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Maria Bernadete Elias Bleggi Universidade Federal do Paraná – UFPR
Orientador: Luis Lopes Deniz Filho Geografia
Ensino Fundamental e Médio
Transformações urbanas e rurais no Paraná
Este estudo visa dar conta de como fazer a leitura do mundo,
incorporando o estudo do território como fundamental para entender as
relações que ocorrem entre os homens, relações estas estruturadas em
um determinado tempo e espaço.
É muito útil e eficaz construir texto, elaborar materiais, utilizar jogos
e outros recursos similares, sempre que estas práticas estejam ligadas a
processo de orientação e de interpretação dos fatos da geografia, que
permitam avançar na compreensão dos mesmos.
A confecção de mapas e sua leitura resgatam a importância da
identificação com os lugares utilizados e ocupados, bem como sua
utilização como auxiliar didático, criando mecanismos para a percepção
visual e processos mentais que inter-relacionam o entendimento e a
memória.
A construção do conhecimento em geografia faz-se principalmente
a partir de idéias, leituras, discussões, vivências, estudos e orientações,
cujo entendimento pode ser facilitado pelo uso adequado e amplo de
materiais que facilitem na construção do conhecimento e fixação do
mesmo.
Ao se iniciar este trabalho identificamos nosso ambiente de
vivência, respondendo às perguntas: Onde vivo? Quem sou eu? Como
vivo? Com quem vivo? Os conceitos de grupo-espaço-tempo nos
permitem responder as referidas perguntas, quando estamos nos
identificando, reconhecendo nossa história e identificando o espaço ao
qual pertencemos no mundo.
Para melhor entendimento e desenvolvimento do trabalho,
podemos analisar conceitos, bem como, construir novos, após análise e
reflexão dos elementos que compõe cada um dos termos abaixo
apresentados:
Urbano - “É um produto do processo de produção num determinado
momento histórico, não só do que se refere à determinação econômica do
processo (produção, distribuição, circulação econômica e troca), Mas
também no que se refere às determinações sociais, políticas e
ideológicas, jurídicas que se articulam na totalidade da formação
econômica e social. Dessa forma, o urbano é mais o modo de produzir, é
também um modo de consumir, pensar, sentir, é um modo de vida”
(CARLOS, A. F. A. Os caminhos da reflexão sobre a cidade e o
urbano. São Paulo, EDUSP, 1994, p: 181).
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Cidade - “Povoação grande e permanente com uma população de
diversas características e profissões, geralmente não auto-suficiente na
produção de alimentos e dependendo da indústria transformadora e do
comércio para satisfazer os desejos de seus habitantes, e abastecendo de
bens e serviços às áreas que fiquem fora dela. Legalmente o título de
“cidade” é concedido a uma grande vila com certas condições
específicas; na Europa, inicialmente o termo era concedido a qualquer
povoação que tivesse uma catedral; nos EUA, atualmente, o termo aplica-
se de forma muito liberal, designando mesmo modestas povoações
urbanas”
SMALL, J.; WITHERICK, M. Dicionário de geografia. Lisboa, Ed. Dom Quixote, 1992.
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Urbanização – “Processo social que consiste na liberação de indivíduos
das atividades do plantio de coleta de alimentos. Anterior até à formação
das cidades, a urbanização surgiu quando a produção regular de um
excedente agrícola permitiu que parcelas da população se dedicassem a
práticas artesanais, comerciais, administrativas, militares, políticas ou
intelectuais”. Dicionário de Economia, Ed. Best Seller, s/d,p.442.
Campo – Conceito descritivo (morfologia) “o campo surge como se
oferecendo uma paisagem em que um habitat e uma construção
descontínuos se distribuem sobre um pano de fundo de natureza, campos
ou florestas; os povoados, as aldeias, constituem umas tantas unidades
de pequenas dimensões, com habitat compacto ou disperso, separadas
espacialmente umas das outras, e mais ou menos afastadas do pequeno
centro que engloba algumas funções mais específicas, destinadas ao uso
do conjunto”.(REMY, J.; VOYÉ, L. Cidade:rumo a uma nova definição?
Porto (Portugal), Edições Afrontamento, l994, p. 14).
www.dcs.shef.ac.uk/.../Countryside2_080505.jpg
Rural - Lugar relativo ao campo, que é próprio do campo; agrícola;
campesino. As atividades econômicas destacam-se no setor primário.
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Rural-Êxodo – Movimento migratório da população do campo em
direção à cidade.
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Regiões Metropolitanas – É o conjunto de várias cidades, sendo que a
cidade “principal” comanda o espaço que a cerca. Este espaço
metropolitano pode ser imaginado como mosaico, sob a influência dos
pólos ou regiões polarizadas, que estão em constantes modificações.
Podem se expandir como se contrair segundo Andrade, M C. Geografia,
Ciência da Sociedade: uma introdução à análise do pensamento
geográfico. São Paulo. Ed.Atlas, 1987. “Pois são o resultado da ação dos
homens, podem pelos mesmos ser feitas e desfeitas”. “Podem se unir
várias regiões para formar uma só região, ou uma região pode ser
absorvida por outra mais dinâmica ou se subdividir em várias. Tudo
depende do desenvolvimento do seu pólo”.
Pólo – Termo usado em modelo e teorias da ciência regional relacionado
com uma distribuição desigual do desenvolvimento e indicando uma área
favorecida (cidade ou região) em que há uma considerável centralização
de recursos, riqueza econômica, produtividade, trabalho e inovação.
Migração – Deslocação de pessoas de uma área para outra de caráter
temporário ou definitivo. Porém nossos estudos referem-se ao
deslocamento definitivo para outras localidades a procura de melhores
condições de vida, motivados pela economia.
Dica:
Após a leitura dos conceitos e do texto abaixo, siga as orientações a
seguir e na seqüência faça as atividades indicadas.
1. Fazer uma leitura rápida do texto para obter uma visão geral do
conteúdo e procurar o significado de palavras desconhecidas.
2. Reler para apreender o conteúdo e identificar as idéias centrais,
verificando a correlação entre as idéias centrais e as secundárias.
3. Procurar respostas para as questões versadas no texto bem como
identificar as palavras chaves.
4. Redigir um esquema ou resumo.
Colocar opiniões pessoais sobre as questões do texto e levantar novas
questões.
Transformações urbanas e rurais no Paraná
A sociedade contemporânea vem cada dia mais sendo representada
pelas indústrias e pelas cidades. Podemos afirmar que não há uma
correlação para que isto esteja acontecendo, porém é inegável que a
divisão do trabalho tem levado este contingente populacional para a
busca de ocupações em indústrias e que a modernização do campo tem
aumentado cada vez mais o êxodo rural.
Este declínio da ocupação no campo e crescimento das cidades,
principalmente das grandes cidades, é apontado pelo aumento
significativo do setor terciário. A história registra a urbanização como
antecedente a industrialização, porém, esta está se intensificando com o
crescimento industrial.
O crescimento das cidades surge com muito mais intensidade, após
a revolução industrial. As malhas de transporte de massa passam a
interligar as cidades, e o seu desenvolvimento acelera muitas vezes a
interdependência entre elas, bem como o que chamamos de
“conurbação”.
O progressivo rompimento dos laços jurídicos, políticos e sociais que
ligavam o homem à economia agrícola e à sociedade rural, bem como a
substituição da agricultura, do extrativismo e da pecuária pela indústria,
como principal setor da atividade econômica, marcam o início da
sociedade contemporânea, industrial e urbana.
O processo de Industrialização do Paraná teve como base a
produção agropecuária. A agropecuária esta ligada à ocupação territorial
do Paraná, e foi a principal economia paranaense ate meados dos anos de
1970. Porém, quando associada com a produção agroindustrial,
respondeu a melhores índices na economia paranaense; até 2005, com
uma participação na elevação do Produto Interno Bruto (PIB).
Os movimentos migratórios paranaense estão evidenciados pela
coexistência de indicadores sociais críticos em seu território, privando
parte da população dos serviços de saúde, saneamento, educação e
moradia. A heterogeneidade é uma constante entre os espaços. Há
desigualdade nas condições de vida da população e de geração de
excedentes econômicos, pois há muitos municípios assentados em
substratos naturais pouco aptos ou inaptos ao aproveitamento
econômico, sem apoio de tecnologia e manejo adequados. Essa
configuração heterogênea não é específica do Paraná, mas decorrente da
natureza do modo de produção vigente: concentrador, seletivo e
excludente. O lugar não se explica por si mesmo, ou melhor, os
fenômenos que acontecem no município, as relações entre os homens, o
processo de organização do espaço local não têm as explicações a partir
do próprio local apenas. É importante e necessário estabelecer as
ligações, buscar as explicações em nível regional, nacional e
internacional, inclusive. O estudo local, comumente chamado de estudo
do meio, só será consistente se estabelecermos estas ligações com outros
níveis. É o local onde vivemos que nos oportuniza as bases concretas
para encaminharmos a compreensão social, do acesso ao espaço para
viver e das condições para tanto.
Em 1970, dezenove cidades paranaenses tinham mais de vinte mil
habitantes o que correspondia aos pólos regionais hoje consolidados. A
partir de 1980, temos no Paraná 40 centros com mais de 20 mil
habitantes. Surgem novos pólos de importância regional ou sub-regional,
surgem municípios aos redores de Curitiba, consolidando a área
metropolitana, bem como os municípios periféricos a Londrina, dando
início a mais uma formação de aglomeração urbana, no norte do Estado.
Consolida-se a importância de Londrina e de Maringá, enquanto
outros municípios passam a integrar a Região Metropolitana de Curitiba.
O Paraná destaca-se entre os estados brasileiros, pela urbanização
que vem acontecendo. Este movimento migratório ocorre de forma
significativa nos últimos 20 anos, chegando a 6% e 3% as taxas anuais
de urbanização nessas décadas, respectivamente. Estes movimentos
migratórios resultam de grandes mudanças da economia do estado. A
população migra em busca de trabalho para a capital do estado e para
fora dele, principalmente para São Paulo.
Todo este movimento migratório exige uma nova organização da
rede urbana do Paraná.
Há um grande aumento da população urbana, o que leva a
formação de aglomerações urbanas em determinadas cidades do estado.
Todo este processo vai gerando a construção de pólos em toda extensão
geográfica do Paraná.
A urbanização do Paraná teve como fatores principais os
movimentos migratórios e o desenvolvimento industrial, que geraram
áreas de atração e de repulsão populacional. Criaram-se assim as grandes
concentrações populacionais, segundo o mapa a seguir.
Este e outros mapas do Paraná (como taxa de urbanização, densidade
demográfica, etc.) estão disponíveis no site:
www.ipardes.gov.br/mapoteca/mapoteca.php.
Nos mapas apresentados temos a Divisão Política do Estado em
Municípios, e as áreas coloridas são lidas de acordo com a legenda.
Deverá ficar claro que esta regionalização é para fins estatísticos, para
melhor observar os índices socioeconômicos, esta divisão remetem as
mesorregiões geográficas do IBGE, estas referencias são de caráter
apenas geográfico.
Abaixo segue um conjunto de atividades que podem ser realizadas em
períodos de um mês cada uma.
1- Acesse o site : www.ipardes.gov.br/pdf/projecoes_mesorregioes.pdf
e leia as tabelas sobre:
- População Paranaense entre 1970/2000 .
- Projeção das populações das mesorregiões geográficas de 2010 e 2020.
ATIVIDADES:
-Faça uma relação em ordem decrescente das Mesorregiões que tem o
menor índice de aumento populacional.
-Procure relacionar algumas causas que se pode atribuir a este
acontecido.
-Nestas áreas quais os pólos de maior relevância?
2- Acesse o site : www.ipardes.gov.br/mapoteca/mapoteca.php.
ATIVIDADES:
-A divisão do trabalho e a industrialização têm como conseqüências as
áreas de atração e de repulsão? Explique o que significa cada uma das
expressões, analisando-as no mapa.
-A industrialização acelera o êxodo rural? Por quê?
-O inchaço das cidades, seu crescimento, ou seja, o crescimento urbano
sem planejamento provoca uma desigualdade social?
- Estabeleça relações entre a população existente nas cidades e as que
chegam em busca de melhores condições de vida.
3- Baixe o texto no link
http://www.ipardes.gov.br/pdf/revista_PR/95/mainha.pdf
Com os mapas das páginas 36, 37, 38, 39 e 40, responda às questões a
seguir:
ATIVIDADES:
-Houve no Paraná movimentos migratórios do meio rural para o meio
urbano? Você acha que esta migração do meio rural com jovens
profissionalmente desqualificados tende a cair, pois o meio urbano se
defrontará cada vez menos com estes fluxos migratórios?
-Os movimentos urbano/urbano e rural/rural também estão presentes no
processo migratório do Paraná? Você conclui que a intensidade da
migração interna vem diminuindo em períodos mais recentes?
-Entre os movimentos apresentados, destaque dois deles e dê a origem e
o destino dessas migrações.
SUGESTÃO:
Ao concluir o eixo temático deste trabalho sobre os Movimentos
Migratórios no
Paraná, já de domínio dos alunos, o professor poderá dar início a outros
temas
como as sugestões a seguir: Vegetação, Relevo, Hidrografia, etc sobre o
Paraná.
O aluno construtor do conhecimento forma uma tríade com o professor e
o conteúdo.
O conteúdo trabalhado oportuniza um maior relacionamento entre as
disciplinas de: Português: Literatura e Folclore paranaense.
Artes: Artista, suas obras de arte e visitas a museus.
Matemática: Estatísticas do Paraná, índices econômicos e sociais.
Historia: Historia do Paraná
Ciências: Fauna, flora do Paraná e aspectos ecológicos.
Línguas: A importância da imigração e suas peculiaridades.
Educação Física: Danças típicas.
Geografia: Outros aspectos geográficos que não serão abordados aqui.
Leia no site:
www.ipardes.gov.br/publicacoes/revista_pr/revista_pr_main.htm “Uma
edição da Revista Paranaense de Desenvolvimento”
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