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UniversidadeEstadual de Londrina
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTECURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
ATIVIDADES DE AVENTURA NA NATUREZA: REVISÃO DE ARTIGOS EM PERIÓDICOS
CIENTÍFICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Fausto Junqueira de Castro Bezerra
LONDRINA – PARANÁ
2011
i
FAUSTO JUNQUEIRA DE CASTRO BEZERRA
ATIVIDADES DE AVENTURA NA NATUREZA:
REVISÃO DE ARTIGOS EM PERIÓDICOS
CIENTÍFICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Trabalho apresentado como requisito parcial para a Conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina.
ii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Ihana e Ronaldo, por terem me dado todo apoio necessário...
À Bethânia, pelo carinho e paciência em minhas ausências...
iii
AGRADECIMENTOS
À professora Rubiane, por todo o apoio para a realização deste projeto.
À minha família pelo carinho e dedicação neste momento especial de nossa vida.
À minha namorada, pelo carinho, atenção, paciência e compreensão.
Aos amigos, colegas de curso e professores por trilharmos esta etapa juntos.
À todos que direta ou indiretamente contribuíram para o termino deste trabalho.
À todos que não permitiram que eu desistisse...
iv
EPÍGRAFE
“Men might disappear, men will disappear, but the land will always be here. We only the guardians of the land. This is our belief.”
“Os homens podem desaparecer, os homens vão desaparecer, mas a terra sempre estará aqui. Somos apenas os guardiões da terra. Esta é a nossa crença.” (tradução
livre)
Wetini Mitai-Ngatai (coreógrafo Maori)
v
BEZERRA, Fausto Junqueira de Castro. Atividades de Aventura na Natureza: Revisão de Artigos em Periódicos Científicos da Educação Física. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2011.
RESUMO
As atividades na natureza, ou ao ar livre, desde que surgiram apresentaram inúmeras definições como Esporte de aventura, Turismo de aventura, Esportes alternativos ou de risco, AFANs (Atividades Físicas de Aventura na Natureza) entre outras. Nesse sentido, essas atividades ainda não representam um campo claro e conciso. No entanto, são atividades que vêm crescendo em interesse tanto pelos praticantes, quanto pelos pesquisadores na Educação Física por ser um campo de intervenção em potencial. Assim esse estudo teve como objetivo descrever as características dos artigos sobre atividades de aventura publicados em periódicos na área de Educação Física, identificando quais os temas relacionados às publicações sobre atividades de aventura, e também identificar a frequência e periodicidade com que estudos sobre esta área são publicados. Para tanto, foram coletados artigos em periódicos nacionais da Educação Física, listados no Qualis, no intervalo de nível entre A1 e B2, e analisado por meio da análise de conteúdo. Como resultado foi possível identificar que o termo mais utilizado para denominar tais atividades hoje éAFANs, mas ainda assim se utiliza do termo Esportes de Aventura. O caráter do risco dessas atividades é o mais visível nesses estudos. O número de artigos vem aumentando gradativamente, sendo que foram encontrados dois picos de publicações nos anos de 2007 e 2009. É possível que estejamos passando por uma mudança de preferência de utilização de termos, onde o termo predominante será AFAN, apesar do risco ainda ser um caráter muito procurado nestas atividades. De certa forma, pode-se concluir que as publicações na Educação Física sobre este campo ainda são incipientes e novos estudos sobre as características e determinantes dessas atividades serão necessários.
Palavras-chave: AFAN; Educação Física; Lazer; Levantamento bibliográfico;
vi
ABSTRACT
The activities in nature, or outdoors, since they were presented as many definitions of adventure sports, adventure tourism, alternative sports alternative or risksports, AFANs (Physical Activities Adventure in Nature) and others. In this sense, these activities do not yet represent a clear and concise field. However, there are activities that have increased in interest by both practitioners and researchers in the Physical Education to be a potential area of intervention. Thus, this study aimed to describe the characteristics of articles about adventure activities published in journals in the area of Physical Education, identifying publications on topics related to adventure activities, and also to identify the frequency and regularity with which studies on this area are published. For this purpose, we collected papers in national Physical Education, listed in the Qualis, the level range between A1 and B2, and analyzed using content analysis. As a result, we found that the most common term to describe those activities is AFANs, but it still uses the term Adventure Sports. The character of the risk for these activities is the most visible in these studies. The number of articles is increasing, and found two peaks of publications in the years 2007 and 2009. It is possible that we are undergoing a change of preference for use of terms, where the predominant term is AFAN, although the risk is still a very popular character in these activities. In a way, we can conclude that publications on Physical Education in this field are still incipient and new findings on the characteristics and determinants of these activities will be needed.
Keywords: Activity Adventure in Nature; AFAN; Physical Education; Leisure; literature surveys;
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Descrição das atividades de aventura ao ar livre........................ 7
Quadro 2 - Mapeamento dos artigos da R1................................................... 18
Quadro 3 - Mapeamento dos artigos da R2................................................... 19
Quadro 4 - Mapeamento dos artigos da R3................................................... 20
Quadro 5 - Mapeamento dos artigos da R4................................................... 22
Quadro 6 - Mapeamento dos artigos da R5................................................... 23
Quadro 7 - Termos encontrados na R1......................................................... 25
Quadro 8 - Termos encontrados na R2......................................................... 26
Quadro 9 - Termos encontrados na R3......................................................... 28
Quadro 10 - Termos encontrados na R4......................................................... 29
Quadro 11 - Termos encontrados na R5......................................................... 31
Quadro 12 - Termos encontrados referentes às atividades na natureza........ 32
Quadro 13 - Termos encontrados referentes aos tipos de atividades
praticadas....................................................................................
33
Quadro 14 - Outros termos encontrados nas revistas..................................... 34
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Gráfico da quantidade de artigos por periódico e por ano 24
ix
LISTA DE SIGLAS
AFAN - Atividades Físicas de Aventura na Natureza
CONFEF - Conselho Federal de Educação Física
CREF - Conselho Regional de Educação Física
CAPES - Coordenadoria de Apoio ao Pessoal de Ensino Superior
PPG - Programas de Pós-Graduação
EEFEUSP - Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de
São Paulo
ESEF/UFRGS - Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul
CBCE - Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte
UNESP - Universidade Estadual Paulista
UEM - Universidade Estadual de Maringá
DOU - Diário Oficial da União
x
LISTA DE APENDICES
Apêndice 1 - Mapeamento Geral dos Artigos........................................... 41
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................... v
ABSTRACT................................................................................................ vi
LISTA DE QUADROS................................................................................ vii
LISTA DE FIGURAS.................................................................................. viii
LISTA DE SIGLAS..................................................................................... ix
LISTA DE APÊNDICES............................................................................. x
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 01
2 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................... 04
2.1 Definições existentes................................................................................. 04
2.2 Características históricas das atividades físicas ao ar livre....................... 10
2.3 Perfis dos praticantes e dos profissionais em atividades físicas na
natureza.....................................................................................................12
2.4 Lazer e a prática de atividades físicas na natureza................................... 13
3 MÉTODOS................................................................................................. 15
3.1 Caracterização do Estudo.......................................................................... 15
3.2 Critérios para levantamento e tabulação dos dados.................................. 15
3.3 Procedimentos de Coleta e Levantamento dos Dados.............................. 16
3.4 Análise dos dados...................................................................................... 17
4 RESULTADOS........................................................................................... 18
5 CONCLUSÃO............................................................................................ 35
6 REFERÊNCIAS.......................................................................................... 37
APÊNDICE I............................................................................................... 41
1
1 INTRODUÇÃO
Atividades praticadas ao ar livre não são recentes, pois datam, pelo menos,
de 1857, ano da fundação do Clube de excursionismo Britânico, acompanhado pelo
surgimento de vários outros clubes congêneres, criados principalmente na Europa e
America do Norte (DIAS, MELO, ALVES JÚNIOR, 2007).
Apesar de datarem de um período anterior, as pessoas só tomaram mais
gosto por estas atividades a partir dos anos de 1970 nos Estados Unidos, e dos
anos 1980 no Brasil, acompanhando uma nova realidade lúdica e a mudança de
hábitos da sociedade pós-industrial e pós-moderna (CARDOSO, SILVA, FELIPE,
2006). O que permitiu o desenvolvimento da maioria dessas atividades foi à revisão
e adaptação de outras existentes anteriormente, como o skate, que foi a adaptação
do surfe para os dias em que não havia ondas, ou o vôo livre, que foi primeiramente
utilizado em guerras como uma forma de chegar rapidamente ao território inimigo,
com uma maior aplicação tecnológica pela utilização de equipamentos e sobre a
forma de se praticá-las.
Um dos termos mais utilizados na literatura para este tipo de atividade é
“Atividade Física de Aventura na Natureza”, termo este que apareceu pela primeira
vez em estudo de Betrán (1995), e corroborado por vários outros pesquisadores, tais
como Pereira, Pimentel e Lara (2004), Zimmermann (2008), Lavoura, Scharwtz e
Machado (2008), Marinho (2001).
As atividades de aventura na natureza, apesar de possuírem uma gama de
definições e termos diferentes, por vezes se contradizendo, por vezes concordando,
têm algumas características em comum segundo Miranda et. al. (1995, in
ZIMMERMANN, 2008), sendo elas: não estarem sujeitas a regulamentação e
horários, variarem de acordo com o gosto do praticante, ser mutáveis, ter maior
relação com o equilíbrio do que com o esforço, apesar de se apropriarem de um
repertório de risco, ele não existe propriamente dito, havendo apenas a sensação de
risco, e se aproveitando das forças da natureza para sua prática.
Tais características das AFANS parecem se aproximar das características
constituintes do Lazer, apresentados por Joffre Dumazedier (1979, in GOMES, 2004)
sendo: o Libertatório, o Desinteressado, o Edonístico, e o Pessoal. Esses caracteres
estão atrelados aos tempos de trabalho e tempo livre utilizado com atividades que
busquem o prazer e a diversão, o que nos leva a compreender o porquê a maioria
2
dos praticantes dessas atividades serem pessoas de classe elevada, e alto grau de
instrução, por serem atividades que demandam grande disponibilidade de tempo e
de dinheiro de quem deseja realizá-las, sempre buscando o caráter hedonista e o
contato com a natureza.
Os profissionais que trabalham com AFANs são, em sua maioria, jovens,
sem nível superior que em sua maioria, realizaram apenas alguns cursos de
formação técnica oferecido pelas empresas contratantes, antes de se iniciar no
mercado de trabalho e, apesar de demonstrarem interesse em continuar sua
formação, com cursos de reciclagem, não foi comentada a utilização de periódicos
científicos e/ou formação de nível superior para o aprimoramento nas atividades
profissionais (CARNICELLI FILHO E SCHAWRTZ, 2009; SCHWARTZ E
CARNICELLI FILHO, 2006).
Em uma breve pesquisa sobre estudos que falem sobre o assunto, não foi
encontrada nenhuma revista científica exclusiva sobre as atividades de aventura,
mas apenas algumas revistas na Educação Física com alguns artigos esporádicos,
evidenciando a necessidade de maior aprofundamento da caracterização dessas
atividades, do mapeamento sobre quais saberes necessários aos profissionais que
atuam nesse setor e sobre quais necessidades ainda temos que suprir para atender
essa demanda. Será que estas questões são pesquisadas pelos autores na
Educação Física?
Devido à crescente demanda de profissionais capacitados para atuarem
com atividades na natureza, surge à necessidade de identificar como os estudos na
Educação Física tem abordado esta temática já que segundo o CONFEF o ensino,
e a orientação destas atividades devem ser realizados obrigatoriamente por
profissionais com curso superior credenciado no sistema CONFEF/CREFs.
Com os resultados desse estudo, visualizaremos uma possível lacuna no
que vem sendo estudado, a qual poderá ser preenchida com novos estudos.
Também será possível que o resultado mostre como estas atividades são vistas:
atividades com risco exacerbado, atividades puramente de lazer ou, apenas,
atividades esportivas que não são muito conhecidas e/ou divulgadas, entre outras.
Para tanto o objetivo geral do estudo consiste em descrever as
características das publicações sobre atividades de aventura publicadas em
periódicos científicos na área de Educação Física. Também será possível: a)
identificar quais os temas relacionados às publicações sobre atividades de
3
aventura; b) identificar a frequência e periodicidade com que estudos sobre esta
área são publicados.
4
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Definições Existentes
Por se tratar de um campo de pesquisa recente e em expansão, onde
surgem cada vez mais novas e diversificadas nomenclaturas, ou até mesmo
nomenclaturas diferentes, mas com significados iguais, se faz necessário a
descrição de algumas delas. O que não quer dizer que se esgota o assunto, ou que
todas elas foram citadas.
As definições encontradas na literatura, por ordem alfabética, foram:
Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFANs): segundo Carnicelli
Filho e Schwartz (2005) utilizado primeiramente por Betrán (1995) que a define como
sendo as atividades físicas buscando uma aventura imaginária, sentindo emoções e
sensações hedonistas em um ambiente natural. AFANs é um termo mais amplo, por
não precisar quais atividades podem ou não ser designadas como tal, podendo ser
atividades em água, terra e ar (CARNICELLI FILHO E SCHWARTZ, 2005). Segundo
Freire (2006, in PEREIRA, ARMBRUST e RICARDO, 2008) são atividades que não
exigem treinamento prévio para sua prática, o que possibilita a adesão de novos
praticantes. Sendo um termo amplamente utilizado em se tratando de aventura e
natureza, podendo ser encontrado nos estudos de Pereira, Pimentel e Lara (2004),
Zimmermann (2008), Lavoura (2008) e Marinho (2001), entre outros.
Esportes Alternativos: dando grande importância ao imprevisível e ao
inovador, são atividades com pouquíssima regulamentação, ou a mesma nula, onde
o principal é o lúdico, e não a competição (SYDNOR; RINEHART 2003 apud. DIAS
2007).
Esportes de Ação: Spink (2002), São esportes onde o risco está intrínseco
à atividade, estão impregnados pela linguagem dos riscos. Riscos estes que também
fazem parte dos esportes de aventura que vêm se tornando cada vez mais
populares.
Esportes de Aventura: Para Freire (2006 in: PEREIRA, ARMBRUST e
RICARDO, 2008) é um termo voltado para o estimulo à competição, necessitando
treinamento e força para sua prática. Os “Esportes de Aventura”, também tem seu
termo estabelecido por lei, possuindo a mesma caracterização dos “esportes
5
radicais”, com exceção da exacerbação do risco, mantendo o contato com a
natureza, em meio a um risco calculado, podendo ser considerado manifestação de
lazer, cultural ou de rendimento.
Esportes de Deslize: Guzman e Boyero (2001 apud. DIAS 2007) cita este
tipo de esporte como uma pratica motora em que os movimentos do atleta são
diretamente controlados por forças naturais propulsoras de arrasto, por meios
alheios a ele (força da gravidade, ondas do mar, entre outros), sentindo sensações e
emoções hedonistas, fundamentalmente individualistas. São práticas individuais, e
fundamentalmente individualistas, conferindo um alto grau de autonomia ao atleta
que as pratica, limitado apenas por seu conhecimento técnico e as condições
meteorológicas do momento. A instabilidade, o choque do ar com o rosto, o som
deste nos ouvidos é conhecido por todos, e considerado algo atraente.
Esportes de Prancha: Do inglês “Boardsport”, onde o equipamento utilizado
define a atividade, citando como principais exemplos de atividades o surfe,
snowboard, sandboard, entre outros (LAURO e DANUCALOV 2005 apud. DIAS
2007).
Esportes Extremos: De origem Norte Americana, tendo relação com a
organização de eventos esportivos, tais como os “X-Games”, dando ênfase as
sensações extremas (DIAS, 2007).
Esportes Radicais: uma possível origem para este termo se deu nos anos
de 1970, entre os praticantes de surfe se referindo aqueles que se aventuravam em
ondas mais altas e próximas a corais. Do surfe foi transportado para outras
modalidades tais como o skate, bungee jump, rafting, entre outros (FERNANDES,
1998). Talvez um dos motivos para o surgimento desta classificação em alguns
esportes seja pela sugestão de que neles há uma afronta metafórica ao perigo,
abandonando o conforto e a segurança da mesmice da sociedade (PEREIRA,
ARMBRUST e RICARDO, 2008). Tem o seu termo estabelecido por lei (DIARIO
OFICIAL DA UNIÃO, seção 1, n.197, quinta-feira, 11 de outubro de 2007), sendo
caracterizado como as práticas esportivas formais e não formais realizadas em
contato com a natureza em meio a um risco calculado, podendo ser uma
manifestação de lazer, cultural ou de rendimento e por possuírem o fator de risco
exacerbado. Quanto maior a chance de algum tipo de acidente, lesão ou até mesmo
a morte, maior a adrenalina do participante, que ao invés de evitar os riscos, os
6
utiliza para realização de manobras mais desafiadoras, ou para alcançar algum
objetivo novo.
Esportes Tecnológicos: Segundo Pociello (1999 apud. DIAS 2007), é mais
uma insinuação do que um termo utilizado realmente, se referindo à alta tecnologia
aplicada aos materiais utilizados durante as práticas, que em sua maioria foram
desenvolvidos única e exclusivamente para serem utilizados como meio de diversão
durante a atividade.
Turismo de Aventura: a definição de turismo de aventura encontrada nos
estudos de Spink et al. (2004) e de Cardoso, Silva e Felipe (2006) é muito
semelhante à de esporte de aventura, sendo a prática de atividades de aventura ou
esporte recreacional em ambientes naturais, exóticos ou de vida selvagem,
envolvendo emoções e riscos controlados, exigindo técnicas e equipamentos
específicos. O turismo de aventura pode ser enquadrado no termo ecoturismo e
em suas várias atividades, já que este (ecoturismo) engloba várias atividades, tais
como o trekking, rapel, mergulho, estudos do meio, safáris fotográficos, entre outros.
Marinho (2001) define que turismo de aventura é um tipo de turismo que envolve
toda uma experiência educacional interpretativa, desenvolvimento sustentável, e
valorização das culturas tradicionais locais (CARDOSO, SILVA E FELIPE, 2006).
Definições estas que não esgotam as possibilidades existentes, nem
tampouco se tratam de consenso entre os diversos autores que estudam sobre o
tema. Segundo Zimmermann (2008) é difícil estabelecer com exatidão uma definição
debilitante dessas atividades justamente por não possuírem contornos rígidos. E
quanto maior a produção científica sobre o assunto, maior a discordância sobre
quais termos devem ser utilizados (CARDOSO, SILVA E FELIPE, 2006). Por
exemplo, a grande dificuldade de diferenciar o esporte do turismo no ramo da
aventura se dá por estarem associados a sensações similares (PIMENTEL, SAITO,
2010).
Miranda (apud ZIMMERMANN, 2008) apesar desta falta de exatidão dos
termos tentou estabelecer algumas características comuns às atividades na
natureza, sendo elas: não estarem sujeitas a regulamentação e horários; podem
variar de acordo com o gosto do praticante; são mutáveis; tem maior relação com o
equilíbrio do que com o esforço; não há risco propriamente dito, apenas a sensação
de risco; sempre se aproveitam das forças da natureza - tais como os ventos, mares
e a força da gravidade.
7
O que excluiria este tipo de atividades do núcleo esportivo por ir contra as
características do Esporte dadas por Gomes (2004, p.80):
a) se organiza em forma de clubes, federações, e outras entidades locais, nacionais e internacionais; b) possui um calendário próprio, já não mais sendo praticada estritamente de acordo com outros tempos sociais; c) envolve um corpo técnico especializada cada vez maior (treinadores, preparadores físicos, dirigentes, gestores, psicólogos, médicos, dentre muitos outros); d) gera um enorme mercado ao seu redor, que extrapola até mesmo o que a princípio poderia ser considerado específico da prática esportiva.
Também seguindo esta linha de raciocínio, Dias (apud SILVA E DE
FREITAS, 2010) se utiliza do entendimento de que esporte se refere à atividade
corporal de movimento, no qual tem caráter competitivo e concluem que estas
atividades na natureza não poderiam ser compreendidas como esporte, pois as
reduziriam ao caráter de competição, também reduzindo seus sentidos e
significados.
Então, por não se tratarem de atividades organizadas, não possuírem
calendário próprio, não envolver um corpo técnico e, apesar de ser um campo em
crescimento, ainda não ser um mercado totalmente explorado, temos que direcionar
uma atenção maior sobre os conceitos mais adequados que devem ser utilizados
para se referir às atividades de aventura. Consideramos que estas atividades não
devem ser pensadas como atividades esportivas, mas sim, atividades que fazem
parte do contexto do Lazer, por estarem mais relacionadas a um estilo de vida
hedonista, por tentarem aumentar o contato com a natureza, por ser praticada no
tempo livre, e livre das obrigações da sociedade hodierna.
No quadro a seguir podemos visualizar algumas atividades de aventura, na
natureza, e suas definições:
Quadro 1 - Descrição das atividades de aventura ao ar livre
ATIVIDADE DEFINIÇÃO AUTOR DA DEFINIÇÃO
Acqua Ride e Bóia-Cross
São esportes praticados individualmente em rios e corredeiras, utilizando-se de equipamentos e o corpo para descer rio abaixo. No bóia-cross utiliza-se de câmaras de ar, e no acqua ride mini botes infláveis de PVC, com fundo resistente às pedras, confeccionados especificamente para esse fim.
Atlas do esporte no Brasil
8
Arvorismo(ou Arborismo)
Um percurso artificialmente montado sobre árvores, com vários níveis de dificuldades e obstáculos, aliando técnicas de escalada, trekking, montanhismo, rapel, entre outros.
Atlas do esporte no Brasil
Base-Jump Consiste em saltar de paraquedas de lugares estáticos. Da sigla em inglês, Prédios (building), Antenas (antenna), Pontes (Span) ou Falésias (Earth)
Sicard e Blin (2011)
Bodyboard É um tipo de surfe onde o praticante desce as ondas deitados sobre pequenas pranchas (bodyboard)
Atlas do esporte no Brasil
Bungee Jump
É a pratica excêntrica de saltar de um vão livre, conectado a um cabo de feixe de elástico.
Pereira et al. (2004)
Canionismo Exploração esportiva de cânions, rios em garganta ou desfiladeiros
Atlas do esporte no Brasil
Canoagem Esporte praticado com canoas, onde se utilizam remos para a locomoção. Pode ser praticado em rio ou mar.
Pereira et al. (2004)
Carrovelismo É um esporte praticado com pequenos veículos sobre rodas, movidos pelo vento (força eólica) e dirigido com os pés
Atlas do esporte no Brasil
Corrida de Aventura
É um multiesporte em que participam atletas agrupados em equipes de ambos os sexos, com o intuito de percorrer uma dada distância em diferentes modalidades esportivas no menor tempo possível, exigindo o máximo de sua resistência física e mental. Nessa competição, os atletas se orientam por bússola, altímetro e mapas topográficos, por dias e noites ininterruptos, em regiões pouco exploradas, sendo vedado o uso de GPS (global position system)
Gomes et al. (2009)
Corrida de Orientação
É uma espécie de rally a pé, onde, o competidor conta apenas com a bússola e um mapa topográfico para chegar de um ponto ao outro.
Pereira et al. (2004)
Escalada É a técnica de subir em rochas, usando ou não equipamentos especiais.
Pereira et al. (2004)
Espeleologia Exploração de cavernas Stigliano, César (2002)
Kitesurf É utilizada uma prancha fixada aos pés e uma pipa (papagaio) ou pára-quedas de tração com estrutura inflável, possibilitando deslizar sobre a superfície da água e, ao mesmo tempo, alçar vôos que se traduzem em movimentos singulares, executadas em lagos, represas ou no mar, com ventos fracos ou fortes.
Atlas do esporte no Brasil
9
Mergulho Descobrir, fazer parte do mar. O mergulho é um esporte individual, onde o homem se entrega ao mar para descobrir suas belezas.
Pereira et al.(2004)
Montanhismo É a prática de subir em montanhas através de caminhadas ou escaladas
Pereira et al. (2004)
Moutain Biking
Andar de bicicleta em montanhas trilhas no mato e descer por caminhos com pedras, raízes e outros obstáculos
Pereira et al. (2004)
Paintball É uma modalidade de esporte radical de lazer que simula o combate entre duas equipes, onde cápsulas de tinta biodegradável, lavável e não tóxicas sãodisparadas por armas de pressão, em direção à equipe oponente
Atlas do esporte no Brasil
Pára-quedismo
Saltos de pára-quedas que visam a determinadas manobras em desempenho, estilo, correção e tempo com o melhor mérito possível dos competidores
Atlas do esporte no Brasil
Rafting Esporte que utiliza botes infláveis para descer corredeiras em rios que correm com velocidade.
Pereira et al. (2004)
Rapel É uma técnica vertical básica, para a descida controlada em qualquer atividade de montanha.
Pereira et al. (2004)
Sandboard Conhecida como uma versão tropical do snowboardconsiste em deslizar sobre dunas de areia executando manobras
Atlas do esporte no Brasil
Skate É uma prática esportiva que utiliza prioritariamente os membros inferiores para execução de manobras em equilíbrio e movimento apoiando o corpo em um equipamento formado por prancha de madeira ou fibra tendo embaixo dois eixos de rodas.
Atlas do esporte no Brasil
Skimboard O praticante desliza sobre a areia molhada contra as ondas do mar com uma fina pranchinha de madeira e fórmica, o skimboard, indo de encontro às marolas espumantes
Atlas do esporte no Brasil
Tirolesa É a travessia feita por um cabo de aço ancorado horizontalmente entre dois pontos, utilizando-se de roldanas, e cadeirinhas de alpinismo, presas por mosquetões
Atlas do esporte no Brasil
Trekking Que significa caminhar, andar, trilhar. Pereira et al. (2004)
Vôo Livre É um esporte praticado com asa delta ou paraglaider, que também é chamado de parapente. No vôo livre, o praticante se desloca de uma montanha e tem o objetivo de subir com as correntes ascendentes de ar quente.
Pereira et al. (2004)
10
Wakeboard Uma prancha puxada por um barco, onde o praticante se aproveita das marolas produzidas pelo barco para realizar as manobras
Atlas do esporte no Brasil
Windsurfe Mescla, basicamente, as técnicas do surfe e da vela. Sua prática consiste em utilizar o movimento do corpo e a força dos ventos para gerar a propulsão da prancha a vela em ambientes aquáticos como represas, lagos, baías, mares e até mesmo em piscinas (indoor).
Atlas do esporte no Brasil
Zorbing Descer declives a mais de 50 quilômetros por hora, dentro de uma bola inflável
Atlas do esporte no Brasil
Devido a gama de modalidades, não existe uma única região brasileira onde
se encontrem muitas opções reunidas. Cada lugar, de acordo com as diferenças
regionais e geográficas, apresenta uma maior vocação para algumas práticas
específicas. Uma cidade litorânea, por exemplo, terá vocação para atividades
aquáticas, como o mergulho, surf, wakeboard, skimboard, vela entre outros, o que
não quer dizer que nesta cidade não terá outras atividades terrestres ou aéreas.
Como exemplo, podemos citar a cidade de Brotas (SP) que Segundo Carnicelli Filho
e Schwartz (2005) é um dos pólos para a prática de rafting, com toda uma infra-
estrutura apropriada para isto.
2.2 Características Históricas das Atividades Físicas ao Ar Livre
As atividades na natureza não são recentes e, datam, pelo menos, de 1857,
ano da fundação do Clube de Excursionismo Britânico. Em seguida surgiram vários
outros clubes congêneres, entre 1863 e 1919, na Suíça, Itália, Alemanha, França,
Bélgica, Canadá e Estados Unidos. Na América Latina este movimento se iniciou em
1919 com o Centro Excursionista Brasileiro, seguido pelo Clube Andino de Bariloche
(1931) e pelo Clube Andino do Chile (1933) (DIAS, MELO e ALVES JÚNIOR, 2007).
Essa grande quantidade de iniciativas, os numerosos países em que
ocorriam, e o fato de a maioria deles existirem até hoje são determinantes para se
considerar a formação de uma nova conjuntura, de uma nova realidade de uma
subcultura, que foi influenciado pelas novas características da sociedade na época,
tais como: o aumento dos centros urbanos, a nova organização do trabalho, a
valorização do lazer, o higienismo, a popularização de algumas ciências (tais como o
11
desenvolvimento da história natural, da ornitologia e da geologia no século XIX, que
contribuíram para aumentar o interesse pelas atividades ao ar livre, e o surgimento
de um novo tipo de turismo) (DIAS, MELO E ALVES JÚNIOR, 2007).
Com a depressão de 1880 o ambiente urbano passou a ser visto como um
lugar agressivo e prejudicial (COSTA, 2000 in DIAS, MELO e ALVES JÚNIOR,
2007). Enquanto os lugares com “ar puro” se destacavam, juntamente com interesse
pela ginástica, pela aventura e pelas proezas físicas. Estes lugares estavam
atrelados, devido ao apelo do discurso higienista em voga, a virtudes medicinais,
remédios para os males urbanos, o estresse e a poluição.
Tais mudanças, ocorridas gradualmente ao longo de três séculos, ajudaram
a alterar a percepção no que diz respeito às montanhas e aos ambientes naturais. O
que antes era visto com desgosto, passou a ser aspectos desejáveis (desolação,
perigo, altitude) (MACFARLANE, apud: DIAS, MELO E ALVES JÚNIOR, 2007).
Este interesse maior com o convívio com a natureza teve seu início em
1865, quando surgiu na Inglaterra o primeiro grupo ambientalista, reivindicando mais
espaços para o lazer da população (FOLADORI E TAKS, APUD DIAS, DE MELO E
ALVES JÚNIOR, 2007), forçando a alguns governos a reservarem áreas naturais
para o divertimento público, em uma época em que preservação e recreação
praticamente se fundiam (MCCORMICK, APUD: DIAS, MELO E ALVES JÚNIOR,
2007)
O aumento das opções de lazer no final do século XIX elevou junto à
busca pela natureza. Nas férias as pessoas podiam vivenciar algo diferente ao que
estavam acostumadas e obter prazer ao conhecer lugares novos, altamente
influenciados pela revolução científico-tecnológica, que permitiu maior mobilidade
social, incentivando o desejo de se conhecer novos lugares (DIAS, MELO E ALVES
JÚNIOR, 2007).
O desenvolvimento de alguns esportes modernos se deu mais
recentemente, como por exemplo, o ciclismo de montanhas (mountain bike) que se
desenvolveu entre 1940 e 1950, e se tornou esporte olímpico desde 1996. E o vôo
livre, com asa delta ou parapente, sendo que o primeiro tipo surgiu nos anos 1970,
com o desenvolvimento aeroespacial, e o segundo surgiu com a necessidade dos
montanhistas de descerem de uma forma mais ágil e menos cansativa após longas
caminhadas, sendo um dos poucos esportes em que homens e mulheres competem
juntos (PIMENTEL E SAITO, 2010). Outras atividades, mesmo sendo mais antigas,
12
tiveram uma considerável evolução nos últimos 50 anos, tanto de materiais
tecnológicos, como de técnicas para seu desenvolvimento, podendo citar o surfe, o
skate (que é uma adaptação do surfe para as ruas) e, o montanhismo com seus
equipamentos de segurança.
De acordo com Betrán (2003) nos países mais desenvolvidos estas
atividades tiveram uma maior propagação no início dos anos 1970, e no Brasil no
início dos anos 1980, fazendo parte de uma nova realidade lúdica, focada no contato
com a natureza, junto com a mudança de hábitos da sociedade pós-industrial e pós-
moderna (CARDOSO, SILVA E FELIPE, 2006), se desenvolvendo juntamente com o
debate ecológico e o desenvolvimento tecnológico, estando relacionadas à
liberdade, aventura e integração com o meio (ZIMMERMANN, 2008). Contudo, a
maioria destas atividades surgiu a partir da revisão e adaptação de outras já
existentes, graças ao desenvolvimento tecnológico, permitindo assim uma maior
segurança com equipamentos mais adequados.
Com exceção de algumas atividades que só são possíveis graças a
equipamentos altamente tecnológicos, estas atividades têm o mesmo envolvimento
com a tecnologia como qualquer outra atividade humana, ou seja, quem vai adaptar
a atividade realizada aos interesses e equipamentos disponíveis é o próprio
praticante (ZIMMERMANN, 2008), ou seja, na medida em que vão surgindo novas
tecnologias, elas podem ou não ser utilizadas nas atividades de aventura, vai
depender principalmente do praticante esta escolha.
2.3 Perfis dos Praticantes e dos Profissionais em atividades físicas na natureza
Os praticantes de corridas de aventura (GOMES E ISAYAMA, 2009) são, em
sua maioria, de uma faixa etária entre 21 e 30 anos, composta por homens de
variadas profissões, com nível superior, e alguns pós-graduados. Trata-se um grupo
de pessoas que pode se dar ao luxo de disponibilizar tempo para a prática de
atividades de aventura, mesmo sendo “urbanos”. Não dispensam as comodidades
do dia-a-dia, mas também se sentem atraídos por usufruir do ambiente natural.
Também Pimentel e Saito (2010) obtiveram resultados muito semelhantes,
encontrando em sua maioria homens, entre 18 e 30 anos, de classe média, e
preocupados principalmente com a qualidade de vida, entre os principais
praticantes.
13
Ferreira, Andrade e Portella (2005) não encontraram resultados muito
diferentes, sendo que em sua maioria os praticantes eram homens, de 19 a 43 anos,
solteiros, recebendo entre três e nove salários mínimos e com escolaridade acima
do segundo grau completo.
Todos os estudos encontrados concordam que os praticantes de Atividades
de aventura ao ar livre, no geral são pessoas de classes sociais mais elevadas, com
alto nível de escolaridade, adultos, solteiros, e com estilo de vida urbano.
Comparando os resultados de outros estudos com os próprios resultados
Pimentel e Saito (2010) encontraram que quanto maior o IDH (índice de
desenvolvimento humano) de determinada cidade, maior o interesse de seus
moradores pelas práticas de aventura.
Por serem os praticantes pessoas de alto nível de vida espera-se que as
pessoas que trabalhem nessa área também o sejam, mas, nos estudos de Carnicelli
Filho e Schwartz (2005) e Schwartz e Carnicelli Filho (2006), sobre guias de rafting
em Brotas - SP foram encontrados uma maioria de jovens, entre 17 e 25 anos, que
não possuem nível superior, realizando apenas os cursos de formação técnica
oferecidos pelas agências de turismo locais.
Apesar de que segundo o CONFEF está é uma atividade exclusivamente de
pessoas com curso superior, vinculadas ao sistema CONFEF/CREFs (2006)
percebe-se que estas pessoas normalmente procuraram o caminho mais fácil para
atingir o mercado de trabalho, colocando em dúvida sua preocupação com a
formação profissional.
2.4 Lazer e a pratica de Atividades Físicas na Natureza
As AFANs têm ganhado cada vez mais visibilidade na mídia e cada vez mais
adeptos de suas práticas. Pessoas estas que poderiam escolher entre várias outras
atividades, em meio à natureza, com ou sem o fator de risco envolvido, atividades
em grupo ou individuais, mas, optam por este tipo de atividade em seu tempo de
lazer, muitas vezes tendo que deixar de fazer outras atividades devido ao grande
tempo necessário para praticá-las.
O lazer contemporâneo foi modificado pelas transformações do mundo do
trabalho, pela urbanização e complexidade da sociedade. O relacionamento do
homem com a natureza é uma construção cultural e dependendo do contexto
14
socioeconômico essa construção influencia diretamente na escolha do que fazer no
tempo disponível (GOMES E ISAYAMA, 2009).
Nesta sociedade em que vivemos as pessoas cada vez mais se cerceiam do
convívio com a natureza, com um estilo de vida regrado, sistematizado e
extremamente controlado e urbano. Não é de se estranhar que esteja aumentando
a quantidade de pessoas que sentem a necessidade de se “jogar”, de deixar fluir a
vida, de conviver com o risco, em ambientes hostis, sempre com a incerteza ao seu
lado, e em convívio com a natureza (GOMES E ISAYAMA, 2009).
Nas palavras de Cantorani e Oliveira Júnior (2009):
As pessoas comuns - as quais são fruto da sociedade hodierna, uma sociedade vertiginosa, altamente rotineira, sedentária e de poucas oportunidades para atividades de relativa destreza física e de forte excitação emocional - como vimos, são em essência, o próprio por que da procura por atividades deste tipo.
Em resumo, se trata de atividades em que o indivíduo pode se livrar de suas
obrigações do cotidiano, sem se preocupar com elas, buscando o prazer, seja ele
qual for para cada um. Essas características reforçam a ideia de que as atividades
na natureza ou de aventura estão mais próximas do contexto do lazer do que do
Esporte.
Em síntese, o lazer pode ser entendido como uma dimensão cultural
constituída por meio da vivência lúdica de manifestações culturais em um tempo/espaço conquistado pelo sujeito ou grupo social, estabelecendo relações dialéticas com as necessidades, os deveres e as obrigações, especialmente com o trabalho produtivo. (GOMES, 2004, p.125).
O que podemos relacionar com as AFANs, que são atividades que buscam
sensações hedonistas, não estão sujeitas a regulamentação e horários fixos, são
mutáveis ao gosto dos praticantes, e são comumente associadas à “fuga da
realidade”, onde as pessoas a utilizam para fugir das ocupações diárias, e até
mesmo para “desestressar”. Portanto as atividades na natureza são realizadas, de
forma variável, como práticas de lazer e podem ser exploradas pelos profissionais
com base nestas características.
15
3 MÉTODOS
3.1 Caracterização do Estudo
Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa qualitativa, de caráter
bibliográfico descritiva. É descritiva, pois tem a finalidade de interpretar a realidade
sem causar interferências na mesma, com o objetivo de descrever, registrar,
interpretar e correlacionar os fatos não manipuláveis (BARUFFI, 1998 apud.
TEIXEIRA e MARINHO, 2010). Também pode ser considerada de Levantamento por
envolver a busca direta dos dados a se analisar, recolhendo informações diretas de
todos os dados do universo pesquisado, tendo-se um censo (GIL, 2002 apud.
TEIXEIRA e MARINHO, 2010).
3.2 Critérios para o levantamento e tabulação dos dados
O levantamento dos periódicos teve como base o Qualis1 atual (triênio 2007-
2009), procurando-se por periódicos pertencentes a área de Educação Física2 (área
21)
De acordo com o documento de Área da Área 21 da CAPES, a definição de
Periódico Científico é a seguinte:
[...] aquele veículo que divulga resultados de investigações, que possui ISSN e fonte bibliográfica de referência (bases de indexação). Além de sua relevância social e acadêmica, o periódico necessita possuir qualidade editorial, a qual compreende: originalidade e qualidade dos artigos publicados, seleção de artigos por corpo editorial reconhecido na comunidade acadêmica da área e processo de avaliação por pares (peer-review). (Documento de Área, Área 21, CAPES, p.2)
Dito isto, os critérios de inclusão dos artigos foram: a) ser parte integrante de
um periódico nacional, em língua portuguesa, indexado na área de Educação Física
(Área 21), pertencentes aos estratos superiores (A1 até B2); b) ser enquadrado em
temas gerais; c) estar com a versão on-line atualizada até, pelo menos, a data da
1 De acordo com Teixeira e Marinho (2010, p.538) “o Qualis se constitui em uma lista de veículos
utilizados para divulgação da produção intelectual [...] classificados com relação ao âmbito de circulação à qualidade, por área de avaliação.”
2 Esta área é constituída por Programas de Pós-Graduação (PPG) que envolvem quatro áreas profissionais distintas, a saber: Educação Física, Fisioterapia, Fonoaudiologia, e Terapia Ocupacional (DOCUMENTO DE ÁREA 2009, Área 21, p.1).
16
divulgação do ultimo Qualis (triênio 2007-2009). Os periódicos com estratos B1 e B2
são os mais procurados nesta área, em nível nacional, por apresentar periodicidade
controlada e serem indexados de acordo com critérios internacionais.
De acordo com estes critérios, não foram encontrados periódicos nos estratos
A1 e A2, no estrato B1 foram encontrados dois Periódicos: Revista Motriz e Revista
Movimento. E no estrato B2 foram encontrados cinco periódicos: Revista Brasileira
de Educação Física e Esporte, Revista de Ciências do Esporte, Revista da
Educação Física, Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde.
3.3 Procedimentos de coleta e levantamento dos dados
Os artigos encontrados no levantamento foram organizados em uma ficha
elaborada no documento do programa Excel/Word 2007 (Apêndice 1), na qual foram
registrados, data da publicação, nome do artigo, objetivos do estudo, tipo de
pesquisa, autor (es), dia da consulta ao periódico.
Para a realização da coleta de dados desta pesquisa inicialmente foi feita
uma busca nos arquivos das revistas selecionadas, buscando-se por termos
referentes às atividades ao ar livre (tais como AFANs, esporte de aventura, esportes
radicais, turismo de aventura, turismo na natureza, ecoturismo, esportes de ação,
corrida de aventura, rapel, escalada ).
Como esta busca inicial não trouxe muitos resultados optou-se por fazer
uma nova busca, verificando no site da revista volume a volume, número a número,
procurando nos sumários das revistas pelos termos referidos e quaisquer outros
relacionados.
Essa coleta de dados teve inicio no dia 17 de setembro de 2011 e término
no dia 10 de outubro de 2011.
Este procedimento possibilitou a visualização dos artigos que versem sobre
esportes de aventura na natureza, esportes radicais, esportes de aventura e
esportes de ação, encontrados nos principais periódicos brasileiros da Educação
Física.
Após a catalogação dos artigos foi feita a contagem da frequência de
aparecimentos dos termos encontrados nos mesmos, a soma da quantidade de
artigos total, entre outras variáveis, as quais são apresentadas em quadros, com
freqüência absoluta e relativa.
17
3.4 Análise dos dados
Para melhor trabalhar os dados encontrados se faz necessário transformá-
los, de forma que fique mais fácil verificar o que foi encontrado, procurar tendências
e padrões nos mesmos, para podermos fazer, se possível, uma generalização do
conteúdo encontrado. Para tanto, após a tabulação dos dados coletados dos
periódicos foram organizada em quadros, e a seguir feita a analise de conteúdo.
Segundo os preceitos de Bardin (2002), o principal para a análise de
conteúdo é a fase da descrição, também chamada de preparação do material,
inferência ou dedução e a interpretação. Assim sendo, o que se faz mais necessário
durante a pré-análise é a leitura flutuante (primeira leitura para conhecer os textos),
a escolha dos documentos a serem analisados, a formulação das hipóteses e
objetivo, a referênciação dos índices e a elaboração dos indicadores (frequência de
aparecimento) e a preparação do material.
Durante a fase do tratamento dos dados se utilizou da técnica da análise
temática ou categorial que, ainda de acordo com Bardin (2002), se dá pelo
desmembramento do texto em unidades, ou seja, descobrir os diferentes sentidos
que fazem parte da comunicação e, posteriormente, reagrupá-las em categorias.
Também foi feita a análise documental, para tornam mais fácil a utilização
das informações, por ser uma técnica para representar o conteúdo de um
documento de forma diferente ao original, facilitando as consultas (Bardin, 2002).
A fase mais demorada é a exploração do material, nela são feitas a
codificação, onde se faz divisões em unidades de contexto e de registro e
posteriormente a categorização em blocos de conteúdos que se relacionam.
Por último, é feito o tratamento e a inferência, onde os conteúdos podem ser
visualizados como dados quantitativos nos quadros que são apresentados nos
resultados deste estudo.
18
4 RESULTADOS
Durante a busca foram encontrados sete periódicos que se enquadravam nos
critérios para o levantamento dos dados, sendo que apenas cinco fizeram parte da
pesquisa. Um deles encontrava-se desatualizado em sua versão on-line3 e outro4,
que em todo seu histórico de artigos, não foi encontrado nenhum que
mencionassem atividades de aventura ou conteúdos correlatos. Ao todo foram
analisados 43 artigos, os quais podem ser melhor visualizados no Apêndice 1
Cada periódico consultado recebeu um código para facilitar a organização
dos dados. A Revista Brasileira de Educação Física e Esporte recebeu o código
“R1”, a Revista Movimento “R2”, a Revista de Ciências do Esporte “R3”, a Revista
Motriz “R4”, e a Revista da Educação Física “R5”.
A Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (R1) é editada pela
Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo (EEFEUSP)
está classificada no Qualis/CAPES no estrato B2, possui artigos on-line a partir do
ano de 2004, e término no segundo bimestre de 2010, somando um total de sete
volumes e 26 números, sendo que apenas quatro artigos relacionados ao tema
deste estudo foram encontrados (um em 2006 e em 2008, dois em 2009). O título
dos artigos, e seu ano de publicação podem ser verificados no Quadro 2.
Quadro 2 – Mapeamento dos artigos da R1
R1- Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (B2)
Número Título do ArtigoAno de Publicação
1(Desin) Formação Profissional e Atividades de Aventura: focalizando os guias de "rafting" 2006
2Aspectos Emocionais da Prática de Atividade de Aventura na Natureza: a (re) educação dos sentidos 2008
3O Surfe no Cinema e a Sociedade Brasileira na Transição dos Anos 70/80 2009
4Esforço Percebido, Estresse e Inflamação do Trato Respiratório Superior em Atletas de Elite de Canoagem 2009
3 (Revista Brasileira de Ciência e Movimento -
http://www.saudeemmovimento.com.br/revista/index.asp?cod_revista=29)4 (Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde -
http://www.sbafs.org.br/revista/index.php )
19
Em sua versão on-line a última atualização foi no primeiro semestre de 2010.
Portanto, até a data da finalização da coleta o periódico disponibilizava os artigos
publicados até o segundo trimestre de 2010 apenas.
A Revista Movimento (R2), editada pela Escola de Educação Física da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (ESEF/UFRGS) está qualificada pelo
Qualis/CAPES no estrato B1, tem uma periodicidade bimestral. Sua versão on-line
traz artigos a partir de 1994 e com término no segundo bimestre de 2011, somando
um total de 17 volumes e 46 números. Destes, nove eram relacionados ao tema do
estudo (dois de 2000, um de 2001, dois de 2008, três de 2009, e um de 2010. O
título dos artigos, e seu ano de publicação podem ser verificados no Quadro 3.
Quadro 3 – Mapeamento dos artigos da R2
R2 - Revista Movimento (B1)
Número Título do ArtigoAno de Publicação
1Pescadores Artesanais, Surfistas e a Natureza: reflexões a partir de um olhar da educação física 2009
2
Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN) e Academias de Ginástica: motivos de aderência e benefícios advindos da prática 2009
3 O Surfe e a Moderna Tradição Brasileira 2009
4A influência do Risco-Aventura no Processo de Coesão das Diferentes Comunidades do Voo Livre 2010
5 Ritos e Risco na Prática do Vôo Livre 2008
6Lazer, Aventura e Risco: reflexões sobre atividade realizadas na natureza 2008
7 A Popularização da Canoagem: o caso de Piracicaba 2001
8Escalada Urbana - faces de uma identidade cultural contemporânea 2000
9As Camadas Populares e o Remo no Rio de Janeira da Transição dos Séculos XIX/XX 2000
Apresentou alguns artigos esporádicos sobre as atividades de aventura, com
pico no ano de 2009, demonstrando um aumento do interesse em tais práticas, mas
aparentemente sem continuidade ao longo de 2010 e 2011.
A Revista de Ciências do Esporte (R3) e editada pelo Colégio Brasileiro de
Ciências do Esporte (CBCE) está classificada pelo Qualis/CAPES no estrato B2,
com uma periodicidade quadrimestral. Sua versão on-line trás artigos a partir do ano
de 1979, com término no primeiro quadrimestre de 2011, somando um total de 33
20
volumes e 91 números. Destes, 12 artigos são relacionados com o tema do estudo
(um de 2011, sete de 2007, um de 2009, e três de 2010). O título dos artigos, e seu
ano de publicação podem ser verificados no Quadro 4.
Quadro 4 – Mapeamento dos artigos da R3
R3 - Revista de Ciências do Esporte (B2)
Número Título do ArtigoAno de Publicação
1 Transgressões de Gênero e Naturezas Contestadas. 2007
2 Descendo o Rio das Velhas - a canoagem e o calor. 2007
3Educação Física, Meio Ambiente e Aventura - um percurso por vias instigantes. 2007
4Trilhas Interpretativas - reconhecendo os elos com a educação física. 2007
5 Das Relações Estéticas com a Natureza. 2007
6Lazer - Meio Ambiente: em busca das atitudes vivenciadas nos esportes de aventura. 2007
7
Avaliação do Nível de Dificuldade de Trilha interpretativa do Ecoparque de UNA (BA): aspectos físicos, biológicos e parâmetros de esforço físico dos visitantes. 2007
8Lazer, Natureza e Aventura: compartilhando emoções e compromissos. 2001
9 Esportes de Ação: notas para uma pesquisa acadêmica. 2010
10Novos Sonhos de Verão sem Fim: surfe, mulheres e outros modos de representação. 2010
11Percepção dos Riscos, Condicionamento Corporal e Interações Sociais no Voo Livre. 2010
12Skate e Mulheres no Brasil: fragmentos de um esporte em construção. 2009
21
No geral apresenta um volume de artigos sem grandes variações, mas com
um pico elevado em 2007. Isto se da por se tratar de um periódico com volumes
temáticos, sendo que em 2007 o volume 28, número 3, a temática foi o “Meio
Ambiente”, tema este extremamente relacionado as atividade de aventura na
natureza.
A Revista Motriz (R4), editada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP),
está classificada pelo Qualis/CAPES no estrato B1, com periodicidade trimestral. Na
versão on-line apresenta artigos a partir de 1995, e termino no terceiro trimestre de
2011, somando um total de 17 volumes e 48 números. Destes 14 possuem relação
com o tema do estudo (três em 2006, um em 2007, dois em 2008, três em 2009,
quatro em 2010, um em 2011). O título dos artigos, e seu ano de publicação podem
ser verificados no Quadro 5.
22
Quadro 5 – Mapeamento dos artigos da R4
R4 - Revista Motriz (B1)
Número Título do ArtigoAno de Publicação
1Mulheres e Esporte de Risco: um mergulho no universo das apneístas. 2011
2Atividades de Aventura: reflexões sobre a produção científica brasileira. 2010
3Práticas Aventureiras e Situações de Risco no Voo Livre: uma análise a partir do conceito de redoma sensorial. 2010
4Investigação da Dependência Psicológica da Prática da Canoagem em Atletas da Seleção Brasileira. 2010
5Caracterização da Demanda Potencial por Atividades de Aventura. 2010
6 Equilíbrio Postural de Canoístas Profissionais. 2009
7Lazer, Aventura e Ficção: possibilidades para refletir sobre as atividades realizadas na natureza. 2009
8Corridas de Aventura e Lazer: um percurso analítico para além das trilhas. 2009
9Os Estados Emocionais e a Importância do Treinamento Psicológico no Esporte. 2008
10Estados Emocionais: a investigação do medo no contexto esportivo. 2007
11A Democratização das Atividades de Aventura na Natureza: o projeto “canoagem popular". 2008
12Esporte de Aventura de Rendimento e Estados Emocionais: relações entre ansiedade, autoconfiança e auto-eficácia. 2006
13Meio Ambiente e Atividades de Aventura: significados de participação. 2006
14A Educação pela Aventura: desmistificando sensações e emoções. 2006
Como começaram a aparecer artigos sobre o tema apenas em 2006
demonstra uma preocupação tardia com o mesmo. Mas o número subiu até 2010, o
que pode significar um aumento do interesse. Em 2011 apresentou apenas um
artigo, mas no site do periódico ainda não estão disponíveis todos os números deste
ano.
A Revista da Educação Física (R5), editada pela Universidade Estadual de
Maringá (UEM) está classificada pelo Qualis/CAPES no estrato B2, tem
23
periodicidade bimestral. Em sua versão on-line possui artigos a partir de 1989, e
termino no terceiro trimestre de 2011, somando um total de 23 volumes e 41
números. Destes, quatro apresentam relação com o tema do estudo (um artigo em
cada ano, 2003, 2005, 2007 e 2011). O título dos artigos, e seu ano de publicação
podem ser verificados no Quadro 6.
Quadro 6 – Mapeamento dos artigos da R5
R5 - Revista da Educação Física (UEM) (B2)
Número Título do ArtigoAno de Publicação
1Práticas Corporais na Natureza: por uma educação ambiental. 2011
2
Modificações Biológicas e da Composição Corporal Induzidas por uma Ultramaratona em Kayak: um estudo de caso. 2007
3Inclusão de Termo de "Inércia" Aeróbia no Modelo de Velocidade Crítica Aplicado à Canoagem. 2005
4 Perfil Físico de Atletas de Orientação. 2003
A R5 não apresenta uma grande quantidade de artigos, demonstrando
pouco interesse nas pesquisas sobre o assunto, sendo que aparecem
esporadicamente artigos sobre questões sociais relacionadas às práticas na
natureza. Nesse periódico, os artigos em sua maioria estudam questões fisiológicas
decorrentes do treinamento para as atividades de aventura.
No gráfico a seguir é possível visualizar a quantidade geral de artigos em
cada periódico e em cada ano.
24
Figura 1 – Gráfico da quantidade de artigos por periódico e por ano
0
2
4
6
8
10
12
14
16
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
TO
TA
L
Ano
Qu
anti
dad
eR1
R2
R3
R4
R5
Total por Ano
(onde R1= Revista Brasileira de Educação Física e Esporte; R2= Revista Movimento; R3=
Revista de Ciências do Esporte; R4= Revista Motriz; R5= Revista da Educação Física)
Os anos de 2007 e 2009 foram os que apresentaram maior quantidade de
artigos, com nove em cada ano. Os números tiveram um aumento a partir de 2006,
possivelmente o ano em que as pessoas perceberam o grande potencial que estas
atividades possuem.
O ano de 2011 apresenta poucos artigos relacionados ao tema, mas, vale
lembrar que geralmente existe um atraso na publicação da versão on-line em
relação à publicação impressa da maioria dos periódicos, sendo que, no geral
tiveram sua ultima publicação on-line no primeiro semestre deste ano.
No Quadro 8 estão os dados referentes à Revista Brasileira de Educação
Física e Esporte que será chamada de R1, onde foram encontrados quatro artigos
no total. Pelo numero de artigos encontrados, tivemos dificuldades em delimitar os
temas abordados já que cada revista se referia as práticas na natureza partindo de
conceitos diferentes: Lazer (artigo 1), Esporte (artigo 2,3) e Risco (1,4). No quadro
podemos observar que nenhum dos dados encontrados se sobressai sobre os
outros.
25
Quadro 7 – Termos encontrados na R1
Sobre a forma como se referencia às atividades, o único termo encontrado foi
Atividades de Aventura na Natureza, termo semelhante ao criado por Betrán (1995),
utilizado apenas em dois artigos do periódico. Outros dois não deixaram claro qual o
posicionamento conceitual sobre as atividades.
Apenas três tipos de atividades foram encontrados: surfe, canoagem e rafting.
E em um artigo não se especificava a atividade em si, sendo sobre as atividades de
aventura no geral.
Em alguns artigos foi possível perceber uma tendência a valorizar as variáveis
relacionadas ao impacto psicossocial das atividades na natureza No artigo 1, por
exemplo, é encontrada uma necessidade de se garantir a segurança, pois se tratam
de atividades com o risco impregnado em sua constituição.
No artigo 3, que aborda o surfe, os autores mostram essa esta atividade como
coadjuvante do contexto sociocultural da época estudada e, portanto, ressalta a
influência que tais atividades podem ter em cada sociedade. Nas palavras dos
autores deste artigo:
O surfe, o vôo livre, o ‘windsurf’ são apresentados como uma forma de encontro de uma nova juventude saudável com a natureza, um certo contraponto à lógica do trabalho e a uma sensação de ambiente opressivo das cidades: trata-se de uma alternativa.(MELO e FORTES, 2009, p. 292)
R1 - REVISTA DA EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE (4 ARTIGOS)
CONTEÚDOS REVISTASFREQÜÊNCIA ABSOLUTA
REFERÊNCIA CONCEITUAL ATIVIDADE DE AVENTURA NA NATUREZA 1; 4 2NÃO DEFINIDO 2; 3 2
TIPOS DE ATIVIDADES RAFTING 1 1CANOAGEM 2; 1SURFE 3; 1GERAL 4; 1
VARIÁVEIS PSICOSSOCIAIS 1; 4; 2VARIÁVEIS BIOLÓGICAS 2; 3; 2LAZER 1; 1ESPORTE 2; 3; 2RISCO 1; 4; 2
26
Neste estudo mostra estas atividades como oposição ao ambiente de
trabalho, uma opção aos jovens que se interessem pelo contato com a natureza, e
um estilo de vida saudável.
No artigo 4, se vê uma necessidade de o praticante se aproximar de suas
emoções, percebendo quais são as sensações e sentimento de prazer que pode ter
com a atividade, necessitando “reeducar” seus sentidos. Pelo contrário, os artigos 2
e 3 exploram variáveis biológicas que podem ser verificadas em cada atividade.
No Quadro 9 temos os dados referentes à Revista Movimento (R2), onde
foram encontrados nove artigos no total, que em sua maioria estudaram sobre
alguma modalidade especifica, sem categorizá-las como atividade de aventura, ou
algo parecido.
Quadro 8 – Termos encontrados na R2
R2 - REVISTA MOVIMENTO (9 ARTIGOS)
CONTEÚDO REVISTAFREQUENCIA ABSOLUTA
REFERENCIACONCEITUAL ATIVIDADE DE AVENTURA
NA NATUREZA 2; 5; 6; 3
MODALIDADE ESPECÍFICA 1; 3; 4; 7; 8; 9; 6TIPOS DE ATIVIDADES SURFE 1; 3; 2
VOO LIVRE 4; 5; 2
ACADEMIA GINÁSTICA 2; 1CANOAGEM 7; 1ESCALADA 8; 1REMO 9; 1GERAL 6; 1
VARIÁVEIS PSICOSSOCIAIS 1; 5; 2VARIÁVEIS BIOLÓGICAS 2; 1LAZER 2; 6; 7; 3ESPORTE 3; 9; 2RISCO 4, 5,6 3
O único termo encontrado para categorizar estas atividades foi Atividade de
Aventura na Natureza, sendo citado em três artigos, sendo que seis artigos são
sobre alguma modalidade específica.
Com relação às atividades especificas estudadas, encontramos o Surfe, voo
livre, canoagem, escalada, remo, e até um artigo que compara os motivos de
aderência em academias de ginástica e praticantes de atividades de aventura na
27
natureza. Essa variedade de atividades representa a expansão do campo das
atividades na natureza, mas ao mesmo tempo, começa a deixar evidente uma falta
de consenso na forma como são caracterizadas, já que dois artigos se referiam a
tais atividades como Esportes, três se referiam como Lazer e os outros quatro
artigos não deixam claro qual sua caracterização.
De uma forma geral, os artigos encontrados nesse periódico abordam de
forma mais frequente, o impacto social das atividades. No artigo 1, é estudada a
interação dos grupos praticantes destas atividades com o meio ambiente, mostrando
que o que ocorre neste local pode interferir na configuração das práticas. No artigo 3
e 4 são estudados como explorar as relações dos praticantes com o modo de
desenvolvimento da atividade. Como exemplo, podemos citar o trecho do artigo 4,
onde os autores destacam a importância de se enfrentar o risco juntos, para
encontrar valores semelhantes entre os praticantes de voo livre, formando-se assim
uma “tribo”, onde todos se tornam amigos devido a pratica da atividade:
Constatou-se que o risco é um elemento fundamental na formação das comunidades de voo, possibilitando aos indivíduos que enfrentam juntos os mesmos riscos se percebam como pessoas que professam valores semelhantes. (AZEVEDO, COCCHIARALE e COSTA, 2010, p. 1)
O artigo 6 nos trás como novas descobertas e desafios podem ser o motivo
pelo qual muitos buscam o desconhecido, como uma forma do sujeito se reencontrar
consigo. Os artigos 7 e 8 citam a importância do componente lúdico da cultura, e
como ela se dá na contemporaneidade.
Os dados referentes à Revista de Ciência do Esporte (R3) são mais bem
visualizados no Quadro 10. Periódico este que demonstra grande preocupação com
o meio ambiente (oito artigos), e com o Corpo (cinco no psicossocial e dois no
biológico).
28
Quadro 9 – Termos encontrados na R3
R3 - REVISTA DE CIÊNCIA DO ESPORTE (11 ARTIGOS)
CONTEÚDO ARTIGOSFREQUÊNCIA ABSOLUTA
REFERÊNCIA CONCEITUAL
PRÁTICA DE AVENTURA NA NATUREZA 3; 5; 7; 9; 10; 5ESPORTE DE AVENTURA NA NATUREZA 8; 1ESPORTE DE AÇÃO 6; 1SEM OPTAR POR NOME 1; 2; 4; 3
TIPOS DE ATIVIDADES
GERAL 3; 5; 7; 8; 4TRILHA 2; 11; 2MAR 1; 1SKATEBOARD 6; 1CANOAGEM 4; 1VOO LIVRE 9; 1AR LIVRE 10; 1
VARIÁVEIS PSICOSOCIAIS 3; 7; 8; 9; 10; 5VARIÁVEIS BIOLÓGICAS 2; 4; 2LAZER 7; 8; 11; 3RISCO 1; 2; 4; 9; 4MEIO AMBIENTE 1; 3; 4; 5; 7; 8; 10; 11 8MENÇÃO À EDUCAÇÃO FÍSICA 4; 5; 11; 3DIFERENÇAS ENTRE GÊNEROS 9; 10; 2
É o primeiro periódico que faz menção à Educação Física, mostrando que
nossa área tem muito a acrescentar nas pesquisas sobre o assunto. Demonstrando
que existem várias possibilidades educacionais durante a prática dessas atividades,
como citado no trecho do artigo 4:
A educação ao ar livre, ou seja, o contato direto com a natureza, constitui-se como uma prática educacional que utiliza como recursos educativos os desafios encontrados em ambientes naturais e objetiva o desenvolvimento do ser humano (BARROS in PAIVA,FRANÇA, 2007, p. 111). Para tanto, dimensões educativas têm sido incorporadas às atividades em ambientes naturais como passeios ecológicos, montanhismo, escotismo, escalada, arvorismo, trekking, entre outras tantas modalidades de práticas de lazer, principalmente por intermédio de trilhas de interpretação da natureza em parques. (PAIVA, FRANÇA, 2007, p. 111)
Comparada aos periódicos anteriores apresenta uma maior variação em
relação aos termos utilizados para se referir as estas atividades, pois além de
atividade de aventura na natureza, também aparecem Esporte de Aventura na
Natureza, e Esporte de Ação.
29
São citadas apenas três tipos de atividades diferentes, Trilhas, skateboard e
canoagem. Não apresentando uma grande variedade de práticas, apesar das muitas
possibilidades existentes, foi demonstrado no Quadro 1.
No Quadro 11, temos os dados referentes à R4, o periódico com maior
variação dos termos encontrados sobre as atividades, e também o periódico com
maior número de artigos encontrados (13 no total).
Quadro 10 – Termos encontrados na R4
R4 - REVISTA MOTRIZ (13 ARTIGOS)
CONTEÚDOS ARTIGOSFREQÜÊNCIA ABSOLUTA
REFERÊNCIA CONCEITUAL
ESPORTE DE RISCO1; 4; 6; 13; 4ESPORTE DE AVENTURA
ATIVIDADES FÍSICAS DE AVENTURA NA NATUREZA 2; 3; 5; 3PRÁTICA ESPORTIVA E DE LAZER NA NATUREZA 7; 1ATIVIDADE REALIZADA NA NATUREZA 8; 1ATIVIDADE DE AVENTURA 10; 12 2PRÁTICAS AVENTUREIRAS 11; 1SEM DEFINIÇÃO 9; 1
TIPOS DE ATIVIDADES CANOAGEM
4; 6; 9; 11; 13; 5
CORRIDA DE AVENTURA 7; 1MERGULHO 1; 1BIKE 13; 1GERAL 2; 3; 8; 12; 4
VARIÁVEIS PSICOSSOCIAIS 4; 6; 2VARIÁVEIS BIOLÓGICAS 1; 7; 9; 11; 4PRÁTICA DE LAZER 3; 7; 8; 3
PRÁTICA ESPORTIVA4; 6; 7; 11; 13; 5
RISCO 1; 4; 11; 13; 4MEIO AMBIENTE 2; 3; 7; 13; 4
Este foi o periódico que melhor demonstrou a polissemia de termos
encontrados na área, e o porquê da dificuldade de se pesquisar sobre o assunto.
“Esporte de Risco”, “Esporte de Aventura”, “Atividades Físicas de Aventura na
Natureza”, “Pratica Esportiva e de Lazer na Natureza”, “Atividade Realizada na
Natureza”, “Atividades de Aventura”, “Práticas Aventureiras”, todos são termos
encontrados para descrever basicamente o mesmo tipo de atividade.
30
Cardoso, Silva e Felipe (2006) dizem que quanto maior o número de
pesquisas nesta área, maior a discordância sobre quais termos devem ser utilizados.
Corroborando com os dados achados no presente estudo.
No geral os artigos deste periódico falam sobre os aspectos psicossociais,
citando a importância de entender os limites de cada um, e a busca por uma melhor
qualidade de vida (artigo 1). Nas palavras dos autores:
O corpo emerge como o instrumento que irá conduzi-las ao universo das profundezas marinhas, mas para isto é preciso que as mergulhadoras estejam preparadas e realizem um treinamento físico, assim como um cuidado com suas emoções. Ampliar sua capacidade respiratória e controlar a mente praticando yoga ou meditação são atividades prévias antes da decida no mar. Os limites corporais representam o grande obstáculo nesta atividade. O desafio, então, parece apresentar-se na capacidade de estender seus limites individuais sem a perda do controle sobre seu corpo, conquistando uma profundidade cada vez maior dentro de si e no universo dos mares. (ABDALAD ET. AL. 2011, p. 233)
A busca pela satisfação pessoal e bem-estar (artigo 2), superação de limites e
a socialização como um todo durante as atividades de aventura na natureza,
podendo citar o trabalho em equipe (artigo 7), as novas relações e novos laços de
amizade entre os praticantes (artigo 8). Basicamente os praticantes buscam o
equilíbrio consigo e com o meio ambiente. Todos estes aspectos estão amplamente
relacionados ao chamado “Turismo na Natureza”, ou “Atividades de Aventura”, e sua
capacidade geradora de boas sensações e novas formas de relacionamento com os
outros praticantes.
O ultimo periódico encontrado, a Revista da Educação Física (R5), assim
como a R1 só teve quatro artigos encontrados. Seus dados encontram-se no Quadro
12.
31
Quadro 11 – Termos encontrados na R5
R5 - REVISTA DA EDUCAÇÃO FÍSICA (UEM) – 4 REVISTASCONTEÚDO
REVISTAFREQÜÊNCIA ABSOLUTA
REFERÊNCIA CONCEITUAL
PRÁTICAS CORPORAIS NA NATUREZA 1; 1
SEM DEFINIÇÃO 2; 3; 2TIPOS DE
ATIVIDADESCANOAGEM 2; 1
ORIENTAÇÃO 3; 1VARIÁVEIS PSICOSSOCIAIS 1 1VARIÁVEIS BIOLOGICAS 2; 3; 2LAZER 1; 1ESPORTE 2; 3; 2
Apesar de ser uma revista com a versão on-line atualizada, o único termo
encontrado foi práticas corporais na natureza, e na maioria dos artigos não existe
definição para este tipo de atividades, sendo analisada apenas a atividade em si.
O periódico demonstra falta de interesse pelo assunto, sendo apresentados
apenas dois tipos de atividades, com estudos sobre Canoagem e Orientação.
As variáveis biológicas possuem grande importância neste periódico, sendo
que nos artigos 2 e 4 são estudadas a composição corporal e o perfil físico dos
praticantes destas atividades. Nas palavras dos autores:
A ultramaratona em caiaque promoveu uma acentuada perda de peso corporal, fundamentalmente à custa da massa gorda.(SANTOS, JORRETO e SANTOS, 2007, p.187)
Houve destaque no desempenho dos testes de resistência, principalmente resistência aeróbica e resistência aeróbica lática, o que vem ao encontro das características das provas de Orientação, que são de longa duração, mas o atleta constantemente necessita do substrato anaeróbico pelos aclives do terreno e pela necessidade de corridas em velocidade. Estas qualidades físicas, desta forma, devem ser priorizadas nos treinamentos da modalidade.(ETCHEPARE ET. AL. 2003, p. 70)
Os artigos encontrados demonstram uma grande preocupação com o caráter
esportivo das atividades, buscando uma melhora fisiológica dos seus praticantes,
para que possam melhorar nas atividades em si.
Os Quadros a seguir, são referentes aos dados gerais, para se ter uma idéia
de qual o panorama dos periódicos estudados.
32
Como mostra o Quadro 13 foram encontrados quatro termos definidores de
atividades na natureza: Atividade Física de Aventura na Natureza (AFANs) (presente
em 11 artigos), Esporte de Aventura (cinco artigos), Prática de Aventura (dois
artigos), e Esporte de Ação (dois artigos). Em 14 artigos não foi definido este tipo de
atividade, sendo que o estudo era especificamente sobre a prática esportiva como,
por exemplo, a canoagem ou corridas de aventura, ou então se utilizou mais de um
termo, não especificando um. Sendo importante ressaltar que dos 43 artigos
encontrados nos periódicos, apenas 34 citavam estas atividades relacionando-as a
algum destes termos.
Quadro 12 – Termos referentes às atividades
REFERÊNCIA ÀS ATIVIDADES
NOME R1 R2 R3 R4 R5FREQUÊNCIA ABSOLUTA
FREQUÊNCIA RELATIVA
Não definido 2 6 3 1 2 14 41,17%Atividade Física de Aventura na
Natureza (AFAN) 2 3 6 11 32,35%Esporte de Aventura 1 4 5 14,70%Prática de Aventura 2 2 5,88%
Esporte de Ação 1 1 2 5,88%TOTAL 4 9 5 13 3 34(onde R1= Revista de Educação Física e Esporte; R2= Revista Movimento; R3= Revista de Ciências do Esporte; R4= Revista Motriz; R5= Revista da Educação Física)
O termo mais encontrado foi “AFANs”, apesar de que ainda se encontra com
certa frequência o termo Esporte de Aventura, o que pode demonstrar uma possível
mudança de paradigma, com os autores abandonando um termo e migrando para
outro.
Também podemos dizer que apesar de ter sido o mais encontrado o termo
“AFAN” ainda não é muito forte, pois em alguns artigos ele aparece sendo utilizado
junto com termos diferentes.
Nota-se que há uma grande dificuldade de se escolher/definir um conceito
exclusivo, pois o conteúdo desta área é estudado, em sua maioria, de forma
fragmentada, não observando todas suas possibilidades, não o verificando em sua
totalidade.
“Esportes de Ação” e “Práticas de Aventura” foram pouco citados (2 artigos
cada) o que pode caracterizar termos que estão se tornando em desuso, apesar da
33
tentativa no estudo de Pereira, Armbrust e Ricardo (2008) de utilizar “Esportes de
Ação” e “Esportes de Aventura” aglutinados como variações dos “Esportes
Radicais”.
Apesar da grande variedade de práticas que possam se enquadrar nestas
atividades foi citado 11 diferentes: Canoagem, Voo Livre, Surf, Trilha (Trekking),
Rafting, Escalada, Remo, Skateboard, Corrida de Aventura, Mergulho e Bike. E dez
dos artigos não versavam sobre alguma modalidade especifica, mas sim sobre as
praticas na natureza em geral (Quadro 14).
Quadro 13 – Tipos de atividades encontradas nos estudos
TIPOS DE ATIVIDADES
NOME R1 R2 R3 R4 R5FREQUÊNCIA ABSOLUTA
FREQUÊNCIA RELATIVA
Geral 1 1 4 4 10 28,57%Canoagem 1 1 1 5 1 9 25,71%
Surf 1 2 3 8,57%Voo Livre 2 1 3 8,57%
Bike 1 1 2 5,71%Trilha 2 2 5,71%
Corrida de Aventura 1 1 2,85%Escalada 1 1 2,85%Mergulho 1 1 2,85%
Rafting 1 1 2,85%Remo 1 1 2,85%
Skateboard 1 1 2,85%TOTAL 4 8 9 12 2 35 100,00%(onde R1= Revista de Educação Física e Esporte; R2= Revista Movimento; R3= Revista de Ciências do Esporte; R4= Revista Motriz; R5= Revista da Educação Física)
Outros conteúdos também foram encontrados, como mostra o Quadro 15,
onde é possível visualizar qual a perspectiva conceitual dos estudos encontrados.
Apesar de os conteúdos diversos aparecerem com uma margem pequena de
diferença, as variáveis relacionadas ao “sujeito praticante das atividades de
aventura” foi o mais citado, tanto em sua dimensão psicossocial (12 artigos) quanto
na dimensão biológica (11 artigos), totalizando 23 artigos. O que pode demonstrar
uma grande preocupação com a imagem corporal e a saúde física e os atributos
sociais que fazem parte das atividades. Por outro lado, raras são as menções aos
profissionais atuantes nesses campos, já que o grande interesse dos estudos ainda
está voltado para as condições especificas dos praticantes.
34
Quadro 14 – Perspectiva conceitual dos estudos
PERSPECTIVA CONCEITUAL DOS ESTUDOSNOME
R1 R2 R3 R4 R5FREQUÊNCIA ABSOLUTA
FREQUÊNCIA RELATIVA
Lazer (e prática de lazer) 2 3 3 3 1 12 12,76%Variáveis Psicossociais 2 2 5 2 1 12 12,76%Variáveis Biológicas 2 1 2 4 2 11 11,70%Esporte (e prática esportiva) 2 2 5 2 11 11,70%Risco 2 3 4 4 13 13,82%Meio Ambiente 8 4 12 12,76%TOTAL 14 14 29 28 9 94 100,00%
(onde R1= Revista de Educação Física e Esporte; R2= Revista Movimento; R3= Revista de Ciências do Esporte; R4= Revista Motriz; R5= Revista da Educação Física)
O risco também é muito citado (13 artigos), talvez por ser uma das únicas
características em comum às definições encontradas onde, nestas atividades,
sempre há o risco envolvido. Pode ser o risco de se acidentar, o risco de acontecer
algo inesperado ou, até mesmo, o risco de morte quando não se tomam as
precauções adequadas ou não se utiliza os equipamentos necessários.
Nos estudos de Spink et. al. (2007), Silva e Freitas (2010) é citado o Risco-
Aventura, como sendo apenas um dos tipos de risco existentes, a forma “positiva”, o
lado do risco que é procurado e desejado pelos praticantes de atividades de
aventura. Existem algumas características específicas para este tipo de risco, tais
como: serem desafiantes e decisivas aos limites físicos, leve à sensação de
vertigem, e ao estado mental conhecido como flow (SPINK ET. AL., 2004; SPINK,
2008).
Lazer e Esporte possuem uma frequência muito próxima (12 e 11 artigos
respectivamente), provavelmente pela dificuldade de encontrar um consenso sobre
estas atividades, ora se encontrando como atividade de lazer, ora como atividade
esportivizada.
35
5 CONCLUSÃO
Com este estudo foi possível descrever algumas características sobre as
atividades de aventura, tal qual são apresentadas nos periódicos brasileiros de
Educação Física, quais são os temas abordados e com que frequência eles
aparecem.
Mesmo sendo uma área em franca expansão, foi algo muito precariamente
abordado na graduação. Fato esse que foi o principal gatilho para despertar o
interesse pela pesquisa.
Existem poucos estudos, a nível nacional, sobre o mercado de trabalho nas
atividades de aventura na natureza, qual o público consumidor destas atividades,
quais as novas possibilidades de atividades e de locais para sua prática, e também
sobre as possíveis variações biológicas durante as atividades. Dessa forma, o
presente estudo teve como objetivo, descrever as características das publicações
sobre atividades de aventura publicadas em periódicos científicos na área de
Educação Física.
Ao final do estudo, foi possível verificar que o termo mais utilizado para se
referenciar a tais atividades foi “Atividade Física de Aventura na Natureza” (AFAN),
apesar de ainda ser encontrado o termo “Esporte de Aventura”. Isso pode significar
mudança de paradigma em acontecimento, pelo menos em meio às publicações dos
últimos anos na área.
O termo AFAN é o mais abrangente entre os encontrados, mas talvez se faça
necessário a criação de algum outro, ou outros para que se possa melhor classificar
este tipo de atividade, algum termo que também englobe as atividades que são
realizadas fora da natureza, no ambiente urbano, tais como o skate e o parkour.
Nos estudos o caráter do Risco é o mais estudado e citado nestas atividades,
seguido do Lazer e pelo Esporte, demonstrando que não são atividades muito
esportivizadas, sendo mais praticadas como lazer, em busca do Risco percebido.
Foi encontrado um número de artigos relativamente baixo, apesar de que este
número de artigos só tem aumentado (o pico encontrado neste estudo foram os
anos de 2007 e 2009), é possível que surjam novos estudos sobre atividades como
um todo, e não apenas sobre as específicas.
36
No presente estudo não foram encontrados artigos versando sobre o mercado
de trabalho ou a formação profissional das pessoas que atuam na área de atividades
de aventura na natureza.
Portanto é necessário desenvolver estudos que discutam a preparação
profissional e a inserção das pessoas no mercado de trabalho das atividades de
aventura na natureza
Sugere-se também, para os próximos estudos, verificar os periódicos de
outras áreas, tais como Psicologia e Turismo se encontrem um número maior e mais
relevante de artigos sobre o assunto. O que significaria que a Educação Física não
vem dado à devida atenção às atividades de aventura na natureza, ou então, este
baixo número pode significar a qualidade aquém da desejada de nossa área.
Como possibilidade para novos estudos seria interessante fazer a mesma
pesquisa de forma mais abrangente, enquadrando mais periódicos nacionais
(Qualis/CAPES nos estratos que não foram abordados, de B3 para baixo) e/ou
periódicos internacionais.
37
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TEIXEIRA, F. A.; MARINHO, A. Atividades de Aventura: reflexões sobre a produção científica brasileira. Motriz, Rio Claro, v.16, n.3, p.536-548, jul./set. 2010.
ZIMMERMANN, A. C. Atividades de Aventura e qualidade de vida. Um estudo sobre a aventura, o esporte e o ambiente na Ilha de Santa Catarina. http://www.efdeportes.com/ Revista Digital, Buenos Aires, ano 10, n.93, fev. 2006. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd93/sc.htm>. Acesso em: 17 de jul. 2008.
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APENDICES
Mapeamento Geral dos Artigos encontrados
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N Nome ArtigoAno Publicação Objetivo
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1(Desin) Formação Profissional e Atividades de Aventura: focalizando os guias de "rafting" 2006
investigar o perfil de formação dos guias de “rafting”, o domínio dos cuidados relacionados aos aspectos do desenvolvimento da atividade, assim como, o preparo dos guias para lidar com as emoções intervenientes nestas práticas
2Aspectos Emocionais da Prática de Atividade de Aventura na Natureza: a (re) educação dos sentidos 2008
o investigar de que forma as emoções são experimentadas por um grupo de jovens que vivenciou, pela primeira vez, o “rappel”,
3 O Surfe no Cinema e a Sociedade Brasileira na Transição dos Anos 70/80 2009
analisar as quatro películas nas quais o surfe ocupou espaço privilegiado, produzidas no Brasil entre os anos de 1978 e 1983
4Esforço Percebido, Estresse e Inflamação do Trato Respiratório Superior em Atletas de Elite de Canoagem 2009
investigou o comportamento do esforço percebido, percepção de fontes e sintomas de estresse e de ocorrência e incidência de sintomas associados a inflamações do trato respiratório superior (ITRS) em atletas de elite do sexo feminino de canoagem velocidade
R2
5Pescadores Artesanais, Surfistas e a Natureza: reflexões a partir de um olhar da educação física 2009
apresentar resultado de pesquisa desenvolvida com pescadores artesanais e surfistas a fim de analisar o significado das interações entre cada um dos grupos e a natureza
6Atividades Físicas de Aventura na Natureza (AFAN) e Academias de Ginástica: motivos de aderência e benefícios advindos da prática 2009
investigar, na visão de praticantes regulares, os principais fatores de aderência às atividades físicas de aventura na natureza (AFAN) e aos exercícios praticados em academias, no âmbito do lazer, bem como as possíveis alterações físicas e psicológicas advindas da prática regular
7 O Surfe e a Moderna Tradição Brasileira 2009
descrever e analisar a história do surfe no Rio de Janeiro entre as décadas de 1960 e 1970, a fim de depreender elementos de reflexão mais geral sobre o modo de desenvolvimento das suas estruturas de funcionamento.
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8A influência do Risco-Aventura no Processo de Coesão das Diferentes Comunidades do Voo Livre 2010
investigar os sentidos do risco como elemento gerador de comunhão entre os praticantes de voo livre.
9 Ritos e Risco na Prática do Vôo Livre 2008
descrever a ocorrência desse fenômeno [risco] em um contexto particular e compreender significados a ele atribuídos.
10 Lazer, Aventura e Risco: reflexões sobre atividade realizadas na natureza 2008refletir sobre as concepções de aventura e de risco, manifestadas nas atividades realizadas na natureza
11 A Popularização da Canoagem: o caso de Piracicaba 2001
abordamos, no próximo item, como estudo de caso, o município de Piracicaba-SP, no qual a canoagem passou a ter uma inserção mais popular, por meio de uma Associação local, conveniada à Prefeitura Municipal, onde ambas conseguiram parcerias com empresas privadas, adquirindo os recursos físicos, materiais, e profissionais para o desenvolvimento do Projeto Desporto de Base (P.D.B.).
12 Escalada Urbana - faces de uma identidade cultural contemporânea 2000
propõe levantar discussões sobre os ambientes artificiais de escalada, os quais têm surgido como formas de conquista de espaços, tratando-se de uma opção de escolha por um tipo de comportamento próprio de uma camada social
13As Camadas Populares e o Remo no Rio de Janeira da Transição dos Séculos XIX/XX 2000
discutir a presença, a participação e o relacionamento das camadas populares com o esporte, especificamente o remo, no Rio de Janeiro da transição dos séculos XIX/XX
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14 Transgressões de Gênero e Naturezas Contestadas. 2007examina os diversos sentidos atribuídos à natureza, destacando conceitos de natureza como lugar.
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15 Descendo o Rio das Velhas - a canoagem e o calor. 2007
• medir o estresse térmico do ambiente durante a expedição ao longo do rio (IBUTG); • medir o gasto de energia da atividade de canoagem (em quilocalorias por hora); • combinar as duas medidas para saber se havia algum risco para a saúde dos remadores ou das equipes de apoio; • medir o estado de hidratação dos remadores e ajudá-los a se manterem bem hidratados; • fornecer essas informações de imediato aos atletas e à comunidade, mostrando a importância da hidratação e a influência do ambiente sobre a saúde e a prática esportiva.
16 Educação Física, Meio Ambiente e Aventura - um percurso por vias instigantes. 2007
Investigações sobre as relações entre a educação física e o meio ambiente ainda são recentes e, com o objetivo de contribuir nesse debate, este texto apresenta reflexões que extrapolam a compreensão das atividades de aventura como mero processo esportivo formal ou como uma parcela de mercado de trabalho exclusiva e, por isso mesmo, excludente.
17 Trilhas Interpretativas - reconhecendo os elos com a educação física. 2007
discutir a dimensão teórico-social na organização de trilhas interpretativas, visando à abordagem da cultura corporal e do meio ambiente, no intuito de manter intercâmbios institucionais e comunitários, concretizando políticas sociais na perspectiva do lazer enquanto fator de qualidade de vida em espaços ecológicos.
18 Das Relações Estéticas com a Natureza. 2007
discutir alguns elementos conceituais necessários para a análise das possibilidades das relações estéticas com a Natureza, sendo esta compreendida na acepção do radical grego aisthesis como sensibilidade, centrada, portanto, no corpo e na experiência corporal.
19Lazer - Meio Ambiente: em busca das atitudes vivenciadas nos esportes de aventura. 2007
trata das interfaces subjacentes à relação do lazer –na forma de esportes de aventura – e do meio ambiente no contexto contemporâneo, identificando as atitudes, motivações e comportamentos que têm permeado a experiência dos praticantes de esportes de aventura.
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20Avaliação do Nível de Dificuldade de Trilha interpretativa do Ecoparque de UNA (BA): aspectos físicos, biológicos e parâmetros de esforço físico dos visitantes. 2007
Em virtude da subjetividade da metodologia empregada para graduar o nível de dificuldade de trilhas interpretativas, foi proposto e testado um método para graduar a trilha interpretativa do Ecoparque de Una, situada na Mata Atlântica, no sul da Bahia.
21 Lazer, Natureza e Aventura: compartilhando emoções e compromissos. 2001
propõe reflexões sobre as atividades de aventura, práticas corporais manifestadas privilegiadamente durante o lazer, apontando diferentes formas de se perceber o meio natural, fundamentados, principalmente, a partir de acordos fundados sob ética e sensibilidade.
22 Esportes de Ação: notas para uma pesquisa acadêmica. 2010
sugerir alguns caminhos possíveis para se pensar, academicamente, acerca da inserção dos esportes de ação no Brasil, tomando como referência principal a prática do skateboard a partir de uma abordagem histórica.
23Novos Sonhos de Verão sem Fim: surfe, mulheres e outros modos de representação. 2010
analisar a maneira que o filme Blue Cruch (2002) – no Brasil A onda dos sonhos – captura, representa e difunde sentidos sobre o surfe.
24Percepção dos Riscos, Condicionamento Corporal e Interações Sociais no Voo Livre. 2010
Este estudo buscou significados dados ao risco, ao corpo e à socialidade a partir do voo livre.
25 Skate e Mulheres no Brasil: fragmentos de um esporte em construção. 2009
Considerando que o skate é representado como uma prática culturalmente associada ao masculino, esta pesquisa analisa a pouca visibilidade conferida, no Brasil, às mulheres que dele participam.
R4
26 Mulheres e Esporte de Risco: um mergulho no universo das apneístas. 2011
investigar, sob a ótica do Imaginário Social, os sentidos de limite, risco e corpo para mulheres praticantes de mergulho em apneia, no qual a vivência de uma prática de risco extremo é deliberadamente escolhida pelas informantes
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27 Atividades de Aventura: reflexões sobre a produção científica brasileira. 2010
investigar os grupos brasileiros que pesquisam atividades de aventura cadastrados no Diretório de Grupos de Pesquisa, desenvolvido pelo CNPq, e analisar a produção científica dos líderes e vice-líderes desses grupos, apresentada em periódicos científicos, livros e capítulos de livros no triênio 2006-2008
28Práticas Aventureiras e Situações de Risco no Voo Livre: uma análise a partir do conceito de redoma sensorial. 2010
analisa situações de risco na prática de voo livre por intermédio do conceito de redoma sensorial.
29Investigação da Dependência Psicológica da Prática da Canoagem em Atletas da Seleção Brasileira. 2010
identificar os aspectos da dependência da modalidade nos atletas da seleção brasileira de canoagem velocidade
30 Caracterização da Demanda Potencial por Atividades de Aventura. 2010caracterizar a demanda potencial e o interesse pela prática de atividades de aventura
31 Equilíbrio Postural de Canoístas Profissionais. 2009
comparação de parâmetros estabilométricos em teste de longa duração de um grupo de canoístas profissionais do sexo feminino na postura ortostática
32Lazer, Aventura e Ficção: possibilidades para refletir sobre as atividades realizadas na natureza. 2009
refletir sobre a aventura e a ficção, manifestadas nas atividades realizadas na natureza
33 Corridas de Aventura e Lazer: um percurso analítico para além das trilhas. 2009
foi compreender e analisar os motivos que envolvem a busca das pessoas por práticas esportivas e de lazer na natureza, e em particular as corridas de aventura
34Os Estados Emocionais e a Importância do Treinamento Psicológico no Esporte. 2008
investigar os estados emocionais presentes na prática esportiva, bem como, a importância do treinamento psicológico na performance
35 Estados Emocionais: a investigação do medo no contexto esportivo. 2007
investigar as situações ou acontecimentos que podem desencadear nos atletas o sentimento de medo, como tais indivíduos reconhecem tal sentimento em seus contextos esportivos, e lidam com ele para que o mesmo não prejudique ou interfira na performance esportiva
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36A Democratização das Atividades de Aventura na Natureza: o projeto “canoagem popular". 2008
discutir as relações necessárias entre as associações locais, os poderes públicos municipal, estadual e federal e os órgãos institucionais que regem suas respectivas modalidades, possibilitando resgatar o diálogo da democratização das atividades de aventura na natureza, considerando a atual dinâmica socioeconômica e política, investigando, ainda, possíveis ações para a massificação de tais atividades
37Esporte de Aventura de Rendimento e Estados Emocionais: relações entre ansiedade, autoconfiança e auto-eficácia. 2006
analisar os índices de ansiedade pré-competitiva, autoconfiança e auto-eficácia em atletas de canoagem, e também suas possíveis correlações, considerando-se o contexto estudado
38 Meio Ambiente e Atividades de Aventura: significados de participação. 2006
investigar, na visão de praticantes, o significado pessoal da participação em atividades físicas de aventura, realizadas no ambiente natural, no contexto do lazer
39 A Educação pela Aventura: desmistificando sensações e emoções. 2006
analisar e refletir sobre as sensações, emoções e possibilidades educativas das AFAN dos praticantes de excursionismo da ESFA (Escola Superior São Francisco de Assis)
R5
40 Práticas Corporais na Natureza: por uma educação ambiental. 2011
promover a sensibilização ambiental por meio de uma estratégia educacional baseada nas práticas corporais na natureza
41Modificações Biológicas e da Composição Corporal Induzidas por uma Ultramaratona em Kayak: um estudo de caso. 2007
fazer a análise da evolução de vários indicadores biológicos bem como as alterações da composição corporal, induzidas por uma ultramaratona realizada em caiaque.
42Inclusão de Termo de "Inércia" Aeróbia no Modelo de Velocidade Crítica Aplicado à Canoagem. 2005
testar os efeitos da adição de um termo de "inércia" aeróbia [...] à equação tradicional velocidade-tempo na canoagem
43 Perfil Físico de Atletas de Orientação. 2003 traçar um perfil físico dos atletas de orientação(onde R1= Revista de Educação Física e Esporte; R2= Revista Movimento; R3= Revista de Ciências do Esporte; R4= Revista Motriz; R5= Revista da Educação Física)
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