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CURSO PEDAGOGIA
MARA REGINA SILVA DE CASTILHOS
AFETIVIDADE: UM INSTRUMENTO DA APRENDIZAGEM
Canoas, 2008
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MARA REGINA SILVA DE CASTILHOS
AFETIVIDADE: UM INSTRUMENTO DA APRENDIZAGEM
Trabalho de conclusão do curso de Pedagogia do UNILASALLE – Centro Universitário La Salle como exigência parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Magistério nos anos iniciais do Ensino Fundamental e Orientação Educacional, sob a orientação da Profª. Ms. Natacha Scheffer.
Canoas, 2008
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TERMO DE APROVAÇÃO
MARA REGINA SILVA DE CASTILHOS
AFETIVIDADE: UM INSTRUMENTO DA APRENDIZAGEM
Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de
licenciatura do Curso de Pedagogia do Centro universitário La Salle – Unilasalle, sob
Orientação da Prof. Ms. Natacha Scheffer.
Prof. Ms. Natacha Scheffer
UNILASALLE
Canoas, 5 de dezembro de 2008.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Deus criador por ter me dado o fôlego de vida e capacidade para a realização deste trabalho e por me proporcionar sentir sua presença constante ao meu lado dia após dia.
Aos meus pais que além de me trazerem ao mundo, me ensinaram a ter perseverança através de seus exemplos. E a todo o momento e de todas as formas me incentivaram a prosseguir nesta jornada sem desanimar.
Ao meu esposo que soube me compreender nos momentos difíceis e ausentes. A ele que sempre foi, e é meu maior incentivador, ao me acompanhar passo a passo rumo à conquista dos meus sonhos.
A minha sobrinha, que na sua inocência de criança, com muita singeleza me incentivou grandemente a chegar até aqui. Olhando para ela me permiti vislumbrar o futuro.
Aos amigos fiéis que depositaram em mim toda confiança. Que também souberam compreender minha ausência em certos momentos e conseguiram me fazer sentir o gostinho da vitória antes mesmo dela chegar.
À profª. Ms. Natacha Scheffer, minha orientadora, por toda a dedicação, credibilidade, carinho, compreensão e profissionalismo durante a elaboração deste trabalho. Tua orientação foi relevante durante este período.
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RESUMO
Este trabalho teve como objetivo pesquisar, através de referencial bibliográfico, a importância da afetividade entre professor e aluno, como um instrumento capaz de potencializar a aprendizagem. É através das relações afetivas estabelecidas na sala de aula que os alunos constroem uma auto-imagem positiva, ficam motivados e cria-se um ambiente de confiança contribuindo assim para que sejam atingidos os objetivos educativos. Sabendo o papel relevante da educação na formação de cidadãos capazes de refletir sobre suas ações e relações com o semelhante, os vínculos afetivos precisam estar presentes no cotidiano escolar para que a exclusão não seja mais tema de debates. Também foi percebida a importância que as relações familiares têm no processo de aprendizagem, já que é no meio familiar que a criança desenvolve suas primeiras relações sociais e é neste meio também que se inicia o processo de construção da subjetividade. Portanto, é necessário que a escola, através da figura do professor, conheça a história de vida de seus alunos para que possam ser estabelecidos elos, vínculos entre educador e educando onde, o educando possa sentir-se realmente acolhido e aceito neste novo grupo social. Necessário se faz que o professor reflita sobre sua prática e compreenda a relação existente entre inteligência e afetividade. É a partir desta compreensão de que inteligência e afetividade não se dissociam que ele poderá desenvolver um trabalho marcado por relações de confiança e afeto.
Palavras-chave: Afetividade, relações afetivas, aprendizagem.
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ABSTRACT
This study aimed to search through bibliographic references, the importance of affection between teacher and student, as a means of enhancing learning. It is through the emotional relationships established in the classroom that pupils build a positive self-image, staying motivated and creating an environment of confidence. This will help to achieve the educational goals. Knowing the important role of education in the formation of citizens able to reflect on their actions and relations with the similar, the emotional ties must be present in the daily school so that exclusion is not a subject to further discussions. It was also perceived the importance that family relationships have in the process of learning, as it is in the family environment that a child develops its first social relationships and this also means that begins the process of construction of subjectivity. Therefore, it is necessary for the school, through the figure of the teacher, to know the history of life of their students so that links can be established, ties between teacher and student where the student can feel really welcome and accept this new social group. It is needed that teachers reflect on their practice and understand the relationship between intelligence and affection. It is from this understanding that intelligence and affection don´t separate that the teacher could develop a work marked by mutual trust and affection. Keywords: Affection, emotional relationships, learning.
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SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO .......................................................................................................08
2 A RELAÇÃO ENTRE AFETIVIDADE E COGNIÇÃO ............................................10
3 A EMOÇÃO FAVORECE A APRENDIZAGEM .....................................................20
3.1 As emoções podem produzir um resultado negativo.......................................23
3.2. O comportamento é a linguagem da emoção.................................................25
4 VÍNCULO: NECESSÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO PESSOAL, SOCIAL
E COGNITIVO.........................................................................................................27
4.1. Apego: para quem este comportamento é dirigido e por que..........................31
5 A APRENDIZAGEM SOFRE INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES QUE
SÃO ESTABELECIDAS ENTRE PAIS E FILHOS.....................................................35
5.1. E quanto aos limites é preciso ter coerência...................................................41
5.2. A escola e os limites........................................................................................46
6 AFETIVIDADE: O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR...............................49
7 CONCLUSÃO.........................................................................................................57
REFERÊNCIAS.........................................................................................................59
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1 INTRODUÇÃO
Este trabalho é o resultado de uma pesquisa bibliográfica realizada sobre o
tema afetividade, trazendo como título “Afetividade: um instrumento da
aprendizagem”. Baseada em pesquisas já realizadas sobre o tema, procurei
encontrar suporte teórico para estabelecer a relação existente entre inteligência e
afetividade, bem como os benefícios que as relações afetivas trazem para a
aprendizagem.
Mesmo sendo de conhecimento de muitos que a afetividade sempre esteve
ligada a educação e que a mesma tem relevância no processo de ensino-
aprendizagem, muitos dos que estão envolvidos neste processo tem “medo” de
envolverem-se. Ou ainda, não tem uma compreensão correta acerca do tema, não
sabem como expressar, trabalhar em sala de aula com o afeto e suas
representações.
A realização deste trabalho tem como objetivo trazer à tona a importância que
as relações afetivas no cotidiano escolar exercem sobre a aprendizagem dos
indivíduos, e também o papel que professor precisa exercer com a finalidade de
promover um ambiente favorável a estas relações. Qual a postura que o professor
deve ter diante dos alunos e como os mesmos reagem diante desta postura também
é objetivo deste trabalho.
O trabalho divide-se em cinco capítulos. No primeiro capítulo discute-se a
relação entre afetividade e cognição e sua importância na aprendizagem e aquisição
do conhecimento. No capítulo dois, que está dividido em dois subtítulos, abordamos
sobre as emoções favorecendo a aprendizagem, podendo ser prejudicial e como
forma de comunicação. No capítulo três, que tem dois subtítulos, abordamos sobre o
vínculo ser necessário para o desenvolvimento pessoal, social e cognitivo e também
sobre o comportamento de apego. O capítulo quatro apresenta-se dividido em três
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subtítulos que fala sobre a aprendizagem sofrer influência das relações familiares e
a questão dos limites. E no capítulo cinco versa sobre o papel da escola e do
professor no que se refere à afetividade.
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2 A RELAÇÃO ENTRE AFETIVIDADE E COGNIÇÃO
Falar sobre a relação que existe entre afetividade e cognição, é um assunto
que tem chamado a atenção de pesquisadores e educadores que estão envolvidos,
ou que tem interesse em encontrar uma solução para os problemas de
aprendizagem no momento atual em que se encontra a educação.
Devido ao avanço tecnológico e a globalização, os alunos estão em contato
constante com computadores, vídeo games, televisão, aonde recebem as mais
variadas informações sem nenhum tipo de envolvimento emocional. Para cativar
estes alunos o professor precisa utilizar recursos dos quais a tecnologia não dispõe
e que apenas o ser humano conhece que é o afeto.
A criança que desfruta de um ambiente afetivo e compreensivo, o processo de
ensino aprendizagem passa a ser prazeroso e não obrigatório. Isto envolve também
trabalhar com conteúdos que sejam do interesse, da necessidade dos alunos, do
seu cotidiano e cultura.
A afetividade não deve ser vista desvinculada da inteligência, pois é ela que
determina as atitudes das pessoas promovendo os impulsos dos seres sejam eles
inibidores ou, motivadores. É ela que dita o modo pelo qual os sujeitos se
relacionam com a vida e também sua percepção em relação ao mundo e a
realidade. A afetividade compreende o estado de ânimo ou humor, os sentimentos, as emoções e as paixões, e também reflete a capacidade de experimentar estes sentimentos e emoções. É ela quem determina a atitude das pessoas diante de qualquer experiência, promovendo muitas vezes os impulsos motivadores e inibidores. Ela é capaz de perceber os fatos de maneira agradável ou sofrível. Sendo assim, a afetividade é que confere o modo de relação do indivíduo à vida e será através da tonalidade de ânimo que a pessoa perceberá o mundo e a realidade. Direta ou indiretamente, a
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afetividade exerce profunda influência sobre o pensamento e sobre toda a forma de conduta do indivíduo. (SILVA, 2005, p.11)
Ao trabalhar com os aspectos afetivos o professor estará também alcançando o
cognitivo, pois não são dimensões isoladas como a psicologia tradicional aborda.
Esta separação é considerada por Vygotsky como uma das principais deficiências
da psicologia. A separação do intelecto e do afeto, diz Vygotsky, ‘enquanto objetos de estudo, é uma das principais deficiências da psicologia tradicional, uma vez que esta apresenta o processo do pensamento como um fluxo autônomo de ‘pensamentos que pensam a si próprios’, dissociados da plenitude da vida, das necessidades e dos interesses pessoais, das inclinações e dos impulsos daquele que pensa. (VYGOTSKY apud LA TAILLE, 1992, p. 76).
Atualmente não podemos discordar que a afetividade cumpre um papel
indispensável para acionar a inteligência. Em uma relação, falando aqui da relação
entre professor e aluno, onde não há afeto; os sujeitos envolvidos ficam
desmotivados, desinteressados e não partilham suas necessidades. Dessa forma
ninguém é desafiado, pois não expressam seus questionamentos e seus problemas
não existindo a inteligência. Silva (2005, p.15) em suas pesquisas fala a respeito da
constituição da inteligência estar relacionada com a afetividade “A afetividade é uma
condição necessária na constituição da inteligência”.
Ao nos deparamos com a realidade escolar, com as dificuldades de
aprendizagem encontradas na sala de aula, obtemos como respostas de alguns
educadores que a razão deste fracasso é a falta de recursos, uma estrutura física
precária, material pedagógico ultrapassado. É lógico que esses materiais facilitam o
trabalho, mas temos que focar nosso olhar em questões mais relevantes. Questões
estas que dizem respeito ao conhecer mais sobre o seu aluno com o ser humano e o
sentimento que o envolve que é o amor. Sobre isso Silva (2005, p.15) menciona:
“Evidentemente, esses meios são bastante facilitadores, mas há questões que se
sobressaem, como por exemplo, o fato de saber mais sobre os seres humanos e o
amor”.
Muitos professores buscam estar capacitados intelectualmente para atingir com
sucesso seu objetivo profissional que é a aprendizagem dos alunos. Mas,
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infelizmente muitos deles não compreendem que para que isto ocorra, muitos
fatores são necessários entre eles, a afetividade.
O objetivo do trabalho do professor é a aprendizagem dos alunos. Para que a aprendizagem ocorra, muitos fatores são necessários. Capacidade intelectual e vontade de aprender por parte do aluno, conhecimento e capacidade de transmissão por parte do professor, apoio extraclasse por parte dos pais e tantos outros. Entretanto, existe um que funciona como grande catalisador: ‘a afetividade’. (CODO, 1999, p.50)
A educação tem centralizado seu objetivo apenas na transmissão de
conhecimento sem ocupar-se em conhecer quem são esses sujeitos ou quais os
conhecimentos podem manifestar-se das influências que existem entre o professor e
o aluno e, mais ainda, entre o sujeito e o objeto do conhecimento.
A importância da afetividade pode ser observada quando o educador não se
coloca na posição de detentor do saber, onde apenas transmite conhecimentos e o
educando é mero receptáculo de informações. Ao contrário, o professor precisa dar
devida atenção aos alunos, cuidando para que exponham suas opiniões, respondam
as indagações, façam suas próprias opções, porque tiveram a oportunidade de
expressão. A afetividade no ambiente escolar contribui para o processo ensino-aprendizagem considerando uma vez, que o professor não apenas transmite conhecimentos mas também ouve os alunos e ainda estabelece uma relação de troca. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, expondo opiniões, dando respostas e fazendo opções pessoais. (MOURA, 2007, p.1)
E um professor que produz seu trabalho através das relações de afeto, ou seja,
possui competência afetiva, consegue perceber seu aluno em sua totalidade e não
apenas como um receptáculo de conhecimentos escolares. Conclusão a qual,
através de suas pesquisas, chegou Ribeiro (2004, p.5) “[...] o professor que possuí a
competência afetiva é humano, percebe seu aluno em suas múltiplas dimensões,
complexidade e totalidade [...]”.
Por isso a importância de conhecer o seu aluno como sujeito, com suas
necessidades e sentimentos. Porque é através das descobertas, do pensar, do
inventar e das conexões com o objeto ou as situações vividas na sala de aula que o
sujeito chega ao conhecimento. Silva (2005, p.16) fala sobre o que é aprender:
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“Assim, não aprendemos aquilo que nos é dado pronto, mas aquilo que construímos,
descobrimos e inventamos de acordo com as possibilidades e as necessidades
individuais.”.
O ser humano não se relaciona apenas com o mundo exterior, mas também
com um mundo interior aonde se encontram os desejos, as fantasias, sofrimentos e
outros sentimentos que fazem com que cada indivíduo realize uma leitura única e
especial desse mundo. Por isso a educação precisa descentralizar o foco na
transmissão de conhecimentos aonde produz meros repetidores, pois sua tarefa é a
da transformação segundo Silva (2005, p.18) “Por isso, a educação não consiste em
mera transmissão de conhecimento ou de formas de comportamento, mas sim numa
tarefa de transformação”.
E essa tarefa de transformar o sujeito representa um ato de amor, pois se
constitui em construir o saber a partir das experiências vividas e de uma interação
com o meio, gerando possibilidades de criação e descobertas de novos caminhos,
desenvolvendo tanto a autonomia intelectual quanto a emocional. Tornando-o sujeito
de sua própria ação e não objeto de outros sujeitos. A educação pode ser uma tarefa de amor, a qual fornece aos seres humanos a real possibilidade de inventar, fazer coisas novas, aprender a descobrir por si só novos caminhos, desenvolver autonomia intelectual e emocional, dar suporte para que seja um sujeito que tenha meios para ser o sujeito de sua ação e não o objeto de outros sujeitos ou, por que não, do próprio objeto. (SILVA, 2005, p.18)
Ainda que a educação forneça as possibilidades do aluno desenvolver sua
autonomia e que o mesmo saiba buscar e construir o seu próprio conhecimento, ele
precisa ter alguém por perto para lhe oferecer oportunidades de colocar em prática
suas potencialidades, mas para que isto realmente ocorra é preciso que nesta
relação exista respeito de ambas as partes. A respeito disto Silva (2005, p.19)
comenta: “Para isso ocorrer com sucesso, faz-se necessário alguém por perto, numa
relação de respeito mútuo, fundindo suas energias, permitindo que a criança
conduza o seu desenvolvimento”.
Ao acreditar na capacidade que o aluno tem em gerar idéias e saber como
utilizá-las faz com que o mesmo sinta-se inserido no contexto da vida, despertando
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assim o interesse por qualquer disciplina e motivará o seu interesse em buscar uma
compreensão de sua vida.
E não apenas acreditar na capacidade do aluno, mas também compreender a
sua interioridade afetiva, ou seja, alguém que chora, ri, dorme, sofre e que busca
explicações para compreender o seu mundo e o mundo que o rodeia. Por isso é
importante estabelecer uma relação de afeto com o aluno para poder conhecê-lo e
ensiná-lo. Esta é uma afirmação de Silva (2005, p.20) “A relação regada com
afetividade e o vínculo estabelecido num ambiente de educação são essenciais para
conhecer e ensinar um indivíduo”.
Essas relações afetivas contribuem para o processo de humanização através
das interações entre os seres. Silva (2005, P.138) comenta “[...] Não nascemos
humanos, mas nos tornamos humanos através das relações que estabelecemos
com as pessoas e com o mundo que nos cerca [...]”. Para que um indivíduo se
construa como cidadão, precisa ser humanizado através das relações estabelecidas
entre os indivíduos que o cerca para então poder apropriar-se da aprendizagem.
Quando ocorre uma troca entre professor e aluno, onde um se propõe a ensinar
e o outro a aprender, se formam elos de afetividade e o cumprimento das tarefas,
por parte dos alunos, deixam de ser árduas. E o professor por sua vez se sente
estimulado pelo interesse dos alunos em ter suas dúvidas sanadas. O professor
então acaba por seduzir seus alunos como comenta Codo (1999, p.50) “Em outras
palavras, o papel do professor acaba estabelecendo um jogo de sedução, onde ele
vai conquistar a atenção e despertar o interesse do aluno para o conhecimento que
ele está querendo abordar”.
Mahoney (2006, p. 61) fala que afetividade “Refere-se à capacidade do ser
humano de ser afetado pelo mundo externo/interno por sensações ligadas a
tonalidades agradáveis ou desagradáveis”. Para que o mundo externo afete o ser
humano é preciso que sejam oferecidas condições para isto, ou seja, é preciso
oferecer atividades diferentes e possibilitar que a criança escolha as que mais lhe
atrai.
Ao oferecer tais oportunidades e possibilidades ao aluno, o professor estará lhe
proporcionando condições para aquisição da aprendizagem, pois ela não acontece
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quando se recebe algo pronto, mas quando se constrói através das descobertas e
invenções conforme as próprias necessidades e possibilidades. E por estar em
constante desenvolvimento, e neste processo diferentes coisas lhe são
apresentadas em formas diferentes cabe a escola desempenhar o seu papel. Silva
(2005, p. 16) explica em que consiste este papel “Por isso, a escola também tem um
importante papel nesse desenvolvimento, no sentido de organizar os sistemas
afetivos e cognitivos desse indivíduo”.
Ao falar em construir, descobrir e inventar surge uma questão que vem sendo
discutida há algum tempo: o fato de os professores não se darem conta de que as
crianças têm uma aprendizagem mais significativa quando estão em contato com o
objeto de seu estudo. Ou seja, quando podem atuar no meio ambiente. Wadsworth
(1992, p.151) destaca a teoria de Piaget que fala a esse respeito “Possivelmente, a
mais importante e mais revolucionária implicação da teoria de Piaget diz respeito ao
fato de que as crianças constroem o conhecimento a partir de suas ações sobre o
meio ambiente”.
Mas é preciso que o educador não apenas possibilite que o aluno atue sobre o
meio, mas que ele possa além de criar ele transforme as coisas para descobrir então
a estrutura de suas ações. Para Wadsworth (1992, p.160) “O ato de construir é a
essência do processo de desenvolvimento intelectual”. Essas experiências são
métodos e materiais de ensino que podem ser utilizados no processo de ensino-
aprendizagem mas, sobretudo o aluno precisa ser um sujeito ativo neste processo. A experiência é sempre necessária para o desenvolvimento intelectual ...mas eu temo que possamos cair na ilusão de que ser submetido a uma experiência (uma demonstração, por exemplo) seja suficiente para que o sujeito libere as estruturas envolvidas. Muito mais que isso é necessário. O sujeito deve ser ativo, deve transformar as coisas e deve descobrir a estrutura de suas próprias ações sobre os objetos. (PIAGET apud WARDSWORTH 1992, p.162)
Mas não é somente a interação com o meio e as transformações realizadas nele
que contribuem para uma melhor apreensão do conhecimento. As interações
sociais, ou seja, as interações com os colegas também são importantes para a
cognição, pois elas colocam em cheque os pontos de vista. Wardsworth (1992, p.
153) faz uma colocação a este respeito “A interação entre os colegas torna-se
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particularmente importante para o desenvolvimento cognitivo a partir do momento
em que a criança passa a ser capaz de assimilar os pontos de vista dos outros e
quando eles se mostram diferentes dos seus próprios pontos de vista”.
Para além de pontos de vista diferentes, não podemos deixar de falar que
existem as “diferenças”. E para que todos possam interagir sem constrangimento
com os colegas, essas diferenças precisam ser reconhecidas e respeitadas.
Mahoney (2006, p.62) fala sobre isso “O importante do ponto de vista afetivo é
reconhecer e respeitar as diferenças que despontam”.
Cabe ao educador gerenciar essas diferenças ao chamar o aluno pelo nome,
mostrar a criança que pelas suas diferenças está sendo vista no grupo e dar
oportunidades para que elas as expressem. Mas se faz necessário que os limites
sejam respeitados a fim de que sejam garantidas relações solidárias. Ao
expressarem e discutirem sobre essas diferenças será facilitado o processo de
ensino-aprendizagem conforme declara Mahoney (2006, p.63) “O processo ensino-
aprendizagem facilitador do ponto de vista afetivo é aquele que permite a expressão
e discussão dessas diferenças e que elas sejam levadas em consideração, desde
que respeitados os limites que garantem relações solidárias”.
Os alunos não devem ser tratados como se fossem todos iguais um ao outro.
Cada um deve ser observado pelo professor na sua individualidade, seu potencial,
seus talentos e dons, bem como sua história de vida. Quando ele responder
corretamente elogiá-lo, demonstrar que tem interesse quando está narrando um
problema, são atitudes que fazem com que o educador e o educando fiquem
afetivamente ligados. É importante destacar que a afetividade não se dá somente por contato físico; discutir a capacidade do aluno, elogiar seu trabalho, reconhecer seu esforço e motivá-lo sempre, constituem formas cognitivas de ligação afetiva, mesmo mantendo-se o contato corporal como manifestação de carinho. (Moura, 2007, p.1)
A afetividade é o território das emoções, das paixões e dos sentimentos; a
aprendizagem, território do conhecimento, da descoberta e da atividade; organizam-
se em fenômenos complexos e de muitas determinações, definidos por processos
individuais internos que se desenvolvem através do convívio humano. Falar de
afetividade e aprendizagem é falar da essência da vida humana, que por sua
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natureza social, se constrói na relação do sujeito com os outros sujeitos, num
contexto de inter-relações. Silva (2005, p.40) acrescenta “A mediação entre o sujeito
que deseja e o conhecimento, faz-se presente no olhar curioso, na participação
consciente e ativa, no choro provocado por alguma situação inusitada, no sorriso
aberto, no querer bem e no abraço fraterno”.
Ao falar da relevância das relações entre os sujeitos para o desenvolvimento da
aprendizagem é preciso destacar porém, que se faz necessário certo cuidado ao
oportunizar que os alunos expressem suas opiniões. É preciso que haja afeto e
respeito nessa atitude, pois eles podem ter receio de estar sendo julgados sobre
suas opiniões e assim, não se expressarão livremente e suas opiniões poderão não
ser sinceras. O primeiro aspecto refere-se à atitude afetiva e respeitosa do educador ou da educadora. Somente quando os jovens e as jovens percebem uma atitude de acolhida incondicional, distante de juízos de valor sobre as suas opiniões e sua pessoa, serão capazes de falar livremente, de emitir opiniões sinceras, de discordar da maioria ou de adotar pontos de vista diferentes de cada situação. (PUIG, 2000, p.151)
Deve se ter o cuidado quando se trabalhar com afetividade porque não são
meras expressões ou certos tratamentos dados aos alunos que lhes permitirão a
construção do autocontrole e da auto-estima. Tais atitudes apenas darão mostras de
que a afetividade está sendo trabalhada de forma inadequada. Trabalhar com o desenvolvimento da afetividade na sala de aula, não é simplesmente tratar o aluno como querido, especial ou dizer que os ama constantemente, essa não é a afetividade que estamos buscando para dentro do ambiente escolar. (SILVA, 2005, p.136)
Por isso é imprescindível que o professor tenha convicção de sua opção
profissional e trabalhe em prol de uma educação das emoções, tendo em mente a
necessidade do afeto na realização de sua atividade de ensinar. Codo (1999, p.49) é
quem faz esta declaração “[...] afeto: é indispensável na atividade de ensinar”.
Freire (1996, p.159) falando sobre os saberes necessários a prática educativa
refere-se à afetividade no sentido de querer bem aos alunos mas não no sentido de
ser obrigado a querer bem a todos de igual modo. “Significa, de fato, que a
afetividade não me assusta, que não tenho medo de expressá-la”. E este querer
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bem, gostar dos educandos é no sentido do comprometimento de uma prática
específica do ser humano.
Alguns professores, talvez para ocultar o medo que sentem em expressar
afetividade para com seus alunos, justificam que os tratam com severidade, frieza e
com certa distância, em nome de uma competência e seriedade profissional. Freire
(1996, p.159) afirma o oposto: “[...] preciso descartar como falsa a separação radical
entre seriedade docente e afetividade”.
É preciso que os professores percebam que é importante que se estabeleça um
vínculo afetivo com os alunos para que os mesmos tenham uma boa relação com o
saber. Conforme (MOLL apud RIBEIRO, 2004, p. 1) “[...] a relação afetiva abre a
relação com o saber”, pois os alunos passam a ter atitudes positivas em relação aos
professores bem como as disciplinas por eles ministradas o que contribui para a
aprendizagem cognitiva dos mesmos.
Um aluno que percebe que pode estabelecer uma relação de afeto com o seu
professor, recebe impulsos motivadores, e através destes impulsos poderá perceber
a realidade da vida e também dos próprios pensamentos e de sua conduta. A
afetividade é o elo de que necessitamos para compreendermos a pessoa como uma
pessoa completa.
Quando chega ao ambiente escolar a criança já traz consigo uma bagagem da
sua vida familiar que necessita ser compartilhada com o professor e até mesmo com
os colegas. Wallon (2007, p.122) fala sobre essas influências afetivas na
aprendizagem “É inevitável que as influências afetivas que rodeiam a criança desde
o berço tenham sobre sua evolução mental uma ação determinante”.
E como cabe a escola o papel de promover a socialização dos sujeitos, se faz
necessário que o professor possibilite ao aluno compartilhar suas experiências,
concepções e valores, exatamente por ela ser um espaço de multiplicidades que
fazem do cotidiano escolar uma rica e complexa estrutura de conhecimentos e de
sujeitos.
É lastimável que as relações que são estabelecidas no contexto escolar a cada
dia têm se revelado mais difíceis e conflitantes. Tem se agravado a descrença de
que a escola possa constituir-se em um espaço de construção do conhecimento, de
19
alegria, de formação de pessoas conscientes, participativas e solidárias. Diante dos
inúmeros problemas cotidianos os sentimentos em relação a ela tem sido de
desilusão, desencanto e impotência.
E um destes problemas esta relacionado à falta de habilidade em se lidar com
os conflitos que são comuns ao convívio humano, ou seja, nas questões ligadas à
afetividade que integra a emoção, a paixão e o sentimento, que em todas as
relações humanas estão presentes. Problema este que se refere como comenta
Maturama (1999, p.23) a “não aceitação do outro como legítimo outro na
convivência”.
Este desafio precisa ser encarado como uma utopia, como uma possibilidade
de mudança onde a busca e o diálogo estimulem a capacidade reflexiva e a
construção de uma visão plural do conhecimento. O sujeito é um espaço de
singularidade, concebido no conflito, nas diferenças, no heterogêneo. Portanto é
preciso levar em conta o sujeito concreto, contextualizado no tempo e no espaço –
professor e aluno – atuantes no cenário educativo, que pensam, sentem, sofrem,
amam e criam. A ausência de uma educação que aborde a emoção na sala de aula traz prejuízos para a ação pedagógica, pois suas conseqüências atingem não só o professor, mas também o aluno. A falta de habilidade em administrar as imprevisíveis crises emocionais provoca um desgaste físico e psicológico no professor. Ao não interpretar os efeitos da emoção e, desta forma, deles se aproveitar no desenvolvimento da atividade pedagógica, o professor pode deparar, em face das emoções de seus alunos, com um “presente grego”, na medida em que, ao assistir a seu espetáculo, torna-se vítima do seu contágio. (ALMEIDA, 1999, p.15).
Mas para que realmente ocorra essa troca entre professor e aluno, o professor
necessita conhecer a sua prática com clareza nas diferentes dimensões
possibilitando ao aluno ser ele próprio eixo da sua formação ainda que seja
necessária a ajuda do educador. Freire (1996, p.24) fala a respeito de refletir sobre a
prática “A reflexão crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação
Teoria/Prática sem a qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo”.
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3 A EMOÇÃO FAVORECE A APRENDIZAGEM
Inicialmente quero mencionar o conceito de emoção, encontrado no dicionário
Michaelis da Língua Portuguesa, “Emoção é uma reação repentina, intensa,
passageira causada por surpresa, medo, alegria etc.” E segundo definição de
Mahoney (2006, pag 61) emoção “É a exteriorização da afetividade, ou seja, é a sua
expressão corporal, motora, fisiológica. Tem um poder plástico, expressivo e
contagioso; é o primeiro recurso de ligação entre orgânico e o social, estabelece os
primeiros laços com o mundo humano e através dele com o mundo físico”.
Partindo então deste conceito, pretendo estabelecer uma relação entre
aprendizagem e emoção. Essas reações, e por que não dizer atitudes, das crianças
em relação ao que lhes é apresentado lhes desperta o interesse fazendo com que o
espaço educativo seja modificado tornando-se um espaço de confiança.
O espaço educativo precisa ser modificado a fim de que os alunos tenham
liberdade de expressarem suas capacidades. Em muitos destes espaços é negado o
direito de expressão com a justificativa de que as crianças não sabem comunicar-se,
precisam ser ensinadas. Silva (2005, p.58) afirma o contrário “Entretanto, a
capacidade humana em se comunicar é inata”. E é através da linguagem que as
outras áreas vão sendo desenvolvidas.
Infelizmente em nosso sistema educacional o foco da aprendizagem são os
conhecimentos científicos em detrimento aos conhecimentos produzidos através da
imaginação e a criatividade gerada através das emoções, das reações e expressões
corporais dos educandos. É certo que ambas as dimensões devem ser utilizadas a
fim de que as potencialidades de cada um sejam extraídas.
21
Há quem coloque que nas escolas dão-se muitos conhecimentos matemáticos, científicos e pouca expressão corporal e plástica, e tenta-se juntar a uma mesma modalidade de ensino novas matérias, caindo na mesma armadilha com diferentes aspectos, pois não se modifica o principal: o espaço da aprendizagem. O espaço educativo deve ser um espaço de confiança, de liberdade, de jogo. (Fernández apud Silva, 2005, p.58-59)
Consideradas um complexo conjunto de reações químicas e neurais, as
emoções entram nesse processo e afetam o modo de operação de inúmeros
circuitos cerebrais, assim como intensas mudanças do corpo e do cérebro. Ao ativar
então o sistema límbico, alterações nos músculos, na pigmentação da pele e no
ritmo cardíaco, são provocadas por situações emocionantes e agitação de
sentimentos. Essas reações favorecem tanto o armazenamento de novas
informações como o resgate das que estão guardadas. A esse respeito Silva (2005,
p. 59) comenta “Dessa forma, os circuitos cerebrais ficam mais rápidos e permitem a
armazenagem de informações e resgate das que estão guardadas”.
Maturama (2002, p.22) descreve as emoções como os distintos domínios de
ações possíveis e as diferentes tendências corporais que os organizam e realizam.
Assim ele afirma que não existe uma ação humana sem que a emoção a torne
possível como ato. “Por isso mesmo, sustento que não há ação humana sem uma
emoção que a estabeleça com tal e a torne possível como ato”. E ele finaliza seu
pensamento dizendo que (idem, p.23) “[...] não é a razão o que nos leva à ação, mas
a emoção”.
São vários os momentos em que vêm à tona nossas emoções. Sejam
causadas por uma música que nos traz recordações, por uma imagem expressiva,
por um cheiro que desperta lembranças significativas, ao pensar em pessoas sejam
reais ou imaginárias, enfim, se resumir esse pensamento ao universo da sala de
aula, teremos também exemplos diferentes da presença das emoções.
Através das associações com as experiências dos educandos, em relação aos
conteúdos abordados, as emoções são despertadas e eles passam a prestar mais
atenção na sala de aula. Existem duas emoções que podem ser mais eficazes para
despertar o interesse dos alunos que são elas: humor e surpresa. São elas que
22
auxiliam o armazenamento e a busca de informações e associando o aprendizado
ao prazer. Duas das emoções mais eficazes para chamar a atenção dos discentes são o humor e a surpresa. Essas fazem as relações permear por um caminho diferente para armazenar e buscar informações, bem como associam o aprendizado ao prazer. Desse modo, contar uma piada coerente relacionada ao conteúdo, preparar charadas, palavras cruzadas, preparar técnicas de teatro, quando possível, dar voz a objetos inanimados, mudar as posições das classes, enfim, são formas de correlacionar conteúdo sem tirar a seriedade do aprendizado. (Silva, 2005, p.60,61)
Para que as informações tenham entrada no cérebro os nossos sentidos são
indispensáveis. Portanto, a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato fazem o
cérebro recuperar o aprendizado. Silva (2005, p.62) comenta “Contudo, quanto mais
estímulos sensoriais forem associados ao aprendizado, mais facilmente será
apreendido”. Então, ao serem associados os conhecimentos de determinada região
do Brasil, às músicas, às comidas, às danças, as vestimentas, outras partes
perceptíveis do córtex cerebral estarão sendo ativadas fazendo lembrar os
conteúdos.
Ao fazer associações de conteúdos com músicas, desenhos, e objetos que
podem ser manuseados, sugerir atividades ao ar livre e outros ambientes que não
seja a sala de aula, utilizar uma paisagem para fazer associações com um problema
matemático, a aprendizagem é facilitada porque está ocorrendo uma estimulação
dos sentidos.
Quando cenas e objetos são imaginados, são estimuladas as regiões cerebrais
e é alterado o estado emocional construído pelas imagens mentais, possibilitando a
lembrança de palavras e conceitos, onde situações imaginárias são criadas para
vencer o medo e a ansiedade. A esse respeito Silva (2005, p. 64) esclarece
“Pretendemos com isso, reforçar a idéia de que quando nos vemos agregados a
qualquer que seja o conteúdo, a disciplina em questão passa a nos interessar”.
Fatores naturais também são relevantes para a aprendizagem como o sono e
os sonhos. Silva (2005, p.64) assim afirma “Qualquer distúrbio ou redução no tempo
ideal de sono afetará a capacidade de memória”. A capacidade cerebral também é
influenciada pela alimentação.
23
Além do sono e da alimentação, as atividades realizadas devem ser revezadas
a fim de que se obtenha um bom desempenho no estudo e na memorização, e ficar
estudando por um tempo prolongado não é aconselhável. Todos estes fatores são
necessários para que seja obtida uma aprendizagem desejável, mas as relações são
fundamentais para as emoções ao proporcionar a alegria de viver. Silva (2005, p.65)
declara: “mas além de tudo isso, há algo fundamental que é a alegria de viver, a qual
é cultivada diariamente com o apoio das relações saudáveis e afetuosas”.
3.1 As emoções podem produzir um resultado negativo
As relações de reciprocidade podem ser manifestas de várias formas. A forma
expressa pelo corpo é uma das mais evidentes. A tristeza é expressa em um corpo
entristecido, um corpo correspondente é a expressão da alegria e um corpo
amedrontado é produto do medo. Por essa razão é preciso ter cuidado com as
emoções desencadeadas, pois são elas que determinam o desenvolvimento do
indivíduo, podendo facilitá-lo ou impedi-lo. Silva (2005, p.65) é quem faz esta
declaração “Assim, as emoções que vem à tona são determinantes para o
desenvolvimento do indivíduo e, da mesma forma que podem facilitá-lo por meio de
boas emoções que aliam-se a sensação de prazer ao conhecimento, podem
bloqueá-lo se as emoções desencadeadas não forem positivas”.
Quando as crianças são expostas a situações embaraçosas onde são
ameaçadas, assustadas ou apavoradas, que são as representações do sentimento
de medo, pode ocorrer que a memória seja impedida. Ao se exporem com
freqüência a esses tipos de situações, podem surgir bloqueios nas atividades
mentais, causando então um prejuízo para a aprendizagem.
Ao deparar-se então com situações embaraçosas, a criança não terá coragem
para desenvolver a sua autonomia e irá procurar por alguém que lhe acolha pois
está sendo cultivado em seu meio o um sentimento de medo. Silva (2005, p.66)
comenta “E a nível social podemos estar privilegiando uma cultura do medo
formando uma sociedade de protegidos, uma vez que provavelmente irão buscar
alguém que lhes acolham, deixando de desenvolver a capacidade de autonomia”.
24
As situações que se criam na sala de aula, ou seja, todas as experiências que
os alunos vivenciam são relevantes para a formação do indivíduo e, se não forem
bem trabalhadas podem oferecer prejuízos à evolução deste indivíduo. É necessário
que haja, por parte dos educadores, uma preocupação na maneira como são
abordados assuntos referentes à avaliação e comportamento de certos alunos. Silva
(2005, p.66) fala a esse respeito “Há uma grande diferença do estado emocional
quando falamos em avaliação no sentido de valorizar as maiores habilidades do
aluno e quando os repreendemos de forma ineficaz”.
Por isso é necessário que o professor seja prudente quando chamar a atenção
de um aluno para que isso não seja em frente aos colegas porque, pode causar um
acanhamento maior cujas conseqüências são negativas. Quando um aluno
demonstra um comportamento impróprio, o professor deve ter uma conversa a sós
com o mesmo manifestando seu interesse por ele. E, mesmo que um aluno não
tenha cumprido sua tarefa com êxito, haja vista tenha manifestado empenho em sua
tentativa, é muito positivo um elogio ao desempenho do aluno. Evidentemente, NÃO estamos diminuindo as possíveis razões dos docentes e suas atitudes, supervalorizando o aluno, sem, tampouco considerar que o professor também é um indivíduo multifacetado. Entendemos que existem limites que para muitos alunos, são conhecidos pela primeira vez na escola. Por isso a importância do trabalho conjunto entre família e escola na evolução desses sujeitos. (SILVA, 2005, p.67)
O trabalho em conjunto entre escola e família se faz necessário porque é
através da existência de uma comunicação entre professores e pais, que certas
ações resultantes de emoções provocadas são explicadas ainda que o motivo que
as provocaram seja inacreditável. Mas, para que este trabalho seja realizado
efetivamente esta comunicação precisa ser amigável, confiável e realista, ou seja,
tanto pais quanto professores não devem tapar os olhos para o que estão
presenciando, pois a moderação nas palavras e nos gestos é essencial por parte de
todos que participam deste processo.
As experiências vividas em sala de aula, digo aquelas específicas, são
importantes não apenas para a memória, mas também como um constituinte da
personalidade quando essas experiências, esses acontecimentos estão carregados
25
de emoção. E por essas experiências serem tão marcantes, a partir delas são
construídas as lembranças, e quanto mais o tempo passar, maior será a confiança
nestas lembranças. Silva (2005, p.68) fala a respeito destas memórias e a relação
delas com a vida do sujeito “Correlacionando à educação, podemos dizer que essas
memórias não só apresentam e retêm os dados informativos, mas ganham com o
passar do tempo um alto grau de confiança e passam a ser tidos como verdadeiros
e inquestionáveis. Além disso, se relacionam com a própria vida do sujeito.”
É importante que se realize uma reflexão sobre quem é o aluno que temos.
Esse sujeito apresenta-se apenas como um sistema intelectual para algumas
pessoas. Mas para que se possa atingi-lo em potencial precisamos observá-lo em
suas inúmeras variáveis, e não apenas no intelecto. Assim, temos hoje diante de nós
um indivíduo, ou melhor, um grupo de indivíduos pluridimensionais que estão em
incessante mudança, Silva (2005, p.68) completa “... e é assim que devemos
considerar a função emotiva da educação.”
3.2 O comportamento é a linguagem da emoção
Quando iniciei a falar sobre emoção, conceituei-a como uma reação. E que
conforme as experiências vivenciadas em sala de aula são despertadas as emoções
dos alunos e, como conseqüência, o desenvolvimento da aprendizagem. Portanto é
relevante que o professor esteja atento as reações, ao comportamento dos alunos,
pois eles representam a linguagem das emoções.
Portanto, conforme a atividade que está sendo realizada, a experiência
emocional a qual o aluno está experimentando gerará um reflexo no corpo,
resultando em uma consciência emocionada, que não encontrando um caminho que
possa elaborar tal emoção conduz a caminhos inadequados. Desse modo a emoção
manifesta uma ação conforme a experiência. Silva (2005, p.78) afirma “Assim, as
emoções lidam com as motivações ou com as tendências à atividade.”
Os sentimentos que são experimentados por um indivíduo, quanto mais fortes
forem, identificam mais o que está acontecendo, uma vez que são expressos
através da expressão facial, postura, tom de voz, movimentos, ações e fisiologia
26
alteradas. É evidente que é preciso ter cuidado ao observarmos as ações, o
comportamento dos alunos, pois podemos ter uma interpretação errada a respeito
das emoções que estão sendo ali representadas porque, Silva (2005, p.78) fala a
esse respeito “[...] cada indivíduo é único e tem uma forma particular de se
expressar, da mesma forma, quem observa pode cometer equívocos na
observação”.
Os sentimentos que um indivíduo tem não é nada mais que a maneira como ele
avalia tanto o mundo que o rodeia como também a si próprio, e qual comportamento
será ativado. Esses sentimentos são registrados e monitorados para no momento
em que puder, serão expressos através da linguagem correspondente aos
comportamentos. O que é sentido por um sujeito, é um reflexo de como está avaliando o mundo e a si mesmo e que tipo de comportamento estão sendo ativados internamente, monitorando, assim, o estado comportamental, bem como o fisiológico. Isso tudo será registrado e, quando puder fazê-lo, adotar-se-á a linguagem natural do sentimento. (Silva, 2005, p.79)
Portanto, é necessário que se observe o comportamento dos alunos para
perceber que tipos de sentimentos estão sendo ativados para então
compreendermos o que eles têm disposição de realizar e quais as atividades que
lhes agradam. Silva (2005, p.79) fala da importância da linguagem do sentimento
“[...] a linguagem do sentimento desempenha fundamental importância para observar
uma situação e os sistemas comportamentais ativados [...]”.
O estado emocional em que se encontra um corpo pode ser representado de
várias formas, por isso como declara Silva (2005, p.80) “Lidar com a linguagem das
ações nem sempre é fácil”. O professor deve estar atento para as emoções dos
alunos, pois elas transmitem informações sobre as experiências deste sujeito. Quem
faz esta declaração é Silva (2005, p.80) “As emoções existem, portanto, para
comunicar uma experiência que está sendo vivenciada, ou seja, a relação do que
temos diante de nós e o que já experimentamos”. Porém, essa comunicação não é
realizada por meio de palavras, mas através de gestos, alterações na expressão, na
musculatura ou na posição do corpo. Esses indícios constituem a linguagem do
mundo emocional.
27
4 VÍNCULO: NECESSÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO PESSOAL, SOCIAL E COGNITIVO
No capítulo I, fiz um comentário a respeito da importância de ser estabelecido
um vínculo entre professor-aluno a fim de que ocorra uma aprendizagem
significativa, ou melhor, que o aluno seja motivado a aprender. Tenha gosto pelo
conhecimento. Neste capítulo pretendo abordar sobre a necessidade do vínculo para
a aquisição da aprendizagem e desenvolvimento pessoal, social e cognitivo.
Vínculo, segundo Silva, (2005, p.83) “é tudo que se liga, une-se, apodera-se e
relaciona-se moralmente”. Portanto, quando se estabelece um vínculo com alguém,
quer dizer estar ligado a alguém, estar relacionando-se com alguém com quem se
desenvolve um laço afetivo.
Desde a gestação, o bebê já é um objeto de desejos, anseios e fantasias que
seus pais projetam. E a mãe prepara-se então para cuidar deste bebê. Este ato de
cuidar abrange o como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano. E este
cuidar é como define Montenegro (MONTENEGRO apud SILVA, 2005, P.81) “Cuidar
designa uma ação voltada para o próprio sujeito, pois se pensa naquilo que se
cuida. E cuidar refere-se também a prevenir, refletir, meditar, pensar, ponderar, estar
atento, vigiar”.
Quando a criança chega à escola, ela já traz consigo uma importante história,
pois é no seio familiar que ela faz parte do primeiro grupo social aonde além de ter
satisfeitas suas necessidades básicas, adquire as primeiras noções de condutas
sociais. Almeida (1999, p.104) comenta sobre o papel da família no desenvolvimento
28
da criança “A família representa um papel singular no desenvolvimento infantil;
precedendo sua capacidade de escolha, constitui-se no primeiro grupo da criança no
qual ela satisfaz suas necessidades básicas e obtém as primeiras condutas sociais”
É muito importante para o desenvolvimento psíquico da criança o papel que
cada pessoa com quem ela se relaciona representa e também as relações que com
ela são estabelecidas, pois ela é influenciada fortemente pelo tipo de relação que
mantém com cada componente do seu grupo familiar.
A escola assume uma importância fundamental para o desenvolvimento infantil
quando a criança começa a distinguir-se do outro. O que distingue o meio familiar do
meio escolar, entre outras coisas, são a natureza e a variedade das relações que os
constituem. É na idade escolar, aonde a criança irá para a escola, que lhe será
oferecida a possibilidade de estabelecer relações diversificadas e facultativas.
A convivência no ambiente escolar, que difere em muito com o familiar,
proporciona a participação em grupos, e esta integração compreende seguir regras,
assumir tarefas e, essencialmente, reconhecer suas capacidades e respeitar a si
próprio. As normas que sua participação no grupo lhe impõem obrigam a criança a regular a sua ação e controlá-la perante o outro como se estivesse diante de um espelho; obrigam-na, em suma, a fazer uma imagem como que exterior a si própria e de acordo com exigências que lhe reduzem a espontaneidade absoluta e a subjetividade infantil. (WALLON apud ALMEIDA, 1999, p.105).
É necessário que a criança conviva em ambientes que ofereçam relações
distintas das familiares a fim de que supere a fase de confusão e de conflito.
Almeida (1999, p.105) fala como a escola pode possibilitar a construção do eu da
criança “A escola pode tornar-se um meio propício para a edificação do eu, na
medida em que possibilita à criança experimentar relações simétricas com os mais
variados tipos de grupo”.
Há uma grande necessidade de que o meio social em que a criança vive seja
diversificado e “sadio”, pois ele exerce um forte poder sobre a criança porque o que
resulta de suas relações não se limita apenas ao desenvolvimento da personalidade,
mas atingem os limites do desenvolvimento da personalidade. Wadsworth (1992,
p.20) acrescenta “A interação social é um outro fator de desenvolvimento cognitivo”.
29
A partir dessa interação social, ou seja, nesta troca de idéias que a criança se
desenvolve pessoal, social e cognitivamente.
É nessas interações com o meio que a criança então troca as suas idéias, tem
suas hipóteses desafiadas e constrói a sua subjetividade. Aqui entra mais uma vez o
papel importante que o vínculo representa nesta construção do eu. Ele possibilita a
construção e reconstrução de possibilidades e favorece o modo de sentir e perceber
a si mesmo. E a qualidade destes vínculos, sejam eles estabelecidos com a mãe ou
com todas as pessoas de seu convívio implicará no desenvolvimento da criança. Através do vínculo, o processo de desenvolvimento pessoal e social do indivíduo se torna possível. Na relação e na troca com o outro, ele pode construir e reconstruir suas possibilidades. O vínculo tem o papel essencial em toda e qualquer ação que objetiva mudanças e transformações, funcionando como elo de uma corrente que liga os indivíduos, favorecendo a ampliação do modo de sentir e perceber a si mesmo e ao outro. (SILVA, 2005, p.83).
Pode-se perceber então que tanto a família como a escola, através de suas
ações em prol do crescimento da criança, representam um papel importante. E cada
uma a seu tempo e a seu modo deve dar sua contribuição. Almeida (1999, p.105)
confirma a importância destas ações “É indiscutível a relevância da ação da família e
da escola no desenvolvimento da criança”. E quando termina a função da família é
que se inicia a da escola e vice-versa.
É assim que começam a ser estabelecidos os primeiros laços afetivos, os
vínculos, pois a criança necessita de alguém que lhe cuide, ajude, provocando então
as relações de ajuda. E é desta forma que se estabelece também a comunicação
entre os sujeitos. Desta forma, a constituição do vínculo, atribui-se ao contato
emocional dos pais com seu filho e, por conseguinte, com professor e aluno.
A partir de experiências significativas e prazerosas que são repetidas, esse
processo que é formado cresce. Formando-se então um outro elo que comumente é
chamado de apego. De acordo com Bowbly (BOWBLY apud SILVA, 2005, p.84) “o
comportamento de apego é também o comportamento de cuidar”.
Ao viverem essa formação do vínculo com a criança, os pais exercem a função
de cuidar e responder às necessidades físicas ou mentais dessa criança, o que
significa muito mais do que tomar conta. As crianças podem evoluir e tornando-se
30
capazes de desenvolver-se no mundo ao começarem a desenvolver um sentido do
que elas são.
A família precisa desempenhar o papel de mostrar ao filho as transformações
sociais, preparando-o para o mundo, ajudando-o a tornar-se independente, seguro e
decidido diante das dificuldades que poderão surgir. Segundo Silva (2005, p. 84) “O
papel do apego tem uma importante influência no desenvolvimento da personalidade
da criança”.
A maneira como a criança é tratada pelos pais, bem como a maneira que a
mesma responde a eles, e o meio ambiente influenciam no desenvolvimento sadio e
também na direção que a criança vai tomar. A maneira como a criança é cuidada
influencia diretamente no modo como ela vai se perceber a si própria e ao mundo. [...] o bebê tem desde o nascimento uma capacidade crescente para se engajar em interação social e sentir prazer nela. Com poucos dias o bebê distingue a mãe pelo odor, voz e maneira como ela o pega e a discriminação visual ocorre por volta dos três meses. A comunicação inicial mãe-bebê ocorre através da expressão emocional deste e posteriormente, mesmo na ocorrência da fala a comunicação mediada pela emoção persiste como traço das relações íntimas. O choro é a única forma do bebê sinalizar suas necessidades de contentamento ou desconforto. O surgimento do sorriso social estimula a mãe e aumenta o repertório de comunicação emocional. o bebê responde socialmente desde o nascimento. (BOWBLY apud SILVA, 2005, p.85)
Aqui, mais uma vez, percebe-se a importância e a necessidade que a criança
tem de receber cuidados, de ser estabelecido com ela um comportamento de apego
a fim de que, ela possa desenvolver até mesmo a comunicação para que haja uma
interação social prazerosa. Este apego constitui-se em manter uma relação de
proximidade entre o protetor e a criança. E o cuidado que se tem com a criança faz
parte da natureza humana como comenta Silva (2005, p. 85) “O cuidar também é um
componente básico da natureza humana”.
Existem reações das crianças que são conseqüências dos “modelos de apego”.
Ou seja, conforme o tipo de relacionamento existente entre ela e seu cuidador,seja
pai, mãe ou outra pessoa que foi designada para esta função. Se ela percebe a
disponibilidade e sensibilidade em perceber seus sinais e o pronto atendimento as
suas necessidades, a criança sente-se segura.
31
Se ela não tem certeza desta disponibilidade, em virtude desta incerteza pode
demonstrar ansiedade e dificuldade em explorar o mundo. Se a criança não
estabelece confiança nenhuma em relação aos seus pais no que se refere a ajuda,
geralmente rejeita as pessoas antecipadamente por temer ser rejeitada. Por isso,
convém salientar que muitas vezes o baixo rendimento escolar está relacionado a
uma carência afetiva de ordem familiar devido à criança não ter encontrado uma
referência nos cuidadores.
Aqui, volto a falar uma vez mais, sobre a necessidade de um bom contato
afetivo ser estabelecido entre pais/filhos, entre educador/educando.
Relacionamentos estes que precisam ser fortalecidos e ampliados porque os
vínculos não são instituídos de uma vez apenas e para sempre. E o modo como esta
relação vai ser estabelecida influencia não somente na aprendizagem, mas na
criança em sua totalidade. Esta afirmação quem faz é Silva (2005, p.86)
“Dependendo de como essa relação é estabelecida pode se visualizar não só um
distúrbio de aprendizagem, mas a criança na sua totalidade”.
Cabe ao professor, a fim de prevenir tensões, bloqueios e desajustamentos que
poderão ser manifestos sob a forma de distúrbios comportamentais e de
aprendizagem, estimular a livre expressão dos sentimentos e potencialidades, a
partir da visão integradora do ser humano que lhe é permitida.
4.1 Apego: para quem este comportamento é dirigido e porque
Me referi anteriormente aos modelos de apego, aos tipos de reações da criança
como conseqüência das relações que são estabelecidas entre ela e seu cuidador.
Pretendo abordar agora sobre para quais figuras o comportamento de apego é
dirigido. Para quem a criança dirige este comportamento e por que.
Bolwbly (BOWBLY apud SILVA, 2005, p. 86) fala sobre esta questão “[...] desde
o princípio existe mais de uma figura para qual a criança dirige o comportamento de
apego” e ele completa “[...] há também, diferenciação no modo como cada uma
dessas figuras são tratadas”. A criança ainda pode substituir a sua principal figura de
32
apego, que é a mãe, por outras que estão inseridas em seu grupo de cuidadores ou
na família. É de fácil compreensão o fato de que a principal figura de apego esteja inserida no grupo de seus cuidadores e/ou da família em que vive. Assim, a criança poderá selecionar entre mãe, pai, irmãos e até mesmo avós como a principal figura de apego ou como figuras auxiliares. (SILVA, 2005, p.87)
Ainda que a mãe seja considerada a figura central para quem a criança dirige o
comportamento de apego, outras pessoas podem assumir este papel uma vez que
esta pessoa tenha comportamentos maternais diante da criança, esta afirmação vem
de Silva (2005, p.87) “Evidentemente, mesmo que a mãe natural seja considerada a
principal figura de apego, o seu papel pode sim ser assumido por outras pessoas,
desde que esta se comporte perante a criança de uma forma maternal”. Isto significa
que necessita manter com a criança uma interação social fortemente ativa em que
responda de pronto aos sinais e abordagens que a criança lhe remete.
É necessário observar que existe uma diferenciação quanto a figura de apego
e os companheiros de brinquedo. Pois o motivo que levam as crianças a procurar
tais figuras é distinto. Bowbly (BOWBLY apud SILVA, 2005, p. 87) explica que a
criança procura a figura de apego quando está “cansada, doente, faminta ou
alarmada, e também quando está insegura a respeito do paradeiro dessa figura”. Ao
encontra essa figura, a criança quer manter-se mais próximo dessa representação,
quer ser abraçada e até mesmo pega no colo.
Já no caso da procura por um companheiro de brinquedo, ele se dá em um
momento de estado “bem humorada e confiante sobre o paradeiro de sua figura de
apego” como afirma Bowbly (BOWBLY apud SILVA, 2005, p.88). Contudo, ainda
que saiba existir estas distinções, há a possibilidade de que em momentos
diferentes a mesma figura complete ambas as posições. Podendo atuar em um
momento como companheiro de brinquedo e em outro, como figura subsidiária de
apego. [...] é um erro supor que um bebê difunde seu apego entre muitas figuras, de tal modo que segue seu caminho na vida sem uma forte ligação com quem quer que seja e, conseqüentemente, sem sentir a falta de qualquer pessoa em particular, quando essa pessoa está ausente [...] existe uma acentuada tendência para o comportamento de apego ser dirigido principalmente para uma determinada pessoa.
33
Em apoio esse ponto de vista, chamou-se a atenção para o modo como as crianças em creches tendem, quando lhes é dada a oportunidade, a se apegarem a uma determinada pajem. (BOWBLY apud SILVA, 2005, p.88)
É preciso mencionar outro fator relevante em relação ao comportamento de
apego que é aquele que se relaciona aos objetos inanimados. Nos animais percebe-
se que o bebê a maior parte do tempo está em contato com a mãe, aonde o
agarramento e a sucção não nutritiva (exemplos de objetos inanimados) são
transferidos para o corpo da mãe. No caso do ser humano, transfere-se para a
chupeta ou o polegar, este ato da sucção não-nutritiva, e paulatinamente, a uma
roupa, uma coberta ou até mesmo a um brinquedo de sua preferência. Segundo
Bowbly (BOWBLY apud SILVA, 2005, p.89) “apego pode combinar-se com relações
pessoais satisfatórias” não existindo então, como muitos pensam relação do apego
com um objeto inanimado e a doença.
Pode ser um fato preocupante quando a criança não se interessa por
brinquedos macios, neste caso é importante conhecer a história de vida deste
sujeito, porque este desinteresse pode estar associado a uma possibilidade de
rejeição por parte da mãe pela criança. Por isso é quase que comum vermos
crianças chegarem à escola trazendo seu brinquedo favorito porque este apego a
objetos inanimados permanece até a idade escolar. Embora seja fácil supor que um prolongamento desses apegos sugeriria que a criança é insegura, isso está longe de ser uma certeza. A posição pode ser diferente, porém, quando a criança prefere um objeto inanimado a uma pessoa. (BOWBLY apud SILVA, 2005, p.89)
Eis aqui mais uma razão pela qual o professor precisa conhecer a história de
vida do seu aluno e também estabelecer com ele um vínculo afetivo porque, muitas
vezes, a ele é dirigido o comportamento de apego. Para tanto, ele precisa estar
acessível, perceptível e sensível a necessidade de seu aluno.
Esses objetos são chamados de “objetos transacionais” uma vez que se
inserem em uma fase em que a criança elevando para o simbolismo por esta a
razão do termo “transacional”. O comportamento de apego é dirigido para os objetos
inanimados em virtude de o objeto natural estar inacessível ou não existir. Silva
(2005, p.90) ainda complementa a respeito destes objetos e o desenvolvimento da
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criança “É cabível ainda acrescentar que não há uma hipótese suficientemente
capaz de relacionar os tais objetos transacionais como essenciais no
desenvolvimento da criança, seja cognitivo ou de qualquer outro tipo”.
Para que exista o comportamento de apego, não basta simplesmente estar
atento ao choro, aos pedidos comuns da criança, é necessário ser socialmente
receptivo. A criança apega-se mais facilmente, muitas vezes com pessoas que
passam pouco tempo com elas, mas que interagem socialmente com as mesmas, do
que com uma pessoa que fica diariamente com ela, porém não é sensível as suas
necessidades. Evidentemente, não basta apenas responder prontamente ao choro de uma criança, mas ser socialmente receptivo. assim, em algumas famílias cujas mães que passam o dia com uma criança, mas não são suficientemente sensíveis ao choro de seus bebês e tampouco sociáveis com eles e cujos pais passam menos tempo, mas interagem com seus bebês quando estão com eles, tendem, os pequeninos, a apegar-se mais intensamente aos pais do que às mães. Evidencia-se dessa forma, que é a interação social e não a assistência rotineira, o fator significativo no processo que leva à seleção de figuras. (SILVA, 2005, p.91).
Quando uma criança experimenta pouca estimulação social tende a ter o
comportamento de apego retardado. Desde cedo o bebê está pronto para mediar a
interação social. E esta interação terá resultados mais eficientes ao serem
estimulados os sentidos. Esta afirmação vem de Silva (2005, p.94) “Ainda quanto a
interação social, é pertinente esclarecer que essa será tão mais eficaz quando unida
a um misto de estimulação visual, auditiva e tátil, e também, cinestésica e olfativa”.
35
5 A APRENDIZAGEM SOFRE INFLUÊNCIA DAS RELAÇÕES QUE SÃO ESTABELECIDAS ENTRE PAIS E FILHOS
No capítulo anterior falei sobre a necessidade do vínculo e também sobre o
comportamento de apego, entre outras coisas. Comentei que a criança ao chegar à
escola já traz consigo uma história importante de relações de afeto e, que estas por
vezes, são mal resolvidas. Neste capítulo pretendo falar a respeito da influência da
relação entre pais e filhos na aprendizagem.
Ao se falar em déficit de aprendizagem, ou mais diretamente, em fracasso
escolar, não é correto afirmar que a causa seja única. Silva (2005, p.106) faz uma
declaração quanto à causa do fracasso escolar “Sabemos que não existe uma única
causa que explique o fracasso escolar, mas sim, um conjunto de aspectos que se
relacionam mutuamente e que tornam imóveis o desenvolvimento não só do
indivíduo, como também, do sistema familiar, em um momento específico”.
Muitos pais, ao verem os maus resultados escolares dos filhos, deixam bem
claro e visível para os mesmos a decepção em que se encontram. Essa decepção é
representada pela indiferença por outros pais. Seja a decepção representada por
uma ou outra destas atitudes, elas atingem a formação do sujeito na sua totalidade
tirando-lhe a chance de crescer de forma saudável. Por isso, seja qual for a razão do
fracasso escolar, da dificuldade na aprendizagem, como diz Silva (2005, p.107) “[...]
a família exerce papel determinante na condução e na resolução de tal situação,
uma vez que somos frutos do meio e sofremos importante influência do mesmo”.
36
É importante salientar que reconhecida a existência da dificuldade de
aprendizagem na criança, é preciso tomar o cuidado para não rotulá-la, pois se isto
acontecer o indivíduo terá afetado o seu cerne, ou seja: a auto-estima. Para que se
perceba uma melhora considerável em seus conflitos emocionais, que são
provenientes da internalização do fracasso em sua vida, muitas vezes é necessário
apenas compreendê-la e depositar nela credibilidade.
É a própria vida que pode determinar a forma como nossos problemas serão
desenvolvidos. Portanto, família e escola devem exercer a sua função de dar
suporte emocional e produzir segurança no indivíduo para enfim desenvolver
satisfatoriamente sua auto-estima. Silva (2005, p.108) é quem confirma tal afirmação
“Em síntese, com o auxílio da família e da instituição escolar, os quais, através de
seus membros, servem de suporte emocional e geram segurança no indivíduo o
qual pode vir a desenvolver uma auto-estima satisfatória”. É evidente que antes de
tudo, os pais precisam examinar seus próprios sentimentos para dar uma base
sólida para a criança, caso contrário, ficarão imobilizados a oferecer a ajuda
necessária.
Muitas das crianças, no ambiente escolar ou em qualquer outro, apresentam
certas insanidades as quais tiveram que agregar-se, em virtude da influência familiar
a que estão sujeitas e as patologias emocionais de seus próprios pais. Patologias
estas que caracterizavam o ambiente e que foram obrigados a enfrentar a fim de
sobreviver. È carregando essa loucura que o sujeito construirá seu mundo e se conectará com a aprendizagem e, de forma geral, bloquear-se-á para adquirir habilidades essenciais para seu desenvolvimento, podendo apresentar comportamento inadequado, agitação psicomotriz, dificuldade quanto à linguagem (escrita ou falada), defasagem em relação à simbolização, [...]. (SILVA, 2005, p.108)
Talvez seja em razão destas patologias emocionais a que estão sujeitas as
crianças e da falta dos pais como figuras que representam segurança e equilíbrio,
que são essenciais ao desenvolvimento, que muitas das crianças chegam à escola
apresentando déficit não apenas na aprendizagem, mas também no que se refere à
afetividade e nos relacionamentos com professores e colegas.
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Alguns destes pais inclusive vão a escola cobrar cadernos cheios de conteúdos
e reclamam, muitas vezes, de atividades que contemplam “apenas” as relações
afetivas entre os alunos e professores. Para a maioria destes, educar as emoções
não tem a menor importância por pensarem que os problemas sociais serão
resolvidos solucionando os problemas cognitivos de seus filhos. Rosamari (2007,
p.1) reforça essa idéia “Mas eles esquecem que a educação das emoções não é
menos importante do que a do corpo e mente”.
Convém comentar que as influências que os pais exercem sobre os seus filhos,
a maioria delas, são inconscientes. Muitos destes pais, não têm plena consciência,
que o desenvolvimento do filho como sujeito, sofre muito grande influência de seus
comportamentos, seja da maneira de ser, de falar, de andar ou como cumprimenta
as pessoas, e de como ele olha para os outros, e ainda; a forma como carrega em
seu colo o filho. As primeiras experiências educacionais da criança geralmente são proporcionadas pela família. Depois de nascer, ela começa a sofrer influência dos familiares que, aos poucos, vão moldando seu comportamento: a cor e o tipo de roupa que deve vestir, a alimentação que deve ingerir em determinados horários, as horas em que deve dormir. É na verdade, através da criança que os pais buscam um preenchimento de muitos dos seus desejos. (SILVA, 2005, p.109).
A criança desenvolve o autoconceito, sua visão de mundo e compreende qual é
o seu lugar no mundo através dos sentimentos que são desencadeados pelos
comportamentos e atitudes dos pais em relação a ela. Para Silva (2005, p.109) “O
autoconceito é a base para toda a aprendizagem [...]”. Isto porque se uma criança se
sente capaz de aprender ela aprenderá muito mais do que uma que se sente
incapaz. E isto varia conforme a influência dos pais e o modo como eles consideram
a aprendizagem. As atitudes e os valores que os pais passam para seus filhos é o
que influencia na aprendizagem dos mesmos, ainda que não tenham a intenção de
ensiná-los. Silva (2005, p.109) reafirma “Crianças que vivem num ambiente, onde
não se permite crescer, tendem a ter problemas de aprendizagem”.
Muitas mães não permitem que seus filhos errem por serem ansiosas e
controladoras, dessa forma desvalorizam e maculam as crianças porque agem como
se eles fossem uma simples continuação delas mesmas, então lhes solicitam tarefas
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as quais não estão em condições de desenvolver. Com tal atitude fazem com que as
crianças se sintam incapazes, fracassadas, e este fracasso vai se internalizando
encontrando lugar no inconsciente, e o resultado disto poderá ser visto em ações
futuras. Portanto torna-se desnecessário submeter a criança a este tipo de tarefa,
quem afirma é Silva (2005, p.110) “Assim, é totalmente disfuncional apresentar
determinadas tarefas a quem não tem, ainda, capacidade de lhes dar significado,
interagindo eficientemente com ela”.
Quando não é permitida que a criança construa sua autonomia e elabora sua
própria identidade, conseqüentemente as possibilidades de crescimento e a
caracterização do vínculo familiar (mãe-filho) serão ausentes. Ao ter seu desejo de
crescimento banido, a criança não se autoriza a saber, isto porque está rompendo
com a mãe a ligação instituída caracterizando então o problema de aprendizagem,
pela eleição da criança em representar a mãe inconscientemente. SILVA (2005, p.
110-111) completa “Assim, essa relação de vínculo estabelecida pela mãe passa a
se repetir em outras situações de aprendizagem, podendo a criança apresentar
dificuldades de estabelecer vínculos, de aprender a se relacionar, configurando um
sintoma em seu processo de adaptação”.
Por esta razão, não é raro encontrarmos no ambiente escolar crianças que têm
grandes dificuldades de adaptação porque no ambiente familiar lhes é vetado o
desejo de crescer e aprender. E isto reflete na aprendizagem. Esta afirmação quem
faz é Silva (2005, p.111) “Complementando as hipóteses anteriormente levantadas,
é possível comentar que não é raro ver crianças com problemas de aprendizagem
nas famílias onde há relação com um desejo proveniente de seus progenitores a não
crescer”.
Em muitas famílias pode ocorrer também que certos assuntos, certas
informações não são permitidas que a criança conheça, ou seja, é colocado como
um segredo. Esta omissão gera na criança, conseqüentemente durante seu
desenvolvimento, uma idéia de que não pode saber, interpretar ou citar tal fato. Para
a família, este “segredo” pode ter significados variados, ou seja, pode querer
significar uma proteção. Para a criança este fato pode ter outra significação.
39
Porém para a criança ou o jovem, esse segredo pode significar algum tipo de traição, uma vez que bloqueia os processos de comunicação. Não obstante, uma criança pode tornar-se muda, cega ou surda com relação às informações e, conseqüentemente ao aprendizado escolar. (SILVA, 2005, p.112).
Ainda com a intenção de proteger os filhos, muitos pais omitem dos mesmos
casos de doenças orgânicas, os problemas neurológicos, suas limitações cognitivas
ou ainda, os problemas emocionais. Infelizmente elas conseguem perceber o que
está acontecendo ao seu redor e, tornam-se então ansiosas e medrosas e tem sua
evolução estancada. Também existe a informação falsa que é passada para a
criança, quando por exemplo, uma pessoa querida da família falece. Ou ainda
quando a criança, ao ver algo que é considerado proibido, dizem-lhe tratar-se de
pura imaginação. Para compensar a perda da significação de origem, a criança
poderá vir a desenvolver processos psicóticos que estão aliados a reconstrução de
outra realidade e a perda da significação da realidade original. Por vezes, a criança é eleita a ter como função manter a inatividade de outras problemáticas da família e o fracasso desse membro permite a estabilidade de outros possíveis fracassos, onde a patologia de cada um se mantém ao nível do inconsciente. Dessa forma, crescer tentando seguir em contramão as expectativas do grupo familiar pode ser perigoso para o mesmo e gerar, ao indivíduo situações estressantes e geradoras de conflito. (SILVA, 2005, p.113).
Outro aspecto importante referente às relações familiares influenciarem na
aprendizagem é quanto as transmissões dos modelos familiares e os conseqüentes
padrões comportamentais. Aqui se percebe uma repetição das histórias familiares,
as quais determinam a formação e o rompimento dos vínculos afetivos e influenciam
ainda no funcionamento e na estrutura hierárquica que está instalada ali. Muitas
vezes, devido a este modelo e padrão familiar, os filhos fazem escolhas que muitas
vezes não tem nada a ver com suas possibilidades e desejos. Silva (2005, p.115)
argumenta a respeito “Dessa forma que os pais deixam aos seus filhos a
responsabilidade de refazer a sua história sem que nada seja mudado, impedindo-
lhes de se realizarem por si só”.
Os pais têm melhores condições de oferecer um ambiente seguro para o
desenvolvimento cognitivo quando eles mesmos conseguem se realizar, ao
separarem os próprios conflitos que são relativos às suas realizações. É necessário
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que se considere também os fatos marcantes que ocorreram durante o ciclo de vida
do sujeito, pois conforme o clima relacional que é estabelecido neste ambiente e o
significado que é atribuído a estas modificações, condições favoráveis ou não,
poderão ser oferecidas, para a passagem por este processo, colocando em
evidência a forma como a família trabalha com a aquisição de conhecimentos novos.
Silva (2005, p.116) acrescenta “Desse modo, situações envolvendo nascimentos,
mortes, casamentos, adolescência, abandono, separação dos pais, depreciação e
qualquer outro fator que crie um ambiente contrário à manifestação afetiva pode
comprometer o processo de aprendizagem dos indivíduos”.
Tudo o que foi dito até aqui não teve a intenção de culpar nem tampouco
apontar os pais no que se refere a criação dos filhos, até porque não podemos
recuperar o que se perdeu no passado. Porém, há tempo para modificar o presente
e o futuro e que o passado, como referência histórica, sirva para nos entendermos
melhor. Com tudo isso, como afirma Silva (2005, p.116) “[...] percebemos que uma
boa ligação afetiva é condição essencial, embora isoladamente não se faz suficiente,
ao desenvolvimento do sujeito em sua totalidade”.
Fica evidente então que têm maiores possibilidades de compreenderem-se
mais e, por conseguinte, trabalhar com seus prazeres e desprazeres aquelas
crianças as quais lhe são permitidas possibilidades de experimentação e a
expressão de suas emoções. E a escola tem um papel relevante neste processo,
pois é nesse período no qual a criança esta passando por uma adaptação que
muitos dos sentimentos de insegurança e angústia são gerados. Silva (2005, p.117)
fala a respeito deste período “È importante ressaltar o período de adaptação, em
especial no início da escolarização, pois esse passa a ser determinante, no sentido
de que as exigências podem gerar sentimentos de angústias e de insegurança, os
quais, por sua vez, se rendem às exigências dos pais e educadores”.
Quando as crianças enfrentam uma situação de fracasso ou de desvalorização,
problemas de adaptação da conduta surgem como reflexo e também uma falta de
confiança e o valor que atribuem a si mesmo surgirão. E se esses fracassos
ocorrerem com certa freqüência, formas de compensação podem ser procuradas
pelo individuo, o qual usará de agressividade, a dispersão como forma de fuga,
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problemas de comportamento serão apresentados, também a apatia será expressa,
descaso com os estudos, que por fim as afastará do convívio social o que causará
uma desmotivação geral, a qual atingirá o seu processo de aprendizagem
negativamente e, por conseguinte o rendimento escolar. Por fim, e entendendo as dificuldades de aprendizagem como um vasto campo, cujas causas e formas de manifestações são igualmente consideradas, pararemos por aqui, finalizando com a compreensão de que a estrutura familiar, o sistema educacional, bem como o social, aos quais são inseridos os indivíduos são determinantes quanto à evolução, ou não, das dificuldades de aprendizagens aqui mencionadas. A família sempre será o referencial, o modelo apresentado ao qual se deve seguir. (SILVA, 2005, p.117).
Portanto, as relações que são estabelecidas no seio familiar são importantes
para a aprendizagem porque são elas que fornecem o modelo que se deve seguir
em direção ao conhecimento. É no núcleo familiar que as primeiras aprendizagens
são realizadas e aonde o processo de socialização e construção da subjetividade se
inicia. E é nela também que os primeiros desafios surgem ao serem desafiadas as
hipóteses do indivíduo.
5. 1 E quanto aos limites, é preciso ter coerência
Quero iniciar este texto fazendo menção de uma declaração de Silva (2005,
p.119) “Educar crianças já foi mais fácil”. Atualmente, diz-se que a escola é o espaço
aonde além de se adquirir saberes se aprende não somente a ser, como também a
enxergar o outro. E para quem deseja criar seres humanos capazes de praticar e
vivenciar o humanismo, o enxergar o outro é uma condição necessária e
fundamental para essa construção.
Mas tornou-se tão difícil educar crianças, ou seja, possibilitar que além de
criarem a si próprias, enxerguem o outro porque elas estão muito diferentes das
crianças de antigamente. Ou seja, aquelas não tinham querer e estava encerrada a
história. Mas este “não ter querer” mudou para “é proibido proibir” devido a
especialistas julgarem e condenarem a imposição de limites como uma conduta
inadequada. Todavia é necessário que se estabeleça regras com as quais a criança
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conviva para que ela seja um adulto equilibrado e seguro. Quem defende este
pensamento são os psicólogos e educadores. Hoje, entretanto, psicólogos e educadores sabem – defendem – que os pequenos precisam aprender a ter limites, principalmente porque estabelecer regras e fazer a criança conviver com elas é fundamental para a formação de adultos equilibrados e seguros. (SILVA, 2005, p.119).
Muitos pais não compreendem que ao dar limites ao filho ele está iniciando o
processo de compreensão e percepção do outro. Para que se aprenda a respeitar o
semelhante é necessário uma compreensão de que não posso fazer tudo o que se
quer, em todos os momentos da vida, é preciso aprender sobre os meus limites.
Para isso, é indispensável que se faça a criança entender que várias coisas que ela
deseja pode realizar, mas isto não inclui tudo, e nem a todo o momento. Para a
criança, pode ser considerada uma grande lição de convivência, simplesmente o fato
de lhe permitir refletir sobre sua vontade em satisfazer seus próprios desejos e
também o fato de muitas vezes pensar sobre o direito dos outros.
É preciso compreender que precisamos educar sem medo e sem culpa, pois ao
dizer não quando necessário, estará se mostrando a criança que na vida nem tudo é
possível. E que na mesma encontramos muitos “não” pela frente. Dessa forma ela
estará preparada para enfrentar as frustrações e perceberá que o mundo não foi
criado para atender apenas as necessidades que ela tem. Falo isto baseada na
afirmação de Silva (2005, p.120) “Sendo assim, elas vão aprender a lidar com as
frustrações à medida que percebem que o mundo não foi feito para atender somente
as suas necessidades”. Se for evitado de dizer “não” para a criança ela crescerá
confiando que tudo lhe é tolerado. E ao se deparar com um não, posteriormente,
para ter o que quer usará de meios não convencionais, ou usará da força ou se
desmanchará em lágrimas, dessa forma tornar-se-á uma especialista em
chantagens emocionais.
Toda criança necessita que sejam colocados limites para ela respeitar. Esta é
uma forma de perceber o que seus pais anseiam e também demonstra segurança e
uma preocupação por parte dos mesmos em relação à criança. Esta é uma
conclusão a qual chegou Silva (2005, p.121) “Saber impor limites é uma condição
necessária para dar segurança à criança e mostrar que você se importa com ela, até
43
porque as crianças não nascem sabendo agir da maneira que seus pais querem, isto
precisa ser aprendido e, principalmente vivenciado”.
É necessário que a criança tenha alguém por perto para lhe dizer o que deve, o
que pode e o que não pode, mesmo aquela que faz o que tem vontade, pois ela se
sente insegura por ser pequena, a maior parte do tempo. E na falta de limites, um
sentimento de insegurança muito grande cresce. Sobre esta insegurança dos pais
em relação à criança Silva (2005, p.121) comenta “Afinal, imagine o que é para uma
criança sentir que seus pais são tão inseguros quanto ela, na medida em que são
incapazes de controlá-la quando ela passa dos limites”. Ao dar limites à criança os
pais estão fazendo uma grande demonstração de amor, e não o contrário como
muitos pensam.
Faz-se necessário a compreensão de que educar deve ser percebido como
uma forma de afeto. E que o criar um filho compreende em prepará-lo para viver em
sociedade. E é relevante que o mesmo adquira saúde social desde cedo para que
possa aprender os valores que vigoram, para desta forma beneficiar a sociedade em
que vive. Muitas vezes os pais desejam acertar tanto na educação dos seus filhos que acabam errando por excesso de tolerância, não cobram coisas e, principalmente, dando razão as suas vontades. Toda vez que um filho faz só o que tem vontade, se torna um animalzinho. Animais é que têm vontade. O ser humano trabalha a sua vontade antes de viver no social. A educação tem de prever a construção da cidadania já dentro de casa. (TIBA apud SILVA, 2005, p.122).
Uma criança que não tem limites, não tem um bom desenvolvimento da sua
capacidade de raciocínio lógico, pois é através da frustração de receber um não
como resposta que ela inicia o desenvolvimento do pensamento ao tentar atingir o
seu objetivo. Portanto, um pouco de frustração não faz mal a ninguém como afirma
Silva (2005, p.122) “Ela até pode ter um grande potencial mas, sem disciplina, seu
raciocínio fica esparso e traz poucos resultados, uma vez que uma dose de
frustração não faz mal a ninguém”.
Os pais também enfrentam dificuldades em relação aos limites por isso, será
um aprendizado também para eles o fato de colocar limites em seus filhos.
Conforme suas próprias atitudes em relação aos limites encontrarão dificuldades ao
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impor as crianças. Por isso, os pais e educadores devem ter bem clara a questão
dos limites pois são eles que farão a cobrança. Assim, uma mãe que chega sempre atrasada na escola ou na empresa, por exemplo, vai encontrar dificuldades em impor horários à criança. Essa criança, assim como nós, aprende a ter limites quando precisa ter responsabilidade e necessita prestar conta de seu comportamento e de suas atitudes. Portanto, a questão dos limites precisa estar muito clara para os pais e educadores, os quais irão cobrá-los. (SILVA, 2005, p.123).
Como na vida criança a família vem em primeiro lugar e a escola que vem
depois, são os dois sistemas que ocupam maior importância na vida da criança,
requisitos básicos são exigidos dos adultos no que se refere a questão de impor
limites. Segundo Silva (2005, p.123) “A paciência está entre esses dois sistemas”.
Independentemente do humor dos pais, eles terão que falar diversas vezes para a
criança a mesma coisa a fim de ela compreenda as regras do jogo, para isso é
necessário que a calma seja mantida porque o mecanismo da repetição precisará
ser utilizado.
As ordens dadas não devem ser mudadas porque a criança fica choramingando
ou emburrada. Silva (2005, p.123) faz uma declaração quanto às atitudes dos pais
“É preciso ter coerência nas atitudes”. Isto porque, os exemplos ensinam mais do
que as palavras. Quando um pai, por exemplo, diz uma coisa e age contrariamente
ao que disse, a criança fica confusa. O exemplo de uma grande incoerência por
parte dos adultos é quando ele começa a gritar ao exigir que a criança pare com o
seu berreiro ou “cale a boca”. E por mais sensatos que os pais possam ser, por
vezes perdem a cabeça, devido ao cansaço e também pela insegurança de não
saber a maneira que devem agir. Cabe então a eles habituarem-se a questionar
para si mesmos como sugere Silva (2005, p.124) “Estou sendo coerente nesta
atitude?”.
Ao demonstrar insegurança quanto à maneira de como agir com o filho, os pais
permitem que os filhos que são manipuladores possam influenciá-los na sua
decisão. Mesmo que exista uma possibilidade de errar, é preciso certa disposição
em agir de maneira coerente e positiva, isso permitirá que os pais tenham confiança
na sua capacidade em corrigir.
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Na realidade, a criança aceita e, portanto, não possui resistência às regras. São os adultos os responsáveis por confundir suas idéias colocando, concomitantemente à regra, inúmeras exceções para o seu não cumprimento. Assim, parece que cada vez que se dá mais ênfase à confusão em detrimento ao esclarecimento, a criança fica perdida, insegura e gradativamente mais resistente, como uma forma de reação-resposta à contradição e falta de coerência dos adultos, ou seja, quando esses ditam regras, que eles mesmos não cumprem. (SILVA, 2005, p.124-125).
O senso de justiça deve estar presente quando uma punição precisa ser
imposta, a criança precisa receber o castigo de acordo com a gravidade da arte. E
ela precisa receber uma explicação bem clara das razões pelas quais não deve
praticar tal ato. É preciso porém, prestar atenção em um jogo básico do qual pais e
filhos se utilizam. É quando o pai, ao sentir-se culpado por excederem em sua
reação, tenta compensar o filho. Nesta situação, a criança acaba vencendo o jogo.
As regras do jogo não devem mudar e para fazer com essas regras tenham
validade, é preciso que os pais lancem mão da firmeza. Ainda que o filho comece a
chora copiosamente, a palavra do pai deve ser mantida, caso contrário, tudo vai por
água abaixo. Os pais devem então fazer promessas as quais terão condições de
cumprir, conforme declara Silva (2005, p. 126) “Os pais precisam lembrar de manter
sua palavra, não fazer promessas vãs ou prometer o que já sabem que não poderão
cumprir. As coisas precisam ser conquistadas”.
As regras, ao serem estabelecidas permitem aos pais saberem sobre as
atitudes dos filhos, onde foram inadequadas ou ainda, quando foram
desempenhadas tarefas necessárias. E através delas que são permitidas que sejam
ensinadas atitudes e valores que toda criança precisa conhecer, dentre elas a ordem
e a responsabilidade. Dar limites a uma criança é ensinar que além dela também existem outras pessoas no mundo e, por isso, deve-se fazer com que perceba e compreenda que seus direitos acabam onde começam os direitos dos outros. É um aprendizado difícil para pais, educadores e também para as crianças. Mas ensinar limites, acredite, é uma questão de afeto. (SILVA, 2005, p.126).
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5.2 A Escola e os limites
Conforme Silva (2005, p.127) “Hoje, a missão educativa é multidimensional,
mas a função primordial da família e da escola continua sendo a de educar”. Essa
função de educar não é uma tarefa social que compete somente à escola, mas de
todos os que fazem parte da sociedade, essencialmente a família. Por isso que ao
chegarem à escola as crianças apresentam ritmos diferentes que muitas vezes tem
razões distintas que pode ser representadas por comportamentos inadequados.
Comportamentos esses que são reflexos de anos de uma vivência permissiva,
que ao não serem questionadas nem tão pouco impedidas de realizar tal
comportamento, aonde puderam tudo, esses padrões de comportamentos
adquiridos em casa acabam se esbarrando com a aprendizagem formal que é
realizada nas escolas. Desse modo, diversos educandos podem receber o título de “sem educação”, “preguiçosos”, “estabanados” e muitas vezes são encaminhados para ao mais variados profissionais, como se fossem a conseqüência de um distúrbio orgânico, para que sejam diagnosticadas as causas do não aprender. (SILVA, 2005, p.127).
Vários fatores podem levar um indivíduo a receber tais rótulos. A desatenção e
distração das crianças precisam ter suas causas verificadas porque muitas vezes a
razão de estarem destinando suas energias para outro alvo, são conseqüências de
pequenos problemas orgânicos. Os motivos pelo qual o aprender está sendo
prejudicado também é preciso que seja verificado, os currículos e as metodologias
incluem-se também, bem como o vínculo estabelecido entre professor e aluno e
também os fatores afetivo-emocionais. Silva (2005, p.128) faz um comentário
“Contudo, o que pretendemos alertar, é que não é por qualquer dificuldade na escola
que a criança precisa ser encaminhada a um especialista”.
Tanto pais como professores precisam aprender a lidar com as dificuldades que
as crianças apresentam. No caso de uma criança muito agitada, muitas vezes
recebem como castigo ficar na sala de aula no momento do recreio, ou são retirados
dela objetos que gosta, são encaminhadas constantemente para a direção, onde são
além de ser desvalorizada ela é considerada um verdadeiro estorvo, ao se utilizarem
palavras que demonstram a falta de paciência e compreensão diante de seus atos.
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A criança age segundo as expectativas dos adultos com a intenção de ficar livre de punições. Entretanto, as regras incluem-se de forma diferente, ao enfatizar que a criança precisa lutar para conquistar o que deseja e, que um dos maiores auxílios que se pode dar a ela é a compreensão, diferenciando de forma bastante clara uma situação de desobediência de uma verdadeira incapacidade de concentração e, ainda que a importância da família está em promover um ambiente organizado, com regras claras e com programações flexíveis, seguindo uma certa rotina, com o intuito de não aumentar a insegurança em relação as tarefas exigidas. (SILVA, 2005, p.129).
Diante de situações difíceis o educador precisa manter a serenidade e a calma
porque a criança ao perceber instabilidade do humor, e também a ansiedade e falta
de controle, ela passa a moderar seus próprios conflitos e raivas, elaborando-as em
conjunto com o educador ou até mesmo sozinha, sem explodir. É preciso portanto,
que se tenha atenção para com todas as atitudes em sala de aula como afirma Silva
(2005, p.129) ao mencionar os comportamentos inadequados em sala de aula
“(...)não devemos reduzir nossos pensamentos apenas à criança agressiva e/ou sem
limites, mas despender uma atenção também aquela criança extremamente tímida
ou inibida, a qual poderia precisar, realmente de auxílio de outros profissionais”.
Muitas vezes uma criança que é considerada sem limites não está agindo
assim com respeito ao ambiente familiar, ao professor, e muito menos em relação a
escola em que está associada. Ela age desta maneira porque está sentindo
dificuldades em reconhecer o espaço do outro, e por esta razão, o conflito domina as
relações que estabelece com os outros. Ela pensa que possui todos os direitos e
aguarda o reconhecimento dos outros dessa particular necessidade. E quando isso
não acontece, pode tronar-se agressiva, demonstrando a não aceitação da relação
hierárquica com o professor. Silva (2005, p.130) ainda complementa este
pensamento “[...] colocando-se contra tudo e todos que signifiquem uma autoridade”.
Quanto a essas atitudes, os maiores responsáveis são os pais e/ou educadores
por permitirem que elas fujam de suas responsabilidades. Quando os pais por não
querer sobrecarregar os filhos agem por eles, eles dão espaço para que os mesmos
façam o que lhes vem a cabeça. A conseqüência disto é que as crianças tornam-se
pessoas dependentes e imaturas, que não acreditam nas próprias capacidades e
potencialidades para lutar por seus objetivos, e isto ocorre conforme afirma Silva
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(2005, p.130) “[...] justamente por não saberem trabalhar com as frustrações naturais
da vida”.
As crianças que escolhem as roupas que vão vestir, o programa de televisão
que querem assistir, não aceitam uma posição que seja contrária a sua e expressam
este descontentamento através da agressividade. Um elo pode ser estabelecido
então com a escola, já que também exige responsabilidades a aprendizagem
escolar. E é desse modo que muitas crianças deixam de se entrelaçar ao aprendizado acreditando que é função dos pais lembrá-los de seus deveres escolares, de arrumar seus materiais, de revisar os bilhetes ou não, podendo até culpá-los por irem mal em alguma avaliação, pela falta de atenção de progenitores em não avisá-los. (SILVA, 2005, p.131).
Ao serem delegadas responsabilidades a criança, elas vão desenvolver maior
confiança, e também uma maior possibilidade de análise intelectual e poder de
decisão. As crianças que apresentam dificuldade quanto a ter responsabilidades,
sempre vão esperar que alguém faça os deveres por elas, e não terão interesse em
pensar e raciocinar.
O professor exerce aqui um papel relevante quando oferece aos alunos
responsabilidade, ainda que pequenas, porque desta forma vai auxiliá-los a conviver
com as regras. Deve contudo, cuidar para que não caia nos truques utilizados para
promover a fuga do que é esperado por eles. É notória a necessidade de uma
parceria entre educadores e pais conforme afirma Silva (2005, p.131) “É, portanto,
essencial para o desenvolvimento integral do aluno, a parceria entre educadores e
pais para trabalhar os possíveis fatores que podem estar mascarados atrás do não
aprender [...]”. Mas os pais precisam colaborar mudando suas atitudes em casa
porque sozinhos os professores não conseguem nada.
A preocupação do educador não deve estar voltada apenas para a
aprendizagem de determinada matéria, o que aumenta a pressão sobre o aluno. Ao
contrário, precisa buscar estratégias que possam auxiliá-lo neste processo de
aprendizagem escolar. Os diagnósticos precoces devem ser evitados e ao participar
com sua presença permitirá um ambiente de respeito e autoconfiança.
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6 AFETIVIDADE: O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR
Antes de falar sobre a relação afetiva que precisa permear o ambiente escolar,
quero comentar sobre a alegria que o professor necessita sentir ao realizar sua
prática pedagógica para, através dela ter esperança quanto aos resultados que
espera ver. Freire (1996, p.80), ao falar em seu livro sobre os saberes necessários à
prática pedagógica, cita a necessidade de existir a alegria e a esperança na prática
educativa a fim de que se possa ensinar e aprender juntos “Há uma relação entre a
alegria necessária à atividade educativa e a esperança. A esperança de que
professor e alunos juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos, produzir e
juntos igualmente resistir aos obstáculos à nossa alegria”.
Snyders (1996, p.27) vai mais longe quando fala da presença da alegria no
ambiente escolar, “E eu gostaria de dizer: somente se o aluno sentir a alegria
presente na escola é que ele reprimirá sua inclinação à distração, à preguiça, à
facilidade”. Isto quer dizer que se o ambiente escolar estiver envolto em um clima de
alegria, os alunos não sentirão vontade, ou melhor dizendo, necessidade de
dirigirem-se a um outro local para sentirem-se de bem com a vida.
Infelizmente, a alegria não está presente nas escolas porque as relações
afetivas estão comprometidas por se pensar ainda que inteligência e afetividade não
se relacionam. Dividem os alunos em duas partes, a cognitiva e afetiva, justificando
que os sentimentos levam o aluno a ter atitudes irracionais enquanto o pensamento
leva a atitudes racionais e inteligentes. Quem faz esta afirmação é Silva (2005,
p.133) “Acredita-se que apenas o pensamento leva o sujeito a ter atitudes racionais
e meramente inteligentes, cujo expoente máximo é o pensamento lógico
matemático”.
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Partindo então desta idéia errônea que ainda existe sobre o dualismo entre
razão e emoção, é preciso que o professor, que é o responsável direto na sala de
aula, em interpretar esses conceitos para então nortear sua prática educativa
visando alcançar seu objetivo que é uma aprendizagem mais significativa para seus
alunos. Wadsworth (1992, p.162) comenta sobre esta interpretação influenciar as
práticas docentes “O modo como os professores interpretam os conceitos de
inteligência e aprendizagem irá influenciar suas práticas de ensino”.
Se faz necessário comentar, ao se falar na alegria que o aluno precisa perceber
e sentir na escola, que muitas vezes ela não está presente porque a instituição
utiliza métodos que visam preparar os alunos para um futuro, sem preocupar-se com
o presente. E este presente está muito distante das necessidades que o aluno tem.
Esquecem, tanto os professores como a escola como instituição, que um futuro
satisfatório depende de como o hoje é encarado. Os métodos e as atitudes que a escola introjeta servirão ao sucesso posterior do aluno e são os mesmos dos quais ele já necessita no presente para sentir alegria. A alegria presente da criança exige um certo autogoverno e um controle de suas ações – e a existência adulta terá que manter e desenvolver essas aquisições. Isso significa a esperança de um futuro caloroso que prolongue a vivência atual e, reciprocamente, a satisfação atual como trunfo dos futuros êxitos. (SNYDERS, 1996, p.28).
Muitas vezes os alunos ficam desinteressados da aula justamente porque os
métodos utilizados na prática docente não vão de encontro às necessidades dos
mesmos. A aula torna-se tão desinteressante que eles ficam desligados o tempo
todo. A razão deste “desligamento” é por falta de motivação, alegria. Motivação está
que faz originar o pensamento, esta afirmação foi feita por Vygotsky (VYGOTSKY
apud LA TAILLE, 1992, p.76) “[...] o pensamento tem sua origem na esfera da
motivação, a qual inclui inclinações, necessidades, interesses, impulsos, afeto e
emoção”.
Cabe então ao professor a responsabilidade de motivar seus alunos
adequadamente, a fim de que a conduta dos mesmos produza o efeito desejado na
aprendizagem. É nisso em que consiste a motivação, apresentar estímulos e
incentivos que favoreçam determinado tipo de conduta para tornar a aprendizagem
mais eficaz.
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Atualmente vivemos em uma sociedade cuja tecnologia está avançando cada
vez mais, a maioria de nossos alunos tem acesso a internet, recebem informações
das mais variadas diariamente e com uma rapidez incrível, portanto é preciso que o
professor repense em sua prática. Silva (2005, P.134) fortalece este pensamento
“Pertencemos a um mundo que está repleto de transformações, avanços
tecnológicos e novas informações, as quais promovem a todo o momento uma
possibilidade de repensar nossos planos e mudar as estratégias de ensino”.
E acima de tudo, acima de métodos e tecnologia está a afetividade que é
representada através das relações que necessitam ser estabelecidas dentro da sala
de aula, bem como no ambiente escolar. Dentre as tarefas que pertencem ao
educador, está a tarefa de expressar a afetividade. Estas palavras provêm de Codo
(1999, p.51) que afirma “[...] cuidar, educar requerem necessariamente a expressão
da afetividade”. E esta é uma tarefa implícita que necessita obrigatoriamente da
presença do vínculo afetivo para que seja realizada com sucesso.
Embora vivendo em uma sociedade marcada também por conflitos e violência,
como comenta Silva (2005, p.135) “É sempre bom falar de afetividade. Esse e outros
sentimentos foram e continuam sendo desejados por toda a humanidade”. E como a
escola influencia as atitudes, gostos e decisões dos seus freqüentadores a ela cabe
também o papel de, além de intervir na inteligência, favorecer a construção da
afetividade como Almeida (1999, p.101) aborda “A escola, um dos meios de
influência externa, é um espaço legítimo para a construção da afetividade, uma vez
que está centrada na intervenção sobre a inteligência, de cuja evolução depende a
evolução da afetividade”.
A escola tem função alfabetizadora, é necessária a existência das matérias
pertencentes ao currículo escolar. Mas, para que o outro possa ser compreendido, é
necessário propiciar nas salas de aula, momentos de vivência. Esses momentos
servirão para que o ponto de vista de cada um seja constatado e também para
trabalhar com as opiniões iguais ou diferentes. A função da escola tem se centrado muito na transmissão dos conteúdos cognitivos, os quais fornecem informação sobre o conhecimento do mundo, das tecnologias e da globalização, mas por outro lado, esquece-se que o ser humano precisa se autoconhecer como pessoa, fazer uso de suas emoções e expressar todos os seus
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sentimentos. Essa tomada de consciência precisa pressupor um outro lado do ser humano, que é a afetividade. (SILVA, 2005, p.137).
É lógico que não devemos desfazer do conhecimento que é obtido através das
disciplinas, pois é a partir dele que podemos realizar comparações com as ações,
estabelecer relações entre os objetos partindo da capacidade da fala e da escrita.
De tudo o que é vivido e também daquilo que é entendido. O conhecimento que o
indivíduo constrói necessita ser representado verbalmente, seja através de um
desenho ou da grafia das letras.
Falar em afetividade é favorecer a sua manifestação e ainda refletir sobre as
relações intrapessoais e estado de espírito que podem tanto provocá-los, como
amenizá-los ou acentuá-los. Segundo Piaget (PIAGET apud SILVA, 2005, p.137-
138) “[...] a afetividade é como se fosse a gasolina do motor, ou seja, o que nos leva
a conhecer é a motivação interna, a dimensão do valor que projetamos em
determinada ação ou objeto”.
A escola é um lugar aonde se concentram vários tipos de cultura, vários modos
de vida, e nela procura-se alcançar outra cultura. E esta cultura é alcançada pela
convivência, na troca de idéias e interação contínua entre os envolvidos. Snyders
(1996, p.75) comenta “A escola é uma instituição onde está em jogo alcançar a
cultura, a alegria cultural pela mediação constante e contínua das pessoas, não uma
pura troca de idéias, pois nela a cultura á transmitida pela vivência”. E essa vivência,
essa troca age sobre o estado de espírito das pessoas promovendo ou não a
alegria. Quem comenta a respeito é (idem, p.75) “Os alunos vivem em um universo
de relações pessoais que lhes parece ter uma incidência essencial sobre suas
alegrias e não-alegrias”.
A escola precisa compreender que assim como a família ela faz parte do
desenvolvimento da criança. E a relação professor-aluno oferece possibilidades de
grande valor. Por se tratar de relações opostas elas desafiam a criança a conflitar-se
o que afeta a personalidade da mesma. A este respeito, Almeida (1999, p.106)
comenta “A escola – tanto quanto a família- tem o seu papel no desenvolvimento
infantil, e a relação professor-aluno, por ser de natureza antagônica, oferece
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riquíssimas possibilidades de crescimento. Os conflitos que podem surgir dessa
relação desigual exercem um importante papel na personalidade da criança”.
E devido ao fato da escola exercer um importante papel na personalidade da
criança, é preciso salientar que ao contrário do que parece ter sido dito até aqui, ela
deve trabalhar os conteúdos curriculares sim. Mas precisa relacioná-los com a
afetividade e o autoconhecimento. E este ato de autoconhecer é saber o que lhe
proporciona prazer, alegria, tristeza ou medo. Ter consciência de si próprio. Silva
(2005, p.140) complementa “Autoconhecer-se significa tomar consciência de seus
próprios gostos e sentimentos”.
A escola não percebe, através da pessoa do professor, que as interações entre
os sujeitos, as relações estabelecidas entre eles se fazem necessárias também para
a transmissão do conhecimento. Como pode acontecer uma troca de conhecimento
se as pessoas deixam de relacionar-se entre si? Faço este questionamento baseada
no comentário de Almeida (1999, p. 107) “Entretanto, mesmo na escola, as relações
afetivas se evidenciam, pois a transmissão do conhecimento implica,
necessariamente, uma interação entre pessoas. Portanto, na relação professor-
aluno, uma relação de pessoa para pessoa, o afeto está presente”.
Essas interações acontecem através de deslocamentos na sala, de conversas
entre colegas, de pequenos gestos, risos, enfim, de expressões corporais que
representam a afetividade. Por isso é importante os variados tipos de relações que
se estabelecem entre os indivíduos, pois é através delas que tanto o cognitivo
quanto o afetivo será construído. Ao longo do tempo, a afetividade vai se tornando independente dos fatores corporais. Sendo assim, torna-se fundamental que o ser humano que sente, desenvolva na escola diversos tios de relações com os outros. Só assim estará construindo cada vez mais o seu lado afetivo concomitantemente com o desenvolvimento cognitivo. (SILVA, 2005, p.140).
Ao falar seguidamente na figura do professor não significa que quero fazê-lo
mártir do sistema educativo. Não tem como falar em educação sem falar a respeito
das práticas pedagógicas e mais diretamente do professor como o sujeito que
juntamente com o aluno são os personagens principais no ato de reinventar a
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educação. E por tudo isso, fica cada vez mais elementar que a escola gira em torno
destas duas figuras. Um olhar sobre a prática, o fazer, o pensar educativo, sobre a condição e a identidade desse profissional é essencial. Quanto mais nos aproximamos do cotidiano escolar, mais nos convencemos de que a escola gira em torno dos professores e também dos alunos, pois são eles os atores que fazem e reinventam a ação educativa. (SILVA, 2005, p.141).
O professor também precisa lançar um olhar sobre a própria prática. Olhar para
o passado e ver quais erros cometeu para que no futuro possa errar menos. Freire
(1996, p.43-44) tece um comentário a esse respeito “É pensando criticamente a
prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”. E este refletir
proporciona a oportunidade de mudanças, como Freire (p44) continua a declarar
“Por outro lado, quanto mais me assumo como estou sendo e percebo a ou as
razões de ser porque estou sendo assim, mais me torno capaz de mudar, de
promover-me [...]”.
Muitos professores acabam cometendo erros quanto as suas práticas porque
acreditam que a escola deve ser um espaço de reprodução do meio familiar e
estabelecem então relações iguais, ou muito parecidas com as familiares. Desta
forma não são vistos como um educador, como alguém a quem foi conferida a
missão de ensinar, mas como um substituto de um membro da família. Esta
afirmação é feita por Almeida (1999, p.106) “Assim, a escola é vista como sendo a
continuidade da família, e a professora, como a substituta da mãe”.
Os educadores precisam retirar de si os papéis que não lhe pertencem, a
exemplo de substituir a mãe. O papel que precisam assumir é o de sedutor, como eu
já falei em capítulo anterior. Este seduzir está referindo-se em “trazer para o seu
lado”, ou seja, fazer com que os alunos fiquem do seu lado. Dessa forma, não
apresentarão obstáculos quando da apresentação de conteúdos. Implica em
educador e educando estar em sintonia, em harmonia. Esta sedução, esta conquista, envolve um enorme investimento de energia afetiva, canalizada para a relação estabelecida entre aluno e professor. É nesta dança, entre sedutor e seduzido, na sincronia dos passos, na harmonia dos movimentos, que o professor transfere seus conteúdos e o aluno fixa o conhecimento. é mediante o estabelecimento de vínculos afetivos que ocorre o processo ensino-aprendizagem. (CODO, 1999, p.50).
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Deve se desmistificar o pensamento de que através das relações afetivas, os
alunos não conseguirão enxergar os professores como um sujeito que também
precisa exercer sua função de autoridade. E que sem ela o ambiente ficará propício
a sacanagem e o aprendizado mais denegrido. Em relação a este pensamento Silva
(2005, p.141) faz um comentário que fala o contrário “A essência das relações
existentes entre educadores e educandos é um dos alicerces da escola. Essas
relações são responsáveis pelo desenvolvimento sadio da aprendizagem”.
Devido à existência de distintas realidades dentro da sala de aula, as quais se
depara o professor diariamente, necessário se faz que ele vá em busca de
informações sobre a história de vida, de cultura, de vivências, a fim de que possa
desenvolver um trabalho que desperte tanto o interesse quanto o envolvimento do
aluno. E este envolvimento faz gerar um clima de ajuda, ou seja, quando os alunos
percebem que existe calor humano nas relações, e elas são regadas de respeito e
aceitação, uns ajudam os outros e acabam por aprender a trabalhar com as suas
limitações.
Para que a educação tome um novo rumo, onde as aprendizagens passem a
ser mais significativas é necessário que a escola se adéqüe à nova realidade,
porque ela ainda é um espaço onde podem ser permitidas tanto a construção da
cidadania, como a do pensamento. Silva (2005, p.142) faz uma declaração quanto a
esta necessidade de adequação “É hora da escola adequar-se à nova realidade. Ela
ainda é um dos poucos espaços em que a sociedade pode se comprometer com a
democratização do acesso às linguagens que constroem o pensamento e o
exercício da cidadania. Relacionando-se bem, o educador exerce grande influência
sobre os educandos”.
É necessário que exista uma união para que a educação saia lucrando. Para
que isto ocorra é necessário que haja um bom relacionamento entre docentes,
discentes, pais e mesmo até da sociedade, e acima de tudo dos veículos de
comunicação. Na verdade aos professores cabe apenas indicar um caminho e maior
colaboração precisa vir por parte dos alunos.
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O professor precisa criar estratégias e metodologias que sejam capazes de
atingir o indivíduo de forma eficiente. Utilizar a relação afetiva como instrumento que
facilite o acesso a este aluno. Se esta relação não se estabelecer o sucesso do
educar será incompleto. É preciso haver um envolvimento dos alunos com os
conteúdos, é preciso que eles compreendam que aquele conteúdo lhes será útil. Se esta relação afetiva com os alunos não se estabelece, se os movimentos são bruscos e os passos fora do ritmo, é ilusório querer acreditar que o sucesso do educar será completo. Se os alunos não se envolvem, poderá até ocorrer algum tipo de fixação de conteúdos, mas certamente não ocorrerá nenhum tipo de aprendizagem significativa; nada que contribua para a formação destes no sentido de preparação para a vida futura, deixando o processo ensino-aprendizagem com sérias lacunas. (CODO, 1999, p.50).
O professor precisa entender que o afeto compreende ações que vão muito
além do simples gostar. Silva (2005, p.144) fala sobre o que o afeto abrange “Ser
afetivo não é simplesmente gostar e ser meigo, mas é conhecer a história pessoal e
social do aluno”. É papel do professor estabelecer vínculos mas para isso o aluno
preciso estar disposto. Cabe ao professor ser suficientemente sensível para preparar
e criar o vínculo. Saber acolher a criança é uma habilidade que o professor tem que
ter.
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7 CONCLUSÃO
Durante o desenvolvimento deste trabalho pude confirmar a relação existente
entre afetividade e inteligência. Baseada nos referenciais teóricos pesquisados
percebi quão necessário se faz a presença de relações afetivas no contexto escolar
para que a aprendizagem ocorra com satisfação e prazer por parte do aluno. E que
o professor também acaba ensinando com muito mais vontade quando está
vinculado aos alunos e ao perceber que é aceito pelos mesmos.
Embora se saiba que a educação centrou sua função principal em mediar o
conhecimento, é no espaço escolar que se formam cidadãos reflexivos e críticos,
que além de respeitar a si próprios, respeitam os seus semelhantes. E acima de
tudo constrói a sua subjetividade. Mas como pode ser construída tanto a
subjetividade como a cidadania se as interações entre os sujeitos são coibidas?
Muitas vezes por sentirem necessidade desta interação, seja entre colegas ou
com o professor, os alunos expressam insatisfação diante dos conteúdos e das
metodologias aplicadas pelos que se dizem mestres da educação. E recebem como
“prêmio” o rótulo de indisciplinados quando o que falta é apenas uma compreensão
dos seus gestos, das atitudes, ou seja, do afeto que estão querendo receber ou
transmitir.
A causa desta insatisfação não é investigada. E quase sempre está relacionada
ao distanciamento da realidade escolar e a realidade que os alunos vivem em seu
cotidiano, fora dos muros da escola. Os educadores não conseguem perceber que
as interações, as relações afetivas tanto influenciam a aprendizagem, a apropriação
do conhecimento como fortalecem a construção da subjetividade.
Estas relações afetivas não servem “apenas” para criar um ambiente tranqüilo,
harmonioso onde o professor possa demonstrar que tem domínio da turma. Ao
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contrário, servem para mostrar que ele consegue refletir sobre sua prática
pedagógica para modificá-la conforme as necessidades apresentadas pelos alunos
e ainda tem coragem para trabalhar com as diversidades culturais existentes na sala
de aula.
A afetividade expressa e compartilhada no ambiente escolar, mais
especificamente na sala de aula, serve como termômetro para verificar a
temperatura dos impulsos que motivam os alunos em busca do conhecimento e
serve como mediador da aprendizagem. Sem ela, o ambiente fica sem cor, sem
som, sem forma, fica vazio. Ela embala os sonhos, e estes sonhos é que fazem
despertar a imaginação e conseqüentemente, o despertar para a realidade em que
se está inserido.
Para que a afetividade possa transitar livremente entre os sujeitos que estão
envolvidos no processo ensino-aprendizagem, cabe ao professor buscar cada vez
mais estar em busca de compreendê-la e aperfeiçoá-la. E como pode acontecer esta
busca e aperfeiçoamento? Através de constante formação, busca de informação
sobre o objeto de seu trabalho. Ir atrás de conhecer a história de vida dos alunos,
seus gostos, desejos, perspectivas.
Ele precisa estar aberto para mudanças na sua prática. Precisa aceitar que ele
precisa dar vazão aos sentimentos, e que com isto não vai perder o controle e a
autoridade necessários para manter em ordem sua classe. É necessário
compreensão de que da mesma forma como os conhecimentos se modificam, se
modifica também a afetividade. Assim como há a necessidade de apropriar-se de
novos saberes também há necessidade de outras formas de expressar a afetividade.
Quando não ocorrem relações afetivas entre professor e aluno o processo de
ensino-aprendizagem ficará defasado. E ao final deste processo tanto educador
como educando provarão um sentimento de que fracassaram. Por isso é de
fundamental relevância que o professor reconheça qual é o seu papel e o
desempenhe com responsabilidade, convicção e confiança para que possa
despertar o interesse e participação do aluno, já que este também é uma peça
importante neste cenário.
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REFERÊNCIAS
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