g. Controle de poluição.
h. Drenagem.
i. Uso recreativo dos recursos de água.
j. Caça e pesca.
k. Controle de sedimentos.
l. Controle de insetos.
m. Educação e assistência social.
2.4.1.1 O plano hidroelétrico.
Foram elaborados vários planos de regularização de vazão do rio Paraíba do
Sul com a finalidade de produzir energia elétrica, tanto por particulares como por entidades
governamentais.
O primeiro plano do DAEE de regularização das vazões objetivando o
aproveitamento hidroelétrico é aquele relativo à concessão de 1.954, constituído de seis
reservatórios com capacidade de 4 bilhões de m3 e a derivação das águas do Alto Paraíba
do Sul para a vertente oceânica. Previa esse plano uma potência instalada global de 740
MW. Posteriormente, foram elaborados outros planos, nos quais sempre se procurou dar
melhor utilização aos recursos hídricos disponíveis.
30
Com a revogação da concessão em 1.966, foi eliminado do plano o desvio
das águas para a vertente marítima e consequentemente cancelada a construção da usina de
Caraguatatuba.
Em 1.971, foi assinado um Convênio entre o Governo Federal, Light –
Serviços de Eletricidade S/A, Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, para a construção dos
reservatórios do Alto Paraíba do Sul, com responsabilidade financeira maior da Light
(41%), iguais para a União e o estado de São Paulo (24,5%) cada e menor para o estado do
Rio de Janeiro (10%).
Foram construídas as barragens: Paraibuna, Paraitinga, Santa Branca,
Jaguari e Funil, anexo 6.
Esses planos (DAEE, 1.973 e GESP, 1.975) sempre consideraram os fatores
inerentes aos diversos usos e controles das águas, a saber: defesa contra inundações,
abastecimento de água, navegação, produção de energia elétrica, irrigação, controle de
poluição, drenagem, pesca e uso recreativo.
As principais características do plano foram a sua flexibilidade e o elevado
grau de regularização, que atinge quase 100% nas cabeceiras do rio.
Nos reservatórios seriam deixadas bordas livres, cuja capacidade de
armazenamento resultante constituiria reserva suplementar para o controle de enchentes.
2.4.1.2 Plano hidro-agrícola.
Este foi um estudo mais geral, levou em consideração o Plano de
Regularização existente na época, o plano de endicamento do rio Paraíba do Sul e de corte
de meandros, estes dois últimos elaborados pelo Departamento de Obras de Saneamento e
fez todo o estudo de aproveitamento das terras de várzeas e de colinas para fins agrícolas.
O estudo se aprofundava em considerações de ordem econômica, hidráulica e agronômica.
As áreas de várzeas do rio Paraíba do Sul tem 50.000 ha e as várzeas dos
seus afluentes somam 15.000 ha. Para proteção das várzeas do Paraíba do Sul contra as
inundações periódicas que as assolavam foi prevista a construção de diques marginais que
delimitam quarenta e uma áreas protegidas denominadas polders, com superfície total de
35.000 ha. O comprimento total dos diques seria de cerca de 300 km.
Antes da construção dos diques foi prevista a retificação do rio Paraíba do
Sul por meio do corte de meandros. Com estes cortes entre as cidades de Jacareí e
Cachoeira Paulista, a declividade média passaria de 19 para 28 cm/km, anexo 13.
Internamente, nas áreas protegidas, era prevista a construção das obras
hidroagrícolas, isto é, as de irrigação e drenagem.
31
2.4.1.3 Os estudos sanitários.
Em relação ao problema sanitário, vários estudos foram realizados, alguns
específicos e outros mais abrangentes, tendo recebido inicialmente colaboração do antigo
Departamento de Obras Sanitárias, DOS.
Oportuno mencionar aqui os estudos, o projeto e a construção da Lagoa de
Oxidação de São José dos Campos, executados com sucesso em colaboração com o
Serviço Especial de Saúde Pública.
Posteriormente, as atribuições foram transferidas ao FESP e mais
recentemente à CETESB com as quais o DAEE vem mantendo estreita colaboração no
sentido de dar solução ao problema sanitário do rio Paraíba do Sul que é um dos maiores
desafios aos técnicos nele engajados.
2.4.1.4 Outros estudos.
Foram realizados inúmeros estudos, sejam no campo da economia, da
sociologia, da agricultura, da hidrologia, etc., sempre com o objetivo de considerar
sistematicamente o conjunto água, solo e o homem.
Relativamente difícil é dividir esquematicamente as terras do Vale do
Paraíba em três tipos: a várzea, o terciário e o arqueano. Não é uma terminologia
geologicamente correta, porém, para os nossos propósitos é a mais conveniente.
As várzeas, localizam-se junto às margens do rio, são terras planas, ricas e
apropriadas à agricultura. São por outro lado, inadequadas para uso urbano, por
apresentarem elevada umidade e fraca resistência mecânica. Só se justificaria a utilização
desses terrenos para cidades ou indústrias se não houver outras áreas para essa finalidade.
As terras do terciário tipicamente de colina, são adequadas para pastagens,
fruticultura, reflorestamento, cidades e indústrias, dependendo da natureza do solo e de sua
declividade (GESP, 1.977).
O arqueano, em geral de grande declividade, deve destinar-se
principalmente ao reflorestamento (GESP, 1.975).
Essa divisão de uso seria a mais adequada e natural, entretanto a acelerada
industrialização e conseqüente crescimento urbano, está provocando a invasão das várzeas
para uso urbano e industrial, cuja explicação salvo raras exceções, é decorrente de
especulação imobiliária.
Assim, é uma questão de disciplinamento do uso do solo, a preservação do
uso das várzeas para a agricultura, anexos 14, 15 e 16.
32
Por outro lado, deve-se notar que a população do macro-eixo Rio-São Paulo,
está mais exigente de produtos hortícolas. Para produzir esses alimentos, reservar as
várzeas do Paraíba do Sul, parece ser medida das mais sensatas.
Devemos, também, evitar o uso predatório das várzeas acarretado pela
extração desordenada da areia e do barro que poderá inutilizá-las irreversivelmente.
2.4.2 A questão da navegação do rio Paraíba do Sul.
A navegação no rio Paraíba do Sul, embora tenha sempre constituído
problema vivamente sentido (Guidotti, 1.998), não tinha sido objeto de estudo sob o ponto
de vista das possíveis soluções técnicas, desde que se excetuem algumas sondagens
preliminares sobre a parte final do rio, na zona de São João da Barra que, todavia, não
chegaram a conclusões concretas.
Novo estudo individualizou as linhas essenciais técnico-econômicas de
intervenção; as relativas conclusões poderão servir de base para a solução definitiva do
problema.
Considerando o volume de tráfego previsto para 1.980 e o tipo de carga a
ser transportada (na maior parte minérios), julgou-se oportuno prever, na época, em caráter
hipotético, a composição de uma frota fluvial constituída essencialmente de comboios de
6.000 t (excluindo o empurrador). As características de tais comboios seriam, tabela 7:
Tabela 7 - Características dos comboios.
DESCRIÇÃO CARACTERÍSTICA
Número de chatas por comboio 4 (aclopadas)
Meio propulsor Empurrador
Comprimento das chatas 60 m
Largura das chatas 12 m
Tonelagem das chatas 1.500 t
Comprimento do empurrador 60 m
Comprimento total do comboio 180 m
Calado com carga total do comboio 2,50m Fonte: IBRA/ITALCONSULT.
Para as obras básicas que possibilitariam a navegabilidade do rio Paraíba do
Sul o rio foi subdividido em nove trechos dos quais destacamos o trecho I, de São José dos
Campos até Cruzeiro.
O desnível total a ser vencido pela navegação entre estas localidades seria
de 48 m. Neste primeiro trecho, com 155 km de extensão, a navegação fluvial utilizaria o
leito do rio Paraíba do Sul retificado conforme planos do Departamento Nacional de Obras
de Saneamento, cuja declividade média ficaria em torno de 37 cm/km, anexo 13.
33
Em virtude da exiguidade das descargas no período de estiagem, constatou-
se que aquela declividade média devia ser reduzida para se obter o tirante de 3,50 m
necessário ao tráfego normal de embarcações e comboios, como ficou acima especificado.
Assim, no estudo, previu-se a adoção das seguintes providências que, em
virtude do caráter preliminar desta fase, possuíam apenas valor indicativo: construção de
seis barragens móveis de pequena altura de retenção, munidas de eclusas submergíveis
durante as enchentes; dragagem e/ou derrocamento do leito do rio para a formação do
canal navegável com dimensões adequadas, particularmente nos trechos situados fora do
remanso provocado pelas barragens móveis; construção de dique longitudinal (em rip rap),
paralelo à caixa do rio, destinado à formação do canal navegável nos trechos em que a
profundidade do leito natural dispensa a dragagem ou o derrocamento.
Previa-se, também, a construção de nova ponte ferroviária e de quatro
pontes rodoviárias admitindo que outras tantas obras existentes devam ser demolidas para
permitir o tráfego normal das embarcações, mesmo durante as cheias.
A tabela 8, apresenta o plano completo.
Tabela 8 - Elementos característicos do plano de navegabilidade do rio Paraíba do
Sul.
TRECHO
N.º SUBDIVISÃO EM TRECHOS
COTAS N. A.
(m.s.n.m.) DESNÍVEL
(m)
COMPRIMENTO
(km) Inicial Final
1 De S. J. Campos até Cruzeiro 554,0 496,0 58,0 155
2 De Cruzeiro até o reservatório
do Funil
496,0 466,5 29,5 52
3 De reservatório do Funil até
Itatiaia
466,5 390,5 76,0 7
4a De Itatiaia até Volta Redonda 390,5 364,0 26,5 67
4b De Volta Redonda até Santa
Cecília
364,0 353,0 11,0 41
5 De Santa Cecília até a barragem
de Anta
353,0 264,5 88,5 111
6 De Anta até a barragem de
Sapucaia
264,5 177,5 87,0 14
7 Desde o reservatório de
Simplício até o de Itaocara
177,5 82,0 95,5 83
8 Desde a barragem de Itaocara
até São Fidelis
82,0 19,0 63,0 40
9 Desde São Fidelis até o Oceano
Atlântico
19,0 0,0 19,0 86
Total 554,0 656 Fonte: IBRA, 1967.
34
No aspecto de consumo energético, para transportar 1 t de carga ao longo de
1.000 km, a hidrovia gasta 3,6 l de combustível; a ferrovia, 9 l e a rodovia 18 l. Um
comboio de 6.000 t alivia da estrada, a viagem de 220 carretas (Riva, 1.998).
2.4.3 Análise do CODIVAP.
Em 1.971 o CODIVAP – Consórcio de Desenvolvimento do Vale do
Paraíba, fez uma compartimentação geo-ecológica resultando a tabela 9.
Tabela 9 - Tentativa de compartimentação geo-ecológica.
REGIÃO GEOSISTEMA FACIES
Mantiqueira
Atlântico 1. Planalto de Campos do Jordão
Serra 2b Face SW
2 a Face SE
Cristas 3. Cristas paralelas
Fossa do Paraíba Vale Médio do Paraíba 1. Várzea
2. Colinas marginais
Planalto Atlântico
da Bocaina 2b Vertente Norte
2a Planalto da Bocaina
do Paraitinga
1b Serra do Quebra-Cangalha
1a Vales do Paraibuna, Paraitinga, e
Paraíba Superior
1c Borda do Planalto
Paulistano 3. Planalto Paulistano
Sua análise ecológica referia-se, então, ao estudo de três campos
fundamentais, o do potencial ecológico, o da exploração biológica e o da ação antrópica
(CODIVAP, 1.971).
Fossa do Paraíba.
É o compartimento básico na área em foco: apresenta o maior índice de
urbanização e abriga os núcleos normativos da rede urbana regional. Abriga praticamente
toda atividade industrial da área e constitui-se no eixo de circulação das duas maiores
metrópoles brasileiras: Rio de Janeiro e São Paulo. Apresenta a maior concentração da
exploração agrícola, incluindo a expressão paisagística mais definida comercialmente: o
arroz da bacia de Taubaté. A várzea de Taubaté corresponde a 9,2% das várzeas do estado
de São Paulo.
Das várzeas do rio Paraíba do Sul foram colhidas na safra de verão de
1.999, cerca de um milhão de sacas de arroz (50 kg). Esta safra colhida pelos produtores
foi a primeira com sinal de revitalização no setor por causa do aumento da área plantada,
35
de 10 mil ha para 11,3 mil ha neste ano, o primeiro crescimento registrado nos últimos
cinco anos na região. A estimativa da produção é feita com base na produtividade média de
arroz irrigado do estado de São Paulo calculada pela Secretaria Estadual da Agricultura,
cuja estimativa era de 84 sacas (50 kg) por ha de arroz irrigado.
O aumento na área plantada de arroz irrigado na região ocorreu por causa da
alta no preço do arroz entre 1.997 e 1.998 causado pela diminuição da produção em países
do oriente, os maiores produtores mundiais. De olho na melhor cotação no mercado
internacional do produto nos últimos anos, chegando a US$ 19 a saca no ano passado, os
produtores do Vale do Paraíba inverteram o ciclo de declínio na área plantada, que chegou
a ser de 25.000 ha no passado. Em Guaratinguetá e Pindamonhangaba, dois dos maiores
produtores na região, a saca de 60 kg está cotada a R$ 17 (preço médio recebido pelos
produtores em abril de 1.999) (Oliveira, 1.999).
Ecologicamente, a distinção fundamental feita na “fossa”, referiu-se a:
Área das colinas marginais.
O vale propriamente dito: terraços e a várzea.
Na bacia do Paraíba do Sul, a maior concentração de várzea é ao longo do
canal principal do rio (Ivancko, 1.985). Deve-se reconhecer, contudo, que esta “faixa”,
relativamente estreita e longa, deve, sem dúvida alguma, ser decomposta em vários setores,
cujos critérios são de natureza geo e sócio-econômica, anexos 19 até 25.
Sistemas da fossa do Paraíba.
Vale propriamente dito.
Constituído por alguns níveis de terraços e pela várzea com toda sua riqueza de feições
morfológicas típicas: meandros vivos e mortos, diques marginais, etc.. O aproveitamento
urbano e agrícola (irrigação) exige estudos de detalhe capazes de revelar os aspectos
fundamentais para um planejamento mais racional do espaço urbano e do uso do solo.
As colinas marginais.
A divisão não segue limite geológico, uma vez que as colinas – em diferentes níveis –
escalonam-se nos terrenos sedimentares da Bacia de Taubaté e passam aos terrenos de
embasamento pré-cambriano do pé da Serra da Mantiqueira. Muitas vezes destinadas à
atividade pecuária que se implantou após a fase do café, que havia deixado os solos
esgotados e submetidos `a erosão acelerada, este sistema apresenta forte movimentação.
Na região (fossa do Paraíba), as chuvas são diminuídas entre os dois
sistemas orográficos – Mar e Mantiqueira, anexos 11 e 12. Contudo a intensidade das
chuvas tem muita importância a considerar os gradientes das colinas, já sulcadas por
erosão, ajudada ainda pelo pisoteio do gado e sem cobertura da floresta que originalmente
as recobria. Nos terraços e várzeas há que se considerar a existência de manchas locais de
campos e serrados (São José dos Campos). Em meio a uma região úmida de floresta do
Brasil de Sudeste, os pequenos enclaves de padrões vegetais próprios de outras áreas, tem
íntimas ligações com flutuações climáticas postopliocênicas. São fatos importantes no uso
da terra, que só podem ser equacionados em estudos de detalhe. A individualidade
36
climática da “fossa” é também flagrante: dentro do Vale define-se o “período seco”, não
observado na Serra do Mar e Mantiqueira. A própria natureza do Vale – encaixado entre
dois planaltos – anexo 18, confere importância ao estudo da nebulosidade, térmica vertical,
etc., sem estes estudos de detalhe, nada se poderá saber sobre as condições de
predisposição à poluição que uma industrialização elevada poderia condicionar.
A região atravessada pelo rio Paraíba do Sul está localizada dentro da
província geomorfológica conhecida como Planalto Atlântico Brasileiro. Esta é uma região
de terras altas, constituída principalmente por rochas cristalinas Pré-Cambrianas e Cambro-
Ordovinianas, cobertas por bacias sedimentares. Nesta o vale do rio constitui-se em uma
longa depressão cuja origem está relacionada a movimentos tectonicamente depressivos,
que sofrem processos de sedimentação dentrítico-lacustre em camadas dispostas
horizontalmente (Formação Taubaté e Aluviões Quaternários), anexos 5 e 19.
Zona do Planalto de Paraitinga.
Caracteriza-se pela estrutura cristalina complexa, com predominância de um
relevo conhecido como “Mar de Morro”, ou seja, um relevo que se assemelha a um
conjunto de colinas maturamente dissecadas em forma de meias laranjas. Destaca-se
também a presença de longas serras longitudinais, geralmente na direção N/NE (Alvarez
V., 1.996).
As altitudes que chegam a 1.300 m decrescem para a direção W/SW. Em
vários pontos as amplitudes locais variam entre 200 a 300 m e os rios apresentam então
corredeiras e cachoeiras, com planícies aluvionares pouco desenvolvidas exceção feita ao
rio Paraibuna, entre Paraibuna e Bairro Alto, e alguns de seus afluentes.
Dentro do Planalto de Paraibuna destacam-se algumas regiões tais como a
Morraria de Paraitinga, expressivamente destacado pela predominância de seu relevo de
morros paralelos, com pouca influência estrutural remanescente, pois representa uma fase
geomorfologicamente mais evoluída, anexo 18 (Alvarez V., 1.996).
A região que separa as morrarias do Paraitinga e do Paraibuna constitui-se
num conjunto de serras alongadas que funcionam como divisor de águas. O Planalto de
Paraitinga é constituído de morros de serras restritas, orientado pelas estruturas
migmatíticas.
Zona do Médio Vale do Paraíba.
A Zona do Médio Vale do Paraíba é uma depressão alongada, com relevo de
colinas, baixos morros e planícies da várzea com cerca de 200 km de extensão.
O rio Paraíba do Sul atravessa a bacia com um curso extremamente sinuoso,
desenvolvido em ampla e contínua várzea, cuja largura que varia de 2,5 a 6,0 km excede de
muito a faixa de meandros, anexo 18.
37
A Bacia do Paraíba do Sul é constituída, também de areias, argilas e
cascalhos que ocorrem no topo, e, folhelhos papiráceos e pirobetuminosos com areias
intercaladas, na parte basal. Estes folhelhos estão presentes principalmente na área de
Taubaté a Pindamonhangaba, anexo 18 (Ribeiro, 1.964). O solo da Bacia de Taubaté tem
sido estudado pelo Instituto Agronômico da Secretaria da Agricultura desde 1.936
(Hackett, 1.962).
A espessura dos sedimentos cenozóicos, nessa bacia, é grande e variável em
função do embasamento cristalino. Numa perfuração para captação de água subterrânea
realizada a pedido da Prefeitura Municipal de Taubaté chegou-se até 500 m sem atingir o
embasamento (Mezzalira e Torres, 1.977 e Frangipani e Pannuti, 1.965).
Segundo Freitas (1.957):
“os sedimentos quaternários estariam em níveis mais elevados que os das várzeas e
estariam separados dos sedimentos terciários por uma camada de seixos; cita também a
existência de superfície de erosão e depósitos aluvionais. Descreve, também, três estágios
fisiográficos para o Quaternário. O mais novo é a larga planície varzeana, sendo que
terraços de 10 a 15 m constituem o estágio intermediário e numa altitude de 20 a 25 m,
temos o mais velho nível de terraços”.
Provavelmente o fato do rio Paraíba do Sul apresentar inúmeros meandros
formados em sedimentos inconsolidados é a causa pela qual a várzea apresenta-se com o
desenvolvimento observado. Tudo isto surge em conseqüência do baixo gradiente
apresentado pelo rio: 0,186 m/km, anexo 13 (Rachocki, 1.981).
Levantamentos mostraram que normalmente os sedimentos das várzeas
apresentam cor cinzenta e quanto à granulometria existe toda gama, desde as argilas mais
finas até os cascalhos.
Por outro lado o levantamento de solos feito pelo Instituto Agronômico de
Campinas indicou o aparecimento de sedimentos de textura rudácea por baixo da argila, o
que é fato comum nos aluviões. Indicou ainda que o Paraíba do Sul corre ladeado por
estreitos de sedimentos argilosos deixando grandes e extensas áreas, até as primeiras
barrancas do Terciário, de solos orgânicos formados por acúmulo em condições
anaeróbicas de restos vegetais. Tais solos formam bacias locais, fechadas, que recebem
pouca contribuição de matéria mineral carreada nas enchentes.
Próximo à estação do Limoeiro, nas margens do Paraíba do Sul, fez-se a
extração de cascalho e areia. Trata-se de material mal selecionado e que apresenta também
mau arredondamento. Como esta área está relativamente próxima do início do curso do rio
dentro da área sedimentar é provável que seja esse o primeiro material que as águas
depositam. A medida que escoa vai depositando material mais fino.
Na estrada de Santa Branca, no km 98, próximo a Jacareí encontrou-se um
depósito de seixos (Frangipani e Pannuti, 1.965).
38
No município de Caçapava, próximo à estrada da pedreira da General
Motors identificou-se solo podzolizado com cascalhos (MA, 1960 e Moniz, 1.972).
As argilas da bacia terciária do rio Paraíba do Sul, em certo trecho nos
estados de São Paulo e Rio de Janeiro foram depositadas num lago que em certa época
represou as águas entre as encostas das Serras da Mantiqueira e do Mar. Isso permitiu a
sedimentação ali dos detritos finos resultantes da classificação dos produtos da alteração
das rochas circunvizinhas, constituídas principalmente por granitos, gnaisses, sienitos,
filitos e quartzitos. Parte do material depositado foi constituído de matéria orgânica na
forma de colônias de algas que proliferaram nas águas tranqüilas daquela represa natural e
se juntaram periodicamente às lamas do fundo, dando origem às camadas pirobetuminosas.
Entre os horizontes argilosos com elevada proporção de querogênio,
encontram-se argilas de fraca porcentagem de matéria orgânica e até mesmo camadas de
argila pura que se apresentam de colorações creme, verde, cinza ou rósea.
Tem-se verificado que esse produto é constituído por material argiloso
isento de areia grossa, com apreciável tendência higrófila, contendo certa proporção de
potássio e revelando propriedades inerentes às argilas montemoriloníticas. Tem sido
mencionadas como taguás, segundo a nomenclatura paulista e já vêm sendo usadas há
muito para uso em cerâmica. Alguns horizontes têm argilas com elevada capacidade de
troca de bases e por isso vem sendo usadas como terra fuller para clarificação de óleos
vegetais.
Os taguás do Vale do Paraíba mostram um teor de material insolúvel em
ácido sulfúrico (areia fina e feldspato fino) da ordem de 20% (variando de 12% a 30%), de
1% a 2% de álcalis, predominando o potássio e uma relação molecular de sílica para
alumina entre 2 e 3 (Abreu, 1.960).
A água subterrânea, na área de estudo, no Vale do Paraíba, é, de modo geral,
de boa qualidade, podendo ser utilizada para o abastecimento público, irrigação e na
grande maioria das indústrias sem necessidade de tratamento. Devido aos métodos de
construção dos poços e às características dos sedimentos, durante os primeiros tempos de
bombeamento normalmente a água apresenta turbidez apreciável e carreia certa quantidade
de areia, que se reduzem a medida que o desenvolvimento do poço vai se completando.
Nos casos em que o isolamento superficial não foi efetuado adequadamente é possível
haver contaminação do poço por fontes externas de poluição (Frangipani e Pannuti, 1.965).
Distingue-se três regiões de colinas terciárias nesta região:
Da extremidade sudoeste da Bacia de Jacareí, com colinas mais elevadas semelhantes
as elevações do cristalino.
De São José dos Campos a Pindamonhangaba, com colinas mais extensas, cujos altos
correspondem a um platô que definiria o nível superior da sedimentação da bacia.
Pindamonhangaba até Cruzeiro com colinas suavizadas dando aspecto de tabuleiro.
Os sedimentos “Terciários” localizam-se entre os sedimentos de várzea e as
rochas do Complexo Cristalino. Na região à direita do rio Paraíba do Sul estendem-se de
39
maneira contínua desde Jacareí até Taubaté, formando uma faixa sedimentar de 10 km de
largura em média. Já na região à esquerda não se observa tal continuidade, uma vez que até
a altura de São José dos Campos a várzea está encostada diretamente no Cristalino, salvo
em pequenos trechos, e somente dali para diante é que os sedimentos “Terciários”
começam a aflorar de maneira contínua, tendo o máximo em área aflorante nas
proximidades de Caçapava (Fragipani e Pannuti, 1.965).
2.5 Caracterização dos recursos hídricos superficiais.
2.5.1 Utilização dos recursos hídricos.
A utilização de recursos hídricos estaduais requer um profissional
devidamente registrado no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia -
CREA e autorizações emitidas pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE. A
autorização para esse fim decorre da Constituição Federal e da Estadual. A primeira
determina que as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósitos
são bens do Estado. A Carta Estadual dispõe sobre medidas para a utilização racional
desses recursos.
O decreto 41.258, de outubro de 1.996, regulamentou, em São Paulo, o uso
dos recursos hídricos, as infrações e as penalidades. Em razão disso, o DAEE, através da
Portaria n.º 717, de dezembro de 1.996, aprovou as normas e estabeleceu procedimentos a
serem observados para que qualquer usuário possa solicitar a outorga de uso dos recursos.
Já a Decisão Normativa n.º 059, do CONFEA, determina que os profissionais legalmente
habilitados para atuarem como responsáveis técnicos pelo planejamento, pesquisa, locação,
perfuração, limpeza e manutenção de poços tubulares para captação de água subterrânea,
deverão estar devidamente registrados no CREA. Profissionais com atribuições constantes
no Decreto n.º 23.569/33, deverão submeter seu currículo escolar à análise da Câmara
Especializada de Geologia e Minas.
2.5.2 Vazão.
Os dados de vazão do rio Paraíba do Sul são obtidos através da operação de
uma rede de postos fluviométricos, onde se efetuam leituras em escalas linimétricas
convertidas posteriormente em séries de vazões, anexos 10, 11 e 12.
As séries históricas anteriores a 1.952 foram registradas pelos postos,
podendo ser utilizadas para determinar vazões estatísticas mínimas, por abrangerem um
período em que as vazões neste trecho paulista ainda não apresentavam alterações pela
operação do reservatório de Santa Branca (Bandini, 1.954).
As vazões são encontradas nos Boletins Fluviométricos, de vários postos,
publicados pelo DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica e o DNAE –
Departamento Nacional de Águas e Energia compreendendo diversos períodos históricos,
não simultâneos, que em caráter preliminar e a nível de planejamento, tornam-se
importantes indicadores das coleções hídricas da região.
40
Verifica-se que várias são as fontes afluentes, destacando-se pela
contribuição de vazão o rio Jaguarí, seguido pelos rios Piquete, Bocaina e Buquira.
2.6 Descrição da área do trabalho.
A bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, mede 62.500 km2, dos quais
possui uma área de drenagem no estado de São Paulo de 14.396 km2, 21.200 km
2
constituem parte do sudeste mineiro e o restante 27.070 km2, pertence ao estado do Rio de
Janeiro.
Praticamente toda a bacia integra o Sudeste do Planalto Cristalino Atlântico,
mostrando em seu relevo, uma sucessão de cuestas e vales paralelos à linha da costa. No
trecho paulista, o compartimento topográfico mais importante é o da Bacia Sedimentar
Terciária, aninhada entre as escarpas da Serra da Mantiqueira, ao Norte, e das Serras do
Quebra Cangalha e do Jambeiro, ao Sul; anexo 8.
O curso do rio Paraíba do Sul apresenta quatro trechos bem distintos e
característicos (Leão, 1.956 e Simões, 1.977), anexo 13:
Das nascentes até a cidade de Jacareí – percorre terreno arqueano, o regime é torrencial
e as declividades são elevadas, 4,9 m/km.
De Jacareí até Cachoeira Paulista – trecho das várzeas paulistas ou da bacia sedimentar,
apresenta uma declividade muito suave, os níveis das várzeas e dos baixos terraços de
551 a 552 m e 559 a 562 m, respectivamente, em Jacareí descem num percurso de
quase 200 km para 512 a 517 m e 518 a 525 m em Cachoeira Paulista. O curso é
bastante sinuoso apresentando sucessão de numerosos meandros. As várzeas paulistas,
que se estendem por uma superfície de 50.000 ha, são constituídas por terrenos
sedimentares.
De Cachoeira Paulista até São Fidelis – trecho encachoeirado, onde as declividades são
outra vez elevadas.
De São Fidelis até a foz – trecho de planície, com baixas declividades. Os terrenos
percorridos são aluvionares.
A figura 5 posiciona a região no estado de São Paulo.
41
Figura 5 - Mapa do estado de São Paulo e o rio Paraíba do Sul.
A seção transversal, sem escala, é a que se vê na figura 6.
Figura 6 - Seção transversal tipo do Vale do Paraíba.
Oceano
Atlântico
Serra do Mar
Rio Paraíba
do Sul
Serra da
Mantiqueira
42
Por razões financeiras limitamos o estudo ao trecho do rio Paraíba do Sul
compreendido entre Jacareí e Caçapava, figura 7.
Fonte: Infoguia.
Figura 7 - Trecho Jacareí - Caçapava do rio Paraíba do Sul.
2.6.1 Caracterização física da região.
Em decorrência da posição geográfica do estado de São Paulo (atravessado
pelo trópico de Capricórnio) e da ação das massas de ar (sobretudo a polar atlântica e a
tropical atlântica, predominam os climas de tipo tropical, figura 8.
No estado de São Paulo as florestas (latifoliada tropical ou mata da bacia do
Paraná no planalto ocidental, e latifoliada tropical úmida da encosta ou Mata Atlântica, no
planalto cristalino) recobriam originalmente cerca de 80% da sua superfície (nas regiões
mais elevadas, como na Mantiqueira e na Bocaina, com ocorrência da araucária ou
pinheiro-do-paraná). Devastadas com o avanço da ocupação agrícola, restam menos de 5%
da área original, basicamente na encostas da serra do Mar. O cerrado, que correspondia a
pouco mais de 15% da cobertura vegetal primitiva, ocorria em manchas dispersas, nas
áreas de solos mais pobres da depressão periférica e do planalto ocidental. Os campos
(1,5% da superfície estadual) aparecem na porção sul da depressão periférica como
extensão dos campos gerais paranaenses, e nas áreas mais elevadas do planalto, como na
Mantiqueira, onde ocorrem associados a capões de araucárias, anexo 15 (Wettstein, 1.970 e
Eiten, 1.983).
43
Figura 8 - Brasil, vegetação e o Parque da Serra da Bocaina (24).
2.7 Clima.
Devido a configuração geomorfológica do Vale do Paraíba, isolado por duas
grandes cadeias de montanhas, a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira, aliada ainda a
influencia da proximidade do litoral, esta área possui uma feição climática especial.
A área do Vale do Paraíba, da Mantiqueira, Litoral e Planalto Atlântico
Norte, incluem-se nos climas controlados pelas massas de ar tropical e polar e no sub-
grupo do clima tropical úmido das costas orientais e subtropicais dominados largamente
pela massa tropical.
O regime de ventos do Vale do Paraíba mostra uma predominância de
calmarias e, secundariamente, ventos de NE. Eventualmente registram-se ventos de SE ou
SW. Ocasionalmente quedas dos totais pluviométricos, diminuição dos dias de chuvas e
abaixamento da temperatura, com eventuais formações de geadas (Coltrinari, 1.975).
Pode-se ressaltar as características da dinâmica climática regional:
44
A posição da região como limite zonal entre dois grandes domínios climáticos: o
controlado por massas equatorianas e aquele por massas polares, em sistemas
alternados, o que apresenta grande participação da atividade frontal da gênese regional
das chuvas.
As barreiras representadas pelo relevo acidentado do Alto Vale e ainda pela Serra da
Mantiqueira, além de atenuarem o avanço das correntes perturbadoras, submetem a
faixa deprimida do Médio Vale a uma condição de abrigo, favorecendo elevada
freqüência de calmarias, o que poderá ocasionar sérios problemas de poluição
atmosférica, em casos de indústrias mal localizadas ou sem correto controle de
emissão.
A faixa que corresponde ao fundo do vale apresenta menor umidade e
temperatura mais elevadas entre as Serras do Mar e Mantiqueira. Os valores
pluviométricos anuais chegam até 3.000 mm nas serras e decrescem em direção ao vale
para 1.100 e 1.400 mm, chegando mesmo, em certos trechos a índices inferiores a 1.100
mm, pois quando a massa atlântica chega ao vale ela já aliviou boa parte de sua umidade
através da precipitação na subida da Serra do Mar pelo lado litorâneo, anexos 11 e 12.
Como as temperaturas são mais elevadas no vale, e decrescem no sentido
das cotas mais altas, também a evaporação se comporta da mesma forma e as acompanha
no mesmo sentido. Assim, os balanços hídricos anuais podem apresentar pequenos déficits
de umidade nos meses de inverno, onde as precipitações são geralmente menores que a
evaporação. Para as regiões semi-montanhosas há um excedente hídrico, sem déficit de
inverno ou anual.
O clima reinante na área é o Tropical Sub-Quente Úmido com três meses
secos. Possui pelo menos um mês com temperaturas médias inferiores a 18ºC, sendo junho
e julho o período mais frio. Na Região da Serra da Mantiqueira, no Alto do Planalto que
corresponde a uma pequena faixa do território paulista (Campos do Jordão) destaca-se por
um clima muito salubre.
Toda a rede hidrográfica do rio Paraíba do Sul está sob influência das
chuvas de verão, sendo os meses de dezembro, janeiro e fevereiro os mais chuvosos.
2.8 Vegetação.
2.8.1 Várzea.
Ao longo da várzea do rio Paraíba do Sul, encontram-se pequenas manchas
de vegetação remanescente, a maioria delas sendo de vegetação secundária, ou seja, aquela
que ressurge após a retirada da vegetação original (Wettstein, 1.970). A antiga mata galeria
ou ciliar que se formou ao longo do rio, é constituída agora por árvores de pequeno porte,
arbustos e vegetação típicas de terrenos alagadiços. Estas poucas manchas estão
localizadas entre os municípios de São José dos Campos e Taubaté e entre Aparecida e
Guaratinguetá, anexos 15, 16 e 17.
45
Existem também em terrenos limítrofes a área de várzea, grandes áreas
destinadas ao reflorestamento, especialmente de eucaliptos e pinus, localizados entre
Pindamonhangaba e Roseira e também próximo a Tremembé (GESP, 1.975).
46
CAPÍTULO II
3 GEOMORFOLOGIA.
3.1 Introdução.
Geomorfologia é a ciência que estuda as formas do relevo terrestre
(Christofoletti, 1.974).
Encostas, topos ou cristas e fundos de vales, canais, corpos de água
subterrânea, sistemas de drenagem urbanos e áreas irrigadas, entre outras unidades
espaciais, são interligadas como componentes de bacias de drenagem. A bacia de
drenagem é uma área da superfície terrestre que drena água, sedimentos e materiais
dissolvidos para uma saída comum, num determinado ponto de um canal fluvial. O limite
de uma bacia de drenagem é conhecido como divisor de drenagem ou divisor de águas.
Uma determinada paisagem pode conter um certo número de bacias drenando para um
reservatório terminal comum como os oceanos ou mesmo um lago. A bacia de drenagem
pode desenvolver-se em diferentes tamanhos, que variam desde a bacia do rio Amazonas
até bacias com poucos metros quadrados que drenam para a cabeça de um pequeno canal
erosivo ou, simplesmente, para o eixo de um fundo de vale não-canalizado. Bacias de
diferentes tamanhos articulam-se a partir dos divisores de drenagem principais e drenam
em direção a um canal, tronco ou coletor principal, constituindo um sistema de drenagem
hierarquicamente organizado (Guerra e Cunha, 1.998).
Pelo pensamento sistêmico, a bacia de drenagem, enquanto uma unidade
hidrogeomorfológica, constitui um exemplo típico de sistema aberto na medida em que
recebe impulsos energéticos de forças climáticas atuantes sobre sua área e das forças
tectônicas subjacentes, e perde energia por meio da água, dos sedimentos e dos solúveis
exportados pela bacia no seu ponto de saída. A organização interna do sistema bacia de
drenagem, isto é, os elementos de forma e os processos característicos, influencia as
relações de entrada e saída. Assim, mudanças externas no suprimento de energia e massa
conduzem a um auto-ajuste das formas e dos processos, de modo a ajustar essas mudanças.
O princípio de auto-ajuste no desenvolvimento do relevo é apontado “como um membro
do sistema pode influenciar todos os demais, então, cada membro é influenciado por todos
os outros. Há uma interdependência por meio do sistema” (Chorley, 1.962).
47
O trabalho erosivo nas faces de exfiltração (pontos de interseção do lençol
d’água com a superfície; túneis ou dutos associados à ação biogênica nos solos; bordas e
canais ou cortes de estrada) pode conduzir à formação de canais e vales e, posteriormente,
à expansão de redes de drenagem canalizadas. Trabalhos realizados no Vale do Paraíba
confirmam a importância dos mecanismos erosivos pela ação dos fluxos d’água
subsuperficiais e apontam esta região como exemplo típico da paisagem geomorfológica
prevista no modelo dunneano de evolução de relevo por mecânica de erosão subsuperficial
(Dunne, 1.990).
As descontinuidades lito-estruturais do substrato geológico na região
estudada atuam no controle das propriedades hidráulicas e mecânica das rochas,
destacando o fraturamento como zonas de alívio de pressão piezométrica. A exfiltração da
água por meio de fraturas pode detonar a erosão de vazamento, originando túneis que
avançam e que com o colapso do teto pode ocorrer a formação do canal erosivo. A
evolução desses canais associa-se à instabilização das encostas laterais e da cabeceira pela
ação gravitacional (movimentos de massa), especialmente sob condições de fortes declives,
propiciando a formação e o desenvolvimento do vale. No avanço remontante do canal pode
ocorrer a interseção com outras fraturas ou com bandas litológicas menos resistentes,
induzindo neste ponto a formação de canais e respectivos vales tributários e, assim,
promovendo o avanço da rede de drenagem.
Outras descontinuidades hidráulicas, associadas aos contatos da
sedimentação quaternária com o saprólio ou à ação da fauna escavadora, particularmente
produzida pelas formigas saúvas, são também muito importantes na detonação do
mecanismo de erosão por vazamento dos fluxos d’água subsuperficiais ou por lavagem em
túneis. Tais mecanismos são vistos como dominantes na iniciação e no avanço subsequente
de canais incisos, os quais são também chamados de voçorocas. Não se exclui a
importância do trabalho dos fluxos d’água superficiais do tipo hortoniano no
desenvolvimento da rede de drenagem desta região do Vale do Paraíba, em qualquer dos
seus paleo-ambientes naturais ou no ambiente atual bem antropogeneizado. Ao contrário,
mesmo nos ambientes vegetados e, portanto, desfavoráveis à produção do fluxo
hortoniano, estes fluxos atuaram e atuam de maneira muito efetiva na lavagem das
cicatrizes erosivas originadas pela ação das águas subsuperficiais e ação gravitacional e,
também, na remoção dos respectivos materiais detríticos (Guerra e Cunha, 1.998).
3.2 Geomorfologia fluvial.
A geomorfologia fluvial engloba o estudo dos:
Cursos de água – detendo-se nos processos fluviais e nas formas resultantes do
escoamento das águas.
Bacias hidrográficas – considerando as principais características dessas bacias que
condicionam o regime hidrológico ligando-se aos aspectos geológicos, às formas de
relevo e aos processos geomorfológicos, às características hidrológicas e climáticas, à
biota e à ocupação do solo.
48
Todos os acontecimentos que ocorrem na bacia de drenagem repercutem,
direta ou indiretamente, nos rios. As condições climáticas, a cobertura vegetal e a litologia
são fatores que controlam a morfogênese das vertentes e, por sua vez, o tipo de carga
detrítica a ser fornecida aos rios. O estudo e a análise dos cursos d’água só podem ser
realizados em função da perspectiva global do sistema hidrográfico.
3.2.1 Fisiografia fluvial.
A fisiografia fluvial pode ser entendida sob o ponto de vista dos tipos de
leito, de canal e de rede de drenagem.
3.2.1.1 Tipos de leito.
O leito fluvial corresponde ao espaço ocupado pelo escoamento das águas.
De acordo com a freqüência das descargas e a conseqüente topografia dos canais fluviais,
os leitos podem ser classificados, figura 9, em:
Leito menor – o escoamento das águas nesse leito tem a freqüência suficiente para
impedir o crescimento da vegetação.
Leito de vazante – está incluído no leito menor e é utilizado para o escoamento das
águas baixas.
Leito maior, periódico ou sazonal – é regularmente ocupado pelas cheias, pelo menos
uma vez cada ano.
Leito maior excepcional – por onde correm as cheias mais elevadas, as enchentes; é
submerso em intervalos irregulares, mas, por definição, nem todos os anos.
49
Divisor topográfico e de águas
+ +
+ + + + + Vertente
+ + + + + + + + + + + +
+ + + + + + + + + + + + +
+ + + + + + +
Figura 9 - Tipos distintos de leito.
3.2.1.2 Tipos de canal.
A fisionomia que o rio exibe ao longo do seu perfil longitudinal é descrita
como retilínea, anostomosada e meândrica, constituindo o chamado padrão de canais,
conforme figura 10.
Os canais retos são aqueles em que o rio percorre um trajeto retilíneo, sem
se desviar significativamente de sua trajetória normal em direção à foz.
Os canais meândricos são aqueles em que os rios descrevem curvas
sinuosas, largas, harmoniosas e semelhantes entre si, através de um trabalho contínuo de
escavação na margem côncava (ponto de maior velocidade da corrente) e de deposição na
margem convexa (ponto de menor velocidade) anexos 18, 20, e 21. Deve-se notar que a
deposição dos detritos da carga do leito se faz no mesmo lado da margem em que eles
foram arrancados (Twenhofel, 1.939). Uma relação importante existe entre o raio médio de
curvatura e a largura do canal, por refletir as características das condições de fluxo e
tendem a situar-se entre 2 e 3. Para o rio Paraíba do Sul o valor é 2,7, para o rio Piracicaba,
2,6, para o Mogí-guaçú, 2,2 e para o Ribeira de Iguape, 2,9 (Christofoletti, 1.981).
Leito
menor
Leito maior
Leito
vazante
Dique
marginal
Dique
marginal
50
Os canais anostomosados são os formados em condições especiais,
altamente relacionados com a carga sedimentar do leito.
PADRÃO DE CANAIS
RETILÍNEO
ANASTOMOSADO
MEANDRICO
Colo
Figura 10 - Padrão de canais.
Essa geometria do sistema fluvial resulta no ajuste do canal à sua seção
transversal e reflete o inter-relacionamento entre as variáveis:
Descarga líquida.
Carga sedimentar.
Declive.
Largura do canal.
Profundidade do canal.
Barra de
sedimentos
Local de
agradação Depressão
Umbral
Local de degradação
Banco de
solapamento Barra de
sedimento,
pontal de
meandro
Margem
convexa.
Agradação
Margem
côncava.
Degradação
51
Velocidade do fluxo.
Rugosidade do leito.
As diferentes sinuosidades dos canais são determinadas muito mais pelo
tipo de carga detrítica do que pela descarga fluvial. Assim, os canais meândricos
relacionam-se aos elevados teores de silte e argila, e os canais anostomosados a uma carga
mais arenosa (Hinds, 1.943).
Os canais meândricos são encontrados com freqüência, nas áreas úmidas
cobertas por vegetação ciliar, descrevem curvas sinuosas harmoniosas e semelhantes entre
si, possuem um único canal que transborda suas águas na época das cheias.
A formação da seqüência de depressões (pools) e umbrais (riffles) ao longo
do eixo fluvial, definindo margens de erosão e deposição, representa o estágio inicial do
meandramento, anexos 20 e 21.
Várias são as condições essenciais para o desenvolvimento dos meandros:
camadas sedimentares de granulação móvel, coerentes, firmes e não soltas; gradientes
moderadamente baixos; fluxos contínuos e regulares; cargas em suspensão e de fundo em
quantidades mais ou menos equivalentes. Essas formas meandrantes representam um
estado de estabilidade do canal, denunciando um certo ajustamento entre todas as variáveis
hidrológicas (declividade, largura e profundidade do canal, velocidade dos fluxos,
rugosidade do leito, carga sólida e vazão); no entanto, esse estado de equilíbrio,
representado pela formação dos meandros, poderá ser alterado pela ocorrência de um
distúrbio na região, como, por exemplo, a atuação do homem (plantio nas áreas férteis
próximas aos meandros) (Goudie, 1.984).
As seções transversais, nesse tipo de padrão de canal, são desiguais,
considerando o desenvolvimento das curvaturas. Nos trechos retilíneos entre dois
meandros contínuos, os canais são mais simétricos, rasos, com a ocorrência de umbrais.
Nos pontos de curvas máximas, o perfil transversal é assimétrico com maior profundidade
na margem côncava (depressões) suavizando-se na direção da margem convexa. Os canais
meandrantes transportam, em dominância, sedimentos finos e mais selecionados, e sua
capacidade de transporte é mais baixa e uniforme, quando comparada com os canais
anostomosados.
Uma terminologia específica é empregada para esse padrão de canal, cujos
termos mais freqüentes são: meandro abandonado, dique semicircular, colo, faixa de
meandro, banco de solapamento e barra de sedimento (point bar). A parte de planície
ocupada pelos meandros atuais e paleoformas é denominada faixa de meandros. Colo de
meandro é o esporão ou pedúnculo que separa os dois braços de meandro. Quando as
margens côncavas adjacentes sofrem intensa ação erosiva, essa zona pode ser estrangulada
pela formação e desenvolvimento de bancos sedimentares (dique / barra de meandro),
desligando, assim, parte do curso que dará origem ao meandro abandonado. Uma vez
isolado, esse meandro pode formar lagos ou pântanos. Os bancos de solapamento
originam-se da atuação da erosão, por solapamento basal, nas margens côncavas,
permitindo a conservação da verticalidade das margens.
52
A remoção e transporte dos materiais desses bancos de solapamento dão
origem à formação de bancos ou barras de sedimentos localizados nas margens convexas a
jusante. Os meandros podem, ainda, pertencer a duas categorias, em função dos tipos de
vale onde correm. Considera-se meandro divagante ou de planície aluvial quando as
sinuosidades meândricas são independentes do traçado do vale. Esses meandros deslocam-
se em qualquer direção da planície, podendo atingir toda a sua extensão. Os meandros
encaixados surgem quando a curvatura meândrica acompanha a curvatura do vale,
conservando a mesma escala (Guerra e Cunha, 1.998).
3.2.2 Dinâmica das águas correntes: Hidrologia e Geometria Hidráulica.
A quantidade de água que alcança o canal expressa o escoamento fluvial,
que é alimentado pelas águas superficiais e subterrâneas. A proporcionalidade entre essas
duas fontes é definida por fatores tais como clima, solo, rocha, declividade e cobertura
vegetal. Fazendo parte do ciclo hidrológico, o escoamento fluvial recebe as águas das
chuvas, refletidas no escoamento fluvial imediato, mais a água de infiltração, e, do total
precipitado, apenas as quantidades eliminadas pela evapotranspiração estão isentas da
participação do escoamento.
A geometria hidráulica é o estudo das relações entre vazão, velocidade das
águas, forma do canal, carga de sedimentos e declividade.
A velocidade das águas de um rio depende de fatores como:
declividade do perfil longitudinal;
volume das águas;
forma da seção transversal;
coeficiente de rugosidade do leito;
viscosidade da água.
Entre os elementos que alteram a velocidade citam-se:
mudanças na declividade,
na rugosidade do leito e
na eficiência do fluxo.
Modificações como aumento da declividade do perfil do rio e diminuição da
rugosidade do leito, com a passagem da draga, são realizadas pelas obras de retificação de
canais, com a intenção de acelerar a velocidade das águas.
A alteração na eficiência do fluxo é dada pelo aparecimento de obstáculos.
Assim, quanto mais lisa for a calha, maior será a eficiência do fluxo. Essa eficiência é
medida pelo raio hidráulico que corresponde ao quociente da área da seção transversal
molhada, pelo perímetro molhado.
A capacidade de erosão das margens e do leito fluvial, bem como o
transporte e disposição da carga do rio dependem, entre outros fatores da velocidade, e sua
53
alteração modifica, de imediato, essas condições. As correntes fluviais podem transportar a
carga sedimentar de diferentes maneiras (suspensão, saltação e rolamento), de acordo com
a granulação das partículas (tamanho e forma) e as características da própria corrente
(turbulência e forças hidrodinâmicas exercidas sobre as partículas) (Christofoletti, 1.974;
Welch, 1.996).
O fluxo fluvial é constituído pela descarga líquida, sólida e dissolvida. A
descarga líquida é definida pela equação 1:
Equação 1 - Descarga líquida.
Onde:
Q = descarga
A = área da seção do canal (largura x profundidade média)
V = velocidade da corrente
L = largura
P = profundidade média
Por meio da descarga líquida, ou vazão, são definidas a competência
(tamanho máximo do material que pode ser transportado) e a capacidade do rio (volume de
carga que pode ser transportado).
A carga sólida de um rio (suspensão e fundo) decresce para jusante,
indicando diminuição da sua competência. Ainda a carga sólida é reflexo direto da
participação da chuva, com sua intensidade e freqüência, erodindo encostas, e do papel da
cobertura vegetal. Ambas, chuva e cobertura vegetal, possuem destaque na participação do
volume da carga sólida e no entulhamento de lagoas e de reservatórios, reduzindo, muitas
vezes, a sua utilização (vida útil).
A carga em suspensão constitui-se de partículas finas, silte e argila, que se
conservam suspensas na água até a velocidade do fluxo decrescer, atingindo o limite crítico
ou velocidade crítica, que corresponde à menor velocidade requerida para uma partícula de
determinado tamanho movimentar-se.
A carga de fundo é formada por partículas de tamanhos maiores (areia,
cascalho ou fragmento de rocha) que saltam ou deslizam ao longo do leito fluvial. A
velocidade, nesse tipo de carga, tem participação reduzida, fazendo com que os grãos se
movam lentamente.
Mudanças ocorridas na vazão implicam, de imediato, em alterações e
ajustamentos em diversas variáveis. O aumento da vazão em dada seção transversal do
canal, origina aumento nas variáveis dependentes: largura, profundidade média, velocidade
VPLVAQ ...
54
média das águas, rugosidade do leito e concentração de sedimentos (Guerra e Cunha,
1.998).
3.2.2.1 Processos fluviais: erosão, transporte e deposição.
Os processos de erosão, transporte e deposição de sedimentos no leito
fluvial alternam-se no decorrer do tempo e, espacialmente, são definidos pela distribuição
da velocidade e da turbulência do fluxo dentro do canal. São processos dependentes entre
si e resultam não apenas das mudanças no fluxo, como, também, da carga existente.
Dessa forma, a capacidade de erosão das águas depende da velocidade e
turbulência, do volume e das partículas por elas transportadas em suspensão, saltação e
rolamento. A erosão das paredes e do fundo do leito pelas águas correntes atua de três
formas: pelas ações corrasiva e corrosiva, e pelo impacto hidráulico. A corrasão, ou efeito
abrasivo das partículas em transporte sobre as rochas e sobre outras partículas, tende a
reduzir a rugosidade do leito, enquanto a ação corrosiva resulta da dissolução de material
solúvel no decorrer da percolação da água ainda no solo.
Ao longo do perfil longitudinal, quando a velocidade é lenta e uniforme, as
águas fluem em camadas, sem haver mistura entre elas, constituindo o fluxo laminar, no
qual os processos erosivos são diminutos e a capacidade de transporte se torna reduzida,
deslocando, apenas, partículas muito finas. Ao contrário, nos fluxos turbulentos onde
ocorrem flutuações da velocidade, devidas a redemoinhos produzidos por obstáculos e
irregularidades existentes no leito, a capacidade de transporte atinge partículas maiores
(Garcez, 1.960; Daugherty, 1.965). A menor velocidade crítica para a remoção de uma
partícula é em torno de 20 cm/s, removendo material de diâmetro entre 0,1 e 0,5 mm.
Partículas de tamanhos menores (silte e argila) necessitam de maiores velocidades críticas
de erosão devido à força de coesão entre os minerais de argila. As partículas permanecem
em movimento até ser atingida sua velocidade crítica de deposição, que corresponde a
cerca de dois terços da velocidade crítica de erosão.
Ao longo do perfil transversal, a velocidade e a turbulência das águas são
também variáveis, definindo locais preferenciais e de erosão e deposição das partículas.
Outro elemento que deve ser considerado nos processos fluviais refere-se às
velocidades de decantação dos grãos. Quando esses são muito pequenos (silte e argila), a
velocidade de decantação é diretamente proporcional às diferenças de densidades entre a
partícula e o fluido; à esfericidade da partícula; e ao quadrado do diâmetro da partícula; e
inversamente proporcional à viscosidade do fluxo (Lei de Stokes). Quando as partículas
são maiores (areias), as velocidades de decantação são independentes da viscosidade do
fluido; diretamente proporcionais à raiz quadrada do diâmetro da partícula e à diferença
entre as densidades da partícula e do fluido dividida pela densidade do fluido (Lei do
Impacto) (Garcez, 1.960; Daugherty, 1.965; Guerra e Cunha, 1.998).
55
3.2.2.2 Perfil longitudinal dos rios e equilíbrio fluvial.
O perfil longitudinal de um rio expressa a relação entre seu comprimento e
sua altimetria, que significa o gradiente. O perfil típico é côncavo, com declividades
maiores em direção à nascente, e cursos de água que apresentam tal morfologia são
considerados em equilíbrio, assumido quando há relação de igualdade entre a atuação da
erosão, do transporte e da deposição.
Ainda, a forma do perfil reflete o ajuste do rio a diferentes fatores, com
distintas flutuações (volume e carga da corrente, tamanho e peso dos sedimentos
transportados, declividade, geologia da calha e regime das chuvas, entre outros) e a
propagação das ações erosivas e disposicionais para montante, que tendem a alterar a
declividade e a forma do canal, eliminando as irregularidades da calha. A forma do perfil
do rio procura atingir o equilíbrio entre a carga que entra e a que é transportada,
representado por um perfil côncavo e liso (Guerra e Cunha, 1.998).
3.2.2.3 Influência do homem sobre a geomorfologia fluvial.
Nos últimos três séculos, as atividades humanas têm aumentado a sua
influência sobre as bacias de drenagem e, por conseguinte, sobre os canais constituintes.
Hoje, há grande interesse no homem como agente geomorfológico.
São dois os grupos de mudanças fluviais induzidas pelo homem:
Modificações ocorridas diretamente no canal fluvial para controlar as vazões (para
armazenamento das águas em reservatórios ou desvio das águas) ou para alterar a
forma do canal imposta pelas obras de engenharia, visando a estabilizar as margens,
atenuar os efeitos de enchentes, inundações, erosão ou deposição de material, retificar
o canal e extrair cascalhos. Essas obras alteram a seção transversal, o perfil
longitudinal do rio, o padrão de canal, entre outras modificações.
Mudanças fluviais indiretas que resultam das atividades humanas, realizadas fora da
área dos canais, mas que modificam o comportamento da descarga e da carga sólida do
rio. Tais atividades estendem-se para a bacia hidrográfica e estão ligadas ao uso da
terra, como a remoção da vegetação, desmatamento, emprego de práticas agrícolas
indevidas, construção de prédios e urbanização (Guerra e Cunha, 1.998).
3.2.2.4 Impactos das obras de engenharia no ambiente fluvial.
O aproveitamento das águas fluviais, com o fechamento de um rio para a
formação de reservatório, assim como o aproveitamento da planície de inundação, através
de obras de canalização está associado à geração de uma série de alterações fluviais, em
especial na dinâmica fluvial. Esses impactos no canal fluvial são, na maioria, fenômenos
localizados que ocasionam efeitos em cadeia, com reações muitas vezes irreversíveis
(Guerra e Cunha, 1.998).
56
3.2.3 Construção de barragens.
Fatores importantes de grande significado ecológico, que mostram uma
mudança progressiva ao longo dos rios são principalmente: velocidade da corrente,
substrato, fluxo de água, temperatura, oxigênio dissolvido e nutrientes inorgânicos; desta
forma, em regiões tropicais como a nossa, diferenças de temperatura dos rios devido à
altitude podem ser significantes.
Em um rio, portanto, o fluxo de água, impõe um determinado sentido e há
um arraste de material orgânico e inorgânico. O rio é parte de um sistema amplo, com
profunda interação com ecossistemas terrestres, dos quais recebe uma parte considerável
de material alóctone.
Qualquer região do rio recebe, portanto, um aporte contínuo de organismos
das porções superiores.
Os rios com grande desenvolvimento de meandros e lagoas costeiras como o
rio Paraíba do Sul, representam um sistema de grande complexidade, o qual pode ser
comparado a um clímax terrestre de florestas tropicais.
Do ponto de vista biológico, nos rios, superpõem-se dois tipos de
comunidades: as do fundo e as das águas livres.
Um rio é portanto, um ecossistema com características de fluxo e
associações de comunidades ao longo desse fluxo extremamente particulares.
A construção de um reservatório no curso de um rio, provoca modificações
consideráveis neste ecossistema, induzindo inclusive, a um novo modelo energético
(Tundisi e Barbosa, 1.981), figura 11.
57
Figura 11 - Principais alterações introduzidas no ecossistema quando se constrói uma
barragem.
A construção de barragens em vales fluviais rompe a seqüência natural dos
rios em três áreas distintas. Na parte a montante da barragem, o nível de base local é
levantado, alterando a forma do canal e a capacidade de transporte sólido, quando ocorre o
assoreamento na desembocadura e no fundo do vale principal e afluentes. Os impactos
registrados no local não se limitam à área próxima do reservatório e à faixa de inundação,
estendendo-se gradualmente para montante, ao longo dos perfis dos rios. Geram o aumento
no fornecimento de sedimentos para o reservatório, modificando, muitas vezes, o seu
tempo útil e alterando a biota fluvial.
No reservatório, em virtude da mudança da situação lótica (água corrente)
para lêntica (água parada), a atuação dos ventos e ondas nas margens torna-se mais
importante do que o impacto da energia cinética das correntes sobre o fundo.
Desenvolvem-se as margens de abrasão (Thompson, 1.999), cujos declives favorecem a
atuação dos processos gravitacionais, o recuo das margens ou das falésias lacustres e a
formação de praias. Os produtos de abrasão, em conjunto com os sedimentos trazidos pelos
tributários, podem originar feições deposicionais na faixa litoral lacustre, tais como os
depósitos dos desmoronamentos, as praias e os leques lacustres. Os impactos mencionados
aumentam a carga de fundo e de suspensão, provocando o assoreamento do reservatório
com conseqüente redução da vida útil do mesmo.
Sedimento
Alterações em
granulometria
Ciclos de nutrientes
Precipitação e
sedimentação
Trocas com a água
(difusão)
Refletividade
do sedimento
Ventos (modificações na
estrutura térmica)
Superfície da água Trocas gasosas Evapotranspiração
Radiação solar Refletividade da superfície da água
58
A terceira área localiza-se a jusante do reservatório, onde o regime do rio
sofre significativas modificações, devidas ao controle artificial das descargas líquidas e de
sedimentos no reservatório. As mudanças ocorridas no regime das águas, neste setor do rio,
acarretam significativos efeitos nos processos do canal, tais como o entalhe do leito, a
erosão nas margens e a deposição a jusante, atingindo longas distâncias (Guerra e Cunha,
1.998).
As principais alterações ecológicas podem ser sintetizadas na figura 12.
São quatro as barragens construídas na região.
A barragem Jaguari foi concluída em 1.973, tem duas turbinas Francis,
potência instalada de 28 MW e reservatório de 69 km2.
A barragem Paraitinga foi concluída em 1.977, pertence ao Complexo
Paraibuna e é uma das mais altas barragens do Brasil, 104 m.
A barragem de Paraibuna foi concluída em 1.978, tem duas turbinas Francis,
potência instalada de 86 MW e reservatório de 159 km2. Integra o Complexo Paraibuna
(Van der Leeden, 1.990).
A barragem de Santa Branca, que faz parte do Complexo de Lajes, foi
construída na década de 1.950, tendo sido usada apenas como regularizadora da vazão do
rio Paraíba do Sul; com a privatização, o antigo projeto de uma usina hidroelétrica tornou-
se realidade com a inauguração em 10 de junho de 1.999 da sua capacidade de geração de
56 MW, o suficiente para abastecer Jacareí (Thompson, 1.999). A Light Energia S/A está
investindo US$ 1 milhão na recuperação de áreas degradadas da barragem durante obras
realizadas por muitos anos. O principal problema é a erosão que ocorre nos morros às
margens da barragem de onde a terra foi retirada para ser utilizada no desvio do percurso
do rio. Para conter o deslizamento de terra, estão sendo utilizadas telas vegetais até que o
replantio esteja garantido (Lara, 1.998 e 1.999).
59
Figura 12 - Alterações ecológicas com a construção de uma barragem.
3.2.4 Canalização.
A canalização é uma obra de engenharia realizada no sistema fluvial que
envolve a direta modificação da calha do rio e desencadeia consideráveis impactos, no
canal e na planície de inundação. Os diferentes processos de canalização consistem no
alargamento e aprofundamento da calha fluvial, na retificação do canal, na construção de
canais artificiais e de diques, na proteção das margens e na remoção de obstáculos no
canal. O emprego de qualquer desses processos de canalização exige permanente
manutenção da capacidade do canal. Isso envolve dragagem, corte e/ou remoção das
obstruções. Por sua vez, a freqüência da dragagem requerida pelos canais é função do tipo
granulométrico dos sedimentos, o que varia com o ambiente e a taxa de sedimentação.
Canais de leitos arenosos, por apresentarem grande sedimentação, requerem freqüência de
dragagem com intervalos de dez anos ou mais.
Entre as obras de canalização, a retificação dos rios tem como finalidade o
controle das cheias, a drenagem das terras alagadas e a melhoria do canal para a
navegação. A utilização desse tipo de obra de engenharia é ainda controversa, sendo
considerada técnica imprópria, com efeitos prejudiciais ao ambiente. A passagem da draga,
Aumento da superfície e da área de evaporação e evapotranspiração
Alterações
nos
parâmetros
biológicos
Modificações na
refletividade da
superfície
Modificações nas
trocas gasosas
Alterações nos
parâmetros
físico e
químicos
Produção
primária.
Distribuição
de
organismos.
Balanço entre
heterótrofos e
antótrofos.
Penetração de
luz.
Oxigênio
dissolvido.
Condutividade.
PH e
alcalinidade.
Estrutura
térmica.
Tipo de
sedimento.
60
aprofundando o canal, provoca o abaixamento do nível da base, favorecendo a retomada
erosiva nos afluentes.
Ainda, os impactos geomorfológicos que ocorrem no canal retificado
mudam o padrão de drenagem, reduzindo o comprimento do canal, com a perda dos
meandros; altera a forma do canal (aprofundamento e alargamento), diminui a rugosidade
do leito e aumenta seu gradiente. A jusante do canal retificado verifica-se um aumento da
carga sólida e imediato assoreamento durante a passagem da draga, e a erosão no canal
pelos eventos torrenciais do regime. A erosão dos bancos de areia formados pelos
sedimentos provenientes da passagem da draga, pode aumentar a quantidade de sedimentos
que chega à foz do rio principal, modificando o equilíbrio natural de sedimentação e dando
origem a novas formas deposicionais. Na planície de inundação, o aprofundamento do leito
poderá causar a transformação dos meandros em bacias de decantação, lagos ou pântanos e
a subida relativa do terraço fluvial, em relação ao nível da água.
A restauração e a reparação dos canais são também empregadas para
amenizar os efeitos negativos da canalização. Esse processo consiste na conservação das
árvores, que produzem a estabilização das margens, na minimização das mudanças na
forma do canal, no emprego de técnicas de estabilização das margens e na reconstituição
da morfologia natural da calha do rio. A alternativa de reparar é semelhante à restauração.
Para minimizar os impactos da canalização no ambiente, essa alternativa preconiza dragar
o mínimo do fundo e das margens, exceto onde ocorra assoreamento, e conservar a maioria
das árvores (Guerra e Cunha, 1.998).
Como conseqüência da regularização das vazões do rio Paraíba do Sul, pela
construção dos grandes reservatórios de cabeceira (Van der Leeden, 1.990), e da
retificação de seu leito, através do corte de meandros, foram reduzidas as enchentes e os
conseqüentes riscos de inundação de suas várzeas. A construção de diques marginais,
completaram a proteção das várzeas contra inundações, permitindo seu uso durante todo o
ano.
Recuperados, assim, esses terrenos, que pela sua própria formação
geológica são planos e de alta fertilidade, procurou-se através de polders dar-lhes uma
infra-estrutura que permitisse seu aproveitamento integral através de uma agricultura
intensiva.
Constituem os polders, áreas individualizadas, protegidas contra inundações
através de diques e dotadas de uma rede ou canais de drenagem capazes de coletar o
excesso de água da área, e conduzindo-a a pontos estratégicos, onde casas de bombas
recalcam-na para o rio, mesmo quando seus níveis sejam elevados. Um sistema de
irrigação, além disso, capta a água do rio conduzindo-a através de canais até cada uma das
glebas em quantidades adequadas.
Os critérios para a delimitação das áreas de polders levaram em conta,
principalmente, a relação área protegida e comprimento do dique, além da conveniência
em se manter fora dos polders certos afluentes do rio.
61
Assim, foi previsto a constituição de 42 polders no total sendo os seguintes
os da área estudada, tabela 10.
“Polder”
Área (ha)
Caçapava n.º 1 912
Caçapava n.º 2 364
Caçapava n.º 3 288
Caçapava n.º 4 840
Eugênio de Melo 236
São José dos Campos n.º 1 830
São José dos Campos n.º 2 1730
São José dos Campos n.º 3 252
São José dos Campos n.º 4 1060
São José dos Campos n.º 5 467
São José dos Campos n.º 6 1340
Jacareí n.º 1 624
Jacareí n.º 2 536
Jacareí n.º 3 614
Jacareí n.º 4 473
Tabela 10- Relação original dos "polders" na área entre Jacareí e Caçapava.
O polder Pinda n.º 1 foi o primeiro polder no País a entrar em operação e
abriga desde 1.957 o campo de pesquisas da Divisão Regional do Vale do Paraíba (ex -
Serviço do Vale do Paraíba), dispunha em 1.983 de 5.100 m de diques de proteção, 6.000
m de canais de irrigação e uma casa de bombas, única, com dois conjuntos moto-bombas
de 50 HP cada, capacitados a drenar 700 l/s ou a irrigar 300 l/s, apenas com a operação de
um jogo de comportas.
3.2.4.1 Influência dos cortes de meandros no processo erosivo do leito
do rio Paraíba do Sul.
O corte de meandro ocasiona o aumento da declividade da linha de energia,
da velocidade média do escoamento, e consequentemente o aumento da capacidade de
transporte sólido do rio. Em conseqüência deste tipo de ação, o leito procura readquirir o
seu equilíbrio natural, que se traduz na diminuição da declividade a níveis compatíveis
com a natureza do rio. Esse fenômeno produz erosão regressiva do leito a montante do
corte, o que pode ser nocivo à segurança de estruturas localizadas nesta região. No caso do
rio Paraíba do Sul, tem-se notícia de estudos anteriores, em que foi feito o
acompanhamento da evolução do leito em algumas regiões de cortes de meandro, e
verificou-se um período de estabilização inferior a cinco anos.
62
Este fato já evidencia que o afundamento ocorrido nos últimos anos não
deve ser atribuído aos cortes de meandros, pois os últimos cortes foram realizados por
volta do ano de 1.970. Constatou-se que o trecho a jusante de Pindamonhangaba, onde os
cortes são mais antigos e em maior número, o leito não sofreu aprofundamento nos últimos
anos a partir de 1.974. Evidentemente os cortes de meandros, situados a montante de
Pindamonhangaba, que atingem uma extensão bem menor que o trecho a jusante e tem
mais de dez anos de existência não contribuíram significativamente com o processo de
erosão do leito.
Uma outra evidência de que os cortes atingiram o equilíbrio, é o fato de que
as linhas d’água levantadas, apresentam declividades uniformes em grandes extensões,
independentemente da existência ou não de cortes de meandros (DAEE, 1.982).
3.2.5 Zonas geomorfológicas.
Segundo Ross e Moroz (1.997),
“a unidade morfológica denominada Planalto do Médio Vale do Paraíba ... situa-se entre
o Planalto e Serra da Mantiqueira (ao N) e os Planaltos da Bocaina e do
Paraitinga/Paraibuna (ao S).
Nesta unidade predominam formas de relevo denudacionais cujo modelado
constitui-se basicamente em morros baixos com topos convexos (Dc) e também formas
agradacionais (Apf) associadas ao rio Paraíba do Sul. Os padrões de formas semelhantes
são do tipo Dc24, Dc15, Da34, Dc25, com entalhamento dos vales variando entre 20 m a 40
m e dimensão interfluvial entre 250 m a 750 m.
Predominam altimetrias entre 600 e 800 m e as declividades predominantes
são de 20 a 30%.
A litologia desta unidade morfológica é basicamente constituída por
migmatitos e os solos são predominantemente do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo.
A drenagem apresenta um padrão dentrítico, adaptado às direções das
estruturas geológicas da área.
Esta unidade apresenta formas de dissecação média, com vales entalhados
e densidade de drenagem média a alta, o que implica, portanto em um nível de fragilidade
potencial médio o que torna a área susceptível a fortes atividades erosivas.
A morfoescultura Depressão do Médio Paraíba pertence a morfoestrutura
Bacia Sedimentar de Taubaté. Localiza-se entre o Planalto e Serra da Mantiqueira (ao S),
o Planalto de Paraitinga/Paraibuna (ao N) e o Planalto do Médio Vale do Paraíba (a L e
O).
Nesta unidade predominam formas de relevo denudacionais cujo modelado
constitui-se basicamente por colinas de topos convexos, cujos tipos de Padrões de Formas
63
Semelhantes são, Dc12, DC13, Dc14, com vales de entalhamento até 20m de dimensão
interfluvial variando de 250 a 3750 m; e Dc22, Dc34 com vales com entalhamentos
variando de 20 a 80 m e dimensão interfluvial oscilando de 250 a 3750 m. As altimetrias
predominantes são de 600 a 700 m e as vertentes apresentam declividades entre 5 e 20%.
As litologias desta unidade morfológica basicamente constituída por
arenito, folhelhos e argilitos e os solos são do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo.
A drenagem apresenta um padrão dendrítico, com o vale principal
adaptado às direções das estruturas geológicas regionais.
Nesta unidade encontra-se ainda a Planície Fluvial do Rio Paraíba do Sul
formada por depósitos alúvio-fluviais recentes” anexo 18.
64
CAPÍTULO III
4 O CONSTRUBUSINESS E A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL.
4.1 Introdução.
A Comissão da Indústria da Construção da FIESP/CIESP considera que a
contribuição da indústria da construção para a economia brasileira ultrapassa as áreas de
Edificações e Construção Pesada, incluindo também os segmentos de Material de
Construção, Máquinas e Equipamentos e Serviços Diversos.
Nesse cenário mais abrangente, o construbusiness, mostra sua força:
participa com 14,8% do PIB (R$ 128 bilhões em 1.997); realiza investimentos acima de R$
115 bilhões/ano; e gera 13,5 milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos (para cada
100 diretos são outros 285 indiretos), colocando-se como o maior setor industrial na
geração de vagas de trabalho. Na relação com outros setores da economia, também
confirma sua vocação de alavanca do desenvolvimento sustentado, com encadeamento de
produção da ordem de R$ 48 bilhões para trás (demanda de insumos de outros setores) e
R$ 5 bilhões para frente (fornecimento de insumos e serviços a outros setores) (Araújo,
1.999).
No Brasil, apenas 10% das estradas são asfaltadas e com pequenas variações
o quadro é semelhante em saneamento básico, energia, portos, aeroportos e só começa a
ser revertido na área de telecomunicações através das recentes privatizações. Na área da
habitação, há mais de uma década prejudicada pela falta de políticas eficientes de
financiamento, o Brasil registra um enorme déficit de, no mínimo, 5,5 milhões de moradias
(Construbusiness, 1.999).
Além de agravar o “custo Brasil”, esses estrangulamentos comprometem
seriamente as nossas perspectivas de crescimento e precisam ser vencidos rapidamente.
As principais contribuições do construbusiness para o desenvolvimento
sustentado estão relacionadas com a oferta de habitações, de infra-estrutura e a geração de
empregos, figura 13.
O custo do metro quadrado de uma construção residencial (padrão H8-2N)
no estado de São Paulo era, em agosto de 1.999 = R$ 536,15/m2.
65
O desempenho das construtoras paulistas no segundo trimestre de 1.999 tem
refletido a delicada situação econômica do País.
Quanto à areia lavada e quartzosa, a produção brasileira apresentou a
seguinte taxa de variação: Mar. 99 / Fev. 99: 18,68%; o acumulado 12 meses: -19,76%;
Mar. 99 / Mar. 98: 3,77% e o acumulado no ano: -2,50%. A areia média lavada apresentou
em maio/1.999, no estado de São Paulo, o preço médio de R$ 21,23/m3.
O consumo de cimento Portland apresentou o seguinte comportamento:
1.996 = 11.581.000 t; 1.997 = 12.065.000 t e 1.998 = 11.858.000 t (Sinduscon, 1.999).
Figura 13 - As contribuições do construbusiness.
4.2 A importância econômica do Vale do Paraíba.
O Vale do Paraíba está passando por uma nova fase de expansão industrial e
tecnológica, com indícios de uma sólida retomada do seu crescimento econômico para os
próximos anos. Vai entrar no ano 2.000 como a segunda região do interior do Estado em
volume de investimentos privados entre janeiro de 1.995 e julho de 1.999, US$ 9,7 bilhões
(11,77% do total investido no território paulista) e São José dos Campos fecha a década
como a segunda cidade no ranking de investimentos nesse mesmo período com US$ 4,418
bilhões, atrás somente da Capital.
O aporte de recursos permitirá também a criação de 35.000 empregos
diretos e cerca de 104.000 indiretos. As novas oportunidades de emprego vão beneficiar os
39 municípios que compõem o Vale e uma população estimada de 1,8 milhão de pessoas.
Material de Oferta de Construção Habitações Bens de Capital para a Construção Edificações Geração de Empregos Construção Pesada Serviços Oferta de Diversos Infra-estrutura
CONSTRUBUSINESS
66
População total recenseada e estimada nos municípios da região em estudo
encontra-se na tabela 11.
Tabela 11 - População da região do estudo.
CIDADE 1970 1975 1980 1985 1990 1991 1992 1993 1994
S. J. Campos 148.500 190.300 287.513 372.578 434.296 442.370 455.773 468.678 480.630
Jacareí 61.379 70.628 115.738 149.061 166.683 163.867 168.129 172.047 175.762
Caçapava 30.710 51.352 64.213 75.152 67.074 68.330 69.363
Total 242.559 456.583 587.837 678.121 692.968 711.048 727.749 Fonte: Censo Oficial: 1970, 1980 e 1991. Censo estimado: 1975, 1985, 1992, 1993 e 1994.
Fundação IBGE (1996) in Amorim, 1998.
A população das 39 cidades do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da
Mantiqueira está estimada em 1.880.068 pessoas em 1.999, segundo o IBGE. Assim, São
José dos Campos conta com 515.553 habitantes; Jacareí, com 170.356 e Caçapava, com
69.673 (Oliveira, 1.999; Rocha, 1.999).
4.3 O consumo de agregados na construção civil.
O consumo de agregados de produção mineral está diretamente relacionado
aos setores de construção civil e também às políticas de execução de obras públicas. Pode-
se, portanto, calcular o consumo hipotético da areia.
O consumo de agregados, no caso, areia para construção civil, é sensível às
mudanças na densidade e crescimento demográfico e de renda da população. Esses fatores
podem ter fortes efeitos na previsão da produção a longo prazo. As políticas de incentivo à
construção popular e de redistribuição de renda podem, também, ampliar os níveis de
consumo de agregados.
Para se construir uma casa de 45 m2 de área é necessário aproximadamente
7 m3 de areia. Porém, como a indústria da construção civil brasileira é pouco eficiente em
relação ao aproveitamento dos materiais de construção (as perdas, em peso, ultrapassam os
20%), deve-se considerar o uso de 8,5 m3 de areia para a construção de uma casa popular
(Fabianovicz, 1.998).
A Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador –
CONDER, estabeleceu o consumo por m2 de uma construção média conforme a tabela 12.
67
Tabela 12 - Consumo de materiais por metro quadrado de uma construção média.
MATERIAIS UNIDADE CONSUMO/m2
Cimento sacos 1,693
Areia grossa m3 0,276
Arenoso m3 0,199
Cal kg 19,368
Brita m3 0,256
Pedra bruta m3 0,214
Bloco 6 furos milheiro 0,080
Telhas milheiro 0,044
Madeira p/ cobertura m3 0,023
Portas unidade 0,156 Fonte: CONDER (1978) in Hermann, op. cit.
68
CAPÍTULO IV
5 O negócio mineração.
5.1 O ambiente econômico.
O Brasil é um dos mais importantes produtores minerais do mundo, embora
em algumas regiões seu potencial ainda seja insuficientemente pesquisado. São extraídas
no País mais de setenta substâncias minerais, em operações conduzidas por cerca de 1.400
empresas. O Brasil possui posição de destaque na produção mundial de mais de uam
dezena de produtos, sendo os principais o ferro, responsável por cerca de 20% do valor da
produção mineral brasileira, que tem oscilado em torno de US$ 12 bilhões anuais
nos últimos três anos.
Outro destaque do setor são os crescentes investimentos verificados na
atividade de prospecção mineral nos últimos anos, após a retirada de entraves ao capital
estrangeiro em 1.995. Com isso o chamado VPM (Valor da Produção Mineral) deverá
crescer significativamente nos próximos anos (Tayra, 1.998).
5.2 Indicadores da produção mineral.
O resultado preliminar da mineração apurado pela Divisão de Economia
Mineral do Departamento Nacional da Produção Mineral, aponta para um VPM de US$
14,6 bilhões para o ano de 1.996, a preços de 1.995.
A presente formulação quanto ao painel das substâncias minerais constitui
uma amostra representativa de 80% do VPM. Das vinte e quatro substâncias minerais
pesquisadas, doze apresentaram elevação no ritmo de expansão em relação ao ano anterior:
caulim, ferro, fluorita, gás natural, gipsita, grafita, nióbio (pirocloro), níquel, petróleo,
potássio, rocha fosfática e zinco, tabela 13.
69
Tabela 13 - Produção mineral brasileira - principais bens minerais.
DISCRIMINAÇÃO TONELADAS
1997 (p) 1996
Alumínio (bauxita) 10.800.000 10.855.762
Amianto (fibra) 208.400 213.293
Areia (1) 97.700.000 99.957.974
Caulim 1.280.000 1.057.671
Cobre (2) 39.900 46.203
Cromo (3) 120.000 174.150
Estanho (2) 18.290 19.611
Ferro 187.900.000 174.156.598
Fluorita 78.400 59.040
Gás natural (4) 9.724.722 9.167.428
Gipsita (5) 1.264.500 1.126.106
Grafita 48.900 40.466
Magnesita 290.400 316.695
Manganês 2.400.000 2.476.483
Nióbio (pirocloro) (6) 25.700 19.621
Níquel (7) 18.199 16.432
Ouro (8) 58.000 60.725
Pedra britada (1) 59.214.000 60.567.214
Petróleo (1) 48.831.924 45.605.631
Pirofilita/agalmatolito (5) 160.000 164.707
Potássio (9) 466.900 404.538
Rocha fosfática 4.275.600 3.823.246
Talco (esteatito) 270.000 287.473
Zinco (2) 152.600 117.342 Fonte: DNPM – DEM
Notas: (p) preliminar; (1) m3; (2) em metal contido; (3) em Cr2O3, inclui concentrado e lamp; (4) mil m3; (5) produção em
rum-of-mine; (6) em Nb2O5 contido no concentrado; (7) níquel eletrolítico e níquel contido na liga Fe-Ni; (8) kg; (9) em
KCl.
5.3 A mineração de areia.
5.3.1 As areias.
De modo geral as areias são utilizadas para os mais diversos fins, sendo a
construção civil seu maior consumidor. Nesse segmento, a sua função é aumentar a
resistência `a compressão das argamassas de cal, cimento, entre outros aglomerantes, além
da redução de custo das argamassas. Dentre os usos na construção civil, destacam-se os
seguintes:
Concreto: utilizado para redução das variações volumétricas, devendo ter para isto
grãos que resistam à compressão, à tração, à abrasão e ao impacto.
70
Argamassa: de acordo com o tipo de argamassa, a areia pode ter variadas
composições.
Pavimentação: como formador da base do pavimento e do concreto asfáltico, ajuda
na diminuição dos vazios entre os agregados maiores e aumenta a resistência à
abrasão e ao impacto quando da incorporação ao concreto asfáltico.
Outras formas mais difundidas são: fabricação de vidros, cerâmica,
siderúrgicas, filtros domésticos e industriais, drenos, abrasivos, estabilização do solo para
fins vários e óptica. A sua utilização está relacionada com a pureza e a granulometria do
minério (Rossete, 1.996).
Distinguiram-se sete características como influentes na capacidade de carga
ou no ângulo de atrito interno das areias, tabela 14 (Pinto, 1.969).
Tabela 14 - Características das areias.
AREIAS
CARACTERÍSTICAS PROCESSO DE DETERMINAÇÃO
Compacidade
Massa específica
Porosidade
Índice de vazios
Compacidade relativa
Distribuição granulométrica Coeficiente de uniformidade (Hazen)
Coeficiente de distribuição
Tamanho dos grãos
Diâmetro efetivo
Diâmetro máximo
Diâmetro médio
Formato dos grãos
Esfericidade
Angulosidade ou arredondamento
Rugosidade
Resistência dos grãos
Presença de água Umidade
Grau de saturação
Composição mineralógica Identificação mineralógica
5.3.2 Conceituação de areia.
Segundo o dicionário Aurélio:
“Verbete: areia [Do lat. arena.] S. f. Partículas de rochas em desagregação que se
apresentam em grãos mais ou menos finos, nas praias, leito de rios, desertos, etc.”
Segundo a American Society for Testing Materials – ASTM: areia é o
71
“material granular que passa pela peneira de 3/8, passa quase inteiramente pela peneira
n.º 4 e fica retido, na sua maior parte, na peneira n.º 200, e é resultante da desagregação
sobre o arenito completamente friável”.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, através da NTB-
196/1.955, define areia com sendo:
“material natural, com propriedades adequadas e definidas, de dimensão máxima inferior
a 2,0 mm e de dimensão mínima igual ou superior a 0,075 mm”.
A areia natural, portanto, quanto à sua origem, é produto da desagregação
por intemperismo de rochas eruptivas (granito), metamórficas (gnaisse e quartzito) e
sedimentares (arenito), geralmente transportadas pelas águas para as partes mais baixas
(praias, leitos de rios, lagoas e vales), ou que foram alteradas “in situ” pelos agentes
climáticos.
A areia pode ser classificada em função do tamanho dos grãos que a
compõe, tabelas 15 e 16, do formato dos grãos e quanto à sua pureza (Pettijohn, 1.987).
Tabela 15 - Classificação da areia por tipo de peneira.
CLASSIFICAÇÃO
DA AREIA
TIPO DE PENEIRA (mesh)
Muito grossa 12 a 20
Grossa 20 a 40
Média 40 a 70
Fina 70 a 140
Muito fina 140 a 200
Finíssima acima de 200
Tabela 16 - Classificação da areia em função do tamanho dos grãos.
CLASSIFICAÇÃO
DA AREIA
TAMANHO DE GRÃO (mm)
Areia grossa entre 2 e 1,20
Areia média entre 1,20 e 0,42
Areia fina entre 0,42 e 0,075 Fonte: ABNT, 1955.
Esta classificação da ABNT visa apenas definir o uso preponderante futuro
dos diversos tipos de areia: areia fina para acabamento (massa fina); areia média (para
argamassa) e areia grossa para concreto.
A segunda forma de classificar areia leva em consideração o seu formato,
que pode ser redondo, angular ou subangular.
72
Estas formas de grãos de areia decorrem inevitavelmente de três coisas:
distância percorrida pelo grão até sua efetiva deposição, a maneira mais ou menos violenta
do seu transporte e a origem do material.
Quanto a pureza, a areia tem como principal elemento o quartzo. Outras
substâncias eventualmente podem ocorrer na sua constituição, tais como: óxidos de ferro
(magnetita e hematita), micas, feldspato, ilmenita, etc. Existem ainda, as areias brutas, que
não foram beneficiadas, e as lavadas, que foram submetidas a processo de tratamento
(Hermann, 1.992).
Quanto à existência de substâncias nocivas, elas não devem exceder os
seguintes limites relativamente ao peso do material: torrões de argila, 3% e material
carbonoso, 1%.
Não devem possuir, também, material pulverulento que passe pela peneira
n.º 200 (0,075 mm de abertura de malha), além de impurezas orgânicas que são detritos de
origem vegetal. O cloreto de sódio, ao contrário do entendimento popular, não é nocivo,
podendo a areia do mar ser empregada sem maiores inconvenientes, com exceção das
alvenarias e revestimentos expostos ao ar, dada a característica higroscópica do sal, que faz
aparecer manchas de umidade nas paredes e muros construídos com esse material.
A areia é elemento essencial para a construção civil; é utilizada como
agregado para concreto, para argamassas e também para pavimentação. Insubstituível, até
agora, na construção civil, como material de enchimento, vê surgir, lentamente,
alternativas (Scharf, 1.999).
A sua eficiência como agregado para concreto está condicionada, entretanto,
à sua uniformidade granulométrica. A falta dessa especificação implica num aumento
significativo de consumo de cimento para preencher os vazios não ocupados pela areia.
A areia, no entanto, pode ser beneficiada para melhorar suas características
e de maneira geral todos os procedimentos de beneficiamento consomem quantidades
reduzidas de energia elétrica: menos de 1,0 kWh/t (3,6 MJ.t-1
) e os investimentos são
relativamente modestos para instalações de classificação hidráulica, lavagem e
peneiramento e razoavelmente altos para processo de cominuição (fragmentação) grossa e
média.
O beneficiamento de areia natural e de rocha britada não apenas pode
reduzir as distâncias de transporte, com a conseqüente redução do consumo de energia,
mas, também, provocar uma redução no consumo de cimento pela otimização dos
parâmetros que incidem sobre este aspecto da dosagem dos concretos. Uma redução de
cimento de 10 kg.m-3
de concreto pronto significa uma redução de custo de no mínimo 1%
quando comparados concretos de igual consistência e resistência mecânica. A eliminação
das partículas de mica, silte, argila e matéria orgânica mediante hidrociclonagem e a
correção adequada da distribuição granulométrica com partículas de forma e textura
superficial apropriada já são suficientes para provocar reduções de 10 a 15 kg de cimento
por metro cúbico (Bucher, 1.986).
73
As areias têm inúmeras outras aplicações industriais, dentre as quais
selecionamos (Ferreira, 1.995):
Vidraria – a areia é elemento importante para a elaboração do vidro, pois, constitui 60 a
80% do seu peso. A areia para vidraria deve conter alto teor em sílica, e as mais usadas
são as de praias, devido à sua pureza. As especificações químicas são fundamentais,
tabela 17.
Tabela 17 - Especificações químicas da areia para vidraria.
COMPONENTES TIPO
A B C D
SiO2 (min) 99,5 99,5 99,4 99,0
Al2O3 (máx) 0,20 0,20 0,30 0,50
Fe2O3 (máx) 0,002 0,015 0,03 0,15
TiO2 (máx) 0,02 0,02 0,03 0,05
Ca2O3 (máx) 0,0002 0,0003 0,0005 0,0005
PF (máx) 0,10 0,20 0,20 0,30
Tipo A – vidros especiais (ópticos, oftálmicos, etc.).
Tipo B – vidros brancos de alta qualidade (cristais, frascarias e artigos de mesa).
Tipo C – vidros brancos comuns (embalagem em geral e planos).
Tipo D – vidros coloridos (frascarias, embalagens em geral e vidros planos).
Siderurgia – a areia é utilizada na fabricação do sínter, como fonte de sílica, bem como
na preparação de moldes para produção de lingotes.
Fundição – confecção de moldes para fundição de ferro, aço e outros metais. O segredo
da boa moldagem está nas características da areia utilizada. Normalmente são
utilizadas areias de praia, devido a granulometria fina dos seus grãos.
5.3.3 A areia normal brasileira.
O ensaio de resistência à compressão em argamassa de cimento Portland,
conforme é preconizado na NBR-7215, da ABNT, introduz a utilização de uma areia
padrão cuja origem, características de granulometria e de beneficiamento são fixas.
Esta areia padrão que no Brasil é denominada Areia Normal Brasileira é um
dos constituintes na confecção de corpos de prova cilíndricos de argamassa, com
dimensões de 5 cm de diâmetro por 10 cm de altura, que se destinam à avaliação de
resistência à compressão, após cura em câmara úmida, nas idades de 3, 7 e 28 dias. O
ensaio de resistência à compressão axial é efetuado com o rompimento dos corpos de prova
cilíndricos em prensa com dinamômetro de precisão.
74
De acordo com a NBR-5732, da ABNT, há uma série de exigências
químicas e físicas, entre as quais o resultado do ensaio de resistência à compressão, que
levam à classificação dos cimentos Portland produzidos no Brasil em três classes: 25, 32 e
40.
Há necessidade de um padrão tecnologicamente preciso, tendo em vista que
ele se constituirá num fator decisivo na classificação dos cimentos nacionais, com
implicações técnicas e econômicas profundas na construção civil.
A norma NBR-7214, da ABNT, define areia normal como sendo o material
quartzoso extraído do rio Tietê, na região do município de São Paulo em direção à
nascente, produzido e fornecido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo e que satisfaz às exigências da citada norma. As frações granulométricas são
definidas de acordo com a tabela 18 a seguir.
Tabela 18 - Frações granulométricas da areia normal brasileira.
MATERIAL RETIDO ENTRE AS PENEIRAS (mm) DENOMINAÇÃO
2,4 e 1,2 Grossa
1,2 e 0,6 Média grossa
0,6 e 0,3 Média fina
0,3 e 0,15 Fina
As peneiras empregadas na seleção granulométrica são de malha quadrada e
devem obedecer às características fixadas pelo método NBR-5734, da ABNT (Sbrighi
Neto e Marques, 1.991).
5.4 A engenharia mineral.
A mineração compreende a pesquisa, o desenvolvimento e a lavra, bem
como o transporte, manuseio, beneficiamento e toda infra-estrutura necessária a essas
operações, excluindo-se os processos de metalurgia e transformação. Estas atividades tem
como finalidade última, o aproveitamento dos recursos minerais de forma econômica.
O artigo 14 do Código de Mineração (Decreto-lei n.º 227, de 28.02.1.967,
alterado pelo Decreto-lei n.º 318, de 14.03.1.967) estabelece que:
“entende-se por pesquisa mineral a execução dos trabalhos necessários à definição da
jazida, sua avaliação e a determinação da exequibilidade do seu aproveitamento
econômico”.
Desenvolvimento é a etapa onde são definidos os métodos e processos de
engenharia mineral a partir dos ensaios de lavra e beneficiamento do minério (Rossete,
1.996).
75
Na lavra acontece a abertura da mina e a exploração do minério. Para o
Código de Mineração, art. 36, temos:
“entende-se por lavra, o conjunto de operações coordenadas objetivando o
aproveitamento industrial da jazida, desde a extração de substâncias minerais úteis que
contiver, até o beneficiamento das mesmas”.
Quanto a geração de empregos, um levantamento do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostra que a indústria de automóveis,
caminhões e ônibus gera dois empregos diretos e 16 indiretos para cada R$ 1,0 milhão a
mais produzido, enquanto para a extração mineral os números são 18 diretos e 17 indiretos
(Háfez e Stock, 1.999).
5.4.1 Características do setor mineral de areia.
O setor mineral de areia apresenta características próprias que o diferenciam
de outros setores produtivos, especialmente a cava que é uma atividade superficial
(Detwyler). Segundo esta caracterização, relativa à extração de insumos minerais utilizados
diretamente na construção civil, podemos destacar na tabela 19:
Tabela 19 - Características do setor mineral de areia.
CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO
Exauribilidade
Os bens minerais se esgotam com a produção, por isso
os recursos minerais são considerados recursos
naturais não renováveis.
Rigidez locacional
As substâncias minerais encontram-se onde as
condicionantes físicas, químicas e geológicas
permitiram sua formação.
Monitoramento ambiental
A mineração é uma atividade essencialmente
modificadora do meio ambiente; assim, necessita de
um acompanhamento sistemático.
Porte As empresas extratoras de agregados são em grande
número de pequenas operadoras.
Capital
A ordem e magnitude de capital gasto e de risco é
muitas vezes menor para uma extratora de agregados
em relação às outras atividades de mineração.
Mercado O mercado para agregados é geralmente local.
Abundância relativa
Devido a sua ampla distribuição geográfica, muitos
acreditam que é possível encontrar agregados em
qualquer lugar, o que nem sempre é verdadeiro.
Baixo índice de rejeitos Nas atividades de extração de agregados o volume de
rejeito é pequeno, com índices inferiores a 5%.
Simplicidade de lavra e
beneficiamento
Principalmente nos casos da areia, com poucas
operações de lavra e equipamentos, é possível
conseguir a explotação do material. Fonte: Fabianovicz, 1998.
76
O IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A,
em trabalho publicado em 1.987, relacionou e conceituou os principais impactos causados
pela mineração e que podem ser agrupados da seguinte maneira:
Impactos modificadores da evolução natural da superfície:
Erosão.
Assoreamento.
Instabilidade de taludes, encostas e terrenos em geral.
Mobilização de terra.
Modificação dos regimes hídricos, principalmente das águas subterrâneas.
Impactos sobre a fauna.
Impactos sobre a flora.
Poluição das águas superficiais e subterrâneas.
Alteração das qualidades do solo agrícola e geotécnico.
Poluição do ar.
Poluição sonora.
Poluição visual.
Conflito com outras formas de uso e ocupação do solo.
Comprometimentos sociais e culturais.
(Anexo 3).
5.4.2 O processo de lavra em leito de rios.
A areia depositada no canal principal do rio é dragada por sucção. O
produto dessa sucção é transferido diretamente para a margem do rio ou para outra barca
que transporta a areia até as margens do rio, onde, por meio de um fundo falso despeja o
material, realizando aí a primeira lavagem. Depois a areia é novamente dragada e levada
para uma segunda lavagem ou transportada para os silos ou separadores. As porções finas
são, na sua maior parte, separadas na primeira lavagem e o resto na segunda.
O processo de lavra em cava seca.
A areia que ocorre em bancos é desmontada hidraulicamente e levada em
canaletas para uma bacia de concentração. Esse percurso serve para separar as porções
grossas das finas. Nessa bacia de decantação, a areia é separada gravimétricamente e
dragada por sucção para uma outra bacia onde se processa a lavagem secundária; em
seguida é dragada para os separadores onde passa por um peneiramento preliminar.
O processo de lavra em solo de alteração.
Esse tipo de lavra aproveita a camada de rocha alterada do embasamento
(granitos, gnaisses, migmáticos e quartzitos). Também é feita por desmonte hidráulico,
77
acumulando a areia num tanque, de onde é bombeada para o tanque secundário, e depois
transportada até os silos.
5.5 Localização de jazidas de areia.
Algumas regras (Pichler, 1951) são tão úteis que merecem ser transcritas no
anexo 4.
A areia proveniente de jazida localizada em Jacareí, SP., é constituída
predominantemente de quartzo. Suas características físicas atendem aos limites
especificados na NBR-7211/1.983, da ABNT, sendo por ela classificada
granulométricamente como areia média (zona 3). Tem massa unitária no estado solto de
1.510 kg/m3
e massa específica, determinada no frasco de Chapman, de 2.600 kg/m3. No
ensaio petrográfico, NBR-7289/1.982, da ABNT, é considerada como agregado miúdo
adequado ao uso em concreto (Helene, 1.986), anexos 25 e 26.
5.6 Aspectos legais e institucionais.
5.6.1 Aspectos institucionais.
Na década de 1.980, toma corpo no País a legislação ambiental sintonizada
com a tendência mundial de conciliar atividades empresariais e preservação do meio
ambiente.
Nessa época o movimento ambientalista internacional já era muito intenso e
as empresas dos setores mais vulneráveis, nos países chamados desenvolvidos, buscavam
soluções conjuntas, com bons resultados para suas pendências.
A Constituição Brasileira de 1.988 confirmou a tendência à maior
regulamentação ambiental para o funcionamento das empresas, seguida também pelos
estados e Distrito Federal. A partir daí, passou a existir instrumento jurídico para qualquer
cidadão brasileiro interferir nos processos de degradação ambiental.
As atividades empresariais podem ser classificadas em função de
oferecerem potencial poluidor. A classificação utilizada é baseada na estabelecida pelo
IBGE e leva em conta as características de processo e do tipo de utilização de matéria
prima, energia, etc..
A legislação ambiental brasileira, embora faça referência, não contempla de
forma precisa e específica a prevenção e o controle de alterações do meio ambiente
relacionadas com atividades de mineração.
As especificidades inerentes às relações entre mineração e meio ambiente,
em especial quanto aos impactos ambientais decorrentes, estão a requerer tratamento
próprio no quadro das legislações ambiental e mineral brasileiras, como verificado em
outros países face à dimensão e à importância dos problemas associados, de modo a
78
orientar o desenvolvimento das atividades da mineração de forma compatível à proteção
ambiental.
A extração de areia, em classificação baseada no documento “Classificação
de Atividades Poluidoras (MN-050.R1), de 1.992, da Fundação Estadual de Engenharia do
Meio Ambiente – FEEMA/RJ, encontra-se na tabela 20.
Tabela 20 - Classificação da atividade mineração de areia como poluidora pela
FEEMA/RJ.
EXTRAÇÃO E TRATAMENTO DE MINERAIS
Extr
ação
à c
éu
aber
to s
em
ben
efic
iam
ento
Material Porte Potencial
poluidor Pequeno Médio Grande
Areia/cascalho/
aluvião
Área
avanço
(m2/ano)
500 500 a
30.000 30.000 médio
Areia/saibro/terra Área total
(ha) 2 2 a 6 6 a 20 médio
A atividade de mineração, do ponto de vista institucional, é um setor
bastante interessante, pois é regido principalmente por legislação federal, ocorre
geralmente em território local e implica em ações de fiscalização e controle principalmente
no âmbito estadual.
Na esfera federal os principais órgãos relacionados com a questão mineral
são: o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Departamento Nacional da Produção
Mineral (DNPM). O MME é responsável pela política de recursos minerais e energéticos
no país, estabelecendo diretrizes e elaborando planos plurianuais de mineração; o DNPM é
o órgão responsável pela execução das normas previstas no Código de Mineração e tem a
finalidade de fiscalizar as atividades relativas à mineração, à indústria e ao consumo de
matérias primas minerais (Decreto-Lei n.º 62.934/68); além de promover o planejamento e
fomento da exploração e do aproveitamento dos recursos minerais e superintender as
pesquisas geológicas, minerais e de tecnologia mineral (Lei n.º 8.876/94).
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal (MMA), é o responsável pela fixação de parâmetros básicos que devem
constar nos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e dos seus respectivos Relatórios de
Impacto Ambiental (RIMA); além de ser o responsável pelo licenciamento para atividades
em áreas de preservação permanente e para desmate.
O MMA, ao fazer um estudo sobre a relação entre a extração de bens
minerais de uso social e o meio ambiente, visitou os principais centros produtores e
verificou que, na maioria dos casos, existe um grande número de órgãos envolvidos no
processo de licenciamento e, muitas vezes, cada órgão apresenta diferentes exigências em
relação à documentação.
79
Os órgãos estaduais relacionados direta ou indiretamente com a atividade
mineral nos principais centros produtores de bens minerais de uso social no Brasil, seguem
a seguir:
Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB): órgão que recebe a
documentação necessária para o licenciamento ambiental e analisa o Plano de Controle
Ambiental (PCA) quando o projeto não necessita de Estudo de Impacto Ambiental e do
respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).
Secretaria do Meio Ambiente: avalia a dispensa do EIA/RIMA.
Departamento de Meio Ambiente da Secretaria do Meio Ambiente: analisa o
EIA/RIMA.
Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA): aprova o EIA/RIMA.
Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais (DEPRN): responsável pela
licença para desmate de áreas que não são de preservação permanente.
Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do
Estado de São Paulo (CONDEPAHAAT): licença para áreas protegidas pelo
patrimônio histórico.
Prefeitura Municipal: responsável pela outorga do licenciamento ambiental municipal
(porém este instrumento é questionado judicialmente).
No município de São José dos Campos existem vários conflitos entre a
atividade mineradora e outras formas de uso e ocupação do solo urbano. Estes conflitos
envolvem os mineradores em disputas com seus moradores vizinhos e com a
regulamentação das áreas de proteção ambiental.
A areia consumida na Região Metropolitana de São Paulo é, em grande
parte, proveniente do Vale do Paraíba, do sul de Minas Gerais e do Vale do Ribeira, locais
que distam mais de 100 km de São Paulo. Diante deste fato, o Governo de Estado de São
Paulo resolveu adotar um projeto de beneficiamento da areia depositada no rio Tietê, cujo
material corresponderia de 5 a 8% do total consumido na região.
A exploração econômica mineral no município de São José dos Campos está
baseada principalmente na extração de areia do rio Paraíba do Sul, e em menor escala pelo
sistema de cavas nos terrenos aluviais (várzea), bem como na extração de turfa para
produção de condicionantes de solos para agricultura, brita e cascalhos para conservação
de estradas, e argila para produção de tijolos.
A significativa importância da extração de areia na região,
comparativamente aos outros minerais, deve-se ao fato da disponibilidade de grandes
quantidades de jazidas e da proximidade da região com o centro consumidor da Grande
São Paulo e do próprio município de São José dos Campos.
A exploração de areia deu-se sem critérios de proteção às áreas marginais
aos rios e de recuperação de áreas já exploradas, promovendo ao longo dos anos sérios
problemas de degradação ambiental e conflitos com o meio ambiente urbano, devido a
solapamento de pilares de pontes, deterioração do pavimento asfáltico e acidentes de
trânsito resultante do tráfego intenso de caminhões com sobrecarga de areia.
80
Diante destes problemas e das constantes reclamações da comunidade, o
Poder Público Municipal normatizou a instalação das atividades minerárias classe 2 (areia,
argila e cascalho) no município, através das Lei Municipal n.º 3.666/89 e Lei Municipal
3.667/89, anexo 1. Esta legislação estabeleceu normas ambientais e urbanísticas para
exploração desses minerais, objetivando exercer maior controle sobre os mesmos. Vale
mencionar o Plano de Exploração e Controle, Plano de Recuperação de Área Degradada,
EIA-RIMA ou Relatório de Controle Ambiental aprovado na Secretaria de Estado de Meio
Ambiente, Licença da CETESB e Registro da Licença no DNPM. O objetivo principal era
exercer um controle sobre a exploração de areia, uma vez que a produção dos outros
minerais não era significativa.
Com o advento das citadas leis, as mineradoras de areia com Inscrição
Municipal e interessadas em manter suas atividades no município, foram obrigadas a
atender a nova legislação, regularizando sua situação nos órgãos federais e estaduais
competentes. Entretanto, desde a publicação da referida Lei, até a presente data, os Estudos
de Impacto Ambiental, Relatórios de Impacto Ambiental e os Planos de Recuperação de
Áreas Degradadas submetidos a apreciação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente,
não obtiveram nenhum comentário oficial referente a aprovação ou não do referido órgão.
Decorrência deste fato é que os respectivos empreendimentos funcionaram de 1.990 a
1.992, irregularmente (sem licença), sem um controle fiscalizador rígido e sem adotar
medidas concretas de recuperação da área degradada.
No ano de 1.993, a Secretaria Municipal de Planejamento e Meio Ambiente,
ciente dos problemas ambientais decorrentes da extração de areia, e das dificuldades de
aprovação dos EIA/RIMA e dos PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas) nos
trâmites legais, em razão da morosidade do Estado, reuniu os mineradores e estabeleceu
critérios para extração de areia no município. Dentro do discutido, estabeleceu-se que as
empresas que estavam com os documentos protocolados na Secretaria de Estado de Meio
Ambiente, continuariam desenvolvendo suas atividades no município, desde que
adotassem as diretrizes operacionais para extração de areia estabelecidas no Documento do
CONSEMA (Conselho Estadual de Meio Ambiente), e implantassem o Plano de
Recuperação de Áreas Degradadas. Ressalta-se que não foi expedida ou renovada a
Licença Específica de Funcionamento, apenas estabeleceu-se um critério do município
para a mineração, com intuito de obter um ganho ambiental.
Como resultante deste fato, temos que das doze empresas que atuavam no
município, apenas nove continuaram exercendo a atividade areeira, sendo quatro
realizando extração em leito de rio, e uma com extração por método de cava. Estas
empresas de maneira geral, estão cumprindo as determinações da Prefeitura, sendo que
iniciaram recuperação das referidas áreas anteriormente degradadas, através da
recomposição vegetal, e estão sendo fiscalizadas regularmente pelos órgãos públicos.
Com relação à implantação de novos empreendimentos no município,
ressalta-se que a Lei Orgânica vedou a possibilidade de realizar a extração de areia por
método de cavas nas várzeas do rio Paraíba do Sul, e o Plano Diretor, que incorporou como
área urbana todo o trecho do rio Paraíba do Sul que atravessa São José dos Campos,
81
inviabilizou, em razão dos dispositivos da legislação minerária, a extração de areia no rio,
podendo esta ser realizada excepcionalmente no caso de obras de desassoreamento.
Diante de todo este contexto e em resposta às cobranças das instituições
públicas e privadas, e, principalmente das entidades ambientalistas e da própria Associação
dos Extratores de Areia do Vale do Paraíba, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente
instituiu através da Resolução SMA-32, de 04/07/1.995, um Grupo de Trabalho junto ao
Gabinete do então Secretário Fábio Feldman, a fim de estudar e propor diretrizes para
disciplinar e licenciar as atividades na bacia de drenagem do rio Paraíba do Sul. Este grupo
de trabalho foi constituído por representantes de órgãos da SMA (CPLA, DEPRN, DAIA,
CETESB, IG), da Polícia Florestal e do CODIVAP, órgão pelo qual as Prefeituras de São
José dos Campos, Jacareí e Pindamonhangaba, representaram as Prefeituras do Vale do
Paraíba em seu trecho paulista.
Como resultado das primeiras ações, foram criadas duas frentes de trabalho,
sendo uma denominada Regularização/Recuperação Ambiental, tendo como principais
ações o licenciamento, a fiscalização e a recuperação das atividades já instaladas, e a outra
denominada Planejamento, responsável pela elaboração de um zoneamento minerário para
o Vale do Paraíba, a partir da sistematização de dados sobre o potencial mineral, uso do
solo e outras variáveis ambientais.
A frente de regularização definiu critérios técnicos operacionais para
extração de areia de leito de rio, cava e desmonte hidráulico, e para recuperação de áreas
degradadas. Estes critérios foram submetidos a apreciação do CONSEMA, que após
deliberação, resultou na Resolução SMA n.º 42, de 16/09/1.996, específica para o
licenciamento ambiental de empreendimentos minerários na Bacia Hidrográfica do Rio
Paraíba do Sul. A partir daí, a SMA através da CETESB e do DEPRN vem realizando
vistorias periódicas no Vale do Paraíba, visando a adequação dos empreendimentos às
normas da Resolução n.º 42, para expedição da licença ambiental.
A frente de planejamento, através do Instituto Geológico realizou pesquisas
e levantamentos técnicos para definição do potencial mineral de areia, fundamentais para o
estabelecimento do zoneamento minerário, bem como, contatou as diversas Prefeituras no
intuito de levantar as leis de uso do solo e os interesses específicos de cada município. Em
novembro de 1.998, a SMA apresentou à público a proposta de disciplinamento e
zoneamento de atividades de extração de areia, que foi devidamente aprovado pelo
CONSEMA, através da Deliberação CONSEMA n.º 28, de 15/12/1.998. Vale ressaltar que
durante todo o processo de aprovação do Zoneamento Minerário para Extração de Areia no
Vale do Rio Paraíba do Sul, trecho Jacareí-Pindamonhangaba, ocorreram várias críticas
das entidades ambientalistas, relacionadas a ausência de critérios mais específicos quanto a
porte e números de frentes de lavra, escalas de produção, recuperação ambiental e
principalmente uso das áreas, bem como algumas críticas de empresários de outros bens
minerais, que não foram contemplados no presente zoneamento, e críticas de alguns
municípios à atividade areeira, que embora seja economicamente rentável para os agentes
privados e a areia de suma importância para o desenvolvimento econômico e social da
região, sua exploração não tem constituído benefício para o município, uma vez que o
imposto recolhido é pouco significativo em relação aos danos e incômodos causados ao
ambiente rural e urbano.
82
Conforme já citado, a Lei Orgânica do Município de São José dos Campos,
através do seu ART. 259, inviabilizou a atividade minerária nas várzeas do rio Paraíba do
Sul, ao estabelecer para esses terrenos, o uso exclusivo à agricultura. Este fato propiciou à
São José dos Campos, comparativamente aos outros municípios da bacia do rio Paraíba do
Sul, que exercem intensamente a exploração minerária desses terrenos, um grande estoque
de minerais, porém não garantiu o efetivo uso agrícola das várzeas, pois, em decorrência
da intensa urbanização, as várzeas ficaram contíguas à malha urbana - anexo 25 - vindo a
sofrer inúmeros processos de degradação que enfraqueceram o cultivo agrícola, dentre
eles, os freqüentes roubos à propriedades rurais e a alta poluição dos recursos hídricos,
principalmente dos córregos que atravessam a várzea, cujas águas eram utilizadas na
irrigação das culturas e atualmente servem como veículos de disseminação de doenças,
fato que acarreta a utilização cada vez maior de agrotóxicos e outros insumos e
consequentemente o aumento do custo final de produção; fatores estes, que associados às
políticas agrícolas contribuíram para uma grande retração de áreas de plantio e
descapitalização dos produtores rurais, o que vem inviabilizando economicamente o
cultivo das várzeas, resultando em extensas áreas ociosas no Município, com ocorrência de
parcelamento clandestino.
Já a extração de areia no leito do rio Paraíba do Sul, foi inviabilizada pelo
Plano Diretor de São José dos Campos (Lei Complementar n.º 121/95), que ao incorporar
suas várzeas no perímetro urbano, impediu em decorrência de dispositivos legais da Lei
Municipal n.º 3.666/89, o exercício da atividade.
Para equacionar o problema, o Plano Diretor, que ressalta a importância dos
minerais como matéria prima básica para a urbanização das cidades, previu em seu Art. 10
a necessidade de estabelecer uma política minerária de caráter regional, que contemple a
identificação do potencial mineral do município, sua compatibilização em relação às
demais atividades urbanas e rurais, objetivando estabelecer um zoneamento mineral para
São José dos Campos. O referido zoneamento não foi desenvolvido até o momento, porque
a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, além da necessidade de uma consultoria
especializada para a realização dos trabalhos, aguardava a definição do Zoneamento
Minerário do Estado, recentemente aprovado pelo CONSEMA. No decorrer deste tempo, o
advento da Lei Complementar n.º 165/97, de Uso e Ocupação do Solo, que não
contemplou a atividade minerária no solo do município, impediu a exploração de novos
empreendimentos minerais em São José dos Campos.
Diante de toda esta situação, os empreendedores do setor, com aval do
Zoneamento do Estado, vem pleiteando e cobrando da Administração Pública Municipal,
uma solução para o impasse legal em que se encontra a atividade minerária no Município.
A Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, ciente da necessidade de regulamentar o
Plano Diretor, e disciplinar a atividade minerária no município, contatou o IPT (Instituto
de Pesquisas Tecnológicas), que já desenvolveu para a municipalidade a Carta Geotécnica
de São José dos Campos, para subsidiar tecnicamente o desenvolvimento dos trabalhos,
para posterior readequação da legislação municipal joseense (Paula Jr.).
Em Jacareí, por sua vez, surge em 1.981 a Lei n.º 2.030, regularizando a
extração mineral no município, obrigando o proprietário a recompor a cava de extração.
83
Entretanto, esta obrigatoriedade, sob o ponto de vista técnico/econômico, foi considerada
inviável pelos empresários, porque para se recompor, por aterramento, uma cava, seria
necessário tirar terra de outro local, causando outro impacto ambiental. Para agravar ainda
mais, não houve uma fiscalização e a extração continuou da mesma forma. Em 1.989 a
administração municipal manteve reuniões com os empresários da área de mineração a fim
de criar uma legislação coerente à atividade, esclarecendo-se a obrigatoriedade de
apresentação de EIA-RIMA. Finalmente aos 29 de agosto de 1.990, promulga-se a “Lei da
Areia”, n.º 2.811.
Em Caçapava estão em vigor as Leis Complementares n.º s 16, 25, 27 e 45.
5.6.2 Legislação na esfera federal.
No Brasil a maioria das leis que regem a atividade mineral é de âmbito
federal.
A Constituição Federal (CF) de 05.10.1.988, com relação ao ordenamento
jurídico do setor mineral e ao escopo deste trabalho, enfatiza os seguintes aspectos:
Os recursos minerais são bens da União, Art. 20, IX.
A participação no resultado da exploração de recursos minerais em favor dos
Estados, Distrito Federal e Municípios em seus territórios, Art. 20, §1.
Compete à União legislar sobre os recursos minerais, Art. 22 – XII, sendo de
competência comum entre União, Estado e Município registrar, acompanhar e
fiscalizar a concessão de direito de pesquisa e explotação de recursos minerais, nos
respectivos territórios, Art. 23-IX.
Compete à União, Estados e Municípios legislar concorrentemente sobre a defesa do
solo, conservação da natureza e recursos minerais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição, Art. 24-VI.
Compete à União autorizar ou conceder a pesquisa e a lavra de recursos minerais,
Art. 176, §1, assegurando ao proprietário do solo a participação nos resultados da
lavra, Art. 176, § 2.
As atividades de mineração são regidas pelo Decreto-Lei n.º 227, de
28.02.1.967 - alterado pela Lei Federal n.º 6.403, de 15.12.1.976, Diário Oficial da União
(DOU) de 16.12.1.976; pela Lei Federal n.º 7.085, de 21.12.1.988, DOU de 22.12.1.982;
pela Lei Federal n.º 7.805, de 18.07.1.989, DOU de 20.07.1.989; Lei Federal n.º 7.886, de
20.11.1.989, DOU de 21.11.1.989;Lei Federal n.º 8.901, de 30.06.1.994, DOU de
01.07.1.994; recentemente pela Lei Federal n.º 9.314, de 14.11.1.996, DOU de 18.11.1.996
- denominado Código de Mineração (CM), o qual é regulamentado pelo Decreto n.º
62.934, de 02.07.1.968, Decreto n.º 66.404, de 1º de abril de 1.970, Decreto n.º 88.814 de
04.10.1.983, Decreto n.º 95.002, de 05.10.1.987 e por legislações posteriores.
Conforme o seu Art. 2º, os recursos minerais no Brasil são explotados de
acordo com um dos seguintes regimes jurídicos, tabela 21.
84
A Portaria n.º 148, de 27.10.1.980, estabelece que o registro de licença será
dirigido ao Diretor Geral do DNPM.
A fiscalização nas proximidades das margens dos cursos d’água está
regulamentada pela PORTOMARINST n.º 31-01-A.
85
Tabela 21 - Regimes legais de aproveitamento de recursos minerais de utilização
imediata na construção civil, seus principais aspectos e legislações básicas.
TÓ
PIC
OS
AUTORIZAÇÃO DE
PESQUISA
CONCESSÃO DE
LAVRA LICENCIAMENTO
Tit
ula
res
Brasileiro, pessoa natural,
firma individual ou
empresa legalmente
habilitada, mediante
requerimento (CM. Art.
15; Lei 9.314/96, Art. 1º)
Brasileiro, pessoa natural,
firma individual ou
empresa legalmente
habilitada, mediante
requerimento (CM. Art.
15; Lei 9.314/96, Art. 1º)
Proprietário do solo ou
quem dele tiver
autorização (Lei
6.567/78, Art. 2º)
Au
tori
dad
e
con
ced
ente
Diretor Geral do DNPM
(CM, Art. 2º; II, Lei
9.314/96, Art. 1º)
Ministro de Estado de
Minas e Energia (CM,
Art. 2º, I; Lei 9.314/96,
Art. 1º)
Autoridade Local e
Registro no DNPM (CM,
Art. 2º, III; Lei
93.124/96, Art. 1º, Lei
6.567/78, Art. 3º)
Du
raçã
o
Prazo de 2 anos (Portaria
DNPM n.º 16/97, III),
com possibilidade de
prorrogação (CM, Art.
22, III; Lei 9.314/96, Art.
1º)
Indeterminado Variável em função das
diretrizes municipais.
Su
bst
ân
cias
min
erais
Todos os minerais exceto
os garimpáveis e os
trabalhos de
movimentação de terra e
de desmonte de materiais
“in natura” que tem por
objetivo abertura de vias
de transporte e obras de
terraplanagem e
edificações (CM, Art. 3º,
Lei 8.982/95, Art. 1º)
Todos os minerais exceto
os garimpáveis e os
trabalhos de
movimentação de terra e
de desmonte de materiais
“in natura” que tem por
objetivo abertura de vias
de transporte e obras de
terraplanagem e
edificações (CM, Art. 3º,
Lei 8.982/95, Art. 1º)
Minerais com utilização
imediata na construção
civil; argilas usadas no
fabrico de cerâmica
vermelha e o calcário
empregado como
corretivo de solo (Lei
6.567/78, Art. 1º; Lei
8.982/95, Art. 1º)
86
Continuação T
ÓP
ICO
S
AUTORIZAÇÃO DE
PESQUISA
CONCESSÃO DE
LAVRA LICENCIAMENTO
Tít
ulo
Alvará de autorização de
pesquisa (CM, Art. 7º;
Lei 9.314/96, Art. 1º)
Portaria de Concessão de
Lavra (CM, Art. 7º; Lei
9.314/96, Art. 1º)
Registro de Licença (Lei
6.567/78, Art. 6º)
Áre
a
ab
ran
gid
a
por
req
uer
ente
Até 50 hectares
(Portaria DNPM n.º
16/97, I,2)
Variável, respeitada a
área de pesquisa
(CM, Art. 37, II)
Até 50 ha
(Lei 6567/78, Art. 5º)
Dir
eito
s d
o p
rop
riet
ári
o d
o s
olo
Renda pela ocupação
efetiva do terreno a
quem esteja na superfície
do imóvel, e uma
indenização pelos danos
e prejuízos que possam
ser causados (CM, Art.
27)
Renda pela ocupação
efetiva do terreno a
quem esteja na superfície
do imóvel, e uma
indenização pelos danos
e prejuízos que possam
ser causados (CM, Art.
27).
Pagamento referente à
participação do
proprietário do solo nos
resultados da lavra (CM,
Art. 7º; Lei 9.314/96,
Art. 1º).
Renda pela ocupação
efetiva do terreno a
quem esteja na superfície
do imóvel, e uma
indenização pelos danos
e prejuízos que possam
ser causados, na hipótese
de ser um terceiro o
titular do licenciamento
(CM, Art. 27; Lei
6.567/78, Art. 11).
Pagamento referente à
participação do
proprietário do solo nos
resultados da lavra (CM,
Art. 7º; Lei 9314/96, Art.
1º).
Pen
ali
dad
es
Advertência; multa;
caducidade; anulação do
alvará (CM, Art. 63, 64,
65 e 66).
A extração do produto
mineral sem autorização
expressa, constitui crime
contra o patrimônio,
sujeito o infrator à pena
de prisão (até cinco
anos) e multa (Lei n.º
8.176/90, Art. 2º).
Advertência; multa;
caducidade; anulação do
alvará (CM, Art. 63, 64,
65 e 66).
A extração do produto
mineral sem autorização
expressa, constitui crime
contra o patrimônio,
sujeito o infrator à pena
de prisão (até cinco
anos) e multa (Lei n.º
8.176/90, Art. 2º).
Advertência; multa;
caducidade; anulação do
alvará (CM, Art. 63, 64,
65 e 66).
A extração do produto
mineral sem autorização
expressa, constitui crime
contra o patrimônio,
sujeito o infrator à pena
de prisão (até cinco
anos) e multa (Lei n.º
8.176/90, Art. 2º). Fonte: Fabianovicz, 1998.
87
A outorga é o ato pelo qual a autoridade competente autoriza, concede ou
licencia, para determinado usuário, o direito de uso ou interferência no recurso hídrico e/ou
mineral (Silva, 1.999).
Existem, também, as exigências legais relacionadas ao meio ambiente,
tabela 22.
Tabela 22 - Exigências legais relacionadas ao meio ambiente.
TÓPICO LEGISLAÇÃO
Proteção ao meio ambiente CF, Art. 225, VII; Lei 4771/65, Art. 2º, I, II, II, Art.
3º, Art. 26; Lei 6.902/81, Art. 7º.
Estudo prévio de impacto
ambiental
CF, Art. 225, IV; Lei 6.938/81, Art. 10; Resolução
CONAMA 001/86, Art. 2º e 3º; Resolução
CONAMA 009 e 010/90.
Obrigatoriedade de recuperação CF, Art. 225, § 2º; Lei 6.938/81, Art. 14, IV; Dec.
97.632/88, Art. 1º.
Restrição às atividades
poluidoras
CF, Art. 225, III; CM, Art. 47; Lei 6.902/81; Dec.
89.336/84; Dec. 99.274/90. Fonte: Fabianovicz, 1998.
Apesar de a Constituição Brasileira assegurar o direito de propriedade,
estabelece, também, a sua função social (Art. 5º, inciso XXII e XXIII). Assim a
propriedade está sujeita às restrições de uso e ocupação, ficando subordinada à sua função
social e à defesa do meio ambiente (Art. 170).
De acordo com a Constituição Federal há diversos instrumentos legais de
planejamento urbano, tais como: Plano Diretor, Lei de Zoneamento de Uso e Ocupação do
Solo Urbano, Lei de Parcelamento do Solo Urbano, dentre outros.
O Art. 182 da Constituição Federal considera que a política de
desenvolvimento urbano deve ordenar as funções sociais da cidade e garantir o bem-estar
de seus habitantes. O Plano Diretor, obrigatório para cidades com mais de vinte mil
habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento.
A exploração de bens minerais sempre esteve associada à cobrança de
impostos. Entretanto o Brasil não dispõe de legislação específica sobre tributação na
mineração.
A retirada e o transporte irregulares de areia são crimes ambientais previstos
no Art. 55 da Lei de Crimes Ambientais ( Lei n.º 9.605 de 12.02.1.998, regulamentada em
21.09.1.999).
O Ministério de Minas e Energia está preparando um projeto de lei que trata
da criação da Agência Nacional de Mineração e revê a regulamentação atual do setor
mineral no Brasil. O processo de reestruturação do setor mineral engloba a transformação
do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) na agência regulatória do setor
88
mineral. A idéia, ainda, é reforçar a imagem da Companhia de Pesquisas de Recursos
Minerais (CPRM) como prestadora de serviços geológicos nesse processo (Caride, 1.999).
Quanto ao licenciamento ambiental, destacam-se como principais leis
federais de referência:
Lei 6938/81 – estabelece como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio
Ambiente o licenciamento e a revisão das atividades efetivas ou potencialmente
poluidoras.
Resolução CONAMA 001/86 – estabelece a exigência de elaboração de EIA/RIMA
para o licenciamento das atividades constantes do seu Art. 2º.
Resolução CONAMA 006/86 – trata dos modelos de publicação de pedidos de
licenciamento, em quaisquer de suas modalidades, sua renovação e respectiva
concessão de licença.
Resolução CONAMA 011/86 – altera e acrescenta atividades modificadoras do meio
ambiente apresentadas no Art. 2º da Resolução 001/86.
Resolução CONAMA 010/90 – estabelece critérios específicos para o licenciamento
ambiental de extração mineral da classe II.
Decreto n.º 99-274/90, Capítulo IV – trata do licenciamento ambiental de atividades
utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras,
bem como dos empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental.
5.6.3 Legislação na esfera estadual.
A partir da data da Regulamentação do Decreto Estadual n.º 8.468, ocorrida
em 08.09.1.976, ficaram sujeitos ao sistema de licenciamento:
Loteamentos.
Construção, reconstrução ou reforma de prédio destinado à instalação de uma fonte
de poluição.
Instalação de fonte de poluição em prédio já construído.
Instalação, ampliação ou alteração de uma fonte de poluição.
Para efeito de aplicação de licenciamento, consideram-se fontes de poluição
as atividades de extração e tratamento de minerais.
No que se refere à mata ciliar, a Constituição Estadual, seção I, Capítulo IV,
Art. 197, determina: são áreas de Proteção Permanente: II – as nascentes, os mananciais
e matas ciliares. Seção II, Art. 210 – Para proteger e conservar as águas e prevenir seus
efeitos adversos, o Estado incentivará a adoção de medidas pelos municípios no sentido: I
– da instituição de áreas de preservação das águas utilizáveis para abastecimento às
populações e da implantação, conservação e recuperação de matas ciliares.
A Portaria DEPRN (Departamento Estadual de Proteção de Recursos
Naturais) 11-89, estabelece normas para a exploração de florestas nativas primárias ou em
estados de regeneração e dá outras providências.
89
O Decreto Estadual n.º 34.663, de 26.02.1.992 dispõe sobre a exploração
agrícola das áreas de várzeas no estado de São Paulo.
O Conselho Estadual do Meio Ambiente, em sua 82ª Reunião Ordinária, ao
apreciar o relatório “Critérios de Exigência de EIA/RIMA para Empreendimentos
Minerários e Outras Providências”, elaborado pela Comissão Especial criada pela
Deliberação Consema 14/92, aprovou proposta de resolução com o objetivo de disciplinar
os procedimentos para o licenciamento ambiental de empreendimentos minerários.
A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo – SMA, através da
Resolução SMA – 32/95, instituiu um Grupo de Trabalho com vistas ao estabelecimento de
diretrizes específicas para o disciplinamento e licenciamento da atividade minerária no
Vale do Paraíba. Foram estabelecidas duas frentes de trabalho: Recuperação Ambiental e
Planejamento. A ênfase inicial dos trabalhos foi a extração de areia pela sua significância
na região, conforme já descrito.
A Resolução SMA-42, de 16.09.1.996 disciplina o Licenciamento
Ambiental dos empreendimentos de extração de areia na Bacia Hidrográfica do Rio
Paraíba do Sul.
O Conselho Estadual do Meio Ambiente, em sua 139ª Reunião Plenária
Ordinária, concluída a apreciação da “Proposta de Zoneamento Ambiental Minerário para
o trecho Jacareí-Pindamonhangaba” e da “Proposta de alteração da Resolução SMA 26/93”
sobre licenciamento de empreendimentos minerários, elaborados pela SMA com a
participação das Comissões Especiais de Mineração e de Avaliação de Impacto Ambiental,
aprovou e decidiu submeter à apreciação e à aprovação da Secretaria do Meio Ambiente as
minutas da Resolução SMA:
a – que estabelece o zoneamento regional ambiental da mineração de areia na várzea do
Rio Paraíba do Sul; e,
b – que dá nova redação à Resolução SMA 26/93, que estabelece as normas que
disciplinam os procedimentos para o licenciamento ambiental dos empreendimentos
minerários.
A Resolução SMA 3, de 22.01.1.999, dispõe sobre os procedimentos para o
licenciamento ambiental de atividades minerárias.
A Resolução SMA-32, de 04.07.1.995, institui o Grupo de Trabalho junto
ao Gabinete do Secretário, a fim de estudar e propor diretrizes para a disciplina das
atividades minerárias na bacia de drenagem do rio Paraíba do Sul.
A Resolução SMA-26/93, estabelece critérios de exigência de EIA/RIMA.
A Resolução SMA-66, de 20.12.1.995 disciplina a tramitação dos pedidos
de licença ambiental para os empreendimentos minerários.
90
5.6.4 Legislação na esfera municipal.
Rossete (1.996) apresenta algumas formas de inserir a atividade minerária
nos instrumentos de gestão municipal em áreas urbanas, tabela 23.
Tabela 23 - Algumas possibilidades de inserção da mineração em áreas urbanas nos
instrumentos legais municipais.
INSTRUMENTOS
LEGAIS CARACTERÍSTICAS
INSERÇÃO DA
MINERAÇÃO
Plano Diretor (CF, Art. 182)
Lei Orgânica (CF. Art. 29)
Instrumento básico da
política de desenvolvimento
e de expansão urbana.
Identificar áreas potenciais
para mineração e propor
zoneamentos minerais.
Lei de Ocupação e Uso do
Solo
Regulamenta a utilização do
solo em todo o território
municipal.
Regular a extração de
recursos naturais.
Lei de Parcelamento do Solo
Urbano (Lei Federal
6.766/79, modificada pela
Lei Federal 9.785 de
29.01.99)
Estabelece diretrizes para
projetos de parcelamento de
glebas urbanas, em
conformidade com interesses
municipais.
Fixar normas para evitar a
mineração em áreas urbanas
pela implementação de
projetos de parcelamento.
Código de Obras
Disciplina as edificações
com o fim de garantir
condições de higiene, saúde
e segurança.
Fixar normas técnicas para
edificações destinadas a
guardar equipamentos e
combustíveis utilizados pela
mineração.
Código Tributário Estabelece a política
municipal de tributação.
Prever incentivos tributários
e cobrança de contribuição
para atividade de mineração.
Legislação Orçamentária
Estabelece diretrizes
orçamentárias, prevendo
receitas e fixando as
despesas necessárias.
Prever a origem e aplicação
de recursos financeiros em
projetos de controle
ambiental na mineração. Fonte: Rossete, 1996, p.102.
91
Resumimos a legislação joseense na tabela 24.
Tabela 24 - A legislação municipal de São José dos Campos.
SÃ
O J
OS
É D
OS
CA
MP
OS
LEGISLAÇÃO CONTEÚDO
Lei n.º 2.495/81 de 17
de agosto de 1.981.
Autoriza a Prefeitura Municipal a proibir a extração de areia do rio
Jaguari.
Art. 1º - Fica o Poder Executivo autorizado a proibir a extração de
areia do rio Jaguari.
Lei n.º 3.666/89 de 14
de novembro de 1989.
Dispõe sobre a exploração de minerais em leitos de rios no
Município e dá outras providências.
Lei n.º 3.337/89 de 14
de novembro de 1989.
Dispõe sobre a exploração de minerais, pelo processo de cava, no
Município e dá outras providências.
Lei n.º 3.974 de 06 de
junho de 1.991.
Art. 1º - Fica suspenso, em todo território do Município, pelo prazo
de 30 (trinta) dias, todo e qualquer tipo de extração de areia em rios
ou cursos d’água.
§ 1º - O prazo aqui fixado terá fluência a partir do início da vigência
desta lei.
§ 2º - O disposto neste artigo não se aplica aos extratores de areia
que estiverem operando de acordo com a legislação vigente
aplicável à espécie.
Art. 2º - As partes interessadas deverão, durante o prazo
estabelecido no artigo anterior, encontrar e aplicar as soluções para
os problemas decorrentes da extração de areia.
Lei n.º 4.636/94 de 26
de outubro de 1.994.
Estabelece normas para evitar a poluição do Rio Paraíba e demais
cursos d’água do Município.
Art. 1º - As indústrias que se utilizarem de recursos hídricos,
situados no território do Município, somente poderão efetuar
despejos industriais a montante de sua respectiva captação.
Lei Complementar n.º
124/95 de 10 de maio
de 1.995.
Dispõe sobre alteração da redação do art. 213 da Lei Complementar
n.º 056 de 24/07/92.
SEÇÃO IV – DAS DIRETRIZES ESPECÍFICAS DO
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO MINERÁRIO.
Art. 10 – A política do desenvolvimento econômico minerário
municipal observará as seguintes diretrizes:
I – Promover a elaboração do Plano Minerário do Município,
integrando neste processo a participação dos Municípios do Médio
Vale do Paraíba.
II – Promover a regulamentação do zoneamento minerário baseada
nas diretrizes estabelecidas no “Plano Minerário”.
III – Fazer gestões junto ao Governo Federal para ampliação da
ação fiscalizatória, objetivando incrementar a arrecadação e
diminuir a evasão de receita.
Lei Orgânica do
Município São José
dos Campos – SP.
Atualizada até a
Emenda à Lei
Orgânica n.º 51, de
março de 1.997.
Art. 259 – As áreas de várzea serão destinadas apenas para a
agricultura, evitando a especulação imobiliária, a construção de
indústria e os loteamentos.
92
Temos referência na Lei Complementar n.º 124/95, de 10 de maio de 1.995,
Seção IV, Das diretrizes específicas do desenvolvimento econômico minerário, Art. 10º - A
política do desenvolvimento econômico minerário municipal observará as seguintes
diretrizes:
I – Promover a elaboração do Plano Minerário do Município, integrando neste
processo a participação dos Municípios do médio Vale do Paraíba.
II – Promover a regulamentação do zoneamento minerário baseada nas diretrizes
estabelecidas no “Plano Minerário”.
III – Fazer gestões junto ao Governo Federal para ampliação da ação
fiscalizatória, objetivando incrementar a arrecadação e diminuir a evasão de receita.
Pela sua especificidade e importância, transcrevemos, no anexo 1, as Leis
3.666/89, Exploração de minerais em leitos de rios, e a Lei 3667/89, Exploração de
minerais pelo processo de cava.
Em Jacareí, a atividade extração de minerais, está sob a Lei Municipal n.º
2.811, de 29 de agosto de 1.990, que dispõe sobre a exploração de minerais definidos pela
legislação federal como integrantes da classe II; de argilas e de calcário dolomítico e dá
outras providências.
Em Caçapava, a legislação conta com as Leis Complementares:
N.º 16, de 09.10.1.990, que dispõe sobre a exploração de minerais no leito de cursos
d’água e no solo, e dá outras providências.
N.º 25, de 08.07.1.991, que dispõe sobre nova redação do inciso VII, do § único, do art.
7º, da Lei Complementar n.º 16.
N.º 27, de 23.07.1.991, que dispõe sobre nova redação à alínea “a”, do inciso II, do
artigo 7.º, da Lei Complementar n.º 16.
N.º 45, de 30.12.1.992, que dispõe sobre alterações em dispositivos da Lei
Complementar n.º 16.
O art. 7º, da Lei Complementar n.º 16, é o que trata da obtenção da licença
de instalação de atividade de exploração de minério.
5.6.5 Abrindo uma empresa mineradora de areia.
O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo
– SEBRAE-SP, informa que para exercer essa atividade a empresa deverá:
Ser registrada como empresa mercantil.
Informar-se sobre o tratamento dado pelo ICMS.
Obter autorização do DNPM.
Obter informações no INFOMINE, do SEBRAE, na parte de textos técnicos
(mineração de areia lavada).
Consultar o IPT.
93
Em se tratando de areia para uso imediato na construção civil, o proprietário do solo
tem prioridade na exploração do recurso mineral, caso contrário, deve-se obter a sua
autorização expressa (Código de Mineração).
Obter das autoridades municipais do local de situação da jazida a outorga da licença
específica, a qual deverá ser registrada na DNPM.
Contar com um responsável técnico registrado no CREA, engenheiro de minas,
geólogo ou técnico de mineração.
A mineração de areia pode ser realizada em leito de cursos de água, em
planícies aluvionares, terrenos colinosos, morros e morrotes. As operações realizadas em
cada um desses ambientes guardam várias semelhanças, envolvendo operações específicas
e comuns a todos os tipos de mineração.
Na mineração em leito de cursos de água e em planície aluvionar são
realizadas as seguintes operações:
Estabelecimento de porto de areia onde são colocados:
Silos.
Oficinas de apoio.
Pátio de estocagem.
Escritório.
Instalações de higiene.
Dragagem: Barcaça com bomba/draga para bombeamento da areia (uma tubulação é
colocada no fundo do curso de água e, através da bomba, a areia é sugada e transferida
para outra embarcação que fará o transporte).
Transporte: feito por outra barcaça ou chata até as proximidades do porto.
Transferência da areia para o silo: através de bombeamento por tubulação metálica
usando outra bomba colocada na margem do curso de água.
Peneiramento: sobre o silo pode existir uma peneira para reter seixos e restos vegetais
que possam ter sido sugados junto com a areia.
Silagem: a areia vai sofer decantação no silo e deverá ser descartada a água com a areia
mais fina.
Estocagem e transporte externo: a areia a ser comercializada é retirada do silo por
caminhões.
Instalações de apoio:
Oficina de manutenção e caldeiraria.
Escritório.
Refeitório.
Instalação de higiene.
Ambulatório.
Existem dois procedimentos legais independentes que regulamentam o
aproveitamento econômico de depósitos de areia:
Regime de autorização/concessão.
Regime de licenciamento.
94
Para obter a autorização/concessão é preciso:
Requerimento de pesquisa, elaborado por técnico habilitado, ao DNPM.
Relatório de pesquisa mineral com definição da jazida, sua avaliação e
viabilidade do seu aproveitamento econômico.
Após a publicação da aprovação desse relatório pelo DNPM:
Apresentação de requerimento de autorização de lavra, com plano de
aproveitamento econômico (Plano de Lavra).
Estudos de impacto ambiental dentro dos parâmetros estabelecidos
pela Secretaria do Meio Ambiente.
Após a publicação da portaria de lavra, da emissão de posse da jazida e
obtenção de licenças de instalação e funcionamento nos órgãos ambientais, pode-se iniciar
a lavra.
No regime de licenciamento, a obtenção do direito de mineração exige:
Obtenção de certidão de uso de solo, esclarecendo a inexistência de impedimentos
legais para implantação do empreendimento.
Apresentação de requerimento à Prefeitura Municipal, acompanhado de escrituras
do terreno ou autorização do proprietário.
Protocolamento da licença da Prefeitura no DNPM, para garantir a prioridade da
área.
Solicitação de licença de instalação e de funcionamento na CETESB que poderá
exigir um Relatório de Controle Ambiental e Plano de Controle Ambiental.
Preciso estar atento às várias alterações que a legislação sobre mineração
vem sofrendo no últimos anos. O novo Código de Mineração (Lei n.º 9.314, de
14.11.1.996, DOU 18.11.1.996) está em vigor desde 17/01/1.997 e várias portarias têm
sido publicadas para esclarecer o seu conteúdo. Também existem outros documentos legais
que precisam ser considerados. Uma consulta ao NRI-SP/IPT, pelo telefone 011-2682211,
ramal 23, pode ser de grande utilidade ao candidato a empresário da mineração.
5.6.6 O licenciamento ambiental.
O empresário deve saber que, a Lei 6.938/81, Art. 9º, inciso III, instituiu o
licenciamento ambiental (Cunha e Guerra, 1.999) e, no caso de empreendimentos que
exijam desmatamento, é preciso obter uma autorização do órgão estadual de florestas e que
para empreendimentos de extração mineral é necessário que o DNPM aprove o Plano de
Aproveitamento Econômico apresentado pela empresa além do cumprimento de outras
etapas.
A partir da data da regulamentação do Decreto Estadual n.º 8.468, ocorrida
em 08.09.1.976, as atividades de extração e tratamento de minerais ficaram sujeitos ao
95
sistema de licenciamento. Trata-se de um instrumento prévio de controle ambiental para o
exercício legal de atividades modificadoras do meio ambiente. As licenças ambientais são
fornecidas pelos órgãos estaduais de meio ambiente ou pelo IBAMA, em caráter supletivo
ou para aquelas atividades que, por lei, são de competência federal.
A CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, órgão
vinculado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SMA, tem como atribuições
principais a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente no estado de São Paulo,
com base na Lei Estadual n.º 997/76 e seu Regulamento aprovado pelo Decreto Estadual
n.º 8.468/76. No exercício dessas atribuições, a CETESB atua correlativamente nos
estabelecimentos industriais considerados regularmente existentes à data da publicação do
Regulamento já mencionado e, preventivamente, por meio do licenciamento, nos
estabelecimentos criados desde então.
O sistema de licenciamento implantado na CETESB tem como principal
objetivo o controle preventivo de fontes de poluição ambiental, estabelecidas a partir de 8
de setembro de 1.976. A Resolução CONAMA n.º 237, de 19 de dezembro de 1.997, rege
a matéria.
Entretanto, o sistema atual de licenciamento de fontes de poluição está
sujeito a alterações. De acordo com a Lei Estadual n.º 9509, aprovada em 20 de março de
1.997, que dispõe sobre a política estadual de meio ambiente, seus fins e mecanismos de
formulação e aplicação, estão previstas duas alterações básicas:
adoção de três tipos de licenças: prévia (LP), de instalação (LI) e de operação (LO).
as licenças passam a ser renováveis, não tendo caráter definitivo, como dispõe a Lei
Estadual 997/76 e ser Regimento.
O citado diploma legal precisa, ainda, ser regulamentado para viabilizar sua aplicação.
Licença Prévia (LP)
Concedida na fase preliminar do planejamento da atividade, contém
requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação,
observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo.
Sua emissão ocorre após a aprovação do EIA/RIMA; é um instrumento
indispensável para solicitação de financiamento e obtenção de incentivos fiscais.
Para orientar a elaboração do EIA e do RIMA, o DAIA – Departamento de
Avaliação de Impacto Ambiental) fornece ao empreendedor um Termo de Referência –
documento que estabelece o escopo mínimo que o EIA e o RIMA devem contemplar, além
das questões pontuais mais importantes.
Os documentos expedidos pelo DAIA, segundo estabelece a legislação (Lei
Estadual n.º 9.477, de 30.12.1.996, a Lei Kito Junqueira; alterada pela Lei Estadual n.º
9.509, de 20.03.1.997, a Lei Trípoli), são:
96
TR: Termo de Referência.
LP: Licença Ambiental Prévia – define a viabilidade ambiental do empreendimento.
LI: Licença de Instalação – define as condições para a implantação do
empreendimento.
LO: Licença de Operação – define as condições e concede permissão para que o
empreendimento possa operar.
Parecer de Indeferimento.
A finalidade da LP é estabelecer condições tais que o empreendedor possa
prosseguir com a elaboração do seu projeto. Corresponde a um comprometimento por parte
do empreendedor de que suas atividades serão realizadas observando os pré-requisitos
estabelecidos pelo órgão de meio ambiente.
Essa licença não autoriza o início de qualquer obra ou serviço no local do
empreendimento e tem prazo de validade determinado.
Licença de Instalação (LI)
A licença de instalação é o documento expedido pela CETESB, que permite
a instalação de uma determinada fonte de poluição em um determinado local, desde que
atenda às imposições legais.
Na análise da solicitação de LI são considerados fatores como critérios
ambientais, características do local, diretrizes municipais e estaduais de uso e ocupação do
solo, de maneira que, agindo preventivamente, seja evitada a ocorrência de problemas de
poluição ambiental no futuro. A LI pode ser expedida com ou sem exigências técnicas que
devem ser cumpridas por ocasião do início de operação da empresa.
Documentação necessária para uma LI
Os formulários necessários para formalizar o pedido das licenças da
CETESB são distribuídos gratuitamente nas Agências Ambientais.
A documentação necessária para formalizar o pedido de licença de
instalação é constituída de:
Impresso denominado “Solicitação de”, utilizado para quaisquer pedidos de
Licenças, Certificados ou Pareceres.
Comprovante de pagamento de preço para expedição de licença.
Procuração, quando for o caso.
Memorial de Caracterização do Empreendimento – MCE – GERAL.
Disposição física dos equipamentos (lay-out).
Plantas baixas, de corte e de fachadas.
Certidão da Prefeitura Municipal local, especificando as diretrizes de uso do solo e
aprovando a instalação da empresa.
97
Certidão do órgão responsável pelo serviço de distribuição de água e coleta de
esgotos.
Impresso MCE – Resíduos Industriais – Folha Adicional, com informações sobre
geração, composição e destinação de resíduos industriais.
Publicação em Diário Oficial do Estado de São Paulo.
Publicação em um periódico, em que seja informado o ato de solicitação da Licença
de Instalação.
A LI é concedida, então, após a análise e aprovação do projeto executivo e
de outros estudos (PCA – Plano de Controle Ambiental; RCA – Relatório de Controle
Ambiental; PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas), que especificam os
dispositivos de controle ambiental, de acordo com o tipo, porte, características e nível de
poluição da atividade e de recuperação de áreas degradadas.
Licença de operação (LO)
A Licença de Operação é o documento que autoriza o início das atividades
de determinada fonte de poluição que deve, previamente, ter recebido a LI.
Quando a comprovação do atendimento à(s) exigência(s) técnica(s), exigir o
funcionamento ou operação da fonte de poluição, para verificação do sistema de controle
adotado, pode ser expedida uma LO a título precário.
A LO não será expedida se, por ocasião da vistoria técnica no local,
constatar-se alguma das seguintes situações:
As exigências técnicas constantes da Licença de Instalação não estiverem totalmente
cumpridas.
As instalações e atividades não corresponderem às mencionadas no Memorial de
Caracterização do Empreendimento - MCE, apresentado pelo interessado, por
ocasião do pedido de Licença de Instalação.
Quando não houver possibilidade de se instalar todos os equipamentos
constantes do MCE, faculta-se ao interessado solicitar Licença de Funcionamento Parcial,
apenas para a parcela do empreendimento efetivamente implantada.
Documentação necessária para uma LO
A documentação necessária para formalizar o pedido de LO é constituído
de:
Impresso denominado “Solicitação de”.
Comprovante de pagamento de preço para expedição de licença.
Publicações no Diário Oficial do Estado e em um outro periódico sobre a solicitação da
Licença de acordo com os modelos de publicações aprovados através da Resolução
CONAMA 006/86.
98
Estudo ambiental contendo projetos executivos de minimização de impacto ambiental,
para empreendimentos instalados antes da entrada em vigor da Resolução CONAMA
001/86, com vistas a seu enquadramento às exigências de licenciamento ambiental.
Esse estudo é exigido, da mesma forma, para empreendimentos instalados
irregularmente, após a publicação da referida Resolução.
Relatório técnico de vistoria confirmando se os sistemas de controle ambiental
especificados na LI foram efetivamente instalados.
Parecer técnico do órgão de meio ambiente sobre o pedido de LO. Contém
condicionantes para continuidade da operação do empreendimento e prazo de validade
da LO.
Outros tipos de licença
Relatório Ambiental Preliminar (RAP) - o DAIA analisa os empreendimentos sujeitos
ao licenciamento ambiental através da avaliação de impacto ambiental. Ao solicitar
esse licenciamento, o empreendedor deverá entregar o RAP – Relatório Ambiental
Preliminar. Para orientar a elaboração desse documento técnico o DAIA coloca à
disposição dos interessados vários manuais, organizados por tipo de empreendimento.
O RAP, enquanto primeiro documento para o licenciamento, instrumentaliza a decisão
quanto à exigência ou dispensa de EIA-RIMA, para obtenção de Licença Prévia.
Quando o EIA e RIMA são exigidos, o documento seguinte que deve ser entregue pelo
empreendedor, é o Plano de Trabalho. Por último, o EIA e o RIMA, documentos mais
complexos, cuja elaboração também é de responsabilidade do empreendedor.
Licença de Pré-Operação – criada pelo IBAMA para a fase de teste dos equipamentos
de controle da poluição, de curto prazo, concedida de acordo com as características do
projeto.
Plano de Controle Ambiental (PCA) – Resolução CONAMA 009/90 e 010/90, trata da
exigência de apresentação do Plano de Controle Ambiental (PCA) para a obtenção da
LI de atividades de extração mineral das classes I a IX (Decreto Lei 227/67), o qual
conterá os projetos executivos de minimização dos impactos ambientais avaliados na
fase da LP.
Relatório de Controle Ambiental (RCA) – Resolução CONAMA 010/90, exige a
apresentação do RCA para a obtenção de LP, no caso de dispensa de EIA/RIMA (Art.
3º, § único), para atividade de extração mineral da classe II (Decreto Lei 227/67).
Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRA) – ABNT-NBR 13.030, fixa as
diretrizes para a elaboração e apresentação de PRA pelas atividades de mineração.
Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental (TAC) - Criado através da Medida
Provisória n.º 1.710/98 (e versões posteriores), com o objetivo de permitir que as
pessoas físicas ou jurídicas procedam às correções necessárias para o atendimento das
exigências impostas pelas autoridades ambientais competentes. Em termos práticos, ela
abriu a possibilidade da assinatura de TAC’s para empresas em funcionamento ilegal,
dentro de alguns princípios gerais: o prazo de vigência do TAC poderá, em função da
complexidade das obrigações nele fixadas, variar de, no mínimo, 90 dias, até o máximo
de cinco anos, com possibilidade de prorrogação por igual período. A Secretaria do
Meio Ambiente emitiu a Resolução n.º SMA 66, de 18.08.1.998, restringindo o prazo
de cinco para três anos e estabelecendo outros condicionantes para a assinatura do
termo. A partir da protocolização do requerimento de TAC pelo interessado e,
99
enquanto perdurar a vigência do termo, ficam suspensas a aplicação e a execução de
sanções administrativas relacionadas aos fatos que deram causa à celebração do
referido instrumento.
A legislação não prevê PCA, RCA e PRAD para outras atividades que não
estejam na categoria “extração mineral”.
5.6.7 Tributos sobre o setor mineral.
Os principais tributos sobre o setor mineral, podem ser divididos em dois
tipos: os que incidem sobre a receita e os que incidem sobre o lucro, tabela 25.
Receita: ICMS, PIS, COFINS, IPI (imposto federal que incide sobre o valor
adicionado gerado na transformação e no processamento industrial), IOF (imposto
federal, envolvendo o ouro, como ativo financeiro).
Lucro: Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre
o Lucro (CSL).
Tabela 25 - Tributos sobre o setor mineral.
ENCARGOS ICMS IRPJ
Definição
Imposto sobre operações relativas à
circulação de mercadorias e sobre
prestação de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de
comunicações; CF, Art. 155
Imposto de Renda sobre Pessoa
Jurídica.
Incidência
Sobre operações relativas à
circulação de mercadorias e às
prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de
comunicações
Incide sobre pessoas jurídicas e tem
como base o lucro tributável.
Alíquotas 7 a 18 % em função da natureza das
operações. 25%
Distribuição 75 % Estado
25% Municípios União
A Constituição Federal de 1.988, em seu artigo 195, estabelece que a
seguridade social deve ser financiada pela sociedade mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das contribuições
sociais dos empregadores, trabalhadores e da receita de concursos de prognósticos
(loterias), tabela 26.
100
Tabela 26 - Tributos sobre o setor mineral - Contribuições Sociais.
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
Encargos PIS CONFINS CSL
Definição
Programa de Integração
Social; Lei Complementar
n.º 7, de 07.09.70.
Contribuição Financeira de
Seguridade Social; Lei
Complementar n.º 70, de
30.12.93.
Contribuição Social
sobre o Lucro; Lei
n.º 7.689, de
15.12.88.
Incidência Sobre a receita operacional
bruta da empresa. Sobre a receita bruta.
Sobre o lucro
líquido antes do
imposto de renda.
Alíquota
Contribuição mensal de
0,65%; Decreto-Lei n.º
2.445, de 29.06.88 e
Decreto-Lei n.º 2.449, de
21.07.88.
Taxa de 3%
(Há uma ADIN – Ação
Direta de
Inconstitucionalidade no
STF contra a União, ainda
não julgada).
8%
No dia 30.06.1.999 o Supremo Tribunal Federal derrubou a imunidade da
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) de diversos setores,
entre eles o da mineração (Izaguirre, 1.999).
Relacionados com o regime de autorizações e concessões minerais temos,
ainda, os seguintes encargos: pagamento de taxas e emolumentos ao DNPM sobre os
títulos e áreas concedidas e o pagamento da participação ao proprietário do solo pelas
atividades de produção mineral praticada em terreno de terceiros.
Outra figura que onera a mineração é a CFEM (CF, Art. 20; Leis
n.º7.990/89 e 8.001/90 e Decreto n.º 01/91). Mesmo não sendo definida como um imposto,
a CFEM é vista como tal, pois tem base de cálculo definida, alíquotas e prazo para
recolhimento e tem definição do sujeito passivo.
O percentual da CFEM é calculado sobre o valor do faturamento líquido e
varia em função da substância mineral. O faturamento líquido citado é obtido deduzindo-se
do total das receitas de venda os tributos incidentes sobre a comercialização do produto
mineral, as despesas de transporte e de seguro. No caso da substância mineral consumida,
transformada ou utilizada pelo próprio titular, considera-se como faturamento líquido o
valor industrial.
Embora variável em função do bem mineral (CFEM) e destino das vendas
(ICMS) a oneração fiscal e extrafiscal sobre o valor de venda pode chegar a 24,65% =
(18% de ICMS) + (3% de CFEM) + (3% de COFINS) + (0,65% de PIS).
101
5.7 O potencial areeiro do rio Paraíba do Sul.
Entende-se por potencial mineral a possibilidade de uma dada área conter a
concentração de um ou mais bens minerais em condições econômicas de explotação
(Bistrichi, 1.993).
A identificação do potencial mineral de areia na várzea do Paraíba do Sul
foi primeiramente estudado pelo Instituto Geológico que concluiu o relatório “Paraíba do
Sul – Potencialidade de Areias”, em julho de 1.997.
A CPLA – Coordenadoria de Planejamento Ambiental elaborou, então, o
mapa de uso do solo para a área definida como de potencial mineral.
Verificou-se que os municípios com maior número de empreendimentos de
mineração de areia estavam no trecho Jacareí – Pindamonhangaba, anexos 22 e 24.
O rio Paraíba do Sul se constitui num sistema fluvial meandrante cujo canal
descreve vários caminhos ao longo de um cinturão meândrico e, às vezes, até o abandona,
por avulsão, e escapa pela várzea de inundação onde irá construir um outro cinturão.
Alguns elementos geomorfológicos desse tipo de sistema, tais como barras de pontal,
diques marginais e canais abandonados, constituíram-se em referências básicas, ou guias
para se proceder à reconstituição dos vários caminhos do canal fluvial meandrante do rio
Paraíba do Sul em tempos pré-atuais (anexos 20, 21, 22 e 23).
As últimas trajetórias dos canais foram recuperadas em cada compartimento
para efeito de se obter o grau de sinuosidade, considerando-se como atuais aquelas
trajetórias ativas até a década de 50, quando tiveram início as retificações antrópicas. No
compartimento Jacareí, o sistema fluvial atual é de baixa sinuosidade, não meandrante.
Porém trajetórias pretéritas reconstituídas e variações de fácies dos depósitos representam
indícios de que, outrora, foi meandrante. Nos demais compartimentos, tanto as trajetórias
atuais, como as pretéritas, assim como as características das fácies sedimentares, apontam
para a permanência de regime fluvial meandrante.
Cinturões meândricos construídos ao longo do tempo, pelo processo de
avulsão, definida principalmente pela fotointerpretação geológica e complementada pelos
trabalhos de campo, representou critério determinante para delimitação da zona de
potencial de areia, tendo em vista que representam construções iminentemente arenosas
dos vários caminhos do canal fluvial do rio Paraíba do Sul, em épocas pré-atuais. O pacote
arenoso apresenta espessura decrescente de montante para jusante, variando de 18 a 28 m
no Compartimento Jacareí, de 12 a 16 m no Compartimento Eugênio de Melo, de 8 a 10 m
no Compartimento Quiririm e de 4 a 6 m no Compartimento Roseira. Acompanhando a
variação da espessura, a compartimentação da bacia aluvial também exerceu controle sobre
a granulometria dos depósitos, reservando para o Compartimento Jacareí termos arenosos
mais grossos, gradando para termos mais finos em direção ao Compartimento Roseira
(SMA, 1.998).
A área de potencial de areia definida para fins de planejamento e gestão de
recursos minerais, constitui apenas o alvo inicial de uma prospecção mineral, necessitando
102
de trabalhos de pesquisa complementares e sistemáticos, caso se pretenda configurar
corpos de minério, anexo 26. Essa área, que representa o cinturão meândrico reconstituído,
ocupa uma superfície de 202 km2, enquanto que a planície aluvial (inclusive tributários)
abrange cerca de 369 km2. A relação entre as duas zonas é de cerca de 53%, confirmando a
alta potencialidade para areia, da várzea do rio Paraíba do Sul.
A atividade de mineração que se concentra nesses cinturões, por aí
predominarem as construções arenosas, é representada por portos, principalmente em cavas
submersas ao longo da várzea, que lavram a areia através de dragagem. À época do
levantamento de campo realizado - out./nov. 1.996 - (SMA, 1.998), foram identificados
138 empreendimentos minerários, dos quais 93 ativos, cuja maior concentração ocorre nos
municípios de Caçapava e Tremembé. A superfície total ocupada pelas cavas representava,
nessa ocasião, cerca de 10 km2, enquanto que a área coberta por vegetação remanescente,
em especial a de porte arbustivo, era de cerca de 15 km2.
As substâncias minerais mais freqüentes na área de São José dos Campos
são as areias quartzosas, secundadas pelas argilas, anexos 23 e 24. O maior número de
minas ativas de areias estavam situadas em terraços e várzeas dos rios Paraíba do Sul e
Jaguaribe. Procedem da Seqüência Vale do Paraíba, e sua explotação se dá
predominantemente na forma de cavas. Várias extrações ocorrem também no leito ativo do
rio Paraíba do Sul, apresentando para esses mineradores maiores vantagens em relação à
constante renovação de reservas, fato que não ocorre com aquelas situadas nos terraços,
cujas reservas são limitadas (Bistrichi, 1.993).
O cascalho quartzoso da Seqüência Vale do Paraíba pode ser utilizado para
revestimento primário de estradas vicinais ou vias públicas não-pavimentadas, bem como
na forma de material ornamental e/ou agente filtrante.
5.8 Identificação das mineradoras de areia.
Para a elaboração deste trabalho utilizamos como critério para identificação
das empresas mineradoras de areia aquelas associadas ao Sindicato das Indústrias de
Extração de Areia do Estado de São Paulo – SINDAREIA e que tinham atividades
extrativas localizadas na área de estudo; foram 65 as empresas selecionadas.
5.8.1 Descrição das principais mineradoras de areia e seu estágio evolutivo
em relação ao sistema de gestão ambiental.
Segundo a ABNT-NBR ISO 14.001:1996, § 3.5, define-se sistema de gestão
ambiental como:
“a parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional, atividades de
planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para
desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental”.
103
Às 65 empresas enviamos um questionário padrão, com a garantia de
manutenção de sigilo quanto a sua identificação e dados individuais, e o resultado é o que
segue:
Questionários distribuídos: 65.
Questionários retornados preenchidos: 3.
Percentual de respostas: (3/65) 100 = 4,6%.
Devido ao baixo percentual da amostragem, apesar do seguimento atendo,
não foi possível completar o estudo e, portanto, não há resultados nem conclusões.
O interessante, no caso, foi que notamos, desde o início, uma retração muito
grande dos empresários sobre o tema da pesquisa, mostrando-se bastante ressabiados com
o trabalho que estávamos executando.
Assim, apresentamos a seguir, apenas o formulário que lhes foi distribuído,
figura 14 e tabela 27.
QUESTIONÁRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL.
Os primeiros dados solicitados foram os da figura 14:
Est
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info
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ina
l.
RAZÃO SOCIAL
Endereço
Cidade
CEP
Tel. Fax. e-mail
Responsável pelo preenchimento:
Cargo:
Capacidade
produtiva da empresa
Instalada: Utilizada:
Principais praças consumidoras:
Processo de extração
utilizado Cava Leito do rio Desmonte hidráulico
Figura 14 - Identificação das mineradoras.
104
Tabela 27 - Resultado da pesquisa sobre sistema de gestão ambiental.
1 – Política de meio ambiente.
A empresa não tem política de meio
ambiente. Ainda não se pensou
nisso, nem na sua importância.
1 2 3 4 5 N
A
A política de meio ambiente
expressa o comprometimento da alta
gerência com a melhoria contínua
do desempenho ambiental da
empresa e está claramente definida,
documentada e divulgada para todos
os empregados.
2 – Aspectos ambientais.
A empresa não acredita ser
necessário identificar se suas
atividades causam impactos sobre o
meio ambiente.
1 2 3 4 5 N
A
Como parte do processo de
identificação dos aspectos
ambientais, a empresa já identificou
suas atividades, produtos e serviços
considerados críticos por poderem
causar impactos ambientais
adversos ao meio ambiente da
região onde opera.
3 – Requisitos legais.
A empresa não identificou a
legislação ambiental aplicável.
Quando necessita informação a
respeito, são feitas consultas
específicas aos órgãos competentes.
1 2 3 4 5 N
A
Leis, decretos, resoluções e
portarias, federais, estaduais e
municipais, assim como códigos e
práticas setoriais relativas à
qualidade ambiental, estão
documentados, são periodicamente
atualizados e divulgados em toda
empresa.
4 – Objetivos e metas.
No planejamento da empresa para
os próximos anos, não estão
previstas implementações de ações
relativas ao meio ambiente.
1 2 3 4 5 N
A
Baseando-se na política de meio
ambiente e nos seus aspectos
ambientais considerados críticos, a
empresa estabeleceu seus objetivos
e metas ambientais
5 – Gestão da qualidade do ar, da água, resíduos e produtos perigosos.
A empresa ainda não exerce o
controle de suas emissões para o ar
e a água lançada no corpo receptor;
considera impossível produzir sem
lixo, não realiza gestão sobre os
produtos perigosos que utiliza e não
realiza gestão do consumo de água
e energia, visto que estes recursos
são abundantes na região.
1 2 3 4 5 N
A A empresa implementou programa
de gestão da qualidade do ar e da
água; implementou um processo de
racionalização do consumo de água
e energia; reutiliza e/ou recicla seus
resíduos e possui inventário de
produtos perigosos e os empregados
são treinados para o seu manuseio.
105
continuação
6 – Alocação de recursos.
A empresa não tem disponibilidade
de recursos financeiros e/ou
humanos para investir em meio
ambiente.
1 2 3 4 5 N
A
A empresa vem periodicamente,
alocando recursos financeiros, e/ou
físicos e/ou humanos para investir
na melhoria de seu desempenho
ambiental.
7 – Atribuições e responsabilidades.
A empresa vem operando com um
quadro de empregados muito
reduzido. Não há como atribuir
responsabilidades ambientais aos
empregados.
1 2 3 4 5 N
A
A empresa atribuiu
responsabilidades ambientais aos
seus empregados. A avaliação de
desempenho de seus gerentes e
líderes inclui requisitos da qualidade
ambiental.
8 – Conscientização e treinamento.
No momento a empresa não dispõe
de recursos para treinamento.
1 2 3 4 5 N
A
A empresa investe continuamente
em programas de treinamento e no
processo de conscientização de seus
empregados.
9 – Comunicação interna.
Não há sistema formalizado de
comunicação interna para dar
ciência aos seus empregados e/ou
aos acionistas dos fatos e dados
relativos às questões ambientais na
empresa.
1 2 3 4 5 N
A
A empresa tem um sistema de
comunicação interna. A política de
meio ambiente, os objetivos e metas
ambientais e os planos da empresa
são conhecidos por todos os
empregados.
10 - Documentação
A empresa não possui um sistema
de documentação, registros ou
cadastros relativos ao meio
ambiente.
1 2 3 4 5 N
A A empresa mantém um sistema de
informações atualizado, inclusive
um Manual de Gestão Ambiental.
11 – Controle operacional.
O controle operacional das
atividades e/ou processos da
empresa está voltado
exclusivamente para o seu
“negócio” específico, isto é, par
o(s) seu(s) produto(s).
1 2 3 4 5 N
A Existem procedimentos e instruções
de trabalho específicos para todos
os processos, atividades e tarefas
caracterizados como
ambientalmente críticos na empresa.
106
continuação
12 – Ações de emergência.
Caso venha a ocorrer um acidente
grave na empresa, os empregados
devem acionar o Corpo de
Bombeiros e/ou o Pronto Socorro
mais próximo, e/ou a Delegacia de
Polícia da região. Na história da
empresa não há registros de
acidentes graves.
1 2 3 4 5 N
A O plano de ação de emergência
existente na empresa abrange ações
para prevenir e minimizar os
impactos ambientais adversos. Os
empregados são periodicamente
treinados para agir frente às
situações de emergência.
13 – Medições.
A empresa só realiza medições e
monitoramento se exigidos pelo
órgão ambiental competente.
1 2 3 4 5 N
A
A empresa realiza medições e
monitoramentos periódicos do seu
desempenho ambiental, para
implementar as ações corretivas e
preventivas que se façam
necessárias e melhorar
continuamente seus resultados.
14 – Avaliações ambientais.
A empresa ainda não realiza
avaliações do seu desempenho
ambiental.
1 2 3 4 5 N
A
A empresa realiza avaliações
periódicas, documentadas, do seu
desempenho ambiental.
15 – Melhoria contínua.
A empresa não tem uma sistemática
que lhe permita avaliar a
consistência de sua política, de seus
objetivos e metas e/ou de suas
ações, com relação aos requisitos
legais, e/ou aos requisitos e
tendências de mercado.
1 2 3 4 5 N
A A empresa revisa periodicamente
sua política, objetivos e metas
ambientais, a partir dos resultados
das medições, monitoramentos e das
avaliações ambientais.
Adaptado de: SEBRAE, Gestão ambiental; compromisso da empresa, São Paulo: SEBRAE, fascículo 4, 10.04.1.996, p. 4..
107
CAPÍTULO V
6 O CONFLITO DE INTERESSES.
6.1 A questão da energia.
O consumo de areia de construção até o ano 2.000, na região metropolitana
paulista é de 130.000.000 m3 contra uma reserva, na área, de apenas 80.000.000 m
3. O
déficit será coberto mediante transporte desde distâncias cada vez mais crescentes.
Atualmente já são, em média, de 80 km. O consumo de energia é da ordem de 3MJ/tkm
(frete sem retorno em caminhão com capacidade de transporte relativamente baixa entre 8
e 15 t). O transporte adicional de 100 km representa um consumo de energia térmica
equivalente a 83,3 kWh/t (Bucher, 1.986).
O concreto de cimento Portland é o material de construção de maior uso e
difusão no mundo inteiro. A utilização técnica de um material só se justifica em função da
sua relação custo/benefício, o conteúdo de energia ou energia embutida durante a
manufatura é o principal componente do seu custo. Aqui reside basicamente a vantagem
principal do concreto comparativamente com os seus concorrentes estruturais, tabela 28.
Tabela 28 - O concreto comparado aos seus concorrentes estruturais.
Material de construção Conteúdo de
energia MJ.m-3
Concreto simples (80 até 380 kg cimento/m3) 250 até 1.700
Concreto armado (250 até 380 kg cimento e 50 até 150
kg aço/m3)
3.000 até 8.500
Aço de construção 47.000
Madeira estrutural 3.500
Tijolo (cerâmica vermelha) 3.000 até 4.000 Fonte: Bucher, 1986.
A discriminação do conteúdo de energia do concreto (energia primária total
necessária para produzir uma unidade de material pronto), por sua vez, se compõe das
seguintes parcelas, tabela 29.
108
Tabela 29 - Conteúdo de energia do concreto.
PARCELAS ENERGIA PRIMÁRIA
(MJ.t-1
)
Cimento (média brasileira 1.983) 3.893
Agregado graúdo britado (extração e beneficiamento) 45
Agregado miúdo natural (extração) 5
Agregado miúdo britado (beneficiamento) 20
Cinza volante de termoelétrica 18
Escória básica granulada de alto-forno (seca) 32
Aço em barra (cortado, dobrado e colocado) 47.000
Preparo (manuseio, mistura, transporte interno, adensamento) 4 Fonte: Bucher, 1986.
Em função da aplicação específica do concreto (simples ou armado) o
conteúdo total de energia primária poderá flutuar entre, aproximadamente, 200 MJ.t-1
para
o concreto de uma barragem (com 100 kg de cimento por m3 e sem armadura, e, da ordem
de até 8.500 MJ.t-1
para concreto armado (com 360 kg de cimento e 150 kg de aço total por
m3). Em todo este intervalo de 200 até 8.500 MJ.t
-1 não está incluído o gasto de energia
relativo ao transporte desde o produtor até a obra, de cada um dos componentes do
concreto armado. Como a maior parcela de uma unidade de massa de concreto simples é
representada pelos agregados (de 75 a 80% do total), a energia gasta no seu transporte
apresenta uma influência expressiva tanto sobre o custo como sobre a conservação de
energia na construção civil. Considerando que a média brasileira para o transporte de carga
por rodovia é de cerca de 1,4 MJ/tkm, depreende-se a grande influência exercida pela
distância entre o porto, o depósito ou a jazida do agregado e a obra.
A atividade extrativa de agregados, apesar de ser fundamental ao
desenvolvimento urbano, é implacavelmente perseguida pelas Prefeituras e órgãos de
controle ambiental pela sua natureza degradadora e poluidora (ruído, projeção de corpos,
emissões de partículas, estremecimento, esburacamento, poluição visual da paisagem,
destruição de matas, erosão, etc.).
Uma das maiores fontes de partículas de matéria no ar são os motores à
diesel. Os transportes (e as emissões industriais) causam uma espécie de névoa que destrói
os tecidos sensíveis nas pessoas e animais, além de produzir minúsculas partículas
cancerígenas que reduzem a função pulmonar e são responsáveis por muitas mortes
prematuras.
Neste contexto do conflito entre o aumento progressivo do consumo de
combustível para o transporte até os centros urbanos devido à necessidade de fugir deles
pelo esgotamento das reservas nas suas proximidades e pelo aumento de custo de produção
decorrente das restrições do uso no meio ambiente que se deve situar a análise da
exploração econômica e do uso técnico dos agregados pétreos para concreto.
109
O cruzamento das disponibilidades de uso do solo, levando-se em conta as
restrições impostas pelos diferentes tipos de ocupação humana e as restrições impostas pela
legislação, destacamos as seguintes restrições e conflitos (Campanha, 1.994):
Com as atividades urbanas: aquelas oriundas do fato de que a área, apesar de ser
livre para a mineração do ponto de vista da legislação, está, no entanto, subordinada
às leis orgânicas dos municípios e seus planos diretores.
Com atividades industriais: neste caso, a restrição é imposta pelas possíveis
atividades minerárias, livres do ponto de vista de legislação e, no entanto,
concorrendo com as atividades industriais aí desenvolvidas.
Com as atividades agropecuárias: gerada pela difícil coexistência, em um dado
momento, de mineração e atividades agrícolas e pecuárias.
Com a concentração de manchas de matas naturais: a mineração, nestas áreas,
deverá ocorrer de maneira controlada, no intuito de possibilitar a preservação dessas
matas e da eventual fauna associada, bem como do ecossistema local.
Com áreas bloqueadas: a restrição, neste contexto, está apoiada em decretos federais
e estaduais, uma vez que aí se localizam áreas de preservação permanente. Qualquer
mineração, aí implantada, estará sujeita às penalidades previstas por lei.
6.2 Mineração e meio ambiente.
Quando se fala em meio ambiente, muitas vezes este é associado apenas à
fauna e à flora. Dessa forma são considerados outros elementos essenciais e indissociáveis,
relativos ao ser humano: a subsistência do homem está diretamente vinculada ao meio
social, aos elementos sócio-econômicos, históricos, culturais e aos recursos naturais.
Existem várias definições para meio ambiente. Algumas consideram apenas
os componentes naturais, outras consideram que o meio ambiente é um sistema no qual
interagem fatores físicos, químicos, biológicos, espaciais e sócio-econômicos.
De acordo com a Política Nacional de Meio Ambiente, Lei Federal n.º
6.938/81, Art. 3º, I e II, o meio ambiente compreende determinado espaço, onde o
“conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica
que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; e, degradação da qualidade
ambiental: a alteração adversa das características do meio ambiente”.
Toda e qualquer forma de vida é capaz de modificar o meio onde vive. Ao
longo da história o homem não agiu de forma diferente.
A partir da pré-história as atividades produtivas e, em muitos casos,
predadoras do homem, acabaram por provocar a redução geral e a transformação contínua
dos ecossistemas naturais. Em decorrência disto, a legislação federal define o impacto
ambiental como sendo: “toda alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do
meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante da atividade
humana que, direta ou indiretamente, afetem a segurança, e o bem-estar da população; as
atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio
ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais” (Resolução CONAMA 001/86, Art. 1º).
110
A poluição é caracterizada pela degradação da qualidade ambiental,
resultante de atividades que, direta ou indiretamente, prejudicam a saúde, a segurança e o
bem estar da população.
A mineração é uma atividade extrativa que retira um recurso natural não
renovável e, por conseqüência, tende a agredir o meio ambiente e criar espaços vazios,
apesar dos cuidados que se possa ter com a questão da recuperação ou reabilitação da área
minerada. Esses impactos ambientais estão relacionados com a degradação do solo, a
poluição do ar e das águas:
Do solo: através dos desmatamentos, deposição de estéreis e rejeitos, ação da erosão e
desfiguração paisagística.
Do ar: devido ao aumento da concentração de material particulado e/ou gases na
atmosfera e a emissão de ruídos decorrentes das detonações do desmonte de rochas.
Das águas: ocasionada pelo assoreamento dos cursos d’água devido ao arraste de
sedimentos, bem como, a contaminação dos mananciais, em função da descarga de
efluentes (óleos e graxas utilizados nos equipamentos), além da contaminação inclusive
com metais pesados, das lagoas deixadas pelas cavas abandonadas (Shimizu, 1.995).
Em muitos casos a atividade mineradora se desenvolve de maneira
conflitante com os princípios de proteção ao meio ambiente e de uso do solo
(principalmente entre a agricultura e a ocupação urbana).
Ao mesmo tempo que a mineração é importante para manter e/ou melhorar
a qualidade de vida do homem, sua existência em meio social e ambiental é bastante
conturbada. Muitas vezes associa-se mineração com degradação ambiental porque esta
atividade esteve durante muito tempo, baseada no uso predatório dos recursos naturais. A
indiferença de alguns mineradores com relação ao meio ambiente se deve à falta de
consciência ecológica e à ausência de fiscalização e multas compatíveis.
A mineração em áreas urbanas tem provocado preocupações devido ao
confronto entre produção e consumo, tendo em vista que, sob esta ótica, a produção se
reveste de rigidez locacional, enquanto o consumo, normalmente, está localizado nos
grande centros populacionais.
A atividade mineradora é, por essência, modificadora do meio ambiente. Por
tratar-se, no caso da areia do Vale do Paraíba, de uma atividade desenvolvida, por
necessidade, próxima aos centros urbanos, que se desenvolveram ao longo de suas
margens, a mineração de areia apresenta-se mais visível à maior parte da população,
gerando maior pressão da sociedade contra os seus impactos ambientais.
No entanto, esta atividade é regulamentada e controlada por uma série de
legislações e órgãos das três esferas de governo, conforme apresentado anteriormente e
mostrado nos anexos 22, 23, 24, 25 e 26.
111
6.3 A extração de areia do rio Paraíba do Sul.
A atividade de extração de areia do leito do rio Paraíba do Sul era
regulamentada pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS), que,
através de concorrências públicas fornecia concessões para esse fim, em trechos de
aproximadamente um km de extensão.
Os períodos de duração destas concessões, assim como as quantidades
limites de extração nos respectivos períodos, eram variáveis. Os contratos celebrados a
partir de 1.978 estabeleciam um período de concessão de três anos permitindo um volume
médio de extração na faixa de 72.000 m3 a 144.000 m
3 para o período de contrato.
Não havendo possibilidade, na época, para que o DNOS procedesse à
fiscalização do montante extraído em cada porto de areia, as informações referentes a esta
atividade eram aquelas fornecidas pelos extratores ao referido órgão. De acordo com estas
fontes, há informações de que a extração total de areia do leito do rio Paraíba do Sul foram
da ordem de, tabela 30:
Tabela 30 - Volume de areia extraído do leito do rio Paraíba do Sul.
ANO VOLUME EXTRAÍDO (m3)
1978 1.087.000
1979 735.000
1980 871.000
1981 (estimativa) 745.000 Fonte: DNOS.
A tabela 31 apresenta o volume de material sólido transportado por
arrastamento de fundo, nos períodos de 1.980 e 1.981, medidos nos postos
sedimentométricos instalados no rio Paraíba do Sul.
Tabela 31 - Valores anuais de transporte de fundo medidos nos postos
sedimentométricos do rio Paraíba do Sul.
POSTO Ano 1.980 (m3) Ano 1.981 (m
3)
Jacareí 16.138 4.724
Pindamonhangaba 25.075
Rio Comprido 30.815 31.512
Cachoeira Paulista 35.215
Admitiu-se, a partir dos resultados das medições de transporte de fundo, que
este transporte correspondia a 10% do transporte sólido total (DAEE, 1.982).
112
Admitindo-se estes valores como sendo o transporte sólido normal do rio
em regime, visto que os postos localizavam-se em trechos estáveis, concluiu-se que a
extração de um porto de areia, que em geral tem a permissão para extrair de 25.000 m3 a
50.000 m3 ao ano, eqüivalia à capacidade de reposição do material retirado do leito. A
somatória da produção dos diversos portos que extraiam areia do leito do rio, superaram
largamente esta capacidade de reposição do material retirado. Este fato implicava no
aprofundamento do leito, de onde era feita a retirada de areia. Uma evidência disto eram os
grandes aprofundamentos localizados (alguns da ordem de cinco metros) formando
verdadeiras fossas ao longo do curso , fato este que não pode ser atribuído a um
mecanismo de erosão natural do rio (Twenhofel, 1.939).
Foi feito, também no ano de 1.981, um levantamento junto aos extratores de
areia, para verificar as respectivas capacidades de extração. Verificou-se neste caso,
novamente, a compatibilidade entre a capacidade de extração de areia, e o volume de
material erodido. Esta estimativa levou em conta um ano de 260 dias trabalhados, tabela
32.
Tabela 32 - Estimativa da capacidade de extração de areia no rio Paraíba do Sul, em
1.981.
TRECHO
CAPACIDADE DE
EXTRAÇÃO
(m3/ano)
Jacareí a São José dos Campos
extensão: 28.000 m 514.000
São José dos Campos a Caçapava
extensão: 25.000 m 725.000
Caçapava a Quiririm
extensão: 30.000 m 832.000
Quiririm a Tremembé
extensão: 20.000 m 442.000
Tremembé a Pindamonhangaba
extensão: 20.000 m 240.000
O DAEE concluiu então, que:
A erosão do leito do rio somente foi notada na região onde predominavam os portos de
areia.
O volume de material retirado do leito era da mesma ordem de grandeza do volume
erodido.
Podia haver ocorrência significativa de efeitos secundários, tal como a desagregação da
parcela de material fino do fundo durante a dragagem do leito, que passava a ser
transportado em suspensão. Em decorrência desta ação, havia uma intensificação do
aprofundamento do leito.
Os cortes de meandros, atingiram praticamente a estabilidade, não podendo ser
considerados, na época, como fatores de erosão.
113
A atividade intensiva da extração de areia, da maneira como vinha se processando, não
era conveniente, principalmente nos trechos em que existiam estruturas como por
exemplo, captações de água, pilares de ponte, etc., onde o rebaixamento do leito e da
linha d’água acabaria comprometendo a estrutura de tais obras e/ou sua finalidade
(DAEE, 1.982, 1.983) (ValeParaibano, 19/05/1.999).
Por esta época, os areeiros estavam encerrando as atividades de extração de
areia do leito do rio Paraíba do Sul, pois a areia estava acabando e eles estavam atingindo a
camada argilosa. O que ocorreu é que com o fechamento do reservatório de Paraibuna-
Paraitinga, o sedimento oriundo das cabeceiras ficava retido no mesmo, não havendo
reposição no leito do rio Paraíba do Sul; as atividades extratoras começaram a se transferir
do canal do rio para a várzea. A retirada de material do leito era superior ao transporte
sólido de fundo, impossibilitando a reposição natural do material retirado.
Os reservatórios de Santa Branca e Jaguarí não modificaram o regime do rio
Paraíba do Sul. Estes reservatórios operam em sintonia com o regime das precipitações,
por este motivo eles não exercem no rio Paraíba do Sul a mesma influência marcada do
reservatório Paraibuna-Paraitinga.
Depois do fechamento de Paraibuna-Paraitinga, pode-se observar um
acentuado estreitamento do canal do rio, nos dez anos seguintes de operação da represa e
continuou decrescendo nos anos posteriores. Houve o fechamento de muitos portos de
areia, principalmente os de menor porte (P.M. Jacareí).
Segundo a Associação das Indústrias de Mineração e Extração de Areia do
Vale do Paraíba (AIMEA), a atividade soma, atualmente, um volume médio mensal de
1.000.000 m3 de areia extraídos pelos 106 portos existentes ao longo do rio Paraíba do Sul
(Maia, 1.999).
Após a aprovação da Resolução SMA n.º 42, de 16.09.1.996, relativa ao
disciplinamento do licenciamento ambiental dos empreendimentos de extração de areia na
bacia hidrográfica do Paraíba do Sul, a frente de Regularização e Licenciamento iniciou
vistorias conjuntas de técnicos do DAIA, DEPRN e CETESB, contando sempre com a
presença do proprietário do empreendimento e seu responsável técnico. Em 11.03.1.997,
iniciou-se a segunda etapa de vistorias.
De maneira geral os trabalhos realizados demonstraram que tinha sido
significativo o ganho ambiental, verificado através da recomposição da vegetação ciliar
tanto nas áreas de preservação permanente ao longo do rio Paraíba do Sul quanto das
cavas, e da adoção das medidas de controle então exigidas. Além disso, houve
aprimoramento das metodologias de recomposição vegetal; a mudança de mentalidade do
empresariado do setor minerário, provocando um aproveitamento mais racional do recurso
mineral; e o retorno da SMA à sua principal função: orientação, licenciamento e
fiscalização; e não, ao atendimento somente ao Ministério Público (SMA, 1997).
114
6.4 O aproveitamento de areia no leito de rios.
Considerando que o processo de assoreamento dos rios paulistas é uma
constante, e que ocorre como conseqüência de erros acumulados, tanto dos agricultores,
como das próprias autoridades governamentais, não há como justificar uma paralisação
imediata dos portos de areia existentes, apesar de todos os comprometimentos que eles
trazem ao meio ambiente. Primeiro é preciso restaurar as matas ciliares dos rios paulistas;
em segundo lugar, é preciso formular a política governamental para impedir que a
movimentação de terra provoque erosão e consequentemente assoreie rios. Finalmente,
torna-se necessário estabelecer uma política gradual de restrição ao aproveitamento de
areia dos corpos d’água a iniciar-se pelos rios que já tenham projetos específicos de
recuperação e utilização aprovados, e onde haja mínimos trabalhos de extração mineral,
com finalidade de manter tais rios desassoreados.
6.5 O planejamento ambiental.
O planejamento ambiental tem que garantir, de forma completa, as
condições ecológicas para o desenvolvimento efetivo da produção social e de todas as
atividades da população, através do uso eficiente e da proteção dos recursos do meio
ambiente, articulando-se através de quatro níveis devidamente integrados (Rossete, 1.996):
a organização ambiental do território,
a avaliação ambiental de projetos,
a auditoria e peritagem ambiental e
a gestão do modelo de planejamento ambiental.
Na forma que dispõe a Constituição Federal de 1.988, no capítulo da
Política Urbana, art. 182, cabe ao Poder Público Municipal a execução da política de
desenvolvimento urbano, tendo por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Conforme o § 1º desse artigo, o
instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana é o plano diretor,
a ser aprovado pela Câmara Municipal e obrigatório para as cidades com mais de 20.000
habitantes.
Uma das questões mais relevantes a serem discutidas em um Plano Diretor,
é a do Zoneamento Mineral, não somente pelos aspectos legais envolvidos, como também
pelas características da atividade mineral e o número de interfaces a ela relacionadas,
principalmente quando desenvolvida próximo aos centros urbanos.
Além disso, constantemente ocorrem atos e ações, nas várias instâncias de
Poder, nem sempre integrados, como seria mais desejável e produtivo. Como exemplo das
ambigüidades legais, no segmento da mineração, tem-se a concessão de pesquisa e lavra na
legislação mineral e a obrigatoriedade de planos de recuperação de áreas mineradas na
legislação ambiental, em nível federal; a concessão de Licenças de Instalação (LI) e de
Operação (LO) a cargo de órgãos estaduais de meio ambiente, e a expedição de
115
licenciamentos, outorgados pelas Prefeituras e registrados no DNPM, no caso de
substâncias de emprego imediato na construção civil, como é o caso da areia.
Por outro lado, há também todo um conjunto de dispositivos e leis,
disciplinando a política de ocupação do solo urbano, concomitantemente com a utilização
dos recursos naturais, por exemplo, áreas de mananciais, estuarinas, áreas verdes, o que
ressalta a necessidade de um esforço conjunto do governo e sociedade, a médio prazo,
visando propiciar aos municípios o conhecimento de seus recursos naturais, inclusive
minerais, possibilitando o seu consumo de forma mais racional, sem causar maiores
transtornos ao meio ambiente. O ecossistema da várzea está sujeito a pressões e conflitos
devido aos diversos usos ligados à urbanização, industrialização, agropecuária e
mineração. O Decreto Federal n.º 87.561/1.981 reflete essa preocupação no seu Art. 5º:
“as áreas de terras baixas, de formação aluvial ou hidromórfica, nas margens dos rios e
córregos e em depressões topográficas contínuas, serão, preferencialmente, destinadas
para a agropecuária, a silvicultura e a unidades de conservação ecológica.” (SMA,
1.998).
O DNPM é o órgão federal responsável, em todo o território nacional, pela
supervisão, fiscalização e o controle da exploração de recursos minerais. No caso da areia,
o DNPM responde tanto pela autorização de pesquisa e concessão de lavra como também
pelo registro de licenciamento (Rossete, 1.996).
6.6 Recuperação das áreas degradadas.
A conservação consiste em um esforço deliberado para evitar uma
degradação excessiva dos ecossistemas (Margalef, 1.989).
O órgão estadual, ligado à questão ambiental, em consonância com as
prefeituras municipais, deverá estabelecer um roteiro para trabalhos de recuperação de
áreas degradadas pela extração de areia, relacionando, exemplificadamente, alguns tipos de
recuperação mais comuns utilizadas por diversos países do mundo, entre os quais:
Rearranjo da área para loteamento urbano.
Destinação da área para implantação de projetos industriais.
Reaterro para atividades agrícolas.
Utilização das cavas para depósito de rejeitos sólidos urbanos e industriais que não
comprometam o meio ambiente.
Áreas de lazer.
Outros.
Como as jazidas não são iguais, não se pode, a princípio, estabelecer
soluções padronizadas. Deve-se exigir, todavia, um planejamento prévio como forma de se
viabilizar a reutilização da área.
O estudo da compatibilidade da atividade extrativa com outras formas de
uso e ocupação do solo deve ser definido para momentos distintos: um, no qual a
recomposição é feita simultaneamente à extração, e outro, após a exaustão da jazida.
116
Quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da
autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente incorre
nas penas previstas no Art. 55, da Lei n.º 9.605, de 12.02.1.998.
6.6.1 Recuperação de áreas degradadas com essências nativas.
Vejamos primeiro, quais as conseqüências do desmatamento, que estão
representadas na figura 15.
Fonte: Goodland e Irwin in Queiroz Neto, 1989.
Figura 15 - Modificações da cobertura vegetal florestal e suas conseqüências.
Em todo local onde a vegetação primitiva formava uma floresta que posteriormente
veio a ser eliminada, é possível reverter essa situação, através dos diversos processos de
recuperação de florestas (Lorenzi, 1.992).
DESMATAMENTO
Exposição direta do solo à chuva, à insolação e ao vento;
queima dos restos vegetais.
Modificações no
microclima e
pedoclima
Aumento do
escoamento
superficial
Diminuição da
matéria orgânica
dos solos
Diminuição da
atividade
biológica global
Diminuição da
água disponível
Aumento da
erosão
Diminuição do ciclo de
nutrientes
Diminuição da fertilidade do solo
Insucesso das culturas
117
A avaliação do grau de perturbação ou de degradação de uma determinada
área irá estabelecer qual o método de reflorestamento que deverá ser adotado, o que poderá
ser feito também, a partir da fisionomia da vegetação existente (Pesson, 1.978).
Essas áreas podem tornar-se projetos ambientais privados voltados para o
chamado “seqüestro de carbono” – que visa a recuperação e preservação de áreas florestais
para a absorção do gás, lançado em excesso na atmosfera, visando minimizar o efeito
estufa, conforme o Protocolo de Kyoto de 1.997. A compra e venda de “bônus de
Carbono” deverá movimentar US$ 10 bilhões até 2.005 (Rosa, 1.999).
6.6.2 Regeneração natural.
Método utilizado em áreas pouco perturbadas, em ambientes alterados, que
mantêm a maioria das características bióticas (flora e fauna) das formações florestais
típicas da área a ser preservada. O método é indicado para locais onde existe floresta
remanescente nas proximidades, de modo que os processos naturais de recuperação possam
agir. Os meios de recuperação biótica, como banco de sementes, banco de plântulas, chuva
de sementes e rebrota, estão presentes, garantindo dessa forma um novo povoamento
florestal, através da dispersão das matrizes existentes, tabela 33 (Crestana, 1.993):
Tabela 33 - Níveis de dispersão de algumas espécies nativas.
ESPÉCIE
Dispersão
Mudas/m2
Nome comum Nome botânico
Aldrago Pterocarpus violaceus 44
Caputuna Metrodorea pubescens 8
Cumbaru Dipteryx alata 7
Cedro-rosa Cedrela fissilis 7
Ipê-roxo Tabebuia impetiginosa 3
Guarantã Esenbeckia leiocarpa 3
Angico Anadenanthera falcata 2
Canela Ocotea acutifolia 2
A seqüência de ocupação, em condições naturais, é a seguinte: nos dois a
quatro anos iniciais, surgem espécies herbáceas anuais, depois as perenes, e, em seguida, as
arbustivas perenes; a partir daí, começam a aparecer as primeiras espécies pioneiras
arbóreas, mais ou menos específicas para cada região, e depois, as secundárias e clímaces.
118
6.6.3 Enriquecimento de florestas secundárias.
As florestas secundárias são o resultado de explorações seletivas e
descontínuas, após ter sido retirada delas toda a vegetação arbórea importante, como a
madeira de lei e, consequentemente, o seu valor econômico. Na maioria das vezes, essas
matas são restos de uma vegetação exuberante outrora ocorrida, com alguns exemplares
considerados de baixo valor comercial.
Esse sistema de reflorestamento consiste em acrescentar mudas de espécies
secundárias iniciais e tardias, sob a copa das árvores remanescentes, enriquecendo essas
áreas com espécies já ocorrentes na região bioclimática.
6.6.4 Reflorestamento heterogêneo com essências nativas.
Quando as áreas desflorestadas estão degradadas e não existem
características bióticas das formações florestais originais, não ocorrendo remanescente
florestal ou banco de sementes e de plântulas disponíveis no solo, nas proximidades dessas
áreas, pode-se utilizar do sistema de reflorestamento denominado plantio heterogêneo.
Esse sistema consiste em se plantar diferentes espécies numa mesma área,
recriando condições mais próximas das florestas naturais, outrora ocorrentes na região
(Eiten, 1.983 e Wettstein, 1.970) .
O reflorestamento com essências nativas vem sendo desenvolvido a partir
de três linhas básicas:
Plantio aleatório de espécies não selecionadas.
Seleção de espécies e distribuição no campo segundo características ecofisiológicas da
formação florestal original.
Seleção de espécies e plantio de acordo com os estágios de sucessão.
O ecossistema das áreas desflorestadas apresenta baixa resiliência, ou seja, o
retorno ao estado anterior pode não ocorrer ou ser extremamente lento, levando para isso
sessenta anos ou mais. Pelo método, visa-se, sobretudo, acelerar o processo de sucessão
secundária e a conseqüente redução do tempo de formação dessa vegetação para dez a
quinze anos.
Nessas condições pode-se adotar um espaçamento inicial de 3 m x 2 m ou 3
m x 4 m, com densidades respectivas de 1.600 e 830 plantas por hectare; nesse compasso,
o povoamento irá se formar mais rapidamente, mesmo havendo falhas no plantio, o que
inicialmente poderá ocorrer (Crestana, 1.993).
119
Importante lembrar que, na implantação de uma floresta com espécies
nativas, devem-se adotar as mesmas técnicas recomendadas para as culturas permanentes,
como tratos culturais, adubações, combate às pragas e doenças e proteção contra incêndios.
Nos dois primeiros anos, a limpeza poderá ser mecanizada e completada
manualmente (coroação); as mudas devem ser tutoradas quando necessário e sofrer poda
de formação, deixando-se somente o ramo-guia, sem brotações laterais.
A partir do terceiro ano, quando as mudas atingirem altura aproximada de
dois metros, a conservação do talhão poderá ser feita através de roçadas manuais,
continuando a praticar-se as medidas de proteção e vigilância.
Depois de quatro a cinco anos, quando as copas das árvores começarem a se
tocar, haverá maior sombreamento e, em conseqüência, menos quantidade de gramíneas.
A partir desse estágio, os cuidados dispensados à floresta serão menores,
não havendo competição com plantas invasoras, mas somente entre as próprias árvores em
formação.
6.6.5 Manejo de florestas implantadas.
Dependendo do espaçamento adotado, quando da implantação do
povoamento florestal, os indivíduos que inicialmente apresentam uma certa taxa de
desenvolvimento em altura e diâmetro irão, com o passar do tempo, ter esse ritmo
desacelerado até atingirem um ponto de estagnação, determinado pela competição entre si
e pela água, luz e nutrientes.
Isso ocorre dos oito aos dez anos para a densidade inicial de 1.600
plantas/ha, e dos dez aos doze anos para uma população de 1.000 indivíduos/ha, quando
recomenda-se efetuar o desbaste seletivo a partir do seguinte critério:
Eliminação periódica de 20 a 30% das árvores, a cada quatro ou cinco anos.
Eliminação das espécies em maior número no povoamento (de maior freqüência) e/ou
cuja importância biológica ou madeireira seja secundária.
Tanto em um caso com no outro, devem-se retirar primeiramente as árvores
defeituosas, doentes e subdesenvolvidas, inclusive as pioneiras em maior ou menor número
e as de menor valor comercial (madeireiro).
Embora seja tecnicamente recomendada, a adoção desse método deve ser
precedida de um plano de manejo e submetida à análise e aprovação do órgão técnico
competente.
Conforme os desbastes vão-se sucedendo, surgirá no talhão um sub-bosque,
representado por indivíduos jovens das espécies que estão ocupando o primeiro estrato, e
por outras, originadas por dispersão, ocorrentes nas proximidades.
120
Esse sub-bosque, deverá ser mantido, pois não chega a competir com as
árvores mais velhas. Terá função de refúgio da fauna e aguardará oportunidade para se
desenvolver, caso ocorra morte de indivíduos de porte mais elevado.
Ao final do ciclo – de vinte e cinco anos – deverão permanecer, no
povoamento, de 10 a 15 % das árvores inicialmente plantadas, sendo o seu porte
diretamente relacionado com as condições locais de clima e solo.
6.7 Matas ciliares.
As matas ciliares, ou ripárias, constituem uma formação florestal típica de
áreas restritas ao longo dos cursos d’água, em locais sujeitos a inundações temporárias, em
nascentes e olhos d’água.
As diferenças florísticas e estruturais dessa vegetação estão diretamente
relacionadas com um conjunto de fatores que as condicionam, tendo como determinantes a
umidade do solo e do ar, a freqüência de alagamentos, a profundidade do lençol freático, as
condições de microclima, a fertilidade e estrutura dos solos, a disponibilidade de oxigênio,
a temperatura, as diferenças nos perfis topomórficos, o microrelevo, o traçado do curso
d’água, as mudanças dos cursos dos rios, as características geomorfológicas e geológicas
locais e as ações antrópicas.
Como objetivos primordiais, temos a considerar que as matas ciliares:
Reduzem as perdas de solo decorrentes de processos erosivos e de solapamento das
margens dos rios, causadas pela ausência de vegetação (Bruijnzeel, 1.990).
Aumentam os refúgios e fontes de alimentação para as faunas silvestre e aquática; são,
também, importantes pastos apícolas (Nilsson, 1.989).
Asseguram a perenidade das fontes e nascentes.
Protegem os cursos d’água dos impactos decorrentes do transporte de defensivos,
corretivos e fertilizantes.
Melhoram a qualidade e aumentam o volume de água para consumo humano e uso
agrícola.
Promovem o repovoamento faunístico das matas artificiais e dos cursos d’água.
A mata ciliar é um espaço territorial protegido pela Constituição Federal de
1.988.
A existência de uma mata ciliar, ou a obrigatoriedade de sua implantação
independe da vontade do proprietário do terreno ribeirinho (fosse ele o próprio Poder
Público ou o particular) e não depende a presença dessa mata de um ato expresso de um
órgão da Administração Pública. O Código Florestal de 1.965 instituiu essas matas
(Machado, 1.989).
121
A C. F. de 1.988 mudou a repartição de competência para legislar no tocante
a florestas e permitiu, através de seu Art. 225, § 3º, que não só as pessoas físicas que
agredirem a mata ciliar possam ser processadas pessoalmente; agora, as pessoas jurídicas
poderão ser responsabilizadas não só civil e administrativamente, mas, também,
penalmente.
A ação civil pública, criada pela Lei n.º 7.347, de 24.07.1.985, dá
legitimidade nova para as associações ambientais estarem em juízo, afirma a legitimidade
dos órgãos públicos para pleitearem em juízo e melhora os instrumentos processuais do
Ministério Público, que já tinha legitimidade pela Lei n.º 6.938, de 03.08.1.981.
A ação popular é um direito do cidadão brasileiro para defender o
patrimônio ambiental. A C. F. de 1.988 inclui explicitamente como patrimônio público
abrangido na ação popular o meio ambiente. Portanto, a lesão à mata ciliar pode ser
atacada pela via dessa ação judicial, que passa a dispensar para quem a utiliza (autor) a
obrigação de pagar custas judiciais ou pagar despesas para o adversário (“ônus da
sucumbência”), salvo comprovada má-fé , conforme o inciso LXX do art. 5º da C. F.).
A responsabilidade dos agressores das matas ciliares é objetiva ou
independente de culpa, isto é, havendo o prejuízo ou o dano à vegetação, há fundamento
para se exigir civilmente a interdição da atividade perigosa à mata, a apreensão de
instrumentos (tratores, motosserras, etc.) ou a recomposição da mata ou a introdução da
vegetação. Princípio da responsabilidade sem culpa, em que não é necessário provar que o
agressor da mata agiu com intenção, ou com negligência, imprudência ou imperícia (Art.
14, § 1º da Lei n.º 6.938/81).
Recomposição da mata ciliar.
Dois são os objetivos visados na recomposição de matas ciliares e que não
são excludentes (Kageyama, 1.989):
a. Recriar a vegetação existente no passado, mantendo tanto a estrutura como a
composição de espécies originais. A preocupação fundamental é a manutenção da
diversidade vegetal e animal, característica desse habitat.
b. Recompor uma estrutura de vegetação no sentido de obter benefícios, tais como a
contenção da erosão das margens, restabelecimento de um regime hídrico e de
nutrientes, a retenção de adubos e agrotóxicos
Dentre os sistemas mais utilizados para a recomposição ciliar, destacam-se:
o fitossociológico e o sucessional. O sistema fitossociológico tenta reproduzir a flora,
baseando-se na estrutura qualitativa e quantitativa determinada pelos levantamentos
desenvolvidos em áreas próximas (distância de até 50 km) do local de implantação do
reflorestamento. Os métodos de parcelas (com áreas) e sem parcelas ou dos quadrantes
(sem áreas), fazem parte do sistema fitossociológico (Crestana, 1.983).
Há grandes dificuldades em se implantar esse sistema de reflorestamento,
por não se encontrarem mudas de todas as espécies exigidas e nem sementes disponíveis
122
no mercado ou tecnologia para sua produção, além de não se disporem de dados científicos
sobre a evolução da mata.
Já o sistema sucessional, promove o reflorestamento de uma determinada
área em curto espaço de tempo, por exigir uma diversidade menor das espécies,
pertencentes à mesma gama de representantes, determinada pelo sistema fitossociológico.
O processo baseia-se na proposta didática de Budowski, que classifica as
espécies arbóreas tropicais em quatro grupos distintos, para orientar o reflorestamento de
forma organizada e funcional; na realidade a sucessão secundária é muito mais complexa.
Assim, as espécies estão subdivididas e enquadradas em grupos
diferenciados quanto às necessidades de luz solar, qualitativa e quantitativamente. Num
primeiro grupo, alinham-se as chamadas pioneiras, espécies plenamente heliófilas, de porte
médio a médio-baixo, de rápido desenvolvimento, ciclo de vida curto, cuja dispersão se faz
por pássaros e ventos. As secundárias iniciais e tardias (2º e 3º grupos) tem características
intermediárias de exigência em luz, incremento e longevidade, com ciclo de vida maior
que as pioneiras, mais ou menos exigentes, em relação à presença de luz solar, com
dispersão anemófila. Já as espécies clímaces têm lento desenvolvimento, porte elevado
quando adultas, são umbrófilas na fase inicial de desenvolvimento, longevas e com
sementes pesadas, o que determina dispersão por mamíferos (roedores) e pássaros grandes
(Eiten, 1.983).
Desse modo, por razões ecológicas e econômicas, recomendam-se
espaçamentos de 2x2 m até 3,3 x 3,3 m – de 4 a 10 m2 por planta – o que determina uma
população de 1.000 a 2.500 plantas/ha, empregando-se representantes de todos os estágios
de sucessão, distribuídos na seguinte relação percentual: 50:25:15:10 – pioneira:
secundária inicial: secundária tardia e clímax, trabalhando-se com vinte a trinta espécies
diferentes.
Quanto à distribuição de espaço no campo, há vários esquemas propostos,
sendo mais viáveis os seguintes:
Sistema de módulos repetidos, de forma quadrada (com nove indivíduos), de acordo
com a disponibilidade de mudas e dentro da diversidade de espécies encontradas,
figura 16.
123
Fonte: Adaptado de Crestana, 1993.
[Os números, indicam indivíduos pertencentes a espécies vegetais, tendo sempre ao
centro espécies em estágio mais avançado de sucessão ecológica (clímaces). Os demais,
pertencem aos estágios de pioneiras e secundárias (iniciais e tardias)].
Figura 16 - Sistema de módulos repetidos.
Sistemas de faixas paralelas, usa-se a mesma proporção recomendada anteriormente,
adensando-se o plantio na faixa marginal, onde o lençol freático é superficial, figura
17.
1 4 7
2 5 8
3 6 9
124
Fonte: Adaptado de Crestana, 1993.
Legenda: Indivíduos
PA = Espécies Pioneiras de Água
NPA = Espécies não Pioneiras de Água
P = Espécies Pioneiras.
NP = Espécies não Pioneiras.
Figura 17 - Sistemas de faixas paralelas.
Fai
xa
co
mp
lem
enta
r
3m
3m
3m
NP
P
NP
P
9m
3m
2m
2m 22m
6m
Curso d’água
NPA
PA
NPA
PA
Fai
xa
m
arg
inal
125
As indicações feitas anteriormente para a formação de florestas nativas são
válidas para a recomposição ciliar, onde não há influência direta da umidade no solo. Nos
terrenos próximos dos cursos d’água, onde o lençol freático é superficial e ocorrem
inundações periódicas, existe uma vegetação exclusiva, adaptada àquelas condições. Como
exemplo, podemos citar algumas espécies, como o guanandi (Calophyllum brasiliensis),
ingás (Inga spp), pau-de-viola (Citharexyllum myrianthum), sangra-d’água (Croton
urucurama), ipê-do-brejo (Tabebuia umbellata) e pinha-do-brejo (Talauma ovata).
Na mata ciliar não inundável, a flora é representada por espécies comuns às
das florestas de solos profundos de meia-encosta. Há espécies de grande amplitude
ecológica, que ocorrem desde a condição ciliar, passando pelas matas não influenciadas
pelos rios, até atingir os cerrados, em condições bem mais adversas, como o óleo-de-
copaíba (Copaifera langsdorffii) o peito-de-pomba (Tapirira guianensis), o jacarandá
paulista (Machaerium villosum), o cinzeiro (Vochysia tucanorum), o jerivá (Syagrus
romanzoffiana) e outras.
Há grandes diferenças florísticas e estruturais entre a vegetação ciliar da
região de cerrado e a vegetação da região onde ocorre a floresta tropical (mesófila). As
respectivas formações florestais influenciam as composições florística e estrutural da mata
ciliar próxima.
6.7.1 Indicações das espécies.
Existe um grande número de espécies lenhosas compreendidas entre árvores
e arbustos, ocorrendo nos diversos tipos de vegetação no estado de São Paulo.
O anexo 2, traz dados, dos nomes comuns de grande ocorrência no Estado,
adaptáveis à várzea paulista do Paraíba do Sul, e cuja colheita de sementes e produção de
mudas são viáveis.
126
CAPÍTULO VI
7 MONITORAMENTO.
O monitoramento é de importância fundamental, em qualquer ramo do saber
que trate de questões experimentais, em especial àquelas relacionadas com o meio
ambiente.
Através da mensuração das diversas formas de degradação ambiental, é
possível contribuir para a realização de um diagnóstico do problema. Utiliza-se, para tanto,
fotografias aéreas, imagens de satélite ou de radar, estações experimentais, coleta de
amostras de água, rochas, sedimentos, seres vivos, etc..
O município de Jacareí convive com os mais antigos mineradores de areia
do estado de São Paulo, anteriores à legislação vigente. Essas áreas de mineração
cresceram desordenadamente, avançando sobre áreas de preservação do rio Paraíba do Sul,
na faixa dos 100 m, resultando em taludes estreitos demais para serem estáveis. A
CETESB e o DAEE preocupados com o problema, realizam monitoramento constante
nessas áreas para prevenir a desestabilização e solapamento desses pontos vulneráveis.
O processo de regularização do funcionamento dos portos de areia no
município de Jacareí, teve início em 1988, através da solicitação do EIA/RIMA aos
mineradores por parte da Prefeitura Municipal, após elaboração do novo Projeto de Lei
sobre a questão minerária e, resolveu embargar todos os portos de areia existentes na sua
jurisdição. Com o impasse criado, a SMA adotou uma nova estratégia, propondo um Plano
de Recuperação Ambiental, vinculado ao licenciamento dos empreendimentos. A partir
daí, novos portos foram licenciados.
Em 25.12.1991, foi aprovado pelo CONSEMA através da Deliberação n.º
036/91, um plano de gestão AIMEA-I que visava o disciplinamento e recuperação
ambiental em 24 portos de areia na região de Jacareí.
Nos planos de monitoramento e vistorias realizadas pelos técnicos da
CETESB, em diversos portos de areia dos municípios do Vale do Paraíba, foram
constatados que ao longo dos últimos cinco anos de atividade mineradora, houve um
aumento significativo das áreas solapadas nas margens do Rio, principalmente nos trechos
compreendidos entre os municípios de Jacareí e São José dos Campos. Isso ocasiona o
127
aparecimento de grandes bancos de areia e consequentemente a mudança do traçado do
Rio, propiciando pontos de instabilidade nos taludes entre as cavas e o leito do Rio.
Aos 22.06.1995, a CETESB e o DPRN, realizaram uma reunião onde, em
“situação de urgência”, foi citado o município de São José dos Campos, onde o ministério
público notificou nove portos de areia no município para cumprimento de um plano de
recuperação emergencial, elaborado pela Prefeitura Municipal e pelo DPRN. A CETESB
alegou que o plano era composto por intervenções de recuperação, as quais não são objeto
de fiscalização e acompanhamento de sua parte e mais, que não houve consulta ao DAIA
quando de sua elaboração.
Aos 10.10,1997, foi feita uma reunião técnica sobre a mineração de areia na
várzea do rio Paraíba do Sul, onde uma coletânea de informações e esclarecimentos foram
abordados, dentre eles:
O conflito do uso do solo na várzea do rio Paraíba do Sul – anexos 23, 24 e 26.
A importância da várzea para o equilíbrio da região – embora a área tenha sido
degradada, ela ainda é importante como ecossistema, devendo ser recuperada,
mantida e respeitada, principalmente os meandros abandonados.
Para que todo o processo de não alteração e não degradação do meio
ambiente seja eficaz, algumas recomendações são importantes:
Incorporar a participação dos municípios, no processo decisório, considerando os
cenários das áreas degradadas e das áreas semi-preservadas.
No zoneamento, delimitar, precisamente, as áreas onde se permitirá a mineração.
Adequar as legislações municipais de forma a torná-las harmônicas com um
planejamento regional.
Definir alternativas e elaborar normas técnicas para recuperação e uso das cavas.
Elaborar um planejamento de longo prazo de extração mineral para impedir seu
esgotamento a curto prazo.
Incentivar a pesquisa de processos de reciclagem de entulhos da construção civil.
Elaborar um plano, integrado e regional, de recuperação e preservação do
ecossistema da várzea.
Redefinir um projeto global de recuperação das cavas que sobrepõe-se aos “100m”.
Executar um monitoramento constante do leito do rio para verificar problemas de
desassoreamento e lavra clandestina.
Elaborar normas técnicas para extração mineral que contemplem distâncias de obras
de arte, como, pontes, estação de captação, loteamentos habitacionais, despejos, etc.
Elaborar normas para reflorestamento e recuperação da mata ciliar, adequadas à
região.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), vem fazendo um
levantamento sobre o impacto ambiental provocada pela extração de areia no rio Paraíba
do Sul utilizando imagens dos satélites Spot (França), anexo 27, e Landsat (EUA).
Detectou-se, preliminarmente, que, a situação em Jacareí é semelhante à de Caçapava em
1.997. O município de Caçapava tinha 2 km2 de cavas há dois anos e o levantamento
apontou cavas com profundidade média de 10 m.. No ano passado, essas áreas
128
aumentaram, totalizando 3,28 km2. O que mais chamou a atenção do INPE no
levantamento feito em Jacareí foram as profundidades das cavas, que tinham, em média, 25
m e que podem estar aumentando. A maior cava em Jacareí tinha cerca de 1.100 m de
extensão (Gomes, 1.999).
129
CAPÍTULO VII
8 CONCLUSÕES.
A população do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira
cresceu 13,8% nos últimos oito anos, alcançando 1.880.000 habitantes, o dobro da
população dos estados do Amapá e Roraima juntos. A Bacia Hidrográfica do Paraíba do
Sul possui uma área de drenagem de 14.396 km2, maior portanto que as Bahamas, e
abrange três estados. A dependência da região desse fabuloso recurso natural, fonte de
água, alimentos e minérios, é condição de sua sobrevivência e desenvolvimento, o que por
si só justifica um esforço de manejo sustentado e de preservação.
Faltará água potável, em diversas partes do mundo, no próximo século.
Regiões que a tem hoje, precisam preservá-la para as futuras gerações.
A degradação ambiental do Vale do Paraíba começou no século passado
com o desmatamento para o cultivo do café. A técnica ineficiente do plantio “morro
abaixo” aliada às queimadas para a limpeza do terreno e o trabalho incessante das saúvas,
contribuiu para a formação de enxurradas que lavaram o solo, aceleraram a erosão fazendo
surgir as vossorocas, provocando a exaustão dessas terras para o cultivo. Os cafezais
tomaram rumo Oeste. As terras foram ocupadas pelo gado, o seu conseqüente pisoteio só
agravou o problema.
O crescimento das cidades exigiu áreas de várzea para sua expansão e
agregados para suas edificações. Surge a extração de areia, a impermeabilização do solo, a
poluição em suas diversas formas e a demanda por mais água potável. Às margens da
rodovia Presidente Dutra instalam-se indústrias, com expressiva representação das
multinacionais químicas, todas com alto potencial poluidor.
O rio Paraíba do Sul é, então, agredido pela enorme carga orgânica recebida
de esgotos urbanos não tratados, rejeitos industriais de diversos tipos, agrotóxicos e a
extração predatória da areia do seu leito.
Tudo o que ocorre numa bacia de drenagem repercute nos rios. O rio
Paraíba do Sul é de canal meândrico com a conseqüente formação de seqüência de
depressões e umbrais ao longo do eixo fluvial, definindo áreas de erosão e deposição
naturais, hoje bastante alteradas pela ação antrópica.
130
A capacidade de erosão das margens e do leito fluvial, bem como o
transporte e disposição da carga do rio permitiram transportar e distribuir a carga
sedimentar, de acordo com a granulação das partículas e as características da corrente, ao
longo da várzea. Assim, formou-se, na região, ao longo do tempo, uma jazida de areia que,
em Jacareí, possui areia mais grossa e espessura de até 28 m, que vai adelgaçando
atingindo 8 m em Quiririm.
Uma casa com 45 m2 de área construída, consome aproximadamente 8,5 m
3
de areia na sua construção, a um custo aproximado de R$ 21,23/m3, posto na obra, o que
totaliza R$ 180,46. Considerando o custo dessa construção como sendo R$ 536,15/m2,
temos:
R$ 536,15/m2 x 45 m
2 = R$ 24.126,75
e a participação da areia, no custo da casa será, então, de 0,75%.
A produção de areia, no Vale do Paraíba, segundo a AIMEA, é de 1.000.000
m3/mês, que ao preço de R$ 21,23 (posto na obra), gera um valor de negócio de
(1,00 x 106) x 12 x R$ 21,23 = R$ 254.760.000,00/ano
valor intermediário entre a receita líquida da segunda e terceira maiores empresas da região
e próximo ao valor adicionado (1.998) do município de Cruzeiro, tabela 34:
Tabela 34 - O negócio areia em relação a outros.
REFERÊNCIA R$ milhões
Ciro Atacadista (Receita líquida 12/97) 324,91
Município de Cruzeiro, SP (Valor adicionado 1.998) 259,08
O negócio areia para construção civil 254,76
Alstom (Receita líquida 03/99) 238,14
Fonte: AIMEA e Gazeta Mercantil Vale do Paraíba (22.09.1.999).
A 1ª Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em Estocolmo,
em 1972, marca o surgimento da consciência ecológica no mundo e com ela um arcabouço
jurídico. Os municípios do Vale do Paraíba, independentemente, regulamentam e
restringem a extração mineral, da areia em particular, e contemplam a preservação e a
recuperação da mata ciliar.
O processo de industrialização do Vale do Paraíba revitaliza-se, neste final
de século, e com a tendência de urbanização da população, surge o fenômeno da
conurbação e esta cria uma demanda crescente de agregados para a construção civil que
deve atender, também, a região metropolitana de São Paulo.
131
A areia natural é um insumo ainda insubstituível no processo e o Vale do
Paraíba possui jazidas de boa qualidade, principalmente as de Jacareí, ideais para a
elaboração de concreto estrutural.
A legislação mineral e ambiental brasileira apresenta-se extremamente
complexa e em contínua evolução. A atividade mineração é regulada principalmente pela
legislação federal, ocorre geralmente em território local e implica em ações de fiscalização
e controle principalmente no âmbito estadual.
O setor produtor de areia para construção civil é caracterizado pela falta de
planejamento, simplificação dos processos de lavra e beneficiamento, e forte presença de
produtores clandestinos. Essas características impedem o exercício de uma exploração
racional e mantém práticas bastante inadequadas, com interferências prejudiciais ao meio
ambiente. Os impactos ambientais, por sua vez, provocam baixas na qualidade de vida,
tanto do ponto de vista social, quanto econômico e político.
A lavra e lavagem em leito de rio liberam partículas finas da primeira
lavagem que, por ocorrer às margens do rio, são levadas pela correnteza aumentando a
turbidez da água, impedindo a oxigenação e obstruindo a penetração dos raios solares,
prejudicando, assim, a proliferação da vida aquática. A má conservação dos equipamentos
operando no leito dos rios provoca o derramamento de lubrificantes e combustíveis.
Na lavra em cava seca o efeito sobre o meio ambiente se faz sentir devido
ao desmonte descontrolado e os taludes mal calculados que facilitam o escorregamento,
principalmente em épocas chuvosas. A retirada indiscriminada da vegetação e do solo
superficial dos aluviões provoca graves focos de erosão e a não tomada de medidas
adequadas, provoca, no manancial que recebe as águas das lavagens, um elevado índice de
turbidez, assoreamento e alteração de pH normal.
Na lavra em cava submersa, utilizam-se de equipamentos que desmontam
hidraulicamente os barrancos e os fundos dos rios ou lagos; depois, o procedimento
adotado é semelhante ao da lavra em leito de rios. Esse modo de extração de areia destrói
os barrancos dos rios ou lagos, alterando seus cursos, seus regimes hidrológicos e causando
turbidez. Esse fenômeno provocará assoreamento à jusante. A destruição das margens do
rio ainda poderá criar pontos mais susceptíveis à erosão, principalmente se a cobertura
vegetal foi retirada.
Na lavra em solo de alteração utiliza-se o desmonte hidráulico com seus
inconvenientes sendo acrescidos de maior quantidade de finos, de minerais micáceos e
metálicos, liberados da rocha mãe, que provocam grande volume de rejeito, intenso
assoreamento, turbidez, acarretando má qualidade do produto e baixa rentabilidade
econômica do processo.
A explotação implica em devastação de áreas localizadas, traduzida pelo
desmatamento de superfície, remoção e perda do solo superficial que sustenta a vegetação,
e ainda, após o esgotamento das jazidas, o abandono de cavas profundas, quando em
baixadas e vales, ou a instabilização de áreas adjacentes quando próximas ao rio ou de
132
encostas de terrenos elevados. A essa devastação associa-se a conseqüente alteração da
drenagem natural com o assoreamento de rios e desvios nos cursos d’água e a poluição das
lagoas formadas das cavas abandonadas deixando-as sem vida aquática, contaminada por
esgotos, derivados de petróleo e metais pesados. A tabela 35 apresenta um resumo das
conseqüências da mineração de areia.
Tabela 35 - A mineração de areia e o meio ambiente.
MEIO AMBIENTE
MIN
ER
AÇ
ÃO
DE
AR
EIA
INTERVENÇÃO
DO MEIO
FÍSICO
IMPACTOS
DIRETOS
CONSEQUÊNCIAS
CORRELATAS
Desmatamento Erosão
Assoreamento
Desaparecimento da
fauna e flora
Polu
ição
: vis
ual
, so
nora
, do s
olo
,
da
água
e do a
r.
Taludes instáveis Escorregamentos e
deslizamentos
Ameaças e/ou danos
às edificações, ao
curso do rio, às vidas
humanas
Depósitos de
rejeitos
Contaminação do
solo e do lençol
freático
Limites à urbanização
e agricultura
Diante tamanha devastação e enorme encargo ao Poder Público, a sociedade
reage exigindo planejamento, racionalidade e recuperação do ambiente destruído. Surge
um complexo jogo de interesses que origina conflitos aparentemente inconciliáveis entre
mineradores, agricultores e a população, chegando, às vezes, aos tribunais.
O Poder Público, por sua vez, alega que não obtém dos mineradores, através
dos impostos específicos, numerário suficiente para compensar:
A inconveniência da atividade mineradora.
A destruição da pavimentação das vias públicas e o abalo das edificações adjacentes
pelos caminhões com ou sem excesso de peso.
A degradação ambiental provocada, incluindo aí as alterações na fisiografia do rio.
A descontaminação das lagoas formadas por cavas abandonadas.
Os constantes afogamentos.
A agricultura se vê pressionada pela expansão urbana de um lado e pela
mineração do outro. Ambas reduzindo-lhe o espaço, absorvendo-lhe a mão de obra,
contaminando a água, criando-lhe o problema do furto e da violência. Uma política agrária
133
equivocada, a descapitalização do agricultor, o problema fundiário mal resolvido e a
especulação imobiliária só agravam o problema.
A sociedade procura exercer o seu direito a uma vida saudável num
ambiente ecologicamente equilibrado. Não aceita a destruição pura e simples do seu meio
ambiente, mas, admite o manejo sustentável, pois, minério retirado não se repõe, mas, a
paisagem e o meio ambiente podem e devem ser reparados pelo empreendedor.
Sugerimos, então, algumas premissas que devem nortear o trabalho de
disciplinamento da mineração:
Admitir o caráter social da atividade mineradora de areia.
Convencer os empresário da mineração do seu comprometimento ambiental e da
necessidade de implantar técnicas modernas de gestão incluindo o sistema de gestão
ambiental.
Reconhecer a falta de informações básicas para a atividade e obter recursos para
gerá-las.
Conscientizar os legisladores da atuação deficiente, desordenada e descoordenada de
diversos órgãos públicos dos níveis federal, estadual e municipal.
Provocar nos legisladores a necessidade de desregulamentação da atividade
econômica da mineração.
Alterar as leis de zoneamento inadequadas e incluir-lhes visão regional.
Algumas medidas precisam, então, ser tomadas:
Reorganização da administração pública mineral com a conseqüente revisão da
legislação específica.
Redefinição e reorganização das competências dos órgãos que interferem na
mineração objetivando a descentralização e a redução dos custos.
Elaboração de um plano integrado de aproveitamento econômico dos recursos
minerários do Vale do Paraíba, composto por:
Cartografia geológica, geotécnica, hidrológica, geomorfológica,
pedológica, uso do solo, vegetação, conflitos, etc..
Estudo da potencialidade mineral, hidrológica e agrícola.
Diretrizes de aproveitamento dos recursos naturais e recuperação de
áreas degradadas.
Estudo e proposição de novas leis de zoneamento para uso e ocupação do solo
adequadas à realidade sócio-econômica local e regional.
Elaboração, difusão e implantação de normas técnicas que visem a realização de
lavras racionais em toda a extensão da atividade, desde a pesquisa até a reabilitação
da área minerada ou atingida pela mineração.
Criação de um setor, nas prefeituras, para responsabilizar-se pela regulamentação e
fiscalização da atividade, análise e acompanhamento dos processos.
Assegurar:
Orientação e divulgação da nova postura institucional e exigências
legais, cujo desconhecimento poderá gerar situações de ilegalidade.
134
Atuação das instâncias fiscalizadoras como intermediadoras entre o
poder público e o minerador, visando a compatibilização dos conflitos
e anseios das partes envolvidas, a sociedade e o minerador.
Para medir a consciência ecológica do minerador na condução do seu
negócio, os submetemos a um questionário sobre seu sistema de gestão ambiental. Nada
pôde ser concluído pelo reduzido número de respostas obtidas, o que pode ser sintomático.
Não houve oportunidade, também, para um estudo de avaliação de ciclo de
vida da areia como material de construção civil.
A degradação ambiental, no entanto, é flagrante, conforme ilustram as
imagens em seqüência:
135
CAPÍTULO VIII
9 BIBLIOGRAFIA.
ABRANCHES, Ana Lúcia. Onde nasce o rio Paraíba. São José dos Campos: Gazeta
Mercantil Vale do Paraíba, 16.08.1.999, p. 1.
ABREU, Sylvio Fróes. Recursos Minerais do Brasil. Rio de Janeiro: Ministério do
Trabalho, Indústria e Comércio, Instituto Nacional de Tecnologia, vol. 1 – Materiais
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pollutant effects. Cambridge: E&FN Spon, 1.996, 425 p..
WETTSTEIN, Richard R. v.. Plantas do Brasil – Aspectos da vegetação do Sul do Brasil.
São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda. 1.970, 122 p..
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INDICES
Figura 1 - Fluxograma de atividades. .................................................................................... 8
Figura 2 - Classificação das condições do ecossistema. ...................................................... 12
Figura 3 - Brasil, principais bacias hidrográficas e a Bacia do Paraíba do Sul. ................. 14
Figura 4 - Relevo brasileiro e planaltos e serras do Atlântico-Leste-Sudeste. ................. 21
Figura 5 - Mapa do estado de São Paulo e o rio Paraíba do Sul. ......................................... 41
Figura 6 - Seção transversal tipo do Vale do Paraíba. ......................................................... 41
Figura 7 - Trecho Jacareí - Caçapava do rio Paraíba do Sul. .............................................. 42
Figura 8 - Brasil, vegetação e o Parque da Serra da Bocaina (24). ..................................... 43
Figura 9 - Tipos distintos de leito. ....................................................................................... 49
Figura 10 - Padrão de canais................................................................................................ 50
Figura 11 - Principais alterações introduzidas no ecossistema quando se constrói uma
barragem. ............................................................................................................................. 57
Figura 12 - Alterações ecológicas com a construção de uma barragem. ............................. 59
Figura 13 - As contribuições do construbusiness. ............................................................... 65
Figura 14 - Identificação das mineradoras. ....................................................................... 103
Figura 15 - Modificações da cobertura vegetal florestal e suas conseqüências. ............... 116
Figura 16 - Sistema de módulos repetidos......................................................................... 123
Figura 17 - Sistemas de faixas paralelas. ........................................................................... 124
Tabela 1 - Portarias do Ministério do Interior referentes à bacia do rio Paraíba do Sul. .... 10
Tabela 2 - Consumo de água nos afazeres domésticos. ....................................................... 15
Tabela 3 - Princípios básicos na Lei Federal n.º 9.433/97. ................................................. 16
Tabela 4 - Instrumentos da Lei n.º 9.433/97. ....................................................................... 16 Tabela 5 - Organismos criados pela Lei Federal n.º 9.433/97. ............................................ 16
Tabela 6 - Características da UGRHI Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul. .................... 24 Tabela 7 - Características dos comboios. ............................................................................ 32 Tabela 8 - Elementos característicos do plano de navegabilidade do rio Paraíba do Sul.... 33 Tabela 9 - Tentativa de compartimentação geo-ecológica. ................................................. 34
Tabela 10- Relação original dos "polders" na área entre Jacareí e Caçapava. ................... 61 Tabela 11 - População da região do estudo. ........................................................................ 66 Tabela 12 - Consumo de materiais por metro quadrado de uma construção média. ........... 67 Tabela 13 - Produção mineral brasileira - principais bens minerais.................................... 69 Tabela 14 - Características das areias. ................................................................................. 70
Tabela 15 - Classificação da areia por tipo de peneira. ....................................................... 71
Tabela 16 - Classificação da areia em função do tamanho dos grãos. ................................ 71
Tabela 17 - Especificações químicas da areia para vidraria. ............................................... 73 Tabela 18 - Frações granulométricas da areia normal brasileira. ........................................ 74 Tabela 19 - Características do setor mineral de areia. ......................................................... 75 Tabela 20 - Classificação da atividade mineração de areia como poluidora pela
FEEMA/RJ. ......................................................................................................................... 78
Tabela 21 - Regimes legais de aproveitamento de recursos minerais de utilização imediata
na construção civil, seus principais aspectos e legislações básicas. .................................... 85 Tabela 22 - Exigências legais relacionadas ao meio ambiente. .......................................... 87
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Tabela 23 - Algumas possibilidades de inserção da mineração em áreas urbanas nos
instrumentos legais municipais. ........................................................................................... 90
Tabela 24 - A legislação municipal de São José dos Campos. ............................................ 91 Tabela 25 - Tributos sobre o setor mineral. ......................................................................... 99 Tabela 26 - Tributos sobre o setor mineral - Contribuições Sociais. ................................ 100 Tabela 27 - Resultado da pesquisa sobre sistema de gestão ambiental. ............................ 104 Tabela 28 - O concreto comparado aos seus concorrentes estruturais. ............................. 107
Tabela 29 - Conteúdo de energia do concreto. .................................................................. 108 Tabela 30 - Volume de areia extraído do leito do rio Paraíba do Sul................................ 111 Tabela 31 - Valores anuais de transporte de fundo medidos nos postos sedimentométricos
do rio Paraíba do Sul. ........................................................................................................ 111 Tabela 32 - Estimativa da capacidade de extração de areia no rio Paraíba do Sul, em 1.981.
........................................................................................................................................... 112
Tabela 33 - Níveis de dispersão de algumas espécies nativas. .......................................... 117
Tabela 34 - O negócio areia em relação a outros. ............................................................. 130 Tabela 35 - A mineração de areia e o meio ambiente. ...................................................... 132
Equação 1 - Descarga líquida. ............................................................................................. 53
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