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14 ANO IX / Nº 17

Introdução

urante os anos 1930, as autoridades mi-

litares dos Estados Unidos não esta-

vam muito interessadas nos veículos

blindados sobre rodas, ao contrário de

diversos países europeus.

Com o início da Segunda Guerra Mundial e

seus desdobramentos, principalmente na África

do Norte onde os alemães, italianos e ingleses

empregaram com grande sucesso veículos so-

bre rodas 4x4, 6x6, 8x8, despertaram a atenção

dos americanos, ainda neutros naquele conflito.

Devido a acordos com os ingleses que ne-

cessitavam de veículos militares, os americanos

começam então o desenvolvimento de diversos

veículos blindados armados sobre rodas, ini-

ciando a partir de 1940 com o modelo T-13 8x8

apresentado pela firma Trackless Tank Co., que

não será levado adiante, poucos foram fabrica-

dos. A seguir, em 1941, dois modelos foram apre-

sentados para testes, um denominado T-17 6x6

desenvolvido pela Ford e o outro um T-17 E1 4x4,

pela Chevrolet, ambos armados com canhões de

37mm e metralhadoras .30.

Do modelo da Ford foram produzidos ape-

nas 250 exemplares, que ficaram nos Estados Uni-

dos; e da Chevrolet, 2.687, a grande maioria en-

viada para a Inglaterra, onde receberam a desig-

nação de T-17 E1 Staghound.

Ambos os veículos não foram adotados pelo

Exército Americano, sendo que a maior parte dos

T-17 Deerhound foi entregue para a Military

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

EXPEDITO CARLOS STEPHANI BASTOS

Uma realidadebrasileiraOrigem do conceito6x6 de veículo blindadono Exército Brasileiro

DNa foto ao lado,

cinco blindados

T-17 Deerhound

6x6 recém

chegados para

equipar unidades

no Rio Grande

do Sul em

plena Segunda

Guerra Mundial.

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Police e usados dentro do território dos Estados

Unidos e 54 foram repassados ao Exército Brasilei-

ro por volta de 1942, dentro do acordo Lend-Lease.

Conceito 6x6 no Exército Brasileiro

No Brasil, os T-17 foram usados inicialmen-

te como veículos comando e de reconhecimento em

algumas unidades blindadas, depois, alguns rema-

nescentes foram repassados para a Polícia do Exér-

cito (PE), que os usou até meados dos anos 1970 no

Rio de Janeiro. Esse veículo blindado foi o primeiro

6x6 usado pelo Exército, embora seja quase total-

mente desconhecido, ofuscado pelos Ford M-8

Greyhound 6x6 que tanto sucesso fizeram, também,

participando da Campanha da Itália com a FEB.

Esse veículo possuía particularidades bem

interessantes, possuindo uma torre giratória, ar-

mada com um canhão de 37mm e uma metralha-

dora .30, além de uma .30 coaxial na parte frontal

do casco. Era impulsionado por dois motores em

linha, Hércules JXD, com 110HP cada, a gasolina,

situados na parte traseira do veículo, cada um com

a própria embreagem e caixa de transmissão com

quatro velocidades.

As marchas eram trocadas com uma única

alavanca, mas cada transmissão tinha seu ponto

morto. A caixa de transferência tinha oito veloci-

dades e dois reversos. A caixa de direção era hi-

dráulica e seus eixos eram apoiados em roletes

(rolimãs) ao invés de mancais. Sua guarnição era

de cinco homens.

Nesse período, surgiu outro veículo capaz de

substituí-lo com uma simplificação significativa

nas partes móveis, na transmissão, nas caixas de

redução, na relação de diferencial, um único mo-

tor, o que veio torná-lo obsoleto, além de sua si-

lhueta alta e a facilidade de danificá-lo com um

ataque ao seu casco muito aparente, não possuin-

do uma saia lateral protetora, e sua porta de acesso

ficava entre a roda dianteira e a traseira, tornando

uma alvo fácil. Nunca participou da Segunda

Guerra Mundial, tendo sido usado somente pelos

Estados Unidos e Brasil.

Já o M-8 Greyhound se tornou um dos veí-

culos mais importantes dentro do conceito sobre

rodas. Projetado e construído pela Ford Motor

Company a partir de 1942, alcançou a casa das 11

mil unidades produzidas e foi usado como veículo

padrão das unidades de reconhecimento no Exér-

cito Americano entre 1942 e 1945, ficando famo-

so por suas características de grande mobilidade,

em se tratando de um 6x6, além de possuir um

visual futurista para a época.

Com a criação do Corpo Expedicionário, em

1943, conhecido como Força Expedicionária Brasi-

leira (FEB), que combateu no teatro de operações

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CAP

ITÃO

PIT

ALUG

A

Blindado M-8

Greyhound

do Esquadrão de

Reconhecimento

da FEB, na Itália,

região de Zocca.

Notar o

tipo de terreno.

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da Itália, nos anos de 1944 e 1945, a 1a Divisão de

Infantaria Expedicionária (1a DIE), composta 25334

homens e diversas unidades de infantaria, artilha-

ria, engenharia, saúde, elementos de tropas espe-

ciais (Companhia do Quartel-General da 1a DIE,

Manutenção, Intendência, Transmissões, Polícia e

Banda de Música) e cavalaria, foi composta de um

esquadrão de reconhecimento, organizado a par-

tir do 2o Regimento Motomecanizado da Vila Mi-

litar, no Rio de Janeiro, onde tinha a denominação

de 3o Esquadrão de Reconhecimento e Descoberta.

O Brasil foi o único país da América do Sul a

enviar tropas para lutar nos campos da Europa.

A primeira e única unidade a operá-los em

guerra foi o 1o Esquadrão de Reconhecimento Me-

canizado da Força Expedicionária Brasileira em

1944, onde 13 desses veículos representaram a Ca-

valaria de Osorio, muito embora existissem 15, sen-

do que dois estavam indisponíveis: um fora atingi-

do na traseira por um tiro de bazuca alemã, compro-

metendo-o seriamente, mas a tripulação nada sofreu.

Havia uma grande preocupação com esse tipo

de armamento, tanto que o treinamento dado à

tripulação de como abandonar o veículo, nessa si-

tuação, era executado com frequência em exercícios

de campo e, graças a ele, pôde a tripulação efetuar

uma evacuação sem maiores problemas.

Eram armados com um canhão de 37mm e

duas metralhadoras .30, sua blindagem variava de

0,8 a 1,5cm de espessura, guarnição de quatro ho-

mens, não muito confortável, mas confiáveis.

Mediam 5m de comprimento, 2,54m de largura e

2,25m de altura, com peso total de 7,8 toneladas,

impulsionados por um motor a gasolina Hércules

JXD, de seis cilindros, 110HP, velocidade máxima

de 90km/h, autonomia de 565km, com capacidade

de 261 litros de combustível.

Todos receberam a marcação FEB 510, iden-

tificando assim todos os veículos dessa unidade,

sejam M-8, jeeps, caminhões, meias-lagartas (Half-

Track) e reboques, nas partes frontal e traseira,

mais os emblemas do Cruzeiro do Sul, variando

os locais de colocação e seus tamanhos. Como os

carros operavam em dupla, cada um recebeu um

determinado número, que na maioria das vezes

era pintado na parte frontal fixa entre as duas esco-

tilhas e na parte traseira abaixo da grade de ventila-

ção do motor, próximo ao guincho de reboque.

Possuíram os números, 6, 9, 11, 12, 13, 14,

15, 16, 17, 18, 19, 46, 47, 48 e 49. Poucos receberam

o emblema primitivo do esquadrão, um elmo so-

bre uma roda, com pneu, símbolo da motome-

canização, sobre as lanças cruzadas com bandei-

rolas, da cavalaria, pintado em branco na lateral

do veículo, próximo ao para-lama dianteiro, que

na maioria das vezes era retirado, pois atrapalha-

va o seu desempenho no terreno lamacento, difi-

cultando a colocação de correntes no pneu para

Ao lado, M-8

em chamas.

Treinamento em

Collechio, 1945.

A direita,

M-8 Andrade

Neves da FEB.

Notar o nome

e o emblema

na lateral

do veículo.

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TOR

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proporcionar uma melhor aderência ao solo. O

que melhor ilustra isso é o Andrade Neves, onde

é possível ver essas marcações, próximo ao nome

em letras de forma.

Já um outro, o Leão do Norte, sem dúvida o

mais interessante e exótico em termos de emble-

mas, mostra possuir o número 19, emblema do

Cruzeiro do Sul na parte frontal do veículo, entre

os dois faróis, FEB próximo ao farol direito e 510

mais próximo do esquerdo, obedecendo a uma

simetria com o emblema mencionado.

O mais curioso é o emblema que ostenta na

sua parte frontal direita, onde se encontra pinta-

da uma grande cobra fumando, em branco, sen-

do o único a ostentar esse tipo de emblema, pois

em outros é possível ver até ursinhos de pelúcia

amarrados sobre o veículo.

Na parte traseira, no para-lama esquerdo,

há FEB em cima e 510 embaixo, e no direito, o

emblema do Cruzeiro do Sul, sendo possível en-

contrar, em pelo menos um carro, dois desses em-

blemas nos para-lamas traseiros, sem FEB 510. Nas

laterais da torre o Cruzeiro do Sul e só.

Existiram carros com FEB 510 aplicado na

parte inclinada da blindagem frontal onde se en-

contram os dois ganchos para se prenderem cabos

de aço, próximo aos pneus.

Alguns chegaram a receber nomes dados pela

sua tripulação e pintados na lateral do carro, no

casco, no meio do espaço da torre, como: Vira-

Mundo, Leão do Norte, Pérola, Viva Brasil (es-

crito em giz ou algo parecido sobre o para-lama

esquerdo, quando este adentrava em Camaiore).

O mais curioso é o Vira-Mundo, provavel-

mente o único sem emblemas na torre, tendo o

Cruzeiro do Sul nas laterais, acima dos porta-mi-

nas e acima dele o seu nome. Na parte frontal pos-

suía o número 6 entre as duas escotilhas, abaixo, o

emblema do Cruzeiro do Sul no centro, mais abai-

xo, FEB 510 e ao lado direito, um pequeno emble-

ma do Cruzeiro do Sul e a seu lado outro número

6, isso na versão sem para-lamas.

Na versão com para-lamas, foi usado na to-

mada de Montese, sofreu modificações na sua par-

te frontal, onde os emblemas foram repintados

na sua placa de blindagem entre as duas rodas

dianteiras, próximo ao gancho esquerdo, recebeu

FEB 510 e, próximo ao direito, o número 6, e, abai-

xo do 510, um pequeno emblema do Cruzeiro

do Sul, o que vem

comprovar que foi

pintado durante a

guerra pelo menos

duas vezes.

Nenhum dos

veículos emprega-

dos pela FEB foi

oriundo do Exérci-

to Brasileiro, mas

sim recebidos na

Itália, pois o esqua-

drão teve apenas

uma semana para

familiarizar-se com

os M-8 que iria em-

pregar ao longo da

guerra, o mesmo

ocorrendo com os

outros veículos nas outras unidades, onde alguns

soldados se tornaram motoristas com apenas uma

semana de treinamento. No país existiam somente

vinte recebidos durante a guerra.

A primeira missão de guerra foi recebida em

Vechiano, em 12 de setembro de 1944, onde o pe-

lotão foi dividido em duas patrulhas, uma no eixo

Manacuiccoli-Chiese-Massarosa e outra em S.

Pietro-S. Macário Piano-S. Macário do Monte. A

última missão se deu em 12 de maio de 1945 no

M-8 Leão do

Norte. Notar o

emblema da

cobra fumando

na parte frontal

do veículo.

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ITAL

UGA

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eixo Gênova-La Spezia-Viarregio-Pisa-Livorno-

Roma-Francolise, onde todo o material foi devol-

vido aos americanos, não só dessa, mas de todas as

outras unidades da FEB e, conforme determina-

ção do General Mascarenhas de Moraes, todos os

emblemas não oficiais deveriam ser retirados das

viaturas; tal qual foram recebidas, as tropas fo-

ram repatriadas.

Algum tempo depois, por se tratar de mate-

rial adquirido pelo acordo Leand-Lease com os

Estados Unidos, foi enviado para o Brasil, direto

da Itália e incorporado ao Exército Brasileiro.

Os combates mais importantes aconteceram

no eixo Camaiore-Massarosa; Gaggiomontano-

Porreta Terme; Marano-Sulpanaro-Riola; Mon-

tese-Zocca; Colechio-Fornovo.

Várias foram as suas missões, e consequen-

temente diversas escaramuças com o inimigo ocor-

reram. Todo esse aprendizado foi responsável para

se criar uma nova mentalidade dentro do Exérci-

to, principalmente no emprego de veículos blin-

dados 6x6, que perdura até os dias de hoje.

O 1o Esquadrão de Reconhecimento, atual

1o Esquadrão de Cavalaria Leve – Esquadrão Te-

nente Amaro, sediado em Valença, RJ, foi um dos

responsáveis pela rendição da 148a Divisão Alemã

de Infantaria, sendo até citado em publicações ame-

ricanas editadas pelo Centro de Instrução de Blin-

dados de Fort Knox, onde se estuda a guerra de

blindados, como exemplo de uma pequena unida-

de a obter um grande sucesso.

Em termos de viaturas, o 1o Esquadrão de Re-

conhecimento era composto, além dos 15 M-8, de

mais 24 viaturas ½ tonelada (Jeep), cinco transpor-

tes de Rolamento Misto (Half-Track) M-3 e M-3 A1,

um caminhão GMC 2 ½ toneladas, um Dodge 2/4

tonelada WC 51 e sete reboques de diversos modelos.

O pós-guerra e aimportância do PqRMM/2

Após a guerra, chegamos a operar um total

de 150 blindados 6x6 M-8 Greyhound integrados

às unidades de Reconhecimento Mecanizado,

além de alguns modelos M-20, versão Carro Co-

mando, sem torre, destinados a proporcionar alta

mobilidade e proteção aos comandantes de uni-

dades. Seu armamento consistia em uma metra-

M-20 em

primeiro plano,

diversos M-8 do

Esquadrão

Anhanguera e

demais veículos

em setembro

de 1969.

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lhadora .50, carabinas .30, lança-rojão M-1 e sua

guarnição era composta de seis homens, no mais

eram idênticos ao M-8.

Usando o M-8 como plataforma, foram de-

senvolvidos dois projetos de lançadores de foguetes

de 81mm, que culminaram na elaboração de dois

protótipos em 1966, um da Diretoria de Pesquisa e

Ensino Técnico (DPET), na verdade um M-20, ao

qual foi acoplado uma torre giratória, construída

no Arsenal de Guerra, com dois conjuntos de sete

lançadores cada, nas laterais da torre, foguetes es-

tes utilizados sob as asas dos aviões P-47 Thunder-

bolt, dos quais a FAB possuía em grande quantida-

de e foram cedidos ao Exército, funcionando no

mesmo padrão de um Katiusha russo da Segunda

Guerra Mundial, para saturação de área, sendo

apenas um construído. O outro foi desenvolvido

no Instituto Militar de Engenharia (IME), onde foi

retirado o canhão de 37mm e mantida a torre, em

cujas laterais foram acoplados dois casulos que fun-

cionavam como um lançador de foguetes de 81mm

rotativos, onde eram armazenados e disparados um

a um, que também não passou da fase de protótipo,

ambos produzidos no Rio de Janeiro.

No final dos anos 1960, o Parque Regional de

Motomecanização da 2a Região Militar (PqRMM/2),

em São Paulo, iniciou estudos práticos para a mo-

dernização desses veículos, efetuando substituições

da caixa de câmbio, transmissão, freios, suspen-

são, parte elétrica e seu motor original a gasolina

Hércules JDX, de seis cilindros e 110HP por um

motor diesel Mercedes-Benz OM 321, de 120HP, o

mesmo ocorrendo com sua caixa de mudanças,

diferenciais e todo o sistema de freio.

O curioso é que todo o trabalho foi feito em

sigilo dentro da fábrica da Mercedes-Benz, em São

Paulo, e o resultado foi tão positivo que todos os

M-8 passaram por essas modificações, a mando

da Diretoria de Motomecanização (DMM), sendo

que todo o trabalho foi realizado pelo PqRMM/2

e concluído em 1972.

Sob o comando do então Tenente-Coronel

Pedro Cordeiro de Mello (1927–2006), que chefiava

aquela unidade e uma equipe brilhante de engenheiros

Lançador

de foguetes de

81mm montado

sobre um blindado

M-20 no Rio de

Janeiro, nos anos

1960, construído

no Arsenal de

Guerra.

Acima, M-8

versão lançador

de foguetes

rotativo

desenvolvido pelo

IME nos anos

1960.

Ao lado, M-8

repotenciado pelo

PqRMM/2, no

pátio da fábrica da

Mercedes-Benz,

em 1967/68.

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militares, foi quebrado o tabu de que era impossível

adaptar e recuperar blindados no Brasil.

Como fruto desses ensinamentos, o desen-

volvimento de um blindado nacional. A partir do

momento em que o Exército informava sobre a

necessidade de se projetar e construir um blinda-

do de reconhecimento 6x6, o Grupo de Estudos

do PqRMM/2 constroi uma maquete em metal que

será a base para o mock-up na escala 1:1 para aten-

der às especificações da Diretoria de Motomeca-

nização, surgindo assim a VBR-2 (Viatura Blindada

de Reconhecimento 2).

Com esse conceito desenvolvido, principal-

mente na parte estrutural da carcaça, foi então

acrescentada a torre da antiga Viatura Blindada

Brasileira (VBB-1), um 4x4 que não passou da fase

de protótipo, armado com canhão de 37mm e equi-

pado com a primeira torre de concepção e constru-

ção nacional. Algumas foram fundidas pelas Fun-

dições Aliperti e usinadas pela Avanzi, em aço

classe SAE 5160, possuindo um sistema de apoio

em três rolamentos e cremalheira independente

fixada no teto do carro.

A seguir sua designação passa a ser CRR (Car-

ro de Reconhecimento sobre Rodas) e sua confi-

guração sofrerá pequenas modificações, princi-

palmente nas suas linhas básicas, modificando-o

até a construção do primeiro protótipo em 1970.

O primeiro protótipo será totalmente construí-

do no PqRMM/2 e, como havia necessidade de es-

tudar melhor sua suspensão, foi adotado o recém-

criado sistema boomerang, desenvolvido e paten-

teado por uma pequena empresa chamada Engesa.

Na realidade, o primeiro protótipo construí-

do inteiramente no PqRMM/2 usou uma das tor-

res da VBB-1 e, após os testes e melhoras no veícu-

lo, este passou a usar as torres derivadas daquelas

fundidas pela CSN (Companhia Siderúrgica Na-

cional), até que fossem elaboradas as modificações

necessárias nas do M-3 A1 Stuart, que foram aumen-

tadas na parte traseira para incorporar um sistema

de rádio, equipando assim os primeiros pré-séries.

Todo o projeto baseou-se na experiência com

os M-8, até que o protótipo final do CRR fosse sub-

metido a testes pelo Exército Brasileiro em 1971,

percorrendo mais de 65 mil quilômetros.

Repasse para a indústria nacional

Com os testes práticos elaborados exausti-

vamente pelo Exército supervisionado pelo Gru-

po de Trabalho do PqRMM/2 foi então decidida a

construção inicialmente de cinco veículos pré-sé-

rie, número esse elevado para oito quando da assi-

natura da Carta-Contrato de Desenvolvimento e

preparo de protótipos, firmada entre a Diretoria de

Pesquisa e Ensino Técnico do Exército (DPET) e a

Engenheiros Especializados S/A (ENGESA), em

No alto, Mock-up

do CRR, futuro

Cascavel, sendo

analisado pelo Ten

Cel Pedro Cordeiro

de Melo,

comandante do

PqRMM/2, e pelo

General Plínio

Pitaluga, o mesmo

que comandou o

Esquadrão de

Reconhecimento

da FEB quando

era capitão. Notar

a torre da Alliperti

nacional e o

canhão de 37mm.

Acima, protótipo

do CRR, futuro

Cascavel, em

exposição no IME,

em 1972. Notar o

protótipo da nova

torre e o canhão

de 37mm.

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junho de 1971. A produção iniciou-se no ano se-

guinte, tendo sido concluída em setembro de 1975.

Esses oito veículos foram testados por mais de

32 mil quilômetros (de São Paulo a Uruguaiana e

Alegrete, RS). Os testes consistiram em andar com

os veículos 24 horas por dia, até que apresentassem

defeitos; corrigidos, os veículos voltavam a campo,

parando apenas para trocar a guarnição e abastecer.

É interessante notar que, quando vemos os

primeiros modelos do Cascavel, conhecido como

dificada gradativamente, culminando numa tor-

re mais moderna com visores laterais e baixo per-

fil. O carro recebeu a designação de Carro de Re-

conhecimento Médio (CRM), permanecendo o

chassi como modelo padrão da produção seriada

e despertando o interesse estrangeiro sobre ele,

muito embora a Engesa não acreditasse nesse veícu-

lo, pois achava que se deveria construir um anfíbio.

Posteriormente, passou a denominar-se EE-9

Cascavel, conhecido como a versão Cascavel Magro,

em função do canhão de 37mm, do qual mais de cem

unidades foram compradas pelo Exército Brasileiro.

A primeira grande aquisição se dá quando,

em 1976, a Líbia encomenda duzentos destes veícu-

los, pagando à vista e exigindo que fossem armados

com canhão de 90mm, o que foi sanado com a im-

portação de torres e canhões franceses para equi-

par essa versão que nunca foi usada pelo Exército

Brasileiro, denominada EE-9 Cascavel MK II, lan-

çando um produto brasileiro no fechado mundo

de material de defesa.

Essa compra possibilitou à Engesa a constru-

ção de sua fábrica em São José dos Campos (SP),

foi de grande importância para a consolidação do

veículo e alertou o Exército para o canhão de 90mm.

Em 1973, chegaram a desenvolver uma torre na-

cional, derivada da francesa, no PqRMM/2, mas

equipada com o canhão francês vendido para os

líbios e chilenos, que não foi usada pelo Exército

Brasileiro, montada sobre um dos oito CRM para

testes, surgindo em seguida a versão Mk-III com

torre nacional e canhão Cockerill de 90mm, da

qual mais duzentas foram compradas pela Líbia.

Paralelamente a essa compra, o Chile efetuou

uma encomenda de 106 desses veículos, o que con-

solidou de vez o nome EE-9 Cascavel, sendo EE

uma abreviatura do nome Engesa, o 9 o peso do

veículo, nove toneladas, embora ele fosse supe-

rior, e Cascavel o nome de uma cobra venenosa

Cascavel Magro, vê-se nitidamente a influência do

M-8 em sua concepção.

É curioso notar que os estudos e conceitos

foram desenvolvidos pelo Exército Brasileiro e

repassados a uma empresa privada, coisa comum

no mundo, mas até então inédita no Brasil. A par-

tir daí a torre foi aos poucos sendo modificada, in-

corporou-se novamente a do M-8 Greyhound, que

sofreu alongamentos laterais e traseiros, sendo mo-

Acima, os oito

EE-9 Cascavel de

pré-séries após

sua entrega pela

Engesa, em 1975,

prontos para

iniciar os testes

de avaliação.

Notar as torres do

carro de combate

leve M-3 A-1

Stuart modificadas

na sua parte

traseira,

para receber um

conjunto de

rádio e o canhão

de 37mm.

Abaixo, diversos

EE-9 Cascavel

do segundo

lote de 200

vendidos para

a Líbia, no Porto

de Santos, antes

do embarque.

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brasileira. A partir de 1975, diversas versões e mo-

delos serão produzidos em série, não só para aten-

der ao Exército Brasileiro, como também para ex-

portações, cuja produção total atingiu 1738 uni-

dades, das quais o Exército Brasileiro adquiriu 409.

Em 1987, os últimos M-8 remanescentes são

retirados de vez do serviço ativo.

Paralelamente a esse desenvolvimento e numa

parceria com a Marinha do Brasil, em 1972, foi de-

senvolvida uma versão de um blindado 6x6 anfí-

bio, designado Carro Transporte de Rodas Anfíbio

(CTRA), equipado com hélices na traseira, para

facilitar a manobrabilidade em rios e mar. A pro-

dução dos cinco primeiros exemplares de série fo-

ram para atender a uma encomenda para o Cor-

po de Fuzileiros Navais, já sob a denominação de

EE-11 Urutu, utilizando boa parte da mecânica e

alguns componentes do EE-9 Cascavel, o que de

certo modo facilitou muito a logística.

Na Marinha não foi o sucesso esperado, hou-

ve uma série de problemas, mas com modificações

posteriores teve ótima aceitação no Exército e che-

gou a participar de licitações em países do primei-

ro mundo, como Estados Unidos e Canadá.

Diversas inovações serão aplicadas aos mode-

los posteriores a 1975, atendendo a exigências dos

mercados interno e externo, totalizando 888 veícu-

los de série produzidos, dos quais o Exército adqui-

riu 223. A produção seriada de ambos se estendeu

até 1993, quando foi decretada a falência da Engesa.

A importância do AGSP

A partir de 2001, coube ao Arsenal de Guerra

de São Paulo (AGSP) o repotenciamento dos blin-

dados sobre rodas EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu,

trabalho que vem sendo desenvolvido desde 2002,

responsável não só pelos blindados em uso no Exérci-

to Brasileiro, como também pelos empregados pelo

país no Haiti (Minustah). Até o momento duzentos

foram concluídos.

Toda a manutenção do 5o Escalão das Viatu-

ras Blindadas sobre Rodas Cascavel EE-9 Modelo

VII-9 e Viatura Blindada Transporte de Pessoal EE-

11 Urutu Modelo VI-4, de fabricação Engesa, nos

anos 80, é feita no AGSP, cuja meta era a de recupe-

rar algo em torno de quinhentas viaturas, partindo

dos modelos mais novos para os mais antigos, uma

vez que esses veículos nunca sofreram uma manu-

tenção nesse nível, tornando-se totalmente opera-

cionais aproximadamente trezentos, o que é plena-

mente viável, bastando lembrar o que fizeram os is-

raelenses com os blindados brasileiros adquiridos

do Chile, modelos muito mais antigos, criando-se um

kit de repotenciamento pela empresa Saymar Ltd.

O trabalho em alguns itens foi terceirizado, mas

todo executado no interior do AGSP, e só foi possível

porque as firmas recontrataram experientes operá-

rios da extinta Engesa, que mais uma vez voltaram à

ativa em conjunto com os militares técnicos que fa-

zem parte daquele aquartelamento. A necessidade

maior dentro do Exército Brasileiro na atualidade é

em relação à Viatura Blindada Transporte de Pessoal

(VBTP) EE-11 Urutu, em virtude dos grandes des-

gastes que os já repotenciados vêm sofrendo em ra-

zão de seu emprego no Haiti. Todo o trabalho está

sendo realizado pela empresa Universal Importação,

Exportação e Comércio Ltda, que vendeu seis blin-

Protótipo do

blindado anfíbio

CTRA, futuro

EE-11 Urutu, em

exposição no

IME em 1972.

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dados EE-11 Urutu, novos, em 2007, últimos de sé-

rie da extinta Engesa que se encontravam em seu

poder e passaram pelo mesmo processo de repo-

tenciamento dos demais para que ficassem dentro

da padronização adotada pelo EB, o que sem dú-

vida foi uma boa aquisição dentro da realidade em

que vivem as Forças Armadas Brasileiras.

Essa empresa também é responsável pela ma-

nutenção dos blindados Engesa no exterior, onde

vem realizando manutenção em diversos países,

como Colômbia e Gabão.

No momento está desenvolvendo um kit de

modernização para os modelos mais antigos dos

blindados 6x6 EE-11 e EE 9, a custo baixo, o que

poderá ser muito útil ao Exército, pois poderá dar

uma sobrevida de mais vinte anos aos modelos

mais antigos, que se possuem em maior número e

muitos estão indisponíveis.

Outra empresa que está efetuando modifica-

ções no EE-11 Urutu, versão mais antiga, é a Brasília

Motors Ltda/Engemotors, de Brasília, DF, cujo

protótipo se encontra em fase de testes, sendo que

as modificações mais importantes consistem em:

– utilização do motor OM 366 LA militarizado

(MTU) 230 CV;

– aplicação de transmissão automática Allisson

SP 3000;

– novos sistemas de freios totalmente pneu-

máticos nas seis rodas, com a substituição

dos cubos de rodas que passaram a ser as do

caminhão Engesa EE-25;

– câmeras de auxílio à condução e ao moni-

toramento do veículo;

– sistemas eletropneumáticos, substituídos

por pneumáticos;

– instalação de uma bomba de deck suplemen-

tar elétrica com acionamento automático.

Sem dúvida ambos os projetos são importan-

tes e poderão dar uma maior sobrevida a esses blin-

dados sobre rodas; mesmo que venham no futuro

a ser substituídos por uma versão mais nova, ser-

vem para mobiliar outras unidades, podendo operar

em diversas outras missões, como na Garantia da Lei

e da Ordem (GLO).

Operando em missãode paz da ONU

Na verdade, o Haiti se transformou num ce-

nário de treinamento real de extrema importân-

cia para a operacionalidade de blindados sobre

rodas em uma situação de guerra urbana, muito

embora o adversário não esteja muito bem arma-

do, razão pela qual não tivemos nenhuma perda

de veículo blindado em combate.

Mas muitas lições têm sido aprendidas e de

certo modo estão obrigando a algumas modifica-

ções importantes, como adoção de torreta blin-

dada, blindagem para o compartimento do mo-

EE-11 Urutu,

versão mais antiga,

repotenciado pela

Brasília Motors/

Engemotors,

e que se encontra

em testes. Notar

que os pneus

e cubos de rodas

são diferentes

dos demais.

Abaixo,

blindados EE-11

Urutu no Haiti.

Notar dois na

versão transporte

de tropas

e um na versão

ambulância.

FOTO

: SG

T BR

AND

ÃOFO

TO:

BRAS

ÍLIA

MO

TORS

24 ANO IX / Nº 17

torista com adoção de uma cúpula, lâminas fron-

tais para remoção de obstáculos e o emprego de

pneus de caminhão encontrados no mercado na-

cional, já usados com êxito pelos colombianos

nesses mesmos veículos e que agora estão sendo

aproveitados por aqui, evitando assim a sua im-

portação, como estava sendo feito. Um foi modi-

ficado para a versão ambulância, no AGSP, estan-

do em operação na Minustah.

No teatro de operações do Haiti, os nossos

blindados 6x6 estão saindo-se muito bem, mesmo

voltando para nova reforma no AGSP em estado

lastimável, com diversas marcas de tiros e até com

perfuração de munição 7,62mm, que chegou a fe-

rir um de nossos soldados na perna, pneus danifi-

cados e laterais muito arranhadas em função das

barricadas que são obrigados a atravessar, pois

nem todos estão providos de lâminas frontais,

além de grandes problemas mecânicos, principal-

mente na suspensão boomerang.

Seu emprego ocorre em situações extremas e

por um longo período, o que nunca ocorreu por

aqui, e aí aparecem diversos problemas que terão

de ser sanados da melhor maneira possível, como

estão sendo. O mais interessante é que, além do

Brasil, a Jordânia e a Bolívia operam blindados

EE-11 Urutu no Haiti, sendo as versões mais mo-

dernas e mais antigas em operação, lembrando

que os dos jordanianos estão equipados com mo-

tor Detroit-Diesel 6V53 e torreta para canhão de

25mm, produzidos no início dos anos 90, enquan-

to os dos bolivianos possuem motor Mercedes-

Benz OM-352A e torreta para canhão de 20mm.

É digno de registro que nas operações de paz

no Kosovo, na cidade de Mitrovika, região da an-

tiga Iugoslávia, em plena Europa central, vários

estiveram em operação, a partir de 2004, pelos

Emirados Árabes, sendo das versões mais moder-

nas, final de produção dos anos 1990, equipados

com motores e torretas iguais aos da versão ope-

rada pelos jordanianos no Haiti.

O futuro

Na LAAD 2009 (Latin América Aero & Defen-

se), realizada no período de 14 a 17 de abril no Rio de

Janeiro, foi apresentado o que poderá ser o sucessor

dos blindados 6x6 EE-9 Cascavel e EE-11 Urutu, na

forma de um mock-up escala 1:1, construído na Itália

e montado no Brasil, que deverá sofrer diversas mo-

dificações até que seja apresentado no início de 2010

o protótipo, que após ser avaliado pelo CAEx (Cen-

tro de Avaliações do Exército), terá uma pré-série de

16 veículos produzida, que poderá vir a ser adotado

EE-11 Urutu

da Jordânia em

operação

no Haiti. Notar

os grandes cubos

de rodas com

redutor planetário,

mostrando

ser um veículo

da fase final de

produção.

FOTO

: SG

T BR

AND

ÃO

25ANO IX / Nº 17

como blindado padrão 6x6, cujas versões previstas

são: Oficina, Transporte de Pessoal, Morteiro 120mm,

Ambulância, Socorro, Posto de Comando, Comu-

nicações, Diretora de Tiro e uma versão 8x8 arma-

da com canhão de 105mm, para Reconhecimento.

Todo o conceito da nova Viatura Blindada

Transporte de Pessoal foi desenvolvido pelos enge-

nheiros do Exército com o Departamento de Ciên-

cia e Tecnologia (DCT), e outros órgãos, que a par-

tir de agora trabalharão em conjunto com o pes-

soal da Iveco Defence Brasil, na fábrica de Sete La-

goas, MG, onde serão desenvolvidos e construídos

protótipo e a pré-série.

O desenho conceitual foi inicialmente apre-

sentado na Inovatec 2007 em São Paulo, em agos-

to daquele ano, quando foi proferida uma pales-

tra por pessoal do Exército, mostrando o projeto

da Família de Blindados Média sobre Rodas, cujas

premissas principais apresentadas foram:

– alto índice de nacionalização;

– simplicidade e robustez;

– elevada mobilidade tática e estratégica;

– capacidade aerotransportável em um C-130

Hércules da FAB;

– capacidade de anfíbio;

– boa ergonomia;

– elevada proteção – antiminas e balística;

– baixas assinaturas – visual, radar e térmica.

Nos próximos anos teremos uma ideia real do

que será esse novo veículo, e como atenderá às exi-

gências dos atuais conflitos urbanos que temos vis-

to com frequência em diversas partes do planeta,

inovando todo o conceito e proteção de veículos

blindados atuais, que precisam ter uma grande ca-

pacidade de sobrevivência, não só sua, mas também

de seus ocupantes, no campo de batalha e nas con-

dições impostas contra eles, com armadilhas exis-

tentes nas vias de deslocamento, desde uma simples

bomba caseira montada ao lado de uma estrada ou

Expedito Carlos Stephani BastosPesquisador de Assuntos Militares daUniversidade Federal de Juiz de Fora

defesa@ufjf.edu.brwww.defesa.ufjf.br

em um barranco até minas e artefatos anticarro,

como mísseis e lançadores de foguetes; barato e lar-

gamente utilizado nos conflitos recentes e o mais

importante é o grau de dependência externa que terá

em seus componentes, pois na Eurosatory 2010,

ocorrida em Paris, no período de 14 a 18 de junho,

foi oficialmente apresentado o veículo 8x8 Super AV,

cujo irmão menor é o Guarani 6x6, o qual já havia

sido previsto naquela família sob a designação SAT,

e que vem sofrendo diversas modificações para aten-

der aos requisitos do Exército para a Nova Família

Média de Blindados sobre Rodas.

O conceito de veículo blindado 6x6 ainda

terá uma grande vida útil no Exército Brasileiro,

fruto da experiência adquirida em plena Segun-

da Guerra Mundial e da visão e capacidade de

alguns visionários dentro da própria força, que

conseguiram provar que era possível repotenciar,

aprimorar e desenvolver um veículo nacional.

Agora é aguardar...

Mock-up na

escala 1:1

apresentado na

LAAD 2009

do que deverá

ser o novo

conceito 6x6

no Exército

Brasileiro, que

será produzido

pela Iveco

Defence Brasil.

Ao lado,

capa do folder

distribuído pela

Iveco Defence

Brasil

na LAAD 2009,

mostrando

o futuro 6x6

para o Exército

Brasileiro.

FOTO

: AUT

OR

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