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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA/FITOTECNIA
MARIA TARCÍSIA FERREIRA DE CARVALHO LAVOR
ATIVIDADE BIOLÓGICA DE PRODUTOS DOMISSANITÁRIOS PARA O CONTROLE ALTERNATIVO DO PULGÃO-PRETO NO FEIJÃO-DE-CORDA
FORTALEZA 2006
1
MARIA TARCÍSIA FERREIRA DE CARVALHO LAVOR
ATIVIDADE BIOLÓGICA DE PRODUTOS DOMISSANITÁRIOS PARA O CONTROLE ALTERNATIVO DO PULGÃO-PRETO NO FEIJÃO-DE-CORDA
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Agronomia, área de Concentração Fitotecnia, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agronomia/Fitotecnia.
Orientador: Prof. Dr. Ervino Bleicher
FORTALEZA 2006
2
MARIA TARCÍSIA FERREIRA DE CARVALHO LAVOR
ATIVIDADE BIOLÓGICA DE PRODUTOS DOMISSANITÁRIOS PARA O CONTROLE ALTERNATIVO DO PULGÃO-PRETO NO FEIJÃO-DE-CORDA
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Agronomia, área de Concentração Fitotecnia, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Agronomia/Fitotecnia.
Aprovada em 13 / 2 / 2006
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________ Prof. Dr. Ervino Bleicher (Orientador) Universidade Federal do Ceará - UFC
_______________________________________________ Prof. Dr. Francisco Valter Vieira (Conselheiro)
Universidade Federal do Ceará - UFC
_______________________________________________ Dra. Quelzia Maria Silva Melo (Conselheira)
3
A Deus, à Nossa Senhora de
Fátima, meus pais, Ivo e Vânia e meu Irmão Ivo Jr.
4
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Ceará (UFC), pela oportunidade de realização deste curso. À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP), pelo apoio financeiro durante todo o curso de mestrado. A Deus, por estar sempre presente ao meu lado me tranqüilizando, me animando, me ajudando e me guiando em todos os momentos da minha vida, especialmente nas quedas. Ao meu orientador, Prof. Ervino Bleicher, pela amizade, conselhos, paciência, atenção, carinho e por sempre acreditar e confiar na minha capacidade. À Profa. Ana Carina Ometto pelo incentivo, confiança, carinho e, acima de tudo, por me ter apoiado na escolha do curso de mestrado. À minha família, meus pais e meu irmão por acreditarem em mim e me apoiarem em todas as minhas decisões. Aos meus tios João Alberto, Marta, Margarida, Maria das Graças e Dagoberto pelo incentivo e carinho. Ao meu namorado, Victor Fernandes, pela força, carinho e compreensão. Aos professores do curso de Fitotecnia pelos ensinamentos e atenção despendida. Aos meus amigos Leonardo Dantas, Enéas Carvalho, Brisa Svadeschi e Roselayne Ferro pelo apoio e dicas na condução dos experimentos. Aos meus colegas de curso Belísia, Alexandre, Ciro, Junior, Raquel e Leossávio pela companhia nos estudos das disciplinas durante o curso. À Mônica Silva Santos, Gerane e Raquel Arouca pela acolhida, carinho, paciência, conselhos e ajuda com os artigos. Aos estudantes do PET de Agronomia, Gutemberg, Rose, Sadi, Fernando, Victor e Alex pela ajuda na execução desse trabalho. Ao Deocleciano Ivo Xavier, secretário do curso de Pós-graduaçao em Fitotecnia pela discontração, informações e avisos. À Eliane, secretaria do Departamento de Fitotecnia, pela atenção quando necessário. Às serventes Francisca e Nice por deixarem nossas salas e todos os espaços sempre limpos e bem cuidados.
5
RESUMO O feijão-de-corda é uma leguminosa rústica dos trópicos semi-árido, úmido e subúmido. Este trabalho visou avaliar o efeito de detergentes e sabões em pó de uso doméstico em diferentes concentrações no controle de Aphis craccivora (Hemiptera: Aphididae) no feijão-de-corda em condições de casa-de-vegetação. As plantas foram infestadas com 6 pulgões 14 dias depois da semeadura. Dois dias depois, os adultos foram retirados e os ensaios preparados. O delineamento utilizado foi o blocos causalisados com 6 e 7 tratamentos e no mínimo 6 repetições. Os tratamentos foram os seguintes: 1 – testemunha absoluta; 2 – testemunha relativa com inseticida de referência: Acephate (Orthene® 750 BR) 1g i.a./L; 3 – detergente neutro 1mL/100mL de água (somente para os ensaios com detergentes) ou sabão 1g/L de água; 4 – detergente a 0,5mL/100mL de água ou sabão a 2,0g/L de água; 5 – detergente a 1,0mL/100mL de água ou sabão 4,0g/L de água; 6 - detergente a 2,0mL/100mL de água ou sabão a 8g/L de água; 7 – detergente a 4mL/100mL de água. Os detergentes foram da marca Ypê® limão, Ypê® coco, Ypê® glicerina com coco e o removedor de gordura Veja® multi-uso. Os sabões em pó eram: Coco Roma®, Omo® cores, Omo® multiação e Omo® progress. Os tratamentos foram aplicados com auxílio de um compressor elétrico na pressão de 40 libras/pol2 e um pulverizador tipo pistola de pintura de gravidade da marca Arprex®, modelo 5. A avaliação foi realizada dois dias após a aplicação dos tratamentos contando-se todos os indivíduos vivos na planta. Os dados foram transformados pela fórmula 5,0+X e submetidos à análise de variância. As médias foram comparadas pelo teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade e a eficiência foi calculada segundo a fórmula de Abbott (1925). Todos os detergentes testados mostraram eficiência no controle do pulgão. O detergente Ypê® limão e o sabão em pó Omo® multiação foram os únicos produtos testados fitotóxicos. O detergente Ypê® glicerina com coco e o sabão em pó Omo® cores foram aqueles que apresentaram a melhor dose/resposta e também uma das melhores eficiências. Esses dois produtos são os mais promissores para serem testados em condições de campo no controle do pulgão-preto do feijão-de-corda, A. craccivora.
Palavras-chave: Aphis craccivora. Vigna unguiculata, (L) Walp. Sabão. Detergente.
6
ABSTRACT The cowpea bean is a rustic leguminosae of semi-arid and humid and sub-humid tropics. This work aimed to evaluate the effect of detergents and powder soaps at different concentrations at greenhouse conditions for the control of Aphis craccivora (Hemiptera: Aphididae) in cowpea bean. The plants were infested with 6 aphids 14 days after planting. Two days later, the adults were removed and the essays prepared. The trials were arranged in a randomized complete block design with 6 and 7 treatments and at least 6 replications. The treatments were: 1 – absolute check; 2 – relative check with the reference insecticide: Acephate (Orthene™ 750 BR) at 1g. a.i./L; 3 – neutral detergent at 1mL/L of water (just for the detergents essays); 4 – detergent at 0,5mL/100mL of water or soap at 1g/L of water; 5 - detergent at 1,0mL/100mL of water or soap at 4,0g/L of water; 6 - detergent at 2,0mL/100mL of water or soap at 8g/L of water; 7 – detergent at 4mL/100mL of water. The detergents were Ypê™ lemon, Ypê™ coconut, Ypê™ glicerin with coconut and the grease remover Veja™ multiuse. The powder soaps were: Coconut Roma™, Omo™ colors, Omo™ multiaction e Omo™ progress. Treatments in each trial were applied with an eletric pump at pressure of 40 pounds/pol2 and a gravity sprayer Arprex®, model 5. Two days after the applications the living insects on the plants were counted. The obtained data were transformed by 5,0+X and run through variance analysis, differences between means were determined by Duncan’s multiple range test at 5% of probability. The efficiency was calculated by the Abbott’s method. All detergents tested showed to be efficient to control aphid. The detergent Ypê™ lemon and the powder soap Omo™ multiaction were the only phythotoxic product. The detergent Ypê™ glicerin with coconut and the powder soap Omo™ colors gave the best dose/mortality answer and one of the best efficacy. So, these products are the most promising to be tested at field conditions to control black aphid of cowpea bean.
Keywords: Aphis craccivora. Vigna unguiculata, (L) Walp. Soap. Detergent.
7
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Número médio de indivíduos vivos e eficiência dos detergentes e do removedor de gordura no controle do pulgão-preto, A. craccivora, no feijão-de-corda em casa-de-vegetação. Fortaleza, 2005.............................................................................
36 TABELA 2 - Número médio de indivíduos vivos e eficiência dos sabões em
pó no controle do pulgão-preto, A. craccivora, no feijão-de-corda em casa-de-vegetação. Fortaleza, 2005..............................................................................................
50
8
SUMÁRIO RESUMO................................................................................................................ 5
ABSTRACT............................................................................................................ 6
LISTA DE TABELAS.............................................................................................. 7
CAPÍTULO 1: 1 INTRODUÇÃO GERAL.................................................................
10
2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................
13
2.1 O feijão-de-corda (Vigna unguiculata (L.) Walp.)..............................................
13
2.2 O pulgão-preto (Aphis craccivora) .......................................................... 2.3 Táticas alternativas de controle........................................................................
13 16
2.4 Controle de pragas através do uso de sabão e detergente..............................
19
3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................
22
CAPÍTULO 2: Avaliação do potencial inseticida de detergentes domésticos no controle do pulgão-preto do feijão-de-corda
RESUMO...............................................................................................................
29
ABSTRACT............................................................................................................
30
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................
31
2 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................
33
2.1 Colônia inicial de Aphis craccivora e sua manutenção..........................
33
2.2 Infestação das plantas do ensaio.....................................................................
33
2.3 Avaliação dos tratamentos................................................................................
34
2.4 Análise dos dados.............................................................................................
34
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................
35
4 CONCLUSÕES....................................................................................................
39
9
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................
39
CAPÍTULO 3: Avaliação do potencial inseticida de sabões em pó no controle do
pulgão-preto do feijão-de-corda
RESUMO...............................................................................................................
43
ABSTRACT............................................................................................................
44
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................
45
2 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................
47
2.1 Colônia inicial de Aphis craccivora e sua manutenção..........................
47
2.2 Infestação das plantas do ensaio.....................................................................
47
2.3 Avaliação dos tratamentos................................................................................
48
2.4 Análise dos dados.............................................................................................
48
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................
49
4 CONCLUSÕES....................................................................................................
53
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................
53
10
CAPÍTULO 1
1. INTRODUÇÃO GERAL
A ocorrência de artrópodes fitófagos em altas densidades é um dos fatores
adversos mais relevantes à produção agrícola. O controle de insetos-pragas na
agricultura, geralmente, é feito mediante a aplicação de produtos químicos
sintéticos pertencentes a diferentes grupos, tais como organofosforados,
carbamatos, piretróides e outros. O uso desses produtos, segundo Alencar et al.
(1998) corresponde a uma medida que apresenta resposta imediata e, que, na
atualidade, ainda é utilizada com muita freqüência pelos agricultores. Na maioria
dos casos a eficiência é comprovada, mas o uso destes produtos, além de
aumentar consideravelmente os custos de produção, tem provocado muitos
problemas, como a presença de resíduos tóxicos nos alimentos, o desequilíbrio
biológico, devido à eliminação de inimigos naturais das pragas, à poluição
ambiental, intoxicação de seres humanos e surgimento de populações de insetos
resistentes aos inseticidas (RODRIGUEZ & VENDRAMIM, 1996). Estes efeitos
estão vinculados às características químicas do praguicida (toxicidade,
seletividade, persistência, etc.), ao clima, ao tipo de solo, à localização da
propriedade (proximidade dos mananciais de água) e assim por diante
(CAMPANHOLA, 1990). Além disso, de acordo com Guerra (1985), esses
produtos são muitas vezes altamente perigosos e de alto custo; aqueles que
oferecem menor risco normalmente não estão de acordo com o orçamento do
pequeno produtor.
As pesquisas atuais, no que diz respeito ao controle racional e
ambientalmente seguro das pragas agrícolas buscam encontrar alternativas à
utilização dos praguicidas químicos, sendo reforçadas pelas exigências da
sociedade que opta cada vez mais por alimentos que, dentre outras exigências,
não sejam produzidos com exploração de mão-de-obra infantil, sem agressão ao
meio ambiente e com uso de tecnologia de baixo custo (BURG & MAYER, 2002).
Uma outra alternativa seria diminuir o número de aplicações de inseticidas,
11
aplicando-os somente quando necessário, como é preconizado no Manejo
Integrado de Pragas (MIP), e não como uma prática rotineira. Como medida
complementar, poder-se-ia utilizar os produtos biorracionais, definida por Stansly
et al. (1996) como “Qualquer tipo de inseticida ativo contra as pragas, mas
relativamente inócuo aos organismos não-alvos e que não interfira no controle
biológico”. Dentre esses produtos estão os reguladores de crescimento, sabões
em pó, detergentes, óleos e extratos vegetais, etc. (CLOYD, s.d.). Stuart (2004)
sugere o uso de sabões no controle de afídeos nos casos em que a população
está muito numerosa, impossibilitando a ação somente dos inimigos naturais para
restabelecer o equilíbrio. É importante a busca de materiais regionais que sejam
de fácil aquisição e baixo custo para o produtor e que não tenham ação promotora
de resistência na população da praga. Neste contexto, os produtos de ação
asfixiante, como os óleos, dada a sua variabilidade de fontes de extração, podem
estar entre os mais promissores. No entanto, deve-se ter cuidado, pois alguns
desses inseticidas naturais podem ter um largo espectro de ação e matar outras
espécies, inclusive predadores naturais e parasitóides (ENDERSBY & MORGAN,
1991).
O controle alternativo de pragas, mediante o emprego de substâncias que
tiveram a sua eficácia comprovada pelo método científico, à semelhança do que
foi feito pelo professor Matos da UFC e sua equipe (MATOS, 1997) na área da
medicina popular e que resultou no conceito de “Farmácias Vivas”, ainda é pouco
explorado na área agrícola, o que pode levar a um insucesso dessa atividade
(RODRIGUEZ & VENDRAMIM, 1996). Inúmeros autores, como: Abreu Jr. (1998);
Burg et al. (2002); Gelmini & Abreu Junior (1996); Guerra (1985); Penteado (1999)
e Santos et al. (1988), compilaram e recomendam o uso de receitas com diversos
produtos alternativos, porém, poucos são os autores que comprovam
cientificamente o seu uso.
Villas Boas et al. (1997) e Collard & Eberly (2005) relatam o uso de
detergentes e sabões como possíveis candidatos ao controle de diversos insetos-
pragas que possuem corpo mole, incluindo afídeos, moscas-brancas, psilídeos,
cochonilhas e tripes. Embora o mecanismo de ação destes produtos não tenha
12
sido totalmente elucidado, acredita-se que causem dano à película de cera sobre
a cutícula dos insetos e que interfiram com o metabolismo da respiração, além de
provocar mudanças na estrutura da folha e repelência (ENDERSBY & MORGAN,
1991; BUTLER et al., 1993; VILLAS BÔAS et al., 1997; CRANSHAW, 2003;
CURKOVIC & ARAYA, 2004; COLLARD & EBERLY, 2005; CLOYD, s.d. e
WEINZIERL & HENN, s.d.).
A cultura popular brasileira é rica em receitas para o controle ou repelência
de pragas de plantas. Em algumas situações, como no caso de pequenas hortas
domésticas, onde o uso de defensivos pode se tornar difícil, indesejado ou
inviável, o emprego de preparados caseiros representa uma alternativa para o
combate de algumas pragas e doenças. A adoção destas receitas pode levar a
frustração, como no caso da urina de vaca, que segundo Gadelha (s.d.) diminui a
incidência de pragas, no entanto, quando avaliada de forma científica por Barbosa
et al. (2002) sobre o pisilídeo da goiabeira, Trizoida sp., não mostrou qualquer
atividade biológica. Fatos como este não devem desmotivar a pesquisa desta ou
de outras substâncias naturais em outras espécies daninhas à agricultura, muito
pelo contrário, só a experimentação adequadamente orientada pelo método
científico pode gerar informações válidas.
Tendo em vista a problemática citada, esse trabalho visa verificar a
atividade biológica de sabões em pó e detergentes biodegradáveis sobre o pulgão
do feijão-de-corda, Aphis craccivora (Hemiptera: Aphididae).
13
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. O feijão-de-corda (Vigna unguiculata (L.) Walp.) O feijão-de-corda tem vários nomes vulgares, sendo conhecido como
feijão-macaçar e feijão-caupi na região Nordeste. Feijão-da-colônia, feijão-de-praia
e feijão-de-estrada na região Norte e, feijão-miúdo na região Sul. É também
chamado de feijão-catador e feijão-gurutuba em algumas regiões da Bahia e no
norte de Minas Gerais, e de feijão-fradinho nos estados da Bahia e do Rio de
Janeiro. Foi introduzido primeiramente na Bahia, no século 16, por colonizadores
espanhóis e portugueses e a partir daí se difundiu para as outras regiões do país
(FREIRE FILHO et al., 2005).
O feijão-caupi é uma leguminosa rústica com grande capacidade
produtiva, sendo mais bem adaptado do que o feijão comum (Phaseolus vulgaris
L.) às condições climáticas dos trópicos semi-árido, úmido e subúmido. É cultivado
principalmente por pequenos agricultores nas Regiões Nordeste e Norte do País,
sendo uma das principais alternativas sociais e econômicas de suprimento
alimentar e geração de emprego, especialmente para as populações rurais, e
ainda a principal fonte protéica vegetal para a população (FREIRE FILHO et al.,
2005; QUINTELA et al., 1991).
2.2. O pulgão-preto (Aphis craccivora) De acordo com Santos et al. (1977) e Ofuya (1993) Aphis craccivora
(Hemiptera: Aphididae), vulgarmente conhecido como pulgão-preto-do-feijoeiro, é
uma das mais importantes pragas do feijão-de-corda, especialmente na África,
Ásia e América Latina. Os hospedeiros desse inseto são especialmente as plantas
pertencentes à família das leguminosas (URIAS et al., 1992 e PETTERSSON,
1998). Ocorre em todo o Nordeste, sobretudo, no período sem chuvas, atacando
as culturas de feijão-de-corda sob irrigação.
O A. craccivora é de tamanho pequeno a médio, variável de 1,5 a 2 mm
de comprimento, de cor marrom escuro a negra brilhante; antenas com cerca de
2/3 do comprimento do corpo; os cornículos são quase cilíndricos e têm
14
comprimento, aproximadamente, duas vezes maior que a cauda; os fêmures e as
tíbias têm as partes basais mais claras do que as partes distais; ápices das tíbias,
tarsos e tarsômeros escuros e a nervura mediana das asas anteriores é ramificada
(SANTOS et al., 1977; URIAS et al., 1992 e OFUYA, 1997). As ninfas são ápteras,
marrom claro ou escuro e com corpo arredondado (OFUYA, 1997).
Os pulgões imigrantes reproduzem-se partenogeneticamente e, em
condições de alimento abundante e clima favorável, produzem sucessivamente
fêmeas ápteras que irão começar uma nova colônia. O crescimento,
desenvolvimento, fecundidade e longevidade desse inseto dependem das
condições climáticas, fertilidade e tipo de solo e planta hospedeira. Estudos de
preferência demonstraram que o pulgão-preto tem predileção por feijão-caupi, já
que nesse hospedeiro esse inseto reproduz-se mais e tem um maior crescimento
(OFUYA, 1997).
O inseto passa por 4 ínstares ninfais antes de atingir a fase adulta. O
tempo de desenvolvimento do 1º instar à adulto é de 3 a 5 dias, aproximadamente.
Os adultos podem viver de 5 dias ou menos até 15 dias. Uma geração pode ser
completada com 10 a 20 dias. A progênie produzida diariamente pode variar de 20
a mais de 100 indivíduos, dependendo da fêmea (OFUYA, 1997).
O pulgão, normalmente, desenvolve suas colônias nos brotos terminais e,
principalmente, nos pecíolos das folhas do feijão-de-corda. Essas colônias são
constituídas de muitos indivíduos, em diferentes fases, inclusive alados (SANTOS
et al., 1977). Com o decorrer do tempo e com o aumento da população de
pulgões, as plantas atacadas ficam debilitadas, em virtude da grande quantidade
de seiva retirada e de toxinas injetadas (ANDRADE JR. et al., 2002).
Durante os primeiros 15 dias do feijoeiro, a ação de sucção dos pulgões
provoca o encarquilhamento das folhas e deformação dos brotos, além da redução
da produtividade e atraso no desenvolvimento da cultura (OFUYA, 1993 e OFUYA,
1997). Por se alimentarem exclusivamente de seiva, eliminam grandes
quantidades de mela (liquido constituído de açúcares) do qual se alimentam as
formigas, além de servir também de substrato para o desenvolvimento da
15
fumagina que pode cobrir totalmente a superfície foliar da planta, prejudicando a
fotossíntese e a respiração (SANTOS et al., 1977; SILVA & CARNEIRO, 2000).
Na Nigéria, A. craccivora coloniza o feijão 3 semanas depois da
emergência. O dano é ocasionado tanto pelo adulto como pela ninfa.
Primeiramente, o inseto infesta as plântulas de feijão-caupi e, quando estas
floram, invadem as flores e, em seguida, as vagens (OFUYA, 1997). Alimentam-se
sugando a seiva dos galhos, brotos terminais, pecíolo, flores e vagens (OFUYA,
1989 e OFUYA, 1997), injetando toxinas e transmitindo viroses (Cowpea aphid
borne mosaic vírus, CABMV e o Cucumber mosaic vírus, CMV) (SILVA et al.,
2005). Urias et al. (1992) relatam que esse inseto é vetor de mais ou menos 30
enfermidades virais de plantas. Por serem transmissores de viroses é que esses
insetos constituem uma das pragas mais sérias dessa cultura (KARUNGI et al.,
2000), pois para a contaminação da planta por um vírus nem é preciso a
instalação de colônias de pulgões, basta a picada de prova de um inseto
contaminado. Dessa forma, é recomendado o controle preventivo através de
inseticidas de contato de efeito imediato ou grande ação de “choque”, pois esta
ação possibilita a eliminação do inseto antes da picada de prova, suficiente para a
transmissão de viroses (SANTOS et al., 1977; SILVA & CARNEIRO, 2000).
No Brasil existe as seguintes variedades resistentes ao vírus: BR 10 –
Piauí, BR 14 – Mulato e BR 17 – Gurguéia. Medidas auxiliares como plantio em
época de baixas populações dos vetores, controle sistemático dos vetores e
eliminação das hospedeiras silvestres devem ser realizadas quando o produtor
adotar em seu plantio materiais susceptíveis (ANDRADE JR. et al., 2002).
No caso de variedades resistentes, Atiri et al. (1984) observaram que os
pulgões efetuaram mais picadas de prova nas plantas consideradas resistentes a
esse inseto do que nas tolerantes e susceptíveis. Dessa forma, a resistência tem
que ser tanto ao pulgão quanto ao vírus do mosaico CAMV, já que foi comprovado
nesse trabalho que as variedades resistentes ao pulgão contraíram mais viroses
do que as outras variedades testadas, mesmo esta variedade ocasionando
decréscimo na população de afídeos e diminuição no seu tamanho. A habilidade
de suportar grandes populações de afídeos não implica na prevenção de infecção
16
por CAMV. Ofuya (1988) concluiu em seu trabalho que, em variedades
susceptíveis, o pulgão se desenvolve melhor, enquanto que naquelas resistentes
a mortalidade de ninfas é maior.
Segundo Quintela et al. (1991), o controle do pulgão deve ser feito quando
40 a 50% das plantas jovens apresentarem pequenas colônias desse inseto e os
seguintes inseticidas são sugeridos: Paration etílico CE e Acephate PS. Na África,
os produtos químicos indicados para o pulgão na cultura do feijão são: pirimicarb,
dimethoate, thiometon, lindane, monocrotophos, menazon, phosphamidon e
carbofuran (OFUYA, 1988; OFUYA, 1989 e OFUYA, 1997). No entanto, para o
Brasil, estão registrados os seguintes produtos: Imidacloprid (Gaúcho FS),
methamidophos (Metafós), acefato (Orthene 750BR) e clotianidina (Poncho)
(ANDREI, 2005). No caso de mais de 70% das colônias apresentarem no mínimo
3 larvas de joaninhas predadoras (inimigo natural), o controle químico é
desnecessário.
No entanto, atualmente, outras formas de controle têm sido estudadas,
especialmente aquelas visando o manejo desse inseto, através de compostos
químicos que não sejam inseticidas de síntese e que tenham ação de contato
(“choque”), evitando, desta forma, a picada de prova resultante da transmissão de
viroses.
2.3. Táticas alternativas de controle Penteado (1999) considera como defensivos alternativos todos os produtos
químicos (biológicos, orgânicos ou naturais) que possuam as seguintes
características: praticamente não tóxicos (classe toxicológica IV), baixa a
nenhuma agressividade ao homem e à natureza, eficiente no combate aos insetos
e microorganismos nocivos, não favoreçam a ocorrência de formas de resistência
de pragas e microorganismos, custo reduzido para aquisição e emprego,
simplicidade quanto ao manejo e aplicação e alta disponibilidade para aquisição.
Os principais objetivos com o uso de defensivos alternativos são: obtenção
de produtos agrícolas mais saudáveis; evitar a contaminação do produtor e do
consumidor; manter o equilíbrio da natureza, preservando a fauna e os mananciais
17
de águas; reduzir o número de aplicações de defensivos agressivos; reduzir o
custo de produção, aumentar a lucratividade e atender a crescente procura de
produtos sadios, aos níveis local e internacional (PENTEADO, 1999).
O inseticida ideal, segundo Weinzierl & Henn (s.d.), deve controlar a praga-
alvo adequadamente e deve ser alvo-específico (capaz de matar a praga, mas não
outros insetos ou animais), rapidamente degradável e com baixa toxicidade para
humanos e outros mamíferos. Ainda segundo esses autores, existem duas classes
de inseticidas que exibem estas características: a classe dos inseticidas botânicos
e a outra classe formada pelos sabões inseticidas. A primeira classe ocorre
naturalmente nas plantas e a segunda são sabões selecionados pela sua ação
inseticida.
Os inseticidas botânicos têm sido utilizados por séculos. Em 1690, extratos
de tabaco eram usados como inseticidas de contato e, algum tempo depois, em
1773, começaram a fazer fumigações de nicotina. Em 1848, existem relatos do
uso de rotenona para o controle de insetos na Ásia, sendo que este químico já
fora usado bem antes, em 1649, na América do Sul para paralisar peixes. Dez
anos mais tarde, em 1858, o piretro era usado pela primeira vez nos Estados
Unidos (ANÔNIMO, s.d. e WARE & WHITACRE, 2004). Ele é um veneno que
ataca o sistema nervoso e paralisa imediatamente a maioria dos insetos (PEET,
s.d.).
Em 1787, o sabão foi mencionado por Ware & Whitacre (2004) como
inseticida. Durante a primeira metade do século 19, o sabão de óleo de baleia e,
mais comumente, o de óleo de peixe foram partes importantes no controle dos
insetos (ENGLISH, 1996). No Brasil, em 1929, já havia publicação, como a de
Moreira (1929) recomendando o uso de sabão adicionado a querosene e outros
derivados do petróleo para o controle de pulgões e cochonilhas. Igualmente em
1935, Fonseca (1935) recomendou o uso de sabão em emulsões para o controle
de pragas. Existem também aqueles sabões especialmente formulados para uso
agrícola, denominados comercialmente nos EUA como Safer e M-Pede.
A partir de 1940, com o desenvolvimento dos inseticidas sintéticos, o uso
desses defensivos alternativos foi abandonado pelos produtores, persistindo
18
apenas em pequenas hortas e jardins. Os novos defensivos sintéticos eram mais
baratos, mais efetivos e persistentes na visão dos produtores (WEINZIERL &
HENN, s.d.). Nos últimos 15 anos, o interesse nos defensivos alternativos vem
aumentando como resultado da preocupação da sociedade com a contaminação
do ambiente e dos resíduos de pesticidas nos alimentos. Além do mais, baixas
doses de alguns inseticidas são tóxicas para humanos e outros animais (alguns
são suspeitos até de serem carcinogênicos) (WEINZIERL & HENN, s.d.); houve
problemas também com as pragas secundárias que passaram à categoria de
primárias; magnificação biológica; desequilíbrio ambiental com a eliminação dos
inimigos naturais, etc.
Na África, Ofuya (1997) afirma que o uso de simples preparados de plantas
medicinais podem ser mais apropriados socialmente e economicamente para
produtores de poucos recursos. As substâncias extraídas de plantas, na qualidade
de inseticida, têm vantagem sobre os sintéticos: os inseticidas naturais são obtidos
de recursos renováveis e rapidamente degradáveis; o desenvolvimento da
resistência dos insetos a essas substâncias é lento; esses pesticidas são
acessíveis aos agricultores e não deixam resíduos em alimentos, além do baixo
custo de produção.
Diversos são os estudos, na atualidade, com extratos botânicos: a
azadiractina, proveniente do nim vem sendo estudada amplamente no controle do
pulgão-preto no feijão-de-corda (GONÇALVES et al., 2005 e MESQUITA et al.,
2005) e da mosca-branca no tomateiro (SOUZA & VENDRAMIM, 2005). Extratos
provenientes da pimenta (GOMES et al., 2005), cumaru (LAVOR et al., 2005),
jambu (CYSNE et al., 2005) e bouganville (COSTA et al., 2005) também já tiveram
sua eficiência testada no controle do pulgão-preto.
Existem sabões especialmente formulados para uso agrícola e que
segundo Thomson (1995) e Weinzierl & Henn (s.d.) são sabões contendo sais de
potássio ou sódio, provenientes de ácidos graxos. Eles são denominados
comercialmente, nos EUA, como Safer e M-Pede, onde são largamente utilizados
e comercializados para o controle de pragas entre elas, os pulgões e moscas-
brancas.
19
English (1996) e Cloyd (s.d.) explicam que os sabões mais eficientes no
controle de pragas são aqueles possuidores de cadeias de 10 ou 18 carbonos. Os
sabões com cadeias de 9 ou menos carbonos parecem funcionar como herbicidas
e portanto, são tóxicos às plantas (CLOYD, s.d.). O ácido láurico, com cadeia de
12 carbonos, proveniente do óleo de coco, é o principal componente da maioria
dos detergentes líquidos de uso doméstico. Assim, sabões e detergentes
utilizados para limpeza de casa e para lavagem de louças e que, portanto, não
foram produzidos para fins de controle de pragas também podem ser utilizados
com esse objetivo.
2.4. Controle de pragas através do uso de sabões e detergentes Os sabões e detergentes com fins domésticos não são usados na
agricultura convencional, em escala comercial, mas sim, em jardins e cultivos
orgânicos ou como agentes tensoativos nas formulações de pesticidas e misturas
(CURKOVIC & ARAYA, 2004). Possuem ação de contato, sem efeito residual,
controlando as pragas de corpo mole, como afídeos, mosca-branca, pisilídeos,
tripes, cochonilhas e ácaros (COLLARD & EBERLY, 2005). Não são eficientes em
insetos com cutículas duras, como besouros, abelhas, vespas, moscas ou
gafanhotos. No entanto, as baratas são exceções, porque são insetos de corpo
duro, porém, sensíveis à exposição a sabão (SZUMLAS, 2002 e CLOYD, s.d.).
Além de serem ineficientes naqueles insetos que voam e que possuem
movimentos rápidos, pois possibilita sua fuga, fazendo com que não sejam
atingidos pela pulverização de detergente ou sabão. Daí surge também uma
vantagem do uso desses produtos: são seletivos aos inimigos naturais, pois esses
animais, geralmente, possuem o corpo coberto com forte cutícula e são bastante
móveis. É o caso das joaninhas e dos sirfídeos, no entanto, as formas imaturas
desses insetos são menos móveis e possuem o corpo mole, sendo susceptíveis
às injúrias que os sabões ocasionam (CRANSHAW, 2003 e WEINZIERL & HENN,
s.d.).
Os sabões e detergentes apresentam, geralmente, eficiência de 40 a 50%
no controle de afídeos, tripes, ácaros e mosca-branca (ANÔNIMO, s.d.).
20
Townsend (s.d.) recomenda 1 colher (10ml) de sabão ou detergente em 1 galão
(3785ml) de água para controlar afídeos, ninfas de besouros e outros insetos
frágeis que estão constantemente presentes nas plantas domésticas. Gilkeson
(2005) recomenda o uso de sabão no controle dos estágios imaturos da mosca-
branca, Trialeurodes vaporariorum. English (1996) indicou que o detergente
líquido Ivory® diluído em água a 1 e 2% também garante um controle consistente
desses insetos, mas ele e outros autores (ENDERSBY & MORGAN, 1991;
ANÔNIMO s.d.; LIU & STANSLY, 2000; WEINZIERL & HENN, s.d.) ressaltam que
é necessário uma boa cobertura da planta e repetidas aplicações para garantir
que a população dos insetos fique abaixo do nível de controle. Na Califórnia,
Koehler et al. (1983) utilizando também o detergente líquido Ivory® obteve
redução significativa, em experimento de campo, no número de ninfas de mosca-
branca, Trialeurodes vaporariorum, no feijoeiro em relação à testemunha e ao
inseticida malathion. Já para o controle do afídeo da batata, Macrosiphum
euphorbiae esse produto não apresentou efeito.
O modo de ação desses produtos ainda não está totalmente elucidado, mas
acredita-se que aconteça pelo menos um dos seguintes eventos: afogamento dos
insetos e ácaros; quebra da camada de cera presente na cutícula dos insetos
(causando a morte pela excessiva perda de água); rompimento da membrana
celular; inibição enzimática; remoção dos indivíduos das folhagens ou/e repelência
(ENDERSBY & MORGAN, 1991; BUTLER et al., 1993; VILLAS BÔAS et al., 1997;
CRANSHAW, 2003; CURKOVIC & ARAYA, 2004; COLLARD & EBERLY, 2005;
CLOYD, s.d. e WEINZIERL & HENN, s.d.).
Dentre as desvantagens da utilização de sabões e detergentes Weinzierl &
Henn (s.d.) citam: a rápida degradação desses produtos, fazendo com que seja
necessário um maior número de aplicações; a falta de testes que comprovem a
toxicidade deles em relação às plantas e aos animais e a falta de registros
recomendando seu uso. Quando é incerta a fitotoxidade desses produtos,
Anônimo (s.d.) recomenda um teste prévio, através da aplicação do produto a ser
utilizado em uma parte da planta, por 24 horas e, então, depois de vista a reação
aplicá-lo num grupo de plantas.
21
As desvantagens que se tem para a utilização desses produtos não
impedem o seu uso, mas alertam para a necessidade de cuidados na sua
aplicação e de pesquisas para sua experimentação, já que esses produtos não
foram formulados com a finalidade de serem utilizados em plantas, podendo ser
bastante agressivos quando em contato com elas.
Em pesquisas realizadas por Koehler et al. (1983) utilizando o sabão
inseticida Safer percebeu uma redução de 23% no peso da cabeça de repolho nas
linhas de plantas em que esse produto foi usado frequentemente (seis vezes por
semana). No entanto, esse tipo de procedimento foi suficiente para controlar as
lagartas do repolho (Trichoplusia ni (Hübner) e Pieris rapae (L.)) reduzindo as
injurias à folhagem do repolho. Vavrina et al. (1995) também tiveram em seus
experimentos efeito negativo da aplicação freqüente de soluções de detergente.
Neste caso, houve atraso na produção dos tomates quando fizeram aplicações de
detergentes na concentração de 0,5% ou mais, 2 vezes por semana.
O sucesso na utilização de surfactantes (sabões e detergentes) depende de
métodos de aplicação e de condições ambientais adequados (LIU & STANSLY,
2000). É de suma importância, no momento de aplicação desses produtos,
observar as condições do meio ambiente. Calor e umidade excessivos contribuem
para altos níveis de fitotoxicidade (VAVRINA et al., 1995). Os sabões, em
particular, possuem a desvantagem porque podem ter seu efeito afetado se
misturado com água dura (aquela com presença de minerais e metais), pois
formam compostos insolúveis (ANÔNIMO, s.d.; BIGARDI et al., 2003;
CRANSHAW, 2003 e CLOYD, s.d.). Os detergentes são sais de sódio de um ácido
orgânico sulfônico, R-SO3H, ao invés de sal de um ácido carboxílico como os
sabões. Por isso, os detergentes sintéticos mostraram-se mais solúveis e,
portanto, mais eficientes, aliando a vantagem de não formar compostos insolúveis
(BAIRD, 1995) Os componentes responsáveis pelo perfume e coloração dos
detergentes e sabões também podem contribuir com a diminuição da sua ação
praguicida (CLOYD, s.d.). A fitotoxicidade pode ser amenizada se as plantas
forem lavadas com água após algumas horas de feita a pulverização
(CRANSHAW, 2003). A aplicação das soluções de sabão e detergente combinada
22
com o período de chuvas ou com a irrigação das plantas pode ser uma forma de
amenizar ou evitar efeitos fitotóxicos. Plantas com pêlos são mais susceptíveis à
fitotoxicidade (CLOYD, s.d.), porque impedem que o sabão se espalhe, então, as
gotas acumuladas irão funcionar como lentes que com a incidência da luz solar
ocasionam a queima (WEINZIERL & HENN, s.d.).
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29
CAPÍTULO 2 Avaliação do potencial inseticida de detergentes domésticos no controle do
pulgão-preto do feijão-de-corda
RESUMO O pulgão-preto, Aphis craccivora (Hemiptera: Aphididae), é considerado uma das principais pragas do feijão-de-corda. Além de provocar danos em brotos, folhas, flores e frutos, transmite viroses. Atualmente, busca-se na agricultura, a utilização de meios alternativos de controle do pulgão que evite a utilização de agroquímicos. Os produtos denominados como biorracionais são os que estão em destaque nos últimos tempos, sendo tema de várias pesquisas. Neste trabalho avaliou-se o efeito dos detergentes Ypê® coco, Ypê® limão e Ypê® glicerina com coco e do removedor de gordura Veja® multi-uso em diferentes concentrações sobre pulgão-preto, A. craccivora. Todos os produtos testados mostraram eficiência no controle do pulgão quando comparados à testemunha absoluta. No entanto, Ypê® limão foi o único fitotóxico. O Ypê® glicerina com coco igualou-se estatisticamente ao detergente neutro nas concentrações a 1, 2 e 4%, sendo que nas duas maiores concentrações foi semelhante ao acephate. Por último, o removedor de gordura Veja® multi-uso foi superior ao detergente neutro e somente na concentração máxima (4%) apresentou resultados estatísticos iguais ao acephate. Levando-se em conta a eficiência em dose baixa e a resposta às doses, o detergente Ypê® glicerina com coco apresenta-se como a melhor opção para ensaios de campo.
Palavras-chave: Vigna unguiculata L. Aphis craccivora. Controle alternativo. Detergente.
30
Evaluation of domestic detergent as insecticide to control black aphid on
cowpea bean.
ABSTRACT The black aphid, Aphis craccivora (Hemiptera: Aphididae), is considered the most important insect pest of cowpea bean. Besides provokes damages on shoots, leaves, flowers, pods and also transmits viroses. At present days the use of alternatives methods to control aphid have been looked in order to avoid agrochemicals use. These products are called biorrationals and are lattely subject of many studies. In this work, the effect of detergents Ypê™ lemon, Ypê™ coconut and Ypê™ glicerin with coconut and the grease remover Veja™ multiuse were evaluated at different concentrations on black aphid, A. craccivora. All products tested showed to be efficient to control the aphid when compared with the untreated check. However, Ypê™ lemon was the only phythotoxic one. The Ypê™ glicerin with conconut was statistically similar to neutral detergent at 1, 2 and 4% concentrations, but in the two highest concentrations were similar to acephate. Finally, the grease remover Veja™ multiuse was superior than neutral detergent and at maximum concentration (4%) showed to be statistically equal to acephate. When dose/mortality answer is taken in account and low dosage efficacy, the Ypê™ glycerin with coconut seems to be the best option for trials in field.
Keywords: Vigna unguiculata (L) Walp. Aphis craccivora. Alternative control. Detergent.
31
1. INTRODUÇÃO
O feijão-de-corda (Vigna unguiculata (L.) Walp.) pertence à família das
leguminosas e é a principal fonte protéica vegetal para os pequenos agricultores,
sendo por eles cultivada principalmente nas Regiões Nordeste e Norte do País,
além de paises como Ásia e África, daí sua grande importância social
(PETTERSSON, 1998).
A principal praga do feijão-de-corda, especialmente na África, Ásia e
América Latina, é o pulgão-preto, Aphis craccivora (Hemiptera: Aphididae),
(SANTOS et al., 1977 e OFUYA, 1993). No Brasil, ocorre em todo o Nordeste,
sobretudo, no período sem chuvas, atacando as culturas de feijão-de-corda sob
irrigação. Durante os primeiros 15 dias, a ação de sucção dos pulgões provoca o
encarquilhamento das folhas, deformação dos brotos e transmissão de vírus, além
da redução da produtividade e atraso no desenvolvimento da cultura (OFUYA,
1993 e OFUYA, 1997).
O uso abusivo e sem planejamento de agrotóxicos no controle das
pragas, além de aumentar consideravelmente os custos de produção, têm trazido
diversos prejuízos ao homem e ao meio ambiente, como a poluição das águas e
do solo; presença de resíduos tóxicos nos alimentos; intoxicação de seres
humanos; desequilíbrio biológico, devido à eliminação de inimigos naturais das
pragas; surgimento de novas pragas, através das pragas secundárias que passam
a ter um grau de importância igual ao das primárias; surgimento de populações de
insetos resistentes aos inseticidas; ressurgência de pragas, etc. (RODRIGUEZ &
VENDRAMIM, 1996).
Hoje em dia, os pesquisadores buscam encontrar alternativas à utilização
dos praguicidas químicos, através do uso de variedades resistentes, utilização de
semioquímicos, plantas armadilhas, etc. Uma outra alternativa em destaque é a
utilização de produtos biorracionais. Esses produtos não causam prejuízos ao
meio ambiente, são de fácil aquisição e manipulação (não é perigoso ao
manipulador) e possuem um custo relativamente baixo, o que os torna ainda mais
atrativos ao agricultor (STANSLY et al., 1996). Dentre os biorracionais estão os
32
sabões em pó, detergentes, óleos vegetais, etc. Atualmente, vêm aumentando as
pesquisas buscando comprovar cientificamente e validarem a adoção desses
produtos alternativos na agricultura, até porque, no caso dos sabões e
detergentes, que não foram concebidos para fins agrícolas, podem ser perigosos
quando usados nas plantas e o efeito negativo ser até maior que aquele
provocado pela praga que se pretende controlar, caso não haja um estudo
específico para determinar estes efeitos. Na Califórnia (KOEHLER et al., 1983;
OSBORNE, 1984), na Flórida (BUTLER et al., 1993), na Índia (BUTLER et al.,
1991), no Chile (CURKOVIC & ARAYA, 2004) e, mesmo, aqui no Brasil
(MEDEIROS et al., 2001 e IMENES et al., 2002) efetuaram trabalhos explorando
esse tema. Mesmo com essas contribuições, pouco se tem a respeito do controle
do pulgão pelos inseticidas biorracionais; muito dos resultados obtidos nesses
trabalhos continuam sem explicação, merecendo, por isso, mais discussão. Assim,
tendo como base esta linha de pesquisa, o presente trabalho verificou a atividade
biológica de diferentes detergentes de uso doméstico sobre o pulgão-preto, Aphis
craccivora, no feijão-de-corda.
33
2. MATERIAL E MÉTODOS
Esta pesquisa foi realizada em casa-de-vegetação em temperaturas
variando de: 27ºC a 31ºC, e 70±10% UR, no Departamento de Fitotecnia da
Universidade Federal do Ceará, Campus do Pici, Fortaleza, CE.
2.1 Colônia inicial de Aphis craccivora e sua manutenção Foram coletadas folhas de feijão-caupi infestadas por pulgão-preto no
Campus do Pici, local onde não há histórico de controle químico dessa praga,
sendo estas postas em contato com plantas de feijão de uma semana de idade
plantadas em bandejas.
De acordo com Stary (1970), o plantio e o preparo das plantas
hospedeiras são questões fundamentais na criação de insetos. Para isso foram
semeadas semanalmente em bandejas de plástico, contendo substrato apropriado
(5 partes de terra, 3 partes de húmus, 1 parte do substrato comercial Plantmax® e
1 parte de vermiculita) feijão-de-corda (V. unguiculata) cultivar Epace 10, para
criação de pulgões a cada sete dias na quantidade que forneceu insetos
suficientes para a pesquisa e manutenção da colônia.
As bandejas com as plantas para a manutenção da colônia foram mantidas
dentro de gaiolas teladas de 0,6 m de fundo, 0,6 m de largura e 0,6 m de altura,
em casa-de-vegetação. As plantas com 3 semanas de idade foram descartadas e
substituídas. A confirmação da espécie utilizada nesse experimento foi feita
baseando-se na descrição de Urias et al. (1992).
2.2 Infestação das plantas do ensaio
O plantio de feijão-de-corda Epace 10 foi realizado em copos plásticos
descartáveis de 300mL possuindo o mesmo substrato citado no item 2.1. Em cada
copo foram colocadas duas sementes de feijão. Após 5 dias, foi feito o desbaste,
mantendo-se a plântula mais desenvolvida. A infestação das plantas do ensaio
aconteceu quando as plantas estavam com 14 dias depois da semeadura.
34
As plantas eram infestadas com ajuda de um pincel de cerdas finas com 6
adultos, aqueles indivíduos com coloração mais brilhante e com cauda bem
distinta e arredondada, coletados em criação estoque. Após 48 horas, foi feita a
desinfestação dos insetos adultos inicialmente colocados. Utilizou-se um
delineamento em blocos casualizados para todos os ensaios com 7 tratamentos e
de 6 a 8 repetições dependendo das plantas infestadas existentes. Cada planta
em um copo foi considerada como uma unidade ou parcela. Os detergentes com
formulações estabelecidas nos rótulos pelos fabricantes, sem apresentar as
percentagens de cada componente, foram os seguintes: detergentes Ypê® neutro,
Ypê® glicerina com coco, Ypê® coco e Ypê® limão e o removedor de gordura
Veja® multi-uso. Os ensaios foram compostos pelos seguintes tratamentos: 1 -
testemunha absoluta; 2 - testemunha relativa com inseticida de referência:
Acephate (Orthene® 750BR) 1 grama do produto comercial por litro (g.p.c./L); 3 –
detergente neutro 1mL/100mL de água; 4 - detergente a 0,5 mL/100mL de água; 5
– detergente a 1,0 mL/100mL de água; 6 – detergente a 2,0 mL/100mL de água; 7
– detergente a 4,0 mL/100mL de água. A aplicação dos tratamentos foi realizada
com auxílio de um compressor elétrico na pressão de 40 libras/pol2 e um
pulverizador tipo pistola de pintura de gravidade da marca Arprex®, modelo 5.
2.3 Avaliação dos tratamentos Dois dias após a aplicação dos tratamentos as plantas foram cortadas rente
ao solo e colocadas individualmente em sacos de papel previamente identificados.
Em seguida, levou-se ao laboratório o material coletado e lá se fez a contagem de
todos os indivíduos vivos nas plantas. Os pulgões eram caracterizados como vivos
se manifestavam reação quando tocados pelo pincel de cerdas finas.
2.4 Análise dos dados
Os dados obtidos foram transformados pela fórmula 5,0+X e submetidos
à análise de variância. As médias dos desempenhos, comparadas pelo teste de
Duncan ao nível de 5% de probabilidade e a eficiência foi calculada segundo a
fórmula de Abbott (1925).
35
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Todos os detergentes testados mostraram eficiência no controle do
pulgão quando comparados à testemunha absoluta (Tabela 1). O detergente Ypê®
limão em todas as concentrações testadas apresentou-se estatisticamente
semelhante ao detergente neutro a 1%, recomendado por Villas Bôas et al. (1997)
para o controle de mosca-branca no algodoeiro, e ao inseticida de referência
(acephate). A eficiência variou de 93,20 (na concentração de 0,5%) a 96,60% (na
concentração de 4%). As concentrações de 2 e 4% foram fitotóxicas e
ocasionaram necrose das folhas do feijão. O Ypê® coco foi o único que não
apresentou eficiência semelhante ao inseticida de referência, mas, igualou-se ao
detergente neutro a 1% em todas as concentrações testadas. O Ypê® glicerina
com coco igualou-se estatisticamente ao detergente neutro nas concentrações a
1, 2 e 4%, sendo que nas duas maiores concentrações foi semelhante ao
acephate. Por último, o removedor de gordura Veja® multi-uso foi superior ao
detergente neutro e somente na concentração máxima (4%) apresentou
resultados estatísticos iguais ao acephate.
O Ypê® coco, Ypê® glicerina com coco e o Veja® multi-uso possuem o
componente alquil benzeno sulfonato de sódio (ácido sulfônico) em comum com o
detergente Quix utilizado por Curkovic & Araya (2004) no controle do ácaro
Panonychus ulmi e P. citri. Usando o detergente Nobla, verificaram que esse não
foi efetivo no controle desses ácaros, pois não possui o componente citado
anteriormente, em sua formulação. As pesquisas desses autores sugerem que
esse componente químico é um dos ou o único responsável pelo efeito de choque
nas pragas, pois segundo Misirli (s.d.), Anônimo (2001) e Medeiros (s.d.) essa
substância é um tensoativo, geralmente mais utilizado nas formulações de
detergentes, que reduz a tensão superficial da água, promovendo a emulsão de
gorduras e a remoção de sujeiras agindo através da formação de micelas. No en-
36
TABELA - 1 Número médio de indivíduos vivos e eficiência dos detergentes (Ypê® limão, Ypê® coco e Ypê® glicerina com coco) e do removedor
de gordura (Veja® multi-uso) em diferentes concentrações no controle do pulgão-preto, A. craccivora, no feijão-de-corda em casa-de-vegetação.
Fortaleza, 2005.
Ypê® limão Ypê® coco Ypé® glicerina com coco
Veja® multi-uso
Tratamentos No de indivíduos
vivos1
Eficiência (%)2
No de indivíduos
vivos1
Eficiência (%)2
No de indivíduos
vivos1
Eficiência (%)2
No de indivíduos
vivos1
Eficiência (%)2
Testemunha 59,14 a - 105,42 a - 55,50 a - 59,14 a - Detergente Neutro a 1%
35,85 b 91,64 46,42 b 55,96 3,00 cd 94,59 35,85 b 39,38
Detergente a 0,5% 24,85 bc 93,20 53,00 b 49,72 10,33 b 81,38 24,85 c 57,98 Detergente a 1% 10,14 bc 95,35 63,71 b 36,56 6,66 bc 88,00 10,14 d 82,85 Detergente a 2% 4,57 bc 95,05 47,85 b 54,61 2,66 cd 95,20 4,57 e 92,27 Detergente a 4% 2,57 bc 96,60 60,57 b 42,54 2,66 cd 95,20 2,57 ef 95,65 Acephate 1g/L 0,00 c 100,00 0,00 c 100,00 0,00 d 100,00 0,00 f 100,00
CV %3 42,09 24,43 40,28 23,86
1- Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Duncan a 5%.
2- Calculada pela fórmula de Abbott, 1925.
3- CV = coeficiente de variação.
37
tanto, não se sabe em que concentração ele precisa estar presente no detergente
para ser eficiente como praguicida. Acredita-se que os detergentes causem dano
à película de cera sobre a cutícula dos insetos e que interfiram com o metabolismo
da respiração, além de provocar mudanças na estrutura da folha e repelência
(ENDERSBY & MORGAN, 1991; BUTLER et al., 1993; VILLAS BÔAS et al., 1997;
CRANSHAW, 2003; CURKOVIC & ARAYA, 2004; COLLARD & EBERLY, 2005;
CLOYD, s.d. e WEINZIERL & HENN, s.d.).
Essa toxicidade ao feijoeiro apresentada pelo Ypê® limão em casa-de-
vegetação não descarta seu estudo no campo por dois motivos. O primeiro,
porque no campo as condições climáticas sofrem variação e que talvez possam
mudar o resultado obtido neste trabalho. Conforme, Vavrina et al. (1995), calor e
umidade excessivos podem contribuir para altos níveis de fitotoxicidade. Medeiros
et al. (2001) tiveram que combinar detergente neutro com os inseticidas
betacyfluthrin e dimethoato para que esses demonstrassem eficiência satisfatória
no campo e, porém ainda considerada por eles baixa por não atingir 70%. Hilje
(1996) associou também o detergente neutro com outros inseticidas em sua
pesquisa e seu resultado foi o mesmo obtido pelos autores anteriormente citados.
Como o detergente só é ativo biologicamente enquanto úmido (torna-se ineficaz
quando sob condições secas) (SCHUSTER & STANSLY, s.d.; BUTLER et al.,
1993; LIU & STANSLY, 1994; LIU & STANSLY, 1995a; LIU & STANSLY, 1995b;
LIU & STANSLY, 2000), seu efeito é apenas de “choque” e dependerá também da
correta cobertura e aplicação da mistura. Este fato faz com que haja a
necessidade de múltiplas aplicações para se obter a eficiência desejada
(ENDERSBY & MORGAN, 1991; ANÔNIMO, s.d.). Koehler et al. (1983)
verificaram que o detergente só apresentou eficiência no controle da mosca-
branca no feijão após duas pulverizações espaçadas de 6 dias. No entanto, as
aplicações múltiplas podem ser prejudiciais. Vavrina et al. (1995) observaram
atraso na produção dos tomates quando fizeram aplicações de detergentes na
concentração de 0,5% ou mais, 2 vezes por semana. Em segundo lugar, outros
pesquisadores em suas investigações com detergentes não conseguiram uma
eficiência tão elevada com concentrações tão baixas de detergente. Por exemplo,
38
Imenes et al. (2002), em condições de casa-de-vegetação, conseguiram controlar
a cochonilha Protopulvinaria pyriformis com concentrações superiores (5 e 10%)
àquelas testadas aqui. No caso de Koehler et al. (1983), as soluções de
detergentes nem sequer apresentaram efeito no controle do afídeo da batata,
Macrosiphum euphorbiae.
O removedor de gordura (Veja® multi-uso) a 0,5% demonstrou ter a
menor eficiência em relação às outras doses e uma maior eficiência em relação ao
detergente neutro a 1%, indicando assim que neste ensaio esse produto é mais
eficiente para o controle de pulgão que o detergente neutro. Tanto o removedor de
gordura (Veja® multi-uso) a 1% como a 2% obtiveram uma boa eficiência, maior
que 80%. Contudo, tendo em mente a aplicação de produtos para controle dessa
praga em áreas maiores, que não em casa-de-vegetação, a aplicação de Ypê®
glicerina com coco a 0,5% talvez seja mais satisfatória, pois sua eficiência
alcançou valor superior a 80% e nessa concentração diminui-se a quantidade de
produto pela metade, podendo reduzindo o custo do produtor. Puri et al. (1994)
testaram quatro detergentes no controle da mosca-branca em condições de
campo e obtiveram a mesma eficiência para todos eles. Assim, esses autores
indicaram a consulta do preço e a disponibilidade no mercado do produto como
requisitos no momento da escolha de qual deles aplicar. Entretanto, vale relembrar
que em outras dimensões (tamanho da área) e mudando o comportamento do
ambiente os resultados podem ser muitos diferentes do que o esperado pelo
observado em condições ambientais mais controladas.
Ao considerar a resposta (eficiência) frente à dose utilizada pode-se inferir
que o Ypê® glicerina com coco é melhor do que o Veja® multi-uso porque com a
concentração de 0,5% já demonstrou eficiência no controle do pulgão. Houve um
comportamento de dose-resposta: a eficiência foi elevando com o aumento da
dose, semelhantemente ao ocorrido no trabalho de Curkovic & Araya (2004), ao
tentarem controlar o ácaro P. citri em condições laboratoriais.
39
4. CONCLUSÕES Nas condições em que a pesquisa foi desenvolvida:
Os detergentes (Ypê® limão, coco e glicerina com coco) e o removedor
de gordura (Veja® multi-uso) controlam o pulgão-preto do feijão-de-corda.
O detergente Ypê® limão tem efeito tóxico às plantas de V. unguiculata
cultivar Epace 10.
O detergente Ypê® glicerina com coco apresenta-se como a melhor
opção para ser avaliado no campo.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBOTT, W.S. A method of computing the efectiveness of an insecticide. Journal of Economic Entomology, n. 18, p. 265-267,1925.
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43
CAPÍTULO 3 Avaliação do potencial inseticida de sabões em pó no controle do pulgão-
preto do feijão-de-corda
RESUMO O feijão-de-corda, Vigna unguiculata, é uma importante fonte de alimento e de renda para pequenos agricultores brasileiros, especialmente os da região Nordeste. Dentre as principais pragas que atacam essa cultura, se destaca o pulgão-preto, Aphis craccivora (Hemiptera: Aphididae). Esse inseto é responsável pela diminuição da produtividade do feijão, pois transmite viroses e propicia a formação de fumagina que prejudica a fotossíntese e respiração das plantas. Neste trabalho foi avaliado o efeito dos sabões em pó de coco Roma®, Omo® cores, Omo® multiação e Omo® progress nas doses de 1, 2, 4 e 8g/L, sobre A. craccivora. Todos os sabões testados apresentaram efeito no controle do pulgão. Não foi observado fitotoxidade em nenhum dos sabões testados, exceto para o Omo® multiação a 4% em que as plantas apresentaram uma leve clorose. O sabão Omo® cores foi o mais eficaz na menor dose e apresentou melhor efeito dose/resposta, qualificando-o para testes em condições de campo.
Palavras-chave: Vigna unguiculata L. Aphis craccivora. Controle alternativo. Sabão.
44
Evaluation of domestic powder soap as insecticide to control the black aphid on
cowpea bean.
ABSTRACT The cowpea bean, Vigna unguiculata, an important source of food and income brasilian small farmers in Northeast region. One of the main insect pest of this crop is the black aphid, Aphis craccivora (Hemiptera: Aphididae). This insect is responsible for yield reduction of bean because it transmits viroses and propitiate fungus formation that is prejudicial to photosyntesis and respiration of plants. In this work the effect of the powder soap Coconnut Roma™, Omo™ colors, Omo™ multiaction and Omo™ progress at 1, 2, 4 and 8g/L of water was tested against A. craccivora. All of the products tested were efficient against the aphid. It wasn’t observed phythotoxicity, except for Omo™ multiaction at 4g/L when the plants present chlorosis. The soap Omo™ colors was the most efficient at the lowest dosage and showed the best effect dosage/mortality answer which qualifies it for trials at field conditions.
Keywords: Vigna unguiculata (L) Walp. Aphis craccivora. Alternative control. Soap.
45
1. INTRODUÇÃO
O feijão-de-corda é uma leguminosa rústica com grande capacidade
produtiva, sendo mais bem adaptado do que o feijão comum (Phaseolus vulgaris
L.) às condições climáticas dos trópicos semi-árido, úmido e subúmido. É cultivado
principalmente por pequenos agricultores nas Regiões Nordeste e Norte do País,
onde constitui-se numa das principais alternativas sociais e econômicas de
suprimento alimentar e geração de emprego, especialmente para as populações
rurais, sendo a principal fonte protéica vegetal para a população (FREIRE FILHO
et al., 2005; QUINTELA et al., 1991).
O pulgão-preto-do-feijoeiro, Aphis craccivora (Hemiptera: Aphididae), é
considerado como uma das mais importantes pragas do feijão-de-corda,
especialmente na África, Ásia e América Latina (SANTOS et al., 1977 e OFUYA,
1993). O dano é ocasionado, tanto pelo adulto, como pela ninfa. Primeiramente, o
inseto infesta as plântulas de feijão-caupi e, quando estas floram, invade as flores
e, em seguida, as vagens (OFUYA, 1997). Alimentam-se sugando a seiva dos
galhos, brotos terminais, pecíolo, flores e vagens (OFUYA, 1989 e OFUYA, 1997),
injetando toxinas e transmitindo diversos tipos de viroses (SILVA et al., 2005).
Atualmente, em relação ao controle racional e ambientalmente seguro das
pragas agrícolas têm-se usado substâncias chamadas biorracionais, definida por
Stansly et al. (1996) como: “Qualquer tipo de inseticida ativo contra as pragas mas
relativamente inócuo aos organismos não-alvos e que não interfira no controle
biológico”. Estes estudos concentram-se nos óleos vegetais e nos sabões
inseticidas. Os primeiros podem ser usados para asfixiar as pragas, como por
exemplo, o pulgão. Já os segundos, vêm sendo utilizados para controlar diversos
insetos pragas que possuem corpo mole, incluindo moscas-brancas, afídeos e
tripes (COLLARD & EBERLY, 2005).
A cultura popular brasileira é rica em sugestões para o controle ou
repelência de pragas de plantas. Em algumas situações, como no caso de
pequenas hortas domésticas, onde o uso de defensivos pode tornar-se difícil,
indesejado ou inviável, o emprego de preparados caseiros constituir-se-ia em
46
alternativa para o combate de algumas pragas e doenças. Através da literatura,
observa-se a existência de diversas indicações para o preparo de receitas visando
a sua utilização nessas condições. No entanto, cabe ressaltar que, via de regra,
embora de uso relativamente comum, tais preparados não sofreram um processo
de avaliação específica, razão pela qual não se tem determinações precisas do
nível de controle proporcionado pelos mesmos, nem dos diversos aspectos
toxicológicos e ambientais advindos do seu uso. Tendo em vista a problemática
exposta, este trabalho buscou verificar a atividade biológica de diferentes sabões
em pó sobre o pulgão-preto (Aphis craccivora) do feijão-de-corda.
47
2. MATERIAL E MÉTODOS
Esta pesquisa foi realizada em casa-de-vegetação em temperaturas
variando de: 27ºC a 31ºC, e 70±10% UR, no Departamento de Fitotecnia da
Universidade Federal do Ceará, Campus do Pici, Fortaleza, CE.
2.1 Colônia inicial de Aphis craccivora, Koch e sua manutenção Foram coletadas folhas de feijão-caupi infestadas por pulgão-preto no
Campus do Pici, local onde não há histórico de controle químico dessa praga,
sendo estas postas em contato com plantas de feijão de uma semana de idade
plantadas em bandejas.
De acordo com Stary (1970), o plantio e o preparo das plantas
hospedeiras são questões fundamentais na criação de insetos. Para isso foram
semeadas semanalmente em bandejas de plástico, contendo substrato apropriado
(5 partes de terra, 3 partes de húmus, 1 parte do substrato comercial Plantmax® e
1 parte de vermiculita) feijão-de-corda (V. unguiculata) cultivar Epace 10, para
criação de pulgões a cada sete dias na quantidade que forneceu insetos
suficientes para a pesquisa e manutenção da colônia.
As bandejas com as plantas para a manutenção da colônia foram mantidas
dentro de gaiolas teladas de 0,6 m de fundo, 0,6 m de largura e 0,6 m de altura,
em casa-de-vegetação. As plantas com 3 semanas de idade foram descartadas e
substituídas. A confirmação da espécie utilizada nesse experimento foi feita
baseando-se na descrição de Urias et al. (1992).
2.2 Infestação das plantas do ensaio O plantio de feijão-de-corda Epace 10 foi realizado em copos plásticos
descartáveis de 300mL possuindo o mesmo substrato das bandejas de criação.
Em cada copo foram colocadas duas sementes de feijão. Depois de 5 dias, foi
feito o desbaste mantendo-se a plântula mais desenvolvida. A infestação das
plantas do ensaio aconteceu quando as plantas estavam com 14 dias após a
semeadura (DAS).
48
As plantas foram infestadas com ajuda de um pincel de cerdas finas com 6
adultos, aqueles indivíduos com coloração bem brilhante e com cauda bem
distinta e arredondada, coletados em criação estoque. Após 48 horas, foi feita a
desinfestação dos insetos adultos inicialmente colocados. Utilizou-se um
delineamento em blocos casualizados para todos os ensaios com 6 tratamentos e
6 a 8 repetições dependendo das plantas infestadas. Cada planta em um copo foi
considerada como uma unidade ou parcela. Os sabões com formulações
estabelecidas nos rótulos pelos fabricantes, sem apresentar as percentagens de
cada componente, foram os seguintes sabões em pó: coco Roma®; Omo®
Multiação; Omo® Cores e Omo® Progress. Os ensaios eram compostos pelos
seguintes tratamentos: 1 - testemunha absoluta; 2 - testemunha relativa com
inseticida de referência: Acephate (Orthene® 750BR) 1 grama do produto
comercial por litro (g.p.c./L); 3 – sabão 1,0 g/L de água; 4 – sabão 2,0 g/L de água;
5 – sabão 4,0 g/L de água; 6 – sabão 8,0 g/L de água. A aplicação dos
tratamentos foi realizada com auxílio de um compressor elétrico na pressão de 40
libras/pol2 e um pulverizador tipo pistola de pintura de gravidade da marca
Arprex®, modelo 5.
2.3 Avaliação dos tratamentos A avaliação da atividade biológica dos diferentes sabões em pó sobre A.
craccivora foi efetuada dois dias depois da aplicação dos tratamentos as plantas
foram cortadas rente ao solo e colocadas individualmente em sacos de papel
previamente identificados. Em seguida, levou-se ao laboratório o material coletado
e lá se fez a contagem de todos os indivíduos vivos nas plantas. Os pulgões eram
caracterizados como vivos se manifestavam reação quando tocados pelo pincel de
cerdas finas.
2.4 Análise dos dados
Os dados obtidos foram transformados pela fórmula 5,0+X e submetidos
à análise de variância. As médias do efeito dos tratamentos, comparadas pelo
49
teste de Duncan ao nível de 5% de probabilidade e a eficiência foi calculada
segundo a fórmula de Abbott (1925).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O sabão de coco Roma® mostrou causar mortalidade em pulgões a partir
da concentração de 2g/L e sua eficiência variou de 6,47 a 71,58% (Tabela 2). Em
nenhuma das concentrações utilizadas a eficiência igualou-se àquela obtida com o
uso do inseticida de referência, o mesmo ocorreu para o Omo® cores e para o
Omo® multiação. O Omo® cores teve sua eficiência variando de 36,93 a 84,67%.
O Omo® multiação mostrou eficiência estatisticamente semelhantes na
concentração de 4 e 8g/L e esta foi igual a 93,44 e 93,08%, respectivamente. As
concentrações de 1 e 2g/L não tiveram efeito no controle do pulgão. No Omo®
progress a eficiência variou de 13,30 a 89,18%, sendo que a concentração de 1g/L
não possui poder de controle de A. craccivora. Não foi observado fitotoxidade em
nenhum dos sabões testados, exceto para o Omo® multiação a 4g/L em que as
plantas apresentaram uma leve clorose.
O sabão de coco Roma®, em sua maior concentração, apresentou
eficiência de 71,58% e que foi baixa em comparação aos outros sabões testados.
Já na concentração de 1g/L não apresentou efeito, diferindo dos resultados
encontrados Gonçalves et al. (2003) que obtiveram alguma ação no controle da
mosca-branca em meloeiro nessa mesma concentração e nas mesmas condições
de trabalho. Essa diferença na eficiência pode estar relacionada com a diferença
de susceptibilidade entre as duas espécies testadas, pois Gonçalves (2004)
verificou que A. craccivora necessita de uma dose maior de azadiractina para o
controle desse inseto quando comparado com a mosca-branca. Outra hipótese
seria a cobertura dada na aplicação, pois Schuster & Stansly (s.d.); Butler et al.
(1993); Liu & Stansly (1994); Liu & Stansly (1995a); Liu & Stansly (1995b) e Liu &
Stansly (2000) explicam que os sabões só são ativos biologicamente enquanto
úmidos, sendo sua ação por contato e com efeito apenas de “choque” que
depende muito do volume aplicado e da correta cobertura da
50
TABELA - 2: Número médio de indivíduos vivos e eficiência do uso de sabões em pó (Coco Roma®, Omo® cores, Omo® multiação e Omo®
progress) em diferentes concentrações no controle do pulgão-preto no feijão-de-corda em casa-de-vegetação. Fortaleza, 2005.
Coco Roma® Omo® cores Omo® multiação Omo® progress
Tratamentos No de indivíduos
vivos1
Eficiência (%)2
No de indivíduos
vivos1
Eficiência (%)2
No de indivíduos
vivos1
Eficiência (%)2
No de indivíduos
vivos1
Eficiência (%)2
Testemunha 79,42 a - 99,50 a - 80,57 a - 33,83 a -
Sabão a 1g/L 74,28 a 6,47 62,75 b 36,93 53,00 a 34,21 29,33 a 13,30
Sabão a 2g/L 51,57 b 35,44 40,00 c 59,79 25,14 a 68,79 9,83 b 70,94
Sabão a 4g/L 40,57 b 48,91 25,75 d 74,12 5,28 b 93,44 5,00 b 85,22
Sabão a 8g/L 22,57 c 71,58 15,25 e 84,67 5,57 b 93,08 3,66 bc 89,18
Acephate 1g/L 0,00 d 100,00 00,00 f 100,00 0,00 c 100,00 0,00 c 100,00
CV %3 17,00 17,99 22,86 31,94
1- Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Duncan a 5%.
2- Calculada pela fórmula de Abbott, 1925.
3 - CV = coeficiente de variação.
51
área foliar a ser tratada na planta, bem como do estilo de pulverização utilizada
pelo aplicador (ENDERSBY & MORGAN, 1991 e ANÔNIMO, s.d.). Acredita-se que
os modos de ação dos sabões sejam através do dano à película de cera sobre a
cutícula dos insetos; interferência no metabolismo da respiração, além de provocar
mudanças na estrutura da folha e repelência (ENDERSBY & MORGAN, 1991;
BUTLER et al., 1993; VILLAS BÔAS et al., 1997; CRANSHAW, 2003; CURKOVIC
& ARAYA, 2004; COLLARD & EBERLY, 2005; CLOYD, s.d. e WEINZIERL &
HENN, s.d.).
Um outro fator que pode interferir na eficiência dos sabões é os
seqüestrantes que são os componentes responsáveis pela ligação aos íons Cálcio
(Ca+2), Magnésio (Mg+2) e Ferro (Fe+3) presentes na água dura. Impedem que
esses íons se liguem aos tensoativos e, dessa forma, os seqüestrantes evitam que
o sabão perca seu papel de desengordurante (MISIRLI, s.d.). Esses componentes
não estão presentes na fórmula do sabão de coco Roma®, podendo contribuir
para sua baixa eficiência. Eles estão presentes na formulação do Omo® progress
e do Omo® cores, tornando esses sabões mais adequados na difusão do uso de
sabões, pois não requer tantos cuidados com o tipo de água que é misturado para
a formação da calda, sendo mais fácil sua utilização pelo produtor.
Os sabões possuem a desvantagem de formar sais insolúveis com cátions
divalentes que por ventura estão presente na água, reduzindo sua ação inseticida.
Os detergentes não formam esses precipitados e por isso são mais vantajosos do
que os sabões (BIGARDI et al., 2003).
O Omo® multiação, apesar de ter apresentado eficiência elevada nas
concentrações de 4 e 8g/L, merece atenção no seu uso porque apresentou efeito
fitotóxico. Quando é incerta a fitotoxidade desses produtos, Anônimo (s.d.)
recomenda um teste prévio através da aplicação do produto a ser utilizado em
uma parte da planta por 24 horas e, então, só depois de vista a reação, é que
deve-se aplicar num grupo maior de plantas.
Por outro lado, o Omo® cores apresentou o melhor efeito dose/resposta,
além da melhor eficiência na menor dose, o que o qualifica para aplicações
repetidas, dado o mecanismo de ação destes produtos, com menos efeito
52
negativo na fisiologia da planta como o relatado por Koehler et al. (1983) para o
repolho. Esses autores perceberam uma redução de 23% no peso da cabeça de
repolho nas linhas do campo em que foi utilizado o sabão inseticida Safer
frequentemente (seis vezes por semana).
53
4. CONCLUSÕES Nas condições em que foram feito esse trabalho:
Todos os sabões causam redução na densidade do pulgão-preto, A.
craccivora, no feijão-de-corda.
O sabão em pó Omo® multiação é tóxico ao feijão-de-corda, V. unguiculata,
cultivar Epace 10.
O sabão em pó Omo® cores é o mais promissor para ser testado em
condições de campo no controle do pulgão-preto do feijão-de-corda.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBOTT, W. S. A method of computing the efectiveness of an insecticide. Journal of Economic Entomology, n. 18, p. 265-267,1925.
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