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7/23/2019 Sem Ttulo 78
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TEIXEIRA, Ansio. Uma perspectiva da educao superior no Brasil. Revista Brasileira de Estudos
Pedaggicos. Braslia, v.50, n., !ul."set. #$%. p.&'%&.
Uma Perspectiva da Educao Superior no Brasil*
Ansio Teixeira
1. Antecedentes Histricos
Rece(i a convocao desta )omisso com o sentimento de estar sendo *randemente +onrado em ser
ouvido pelo arlamento (rasileiro a respeito da educao superior. -evo dier /ue !ul*o a prpria
constituio desta )omisso arlamentar de In/u1rito s2(re o ensino superior como um sinal dos tempos/ue estamos vivendo. A universidade e o ensino superior eram, de certo modo, al*o de mar*inaliado da
sociedade +umana e /ue, nos 3ltimos tempos, se v4m transormando numa instituio central, entre*ue ao
seu la(or prprio em (usca da ci4ncia, inte*ralmente inserida na sociedade e se encamin+ando paratransormar'se na *rande 2ra de promoo da cultura e do desenvolvimento econ2mico. or isso mesmo,
no pretendo iniciar min+as palavras sem aer reer4ncia a certas coisas (vias, para situar (em opro(lema da universidade e do ensino superior nos tempos em /ue estamos vivendo. A instituio
universit6ria 1 realmente medieval. 7oi na Idade 81dia /ue ela de ato realiou a verdadeira uniicao da
cultura c+amada ocidental. A cultura da Europa oi uniicada por essa universidade medieval /ue sur*iu nasalturas dos s1culos XI e XII, e /ue ela(orou realmente um tra(al+o e9traordin6rio de uniicao intelectual
do pensamento +umano na/uela 1poca. Essa universidade, /ue c+e*a a seu clma9, a seu 6pice no s1culoXI:, entra depois num perodo de consolidao to r*ida e to uniorme /ue verdadeiramente se torna uma
das *randes 2ras conservadoras do mundo. Ela no aceitou completamente nem o Renascimento nem a
Reorma e, durante os s1culos X:, X:I, X:II e X:III, prosse*uiu num e9traordin6rio isolamento dentro dasociedade. Era ento a vel+a universidade medieval deendendo'se completamente dessas 2ras
e9teriores /ue se encamin+avam para transorm6'la. ;uando, nas alturas do im do s1culo X:III, asociedade entra de n2vo em ase de *rande transormao, /ue se vin+a ela(orando desde o s1culo X:I,
mas /ue no s1culo X:III teve uma e9ploso caracterstica, essa universidade encontra'se em completa
decad4ncia. A Revoluo 7rancesa ec+a a Universidade de aris, assim como as Universidades de altura dasnovas e9i*4ncias da sociedade, /ue se encamin+ava para a *rande transormao cientica. ?em(ro aos
sen+ores deputados /ue os s1culos X:I, X:II e, coroando todos os esoros, o s1culo X:III, oram todos de
intensa renovao intelectual. Ento oi /ue, verdadeiramente, se processou a *rande transormao dopensamento especulativo da Idade 81dia no pensamento criador e e9perimental da ci4ncia. A universidade
no a a ci4ncia. @e=ton est4ve ocasionalmente numa universidade. 8as no oi na universidade /uerealiou seu tra(al+o. E nen+um dos desco(ridores cienticos do momento eram universit6rios. A
universidade estava reu*iada no claustro, /ue era o seu habitat na Idade 81dia. < aparecimento da
universidade representou uma e9traordin6ria inovao. ;uando o crescimento intelectual da nossa cultura
c+amada ocidental entra em consolidao, o aparecimento da universidade, como corporao deproess2res e de estudantes, era uma total novidade, /ue oi acilitada pela o(ra da I*re!a, /ue deu ascartas necess6rias para a criao dessa universidade. Essa universidade, se*undo a or*aniao ao tempo
da Idade 81dia, era uma corporao de proess2res e alunos, entre*ues > sua tarea de desco(rir a
verdade, de desco(rir o con+ecimento. odemos datar o verdadeiro perodo de lorescimento dauniversidade medieval, da Universidade de aris. Esta Universidade realiou o e9traordin6rio tra(al+o de
!untar a Teolo*ia > 7ilosoia e, com am(as, aer a o(ra intelectual dos s1culos XII, XIII e XI:. )omea, nos1culo X:, a decair, s vindo a renascer, verdadeiramente renascer, nos princpios do s1culo XIX.
!. A Universidade de Hum"oldt
< renascimento da universidade, no sentido literal da palavra, a nova criao da universidade, 1 eita por
U8B
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coment6rio s2(re a verdade e9istente, no o coment6rio s2(re o con+ecimento e9istente, no a e9e*ese, ainterpretao e a consolidao d4sse con+ecimento, mas a criao de um con+ecimento n2vo. A sociedade
estava'se transormando, a pes/uisa ia voltar a essa universidade, ento de(ruada t2da s2(re o passado,!o*ando'a para o uturo. Ela ia desco(rir o con+ecimento. Esta Universidade de um(oldt a'se de tal
modo a nova universidade, /ue t2da a In*laterra vai > Aleman+a (uscar associar'se ao renascimento
cientico. A olanda, /ue +avia comeado tra(al+o paralelo, con!u*a tam(1m seu es2ro com o es2ro
alemo. E a Am1rica do @orte, perdida ainda em duas orientaes muito curiosas ' a vel+a universidademedieval e a de uma universidade e9tremamente moderna, utilit6ria, destinada aos pro(lemas da sociedadeprFpriamente dita ' vai (uscar tam(1m novos rumos na/uela Universidade, a col+endo a inspirao para
constituir a sua verdadeira universidade moderna, /ue +o!e lem(ra a Universidade alem de um(oldt, t2da
dedicada > pes/uisa e > desco(erta do con+ecimento cientico. :emos, assim, /ue a universidade, apsatin*ir o seu 6pice na Idade 81dia e, depois, entrar em completa decad4ncia, c+e*ando a ser at1 ec+ada,
vem, em virtude das prprias transormaes sociais, a renascer na Aleman+a. Gsse renascimento,conorme estava +6 pouco a dier, cria uma universidade t2da dedicada > )i4ncia. 8as a )i4ncia ainda
estava lon*e de ter os aspectos /ue tem +o!e. A )i4ncia e a 7ilosoia estavam completamente unidas. -e
maneira /ue a maior aculdade da *rande Universidade alem era a de 7ilosoia, pois a 7ilosoia eraentendida como um desdo(ramento completo do con+ecimento +umano, inclusive o cientico. :e!am /ue
nas ori*ens da universidade +6 sempre tr4s *randes orientaes /ue a dominam. E isto vamos encontrar naprpria Hr1cia, em /ue a Academia de lato era uma universidade como esta /ue c+e*ou a +aver na
Idade 81dia, no a do inal da Idade 81dia, mas a anterior, uma universidade em (usca do con+ecimento e
no a de apenas comentar o con+ecimento passado. 8as, !6 a Universidade dos oistas, contra a /uallato lutava, lem(rava a universidade do inal da Idade 81dia, ensinando a retrica, as re*ras do
pensamento +umano e as ormas utilit6rias d4sse pensamento, e no a especulao desinteressada einda*adora. E, se ormos um pouco mais lon*e, na prpria Hr1cia, encontraremos it6*oras com a
8atem6tica e a )i4ncia, a aer a universidade cientica. -e maneira /ue tam(1m na Hr1cia esto as tr4s
raes /ue vo a*itar e transormar a Universidade de um(oldtJ a (usca da verdade, a ormaoproissional e a cultura *eral. A Universidade da Idade 81dia no era desinteressadaD era uma universidade
realmente proissional. Ela preparava o cl1ri*o, o le*ista e o m1dico. E t2das eram proisses. @o era uma
universidade como a de lato ou de @e=man e depois a de Berlim e, de certo modo, a de s universidades atuais do mundo,no vem a reletir'se no Brasil. As circunstncias do Brasil aem com /ue 4le se desenvolva, primeiro, so(
a inlu4ncia da educao de /ue os !esutas se ieram os mestres, compreendendo um currculo
undamentalmente cl6ssico, visando ao treino da mente e > cultura *eralD depois, ento, passavam para oscursos proissionais de Teolo*ia e preparo dos mem(ros da ordem, repetindo inteiramente a universidade
medieval. -e maneira /ue o Brasil, nesses primeiros s1culos, apesar de no ter tido universidade noterritrio da )ol2nia, contou com a de )oim(ra, /ue era uma universidade tKpicamente medieval, diri*ida
pelos !esutas, e teve tam(1m o col1*io dos !esutas no Brasil, /ue reproduia o trivium e o quadrivium da
cultura e9istente > 1poca. )om 4sse col1*io de estudos latinos e das literaturas cl6ssicas, prendeu'se oBrasil inteiramente > inlu4ncia da Idade 81dia, cu!a educao era undamentalmente a de latinidade.
?em(rem'se :. E9as., recordando um pouco os atos, /ue sFmente em $#L, no im do s1culo X:II, 1 olatim a(andonado, por uma universidade pioneira, como e9clusiva ln*ua de ensino e se comea, pela
primeira ve, a ensinar na ln*ua nacional. Isto se d6 na Aleman+a, em alle, a primeira universidade /ue
lana mo da ln*ua vern6cula para a cultura superior. :e!am (em /ue at1 a/uela 1poca a universidadeestava inteiramente voltada para o con+ecimento /ue a ln*ua latina conservava e para os cl6ssicos
anti*os. ?o*o, a universidade estava t2da de(ruada s2(re a an6lise do con+ecimento e9istente. E no+avia nen+um rele9o dessa universidade s2(re a sociedade e, muito menos, s2(re a produo. @em a
produo nem a economia, nem a sociedade dependia da universidade, antes ela prpria, a universidade,delas dependia. A universidade era tarea especialiada de um *rupo de +omens, devotados ao cultivo dosa(er do passado ' cu!a importncia e ri/uea recon+eo ' empen+ados em transmiti'los a um *rupo de
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!ovens para o apereioamento individual de cada um. < prprio indivduo apereioado pela o(ra de culturapessoal, /ue o tornava mais sensvel, e mais interessante, ad/uiria, assim, a arte de viver com ele*ncia e
*raa. )oroa ortu*u4sa. inclinao nacional para oratria, /ue poderia decorrer d4sse tipo de educao universit6ria, ocorre'me
recordar o adre eraim ?eite, /ue cita +averem icado os padres !esutas muito surpreendidos com osndios, tendo um d4les c+e*ado a dier /ue Nos ndios so como os romanosD o mais importante dentre 4les
1 o mestre da alaN. -e maneira /ue no seria apenas a nossa educao retrica da universidade medieval
/ue nos teria eito, por v4es, mais ami*os da palavra do /ue da aoD !6 entre os prprios ndios seconsa*rava o mestre da ala, lem(rando os romanos, se*undo os /uais, o orador era a e9presso mais alta
da cultura. Tudo isto 1 apenas para lem(rar /ue o Brasil, a despeito de no ter universidade, estavaproundamente im(udo do esprito de cultura /ue representava a universidadeJ o cultivo do con+ecimento
do passado, o reinamento +umano por essa cultura rece(ida da Hr1cia, de Roma e das ormas menosanti*as da cultura e9istente. A universidade era a transmissora dessa cultura.
(. ) $onceito de e+man
C interessante a deinio dada pelo )ardeal @e=man, undador da Universidade de -u(lin e um dos /uemais proundamente caracteriaram a id1ia da universidade, ainda em meados do s1culo XIX O%5&P. -i
4leJ Nara /ue e9iste a universidadeQ ara levantar o tonus intelectual da sociedadeD para cultivar o esprito
p3(licoD para puriicar o *2sto nacionalD para suprir os verdadeiros princpios /ue devem respirar oentusiasmo popular e o(!etivos undamentais das aspiraes popularesD para dar lar*uea e so(riedade >s
id1ias da 1pocaD para acilitar o e9erccio dos pod4res polticos e para reinar o intercurso social da vidaprivadaN. :e!am (em :. E9as., como, em meados do s1culo XIX, conce(ia @e=man a universidade. Esta era
a universidade de cultura *eral liter6ria e +umanstica /ue iria reproduir as Universidades de pes/uisa e > ci4ncia, revia o
conceito de @e=man. id1ia da universidade. S primeiravista, parece parado9al essa resist4ncia do Brasil > criao da universidade. @o +ouve no Brasil
universidade no perodo colonial. )om a transmi*rao da 7amlia Real, criam'se as duas primeiras escolas
de 8edicina, vinte anos depois as aculdades de -ireito, depois uma aculdade de 8inas e 8ineralo*iaD a deEn*en+aria veio com a Academia 8ilitar. -urante todo o perodo mon6r/uico nada menos de & pro!etos de
universidade so apresentados, desde o de os1 Boni6cio at1 o 3ltimo, /ue 1 o de Rui Bar(osa, em mil
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oitocentos e oitenta e tantos, e sempre o *ov4rno e parlamento os recusam. :im a encontrar no )on*ressode Educao /ue se realiou no Brasil, em %%&, presidido pelo )onde -VEu, ao /ual o Imperador deu
e9traordin6ria importncia, um discurso em /ue um dos )onsel+eiros ' o )onsel+eiro Almeida ' a umalon*a catilin6ria contra a universidade. T2da sua ar*umentao *ira em t2rno da universidade medieval.
Ale*a /ue Na universidade 1 uma coisa o(soleta e o Brasil, como as n2vo, no pode /uerer voltar atr6s
para constituir a universidadeD deve manter suas escolas especiais, por/ue o ensino tem de entrar em ase
de especialiao proundaD a vel+a universidade no pode ser resta(elecidaN. universidade nova, o /ue
estran+o 1 /ue 4le no ten+a con+ecido completamente a transormao sorida pela universidade alem.
8as, /uando >s demais universidades, estava com plena rao. A universidade se ac+ava em perodo dedecad4nciaD no estava em condies de enrentar os pro(lemas modernos da ci4ncia, da pes/uisa e da
transormao social. -e sorte /ue no oi apenas, a meu ver, a consci4ncia conservadora /ue se op2s >universidadeD parece ter +avido da parte dos *overnos (rasileiros um particular e constante propsito de
resistir a certos desenvolvimentos puramente ornamentais da educao. Ten+o reletido lon*amente s2(re
isto. empre estran+ei 4sse comportamento do *ov4rno (rasileiro, desde o tempo do Imp1rio. :e!am (em,um Imperador como edro II, um +omem rao>velmente culto e at1 altamente inclinado para as coisas
intelectuais, no a(riu uma s escola superior no BrasilD resistiu > id1ia da universidade at1 sua 3ltima alano trono, /uando ainal recon+eceu, por certo /ue relutantemente, /ue seria conveniente uma universidade
para o @orte e outra para o ul do Brasil. @em por isto se criou /ual/uer universidade. A Rep3(lica
continuou a tradio de resist4ncia. Estimulavam'se, entretanto, escolas a*rcolas, liceus de Artes e
universidade, mant1m'se estritamente na id1ia de uma universidade utilit6ria de preparo proissional, semcuidar da/ueles outros aspectos da cultura. Era como se se conirmasse o )onsel+eiro A. de Almeida
/uatro escolas superiores /ue +avia no Rio de aneiro. 8as essa Universidade
sFmente em #LW veio a ser realmente implantada. Em #L, oi criada a primeira universidade em oaulo e, em #L5, uma no Rio de aneiro, anti*o -istrito 7ederal, /ue lo*o depois veio a ser e9tin*uida. s proisses.
@estas li*eiras o(servaes +istricas !6 se patenteia a resist4ncia > id1ia de universidade. ;uando ainalaca(a por se constituir por ocasio do centen6rio, no passa de uma ederao de escolas proissionais
superiores.
NEsta universidade, pois, criada no Brasil em #&0, 1 o primeiro arrem4do de universidade
/ue o as tem. @s est6vamos presos > tradio do ensino superior proissional utilit6rio,destinado a +a(ilitar para o e9erccio de uma proissoN.
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@otemos, contudo, /ue a universidade, de /ue tn+amos e9peri4ncia, /ue 2ra )oim(ra, era umauniversidade de escolas proissionais. A cultura *eral restrin*ia'se ao )ol1*io de Artes, sendo os cursos de
*raduao os do sacerdcio, das leis e da medicina. Essas anti*as proisses no eram identiicadas comosimples vocaes, possuindo seus cursos a mais alta cate*oria universit6ria. Em(ora, pois, isoladas e
independentes, essas escolas proissionais institudas no Brasil ' as de 8edicina desde %0%, tendo atin*ido
mais de $0 anosD as de -ireito, vinte anos depois, com mais de 0 anos ' a despeito de serem escolas
proissionais, eram tam(1m de cultura *eral. Huardamos a/uela anti*a tradio de /ue a universidade nospreparava para o ocio da proisso, mas tam(1m para a )ultura. A escola superior preparava o +omemculto. E, tanto na escola de 8edicina /uanto na de -ireito, ns lavramos e construmos a cultura *eral /ue o
Brasil possui. C verdade /ue todo o perodo colonial oi um perodo de cultivo das artes da latinidade e das
letras cl6ssicas, de onde veio nosso *2sto pelas letrasD depois a escola secund6ria acad4mica continuou aeducao pela ln*ua e pelas letras, !6 com o )ol1*io edro II, !6 com os *randes col1*ios particulares /ue
tivemos, /ue lem(rariam os col1*ios in*l4ses. C preciso recordar /ue a universidade moderna sFmentesur*e no s1culo XIX. cultura proissional, davam so(retudo 4nase ao
sentido li(eral das anti*as e no(res proisses de -ireito e da 8edicina. 8ais do /ue tudo, por1m, importavao ato de transmitir uma cultura dominantemente europ1ia. -e modo /ue tn+amos duas alienaes no
ensino superior. A primeira *rande alienao 1 /ue o ensino, voltado para o passado e s2(re o passado, noslevava ao desd1m pelo presente. A se*unda alienao 1 /ue t2da a cultura transmitida era cultura europ1ia.Rece(amos ou a cultura do passado, ou a cultura europ1ia. E nisto tudo o Brasil era o es/uecido. A classe
culta (rasileira reletia mais a Europa e o passado do /ue o prprio BrasilJ est6vamos muito mais inseridosna verdadeira cultura ocidental e at1 na anti*a ' latina e *re*a ' do /ue em nossa prpria cultura. 6 o norte'
americano estava criando uma escola superior e uma universidade para a sua cultura. C isto o /ue estamos
tentando aer a*ora. -a 4sse e9traordin6rio parado9o ns, /ue 1ramos relativamente, +istFricamente,aparentemente mais cultos do /ue os americanos, no criamos em nossa classe dominante as condies
necess6rias para realiar a civiliao moderna e para construir a *randea do nosso as dentro da novacultura /ue nela se vem er*uendo. Ento, penso, no 1 e9a*4ro acentuar, /uando ve!o o Brasil
surpreender'se um pouco com certos comportamentos /ue 4le prprio tem e /ue os representantes da
vel+a cultura ac+am /ue 1 uma deteriorao da cultura (rasileira, /ue estamos, pela primeira ve,enrentando uma cultura nativa do Brasil, e, at1 ontem, /ueramos so(repor ao Brasil uma cultura europ1ia,
uma cultura estran*eira da /ual e9istem ainda representantes. Talve se!a eu ainda um d4ssesrepresentantes dessa cultura. < meu curso secund6rio oi todo eito com proess2res estran*eirosD no
+avia um s proessor (rasileiro. C verdade /ue muitos eram !esutas portu*u4ses. 8as +avia tam(1m
proess2res estran*eiros devido >s col2nias portu*u4sas de muitas nacionalidades. )ursei o *in6sio lo*o/ue os !esutas oram e9pulsos de ortu*al. -e maneira /ue no tive um s proessor (rasileiro nos meus
cinco aos de escola secund6ria. :e!am (em :. E9as., eu me estava cultivando com uma cultura /ue, narealidade, era enraiada na cultura europ1ia. Todo o passado oi 4steJ todo o passado (rasileiro era
conservado em cultura estran*eira. A alienao no 1 uma i*ura de retricaD mas, uma realidade.
Educaram'nos em uma cultura diversa da cultura local.
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e9plicaramos o Brasil, pois eram poucas as nossas escolas superiores /ue tentavam transmitir essacultura. @o tn+amos ainal mais /ue as duas escolas proissionaisJ a de -ireito e a de 8edicina, /ue
produiram uma cultura *eral da mais alta /ualidade, e/uivalente > cultura europ1ia. Estudava'se na/ueletempo nas escolas superiores (rasileiras, e eu ainda estudei no *in6sio, com livros todos em ln*ua
estran*eira. Isto no meu perodo, /ue oram os primeiros vinte e cinco anos do incio d4ste s1culo. Eu ainda
pude ter uma colocao com livros e tratados todos estran*eiros. A nossa educao na/uele tempo era
muito mais para uma civiliao europ1ia do /ue para a nossa. -a 4sse parado9oJ < Brasil sFmentecon+eceu ensino superior em escolas isoladasD no teve universidadeD mas o esprito, o estilo, a atmosera,a misso de universidade, com os seus caractersticos passados e presentes, teve'a inte*ralmente. l+e
altou a ci4ncia, /ue s recentemente oi introduida. 8as a introduo da ci4ncia na universidade deu'se,
em todo o mundo, na se*unda metade do s1culo XIX. ode'se dier /ue s na Aleman+a se iniciou noprincpio do s1culo XIX, /uando a/u4le pas lanou a id1ia de /ue universidade era pes/uisa. Essa
pes/uisa era realiada tanto no campo de +umanidades, como no campo das ci4ncias sicas e naturais.:e!am (em o detal+eJ antes d4sse perodo, antes de um(oldt, t2da a universidade estava a aprender um
con+ecimento !6 e9istente e !6 ormulado pelos livros anti*os. )om um(oldt, sur*e para a universidade a
uno de se ela(orar a cultura /ue vai ser ensinada. Gsse ponto parece'me e9tremamente importante.Assim como a universidade da Idade 81dia ela(orou a cultura da Idade 81dia, a universidade da Idade
8oderna teve de ela(orar a cultura moderna para ensin6'la. Ento, no se trata de dier apenas /ue auniversidade precisa dedicar'se > pes/uisa. Ela tem de ormular o con+ecimento /ue vai ensinar, o /ual no
e9iste ainda. ;uando se ala /ue a universidade deve passar > pes/uisa no si*niica se aa um
acr1scimo, isto 1, /ue l+e devemos ane9ar mais uma tarea e ela viraria universidade de pes/uisa. Auniversidade s ser6 de pes/uisa /uando passar a formulara cultura /ue vai ensinar. ode parecer
e9cessivo dier'se /ue a cultura +umana tem de ser ela(orada para poder ser ensinada. Isso, por1m, 1literalmente verdade. T2das as v4es /ue eu estiver dando uma cultura /ue no oi ela(orada
nacionalmente para ser ensinada, estarei prestando inormaesJ no proporcionando educao. -e
maneira /ue eu posso dar inormaes, inclusive por meio de uma poro de livros estran*eiros etc. ossoaer ca(eas muito (em inormadas, tornar pessoas aparentemente muito entendidas do assunto, mas
4sses indivduos no sero representativos da cultura, no estaro aprendendo uma cultura corporiicada
na sociedade de /ue so mem(ros.
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sur*iu como uma orma de se criar a cultura *ermnica, como um meio de se ormular a cultura *ermnica.;uer dier, a universidade 1 ci4ncia e nacionalismo, 1 pes/uisa e nacionalismo. @a/uele tempo, a
universidade no e9istia como instituio universal a se esta(elecer na Aleman+a. A universidade era al*o/ue ia ser criado na Aleman+a, atrav1s do /ual a cultura alem ia ser estudada, ia ser ormulada, ia ser
ensinada. As instituies iam ser criadas. A democracia 1 muito recente no mundo. Ainal, comeou
pr>ticamente nos ins do s1culo X:III. Todavia, nem sempre reletimos /ue e9trema diiculdade +ouve para
ela se implantar, se!a nos pases an*lo'sa92nios ' mais preparados para rece(4'la ' se!a na Europa)ontinental.
2. )"3etivo da Educao4 5ormar a $ultura acional
Ainda so( muitos aspectos, a Europa )ontinental lem(ra o Brasil, pois no tem as instituies democr6ticas
deinitivamente consolidadas. Uma coisa 1 estarmos inormados de uma alterao prounda, como esta dopensamento poltico da umanidadeD outra coisa 1 4sse pensamento poltico e9istir na sociedade e ns
sermos rele9o d4le, /ue, no entanto, s poderia e9istir na sociedade, se todo o processo educativo
estivesse em(e(ido do seu espritoJ o es2ro educativo 1 o es2ro para ormar a cultura nacional e ensinaressa cultura. < *rande o(!etivo da educao 1 ormar a consci4ncia nacional. em uma cultura nacional
no se poder6 ormar essa consci4ncia. )omo temos uma cultura estran*eira, produimos esta coisa
parado9al do BrasilJ uma das elites mais cultas, uma minoria pereitamente culta, e um sistema educacionalterrKvelmente po(re e deiciente. enso /ue o Brasil teve a universidade, mas a universidade universal, a
universidade /ue se destinava a dar ao (rasileiro uma cultura universal, universidade /ue tin+a por im aerd4le um +omem universal, /ue era o o(!etivo da universidade da Idade 81dia e /ue revivia, ressur*ia,
dentro das modestas escolas proissionais /ue possumos. ara sair desta improvisao um tantoveemente, peo permisso a :. E9as. para ler umas consideraes /ue escrevi a propsito. < pensamento
escrito 1 sempre mais moderado. C o se*uinteJ NRetardou'se a @ao, at1 o primeiro /uartel do s1culo XX,
para iniciar'se no es2ro de transormar o ensino superior no processo de tomada de consci4ncia dacultura nacional, em ormao, e de a/uisio de novos m1todos de pensar e de sa(erN ' sFmente em #&&
tivemos o primeiro es(2o de universidade ' Nundados na ci4ncia e9perimental, para a soluo dos seuspro(lemas de desenvolvimentoN. NA nova ci4ncia !6 no era uma ci4ncia de especulao ou de e9e*ese e
interpretao do con+ecimento e9istente no passado, mas ci4ncia criadora e e9traordin>riamente ecunda,em conse/4ncias tecnol*icas, para a soluo dos pro(lemas materiais relacionados com o poder e oenri/uecimento +umanoN ' 4sse era o pro!eto /ue o Brasil tin+a, no primeiro /uartel do s1culo XX. N< n2vo
ensino era um ensino de desco(ertas, a e9i*ir uma atitude de esprito e m1todos de tra(al+o intelectualradicalmente diversos dos /ue dominavam no passadoN. erdoem'me insistir neste depoimento, /ue no se
a reorma de universidade sem mudana do sa(er /ue ela vai transmitir. Essa mudana no 1, de maneira
al*uma, mudana de orma, de estruturaD a mudana 1 do conte3do, dos pro*ramas e da aplicao /ue oBrasil vai aer.
N@a prpria Europa, no oi 6cil a adaptao da universidade > revoluo do con+ecimento cientico.Fmente na se*unda metade do s1culo XIX consolidaram'se, dentro da universidade, o n2vo esprito e os
novos m1todos. Ainda assim, em meio a *randes resist4ncias de al*uns dos mais con+ecidos centros dosa(er +umano. C /ue a universidade, al1m dessa nova tarea de acompan+ar e acrescentar um n2vo sa(ere9perimental e tecnol*ico, conserva a sua anti*a uno de *uardar e transmitir a cultura e9istente e de
reletir a cultura nacional. -iante, por1m, da transormao em /ue entrou a prpria sociedade, mesmo atarea de transmitir a cultura e9istenteN ' c+amo a ateno dos sen+ores deputados para 4ste ponto ' Ne
reletir o car6ter da cultura nacional passou a e9i*ir estudos novos, por novos m1todos, ou se!a, a impor os
mesmos m1todos de pes/uisa /ue dominavam o campo do sa(er cientico e e9perimentalN. @o 1 s emci4ncia /ue descu(ro um mundo n2vo. ;uando se entrava na escola de )i4ncias ociais ou na escola de
-ireito do Brasil, tin+a'se de estudar o as proundamente, para poder ensinar o modo com /ue asinstituies e as id1ias estavam uncionando no territrio (rasileiro. Assim, para se or*aniar a escola
superior, era preciso /ue al*uns proess2res dessa escola se devotassem proundamente ao estudo, por
e9emplo, da cultura !urdica (rasileira. Isso /ue +o!e estamos a c+amar sempre de pes/uisa e in/u1rito, oproessor tin+a de aer para poder ormar a cultura !urdica (rasileira, a cultura (rasileira em ci4ncias
sociais, a cultura +istrica (rasileira. Enim, t2das as culturas (rasileiras tin+am de ser ela(oradas pelo
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proessor universit6rio. NEstudar e sa(er, lon*e de continuar a ser o eli empr4*o do laer +umano econsistir, dominantemente, em compreender o +omem e o mundo, para aprimoramento e reinamento do
seu esprito e de sua vida, passou a ser um 6rduo tra(al+o, em muitos aspectos, material, a e9i*ir todo otempo e a depender de um tipo de ima*inao totalmente diverso do /ue inspirava a anti*a cultura
c+amada, talve imprFpriamente, de +umansticaN ' ve!am (emJ no +avia rao para ser ela c+amada de
+umanstica, pois era a cultura e9istente na/uela 1poca, ou se!a, apenas a cultura moral, a cultura s2(re o
+omem. A ci4ncia nunca oi, nesse perodo em /ue se estava operando a transormao da +umanidade,tida como uma cultura no +umanstica. @a Universidade de um(oldt, o +umanismo compreende 7ilosoiae )i4ncia. Esta se ac+ava completamente inte*rada. 7oi o tremendo desenvolvimento cientico moderno
/ue criou a terceira cultura. 7ala'se muito em duas culturasJ a +umanstica e a cientica. Reiro'me sempre
a tr4sJ a cl6ssica, do passado, c+amada +umansticaD a cultura prFpriamente dos cientistasD e uma terceiracultura, a dos proissionais, /ue no 1 (em uma cultura cientica, e, sim, outra modalidade da cultura
cientica. -e maneira /ue so tr4s culturas. A +umanstica 1 dominada, so(retudo, pelo con+ecimento dopassado e pelas suas letrasN. Todavia, +o!e, mesmo a cultura liter6ria pode ser altamente moderna e
altamente cientica. NA cultura cientica, ao contr6rio, se impre*nava de um sentido de uturo, sendo 4ste
um dos aspectos undamentais da revoluo do sa(er +umanoN. Esta revoluo oi na verdade como a de)op1rnicoJ a cultura, /ue era t2da do passado, volta'se /uase t2da para o uturo. C preciso um es2ro para
aer a mocidade de +o!e compreender /ue ela no pode viver s para o uturoD tem de (uscar suas raesno passado, para compreender mel+or o uturo. ;uer dier, o passado ica como um instrumento apenas.
Gle 1 um au9iliar, um elemento /ue me a!uda a compreender o presente, mas no 1 o im da min+a
educao. Nur*iram, ento, as escolas'la(oratrio, as escolas'pes/uisa. E todo o sa(er +umano, 2sseN+umansticoN ' na Aleman+a, a ci4ncia 1 so(retudo ci4ncia +umanstica ' Nou de estudo da naturea, entrou
em ase de radical reconstruo.
6. Expanso e 7udana 0nterior
A doce atmosera, de certo modo convencional, do sa(er desapareceu para sur*ir a ind3stria do
con+ecimento, e as escolas a se aerem casas de tra(al+o 6rduo e persistente, e9i*indo o /ue +o!e se vemc+amando tempo inte*ral e devotamento e9clusivo. < desenvolvimento do ensino superior passou a ser
medido pelo *rau em /ue proess2res e alunos assim conduiam o seu tra(al+o e adotavam os novosm1todos do n2vo con+ecimentoN. -e maneira /ue a mudana no 1 nunca uma e9panso sD 1 umamudana real, interior, dentro da /ualidade de ensino /ue estou dando. NC essa transormao /ue vamos
procurar caracteriar no ensino superior (rasileiro, distin*uindo, undamentalmente, o /ue 1 simplesampliao e crescimento das condies anteriores, >s v4es com *rave deteriorao dessas condies e o
/ue representa eetiva renovao e com4o do n2vo esprito, do n2vo m1todo, do n2vo estilo do sa(er e do
n2vo modo de tra(al+ar no campo das ci4ncias sicas e +umanas. < n2vo proessor universit6rio e o n2voaluno da universidade so, +o!e, dois tra(al+adores modernos, cu!o *rau de es2ro e dedicao se ieram
to particulares e essenciais /ue antes se undam numa pai9o do /ue em possveis incentivos materiais,em(ora 4stes no se!am, so(retudo +o!e, despreveisN. Est6 claro /ue conv1m dar um pouco de incentivo
material. 8as a cultura moderna podia ser eita sFmente com pai9o por ela, !6 /ue 1 capa de provocar
essa pai9o. NTomaremos, assim, as nossas escolas superiores em seu desmedido crescimentoN ' c+amo aateno i*ualmente para istoJ o crescimento do ensino superior no Brasil 1 *i*antesco ' Nsem maior
deslum(ramento pela sua e9panso, (uscando investi*ar e desco(rir o /ue realmente nela representa atransormao, mel+or diria, mutao, para irmar os pontos de sua so(reviv4ncia e mostrar os aspectos em
/ue perduram os vel+os moldes em vias de desaparecimento. -istin*uiremos, por isso, a simples e9panso
/ue 1 resultado da e9ploso de aspiraes em /ue vivem os /ue +o!e (uscam o ensino superiorN ' essa 1uma das *randes presses /ue o ensino superior sore ' Ne o /ue se vem realmente aendo para adaptar a
universidade >s novas necessidades da sociedade em transormao, de modo a evitar /ue a sua e9pansoven+a a constituirD para os /ue a procuram, uma parado9al rustrao. Esta*nada, ou no, a educao
superior tradicional representava o /ue +avia de mais si*niicativo no as, no sentido de valoriao e
prest*io socialN. :e!am (emJ em(ora a educao superior (rasileira ten+a sido esta*nada, po(re, modesta,ela possua, no sentido de prest*io social, um valor e9altadssimo. Nor isso mesmo, no se pode pedir >
mocidade, /ue (usca essa educao ainda tradicional, /ue se!a ela a renovadora de seus m1todos e de seu
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conte3do. @o pode mover a essa mocidade motivao diversa da /ue serviu aos /ue antes a (uscavam.Entre as resist4ncias > mudana necess6ria e indispens6vel, no est6 apenas a sociedade (rasileira, de si
mesma, naturalmente, let6r*ica, podendo sorer a mudana, mas raramente a promovendoD no estoapenas os proess2res ameaados de perder seus +6(itos lon*amente aceitosD esto os prprios
estudantes a tudo isso reletirN ' a reletir a cultura em /ue deva estar inserida a universidade (rasileira ' Nna
motivao /ue os pro!eta para as suas novas am(ies de estudos e de sa(er. e os mais vel+os se
cultivam em escolas de tempo parcial, rece(endo o sa(er por impre*nao auditiva e um va*o e ocasionalconvvio com os proess2res, 1 natural /ue os mais novos tam(1m !ul*uem /ue se cultivaro do mesmomodo, para poder ruir o prest*io social de /ue ainda *oa a vel+a elite ormada se*undo os vel+os
m1todosN. Antes de descrever o ensino superior no Brasil, considero ainda indispens6vel um es2ro para
deinir os padres, modelos ou val2res /ue o ensino superior o(!etiva na vida (rasileira. Gste pensamento,parece'me, a!uda a compreender, depois, a situao /ue estamos encontrando. N@o se trata da
or*aniao ormal do ensino superior, nem mesmo dos ins proclamados na a(undante le*islao /ue re*e4sse ensino. )o*itaremos, antes, de val2res su(!acentes, *eralmente implcitos, e /ue realmente *overnam
a sua e9panso, de certo modo e9plosiva, a partir de #0. As sociedades latino'americanas, dentre elas, a
(rasileira, eram sociedades, at1 a rimeira Huerra 8undial, em desenvolvimento acentuadamente lento, detipo oli*6r/uico e, de al*um modo, aristocr6tico, pois no s eram sociedades para os poucos, como tin+am
de certa maneira, reletindo a Europa, cu!a cultura e civiliao (uscavam imitar, um apr4o especial pelo/ue se poderia c+amar Ncultura *eralN em oposio > cultura cientica ou t1cnica.
8. ) 7odlo das Escolas Pro9issionais 0soladas
< ensino superior na Am1rica espan+ola 4'se, desde o princpio, em universidades conce(idas e undadaspelo mod4lo espan+ol, en/uanto no Brasil, /uando veio a ser criado o ensino superior, !6 no s1culo XIX, o
mod4lo oi o de escolas proissionais isoladasN. )reio /ue !6 me reeri (astante a 4ste assunto. or isso,
passarei a ler adiante. Trata'se do te9to em /ue su(lin+o o ato, !6 e9plicado por mim a/ui, de /ue, em(orano +ouv1ssemos contado ormalmente com a universidade, tivemos o esprito e a uno da universidade.
NGste car6ter de ensino superior (rasileiro, a /ue no alta uma nota, enim, parado9alN ' em(ora pordeinio eminentemente proissional, 4le, realmente, era de cultura *eral ' N/ue permitiu, at1 pelo menos
#L0, /ue as escolas superiores se constitussem em instituies tran/ilasN ' ve!am (emJ at1 #L0 4sseensino superior viveu um perodo de e9traordin6ria tran/ilidade. :ivi essa d1cada e dela me recordovivamente. osso asse*urar /ue no +avia, ento, a menor intran/ilidade no ensino superior (rasileiro '
Nre/entado relativamente por poucos alunos, or*ul+osos do (ril+o e9cepcional de certas aulas e, com asinevit6veis distores locais, eminentemente acad4micas, o /ue 1, talve, o trao mais duradouro de todo o
ensino superior (rasileiroN ' a despeito de serem escolas proissionais, cultivam um *rande amor >
/ualidade acad4mica do ensino, entendida a como ensino desinteressado. NAs escolas superiores,resumindo'se >s duas carreiras de alto prest*io, a do m1dico e cirur*io e a do !urista, depois > de
en*en+aria, para cu!o mod4lo se inspirou na escola polit1cnica rancesa, eram o /ue oram para a 7ranaas grandes coles, /ue no sou(emos copiar. Ao seu lado, +avia a escola de (elas'artes, a escola de
a*ronomia, os cursos ane9os de odontolo*ia e arm6cia, mas constituam socialmente escolas de se*unda
classe, ormando proissionais sem maiores +onras acad4micas. < ensino nessas escolas eraenciclop1dico, dentro de cada ramo, compreendendo um e9tremo currculo, sem /ual/uer especialiao,
sendo, a ri*or, proped4utico > proisso, para a /ual o diplomado se iria ormar pela pr6tica depois de dei9ara escolaN ' isso 1 o /ue caracteria (em o ensino superior (rasileiro, mesmo /uando 4le se c+ama
proissional. Nor isso mesmo, os proess2res eram todos de tempo parcial, com a sua atividade reduida a
aulas ma*istrais. escola, > (i(lioteca e > vida de estudanteN ' estou alando a/ui s2(re
os alunos do meu tempo ' Ncom acentuado sentido de laer e traos de (o4mia. Eram raros os estudantes/ue tra(al+avam para o *an+o. or isso mesmo ' o ensino superior visava mais > cultura do /ue ao preparo
ou treino proissional ' o pro(lema da eici4ncia prFpriamente dita da escola era secund6rio. A escola se
reduia > sua uno de semear id1ias e con+ecimentos, icando a col+eita dos resultados a car*o do alunoe do seu es2ro autodid6tico, por meio de leituras e, depois, pela pr6tica e pela e9peri4ncia pessoal.
Em(ora as escolas mantivessem (i(liotecas, nem sempre atualiadas, o esperado do (om aluno era /ue
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constitu'se sua prpria (i(lioteca. At1 o primeiro /uartel do s1culo, as tr4s escolas superiores, de 8edicina,de -ireito e de En*en+aria lo*raram, dentro d4sse esprito e d4sse m1todo, constituir'se em escolas
rao>velmente (oas e preparar a elite proissional e culta para o asN ' ine*>velmente elas preparavam aelite /ue conse*uimos ler e usar. NAinda nesse perodo, cumpre notar /ue se d6 incio a certa mudana em
relao > 8edicinaN ' c+amo a ateno dos no(res -eputados para 4ste ponto, por/ue, na min+a opinio,
um dos maiores esclarecimentos s2(re o ensino superior (rasileiro /ue vamos ter 1 a an6lise mais
detal+ada do /ue representou a cultura m1dica (rasileira ' Ne > en*en+aria, passando a primeira a acentuaro car6ter pr6tico dos cursos de clnica e os aspectos cienticos e e9perimentais das cadeiras (6sicas, e ade en*en+aria, com a criao da Escola olit1cnica de o aulo, servida por corpo de proess2res
estran*eiros em al*umas cadeiras, a dar incio > especialiao em eletricidade e mecnica, al1m da
cl6ssica en*en+aria polit1cnica e civil. At1 ento, entretanto, o apereioamento ou avano de /ual/uerinstituio de ensino se aia em pereita tran/ilidade sem, >s v4es, /ual/uer repercusso social. sua tran/ila clientela de
classe alta e m1dia superior, im(uda, ali6s, de proundo respeito > cate*oria intelectual dos seus
proess2resN. @o podemos descon+ecer /ue o proessor da universidade (rasileira era uma das i*urasmais respeitadas e mais admiradas da @ao. ?o*o, precisamos ol+ar para 4sse proessor com certo
respeito. -entro da cultura /ue estava representando, 4le oi uma alta e9presso do valor (rasileiro.N;uando, na d1cada de &0 comeam os movimentos de crtica e e9ame da situao educacionalN ' ve!am
(emJ a 1 /ue comea a in/uietao (rasileira ' Ne se es(oam os contornos de sistema educacional /ue
inclusse a universidade, o sistema e9istente de ensino superior no se sente atin*ido pela crtica, no sere*istrando dentro d4le nen+um rele9o do movimento proposto reconstruo educacionalN. C curiosoJ todo
o movimento de reconstruo educacional (rasileiro 1 estran+o > universidade. < mesmo aconteceu emt2da a Europa. Acontece, /ue a universidade estava ec+ada no seu isolamento, na sua tran/ilidade, nos
seus o(!etivos. N< ensino m1dico, contudo, era o mais aetado pelo pro*resso cientico e o mais li*ado aos
pro(lemas (rasileiros, por isso mesmo /ue a sa3de +umana constitua pro(lema concreto e local, nopodendo ser resolvido por uma cultura de id1ias universaisN ' 1 evidente /ue o m1dico no podia icar s
com as id1ias universais, to a(undantes na cultura (rasileira. Nor isto mesmo, dentro do esprito da
cultura acad4mica, so as escolas de medicina do Brasil as primeiras /ue se emancipam dos m1todos decultura *eral e comeam a revelar insatisao ante a situao e9istenteN. Ao reerir'me a essa mudana,
no posso dei9ar de lem(rar como o Brasil 4 os seus estudos +istricos. @osso as tem +istoriadores domais alto /uilate, aprendeu pes/uisa +istrica proundamente, a +istria com os mel+ores m1todos
cienticos e nunca oi a universidade ou a escola superior /ue l+e ensinou isso. @essa 1poca, em /ue acultura +istrica era de um *rande inter4sse social, criamos institutos +istricos e *eo*r6icos em t2das as
capitais, o /ue 1 uma +onra para ns. o!e, no conse*uimos criar nada semel+ante. Tudo isto realiado
pela iniciativa privada (rasileira. N@o +6 como no distin*uir o proissional m1dico dos demais proissionaisdo as. C pela 8edicina /ue se introdu na cultura (rasileira o esprito cientico moderno, caracteriado
pelo m1todo e9perimental. -a serem as escolas de 8edicina, em oposio >s de -ireito e mesmo >s deEn*en+aria, o verdadeiro n3cleo de pensamento emprico indutivo, /ue lentamente comea a emer*ir no
/uadro intelectual (rasileiroN.
1:. A Poltica do umerus $lausus
N-entro do /uadro do /ue se poderia c+amar as grandes escolas(rasileiras ' 8edicina, -ireito, En*en+aria
' a escola de 8edicina 1, assim, a primeira /ue entra a se or*aniar, tendo em vista o n2vo car6ter cientico
da proisso. Ao mesmo tempo, entretanto, em /ue se transorma, a im de apurar os padres cienticos dasociedade moderna, introdu uma severa poltica de numerus clausus para a admisso, reduindo
dr>sticamente a sua matrculaN. A Escola de 8edicina da Universidade 7ederal do Rio de aneiro c+e*ava ater 500 alunos no primeiro ano. ois (em, passou a ter 00. :e!am a reduo dr6stica. N< ato pode ser
o(servado na simples evoluo da matrcula m1dica a partir de L0. Gle 1 importante, por/ue revela um dos
traos da poltica de educao superior no Brasil, /ue 1 a de restrio de matrcula. )om eeito, em(orao numerus claususde matrcula represente preocupao pelos padres de /ualidade do ensino, no se
pode dier /ue se!a sFmente 4ste o motivo de sua adoo.
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Nois, ao mesmo tempo em /ue as escolas assim ec+am as suas portas, adota o as,para atender > presso invencvel da procura educacional, a soluo de criar novas escolas
em vez de ampliaras e9istentesN.
Gste 1 um outro ponto para o /ual *ostaria de c+amar a ateno de :. E9as., por/ue 1 muito si*niicativo
/ue o Brasil no e9panda as escolas e9istentes e crie novas escolas.
N@o se pode admitir /ue se!a mais 6cil criar uma nova escola do /ue ampliar as !6e9istentes. e isto se a, 1 por/ue as escolas e9istentes resistem > sua prpria ampliao,
se!a para manter o prest*io de /ue *oam, se!a por no aceitar o n2vo es2ro necess6rio
> sua ampliao. < en2meno 1 indicativo de certo estado de complac4ncia com a situaoe9istente e de resist4ncia > mudana. ?o*o, em(ora as escolas de 8edicina se!am as mais
sensveis ao pro*resso cientico da proisso m1dica, nem por isto elas se aeminstituies dinmicas predispostas > mudana, mas aeioam'se aos padres ad/uiridos e
se ec+am como ortaleas dentro dos seus muros, /ue no so os da universidade, mas os
da prpria escola. or a se pode sentir como a circunstncia de as escolas terem sidocriadas como instituies isoladas de ensino proissional, leva'as a conservar, ainda /uando
inte*radas na universidade, a sua lealdade > escola e no > universidadeN.
Reputo 4ste um dos pontos mais si*niicativos do vel+o esprito universit6rio. A vel+a universidade medieval
era uma oli*ar/uia de proess2res. ;uando terminou a Idade 81dia, encontravam'se na decad4ncia /ue
sa(emos, e9atamente por/ue estavam totalmente ec+adas como oli*ar/uias de proess2res. s especialidades da proisso. parte clnica, as escolas de en*en+aria diversiicaram os seus currculos pelas
dierentes especialidades. Re*istre'se, por1m, /ue no c+e*aram a ser escolas avanadas
de tecnolo*ia ...N.
:e!am como 1 dierenteJ as escolas de 8edicina c+e*aram a um ponto /ue, +o!e, ac+o, sem nen+um
e9a*4ro, podemos dier /ue o proissional m1dico (rasileiro pode'se e/uiparar ao proissional m1dico de/ual/uer pas civiliado. Al1m disso, ac+a'se to avanado nos aspectos cienticos e tecnol*icos da
proisso /uanto os demais. 6 no posso dier o mesmo da En*en+aria nacional, por/ue, em(ora ela !6
se!a muito si*niicativa, no se 4 tecnol*ica. Ela no perce(eu /ue a En*en+aria no era apenas civil,mecnica ou eletricista, mas era, por e9cel4ncia, a desco(erta da m6/uina e da Tecnolo*ia dessa m6/uina.
Ento, no posso e/uiparar o desenvolvimento das escolas de En*en+aria (rasileiras com odesenvolvimento das escolas de 8edicina.
N... mas limitaram'se a ensinar as tecnolo*ias e9istentes, com o esprito de transmisso dos
con+ecimentos e9istentes e no de pes/uisa ou desco(ertaN.
En/uanto em 8edicina vemos a desco(erta de tratamento para as mol1stias (rasileiras, vemos a ci4ncia
m1dica (rasileira, em En*en+aria temos a Tecnolo*ia /ue nos 1 traida do e9terior. @o criamos a nossa
Tecnolo*ia. omos, >s v4es, maiores no aspecto artstico da En*en+aria, como se pode ver por esta
maravil+a /ue 1 Braslia. Ar/uitetura, por ser arte, p2de pro*redir mel+or do /ue as ci4ncias tecnol*icas,por/ue, como arte, comeamos incluindo'as ori*in>riamente em nossa escola de Belas'Artes.
NGste 1 outro trao da poltica do ensino superior /ue, no as, no c+e*ou > escola de ps'
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*raduao...N.
Esta 1 outra *rande al+a da nossa estrutura. A universidade moderna, a universidade de um(oldt, do
princpio do s1culo XIX, era universidade de ps'*raduao. Ia preparar o +omem para desco(rir a ci4ncia,para ormular a ci4ncia a ser ensinada nas escolas ineriores. @o era de modo al*um a escola para
transmitir os con+ecimentos existentes, por/ue o con+ecimento e9istente estava sendo criado dentro da
*rande transormao da 1poca.
N... mas se ateve apenas ao ensino do sa(er e9istente e /ue c+e*asse > posse do
proessor. Tudo isto nos o(ri*a a o(servar /ue a escola superior no se 4 centro de
renovao do con+ecimento mas de simples transmisso do pouco sa(er esta(elecido,e9istente em ca(eas (rasileiras e no livro. )om as escola de -ireito no se re*istra
nen+uma inovao. < ensino continou com seu currculo enciclop1dico de disciplinas!urdicas e o m1todo de aulas ma*istrais, tr4s v4es por semana, a alunos /ue, por sua ve,
liam e estudavam comp4ndios !urdicos. @em especialiao, nem /ual/uer orma pr6tica 1
introduida. or outro lado, o car6ter normativo das ci4ncias !urdicas acilitou a*eneraliao do modo de pensar terico'dedutivo, /ue muito concorreu para marcar a
inteli*4ncia (rasileira com um trao especulativo e, de certo modo, do*m6tico.
1!. As 5aculdades de 5iloso9ia
A essas tr4s escolas maiores da tradio do ensino superior (rasileiro, vieram acrescentar'
se na d1cada de L0, primeiro a escola de 7ilosoia, )i4ncias e ?etras e, depois, v6riasoutras. Isto sucede, por1m, /uando a sociedade !6 estava em ranco processo de mudana
e as aspiraes pelo ensino superior comeavam a crescer e a pressionar as escolas pornovas carreiras e por admisso numerosa de alunos. )omo iria o pe/ueno n3cleo limitado
do ensino superior rea*ir a essas mudanas e aceitar a sua incorporao > universidade
ento criadaQ A reao oi deensiva e no de aceitao. As escolas se encastelaram emsua real autonomia e passaram a considerar o Reitor como o su(stituto do -iretor do Ensino
uperior, a /ue antes estavam moderadamente su(ordinados. @en+uma escola se
considerou nem did6tica nem acad4micamente su(ordinada ao Reitor, mas escolasindependentes em t2rno de sua autoridade, a /ue dele*aram seus entendimentos com o
*ov4rno, so(retudo para a o(teno do oramento e o plano de o(ras da universidadeN.
< Reitor era uma esp1cie de dele*ado da con*re*ao, /ue representa a 2ra do ensino superior, para,
!unto ao Hov4rno, o(ter oramento avor6vel > universidade e > escola, dispensando os prprios diretores
das escolas de terem de se preocupar com 4sses pro(lemas.
NEstamos considerando as escolas oiciais, mas a situao no era muito diversa com
relao >s escolas particulares. < ensino particular unciona por concesso do Hov4rno esuas escolas tam(1m esto diretamente su(ordinadas a 4le, /ue as autoria, recon+ece e
iscalia, *oando, apenas, de li(erdade administrativa. Tam(1m elas t4m a tradio de
escolas proissionais isoladas e, /uando constitudas em universidades, comportam'se domesmo modo /uanto > or*aniao central da reitoria.
or 4ste ato, /uando se criaram as aculdades de ilosoia, ci4ncias e letras, /ue iriaminiciar no as o estudo superior nas dierentes 6reas do sa(er +umano e, em realidade,
introduir o ensino universit6rio das disciplinas em seu aspecto acad4mico e no
proissional, altaram modelos tradicionais para 4ste tipo de ensino. @o +avia no ensino(rasileiro mod4lo para as aculdades de ilosoia, ci4ncias e letras. A nova instituio, por
isto mesmo, sur*iu com misses estran*eiras de proess2res. A ela devia ca(er a unocentral da universidade, interli*ando'se com as demais escolas proissionais e passando a
incum(ir'se do ensino (6sico ou proped4utico das escolas proissionais, /ue, li(ertadas da
necessidade de tam(1m ministrar 4sse ensino, passariam a se concentrar no es2ro deormao proissional. @ada disto se deu. As escolas proissionais continuam como dantes,
oerecendo ensino proped4utico e de ormao proissional, e a aculdade de ilosoia,
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ci4ncias e letras 4'se uma escola normal superior de preparo do proessor secund6rio,como tal se multiplicando pelo asN.
o, +o!e, L. ;uer dier, em #L, +6, portanto, L anos, um undador de uma aculdade de ilosoia,ci4ncias e letras, como o Hovernador de o aulo, !ul*ava /ue no podia a4'lo sem traer uma e/uipe
de % proess2res estran*eiros. @o mesmo ano o Hov4rno do -istrito 7ederal criou uma aculdade de
ci4ncias e letras, uma aculdade de direito e economia etc. e l6 tam(1m os seus administradores ac+aram
/ue precisavam de $ proess2res europeus para dar incio a essa escola. o!e, +6 L no Brasil e seconstituem em municpios /ue no c+e*am a ter 50 mil +a(itantes, e com proessorado local.
:e!am (em se ela 1 a anti*a aculdade de ilosoiaJ
Nor certo, como no se criou o ensino ps'*raduado, as mel+ores escolas de ilosoia,
ci4ncias e letras ensaiaram a especialiao no campo das letras e das ci4ncias, dandoincio ao preparo de cientistas nos campos das ci4ncias sicas e naturais e das ci4ncias
sociais e de especialistas no campo das letras. @en+uma escola se 4, por1m, centro de
pes/uisas ou de estudos avanados nesses campos, icando, *eralmente, concentrada noscursos de /uatro anos de preparo do proessor secund6rioN.
@o s a escola de ilosoia no se inte*rou na universidade, como no realia sua uno, como noe9pande seu ensino al1m dos tr4s ou /uatro anos de seus pe/uenos cursos.
1#. Universidades Brasileiras4 -eunio de Escolas 0soladas
N)omo se v4, a estrutura anti*a de escolas proissionais isoladas conservou'se, constituindoa universidade apenas a sua reunio em um con*lomerado de escolas so( uma autoridade
comum, mais nominal e (urocr6tica do /ue eetivamente administrativa e acad4mica. sua
prpria autoridade. < 3nico !ui do seu pro*rama e da sua eici4ncia 1 ela prpria. As
*uildas medievais eram uma corporao d4sse tipo. < vel+o mod4lo so(revive nas escolassuperiores plantadas no solo (rasileiroN.
1(. >i"erdade de Ensinar e >i"erdade de Aprender
universidade'corporao ec+ada, /ue ensina o /ue4les, proess2res, resolvem ensinar, em re*ime estatut6rio de e9trema ri*ide. o instituies para si
prprias, presumidas de *uardis da cultura de promotores do seu desenvolvimento indeinido.
N-ir'se'6 /ue assim so as escolas superiores de t2da a Europa. @o estou lon*e derecon+ecer o ato, mas l6 elas assim se constituram numa sociedade lon*amente ormada
e estratiicada, vindo a mudar com a mudana da sociedade, de /ue eram peasinte*rantes. Entre ns, as escolas oram criaes inovadoras eitas pelo Estado, para uma
sociedade nascente, sem padres prprios de cultura, /ue deveriam ser criados pelas
escolas e implantados na nova sociedade, a cu!os reclamos iriam atender, rediri*indo'os.@o podemos proceder a um estudo comparado do ensino superior nos v6rios pases, mas
dentro do )ontinente +6 o caso dos Estados Unidos da Am1rica, /ue, por circunstnciasespeciais +istricas, no su(ordinaram o ensino superior aos modelos europeus,
desenvolvendo'os como uma e9peri4ncia local e dentro das contin*4ncias de uma
sociedade nova em processo de evoluo so( o impacto da revoluo democr6tica eindustrial do s1culo XIX. A universidade americana 1 muito diversa da universidade in*l4sa
e mesmo da europ1ia. @o sur*e como uma corporao de proess2res, mas como umempreendimento social, so( o contr2le de um consel+o no proissionalN.
a(emos /ue s +6 no mundo outro e9emplo, o da Esccia, onde tam(1m a universidade est6 so( o
contr2le de um or*anismo lei*o, /ue preside a universidade, a /ual e9iste no para si, mas para cumprirdeterminado dever para com a sociedade. :e!am (em a dierenaJ a educao no 1 s um (em para o
indivduo, mas uma necessidade para a sociedade. -a a necessidade de poder a sociedade velar por essanecessidade *eral, independentemente da necessidade individual. ara /ue isto se aa possvel, devemos
ter na universidade al*um r*o /ue represente !unto a ela a sociedade. @a universidade napole2nica e na
universidade (rasileira, o Hov4rno mesmo se apropriou da universidade, como r*o da sociedade. 8as,dadas as ori*ens democr6ticas da sociedade an*lo'sa92nia, ela no p2s o *ov4rno diri*indo a universidade,
mas um consel+o lei*o, no proissional, al*umas v4es eleito pelo povo, outras escol+ido pelo Hovernador
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do Estado, ou pelo r*o undador ou mantenedor da universidade.
No /ual contrata os proess2res, por indicao de um residente, /ue 1, mais do /ue tudo,
um *erente e um lder, nem sempre com /ualiicao de proessorN.
1,. A Experincia Americana4 Universidade?Emprsa
um estudo de como al*uns reitores das universidades americanas ' /uatro ou cinco dos mais
si*niicativos e criadores ' modiicaram suas instituies, nos permitiria sentir como a sociedade, emprocesso de industrialiao, v4 na universidade uma empr4sa como outra /ual/uerD e, assim como a
Heneral 8otors se transormou numa *rande empr4sa, a universidade americana se transormou em uma
empr4sa ormid6vel de produo de con+ecimento. < en2meno no poderia ocorrer, se a universidadetivesse a orma anti*a tradicional, ou se!a, uma reunio de proess2res e alunos para estudarem. escola. Aps isso, os estudantes e
proess2res de -ireito passaram a estudar essa !urisprud4ncia e a ormular o -ireito americano. @o +6 nasescolas de -ireito, em /ue se *eneraliou o case method, nada do /ue lem(re nossas escolas
enciclop1dicas, /ue ensinam o direito do mundo inteiro em livros e tratados. Gles v4m estudando como oamericano aplica a lei, como est6 resolvendo seus pro(lemas le*ais.
NEm arvard, a or*aniao da La" #choole depois da Business #choolconstitui e9emplo
do car6ter inovador e criador da Universidade. @o 1 a escola de -ireito uma escolaacad4mica de ci4ncias !urdicas, mas uma escola de estudo emprico do uncionamento
da common la" na nova sociedade. < case method torna o ensino de direito um m1todo de
estudo da !urisprud4ncia americana, de onde emer*iria uma ci4ncia !urdica americanaemprica e undada em sua aplicao da lei. 8ais tarde a Business #chool...N
:e!am (em, a escola de com1rcio no Brasil 1 eita como se 2sse (rincadeira, com al*uns tratados. A escolade com1rcio de arvard custou dois mil+es e /uin+entos mil dlares em preparo de material /ue ia ser
ensinado, (aseado nas decises das empr4sas administrativas e industriais americanas. ;uer dier, oi umestudo completo de todos os relatrios da ind3stria americana em c4rca de oitenta anos de vida. Umtra(al+o intensivo para compor uma (i(lioteca e, ento, or*aniar uma escola de com1rcio numa
universidade. 8aterial para ser estudado e investi*ado.
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N8ais tarde a Business #chool se or*ania com o mesmo m1todo, e9i*indo ainda maiorori*inalidade em preparar o material em /ue o ensino se iria undar. @o +6 nesse m1todo
de criar o ensino superior, nada /ue lem(re a universidade medieval nem a alienaocultural /ue marcou o ensino superior no Brasil. A nao, na Am1rica do @orte, estava a
criar a sua cultura e essa cultura estava a ser estudada na universidade, para se tornar
possvel o seu ensino. A sociedade e a universidade eram uma s coisa e como a
sociedade era local e nova, nova e local era a universidade. @o estamos pois a antasiaral*uma coisa mas a lem(rar um e9emplo, cercado do mais completo 49ito, mesmo nosaspectos acad4micos, /ue a universidade veio depois a ad/uirir, nada devendo aos padres
criados pela Europa. Assim como a Europa criou a sua universidade, assim criou a Am1rica
do @orte a sua, e assim deveramos ns criar a nossa. Inelimente o en2meno detransplantao de cultura oi muito mais marcado e proundo na Am1rica ?atina e sFmente
a*ora podemos ensaiar os passos para aer da universidade o centro de estudos da cultura(rasileira, a im de a podermos ensinar e desenvolv4'la. er6 /ue o poderemos aerQ
conesso min+as d3vidas, pois so muito *raves as resist4ncias a vencer e muito diceis os
novos moldes a inculcar em proess2res e alunos. Trata'se de tornar a universidade no atransmissora de uma cultura universal !6 e9istente, mas a estudiosa de uma cultura nova em
ela(orao, /ue l+e ca(e desco(rir e ormular para poder ensin6'la. @o se pense /uedescon+ea a e9ist4ncia de um sa(er universal. or certo /ue e9iste e deve ser ensinado,
mas essa ser6 so(retudo a tarea da educao elementar e secund6ria, ca(endo >
universidade a tarea de complement6'la e depois ela(orar e ensinar a cultura nacionalormando os especialistas da ?n*ua (rasileira, da istria (rasileira, do -ireito (rasileiro,
da 8edicina (rasileira, da En*en+aria (rasileira, da )i4ncia social (rasileira, da A*ronomia(rasileira, das )i4ncias naturais (rasileiras, sFmente caindo no campo universal as )i4ncias
sicas e matem6ticas, ainda assim com aspectos de aplicao tam(1m (rasileiros. or/ue
a Tecnolo*ia no mundo todo tam(1m 1 nacionalD a ci4ncia 1 universal mas as tecnolo*iasso nacionais. C isto /ue aem t2das as naes desenvolvidas da decorrendo /ue a
cultura, como o vin+o, em(ora ten+a m1todo e mesmo conte3do comuns, se!a dierente
conorme o meio /ue a produ. Tam(1m o Brasil est6 ela(orando a sua cultura e o /uepedimos 1 /ue a universidade se volte para ela e a descu(ra e a ormule, para poder
ensin6'la. ara isto a escola superior deve retirar'se do seu isolamento e aer'se um centrode estudos e de pes/uisaN.
1. Am"i&@idades do Ensino Superior e as 7udanas Sociais
NA An6lise /ue es(oamos nas p6*inas precedentes vai a!udar'nos a compreender asam(i*idades e perple9idades do ensino superior no Brasil ao derontar'se com as
mudanas sociais, as novas e9i*4ncias de educao para satisa4'los e as aspiraes dos!ovens para participar da universidade e do ensino superior. 6 /ue apreciar as 2ras
contraditrias /ue se entrec+ocam no processo incoercvel de e9panso, em /ue entraram
as escolas superiores. -e um lado, temos a resist4ncia das escolas e9istentes > mudana,do outro lado a presso da populao estudantil > ampliao das oportunidades do ensino
superior. Independente dessas duas 2ras, uma a manter a escola ec+ada, outra a /uer4'la a(erta, uma a /uerer manter os muros do ensino superior, outra a /uerer escal6'los,
+avia outras empen+adas em reormar o ensino superior para mel+or atender aos reclamos
do n2vo tipo de sa(er necess6rio > moderniao do as e > necessidade de diversiicar osestudos para novas carreiras compatveis com as e9i*4ncias da nova sociedade em
ormao. Estas 2ras de renovao e reorma tin+am contra si am(as as 2ras anteriores,a de conteno e a de e9panso, /ue no propu*navam mudanas, mas simples retrao
ou e9panso do sistema. As 2ras de reorma s poderiam atuar de dentro do sistema, no
sendo capaes de promover, como uma 2ra e9*ena, a mudana do sistema.
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ampliao da matrcula e as mais pro*ressivas na sua reor*aniao interna de m1todos,conte3dos dos currculos e pr6tica de ensinoN. Implac>velmente ec+adas em sua poltica
de numerus clausus de matrcula, estas escolas desenvolveram, *uardado o seuisolamento, o ensino proped4utico ou (6sico de Biolo*ia +umana e a ormao proissional
do m1dico. Hoando do maior prest*io social, +erdado da prpria proisso m1dica e
ortalecido pelo valor dos seus proess2res, +a(itualmente proissionais de *rande rel4vo, as
escolas de 8edicina *uardaram o seu isolamento e auto'suici4ncia, e9istindo dentro dauniversidade, mas no pertencendo > universidade. )onstituam, em verdade, o mod4lopara a universidade'conederao'de'escolas e no unio'de'escolas e, d4ste modo,
serviam >s outras escolas desavorecidas de maior prest*io social, mas tam(1m se/uiosas
de independ4ncia e isolamentoN.
A escola de 8edicina, na medida em /ue se ec+a e se isola dentro da universidade, ornece o mod4lo para
as outras escolas i*ualmente isoladas.
NUma ilustrao elo/ente d4sse esprito est6 na criao das escolas de 7arm6cia e
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su(sidi>riamente se devotando > ormao acad4mica dos especialistas em ?etras,)i4ncias e 7ilosoia. Assim dividida nos seus o(!etivos undamentais, aca(ou por se
multiplicar no as, mais, contudo, como escolas normais de proessor secund6rio do /uecomo 7aculdade de 7ilosoia, )i4ncias e ?etras, salvo o caso das duas maiores, as do Rio e
de o aulo. @este sentido 1 /ue di*o /ue a e9peri4ncia, em *rande parte, se rustrou.
:eremos adiante os aspectos atuais do processo de evoluo ou transormao das
aculdades de ilosoia. -epois dessas duas tentativas de implantao da universidademoderna, entre ns, voltamos > lin+a de menor resist4ncia da simples criao de novasescolas, *uardando o molde anti*o de isolamento, auto'suici4ncia e independ4ncia de cada
escola.
Recordemos /ue as escolas cl6ssicas de ensino superior (rasileiro eram as escolas de8edicina, de -ireito, de En*en+aria e de Belas'Artes, acompan+adas das escolas
reputadas de se*unda cate*oria /ue eram de 7arm6cia, escola de ps'*raduaoN.
12. )s $ursos de Ps?raduao
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universidade como conederao de escolas independentes e auto'suicientes. As prpriasescolas de economia e as aculdades de ilosoia, /ue oereciam v6rios cursos, mantin+am
uma separao mais ou menos r*ida entre os cursosN. ' -i*o mais ou menos, por1m erarealmente r*ida. ' Nor um lado, oi a universidade o(ri*ada a uma duplicao consider6vel
de proess2res e de e/uipamento e, por outro, o(ri*ou'se o aluno a uma opo 3nica e
irretrat6vel, o /ue o levou, naturalmente, a (uscar dominantemente as escolas de maior
prest*io socialN.@em todo o mundo repara o por/u4 de t2da essa ansiedade pela escola de 8edicina. @o +6 nauniversidade (rasileira seno escolas conederadas, t2das comeando no primeiro ano e terminando no
3ltimo. e, por e9emplo, no in*resso na escola de 8edicina no incio do curso, !amais poderei passar para
a 8edicina, a no ser voltando atr6s e reiniciando o curso. )omo 1 a escola de maior prest*io social noBrasil, nen+um aluno corre o risco de se matricular em outro curso, pois no tem a menor possi(ilidade de
transerir'se para os verdadeiros estudos /ue o apai9onariam, ou /ue poderiam vir a apai9on6'lo. cilmente rece(er todos os candidatos na universidade. 8atriculados, iriam todos aerseus dois ou tr4s anos de cursos (6sicos, os /uais seriam proped4uticos a cursos proissionais
proped4uticos a cursos acad4micos, de cultura *eral ou de carreira curtasD depois disso 1 /ue iria processara seleo para as escolas proissionais de carreiras lon*as e para as dierentes especialiaes cienticas e
acad4micasD uma terceira seleo +averia ainda para os cursos avanados ps'doutorais.
NA id1ia de /ue as escolas ' d4em apenas um curso, como as de 8edicina ou de -ireito, oud4em at1 vinte cursos, como a 7aculdade de 7ilosoia ' so escolas i*uais, a serem tratadas
de modo i*ual, levou a conse/4ncias e9tremamente danosasN.
Uma escola de -ireito d6 um 3nico curso do primeiro ao 3ltimo ano. A aculdade de 7ilosoia e ?etras c+e*aa dar vinte. @o +6, na or*aniao, nen+uma dierena nessas duas escolas e no modo de trat6'las. e eu
entrar para a aculdade de 7ilosoia, para um dos cursos, ten+o /ue icar ali. 6 no terei nem possi(ilidadede transer4ncia, nem de opo nem de mel+oramento. C a re*ra totalmente oposta > da Lernfreiheit und
Lehrenfreiheit% nem li(erdade de aprender, nem li(erdade de ensinar.
NA escola de 7ilosoia da anti*a Universidade do Brasil, +o!e Universidade 7ederal do Rio deaneiro, no conse*uiu se/uer pr1dio prprio, uncionando +6 c4rca de L0 anos num pr1dio
alu*ado, de propriedade de uma nao estran*eira, no dispondo das mais elementarescondies para um pr1dio de escola universit6ria, em(ora se!a a escola de mais alta
matrcula da reerida universidadeN.
)ito 4sse ato por/ue no +6 nada mais e9pressivoJ na maior universidade do Brasil, a Universidade7ederal do Rio de aneiro, rica, poderosa, com um pro*rama /ue data de trinta anos, +6 uma escola /ue,
possuindo o maior n3mero de matrculas de t2da a Universidade no conse*uiu pr1dio prprio.
NA universidade 1 uma conederao de escolas unidas pelos laos de uma coordenaocentral e9ercida pelo )onsel+o Universit6rio, )onsel+o de )uradores e Reitor, atuando mais
como r*os de contr2le /ue como r*o de propulso e desenvolvimento. Ao lado dasuniversidades, com suas unidades de ensino incorporadas ou a*re*adas, su(sistem os
esta(elecimentos isolados de ensino, /ue no apresentam dierenas su(stanciais dos
incorporados ou a*re*ados, salvo a de /ue a autoridade central para os NisoladosN no 1 o)onsel+o Universit6rio mas a -iretoria do Ensino uperior.
Ac+ado o mecanismo da e9panso do ensino superior pela criao de novas escolasN, '
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com isso 1 /ue /uero caracteriar a e9panso ' Na sua multiplicao se vem processandode modo contnuo e incessante, por isto /ue no aeta as escolas e9istentes, nem importa
em movimento de mudana, de reormaN.
-a, dier eu /ue a e9panso do ensino superior 1 a consolidao do su(desenvolvimento da universidade.
ua e9panso, lon*e de ser uma reorma, 1 a consolidao do Nesta(elecidoN. Torna muito mais dicil a
reorma
NA educao superior passou a ser al*o de uniorme e +omo*4neo, /ue se e9pande como
se e9pande a escola prim6ria. < ato de a ?ei de -iretries e Bases esta(elecer a li(erdade
de iniciativa particular de ministrar ensino em todos os *raus, asse*urando aosesta(elecimentos privados, le*almente autoriados, o recon+ecimento para todos os ins
dos estudos n4les realiados, veio dar *rande impulso ao ensino particular, por um ladoatrado pela procura social da educao e por outros incentivado pela sano p3(lica
*enerosamente estendida ao ensino privado, sem outra e9i*4ncia /ue a da autoriao
le*al. 7oi a licena de ensinar /ue a ?ei veio a esta(elecer, no sentido pe!orativo da palavralicena. A correo no 1 6cil, pois altam tradies ao as para conter os peri*os da
dema*o*ia e do c+arlatanismoN.
)onsidero +o!e a e9panso do ensino (rasileiro o caso mais espantoso e *rave de c+arlatanismo e
dema*o*ia, por/ue no estamos reormando o ensino, no estamos dando o ensino /ue devamos >
sociedade (rasileira e estamos multiplicando indeinidamente instituies /ue antes deviam passar porproundas reormas. E c+e*amos a criar essa coisa parado9al. )ria'se o ensino superior +o!e com mais
acilidade do /ue uma escola prim6ria. 6 Estados cu!os padres escolares e9i*em para se criar umaescola prim6ria, proessor e pr1dio. A escola superior nem de pr1dio precisa. osso cri6'la como /uiser,
num andar de um edicio, numa escola prim6ria em uncionamento, ou passar a ter a escola superior e >
noite, num *in6sio ordin6rio. Estou desenvolvendo escolas superiores como no desenvolveria escolasprim6rias.
Nara uma viso *lo(al da e9panso do ensino superior, devemos acompan+6'la a partir de
%0%, data da transmi*rao da c2rte portu*u4sa para o Brasil, /uando oi criada a Escolade )irur*ia e 8edicina da Ba+ia, primeira escola superior (rasileira. At1 %#0, data da
proclamao da Rep3(lica, oram undados mais L esta(elecimentos de ensino superior.Eram, pois, as escolas superiores do com4o da Rep3(lica.
-e %#0 a #L0, /uando se deu a /ueda de c+amada Rep3(lica :el+a, oram criados W&
esta(elecimentos de ensino superior, elevando'se o total a %$.
-e #L0 a #5 Odata da restaurao democr6tica e do sur6*io universal e secretoP oram
criados #5 novos esta(elecimentos ou unidades escolares de ensino superior, elevando'seo total *eral a %. @esse perodo oram tam(1m criadas as universidades.
-e #5 a #$0, oram criados &&L novos esta(elecimentos de ensino, passando o n3merod4les a ser 0.
Entre #$0 e #$W N' nesses 3ltimos W anos ' Ometade do perodo anteriorP oram criados
&$5 esta(elecimentos novos, elevando'se o total a $WN. Isto em #$W, por/ue +o!e o
n3mero 1 muito maior. Entre #L0 e #$W, o n3mero de esta(elecimentos so(e de %$ a $W,ou se!a, mais de W v4es em LW anos. A matrcula em #L0, de .000, so(e para %0.000
em #$$ e mais de &00.000 em #$W, ou se!a, mais de v4esN.
Isso no se re*istra em nen+um pas do mundo. C a maior e9panso de ensino !6 re*istrada. < /ue se
venceu oram vel+as resist4ncias (rasileiras. @o se alterou a estrutura da escola e9istente, por1m mudou'
se a consci4ncia /ue o Brasil tin+a de /ue essas escolas no podiam ser aumentadas em n3mero.
Aumentadas a*ora em n3mero, oram'no com evidente /ue(ra de padro. oucas, o mal /ue aiam seriape/ueno. endo muitas, o mal /ue aem 1 muito maior.
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NGste crescimento, por certo espantoso, 4'se pela multiplicao dos esta(elecimentose9istentes, pela criao de esta(elecimentos novos at1 ento ine9istentes e sua imediata
multiplicao, e pela diversiicao de cursos nos esta(elecimentos com currculosdierenciados, com a aculdade de En*en+aria, a de 7ilosoia, a de Economia e a de Artes.
o, +o!e, em #$W, ao todo, $W unidades de ensino, das /uais L&% se ac+am
incorporadas >s universidades, 5 a*re*adas >s universidades e % mant4m'se como
esta(elecimentos isolados Odados de #$WP. -as L&% incorporadas >s universidades, &&&so oiciais ederais, L& oiciais estaduais e W particulares. -as 5 a*re*adas, L so oiciaisestaduais e & particulares. -as % isoladas, &W so oiciais ederais, 5 so oiciais
estaduais, &W so municipais e #L so particulares. Ao todo so particulares L0# unidades
docentes, sendo W incorporadas >s universidades privadas, & a*re*adas e #L isoladasN.
Essas escolas t4m, +o!e, as se*uintes desi*naes, /ue no vou ler mas 1 interessante anot6'las, para
separar o *rupo tradicional do *rupo n2vo.
-elao das desi&naes dadas /s unidades docentes
. 7aculdade ou Escola de 8edicina ou de )i4ncias 81dicas
&. 7aculdade ou Escola de -ireito
L. Escola olit1cnica ou de En*en+aria
. Escola de A*ricultura, ou de A*ronomia, ou uperior de A*ricultura
5. 7aculdade ou Escola de 7arm6cia e Bio/umica
$. Escola ou 7aculdade de
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compreender a que grau tinha de crescer ainda essa diferen-a de curso, dadas as
necessidades no!as da sociedade "rasileira. amos a"ai$o a lista dos cursos%
Cursos de 6 anos
). Medicina
/. Msica 0 composi-o e regncia
Cursos de 5 anos
1. ireito
2. 3rquitetura e ur"anismo
5. Psicologia
4. ngenharia ci!il
6. ngenharia de minas7. ngenharia mec8nica
9. ngenharia na!al
)*. ngenharia qumica
)). ngenharia eletricista
)/. ngenharia metalrgica
)1. ngenharia eletrnica
)2. Msica 0 instrumento
Cursos de 4 anos
)5. :eologia
)4. 3gronomia
)6. Medicina ;eterin#ria
)7.
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/6. >umica 0 licenciatura
/7. Matem#tica 0licenciatura
/9. 'incias sociais 0 licenciatura
1*. esenho 0 licenciatura
1).
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56. conomia domstica e educa-o familiar
57. conomia domstica e licenciatura
59. 'urso de orienta-o educacional, ) ano e meio depois de 1 de faculdade de
filosofia.
e!o dar um esclarecimento% curso, na 3mrica, o programa de ensino de cada professor.+ curso, no rasil, uma srie de cadeiras ou de disciplinas, organiFadas com certa l(gica e
dadas por !#rios professres em certo nmero de anos. G dsses cursos que damos 59. &m
curso, na 3mrica, significa o que cada professor, com a li"erdade de ensinar, achar mais
con!eniente ensinar. Hsse professor, ou!ido o seu departamento, pode mudar seu curso de
ano para ano e, dentro de determinado setor, dar o curso nesse ou naquele sentido. G a isto
que se chama de Icurso eleti!oI, designa-o herdada da uni!ersidade alem, onde nasceu a
li"erdade do professor de ensinar e li"erdade de o aluno escolher seu estudo. e modo que o
aluno, quando ingressa na uni!ersidade, defronta0se com um leque de cursos, entre os quais
!ai escolher os que comporo o seu programa indi!idual, dentro do currculo que ti!erescolhido com os seus orientadores. ste modo, o aluno que escolhe o professor. m"ora
poucas pessoas sai"am, na 3mrica o professor est# "astante so" o contrle do aluno. +s
professres que no so escolhidos pelos alunos, so, Js !Fes, mantidos na uni!ersidade
sem nada faFer, quando a uni!ersidade j# no pode demiti0los ou dispens#0los, por terem
adquirido esta"ilidade. +s professres esto sendo constantemente julgados pelos alunos,
sendo que os grandes professres so aqules que o"tm grande nmero de alunos e os
modestos so os que tm poucos alunos. =oje a &ni!ersidade da 'alif(rnia est# com perto
de )**.*** alunos no total e sses alunos tm, se no me engano, /5.*** professres. Hsses
/5.*** esto di!ididos entre professres que sKmente faFem pesquisa, professres queapenas ensinam e professres que ensinam e faFem pesquisas. Do h#, assim, uma rela-o
indi!idual entre professres e alunos. Ministram ao todo )*.*** cursos diferentes, dentro
dos quais aqules )**.*** alunos compLem seus programas de estudo. 3 nossa situa-o
tda outra. +ferecemos 59 cursos, os quais constituem currculos totalmente rgidos, ou
parcialmente fle$!eis. 'ada aluno, sem quase poder de op-o alguma, tem que estud#0los
em seu conjunto. + curso oferecido como algo de completo, que de!e ser estudado em sua
inteireFa, no ha!endo sequer diferen-a entre maiores e menores, di!iso cl#ssica de cursos
superiores. + rasil mantm, dada a !elha forma anterior, a idia de que cada curso
completo. ncluem0se, ento, nle !#rias cadeiras num conjunto enciclopdico, de!endo oaluno estudar um pouquinho de cada, so" a teoria de que dsse modo fica completamente
formado, significando com isso% enciclopNdicamente formado. epois de o sa"er ter atingido
o grau de desen!ol!imento e de especialiFa-o a que chegou, s( poss!el o sa"er s"re
muito pouco, muito profundamente, e nunca s"re muito porque seria muito e mal. 3
uni!ersidade "rasileira est# a tentar ensinar muito e muito mal, em !eF de ensinar muito
pouco e muito "em. 3s outras uni!ersidades faFem e$atamente o oposto.
I+ processo de e$panso do ensino superior constante e crescente, mas a
partir de )925, acelera0se, !indo ap(s )94* a dar um !erdadeiro salto,fundando0se, nos ltimos sete anos, )1 uni!ersidades federais, 2
uni!ersidades pri!adas cat(licas, 1 uni!ersidades pri!adas leigas, )
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uni!ersidade estadual e /55 unidades docentes no!as, compreendendo
esta"elecimentos isolados e no!as unidades congregadas, alm dos j#
e$istentes nas no!as uni!ersidadesI.
sto nestes sete anos. 3 nglaterra, que tem relati!amente poucas uni!ersidades, crca de
trinta, est# lutando h# crca de )* anos para fundar mais seis uni!ersidades. Para iniciar cada
uma delas, a nglaterra e$ige que a cidade que aceitou escolher a no!a uni!ersidade organiFeuma "i"lioteca de )**.*** !olumes. D(s criamos uma uni!ersidade com um simples
decreto.
IHsse surto ap(s )94* sofreu, por certo, a influncia da no!a lei nacional de
diretriFes e "ases da educa-o, que acentuou a coopera-o da ati!idade
pri!ada, no campo da educa-o.I 0 sto um pequeno coment#rio a essa
iniciati!a pri!ada que, realmente, adquire hoje uma e$alta-o muito grande
no ensino superior.
I+"ser!e0se que em )944, dos )7*.*** estudantes de ensino superior, crcade 7/.*** se encontram em esta"elecimentos pri!ados, nmero superior ao
total de alunos e$istentes em )954 em todo o ensino superior do Pas e acima
do total, em )944, dos alunos das escolas p"licas federaisI. 0 >uer diFer, h#
doFe anos, o total de alunos do ensino superior "rasileiro era menor que o
nmero de alunos de escolas superiores pri!adas, em )944.
IHsses alunos so dominantemente de 3dministra-o e conomia, ireito e
faculdade de uer diFer, o magistrio secund#rio
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est# dominantemente com professorado formado em faculdades de
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encontram0se em cursos de elas03rtes, Msica, esenho e outros, crca de 1./**. sto
entra no ensino tradicional. Desses cursos, que representam o acrscimo ino!ador ao antigo
sistema tradicional, cumpre distinguir entre os que apenas conser!aram a antiga cultura
humanstica e os que implantaram estudos cientficos. Deste ltimo, de!emos distinguir,
ainda, as 'incias Bociais e as 'incias Matem#ticas,
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alguma tendncia maior de mudan-a se re!ela. Desse perodo, no esque-amos que a
popula-o total do Pas aumentou de mais de 2*. ;ejamos as carreiras profissionais longas
0 Medicina, ireito, ngenharia, 3rquitetura e Psicologia 0 e a seguir as demais%
1956 1966 Crescimento
Carreiras longas 1956 - 100Popula-o total do Pas
@milhLesA ............ 4*.*7* 72.46* )2*
Medicina ....................... )/.45* )6.)5/ )14
ireito ....................... /*.)55 14.141 )7*
ngenharia ....................... 6.697 /4.4*1 12)
Psicologia ....................... @96 em )956A ).2)/ ).254
Carreiras mdias
3gricultura ....................... )./62 2.75/ 17)
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tra"alho, no caso de no se tornarem eficientes os seus mtodos de treinamento tcnico.
Do se poder# proceder a uma a!alia-o dsses estudos, sem le!ar0se em conta a
multiplica-o das escolas. Do se trata de um aumento de matrculas em escolas
e$perimentais e consolidadas, com professorado competente, mas de maior matrcula de!ido
J cria-o de escolas no!as sem tradi-o e com professorado impro!isado. + fato j#
mencionado de que o Pas s( amplia o ensino com a cria-o de no!as escolas constitui ume$emplo tpico e melanc(lico da asser-o, tantas !Fes repetida, de que mais educa-o
significapioreduca-o.
3 resistncia das escolas de Medicina J amplia-o da matrcula e mesmo J cria-o de no!as
escolas, se por um lado reflete resistncia a mudan-as necess#rias , por outro lado,
manifesta-o de melhor conscincia dos padrLes necess#rios J forma-o mdica. G fora de
d!ida que so elas as escolas no s( de maior prestgio no ensino superior, como tam"m
de professorado profissionalmente mais competente e a par dos progressos cientficos e
tecnol(gicos da profisso. 3 seguir !m as escolas de ngenharia, no se podendo,entretanto, afirmar que tenham o mesmo Flo pelo seus padrLes que re!elam as faculdades
de Medicina. >uanto Js escolas de ireito, hoje a se e$pandirem em multiplicidade de
escolas particulares, o que se pode diFer em a"ono dos padrLes da profisso que a +rdem
dos 3d!ogados, alarmada com a e$panso dos cursos jurdicos, passou a e$igir pro!a de
est#gio, uma espcie "enigna de e$ame de stado, para conceder a licen-a de e$erccio da
3d!ocacia. m rela-o Js faculdades de
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Por outro lado, a aplica-o do sa"er J !ida de tal modo se ampliou que em todos os setores
do tra"alho humano e necessidade de estar, contRnuamente, a aprender !eio retirar qualquer
sossgo ao sa"er esta"elecido. 3 e$trema amplia-o do sa"er e$istente e a amplia-o de sua
aplica-o J !ida fiFeram da profisso de ensinar a menos isolada, a menos tranqQila, e a mais
din8mica das profissLes. como ensinar hoje um eterno aprender, isto apro$imou
enormemente o mestre do aluno ou aprendiF, irmanando0os num la"or, curiosidade e ofciocomuns e idnticos, a ponto de, modernamente, em di!ersas escolas mais altamente
a!an-adas, aluno e professor quase no se distinguirem e, Js !Fes, quem faF a pergunta
mais o aluno do que o professor.
20. A Reestruturao do Ensino Universitrio
3 conscincia, "em ou mal definida, dsse estado de coisas, le!ou o Pas ao prop(sito de
reestruturar, seno todo o ensino superior, pelo menos o ensino uni!ersit#rio. Para isto,
promulgou0se a lei de reestrutura-o das uni!ersidades. sta lei firma postulados e
princpios para essa reestrutura-o que merecem ser e$aminados, pois focaliFam aspectosreferentes ao isolamento, independncia e duplica-o, caractersticos da situa-o das escolas
na estrutura anterior.
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que criou a &ni!ersidade de raslia a tdas as uni!ersidades federais. Minha d!ida s"re a
e$eqQi"ilidade de to radical medida assenta no fato de que a reforma requer mudan-a
profunda, tanto do professor quanto do aluno, mudan-a que no se pode faFer nas
uni!ersidades j# e$istentes. Para a reforma de uma uni!ersidade j# constituda e cujo
professorado no se possa remo!er, a reforma tem de ser gradual e por setores, no se
podendo operar a mudan-a glo"al sU"itamente. Para ilustrar, e$aminemos o caso dareestrutura-o da &ni!ersidade
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; 0 a cola"ora-o com o Poder P"lico, em pro"lemas regionais e nacionais.
Do artigo seguinte, entretanto, a e$trema amplitude dessa defini-o dos o"jeti!os , de certo
modo, equili"rada com a declara-o de que Ia &ni!ersidade cumprir!seus
o"jeti!os mediantea organiFa-o e o desen!ol!imento de cursos.
+s cursos de gradua-o destinam0se a formar profissionais e sero desdo"rados em doisciclos 0 um "#sico e um profissional. Bua estrutura atender#%
aA ao currculo mnimo e J dura-o fi$ados pelo 'onselho
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ensino e pesquisa, le!ando J identifica-o de am"as as fun-Les da &ni!ersidade. m rigor,
pode0se conce"er uma uni!ersidade que no fa-a pesquisasO o que no permiss!el a
&ni!ersidade que no ensine. 3s duas ati!idades so diferentes, sendo desej#!el que o
ensino se fa-a como prepara-o para a pesquisa, da a con!enincia de ser o mtodo de
ensino o da redesco"erta do conhecimento. epois de adquirir o conhecimento e$istente,
que o professor ou o estudante se torna capaF de utiliFar sse conhecimento e$istente parapesquisar o n!o conhecimento. 3 pesquisa uma ati!idade que se e$erce normalmente na
fase p(s0graduada de estudos. 3 integra-o com o ensino a de admitir como au$iliares ou
estagi#rios de pesquisa estudantes dos cursos de gradua-o, que se re!elem promissores para
a pesquisa. B( nesse casos ha!er# uma poss!el simultaneidade relati!a entre o ensino e a
pesquisa. Ber# de desejar que a pr#tica !enha a corrigir essa confuso de conceitos entre o
ensino e a pesquisa. =# professres que s( ensinam e outros que ensinam e pesquisam ou
que pesquisam e ensinam. 3 legisla-o "rasileira deseja que todos sejam como stes ltimos.
Pode ser desej#!el, mas no creio seja sempre poss!el.
epois de assim descre!er as ati!idades da &ni!ersidade como de cursosem diferentesn!eis e de nles pre!er a Iintegra-o do ensino e da pesquisaI, o plano dispLe s"re a
distri"ui-o dos IconhecimentosI em dois Igrupos gerais#" a sa"er
$rupo 1 0 a"rangendo os seguintes setores%
Betor ).*) 0 'incias Matem#ticas
Betor ).*/ 0 'incias
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Betor /.*9 0 nfermagem
Betor /.)* 0 uanto Js #reas de conhecimento, no h# defini-o precisa do que sejam, declarando apenas
o artigo )9 que Ipara cada #rea de conhecimento ou conjunto de #reas ser# instituda umaunidade uni!ersit#riaI.
elineados assim os grupos e !reasde conhecimento, passa o plano a definir o que chama
de Iestrutura org8nica da uni!ersidadeI. 'onsiste essa IestruturaI em I(rgosI a serem
distri"udos por uma Iestrutura inferior" uma estrutura mdia e uma estrutura superior#&
3 Iestrutura inferiorI tam"m chamada Iinfra0estruturaI, integrada pelos 'rg(os de
e)ecu*(o do ensino e da pesquisa e por 'rg(os suplementaresde natureFa tcnica e
culturalI.
+s 'rg(os de e)ecu*(odo ensino e da pesquisa compreendemO
aA su"unidades
"A unidades.
Bo su"unidades os departamentos, que, reunidos em nmero !ari#!el, formam as unidades
uni!ersit#rias, que tero a designa-o de institutos e escolas ou faculdades.
+ departamento" como su"unidade de ensino e de pesquisa, Iconstitui0se de pessoal e
material relati!os J reunio coerente de disciplinas, em um campo "em definido de
conhecimentosI.
'om "ase em departamentos" dois so os tipos de unidades uni!ersit#rias%
aA faculdades ou escolas +nomes considerados equi!alentesA
"A institutos&
&ma faculdade ou escoladestina0se Ia ministrar o ensino de ciclo profissional de um ou
mais cursos de gradua-o de uma profisso geralI, alm de outros cursos pre!istos no plano
@p(s0gradua-o, especialiFa-o, aperfei-oamento, treinamento profissional, atualiFa-o,
e$tenso uni!ersit#ria e outrosA.&m institutoI uma unidade de ensino e pesquisa em um setor de conhecimento
fundamentalI.
Bo as seguintes as suas IfinalidadesI%
aA ministrar, nas respecti!as #reas de conhecimento, o ensino do ciclo "#sico para tda a
&ni!ersidadeO
"A ministrar, aos portadores de ha"ilita-o necess#ria, cursos de gradua-o na profisso
restrita ao conhecimento em causa e$pedindo aos apro!ados o respecti!o diplomaO
cA ministrar, em coopera-o com escolas e faculdades, o ensino de disciplinas do ciclo
profissional dos cursos dsses esta"elecimentos, pertinentes aos conhecimentos
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especialiFados do instituto, outorgando aos apro!ados a respecti!a ha"ilita-oO
dA ministrar, aos que j# tenham determinadas ha"ilita-Les especialiFadas, as disciplinas
complementares para a gradua-o na profisso relati!a ao conhecimento especialiFado em
causa, e$pedindo aos apro!ados o respecti!o diplomaO
eA ministrar as demais modalidades de cursos uni!ersit#rios @gradua-o, p(s0gradua-o,especialiFa-o, aperfei-oamento, treinamento profissional, atualiFa-o, e$tenso
uni!ersit#ria e outrosA.
,rg(os suplementares
'onstituem (rgos suplementares integrantes da Iinfra0estruturaI%
aA as organiFa-Les de presta-o de ser!i-os profissionais que !isem co0adju!ar as unidades
ou su"unidades na e$ecu-o do ensino e da pesquisa%
"A os ncleos que, congregando recursos de su"unidades ou unidades uni!ersit#rias, com ou
se a coopera-o de entidades e$tra0uni!ersit#rias, se destinam ao desen!ol!imento de
programas de pesquisas e @ouA de treinamento a!an-ado.
Hstes (rgos sero institudos, em car#ter permanente ou tempor#rio, pelo 'onselho
&ni!ersit#rio, por iniciati!a do 'onselho de 'oordena-o dos centros uni!ersit#rios.
3 descri-o da IestruturaI pre!ista pelo plano, ao indicar as IfinalidadesI dos institutos,
dispLe que lhes ca"e Iinstituir e desen!ol!er programas de pesquisas e
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