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UNIVERSIDADE FEREDAL DA BAHIA
FACULDADE DE EDUCAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NO
CONTEXTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA
DAYANE RAMOS DÓREA
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE: SEU TRATO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Salvador
2018
DAYANE RAMOS DÓREA
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE: SEU TRATO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Trabalho de conclusão de curso apresentado
ao Curso de Especialização em Atividade
Física e Saúde no Contexto da Educação
Básica, Universidade Federal da Bahia.
Orientadora:
Profª. Drª. Regina Sandra Marchesi
Salvador
2018
A
Fátima Dórea, minha Mãe, amiga, companheira, confidente, guerreira e
sonhadora que, bem juntinho, me auxiliou a finalizar o curso e é tão
comprometida com minhas aspirações profissionais, acadêmicas e
pessoais.
Adailton Souza, meu Nino, namorado, amigo, confidente e companheiro
que me estimula a cada suspiro de cansaço e consegue enxergar potencial
e acreditar em mim mais do que eu mesma.
Therezinha Dórea, minha Therezão, Nair, minha Tia e madrinha de
escolha, como uma homenagem póstuma, pois mesmo falando que eu só
queria estudar, me apoiava à sua maneira e, no dia de abertura da
disciplina foi o nosso último encontro aqui no plano terreno.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por não desistir de mim.
Aos Professores do Curso que, a cada novo encontro (que eu esperava não ter mais
vontade de ir) me inebriavam com uma sede de conhecimento que me dava ânimo
para o novo encontro e resolução das atividades.
Aos Colegas de Curso.
A minha orientadora, Pró Regina, que, com sua alegria tornou (um pouco) a produção
do meu TCC um “melzinho na xupeta”.
Aos meus amados alunos e minhas amadas alunas que acreditam e apoiam os meus
devaneios em sala de aula e, como bons amigos meus, acompanham, vibram, torcem
e apoiam a minha jornada profissional e acadêmica.
Aos alunos do Curso do Técnico em Meio Ambiente do Colégio Estadual Celina
Saraiva, que não hesitaram um só momento na participação e construção desta
produção.
A Mamãe, que já é quase formada em Educação Física pelo grande acompanhamento
em cursos e eventos da área.
A meu pai.
A Nino que, mesmo à distância, com seu amor, consegue me transferir muita força.
A Gilson, meu tio querido, meu padrinho por escolha, que diversas vezes ressuscitou
meu notebook e me auxiliou na tabulação dos dados.
A Cláudio, o taxista, que pacientemente me esperava nas viagens referentes aos
encontros em Camaçari e Salvador e me ouvia.
Às minhas poucas amizades que gostam de me ouvir falar sobre a única coisa que
sei conversar – a minha Educação Física: Jai, Dum, May, Isis, Fran e Gaby.
Ao meu amigo Davi que, com sua inocência e doçura, acalenta meu coração e me fez
(e faz, mesmo distante) perceber como a minha Educação Física é importante desde
os primeiros anos de vida da criança. E a Raquel, sua mãe, uma grande amiga, irmã
de alma que, de capricorniana para capricorniana, entende meus anseios de
progressão na vida profissional e acadêmica.
Aos meus queridos alunos do Meio Ambiente por me permitirem esse novo reencontro
num momento tão importante e especial para mim que foi a construção do TCC.
Às professoras Diane Sá, que me cedeu suas aulas, e Fátima Dórea que permitiram
esse contato com os alunos.
À Coordenadora da Universidade Pitágoras UNOPAR, Polo Esplanada-BA, Rosimeire
Lima, que cedeu os tatames e se preocupou com a condução do meu trabalho.
À Coordenadora do Colégio Estadual Celina Saraiva, Cristina Souza, que mobilizou
positivamente o corpo docente, orientando à liberação de uma hora das atividades
escolares programadas para que a Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio
Ambiente pudesse acontecer.
À Diretora do Colégio Estadual Celina Saraiva, Teresa Cristina (Tininha), que me
permitiu realizar a pesquisa, bem como apoia as minhas ideias de transformações
didático-pedagógicas no trato dos conhecimentos científicos da minha Educação
Física.
“Agradeço todas as dificuldades que enfrentei;
não fosse por elas, eu não teria saído do lugar.
As facilidades nos impedem de caminhar.
Mesmo as críticas nos auxiliam muito.”
Chico Xavier (1910-2002)
DÓREA, Dayane Ramos. Atividade física e saúde: seu trato didático-pedagógico na
educação física escolar. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) –
Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2018.
RESUMO
Este trabalho surge na perspectiva de incorporar o conhecimento atividade física e saúde como conteúdo da Educação Física escolar, para tanto, parte-se de um objetivo geral que centra na importância de propor a aplicabilidade do conhecimento atividade física e saúde fomentando a formação holística dos alunos. Traz, assim, justificativas que evidenciam os pressupostos que negligenciam a atividade física e saúde enquanto conteúdo da Educação Física escolar, bem como a superação do entendimento que tal conhecimento compete somente aos profissionais da saúde. A abordagem de natureza quali-quantitativa refere-se a um Estudo de Caso, onde à técnica de coleta de dados utilizada foram a observação participante e um questionário misto. Para o tratamento dos dados foi utilizada a análise de conteúdo, na qual, dentre os diferentes métodos, o escolhido para tratar desta pesquisa foi a análise estrutural. Cabe à Educação Física, enquanto disciplina curricular, extrapolar o fazer pelo fazer e contextualizar os conhecimentos oriundos do cotidiano dos alunos. Tratar do conhecimento atividade física e saúde na Educação Física ao longo da Educação Básica impele conotações decisivas na construção de condutas, a fim de assumir papel destacado por sua potencialidade para o desenvolvimento de um trabalho sistematizado e contínuo através da cultura corporal. Destarte, a Educação Física escolar tem por função ajudar os educandos, através do seu objeto de estudo, descobrirem todas as possibilidades que lhes são oferecidas, a fim de interagir ativa, criativa e criticamente no que diz respeito à atividade física e saúde. Para isso, impende rever todos os valores e práticas que os professores estão aceitando ou defendendo, às vezes sem verdadeira fundamentação, mas simplesmente por covardia, indolência ou comodismo. Palavras-chave: Educação Física. Atividade física e saúde. Conhecimento. Cultura corporal. Educação Básica
DÓREA, Dayane Ramos. Physical activity and health: its didactic-pedagogical
treatment in school physical education. 2018. Course Completion Work
(Specialization) – Faculty of Education, Federal University of Bahia, Salvador, 2018.
ABSTRACT
This work arises from the perspective of incorporating physical activity and health knowledge as content of school physical education, for this, it starts from a general objective that focuses on the importance of proposing the applicability of physical activity and health knowledge, fostering the holistic formation of students . It brings, therefore, justifications that evidence the assumptions that neglect physical activity and health as a content of Physical School Education, as well as the overcoming of the understanding that such knowledge is only the responsibility of health professionals. The qualitative-quantitative approach refers to a case study, where the data collection technique used was participant observation and a mixed questionnaire. For the data treatment, the content analysis was used, in which, among the different methods, the structural analysis was chosen to deal with this research. It is up to Physical Education, as a curricular discipline, to extrapolate the doing by doing and contextualize the knowledge coming from the students' daily life. Treating knowledge physical activity and health in Physical Education throughout Basic Education impels decisive connotations in the construction of conduits, in order to assume a prominent role for its potential for the development of a systematic and continuous work through body culture. Thus, the purpose of Physical Education in school is to help learners, through their object of study, discover all the possibilities that are offered to them, in order to interact actively, creatively and critically with regard to physical activity and health. For this, it is necessary to review all the values and practices that teachers are accepting or defending, sometimes without real reasoning, but simply out of cowardice, indolence or self-indulgence. Keywords: Physical Education. Physical activity and health. Body culture. Basic Education.
LISTA DE ABREVIATURAS
LDB Lei de Diretrizes e Bases
LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
PCN Parâmetro Curricular Nacional
SUS Sistema Único de Saúde
BNCC Base Nacional Comum Curricular
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1. Importância do conteúdo atividade física e saúde na escola ....... 64
GRÁFICO 2. Benefício da prática regular de atividade física ........................... 68
GRÁFICO 3. Relevância social do tema atividade física e saúde como
conteúdo da Educação Física para os alunos do curso Técnico
em Meio Ambiente ......................................................................
68
GRÁFICO 4. Motivos que podem orientar a pessoa a ser mais ativa
fisicamente .................................................................................
70
GRÁFICO 5. Importância da Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio
Ambiente para os alunos do curso Técnico em Meio Ambiente .
73
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 12
2 ASPECTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 15
2.1 CENÁRIO E SUJEITOS DA PESQUISAS ................................................. 18
2.2 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA PESQUISA ...................................... 20
2.3 INSTRUMENTOS PARA A ANÁLISE DE DADOS .................................... 21
3 OS ESTIGMAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ............................... 24
3.1 PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................ 27
3.2 A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO REGULAR E TÉCNICO
PROFISSIONALIZANTE ..........................................................................
33
3.3 ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E EDUCAÇÃO FÍSICA ................................ 37
4 A PRÁTICA SOCIAL DO CONHECIMENTO ATIVIDADE FÍSICA E
SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ...........................................
43
4.1 ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE: ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AULAS
DE EDUCAÇÃO FÍSICA ...........................................................................
45
4.2 TEORIZANDO A PRÁTICA DO CONTEÚDO ATIVIDADE FÍSICA E
SAÚDE .....................................................................................................
51
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................. 54
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 75
REFERÊNCIAS ........................................................................................ 78
APÊNDICES ............................................................................................. 84
Apêndice A – Questionário misto ............................................................. 84
Apêndice B – Plano de unidade ............................................................... 88
Apêndice C – Roteiros de cada intervenção (aula por aula) ..................... 90
Apêndice D – Apostila .............................................................................. 93
ANEXOS ................................................................................................... 98
Anexo A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Colégio ........ 98
Anexo B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Alunos ....... 99
Anexo C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Pais ........... 101
Anexo D – Folder produzido pela turma .................................................... 102
Anexo E – Fotos das intervenções ............................................................ 104
12
1 INTRODUÇÃO
A Educação Física no século XXI caminha na direção de criar e assumir uma
percepção nova de si mesma e da sociedade que contribui para formar, rejeitando a
concepção dualista do ser humano, segundo a qual seu papel seria, sobretudo (ou
somente), ao físico e abrindo-se à necessidade de saber cultural e política, fazendo
sua a responsabilidade dos cidadãos na construção de uma sociedade de homens
críticos-reflexivos.
Na atualidade, em que a Educação Física está inserida, a preocupação
emergente é com a questão do ensino-aprendizagem dos conteúdos numa dada
profundidade. Isto é, antes de ser aplicado qualquer que seja o conteúdo, o professor
deve pesquisar este conhecimento e sistematizá-lo em planejamento que vai do micro
ao macro processo de aprendizagem.
Conteúdo é conhecimento e este é que possibilita o sujeito a agir
adequadamente em sua realidade, ou seja, conhecimento é a elucidação da realidade.
Sendo assim, o professor deve sistematizar suas aulas a fim de que as mesmas não
recaiam numa mera prática pela prática, descontextualizadas da realidade do aluno e
da sociedade.
A Educação Física encontra seus conteúdos definidos, porém, apresenta
estigmas acerca de alguns conhecimentos, devido ao seu contexto histórico, contexto
este que trata o corpo numa concepção ampliada, não somente como uma máquina
que sente, composta por aparelhagens que funcionam de forma voluntária ou
involuntária. Isto significa dizer que os conteúdos abordados pela disciplina
perpassam o senso comum, ultrapassam a fragmentação do corpo que gera a
dicotomia entre corpo e mente, atingindo um corpo social, o qual reflete acerca do que
faz.
Este estudo visa reconhecer a relevância da atividade física e saúde, enquanto
conteúdo, dentro da Educação Física, de maneira pedagogizada, a fim de contribuir à
formação de cidadãos holísticos. Nesse sentido, o objeto de estudo desta pesquisa
trata do seguinte tema: o trato pedagógico do conhecimento atividade física e saúde
nas aulas de Educação Física no Ensino Médio Profissionalizante. Diante disso,
definiu-se como problema desta pesquisa: Como incorporar estratégias teórico-
metodológicas a fim de contextualizar o conhecimento atividade física e saúde nas
aulas de Educação Física?
13
As proposições teórico-metodológicas desta pesquisa circundaram o cenário
da 2ª série do Ensino Médio Profissionalizante – Técnico em Meio Ambiente de uma
instituição da rede pública de ensino estadual, a única da cidade de Esplanada,
situada no Território de Identidade 18 – Litoral Norte e Agreste de Alagoinhas, Bahia.
A aplicabilidade do conhecimento atividade física e saúde fundamentou-se na relação
ensino-aprendizagem proposta pela teorização prática da Pedagogia Histórico-crítica.
A pesquisa, de natureza quali-quantitativa, refere-se a um Estudo de Caso e, como
técnicas de coleta de dados, a observação participante, e um questionário misto. Para
o tratamento dos dados foi utilizada a análise de conteúdo, na qual, dentre os
diferentes métodos, o escolhido para tratar desta pesquisa foi a análise estrutural.
Assim, o presente trabalho surge na perspectiva de propor o trato didático-
pedagógico do conhecimento atividade física e saúde enquanto conteúdo da
Educação Física escolar, o qual sofre alguns estigmas, sendo ainda negado
historicamente. Para tanto, apresenta como objetivo geral: Incorporar estratégias
teórico-metodológicas acerca do trato didático-pedagógico do conhecimento atividade
física e saúde e sua relação com o meio ambiente nas aulas de Educação Física na
2ª série do Ensino Médio Profissionalizante – Técnico em Meio Ambiente de uma
instituição da rede pública estadual de ensino. A partir daí, estabeleceu-se como
objetivos específicos: Reconhecer os pressupostos teóricos que negligenciam a
atividade física e saúde enquanto conteúdo da Educação Física escolar; superar o
entendimento que atividade física e saúde compete somente aos profissionais da área
médica; evidenciar a importância do conhecimento atividade física e saúde na
Educação Física escolar, como elemento essencial à formação holística.
Pensar a atividade física e saúde enquanto conhecimento e, portanto, que deve
fazer parte das aulas de Educação Física surge, além de uma inquietude pessoal, da
necessidade de se elencar este conteúdo numa visão que conjugue com as questões
culturais, ambientais, psicológicas, afetivas, sociais. Para isso, o trato pedagógico
acerca de uma cultura corporal que envolva tal perspectiva – atividade física e saúde
– respalda-se na busca de uma autonomia do fazer pedagógico que trate a
corporeidade para além dos aspectos biológicos e/ou desportivos.
Dessa forma, esta pesquisa justifica-se pela importância em trazer à luz da
reflexão a pedagogização do conhecimento atividade física e saúde na Educação
Física na perspectiva do seu trato em uma turma do Ensino Médio Profissionalizante.
Assim, a produção adquire relevância acadêmica por se tratar de uma proposta que
14
busca ratificar a formação holística dos alunos, onde estes entendam e percebam a
óptica pedagógica da atividade física e saúde através da magnitude da cultura
corporal.
15
2 ASPECTOS METODOLÓGICOS
O ser humano sempre buscou explicações que justificassem sua existência,
para tanto, abandonando o mito do conhecimento pleno, a ciência passa a ser
concebida como um processo histórico. Isto é, um sistema aberto e mutável de acordo
com a “cultura de cada época e com a área do conhecimento que estiver o problema
investigado” (KÖCHE, 1997, p. 69).
Desse modo, a ciência pode ser definida como uma busca constante de explicações e soluções para os problemas que afligem e incomodam o ser humano. Para Lakatos e Marconi (2001, p. 80), ciência é a sistematização de conhecimentos, ou seja, “um conjunto de proposições lógicas correlativas sobre um comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar” (MATTOS; ROSSETTO JÚNIOR; BLECHER, 2008, p. 24).
Para Minayo (2010), a ciência é permeada por conflitos e contradições e um
destas é o embate entre ciências sociais e ciências naturais. No entanto, na
contemporaneidade, a ciência deixa de ser uma simples descrição da realidade para
tornar-se uma proposta de interpretação. Isto é, abandona o estado de ser absoluta e
acumulativa do conhecimento, passando a ser revolucionária, questionando a
possibilidade de um único método e abrindo espaço para vários métodos, não
permitindo o seu fechamento em um único sistema.
Nas ciências sociais, para Minayo (2010), o objeto de estudo – o homem – é
um ser sócio histórico e, portanto, possui consciência histórica. Vale a ressalva que
nas ciências sociais há uma identidade entre sujeito e objeto, e que sua proposta é
intrínseca e extrinsecamente ideológica, além de fundamentalmente qualitativa.
A ciência social permite a criação de teorias conforme a percepção dos
problemas encontrados pela humanidade. Assim, na ciência social há uma constante
investigação e reconstrução de teorias que visam buscar solução para os problemas
encontrados devido ao desenvolvimento social e humano (MINAYO, 2010).
No entanto, é através da pesquisa que a ciência consegue responder às
indagações humanas, ou seja, descobrir respostas para problemas mediante o
emprego de procedimentos. Demo (1996, p. 34) considera a pesquisa como uma
atitude, um “questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção
competente na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido
16
teórico prático”. E isso fica muito evidente na afirmação de Minayo (1993) quando
considera a pesquisa como
Atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados (MINAYO, 1993, p.23).
Nos dizeres de Gil (2007),
[...] a pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados (GIL, 2007, p. 19).
Portanto, sendo a pesquisa um momento especial que reúne o pensamento e
a ação de uma pessoa, ou de um grupo, com o objetivo de construir o conhecimento
de aspectos da realidade (FAZENDA, 2004), a presente pesquisa é de natureza quali-
quantitativa. É consenso entre alguns vultos (FAZENDA, 2004; DEMO, 1996) que a
pesquisa somente terá validade científica se for realizada observando os preceitos
dos métodos científicos.
Para tanto, a escolha por uma pesquisa de natureza quali-quantitativa deu-se
porquê esta compreende a utilização de ambas as naturezas, quantitativa e
qualitativa, numa pesquisa científica. Assim, combinar os dados quantitativos e
qualitativos obtidos numa mesma investigação torna-se relevante, haja vista as duas
abordagens possuírem aspectos que se complementam.
A abordagem qualitativa trata da investigação de valores, atitudes, percepções
e motivações do público pesquisado, com o objetivo principal de compreendê-los em
profundidade, não tendo preocupação em trabalhar com dados estatísticos. Já a
abordagem quantitativa representa aquilo que pode ser mensurado, exigindo
descrição rigorosa das informações obtidas, em que o pesquisador pretende obter o
maior grau de certeza possível em seus dados. Torna-se adequada quando se deseja
conhecer a extensão (de modo estatístico) do objeto de estudo, do ponto de vista do
público pesquisado.
Dessa forma, a abordagem de natureza quali-quantitativa não é oposta ou
contraditória em relação à pesquisa quantitativa, ou à pesquisa qualitativa. Contudo,
17
faz-se de necessária predominância ao se levar em consideração a relação dinâmica
entre o mundo real, os sujeitos e a pesquisa, no sentido da intensidade dada aos
consensos nos questionamentos acerca das limitações da pesquisa. Portanto,
abordagens de natureza quali-quantitativas representam uma evolução dos modelos
meramente qualitativos ou quantitativos.
A estratégia da pesquisa refere-se a um Estudo de Caso, o qual tem caráter
investigativo de um dado fenômeno contemporâneo, dentro de seu contexto real. Além
disso, atende também aos preceitos da pesquisa-ação. Entretanto, as fronteiras entre
o fenômeno e o contexto não são bem definidas, sendo utilizadas múltiplas fontes de
evidências. O Estudo de Caso favorece um conhecimento amplo e detalhado da
pesquisa, posto
a) explorar situações da vida real cujos limites não estão claramente definidos; b) preservar o caráter unitário do objeto estudado; c) descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação; [...] e) explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas que não possibilitam a utilização de levantamentos e experimentos (GIL, 2007, p. 54).
Nesta perspectiva, a pesquisa ocorreu ao final da II unidade do ano letivo de
2018, na única instituição de ensino público médio regular e profissionalizante do
município de Esplanada, Bahia. Estou vinculada à instituição há três anos, por meio
do Regime especial de Direito Administrativo (REDA, 2015), lecionando a disciplina
Educação Física nas segundas e terceiras séries do Ensino Médio Regular.
A turma onde aconteceram as intervenções foi o 2º ano do Ensino Médio
Profissionalizante, curso Técnico em Meio Ambiente, e sua escolha se deu porque no
1º ano fui a professora de Educação Física, no único momento do curso que a
disciplina é contemplada na ementa, bem como para não gerar conflito de
metodologias, visto ser uma outra professora nas primeiras séries. A seguir há a
caracterização do cenário e sujeitos que deram suporte à pesquisa, bem como as
técnicas e instrumentos para a coleta de dados e para a análise de dados.
18
2.1 CENÁRIO E SUJEITOS DA PESQUISAS
O cenário escolhido para a pesquisa foi o Colégio Estadual Celina Saraiva
(anexo A), uma instituição da rede pública estadual de ensino, que contempla o Ensino
Médio Regular e Profissionalizante. A instituição localiza-se no município de
Esplanada (BA), situado no Território de Identidade 18 – Litoral Norte e Agreste Baiano
(conforme mapas abaixo), compondo-se no total de vinte e duas cidades. Esplanada
dista 160,3 km da capital, Salvador, tendo como principais vias de acesso a BR 101,
BA 110 e a Linha Verde (BA 099).
Imagens retiradas da internet.
Esplanada possui vegetação litorânea e uma grande variedade de plantas e
animais. Entretanto, a parte da mata que cobre o município vem sendo terrivelmente
devastada, em decorrência do plantio de pastagem do eucalipto e também devido à
exploração de petróleo. Apresenta, ainda, uma arrecadação mensal de mais de cinco
milhões aos cofres públicos e sua população estimada no ano de 2017 foi de 37.845
habitantes, a maioria residente na zona urbana.
O Colégio Estadual Celina Saraiva localiza-se na Rua Doutor Antônio Gomes
de Oliveira, S/N, Centro e funciona integralmente nos três turnos. Sua sede apresenta
um total de 1.113 alunos, subdivididos em: 412 alunos no turno matutino, 272 no turno
vespertino e 429 no noturno. Oferta o Ensino Médio Regular (1ª, 2ª e 3ª séries), o
19
Ensino Médio Profissionalizante (Técnico em Meio Ambiente, Técnico em Manutenção
de Microcomputadores) e Pro-EJA (Administração).
O Colégio é estruturado com doze salas (seis no térreo e mais seis no andar
superior); uma secretaria; uma cantina; quatro banheiros (dois no térreo e dois no
andar superior); uma sala de professores, com banheiro; uma sala de vice-direção;
uma sala de direção; uma sala de espera; uma sala de coordenação; uma sala de
reunião para as ACs (Atividades Complementares); duas salas de projeção; uma
biblioteca; e uma quadra que não é poliesportiva e descoberta, onde ocorrem as
vivências de Educação Física.
A pesquisa foi realizada nos meses de julho e agosto de 2018, no 2ª série do
Ensino Médio Profissionalizante – Curso Técnico em Meio Ambiente, que conta com
dezesseis alunos, ao longo da segunda unidade do Colégio. Como a partir do 2ª série
algumas disciplinas saem da ementa e outras são reduzidas para que haja a
integração das disciplinas específicas do curso, os alunos não têm aula de Educação
Física. Dessa forma, para que a pesquisa fosse contemplada nessa turma, a
professora da disciplina de Intervenção cedeu duas de suas aulas (contabilizando o
total de aulas ofertadas em um segundo ano regular) para que houvesse a produção
do conhecimento e, de forma interdisciplinar os alunos foram avaliados, mantendo,
principalmente o foco central na pesquisa.
Os alunos são muito carinhosos, o que tornaram os diálogos e vivências mais
prazerosas. A afetividade expressa pelos alunos fez com que a contribuição na
pesquisa fosse idealizada e posta em prática de maneira enriquecedora. Ademais, ao
serem esclarecidos que estavam participando de uma pesquisa de cunho acadêmico,
a qual representa o requisito à concretização da minha formação, os educandos não
hesitaram em auxiliar no que fosse necessário.
Enfim, o envolvimento dos discentes foi de total relevância tanto na construção
do processo ensino-aprendizagem, como no decorrer da pesquisa. Os educandos
participaram de todas as atividades propostas, fossem essas escritas, discussões,
produções ou práticas corporais, fato que fomentou a minha satisfação na construção
do presente trabalho.
Por fim, as técnicas de pesquisa são procedimentos que o pesquisador adota
para realizar a coleta de dados. Cabe ao pesquisador escolher a técnica eu melhor se
adéque ao método e tipo de pesquisa escolhidos e também devem ser considerados
20
os objetivos da pesquisa. Assim, a escolha correta da técnica é essencial para garantir
a seriedade e a credibilidade da pesquisa.
2.2 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DA PESQUISA
As técnicas de pesquisa são os procedimentos que o pesquisador adota para
realizar a coleta de dados. Já os instrumentos são elaborados e utilizados pelo
pesquisador, a fim de obter os dados necessários para proceder com a análise do
problema investigado (TRIVINÕS, 1987). Portanto, cabe ao pesquisador escolher a
técnica que melhor se ajuste ao método e ao tipo de pesquisa escolhidos por ele, bem
como o tipo de instrumento mais adequado deve estar estritamente relacionado ao
tipo de pesquisa que está sendo realizada (GIL, 2007).
Referente à técnica de coleta de dados foi utilizada a observação participante,
a qual ajudou a garantir a seriedade e a credibilidade da pesquisa. Esta se trata de
uma investigação caracterizada pelas interações ocorridas entre o investigador e os
sujeitos sociais da pesquisa, sendo um procedimento em que os dados são recolhidos
de forma sistematizada. Ademais, a observação participante é dinâmica e envolve
tanto o pesquisador, como os sujeitos, sendo que o investigador é simultaneamente o
instrumento na coleta de dados e na sua interpretação. Entende-se então que a
observação participante é uma
Situação de pesquisa onde observador e observado encontram-se face a face, e onde o processo de coleta de dados se dá no próprio ambiente natural de vida dos observados, que passam a ser vistos não mais como objetos de pesquisa, mas como sujeitos que interagem em dado projeto de estudos (SERVA; JAIME JÚNIOR, 1995 apud SANTOS, 2012).
Outra técnica de coleta de dados utilizada nesta pesquisa foi um questionário
misto (apêndice A), o qual foi composto basicamente por perguntas abertas e
fechadas, previamente padronizadas. Tal técnica fornecerá tantos dados qualitativos
como quantitativos, os quais subsidiarão a pesquisa.
O questionário pode ser misto, com perguntas abertas e fechadas. As perguntas fechadas são destinadas a obter informações sociodemográficas do entrevistado (sexo, escolaridade, idade etc.) e identificar suas opiniões
21
(sim – não; conheço – não conheço etc.). Já as perguntas abertas visam aprofundar as opiniões do entrevistado a respeito do tema, podendo expor seus pensamentos sobre o assunto investigado (MATTOS; ROSSETTO JÚNIOR; BLECHER, 2008, p. 68).
Por conta da relação interpessoal estabelecida entre pesquisador e sujeitos da
pesquisa, isto é, professora e alunos, algumas formalidades foram postas de lado.
Todavia, o termo de consentimento foi assinado e datado por cada educando que
aceitou participar da pesquisa. Vale ressaltar que este termo foi composto de um breve
texto explicativo acerca da importância da pesquisa, bem como a opção em não
participar ou desistir após ter iniciado a resolução do questionário misto.
Desse modo, através do termo de consentimento dos alunos (anexo B) e dos
pais (anexo C) – direcionados aos alunos menores de idades –, que apresentava um
texto coeso à maturidade cognitiva dos educandos envolvidos no processo
investigativo, alunos e pais puderam analisar e aceitar participar desta pesquisa.
Ademais, o referido termo constará juntamente ao questionário, o qual apresentará
perguntas acerca da importância do conteúdo Atividade Física e Saúde e sua relação
com o Meio Ambiente na vida dos educandos, bem como a representatividade deste
conhecimento na vida dos mesmos.
Os procedimentos para análise e a apresentação dos resultados podem
influenciar diretamente na codificação para possíveis maneiras de analisar as
respostas para que então se possa apresentar os resultados e discuti-los. Assim, a
escolha dos instrumentos para análise de dados deve considerar as demandas
apresentadas a partir da coleta destes.
2.3 INSTRUMENTOS PARA A ANÁLISE DE DADOS
Para a análise de dados, momento dotado de análise e estruturação do que foi
coletado, foi utilizada a análise de conteúdo, definida como um conjunto de técnicas
de exploração de documentos, procurando identificar os principais conceitos ou temas
abordados em um dado texto. Bardin (1977 apud MINAYO, 2010) define a análise de
conteúdo como
22
Um conjunto de técnicas de análise de comunicação visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção destas mensagens (BARDIN, 1977 apud MINAYO, 2010, p. 303).
Não obstante, a análise de conteúdo é tida como um dos métodos mais comuns
na investigação empírica, sendo realizada pelas diferentes ciências humanas e
sociais. Trata-se, pois, de uma técnica de análise textual que se utiliza em questões
abertas de questionários e sempre em entrevistas.
Para tanto, dentro das técnicas de análise de conteúdo articulam-se diferentes
métodos, dentre os quais, o escolhido para tratar desta pesquisa foi a análise
estrutural, tendo em vista o seu caráter de sistematização dos dados obtidos. Minayo
(2010, p. 311), ao tratar da análise estrutural defende que
Por trás dessa busca está a noção de sistema. Analisar significará, nesse tipo de estudo, reencontrar as mesmas engrenagens, quaisquer sejam as formas dos mecanismos em que se apresentem. A significação, no caso, fica subordinada à estruturação da linguagem.
A análise estrutural parte do pressuposto de que todo o texto é uma realidade
estruturada, isto é, procura descobrir uma ordem oculta do funcionamento do discurso
ao elaborar um modelo operatório abstrato, a fim de se estruturar este discurso
tornando-o mais compreensível. Além disso, vale elucidar que os dados quantitativos
foram organizados, armazenados e tabulados através de meios informáticos,
utilizando o programa Excel, onde para análise destes dados foi utilizada a estatística
descritiva, composta de gráficos e percentagem. A estatística descritiva, segundo
Andrade (2010) faz-se relevante em uma pesquisa tendo em vista a sua dinamicidade
na coleta, organização e descrição dos dados.
Não obstante, a análise de conteúdo se organiza basicamente em três
momentos: o primeiro é a pré-análise, que concentra na organização do material,
escolha dos documentos a serem analisados, formulação de hipóteses ou questões
norteadoras, bem como na elaboração de indicadores que fundamentam a
interpretação final. O segundo momento consiste numa etapa mais longa, que é a
exploração do material, que compreende a escolha de unidades de registro, a seleção
de regras de contagem e a escolha de categorias de estudo. A terceira e última fase
é o tratamento dos resultados obtidos na pesquisa, ou seja, a interpretação destes.
23
Nesse sentido, todas as decisões que o pesquisador tomar precisa sempre
levar em consideração os objetivos da pesquisa. Se não houver sintonia entre eles e
os demais itens da metodologia poderá haver, certamente, o comprometimento do
resultado final. A partir de tais cuidados, evita-se que durante a análise de dados se
constate que algum objetivo não poderá ser atingido por falta de dados, ou que alguns
dados deverão ser desprezados por não corresponderem aos objetivos estabelecidos,
os quais foram organizados e delimitados a partir de uma construção histórica da
Educação Física escolar.
24
3 OS ESTIGMAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
A análise histórica mostra que a Educação Física enquanto disciplina escolar
no Brasil, assim como as demais disciplinas que compunham o sistema escolar no
início da colonização, sofreu os efeitos do processo de transplantação da cultura
europeia. Ainda com o nome de ginástica, já estava presente no início da organização
do sistema escolar brasileiro.
No decorrer de sua história essa disciplina teve várias influências de
abordagens pedagógicas, que buscavam uma base de sustentação, além das já
conhecidas anatomia e fisiologia. Nessa perspectiva, a Educação Física no contexto
escolar e na construção de seu conhecimento específico apresentou variadas
tendências pedagógicas que buscavam encontrar razões para justificar sua presença
na escola.
No século XIX, a Educação Física, vinculada às instituições militares e à classe
médica, foi incluída nos currículos de alguns estados brasileiros. Neste período, sob
uma forte influência escolanovista, a disciplina adquire um caráter de desenvolvimento
integral do ser humano, aliado ao discurso higienista com fins eugenistas da raça e
prevenção de doenças de maneira descontextualizada. Já na década de 1964 a
Educação Física recebeu influência da tendência tecnicista, no intuito de se formar
mão de obra qualificada devido à força pujante do capitalismo.
Atualmente se concebe a existência de algumas abordagens para a Educação Física escolar no Brasil que resultam da articulação de diferentes teorias psicológicas, sociológicas e concepções fisiológicas. Todas essas correntes têm ampliado os campos de ação e reflexão para a área e a aproximando das ciências humanas, e, embora contenham enfoques científicos diferenciados entre si, com pontos muitas vezes divergentes, têm em comum a busca de uma Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser humano (BRASIL, 1997, p. 24).
Os diferentes enfoques dados à Educação Física ao longo dos anos, buscando
legitimá-la enquanto conteúdo curricular e como disciplina possuidora e produtora de
conhecimento acarretaram confusões à mesma sob a fundamentação dos conteúdos
escolares, concebendo, portanto, a negligência de conhecimentos importantes por
uma visão defasada e arraigada de preconceitos historicamente construídos.
Não obstante, a compreensão de componente curricular é realizada a partir da
Lei de Diretrizes e Bases – LDB (BRASIL, 1997) de 1996, que apresenta essa área
25
como tal e também a coloca como obrigatória em toda a educação básica. A partir de
então, garante-se que a Educação Física é agora uma disciplina escolar com as
mesmas responsabilidades das demais.
É sabido que a Educação Física trata do corpo numa concepção ampliada, não
somente como uma máquina que sente, composta por aparelhagens que funcionam
de forma voluntária ou involuntária. Isto significa dizer que os conteúdos abordados
pela disciplina perpassam o senso comum, ultrapassam a fragmentação do corpo que
gera a dicotomia entre corpo e mente, atingindo um corpo social, o qual reflete acerca
do que faz.
Tal corpo, entendido aqui como um ser humano que possui e produz cultura,
bem como a transmite ao longo dos anos, segundo o PCN (Parâmetro Curricular
Nacional) de Educação Física (1997), este necessita ser analisado em sua inteireza.
Isso implica dizer que a percepção do próprio corpo, ou seja, do homem enquanto ser
atuante na sociedade requer uma análise e compreensão de suas alterações no
decorrer dos séculos, a fim de gerar uma autonomia no que tange uma criticidade
acerca da saúde, da atividade física e do próprio corpo enquanto ferramenta
manipulável pelos conceitos sociais.
Os saberes tratados na Educação Física nos remetem justamente a pensar que existe uma variedade de formas de aprender e intervir na realidade social que deve ser valorizada na escola numa perspectiva mais ampliada de formação (BRASIL, 2008, p. 218-219).
Para tanto, os professores de Educação Física devem incorporar novas
competências frente à estrutura educacional, procurando proporcionar em suas aulas,
além de uma visão exclusiva à prática de atividades esportivas e recreativas. Ou seja,
também, propor metas voltadas ao trato da atividade física e saúde, mediante seleção,
organização e desenvolvimento de experiências que possam propiciar aos alunos
situações que conduzam a uma tomada de consciência sobre as alterações que
ocorrem ao longo da vida (GUEDES, 1999).
Não obstante, o Sistema Único de Saúde (SUS), através de um projeto
universal, público, equânime, integral e democrático, busca configurar a relação
existente entre educação e saúde, alicerçando-se em suas múltiplas dimensões:
social, ética, política, cultural e científica. Tais dimensões são encontradas como
26
objetivos a serem tratados pelo professor de Educação Física no âmbito da cultura
corporal.
A educação, como um processo de diálogo, indagação, reflexão, questionamento e ação partilhada, propõe, como objetivo principal, tornar as pessoas cada vez mais capazes de pensar – consciência crítica –, e de encontrar formas alternativas de resolver seus problemas, entre eles o de saúde-doença, e não apenas de “seguir normas recomendadas de como ter mais saúde ou evitar doenças” (SUS, 2001, p. 62).
Não obstante, escola vem buscando modificar a realidade historicamente
construída e ainda arraigada no processo educacional. Exemplo disso é que a mesma
procura pautar-se nas prioridades sociais, políticas e culturais, com princípios
norteados pela ética dos quatro pilares da educação do século XXI, proposto por
Delors (1998): aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e
aprender a ser; visando além da produção do conhecimento, o exercício da cidadania
e a formação de cidadãos holísticos, ou seja, primando pela ênfase do todo, em que
as partes são conectadas formando um todo indiviso.
O holismo [...] não se trata de uma teoria, mas de uma abordagem postulando que o entendimento da saúde não pode ser separado da compreensão dos indivíduos como um todo: reconhece-se que a saúde tem uma natureza multifatorial, oposta a uma visão funcionalista. Isso significa que devemos ter em mente que os indivíduos fazem parte de um sistema complexo de interações físicas, históricas, sociais e pessoais (BARIC, 1985 apud FARINATTI; FERREIRA, 2006, p. 73).
Diante disso, a escola “tem como papel fundamental a formação plena do
indivíduo em relação a si mesmo, à família, à humanidade, ao planeta e ao cosmos,
numa relação de respeito à harmonia” (NASCIMENTO; SOUZA, 2014, p. 6). Para
Libâneo (2001a),
[...] a escola precisa deixar de ser meramente uma agência transmissora de informação e transformar-se num lugar de análises críticas e produção da informação, onde o conhecimento possibilita a atribuição de significados à informação [...] (LIBÂNEO, 2001a, p. 85).
Também não é raso dizer que refletir sobre a ação docente requer
anteriormente o levantamento dos fundamentos teóricos e metodológicos que
embasam sua ação, visto que toda ação humana está embebida de conceitos
intrínsecos. Desse modo, apropriar-se de tais fundamentos faz com que o professor
27
se aproxime vertiginosamente de uma prática contextualizada. Portanto, ao
reconhecer que mesmo dentro do universo educacional existem especificidades na
prática, garante uma ação que contempla as demandas educativas dos seus alunos.
Assim, o trato docente acerca da cultura corporal que envolva tal temática –
atividade física e saúde – respalda-se na busca de uma autonomia do fazer
pedagógico que enfoque a corporeidade para além dos aspectos biológicos e/ou
esportistas. Daí a importância de reconhecermos e compreendermos o percurso
histórico da Educação Física como um componente curricular e também como uma
área de conhecimento específico no contexto escolar.
3.1 PERCURSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
No decorrer histórico da educação brasileira, foram surgindo variadas
perspectivas e concepções educacionais para a disciplina Educação Física. A questão
histórica busca apresentar o conhecimento necessário a fim de entendermos como a
trajetória influencia nas vertentes ideológicas de ensino. Ou seja, se não conhecermos
o passado, o presente pode nos parecer sem sentido e com um futuro incerto.
Dessa forma, a compreensão dos processos históricos que influenciaram e
influenciam diretamente na Educação Física nos possibilita compreender o porquê da
sua presença no contexto escolar, qual sua relação com o processo de aprendizagem,
bem como percebemos alguns conceitos fortemente arraigados, os quais
impossibilitam uma visão mais ampliada do trato pedagógico da Educação Física.
Nos registros históricos podemos acompanhar o cuidado que as gerações
passadas possuíam com o corpo e suas capacidades. Esse cuidado com a prática de
atividade corporal também pode ser observado nos dias de hoje. Porém, a
compreensão da manifestação corporal não aconteceu de forma abrupta, sendo
necessária uma construção histórica para que esse fato ocorresse. Vemos que, no
desenrolar da história, houve momentos em que a manifestação corporal ora foi
suprimida, ora foi disseminada. Também devemos levar em conta o contexto no qual
esses fatos ocorreram e em que cultura estavam inseridos. Mas de uma forma geral
podemos observar que houve um processo de evolução relativa ao corpo. Sobre isso,
Ramos (1983) relata que:
28
Dentro da acadêmica divisão da história, acompanhando a marcha ascensional do homem, documentada, sobretudo no mundo ocidental, somos levados a afirmar que a prática dos exercícios físicos vem da pré-história, afirma-se na Antiguidade, estaciona na Idade Média, fundamenta-se na Idade Moderna e sistematiza-se nos primórdios da Idade Contemporânea (RAMOS, 1983, p. 15).
De certo modo, o pano de fundo da Educação Física, a qual em seus primórdios
não possuía ainda tal nomenclatura, foram a filosofia e a religião, sempre em busca
de uma superação espiritual, sendo que as questões éticas e morais faziam parte
desta construção. Exemplo disso está nos registros antigos feitos pelo próprio homem,
como as pinturas rupestres e posteriores escrituras.
Assim o ser humano à luz da ciência executa movimentos corporais, desde os
mais básicos e naturais, aos mais sofisticados, a partir do momento que se pôs de pé.
As concepções de Educação Física na China, na Índia, no Japão, no Egito, na Grécia
e em Roma foram, por certo, pautadas no dualismo corpo e mente, visando o
fortalecimento corporal, no anseio de recuperar o equilíbrio do espírito (mente), já
sobrecarregado pela formação intelectual.
Segundo René Descartes (1637), a dicotomia entre corpo e mente se
popularizou graças ao dualismo cartesiano que apresenta o corpo como máquina
separada da mente ou da razão; compreendendo o corpo como duas coisas diferentes
coexistindo num mesmo espaço, ou seja, no homem, apresentando um corpo que faz
e uma mente que pensa.
Assim, desde o início do século XIX as concepções que constituíam a
Educação Física, concebida com o nome de ginástica, compunham-se em sistemas
metodizados que apresentavam diferenças entre si, embora seguissem o mesmo ideal
de corpo e mente separados. Essas correntes, juntamente com o desporto inglês,
passaram a formar as bases da tradição da cultura motora europeia, as quais são
conhecidas como métodos ginásticos, em que se destacam o sueco, o alemão e o
francês, métodos que foram a base do princípio da inserção da Educação Física no
Brasil.
Marinho (1984) aponta o ano de 1823 como um dos mais importantes para a
educação brasileira, quando se começou a discutir na Assembleia Constituinte as
mudanças no sistema educacional brasileiro, e foi ainda nesse ano que a Assembleia
apresentou, pela primeira vez, uma menção sobre a disciplina Educação Física.
29
Portanto, a Educação Física, ainda concebida com o nome de ginástica, já estava
presente no início da organização do sistema escolar brasileiro, ou seja, desde a
época do Brasil colônia.
No contexto brasileiro, a Educação Física confunde-se em muitos momentos
da sua história com as instituições médicas e militares. Desse modo, faz-se importante
que conheçamos as influências que marcaram e caracterizaram durante anos a
Educação Física no âmbito escolar.
Em 1851, a partir da Reforma Couto Ferraz, a Educação Física tornou-se
obrigatória nas escolas do município da Corte. Mas foi somente em 1882 que a
Educação Física, nomenclaturada de ginástica, que recebeu total apoio à sua inserção
no âmbito escolar, equiparando os seus professores como aos das outras disciplinas.
Tal ideia foi defendida por Rui Barbosa – Projeto 224 – Reforma Leôncio de Carvalho,
Decreto 7.247, de 19 de abril de 1879 –, haja vista acreditar na importância de se ter
um corpo saudável que suportasse a atividade intelectual (BRASIL, 1997).
No Brasil, por volta da segunda década do século XIX, já em momento posterior à conquista da Independência, é desencadeado um vigoroso projeto de eugenização da população brasileira. Este projeto se coloca como possibilidade de alteração de um quadro no qual a metade da população do Brasil era constituída de escravos negros, índice que permanece até por volta de 1850 (SOARES, 2001, p. 73).
A eugenização mencionada constava no aprimoramento das características da
raça humana, especialmente pela seleção dos indivíduos submetidos ao processo
reprodutivo. A eugenia no Brasil estava associada a um cenário histórico e político
mundial, configurado pelas ideologias nazistas e fascistas. Tal preocupação com o
corpo fortalecia-se com o passar dos anos e, a fim de obter a ordem e o progresso,
era importante formar indivíduos fortes e saudáveis que defendessem a pátria e os
seus ideais.
Entretanto, o discurso eugênico não se sustentou por muito tempo, cedendo
espaço aos objetivos higiênicos e de prevenção de doenças, os quais se tornaram
passíveis de serem abordados e trabalhados no contexto educacional. Assim,
Apenas em 1937, na elaboração da Constituição, é que se fez a primeira referência explícita à Educação Física em textos constitucionais federais, incluindo-a no currículo como prática educativa obrigatória (e não como disciplina curricular), junto com o ensino cívico e os trabalhos manuais, em todas as escolas brasileiras. Também havia um artigo naquela constituição
30
que citava o adestramento físico como maneira de preparar a juventude para a defesa da nação e para o cumprimento dos deveres com a economia (BRASIL, 1997, p. 21).
A Educação Física higienista (1889-1930) caracteriza-se na ênfase dada à
saúde, onde o papel da disciplina consistia na formação de indivíduos fortes,
saudáveis e propensos à aderência de condutas saudáveis na melhoria da qualidade
de vida em detrimento de maus hábitos. Ou seja, ao higienismo cabia a função de “[...]
proporcionar aos alunos o desenvolvimento harmonioso do corpo e do espírito,
formando o homem física e moralmente sadio alegre e resoluto” (MARINHO, 1953, p.
177).
Entre 1930 e 1945 a Educação Física adquire um caráter militarista onde a
coragem e a vitalidade são os seus alicerces. Tal tendência visava impor à sociedade
estereótipos comportamentais, frutos de uma conduta altamente disciplinar. Segundo
Castellani Filho (1988), a Educação Física militarista, preocupada com a saúde
individual e coletiva, tinha por objetivo principal a obtenção de uma juventude capaz
de suportar a guerra, devido o eminente perigo de um suposto combate interno ou
externo no Brasil1.
Assim, com uma visão de adestramento corporal, a Educação Física militarista somente utilizava-se da prática de esportes e jogos recreativos se estes fossem úteis, visando à eliminação dos fisicamente incapacitados. Servia, então para o “desenvolvimento harmônico do corpo. Desenvolvimento da personalidade. Aperfeiçoamento da destreza. Emprego da força e espírito de solidariedade” (MAZZEI; TEIXEIRA, 1967, p. 143).
Posteriormente, surge a Educação Física pedagogicista (1945-1964) a qual
reivindica a necessidade de encará-la para além de uma prática capaz de promover
saúde ou disciplinar a juventude. Portanto, tal tendência ampliava a Educação Física
a uma prática educativa, preocupada com os jovens que frequentavam as escolas.
Através do processo de industrialização, urbanização e o estabelecimento do
Estado Novo, a Educação Física adquiriu um novo contexto: “fortalecer o trabalhador,
melhorando sua capacidade produtiva, e desenvolver o espírito de cooperação em
benefício da coletividade” (BRASIL, 1997, p. 21). Tal perspectiva subsidiou a
influência tecnicista na Educação Física, onde o ensino desta disciplina era visto como
1 Tal período caracterizou a Segunda Guerra Mundial e, no Brasil, o governo era sediado por militares que temiam a ação de revoltosos. Nesse sentido, a Educação Física amplia a perspectiva de saúde pessoal, adquirindo o caráter de defesa dos interesses nacionais.
31
uma forma de produzir mão de obra qualificada, visando um significativo
desenvolvimento econômico.
Portanto, durante os anos de 1964 a 1985 houve uma supervalorização e alto
investimento na Educação Física, a qual adquiriu um caráter competitivista, com um
sinônimo de desporto e este, sinônimo de verificação de performance. Nesta
perspectiva, o professor deveria preparar seus alunos para que fossem futuros atletas.
Entretanto, na década de 1980 os efeitos dessa tendência começam a ser
contestados, haja vista os objetivos não terem sido alcançados. Sob fortes influências
das teorias críticas da educação a relação ensino e aprendizagem na Educação
Física, seus objetivos, conteúdos e pressupostos pedagógicos sofreram
questionamentos, bem como em sua dimensão política (BRASIL, 1997).
É neste momento que emerge a Educação Física popular (1985), a qual não se
preocupa com a saúde pública, entendendo que tal questão não pode ser discutida
independente do levantamento da problemática pela atual organização do país.
Assim, a Educação Física popular pretende mudar o paradigma da referida disciplina,
isto é,
[...] o aluno sistematiza o conhecimento sobre os saltos e os conceitos que explicam o conteúdo e a estrutura do objeto salto, desde as leis físicas e características no nível cinésio/fisiológico, até às explicações político-filosóficas da existência de modelos de salto (SOARES et al, 1992, p. 65).
Pode-se perceber, desse modo, que a Educação Física no Brasil passou por
diversos períodos que, por sua vez, possuíam diferentes concepções relacionadas à
função da própria disciplina, da necessidade, da maneira de trabalhar e ver o corpo.
Não obstante a isso, vale a ressalva que a Educação Física através dos séculos tem
sido utilizada como meio de manipulação para manutenção de uma suposta ordem do
status quo2.
Atualmente se concebe a existência de algumas abordagens para a Educação Física escolar no Brasil que resultam da articulação de diferentes teorias psicológicas, sociológicas e concepções fisiológicas. Todas essas correntes têm ampliado os campos de ação e reflexão para a área e a aproximando das ciências humanas, e, embora contenham enfoques científicos diferenciados entre si, com pontos muitas vezes divergentes, têm em comum a busca de uma Educação Física que articule as múltiplas dimensões do ser humano (BRASIL, 1997, p. 24).
2 A Educação Física aparece em diversos momentos da história do Brasil protagonizando soluções das demandas sociais, todavia, configura-se no cenário educacional como uma mera coadjuvante.
32
De um modo geral, a Educação Física, quando inserida no currículo escolar,
era tida como um momento para a prática da ginástica, com a finalidade de deixar o
corpo saudável – prática pela prática. Após muitas reformas no próprio modo de
pensar a Educação Física, hoje ela é uma disciplina complexa que deve, ao mesmo
tempo, trabalhar as suas próprias especificidades, inter-relacionando-se com os
outros componentes curriculares.
Essa obrigatoriedade é garantida através da atual Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBEN), 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996, promulgada pelo
então presidente Fernando Henrique Cardoso. A mesma, em seu artigo 26, § 3º
condiciona a existência da Educação Física como componente curricular obrigatório
da educação básica, integrada à proposta pedagógica da escola.
A Educação Básica no Brasil constitui-se do Ensino Infantil, Ensino
Fundamental I e II e Ensino Médio, bem como do Ensino Superior. Existem também
outras modalidades de ensino como a Educação de Jovens e Adultos (EJA), Ensino
Técnico Profissionalizante, Educação Especial e Educação a Distância (EAD).
O ensino médio é o último estágio do ensino básico, logo, é o último ciclo da
Educação Física na escola. Kuenzer (2000) reforça que todos os agentes escolares
envolvidos com o processo de escolarização desenvolvido no ensino médio têm o
papel de instigar constantemente o aluno a lidar com a incerteza, substituindo a rigidez
(de pensamento) por flexibilidade e rapidez, a fim de atender às demandas dinâmicas
que se diversificam em qualidade e quantidade.
Dessa forma, à Educação física no ensino médio cabe sistematizar seus
conteúdos para que o aluno possa participar como sujeito na construção de uma
sociedade em que o resultado de produção material e cultural esteja disponível para
todos, assegurando qualidade de vida e perseverando a natureza. Assim, os
conteúdos do ensino médio devem ter os objetivos bem definidos, com propósitos
claros onde os alunos deverão conhecer, vivenciar e incorporar suas aprendizagens
nas mais diversas possibilidades da cultura corporal. Daí, em tempos de reformas
curriculares, revela-se uma necessidade incomensurável de reconhecer a importância
da Educação Física no ensino médio regular e profissionalizante.
33
3.2 A EDUCAÇÃO FÍSICA NO ENSINO MÉDIO REGULAR E TÉCNICO
PROFISSIONALIZANTE
A identidade da Educação Física no chão da escola foi construída a partir de
processos de negociação e disputa de valores, concepções e perspectivas. Ao longo
de sua história na educação brasileira foi (e ainda é) palco de debates, conflitos e
negociações acerca do seu papel na escola, como a preparação do corpo do aluno
para o mundo do trabalho; formação de atletas; instrumento de disciplinarização e
interdição o corpo, entre outros.
Diante dessa pluralidade de usos da Educação Física na escola, tornou-se
imprescindível uma tomada de posição acerca da sua contribuição na formação dos
alunos, que não se dá pela via do consenso, sendo fruto de toda uma série de debates
que o campo da Educação Física vem realizando desde o final da década de 1980.
Assim, as práticas corporais dos sujeitos passam a ser mais uma linguagem
diferente e com métodos e técnicas particulares, pelo fato de possuírem valores nelas
mesmas, sem a necessidade de serem traduzidas para outras linguagens para obter
o seu reconhecimento. Por meio do movimento expressado pelas práticas corporais,
os jovens retratam o mundo em que vivem e também escrevem suas marcas culturais,
através dos conhecimentos historicamente construídos e culturalmente transmitidos.
A Educação Física ao longo da Educação Básica, incluindo, portanto, o ensino
médio regular e profissionalizante tem seus conteúdos organizados, segundo os
PCNs (1997) em blocos de conhecimento que estão interligados entre si, com
conceitos dos conhecimentos sobre o corpo bem definidos em: jogo, esporte, lutas,
ginástica e dança. Nessa perspectiva, os conhecimentos sobre o corpo devem ser
aplicados em ações pedagógicas corporais, onde o aluno entenderá a importância do
seu corpo e dos corpos que transitam nas diferentes sociedades com o passar dos
anos.
Assim, a educação básica tem como sua etapa final e de consolidação o ensino médio, que objetiva a “preparação básica para o trabalho (ocupacional) e a cidadania (educacional) do educando para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores”. Ou seja, a melhoria da qualidade da educação profissional depende de uma boa qualidade da educação básica. Ambas devem estar compatíveis com o grau de qualidade que lhes são exigidos (SILVA, 2000, p. 25).
34
Cabe aqui destacarmos que a educação em nível técnico profissionalizante
está associada de forma inovadora à Educação Básica, vinculada a um ensino médio
de três ou quatro anos, contando com currículos que articulam de maneira mais
adequada e compatível com as novas exigências do mundo do trabalho, em condições
de melhor atender às diferentes demandas de trabalhadores e de empresas, uma vez
que as disciplinas estabelecidas curricularmente condizem com a realidade e
necessidade de cada curso. Desse modo,
A educação profissional de nível técnico é complementar à educação básica, devendo com ela articular-se, sem perder sua própria identidade. A identidade curricular própria, entretanto, não significa desintegração. Poder-se-ia associar [...] a identidade curricular própria, como forma de desarticulação com os demais componentes curriculares. Mas, articular-se não implica em substituir ou concorrer com o ensino médio, mas sim em assentar-se numa sólida educação básica. [...] não excluindo nenhum componente mais ou menos importante ao que dispõe as orientações em termos de educação geral (SILVA, 2000, p. 27).
Portanto, o ensino médio regular e técnico profissionalizante configuram-se
num processo de consolidação da Educação Básica e dos conhecimentos
apreendidos ao longo do ensino fundamental. Tal perspectiva nos faz entender que a
Educação Física existente na a articulação entre ensino médio e ensino técnico visa
aprimorar educando como ser humano em seu potencial de desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico, bem como da compreensão dos
fundamentos científicos e tecnológicos dos processos produtivos e de preparação
básica para o trabalho e exercício da cidadania do educando, para continuar
aprendendo, de modo a ser capaz de adaptar-se, de forma flexível às novas condições
da ocupação ou às exigências de aperfeiçoamentos posteriores.
Assim, o professor de Educação Física do ensino médio regular e técnico
profissionalizante tem como prioridade entender seus alunos na sua condição de
jovens, compreendendo-os nas suas diferenças, percebendo-os como sujeitos que se
constituem como tal a partir de uma trajetória histórica, por vezes com visões de
mundo, valores, sentimentos, emoções, comportamentos, projetos de mundo
bastante peculiares, sendo eles os construtores de suas subjetividades e identidades,
a partir de condições de pertencimento a determinado gênero, etnia, classe social,
etc. (BRASIL, 2008).
35
As aulas de Educação Física não acontecem em um local abstrato, mas sim,
são realizadas por sujeitos concretos, reais, possuidores de histórias de vida e,
sobretudo, de um corpo. E é nessa vida real e concreta de alunos e alunas que estão
as marcas que constituem suas identidades pessoais e coletivas, como por exemplo,
em manifestações de rua, festas, etc. constituem lugares de formação e produção de
cultura pelos jovens, que precisam ser reconhecidos e trabalhados dentro da escola.
Nesse sentido, cabe às escolas de Ensino Médio contribuir para a formação de jovens críticos e autônomos, entendendo a crítica como a compreensão informada dos fenômenos naturais e culturais, e a autonomia como a capacidade de tomar decisões fundamentadas e responsáveis. Para acolher as juventudes, as escolas devem proporcionar experiências e processos intencionais que lhes garantam as aprendizagens necessárias e promover situações nas quais o respeito à pessoa humana e aos seus direitos sejam permanentes (BRASIL, 2017, p. 463).
No entanto, com a flexibilização da grade curricular, permitirá que o estudante
escolha uma área de conhecimento para aprofundar seus estudos. De acordo com o
MEC, a nova estrutura, conta com uma parte comum e obrigatória e todas as escolas,
como prevê a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e outras com os itinerários
formativos. No centro das mudanças propostas pelo novo ensino médio, está o
currículo mais flexível. Serão permitidos diferentes arranjos curriculares, considerando
as únicas disciplinas obrigatórias durante todo o Ensino Médio: matemática, língua
portuguesa e língua inglesa, e as cinco áreas do conhecimento: linguagens e suas
tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias,
ciências humanas e sociais aplicadas e formação técnica e profissional.
Considerando as mudanças propostas pela reforma do Ensino Médio, que
ainda sofrerá o longo processo de implementação, adequação do material
pedagógico, formação de professores/as e, dessa forma, levará alguns anos até
chegar nas salas de aula, está também sob o viés dessa discussão a legitimidade da
Educação Física no ensino médio que propõe seis práticas corporais que comporão
as unidades temáticas: jogos e brincadeiras, esporte, lutas, danças, ginásticas e
práticas corporais de aventura, postuladas em oito dimensões do conhecimento:
Experimentação, Uso e apropriação, Fruição, Reflexão sobre a ação, Construção de
valores, Análise, Compreensão e Protagonismo comunitário (BRASIL, 2017).
Entretanto, a reforma do Ensino Médio tem muito o que avançar e preencher
algumas lacunas, principalmente no tocante à obrigatoriedade da Educação Física no
36
currículo, bem como nos aspectos fundamentais e operacionais, pois ainda não há
um plano de implantação, e a reforma corre o risco de ficar no papel. A BNCC
relacionada à Educação Física deverá preservar, reconstruir e sistematizar os
conhecimentos necessários ao processo educacional de maneira nítida, trazendo e
ampliando as manifestações da cultura corporal.
As vivências de práticas corporais no ensino médio regular e profissionalizante
tratam jovens com experiências muito distintas, fruto de uma infância e adolescência
desenvolvidas em situações e condições muito diferentes dos pontos de vista social,
econômico, moral, cultural, religioso e étnico. Por isso entende-se que um dos papéis
da Educação Física é compreender e discutir junto a esses jovens os valores e
significados que estão por trás dessas práticas corporais. Assim, as relações
existentes entre estas e os valores e modelos transmitidos pelos meios de
comunicação de massa também podem constituir tema de investigação e ensino por
parte da Educação Física junto aos educandos desta etapa da escolarização.
Nesse sentido, a educação física em relação às demais disciplinas de formação geral ganha mais visibilidade curricular [...], à medida que seus conhecimentos, assim como os conhecimentos técnicos, caracterizam-se por estarem mais ligados e inscritos no tempo presente. O seu conteúdo, o esporte, o jogo, a dança aparecem associados a essa dimensão da terminalidade, pois eles estariam ancorados e ligados à imediatidade. Na EF não se aprende para um tempo futuro incerto. Não se aprende para sentir, para viver as relações sociais, para movimentar-se, para errar ou acertar, para ter sucesso ou fracasso, mas sente-se, age-se, movimenta-se, erra-se e vive-se intensamente o momento imediato da aula (GARIGLIO, 2002, p. 81-82).
A Educação Física no contexto escolar possui uma particularidade em relação
aos demais componentes curriculares, tratando-se de um componente que contribui
para a formação do cidadão com instrumentos e conhecimentos diferenciados
daqueles chamados tradicionais no mundo escolar. O conhecimento da Educação
Física nessa etapa é socializado e apropriado sob manifestações de conjunto de
práticas, produzidas historicamente pela humanidade em suas relações sociais.
Portanto, trata-se de uma área de conhecimento que exige espaços e tempos
diferenciados dos espaços e tempos tradicionalmente tratados na escola.
Não obstante, os alunos do ensino médio regular e profissionalizante, ao
realizarem a construção e vivência coletiva dessas práticas para além do ambiente
escolar, os educandos estabelecem relações individuais e sociais, tendo como pano
37
de fundo o corpo em movimento, para que os mesmos adquiram maior autonomia na
vivência, criando, elaboração e organização dessas práticas corporais, bem como
uma postura crítica quando esses estiverem no papel de espectadores das mesmas
(BRASIL, 2008). Por certo,
A associação da educação física à melhoria da saúde é quase imediata e se divide em dois níveis: a saúde dentro da escola e a saúde para a vida. Quando se trata da saúde no interior da escola, ela aparece ligada às atividades de equilíbrio físico e emocional dos alunos, vinculada quase sempre à melhoria do rendimento escolar e à qualidade de vida na própria escola. Quando a referência se dá em relação à sua importância na formação para o trabalho, essa associação diz respeito à melhoria da condição física dos alunos e de utilização mais proveitosa do “tempo livre”. Os alunos, em não tendo muito tempo para suas atividades físicas fora da escola, demandam atividades que possam equilibrar o desgaste físico e psicológico decorrente da jornada escolar [...] (GARIGLIO, 2002, p. 83).
Sendo assim, a Educação Física não pode ter mais o enfoque pura e
simplesmente voltado à prática de atividades que visem curar as mazelas da
sociedade. Mas sim, ser compreendida como área de conhecimento, pautada em uma
aprendizagem significativa e contextualizada, que extrapole o fazer pelo fazer, bem
como discuta temáticas que são tão presentes na realidade dos alunos. Portanto, urge
a necessidade de ampliarmos o enfoque sobre a temática atividade física e saúde nas
aulas de Educação Física, enquanto conhecimento a ser apreendido, apontando à
relevância de formar cidadãos conscientes que precisam saber da importância de
realizar atividades físicas, bem como entender que a saúde está relacionada a vários
fatores, como socioeconômicos e culturais.
3.3 ATIVIDADE FÍSICA, SAÚDE E EDUCAÇÃO FÍSICA
Muitos são os equívocos encontrados na relação ensino-aprendizagem da
Educação Física, resultantes das influências históricas, polícias e sociais que a
mesma sofreu ao longo dos anos. É sabido que a Educação Física faz parte do
sistema educacional como área de conhecimento e, como tal, possui um objeto de
estudo, o qual deve ser apreendido pelos estudantes.
38
Entretanto, em relação à especificidade da Educação Física, a indagação
pertinente é acerca dos conhecimentos considerados importantes e que devem ser
ensinados na escola. O primeiro vulto a dar subsídio a tal premissa foi Manoel Sérgio
Cunha que propunha uma nova perspectiva para a disciplina, denominada por ele
como ciência da motricidade humana.
[...] a motricidade humana invoca a totalidade humana (corpo, espírito, natureza, sociedade), não só no desenvolvimento motor [...] a motricidade humana é estado e processo porque dele emergem um código genético, uma estratégia bioquímica, um sistema nervoso, um nível energético de base e também os fatores culturais, de aprendizagem e afinal tudo que constitui a praxidade humana (1996, p. 20).
A capacidade de se movimentar é inata do sujeito, assim como é a sua primeira
forma de linguagem e também primeira forma de relação com o mundo. Para tanto,
conceber o ensino da Educação Física à luz ideológica de Manoel Sérgio seria
pensarmos novamente em um homem dicotomizado, bifurcado em mente e corpo,
haja vista em sua fala transmitir uma dissociação entre a realização de movimentos e
a elaboração de processos cognitivos.
No final dos anos de 1980 alguns pesquisadores começaram a apresentar
trabalhos significativos sobre uma nova concepção da disciplina Educação Física.
Estes demonstravam uma nítida preocupação com o objeto de estudo desta disciplina
e com uma teoria que desse suporte a este novo modo de pensar a Educação Física
enquanto área de conhecimento.
De acordo com Soares (2001), a Educação Física é uma disciplina que cuida
do conhecimento de uma área denominada de cultura corporal, e será representada
com temas ou estruturas de atividades corporais, nomeados: jogo, esporte, ginástica,
dança, dentre outras, que integrarão seu conteúdo. Esses temas tratados na escola
expressam um sentido e um significado onde se interpenetram a intencionalidade do
homem e os objetivos da sociedade.
Acerca disso, Soares (et al 1992) aponta às transformações sofridas pelo
homem até a conquista de sua sapiência, o objeto de estudo que alicerça a Educação
Física no contexto escolar é a cultura corporal. Tal prerrogativa justifica-se no que diz
respeito à evolução da expressão corporal, que se deu concomitantemente à evolução
do ser humano, através de formas de representação simbólica historicamente criada
e culturalmente desenvolvida.
39
A expectativa da Educação Física escolar, que tem como objetivo a reflexão sobre a cultura corporal, contribui para a afirmação dos interesses de classes das camadas populares, na medida em que desenvolve uma reflexão pedagógica sobre valores como solidariedade substituindo individualismo, cooperação confrontando a disputa, distribuição em confronto com apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos – a emancipação –, negando a dominação e submissão do homem pelo homem (SOARES et al, 1992, p. 40).
Nesse sentido, compreender a cultura corporal como objeto de estudo da
Educação Física, sem menosprezar sua rigorosidade quer dizer pensar em uma
superação do entendimento dualista de corpo e mente. Não obstante a isso, tal
perspectiva também considera as dimensões cultural, social, política, ética, moral e
afetiva, presentes no corpo das pessoas que interagem e se movimentam como seres
sociais.
Nessa perspectiva da reflexão da cultura corporal, a expressão corporal é uma linguagem, um conhecimento universal, patrimônio da humanidade que igualmente precisa ser transmitido e assimilado pelos alunos na escola. A sua ausência impede que o homem e a realidade sejam entendidos dentro de uma visão de totalidade (SOARES et al, 1992, p. 42).
Enfim, esta concepção de Educação Física tem como tarefa garantir o acesso
dos alunos à compreensão da cultura corporal, pensando para além das atividades
expressivas, contribuindo à construção do conhecimento de sua especificidade, bem
como oferecer instrumentos para que os educandos sejam capazes de apreciá-la
criticamente.
Evidenciado que o domínio escolar da Educação Física é a cultura corporal, a
qual se identifica como um trabalho unilateral do corpo que é e produz cultura, não é
raso dizer que as manifestações expressivas corpóreas, tenham elas múltiplas
representatividades, são, enfim, atividades físicas.
Pode, por um momento, parecer pretensioso e até mesmo desconcertante
afirmar tal fato, haja vista, ao longo dos anos, a Educação Física lutar pelo seu espaço
definitivo no contexto educacional com um olhar diferente da pura prática de
atividades físicas. Entretanto, ao recorrermos à literatura encontramos bases sólidas
para ratificar o valor da atividade física na escola, hoje denominada de outra maneira.
40
A atividade física é definida como qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que resulte em gasto energético (Caspersen, Powell e Christenson, 1985). Pode ser entendida como um comportamento humano complexo, com componentes e determinantes de ordem biológica e psicossociocultural, podendo ser exemplificada por esportes, exercícios físicos, danças e outras atividades de lazer, locomoção e ocupação profissional (PITANGA, 2008, p. 16).
A Educação Física, sendo considerada uma prática pedagógica que trata das
atividades expressivas corporais, denominada de cultura corporal não deve, pois, para
Betti (1994), propor-se na escola apenas num discurso sobre seu objeto de estudo,
mas sim, numa ação pedagógica com ele. Para tanto, a partir da citação acima, se
nota que há uma relação dependente entre atividade física e cultura corporal, haja
vista se manifestar também através do movimento.
Hoje, associa-se a ideia de atividade física ao sistema capitalista, o qual
evidencia o consumismo exacerbado, que, para a propagação de suas ideologias,
utiliza-se do corpo como objeto. Ou seja, o corpo passa a ser a mercadoria almejada,
contudo, ao mesmo é imposto um padrão quase que inalcançável pela maioria da
população, impulsionando graves problemas sociais, tais como doenças, usos
irregulares de medicamentos e é claro o preconceito.
Nessa perspectiva, o trato com a cultura corporal aparece na escola sob a
forma de uma práxis pedagógica para a autonomia do aluno à medida que aborda
assuntos como preconceitos, relações sociais do trabalho, ecologia, saúde,
distribuição de renda e outros; estas reflexões possibilitam ao educando entender a
realidade social. Para Soares (et al 1992, p. 63), “cabe a escola promover a apreensão
da prática social. Portanto, os assuntos devem ser buscados dentro dela”.
Assim, nada mais justo do que pôr em prática a discussão de corpo
estereotipado que percorre os muros da escola. Para tanto, o professor de Educação
Física não pode abster-se da magnitude da problemática que adquire forma em suas
aulas, realizando sistemáticas discussões contextualizadas tanto no conhecimento
que os alunos possuem, como no conhecimento historicamente produzido. Isto é, a
atividade física dentro da cultura corporal trata da incorporação de valores, normas e
costumes sociais que extrapolam a influência simbólica de mecanismos estéticos,
implicando na valorização da linguagem corpórea.
Ainda sob o viés da discussão conteudista da Educação Física a saúde foi
praticamente extinta das propostas pedagógicas brasileiras, haja vista a mesma estar
voltada ora à higienização, ora à eugenia, ora à aptidão física. Não obstante a isso, o
41
termo saúde apenas é enfocado como sinônimo de não ter doenças, fazendo uma
analogia a um corpo sadio.
Contudo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998b) dão um
sentido reconstruído à temática saúde, buscando superar o conceito puramente
biológico e informativo. Os PCNs passam, portanto, a considerar os múltiplos
enfoques e influências que, em conjunto, explicam, problematizam e caracterizam o
cenário da saúde na perspectiva escolar, elencando aspectos socioeconômicos,
culturais, afetivos e psicológicos.
É necessário reconhecer que a compreensão da saúde tem alto grau de subjetividade e determinação histórica, na medida em que os indivíduos e coletividade considerem ter mais ou menos saúde dependendo do momento, do referencial e dos valores que atribuam a uma situação (BRASIL, 1998b, p. 250).
Portanto, fica claro que tratar da temática saúde envolve componentes para
além da ausência de doenças, ou qualidades sanitárias, uso e fabricação de bombas
nucleares. Pedagogizar a saúde através da Educação Física que é uma disciplina de
caráter teórico-prático é, sobretudo, considerar os aspectos éticos, relacionados aos
direitos e deveres, ações e omissões de indivíduos, grupos sociais e poderes públicos
e privados acerca das condições de existência do ser humano.
A Educação Física escolar deve oportunizar aos seus alunos o
desenvolvimento de suas potencialidades, de forma democrática e não seletiva.
Assim, independente do conteúdo escolhido, os processos de ensino-aprendizagem
devem considerar as características dos alunos em todas as dimensões (cognitiva,
corporal, afetiva, ética, estética, de relação interpessoal, e inserção social). Desta
maneira, a relação ensino-aprendizagem na Educação Física não se restringe ao
simples exercício de habilidades e destrezas, mas sim de capacitar o educando a
refletir acerca de suas possibilidades corporais e, com autonomia, exercê-las de
maneira social e culturalmente significativa e adequada (BRASIL, 1997).
As relações que se estabelecem entre Saúde e Educação Física são perceptíveis ao considerar-se a similaridade de objetos de conhecimento envolvidos e relevantes em ambas as abordagens. Dessa forma, a preocupação e a responsabilidade na valorização de conhecimentos relativos à construção da auto-estima e da identidade pessoal, ao cuidado do corpo, à consecução de amplitudes gestuais, à valorização dos vínculos afetivos e a negociação de atitudes e todas as implicações relativas à saúde da
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coletividade, são compartilhadas e constituem um campo de interação na atuação escolar (BRASIL, 1998a, p. 36).
Propõe-se, portanto, nesta configuração diferenciada de Educação Física
escolar um trabalho pedagógico no campo multi, interdisciplinar, envolvendo também
a transversalidade, na tentativa de unir os pedaços de um homem fragmentado ao
longo dos anos. Nesse contexto, a saúde, tratada na disciplina em questão, perde seu
olhar essencialmente biológico e busca a concepção de um indivíduo holístico que
reflita criticamente acerca dos processos históricos de ordem social, cultural, política,
econômica e tecnológica.
Para Guedes (1999) e Ferreira (2001), pensar a Educação Física sem levar em
consideração a abordagem da atividade física e saúde enquanto conteúdo para o
ensino, pode ocasionar no reducionismo da disciplina a um momento de prática de
esportes competitivos e, com isso, deixar de ser um momento de ensino e
aprendizagem de conhecimentos a esse indivíduo enquanto sujeito ativo da
sociedade.
Em nenhum outro momento da história da humanidade a atividade física esteve tão relacionada à saúde [...]. Assim, é bem pouco contestável a ideia dos benefícios advindos da prática regular de atividade física. A questão que se coloca por ora é a seguinte: por que tão poucas pessoas praticam regularmente atividade física, mesmo conhecendo e reconhecendo os seus benefícios? A resposta pode estar nas aulas de educação física na escola, que deve dar oportunidades para todos os alunos obterem prazer e conhecimento, de tal modo que todos tenham vontade de continuar a praticar atividade física (DARIDO; SOUZA JÚNIOR, 2007, p. 285).
A atividade física e a saúde são saberes que a Educação Física,
necessariamente, tem que abordar. Isso não quer dizer que estaremos retroagindo à
abordagem higienista, mas destacando conhecimentos que devem ser ensinados, a
fim de promover uma mudança no comportamento dos alunos, através da
aprendizagem significativa. Portanto, o ensino da Educação Física na escola, ao longo
da Educação Básica, deve ser pensado enquanto espaço para o aprendizado de
diferentes aspectos da atividade física e saúde, onde sua aplicabilidade é concebida
através da sistematização deste conhecimento, distribuído de acordo com a
maturidade cognitiva dos educandos.
43
4 A PRÁTICA SOCIAL DO CONHECIMENTO ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NA
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Os conhecimentos ao longo da Educação Básica são estruturados sob a forma
de conteúdos, que, de acordo com Coll et al (2000), Libâneo (1994) e Zabala (1998),
são saberes culturais, habilidades, valores crenças, atitudes, sentimento, interesses
considerados essenciais ao desenvolvimento do aluno. Isto é, ganham a forma de
instrução-conhecimento sistematizado, a fim de garantir a aprendizagem significativa.
Entretanto, é comum o erro de pensar em conteúdo enquanto mera atitude de
transmitir conceitos exclusivos ao conhecimento da disciplina, superpondo um
fracionamento de aprendizagens. Assim, o educando aprende somente o que
compete à matéria e de forma descontextualizada, não adentrando na sua realidade,
haja vista o conteúdo ter um fim em si mesmo.
Os propósitos da escola concretizam-se via conteúdos, segundo os PCNs
(Brasil, 1998c), daí a relevância desta instituição em superar esse fracionamento de
conhecimento, a fim de ultrapassar o distanciamento entre conhecimento escolar e
cotidiano dos alunos, posto que
O conhecimento não é algo situado fora do indivíduo, a ser adquirido por meio da cópia do real, tampouco algo que o indivíduo constrói independentemente da realidade exterior, dos demais indivíduos e de suas próprias capacidades pessoais. É, antes de mais nada, uma construção histórica e social, na qual interferem fatores de ordem antropológica, cultural e psicológica, entre outros (BRASIL, 1998c, p. 71).
Nesse contexto, os conteúdos e o seu trato assumem propósitos
sistematizados frente à práxis metodológica, a partir do momento que ganha um
sentido maior do que conceitos, passando a incluir procedimentos, normas, valores e
atitudes imprescindíveis à aprendizagem. Portanto, frente a esta ressginificação dos
conteúdos escolares, a Educação Física adquire, assim como as outras disciplinas,
ações pensadas e planejadas, as quais os PCNs dividem em três categorias:
conceituais, procedimentais e atitudinais (BRASIL, 1998c).
A dimensão conceitual (saber sobre) diz respeito a conhecer os conceitos, de
maneira a construir e operacionar as capacidades intelectuais em formas, ideias e
representações simbólicas. Já a dimensão procedimental refere-se ao saber fazer,
isto é, a aplicabilidade prática do que é apreendido, a partir de tomadas de decisões.
44
Quanto a dimensão atitudinal (saber ser), esta diz respeito aos valores, normas e
atitudes que influenciam diretamente na relação interpessoal do aluno. Para Osvaldo
Ferraz (1996),
A dimensão procedimental diz respeito ao saber fazer (...) nessa concepção, aprender a mover-se envolve atividades como tentar, praticar, pensar, tomar decisões e avaliar, significando (...) mais do que respostas motoras estereotipadas. A dimensão atitudinal está se referindo a uma aprendizagem que implica na utilização do movimento como um meio para alcançar um fim (...) não necessariamente se relaciona a uma melhora na capacidade de se mover efetivamente (...) o movimento é um meio para o aluno aprender sobre seu potencial e suas limitações (...) construindo seu auto conceito e a compreensão da realidade. A dimensão conceitual significa a aquisição de um corpo de conhecimentos objetivos, desde aspectos nutricionais até sócio-culturais (FERRAZ, 1996, p. 17-18).
A partir da sistematização desta aprendizagem, capacitar-se-á o aluno a
utilizar, de forma autônoma, seu potencial para posicionar-se frente às situações-
problema, sabendo como, quando e porque realizar determinadas atividades e tomar
certas posturas.
Como proposições de conteúdo para a Educação Física, pode-se discutir a
atividade física conceitualmente, seus benefícios, bem como o que representa à
sociedade. Não obstante, ampliar a discussão falando sobre saúde, mostrando seus
diferentes conceitos ao longo dos tempos e na modernidade; e a influência que tais
perspectivas inferem no entendimento social do fenômeno saúde. Para ampliar o
leque de possibilidades pode-se tratar das alterações fisiológicas, dos benefícios
provocados pelo ato de ser mais ativo fisicamente e malefícios do sedentarismo.
[...] uma educação física compromissada com as ideias de promoção da saúde não toma a saúde como seu objeto de ensino ou como objetivo final, mas a entende como uma temática que dá corpo a seus conteúdos de ensino. Isso significa dizer que a noção de saúde [...] pode ser trabalhada na escola por meio dos conteúdos centrais da educação física [...] sem que, com isso, descaracterize esta última como disciplina escolar ou que se percam de vista os objetivos mais gerais da educação (FARINATTI; FERREIRA, 2006, p. 178).
Pode-se perceber, portanto, que a Educação Física contempla múltiplos
conhecimentos produzidos e usufruídos pela sociedade ao longo dos anos a respeito
do corpo e do movimento, os quais não se restringem puramente às atividades
expressivas. Dessa forma, proporcionaremos aos estudantes uma educação para a
autonomia, isto é, na escolha de atividades que contemplem seus objetivos; na
45
criticidade dos parâmetros de saúde e corpo ditados pela sociedade moderna; bem
como da ruptura de mitos e lendas acerca da atividade física e saúde que permeiam
o senso comum.
Tais ideias não se tratam de receitas prontas e com fins em si mesmas, nem
de modelos rígidos a serem seguidos pelos professores, mas sim de referenciais às
reflexões e ações docentes de incorporação crítica da temática atividade física e
saúde. Para tanto, cabe ao educador contribuir com tal processo, gerenciando suas
aulas numa visão que considere o contexto social, histórico, político e econômico, no
qual os alunos estão inseridos.
Dessa maneira, a Educação Física, a qual apresenta um caráter teórico-prático
e que permite aos alunos mensurarem os conhecimentos apreendidos, torna-se um
componente curricular mais legítimo, importante na construção da cidadania. Ao
introduzir e integrar o educando nesta área da cultura forma o cidadão que irá produzi-
la, reproduzi-la e transformá-la, usufruindo dos jogos, dos esportes, das danças, das
lutas, das ginásticas e da saúde em benefício do seu exercício crítico-reflexivo, a partir
da contextualização da cultura corporal.
A Educação Física, na Educação Básica, é uma disciplina curricular que deve
adequar-se à proposta pedagógica da escola, bem como promover, a partir da ação
de ensino, a aprendizagem significativa de conhecimentos que possibilitem ao sujeito
uma efetiva compreensão de sua realidade, de tal modo que os alunos possam agir
nela. O ensino está intimamente relacionado com uma teoria de aprendizagem e,
consequentemente, com uma concepção de homem e de mundo. No tocante ao trato
da atividade física e saúde, a Educação Física passa a ter fins de ensino e
aprendizagem compatíveis com a ressiginificação de sua prática no contexto
educacional, preconizando a autonomia dos alunos enquanto construtores do seu
conhecimento.
4.1 ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE: ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AULAS DE
EDUCAÇÃO FÍSICA
Todo processo pedagógico deve possuir princípios que irão nortear o trabalho
docente, os quais não devem ser entendidos como leis imutáveis, mas sim como
46
direcionadores e, portanto, podem e devem ser ajustados de acordo com a
necessidade do grupo. Tal fato acarreta a preocupação que o docente terá com a
questão da estruturação da tríade educacional: ensino-aprendizagem-conhecimento,
o qual aparece na configuração de conteúdo.
Conteúdos são aquelas experiências, atitudes, valores ou conhecimentos
propostos a serem adquiridos por aquele que aprende. Isto é, conjunto de
conhecimentos atitudinais, conceituais e procedimentais, organizados
pedagogicamente e didaticamente, “tendo em vista a assimilação ativa e aplicação
pelos alunos em sua prática de vida” (LIBÂNEO, 1994, p. 128). Não são apenas, nem
necessariamente, conhecimentos ou conteúdos de informação. Qualquer valor seja
intelectual, moral, psicológico, social, espiritual, seja qual for o seu tipo, pode ser
conteúdo da aprendizagem.
Os conteúdos selecionados, organizados e sistematizados, devem promover uma concepção científica de mundo, a formação de interesses e a manifestação de possibilidades e aptidões para conhecer a natureza e a sociedade (CASTELLANI FILHO et al, 2009, p. 85).
Sendo assim, qualquer experiência humana pode tornar-se conteúdo de
aprendizagem. É necessário apenas que ela seja colocada sistematicamente numa
situação real e proposta como algo valioso a ser apreendido. Dessa forma,
entendendo que o processo de ensino-aprendizagem consiste em aquisição de novos
modos de perceber, ser, pensar e agir compreende-se que os conteúdos não podem
ser reduzidos simplesmente a lições ou conteúdos de informação, nem mesmo a
práticas descontextualizadas, haja vista não desenvolver novos modos de pensar,
muito menos de ser e agir.
Qualquer atividade de ensino-aprendizagem para ter sucesso necessita antes
ser planejada, haja vista o planejamento de ensino ser um guia da ação e da
transformação do cotidiano escolar. “O planejamento é um processo de
racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade
escolar e a problemática do contexto social” (LIBÂNEO, 1994, p. 222). Assim, sendo
o professor um agente de mudança, e sabendo que toda inovação encontra
resistências, que exige organização, pode-se, nesse processo, enfatizar a importância
do planejamento de ensino, como fundamento de toda sua ação educacional, como
forma de gerenciar as mudanças efetivas.
47
Por tais razões, planejar a forma que ocorrerá o ensino-aprendizagem é um
processo contínuo de análise da realidade em que os alunos se encontram, ou seja,
de suas condições concretas, a fim de buscar alternativas à solução das situações-
problema que serão postas, bem como no processo de tomada de decisão dos
mesmos. O planejamento, de acordo com Libâneo (2001b), se concretiza em planos
e projetos, envolvendo uma ação intencional.
Em razão disso, o ato de planejar e pôr em ação o ensino-aprendizagem em
sala de aula não deve constituir-se individualmente, visto ser uma prática que
necessita ser realizada no coletivo (professores e alunos), apresentando um caráter
processual na construção do saber. Não obstante, há de se levar em consideração
que a metodologia utilizada pelo educador também influencia em como os alunos
receberão o conhecimento proposto, bem como a relevância dada ao mesmo. A
prática docente no mundo contemporâneo acaba pautando-se numa superficialidade
do trato conteudista, motivo este que contribui para o sucesso ou fracasso escolar do
processo ensino-aprendizagem.
Há fracasso na escola quando o rendimento é baixo, quando a adaptação social é deficiente e, também, quando se destrói a autoestima dos alunos. Deve-se aprender na escola conhecimentos e deve-se aprender a viver de acordo com um mínimo de normas compartilhadas, mas a escola também deve inculcar em seus alunos confiança neles mesmos, deve lhes dar um vivo sentimento de valor, de capacidade, de força, de certeza que podem conseguir muitas das coisas a que se propõem. A escola não deve criar indivíduos apáticos, desanimados ou desmoralizados [...] Não há pior fracasso escolar que produzir alunos com tão baixa autoestima (ROVIRA, 2004, p. 83 apud MADALÓZ; SCALABRIN; JAPPE, 2012, p. 7).
Falar em fracasso ou sucesso escolar abrange muito mais do que apenas
citações. É necessário, antes de tudo, entendermos as transformações sofridas pela
educação ao longo dos séculos. O sistema educacional brasileiro em si é
caracterizado por diversas nuances que de maneira geral, dominam em terrenos
específicos do aprendizado em suas devidas etapas. Diante deste panorama surgem,
ainda, as tendências pedagógicas a partir das mais diversas concepções no campo
social, político, econômico ou mesmo imanentistas.
Para tanto, a fim de atender a estas necessidades do alunado, na década de
1980, surge a perspectiva dialética, trazendo desafios como a superação do
formalismo didático priorizando a articulação e o trabalho dialético, avançando na
reflexão. A pedagogia progressista crítico-social dos conteúdos, mais conhecida por
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Pedagogia Histórico-crítica, embasa-se no materialismo histórico e sustenta-se na
ênfase que dá aos conteúdos escolares, além de reconhecer a necessidade de
confrontá-los com as experiências da realidade social em que está inserido o aluno.
Diante dessa concepção, Libâneo (1994) adverte:
Não considere suficiente colocar como conteúdo escolar a problemática social cotidiana, pois somente com o domínio dos conhecimentos, habilidades e capacidades mentais podem os alunos organizar, interpretar e reelaborar as suas experiências de vida em função dos interesses de classe. O que importa é que os conhecimentos sistematizados sejam confrontados com as experiências socioculturais e a vida concreta dos alunos, como meio de aprendizagem e melhor solidez na assimilação dos conteúdos (LIBÂNEO, 1994, p. 70).
Quanto ao ensino-aprendizagem, consiste na mediação dos objetivos,
conteúdos e métodos, assegurando, pois, o encontro significativo entre os alunos e
os conhecimentos, uma vez que este fator é preponderante para a efetivação da
aprendizagem. Para tanto, numa perspectiva de reestruturação educacional, a
Pedagogia Histórico-crítica aparece como forma de resgate à importância da escola,
bem como no intuito de uma reorganização do processo ensino-aprendizagem.
Essa constatação exige da educação física dar conta de um novo referencial que considere as expressões humanas como construções sociais significantes e que entenda o modo como o homem apreende a realidade e se relaciona com outros participantes da existência, bem como com a sociedade de modo geral. Em vista disso, torna-se elemento essencial compreender os valores implícitos nas manifestações humanas e os significados que os homens atribuem às práticas corporais quando se deseja a intervenção no mundo, por meio do corpo, na busca pela saúde (FREITAS; BRASIL; SILVA, 2006, p. 180).
Nesse sentido, a metodologia dialética da construção do conhecimento
científico, segundo Gasparin (2009) compreende as dadas fases de aprendizagem:
Prática Social Inicial, Problematização, Instrumentalização, Catarse e Prática Social
Final. A primeira delas, a Prática Social Inicial dos conteúdos corresponde “a uma
mobilização do aluno para a construção do conhecimento escolar” (GASPARIN, 2009,
p. 15), na qual o professor conhece a prática social dos alunos, sendo estes ativos e
participativos no processo ensino-aprendizagem.
Na Prática Social Inicial os alunos apresentam uma visão sincrética sobre os
conteúdos que serão trabalhados na escola. Assim, o professor anuncia os conteúdos
a serem trabalhados, verificando o domínio dos educandos, que é de senso comum,
49
empírico. Para Gasparin (2009, p. 22) “esse é o momento em que, coletivamente, os
aluno, estimulados, e orientados pelo professor, são desafiados a mostrar toda todo o
conhecimento que possuem sobre os itens do tema em questão”.
A Problematização é a segunda fase, onde segundo Saviani (2003, p. 80), esta
busca a “identificação dos principais problemas postos pela prática social [...]. Trata-
se de detectar que questões precisam ser resolvidas no âmbito da Prática Social e,
em consequência, que conhecimento é necessário dominar”. Nesse momento ocorre
a transformação do conteúdo a ser trabalhado em questões problematizadoras.
Professor e alunos elaboram perguntas que serão respondidas na próxima fase do
método em que, segundo Gasparin (2009)
As questões elaboradas devem necessariamente expressar as diversas dimensões que mais especificamente se referem à natureza do conteúdo. [...] apresentando desafios que envolvam aspectos conceituais sociais, econômicos, políticos, científicos, culturais, históricos, filosóficos, religiosos, morais, éticos, estéticos, literários, legais, afetivos, técnicos, operacionais, doutrinários etc. (GASPARIN, 2009, p. 42).
A terceira fase é a Instrumentalização, que corresponde ao momento no qual
ocorre a aprendizagem do conhecimento científico, por meio da mediação do
professor e ação do aluno. Nessa etapa, há a apropriação do conhecimento
socialmente produzido e sistematizado, com vistas a enfrentar e responder aos
problemas levantados. Segundo Gasparin (2009)
O trabalho do professor como mediador consiste em dinamizar, através das ações previstas e dos recursos selecionados, os processos mentais dos alunos para que se apropriem dos conteúdos científicos em suas diversas dimensões, buscando alcançar os objetivos propostos (GASPARIN, 2009, p. 122).
Para Gasparin (2009) a Catarse corresponde à quarta fase e é a síntese do
cotidiano e do científico. Demonstra nova postura mental em relação aos conteúdos.
É a apropriação do conhecimento por parte dos alunos, ou seja, de um produto social
e histórico, para tanto, o conteúdo empírico torna-se concreto.
Já a Prática Social Final dos conteúdos é a quinta e última fase e consiste no
ponto de chegada do processo pedagógico, onde ocorre a demonstração de uma nova
postura prática. Nesse ponto, o educando mostra suas intenções de colocar em
prática os novos conteúdos, elaborando juntamente com o professor as suas
50
concepções sobre o conteúdo (GASPARIN, 2009). Para Saviani (2003), essa fase é
uma nova maneira de compreender a realidade e posicionar-se diante dela, o que
possibilita ao discente agir de forma mais autônoma.
Enfim, a Pedagogia Histórico-crítica coloca a prática social como ponto de
partida e chegada do seu método dialético, colocando como função a democratização
dos conhecimentos, possibilitando uma visão crítica aos alunos (TEIXEIRA, 2003).
Desse modo, pode-se perceber que a Pedagogia Histórico-crítica é defensora dos
interesses da sociedade, uma vez que atribui ao ensino o papel de proporcionar ao
aluno o domínio de conteúdos científicos construídos ao longo dos anos pela
humanidade. Esta procura compreender o fenômeno educativo a partir do
desenvolvimento histórico (SAVIANI, 1989).
Nessa perspectiva, utilizar a Pedagogia Histórico-crítica como fundamentação
metodológica no trato com o conteúdo atividade física e saúde proporcionará ao
professor diferentes estratégias de ensino-aprendizagem, uma vez que fomenta nos
alunos uma consciência crítica perante a sua realidade social, além de capacitá-los
para assumir a luta de agentes ativos de mudança e transformação, tanto da
sociedade como de si próprios.
É fato que trabalhar nesta perspectiva de ensino requer maior disponibilidade
por parte do educador para o planejamento de suas aulas. Contudo, desenvolver o
processo ensino-aprendizagem na visão da Pedagogia Histórico-crítica suscita ao
professor uma nova ação, posto que passa a rever conceitos, romper metodologias
ultrapassadas, bem como estabelece novos rumos e valores, o que torna a prática
pedagógica significativamente mais comprometida com a aprendizagem dos alunos.
Alcançar as mudanças verdadeiramente significativas aos alunos a partir do
trato com o conteúdo atividade física e saúde suscita, antes de qualquer coisa, uma
tomada de consciência interpessoal, à medida que, pautada em princípios
epistemológico e pedagógicos, fomenta-se a nova síntese do conteúdo, a fim de
mediá-lo com êxito ao longo da unidade que serviu de base à pesquisa. Para tanto, é
imprescindível ampliar o enfoque existente entre a relação atividade física e saúde
enquanto um saber a ser problematizado e contextualizado nas aulas de Educação
Física, proporcionando aos alunos a apreensão dos conhecimentos teórico-práticos.
51
4.2 TEORIZANDO A PRÁTICA DO CONTEÚDO ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE
A Educação Física, no contexto escolar, tem, juntamente com as demais áreas
do conhecimento, os mesmos propósitos e responsabilidades, isto é, contribuir com o
processo educacional do aluno, sendo entendida enquanto disciplina integrante
imprescindível do processo educacional. Não obstante, pelo seu caráter teórico-
prático, torna os conhecimentos disponibilizados mais mensuráveis por parte dos
educandos, à medida que além de teoriza-los, os vivencia.
A educação física, por suas particularidades, [...] lida diretamente com o corpo; coloca o jovem em contato direto com as coisas práticas, reais; gera laços profundos de ligação com a vida; ensina aos alunos a viver sua corporeidade (FRERE; SCAGLIA, 2009, p. 26).
Nesse sentido, no trato com conteúdo atividade física e saúde há de se
possibilitar situações de vivências com atividades expressivas, onde os alunos reflitam
sobre suas ações, compreendendo a relevância do conteúdo e identificando-o nas
diversas tarefas do cotidiano. Assim, pautada nos elementos da cultura corporal, como
jogos pré-desportivos, brincadeiras e dança, destrinchar-se-á a importância de ser
mais ativo fisicamente, momento este que os alunos podem interpretar que as práticas
da Educação Física possuem mais valor do que eles acreditam.
Não basta fazer, é preciso compreender. O homem é um animal que precisou levar o real ao seu imaginário, torná-lo símbolo e, lidando com ele, compreender suas próprias ações. Foi fazendo isso que ele se salvou como espécie. Portanto, compreender o que faz é, para o ser humano, um direito (FREIRE; SCAGLIA, 2009, p. 166).
Entendendo isso, as vivências superam o fazer pelo fazer, haja vista os
educandos interpretarem-nas como ponto fundamental da elaboração do porquê e
como ser mais ativo fisicamente. Isto é, ao experenciarem que não se gasta nada para
realizar uma atividade física, que esta é acessível a todos durante o cotidiano, bem
como reconhecendo que se pode ser ativo realizando atividades que circundem às
suas respectivas preferências, perceber-se-á que as vivências promovidas nas aulas
de Educação Física possibilitam profundidade à ampliação do conteúdo estudado.
Como forma de experiência prática, os alunos devem trazer a realidade a qual
estavam inseridos: ir e vir à escola, à padaria, dançar, praticar algum esporte,
52
caminhar no calçadão da cidade, arrumar a casa, e, ao cuidar de si, do seu corpo,
integra-se a saúde, além de viver bem com seus pais, irmãos, amigos e habitar num
lugar apropriado, pressuposto à qualidade de vida.
A visão de totalidade do aluno se constrói à medida que ele faz uma síntese, no seu pensamento, da contribuição das diferentes ciências para a explicação da realidade. Por esse motivo, [...] nenhuma disciplina se legitima no currículo de forma isolada. É o tratamento articulado do conhecimento sistematizado nas diferentes áreas que permite ao aluno constatar, interpretar, compreender e explicar a realidade social complexa, formulando uma nova síntese no seu pensamento à medida que vai se apropriando do conhecimento científico universal sistematizado pelas diferentes ciências ou áreas do conhecimento (CASTELLANI FILHO et al, 2009, p. 30).
O trabalho pedagógico adquire um novo significado à medida que a luz de uma
prática interdisciplinar – ainda que não intencional – permeará a construção de novos
conhecimentos no contexto real dos educandos.
A interdisciplinaridade ocorre a partir do diálogo entre as disciplinas eliminando as barreiras artificialmente postas entre os conhecimentos produzidos em cada campo distinto que em seu todo se encontra. Além disso, promove a integração entre o conhecimento e a realidade concreta, as expressões de vida, que sempre dizem respeito a todas as áreas do conhecimento transmitido-adquirido (DÓREA, 2011, p. 2).
Dessa forma, a partir da vivência do conteúdo, praticado como um elemento da
cultura corporal e teorizado como conhecimento imprescindível à formação dos
alunos, estes, interpretarão as práticas expressivas como a exposição do conteúdo
formalizado, reflexão sobre questões sociais, políticas, econômicas, bem como a
sistematização do conhecimento, o qual pode ser construído através das ações dos
aprendentes.
No que concerne à teorização da prática do conteúdo Atividade Física e Saúde
nas aulas de Educação Física, a perspectiva que aqui aponto é à necessidade dos
alunos entenderem para que são inseridos nas práticas corporais. Isto é, ao se adquirir
e superar o entendimento da socialização, cooperação, moralidade, respeito às
regras, torna-se relevante promover discussões de ordem política, econômica e social,
temas estes tão presentes no conteúdo abordado.
É sabido que na escola a Educação Física trata da cultura corporal como
conhecimento específico, contudo, não há uma teoria que alicerce a prática das
atividades expressivas, o que, de certa forma, promove a evasão dos alunos nas aulas
53
da supracitada, bem como o desconhecimento do seu valor e de sua legitimidade no
âmbito educacional.
A pretensão com tal afirmação é trazer à luz da reflexão que pouco adiantará
ao aluno saber sobre práticas desportivas, inúmeros exercícios ginásticos, passos de
dança, movimentos de capoeira se não tiver adquirido também o conhecimento sobre
o próprio corpo, seu funcionamento, os cuidados que deve ter para com ele, a fim de
manter, adquirir ou melhorar a própria saúde. Para tanto, o professor de Educação
Física deve buscar contextualizar sua prática docente, no intuito de desenvolver
encaminhamentos metodológicos que subsidiem a temática atividade física e saúde
na escola.
Se a Educação Física pretende ser uma disciplina escolar com status semelhante ao adquirido pelas demais, precisa dizer a que veio, o que ensina. Enquanto “engasgar” cada vez que for questionada sobre o que pode ensinar, será uma disciplina marginal (FREIRE; SCAGLIA, 2009, p. 32).
Por certo, as questões relacionadas à atividade física e saúde são muito
importantes e devem ser tratadas pedagogicamente na escola, haja vista também
trazerem à tona questões históricas, sociais, políticas e econômicas. Assim, no
tocante à Educação Física tratar da atividade física e saúde fomentará a superação
da visão dualista de corpo e mente, bem como, a partir de uma nova perspectiva
teórico-metodológica produzirá a ressignificação do conteúdo para a própria condição
de existência dos corpos que manipulam o conhecimento abordado.
Com a ressiginificação da Educação Física que passa a ter fins de ensino e
aprendizagem, surge a necessidade de uma nova organização curricular que possa
contribuir na sistematização dos conteúdos nos níveis básicos e distribuídos de
acordo com a compatibilidade deles. Portanto, o que se segue no próximo capítulo é
a apresentação da estruturação do conhecimento atividade física e saúde
sistematizado enquanto um saber culturalmente construído, contextualizado mediante
a cultura corporal.
54
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao elencar o conhecimento atividade física e saúde a ser tratado na escola,
enquanto conteúdo da Educação Física de um Curso Técnico em Meio Ambiente foi
estruturado, inicialmente, um plano de unidade (apêndice B), o qual delimitou as
propostas das aulas. Para tanto, este plano de unidade se fez acompanhado de um
objetivo geral e objetivos específicos a serem alcançados. Os conteúdos também
foram indicados rapidamente, embora sem entrar em por menores de execução, cada
um com sua própria justificativa e importância que lhe é próprio.
Como fundamentação de cada intervenção, houve a elaboração de roteiros de
aula para cada encontro (apêndice C), apresentando um total de seis roteiros que,
foram seguidos de relatórios ao final de cada intervenção. Estes consistiram
essencialmente na operacionalização da atividade didática, apresentando
características básicas que deram suporte à sua concretização: ordem sequencial,
clareza, objetividade, coerência e flexibilidade.
Nesse sentido, ao se propor o conteúdo atividade física e saúde nas aulas de
Educação Física, utilizou-se como instrumento norteador a Pedagogia Histórico-
crítica, tendo em vista o seu método dialético de construção do conhecimento escolar.
Essa pedagogia é tributária da concepção dialética, especificamente na versão do materialismo histórico, tendo fortes afinidades, no que ser refere às suas bases psicológicas, com a psicologia histórico-cultural desenvolvida pela “Escola de Vigotski”. A educação é entendida como o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Em outros termos, isso significa que a educação é entendida como mediação no seio da prática social global. A prática social se põe, portanto, como o ponto de partida e o ponto de chegada da prática educativa. Daí decorre um método pedagógico que parte da prática social onde professor e aluno se encontram igualmente inseridos, ocupando, porém, posições distintas, condição para que travem uma relação fecunda na compreensão e encaminhamento da solução dos problemas postos pela prática social, cabendo aos momentos intermediários do método identificar as questões suscitadas pela prática social (problematização), dispor os instrumentos teóricos e práticos para a sua compreensão e solução (instrumentação) e viabilizar sua incorporação como elementos integrantes da própria vida dos alunos (catarse) (SAVIANI, 2018, s/p.).
De forma resumida, entende-se que a Pedagogia Histórico-Crítica, ao
fundamentar-se numa metodologia dialética, torna-se viável, aplicável e aparece de
forma a contribuir com o processo de ensino-aprendizagem, pois propicia ao
55
educando uma aprendizagem significativa, por meio da socialização do saber
sistematizado, sendo capaz de produzir alterações no comportamento dos
educandos, para que possam posicionar-se conscientemente no âmbito social.
O método dialético de construção do conhecimento representa a postura de
compreender os conteúdos escolares em uma totalidade dinâmica, tendo como ponto
de partida a realidade social ampla (GASPARIN, 2009). Assim, parte de uma leitura
crítica da realidade, de uma forma diferenciada de pensar e agir na sala de aula.
Seu método de ensino visa estimular a atividade e a iniciativa do professor; favorecer o diálogo dos alunos entre si e com o professor, sem deixar de valorizar o diálogo com a cultura acumulada historicamente; levar em conta os interesses dos alunos, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico, sem perder de vista a sistematização lógica dos conhecimentos, sua ordenação e gradação para efeitos do processo de transmissão-assimilação dos conteúdos cognitivos (GASPARIN; PETENUCCI, 2018, p. 4).
O pressuposto metodológico que norteia esse trabalho centra-se no princípio
dialético “prática-teoria-prática”. Tem como ponto inicial a leitura crítica da realidade
social, compreendendo as seguintes fases, conforme explicita Gasparin (2009):
Prática Social Inicial dos conteúdos, Problematização; Instrumentalização; Catarse e
Prática Social Final dos conteúdos. Segundo Gasparin (2009), essa metodologia
dialética do conhecimento perpassa todo o trabalho docente-discente, estruturado e
desenvolvendo o processo de construção do conhecimento escolar.
Nesse âmbito a Prática Social Inicial, onde, com base em Vygotsky, mostra a
ligação direta entre o conhecimento que o aluno possui e o conhecimento científico.
Ou seja, há uma valorização do nível de desenvolvimento real em que o educando se
encontra, a fim de proporcionar uma reelaboração e reestruturação desse
conhecimento para uma nova tomada de decisão (GASPARIN, 2009).
Antes de iniciar o trabalho propriamente dito, [...] o professor [...] dialoga com os educandos sobre o conteúdo, busca verificar que domínio já possuem e que uso fazem dele na prática social cotidiana. É a manifestação do estado de desenvolvimento dos educandos, ocasião em que são expressas as concepções, as vivências, as percepções, os conceitos, as formas próximas e remotas de existência do conteúdo em questão. Nesse caminhar, professor e alunos refazem-se a cada instante, desafiando-se reciprocamente na busca de respostas para os problemas que a prática social e os conteúdos lhes vão apresentando (GASPARIN, 2009, p. 20-21).
56
O primeiro contato com a turma foi para explanar a proposta e os objetivos da
intervenção, explicando as questões da pesquisa que seria desenvolvida com os
alunos, questionando se desejavam participar da mesma. Frente à aceitação da
turma, mediante a assinatura dos estudantes do termo de consentimento livre e
esclarecido, ficou acordado que as atividades de intervenção ocorreriam todas as
quartas-feiras, durante dois horários, visto ser a carga horária de uma turma de 2ª
série do Ensino Médio Regular.
Na primeira intervenção (18/07/18) os alunos menores de idade trouxeram os
termos assinados pelos pais, permitindo, pois, as suas participações na pesquisa.
Assim, como prática efetiva do conteúdo atividade física e saúde nas aulas de
Educação Física no Curso Técnico em Meio Ambiente, a Prática Social Inicial
permeou em explicitar os objetivos a serem alcançados durante a unidade. Coube
também um levantamento do conhecimento que os alunos possuíam acerca do
conteúdo, bem como uma estruturação do que gostariam e necessitariam saber.
Para tanto, no primeiro encontro, foi questionado aos alunos o que entendiam
sobre atividade física, exercício físico, qualidade de vida, saúde, sedentarismo e sua
relação com o meio ambiente. As explanações foram das mais variadas possíveis,
desde argumentações a partir do senso comum até as permeadas pelos conceitos
midiáticos. Contudo, mesmo com a supervalorização da mídia sobre os temas
atividade física e saúde, as informações não são transmitidas ou apreendidas de
forma adequada, haja vista as pessoas ainda estarem condicionadas ao consumo de
produtos como aparelhos de ginástica, medicamentos para emagrecer, cosméticos e
outros (CARVALHO, 2001).
Nessa perspectiva, propiciar a aquisição de conhecimentos sobre atividade
física, saúde, exercício físico e qualidade de vida, ocupa lugar importante na
aprendizagem, uma vez que efetivamente comtempladas e internalizadas, tais
temáticas mobilizam as mudanças necessárias na busca de uma vida saudável.
A atividade física representa um aspecto biológico e cultural do comportamento humano, importante para a saúde e o bem-estar de todas as pessoas, em todas as idades, devendo ser considerada como componente relevante no ensino (VILARTA; BOCCALETTO, 2008, p. 97).
Para Darido (et al. 2006, p. 32), ao contextualizarmos a saúde nas aulas de
Educação Física, “não se pode deixar de considerar seus fatores de influência e
57
determinação, como o meio ambiente, os aspectos biológicos, socioeconômicos,
culturais, afetivos e psicológicos.” Nessa perspectiva, o conhecimento atividade física
e saúde oportunizou o trabalho com as dimensões conceitual, histórica, econômica,
social, afetiva e ambiental, o que suscitou aos alunos ampliar seus conhecimentos.
Tratar destas dimensões com o conteúdo possibilitou uma análise mais abrangente
das especificidades envolvidas no mesmo. Ou seja, a partir de discussões de quando
surgiu a associação da atividade física com a saúde; a importância da prática de
atividade física; a relação delas com o meio ambiente; e por que se discutir a prática
de atividade física na escola resultaram na tomada de consciência, reconstruindo e
compreendendo os valores dados ao conhecimento.
Quando falamos em tomada de consciência, portanto, não estamos simplesmente aludindo a um resgate de um plano – o inconsciente – em um outro plano – o consciente. Estamos nos referindo a um processo de transformação que faz com que o mais essencial numa ação, aquilo que a torna passível, porque a coordena, e que pode ser comum a outras ações (portanto generalizável a elas), torne-se matéria consciente, disponível para ser mobilizada na aquisição de novos conhecimentos (FREIRE; SCAGLIA, 2009, p. 129).
A Problematização, que antecede a tomada de consciência, se constituiu de
desafios propostos aos alunos, pautando-se na criação de uma necessidade para que
a turma, através do processo de investigação-solução, buscasse o conhecimento,
subsidiado também pela apostila (apêndice D) dada a cada aluno que trouxe as
temáticas abordadas, pesquisas e atividades. Este momento, dotado de teorização,
pressupôs uma ligação com a Prática Social Inicial, coadunando com as discussões,
ao longo das intervenções, sobre os principais problemas postos pela prática social e
pelo conteúdo.
A Problematização é um elemento chave na transição entre a prática e a teoria, isto é, entre o fazer cotidiano e a cultura elaborada. É o momento em que se inicia o trabalho com o conteúdo sistematizado. A Problematização é um desafio, ou seja, é a criação de uma necessidade para que o educando, através de sua ação, busque o conhecimento (GASPARIN, 2009, p. 33).
Nesse sentido, os alunos perceberam a importância e a influência do conteúdo
dentro de um contexto que é a própria realidade cotidiana, bem como reconhecendo
a relação do meio ambiente com a prática continuada de atividade física e com a
manutenção da saúde. Assim, partindo dos seus conhecimentos espontâneos e
58
coletivos foi possível alcançar os científicos através da intervenção pedagógica,
traduzindo saberes e experiências, que se estabeleceram nas conexões entre ambos
os conhecimentos (empírico e científico), enriquecendo-os e contextualizando-os
através da magnitude dos elementos da cultura corporal.
No tocante às ações didático-pedagógicas à aprendizagem, traduzidas por
Gasparin (2009) como Instrumentalização, foi possível dialogar com as dimensões
propostas, posto que à medida que cada uma delas era discutida e compreendida
percebia-se as ligações entre as mesmas, num verdadeiro processo interdisciplinar,
que surgiu de maneira espontânea. Dessa forma,
A partir das questões levantadas na Prática Social Inicial e sistematizadas na Problematização, todo o processo ensino-aprendizagem é encaminhado para, explicitamente, confrontar os sujeitos da aprendizagem – os alunos – com o objeto sistematizado do conhecimento – o conteúdo (GASPARIN, 2009, p. 49).
Assim, caminhando em busca da construção do conhecimento científico, as
estratégias utilizadas para transmissão-aquisição do conteúdo, além da apostila,
resolução de atividades e socialização de pesquisas, foram os diálogos muito
maduros e enriquecidos para além dos conceitos midiáticos, fundamentados em
autores da própria Educação Física que tratam da temática. Enfim, ao longo das
discussões os alunos expunham suas ideias do que representava a atividade física e
a saúde na vida das pessoas, utilizando para tanto argumentos como os benefícios
de ser ativo fisicamente e de se ter saúde ressaltando a importância de cuidar também
do meio ambiente como se cuida do corpo físico e mental, uma vez que ele influencia
diretamente nos primeiros. Não obstante, os educandos estabeleciam um paralelo
entre a atividade física e a saúde, onde a primeira torna-se uma ferramenta de
obtenção da segunda, e, consequentemente, uma melhor qualidade de vida.
Tais conceitos tornaram-se de fácil internalização, tendo em vista a prática
interdisciplinar apontada pelos próprios alunos, uma vez que a professora das
disciplinas de Química e Impactos Ambientais havia explanado em aulas anteriores a
influência do ser humano no meio ambiente (água na primeira unidade e terra na
segunda unidade) e como esta repercutia na saúde individual e coletiva. A professora,
ao tratar da disciplina Legislação Ambiental comentou sobre os impactos de atividades
físicas realizadas de forma indiscriminada pelo ser humano em ambientes
inapropriados (tema também discutido na turma na 1ª série, na disciplina de Educação
59
Física). Logo, os alunos contextualizaram sobre a importância da prática de atividade
física, em locais apropriados e legalizados, visto os seus benefícios, que promovem
ganhos positivos à saúde, refletindo também que a preservação ambiental e a escolha
de uma atividade física que agrade, local e horário favorecem não somente a saúde
do corpo, mas também a saúde mental.
Acerca disso, apontamos que a atividade física e saúde torna-se conteúdo de
outras disciplinas e, em contrapartida, é negada enquanto conhecimento relevante da
Educação Física escolar devido ao pragmatismo histórico. Portanto, a referida
disciplina acaba por restringir-se a conteúdos esportivos, no entanto, pelo seu trato
direto com o corpo – não mais entendido apenas como puramente biológico – oferece
condições de despertar o senso crítico referente à prática de atividade física e melhora
da saúde para além de conceitos midiáticos ou empíricos.
O início da construção de uma EFE que contribua para transformar esta concepção no espaço escolar, pode se dar com o desenvolvimento de conteúdos relevantes para o quotidiano dos alunos, construídos coletivamente na interação de sala de aula, que tematizem a questão da saúde, suas relações com um estilo de vida ativo, mas também com os demais componentes que afetam a saúde individual e coletiva (DEVIDE, 1999; DEVIDE; RIZZUTI, 1999; OLIVEIRA, DEVIDE, 2001 apud DEVIDE, 2003, p. 145).
No aspecto de diferentes concepções de saúde, os alunos trouxeram à tona os
conceitos de corpo e suas influências com o passar dos tempos. Sobre isso os
educandos foram críticos, haja vista a influência midiática em corpos belos, magros e
definidos, apresentando, ainda, dados indicativos sobre a estrutura corpórea dos
brasileiros, onde o corpo feminino é delineado em quadris largos e saliências
abdominais.
O trato com este novo corpo, posto pelos discentes, impele conotações
relevantes, visto que muitas vezes, em busca dos modismos sociais há um detrimento
da saúde em busca de uma estética que desrespeita a herança genética e os hábitos
de vidas. Contudo, durante a fala de uma aluna, a mesma explanou que mediante a
transmissão dos conhecimentos nas aulas de Educação Física, o seu processo de
discernimento acerca da relação entre a tríade corpo-saúde-estética era maior e muito
mais crítico, visto desmistificar a visão de que quem detém saúde é somente a pessoa
magra, valendo-se de uma máxima que, numa pesquisa lhe chamou atenção: mais
vale ser um gordo ativo fisicamente do que um magro sedentário.
60
O corpo, então, é hoje um desafio sociopolítico-econômico importante e o analista fundamental de nossa sociedade, e diante deste cenário, redescobri-lo escreve um movimento que permite ressignificá-lo como um potente marcador social da contemporaneidade. A Educação Física tem um papel fundamental no contexto desse desafio (GONÇALVES; AZEVEDO, 2008, p. 120).
Mediada a discussão através de uma pesquisa realizada pelos alunos, tanto
dos benefícios da atividade física como dos corpos na atualidade, foi salientado que
a aparência física, a qual muitas vezes menospreza a saúde, é fruto da indústria
cultural do consumismo, que passa a ter mais juízo de valor socialmente como se
fosse a aparência moral. Tal perspectiva se fundamentou na disparidade posta pelos
educandos, onde os benefícios de ser ativo fisicamente reduzem-se ao simplório
pensamento de emagrecimento ou ganho de massa muscular, coadunando com
Gonzalves e Azevedo (2008, p. 128) quando afirmam que a
Educação Física escolar não pode ignorar as relações do homem com seu corpo e com a sua saúde, no contexto geral onde o homem se insere como um todo, para estar apta a desmistificar, nas práticas vigentes, seu conteúdo ideológico, alienante e contrário aos valores educacionais maiores.
Dessa forma, mediante as aulas de Educação Física, que tem a cultura
corporal, logo, o corpo como seu objeto de estudo, foi possível, mediante o trato
pedagógico do conteúdo atividade física e saúde, oportunizar aos alunos a
compreensão crítica dessa idolatria narcisista do corpo que é propagada pela
sociedade. O corpo necessita ser visto como uma ferramenta de construção de
valores que tecem as críticas construtivas no tocante ao trato da saúde. Tal
pressuposto ofertou aos alunos a reflexão das práticas corporais realizadas nas aulas
como fundamentais não somente no processo de cooperação, criação, moralidade e
recreação, mas também como forma de contribuir na saúde individual e coletiva,
consequentemente, na qualidade de vida de muitos colegas que somente têm acesso
a essas práticas no colégio e nas aulas de Educação Física.
As práticas corporais, compreendidas como manifestações da cultura corporal de determinado grupo, carregam os significados que as pessoas lhes atribuem. Contemplam as vivências lúdicas e de organização cultural e operam de acordo com a lógica do acolhimento [...]. Aqui há uma contraposição à ideia de atividade física – como sinônimo de gasto de energia, fundamentada na teoria clássica newtoniana – à medida que a atividade física homogeneíza o coletivo porque é impessoal, padroniza e nivela o corpo, com base na racionalidade biomédica, ao mesmo tempo em
61
que o desqualifica ao destituir o humano do movimento (CARVALHO, 2007, p. 65).
As discussões provenientes das pesquisas, leituras da apostila e das vivências
mediaram e deram suporte à efetivação da Catarse que consiste na nova forma de
entender a prática social, partindo a internalização do saber por parte dos alunos,
onde os mesmos assumem uma nova postura mental que, consequentemente,
influenciará em suas práticas sociais. Para Gasparin (2009), por meio dela, o
educando consegue elaborar uma síntese do cotidiano e do científico, isto é, a partir
da catarse, percebe-se a conclusão realizada pelo aluno a partir do conhecimento
disponibilizado e adquirido.
Na Catarse, a operação fundamental é a síntese. [...] Uma vez incorporados os conteúdos e os processor de sua construção, ainda que de forma provisória, chega o momento em que o aluno é solicitado a mostrar o quanto se aproximou da solução dos problemas anteriormente levantados sobre o tema em questão. Esta é a fase em que o educando sistematiza e manifesta que assimilou, isto é, que assemelhou a si mesmo os conteúdos e os métodos de trabalho usados na fase anterior (GASPARIN, 2009, p. 123).
Metodologicamente, a Catarse tratou-se do processo de avaliação, na qual os
alunos demonstraram o que efetivamente apreenderam do conhecimento tratado ao
longo da unidade através das questões da Problematização e da Prática Social Inicial.
Tal processo constou em relatos orais, registros escritos (atividades e pesquisas) e
participação nas discussões e vivências. Assim, para avaliar o quanto e como os
alunos se aproximaram da solução das questões básicas, bem como para efetivar a
disciplina utilizada para contemplação da pesquisa, foi proposta uma Mostra de
Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente.
A avaliação dos avanços e dificuldades dos alunos na aprendizagem fornece ao professor indicações de como deve encaminhar e reorientar a sua prática pedagógica, visando aperfeiçoá-la. É por isso que se diz que a avaliação contribui para a melhoria da qualidade da aprendizagem e do ensino (HAIDT, 2004, p. 288).
Na Mostra houve a apresentação, através de estandes, da confecção e
composição dos terrários, com seus diferentes biomas, a influência do ser humano
nestes e quais os reflexos à saúde individual e coletiva. Na sequência aconteceu a
entrega dos folders (anexo 7) para quem realizava à visitação, mas não houve a
62
explicação da Mostra e da relação do meio ambiente com a atividade física, pois a
aluna alegou timidez e não estar preparada àquele momento. No entanto, nas
vivências propostas pelos próprios alunos (slackline, jiu-jitsu, amarelinha, capoeira e
pular corda) eles explicavam que se tratavam de atividades físicas, ressaltando a
definição de atividade física e sua relação com a saúde física e mental.
Dessa forma, a avaliação da aprendizagem do conhecimento atividade física e
saúde conseguiu perpassar pelas dimensões propostas no plano de unidade à medida
que os alunos se apropriaram dele, tonando-se, uma nova ferramenta de
compreensão da realidade e ação-transformação individual, agindo na coletividade
interna do Colégio. Também não é raso dizer que todo o processo avaliativo
fundamentou o meu senso crítico, o qual serviu de subsídio à reflexão de como
construir e dos resultados da minha práxis pedagógica.
Enfim, na Prática Social Final do conteúdo, entendida por Gasparin (2009)
como a nova proposta de ação a partir do conhecimento apreendido ao longo da
unidade, houve um resgate da Prática Social Inicial, com uma nova visão e uma nova
perspectiva sobre tal. Tal perspectiva justifica-se pela modificação sofrida pelo sujeito
estudante na sua forma de pensar, agir e enxergar o mundo, logo influencia
diretamente na criticidade referente a atividade física e saúde e sua relação com o
meio ambiente.
A Prática Social Final é a nova maneira de compreender a realidade e de posicionar-se nela, não apenas em relação ao fenômeno, mas à essência do real, do concreto. É a manifestação da nova postura prática, da nova atitude, da nova visão do conteúdo no cotidiano. É ao mesmo tempo, o momento da ação consciente, na perspectiva da transformação social, retornando à prática Social Inicial, agora modificada pela aprendizagem (GASPARIN, 2009, p. 143).
A Prática Social Inicial serviu de subsídio para o desenvolvimento do conteúdo
atividade física e saúde, à medida que permitiu a aquisição de conhecimentos
sistematizados, a fim de que a nova prática social alcançou os resultados almejados
e mais significativos. Ou seja, os alunos demonstraram iniciativa, em pôr em prática
os novos conhecimentos quando partiu deles a iniciativa da Mostra de Atividade
Física, Saúde e Meio Ambiente, comprometendo-se, mediante as suas falas e os seus
registros, inserir no seu cotidiano os novos conhecimentos adquiridos ao longo da
unidade.
63
Os objetivos propostos, tanto para as intenções da turma, como para as ações
práticas sobre o conteúdo estudado tornou-se possível tendo em vista as intervenções
sucederem de forma dinâmica e prazerosa. Isto é, os educandos mostraram relações
de afeto acerca do processo de ensino-aprendizagem, haja vista a possibilidade
criada de uma maior interação com a professora, o que despertou um maior interesse
da turma pelo conteúdo transmitido e, como consequência, o envolvimento na relação
ensino-aprendizagem.
Evidentemente, essa nova forma pedagógica de agir exige que se privilegiem a contradição, a dúvida, o questionamento; que se valorizem a diversidade e a divergência; que se interroguem as certezas e as incertezas, despojando os conteúdos de sua forma naturalizada, pronta, imutável (GASPARIN, 2009, p. 3).
Portanto, a metodologia de ensino fundamentada na Pedagogia Histórico-
crítica possibilitou um direcionamento em toda a organização do processo ensino-
aprendizagem ao lidar com o conhecimento atividade física e saúde. Não obstante,
oportunizou que os alunos vivenciassem a aprendizagem que estavam construindo,
bem como interpretassem e internalizassem os novos conceitos necessários à
realidade cotidiana, em busca da intervenção individual, quando suscitada a
necessidade de incluir atividades físicas no cotidiano. O reflexo de toda essa
mobilização, tanto em sala de aula, quanto através da Mostra de Atividade Física,
Saúde e Meio Ambiente, foi a adoção de práticas corporais da infância nos horários
vagos e no intervalo.
Ademais, dentro do que foi proposto como análise dos dados, foi aplicado um
questionário composto por perguntas abertas e fechadas. Este instrumento compôs-
se de dez perguntas, as quais abordaram os aspectos referentes à importância e
aplicabilidade e representatividade do conteúdo atividade física e saúde nas aulas de
Educação Física, o sentido e significado das intervenções, a aplicabilidade deste
conhecimento na vida dos pesquisados (alunos), a relação existente entre atividade
física, saúde e meio ambiente, e a representatividade da Mostra de Atividade Física,
Saúde e Meio Ambiente.
Quando questionados acerca da contribuição da atividade física e saúde os
alunos afirmaram que tal relação se faz pertinente tendo em vista a promoção dos
benefícios ao corpo e à mente, uma vez que a atividade física mantém a pessoa
afastada do polo negativo da saúde quando, além de condicionar o corpo, também
64
serve como um momento de aliviar as tensões do dia a dia. Logo, este questionamento
deu margem à discussão do trato pedagógico da atividade física e saúde na escola a
ser discutido como um desmistificador de corpos estereotipados midiaticamente.
Dessa forma, no que se refere à importância do conteúdo Atividade Física e
Saúde a ser trabalhado na escola, 53% dos alunos apontaram que se torna
efetivamente necessário o trato da temática, pois ela é, ainda, pouco conhecida pelas
pessoas, isto é, as informações são provenientes da cultura midiática, sem uma dada
fundamentação. Enquanto isso, 47% apontaram como relevância de se tratar desta
temática a necessidade de que o conhecimento proporcionado promove sugestivas
transformações até a vida adulta, conforme pode ser analisado no gráfico abaixo.
GRÁFICO 1. Importância do conteúdo atividade física e saúde na escola
Mesmo um aluno não tendo marcado a questão, é possível reconhecer que tais
respostas nos conduz ao entendimento que os alunos ainda observam o seio escolar
como promotor de transformações, as quais eles carregarão ao longo da vida, bem
como aponta também que, mesmo havendo uma larga midiatização da relação
atividade física e da saúde, demandam-se informações mais elaboradas e,
principalmente, contextualizadas, a fim de que a sociedade possa realmente
estabelecer um parâmetro de relevância da atividade física para a saúde, a fim de que
a escolha da primeira seja realizada de forma permanente para então refletir na
segunda.
0%
53%47%
0%
Importância do tema atividade física e saúde na escola
Conteúdo cobrado na prova
Tema pouco conhecido
Promove transformações até a vida adulta
Não há outro lugar que trate do tema
Não é um tema importante
65
Sobre o viés dessa discussão à responsabilidade da Educação Física em
abordar no curso Técnico em Meio Ambiente a atividade física, saúde e meio
ambiente, os alunos apresentaram que, além de ser um tema pouco discutido nessa
matéria, trabalhar esses fatores em conjunto influenciará positivamente na qualidade
de vida, uma vez que a Educação Física trata do corpo e da mente, sua
transversalidade junto ao curso possibilita melhorias no meio social e acadêmico.
Trabalhar esse tema possibilita reconhecer a percepção sobre corpo e mente
e enfrentar as atividades do cotidiano, pois influencia no estilo de vida e como tratamos
o meio ambiente em que vivemos. Vale ressaltar que tratar dessa temática não é
somente importante no curso, mas todos os alunos deveriam adquirir o conhecimento
sobre essa relação, reconhecendo que no curso há uma contextualização e
interpretação maior por parte dos alunos que a atividade física depende diretamente
do meio ambiente equilibrado e estes influenciam na saúde.
[...] a concepção de saúde deve ser fundamentada no exercício da cidadania, argumentando que é preciso capacitar os alunos a se apropriar de conceitos, fatos, princípios, proporcionando-lhes a oportunidade de tomar decisões, realizar ações e gerar atitudes saudáveis na realidade em que estão inseridos (DARIDO et al, 2006, p. 33).
Percebe-se, frente ao entendimento dos alunos, que a qualidade de vida está
diretamente associada à saúde e às condições do meio ambiente. Tal relação remete
aos primórdios da humanidade quando os seres primitivos se deslocavam em busca
da manutenção da própria vida, fim principal de quem se pretende saldável. Portanto,
compreender a associação do meio ambiente com a saúde e com a atividade física
tornou-se salutar no curso e na disciplina Educação Física, uma vez que ultrapassou
a prática de esportes coletivos e a sistematização do conhecimento possibilitou a
organização dos conteúdos mediante os interesses e maturação cognitiva dos alunos.
A partir do debate acadêmico já existente sobre a temática no Brasil e da interação entre profissionais atuantes e comprometidos, a EF pode se tornar um veículo potencial para a melhoria da saúde de seus alunos, tornando-os consumidores críticos dos elementos da cultura corporal (SOARES 1992 apud DEVIDE, 2003, p. 145).
Nesse contexto, acerca da relação atividade física, saúde e meio ambiente os
alunos descreveram que quando o meio ambiente é adequado e saudável, torna-se
um espaço de prática de atividade física e diversão que traz benefícios à saúde, numa
66
inter-relação de equilíbrio. Ou seja, quando se está em contato com o meio ambiente,
através da atividade física, causa impactos benéficos, onde, para que haja essa
interação de forma prazerosa é necessário respeitar as leis de preservação ambiental
e reconhecer os efeitos nocivos das práticas de atividades físicas, como trilhas, sem
um devido estudo do local para a prática. Não obstante, apontaram que quando o ser
humano cuida do meio ambiente, por conseguinte, cuida da sua saúde, pois quando
não há uma má interferência humana no meio ambiente o sol, o ar e os lugares
influenciam na prática da atividade física.
A experimentação de diferentes emoções e sensibilidades pode conduzir os seres humanos a diferentes formas de percepção e de comunicação com o meio em que vivem. Por isso, a importância de compreender os diferentes significados que a relação dos seres humanos junto à natureza tem assumido. O que não significa afirmar que uma forma de aproximação com a natureza é ecologicamente melhor do que outra, nem dar por encerrado um tema repleto de questionamentos e contradições (MARINHO, 2017, p. 38).
Diante disso, percebe-se que os alunos têm consciência que o meio ambiente
influencia no modo de vida das pessoas (e estas naquele), e é especialmente
importante quando considerado na prática de atividade física e manutenção da saúde.
Não obstante, os alunos ainda apontaram alguns dos vários fatores ambientais que
podem influenciar potencialmente durante a prática de atividade física e sua
consequente motivação para continuar. Dessa forma, as atividades físicas realizadas
no meio ambiente (dentro ou fora de ambientes fechados) e na natureza, de acordo
com o que foi apontado pelos alunos, aproximam mais o ser humano do meio
ambiente, evitando que ele o destrua, reconhecendo, então, os benefícios que os
recursos naturais fazem para a sua vida, logo favorecem à saúde positiva.
A relação do Curso Técnico em Meio Ambiente com a disciplina de Educação
Física parte de uma complexidade, dada a abrangência e a profundidade de temáticas
discussões que tornam-se mais um instrumento para o enfrentamento da realidade
social: a análise da incidência de sol e chuva em quadras externas e as soluções À
diminuição das interferências negativas dos fatores climáticos durante as aulas;
reflexões acerca da extinção ou privatização dos espaços públicos destinados as
atividades de lazer e recreação; a relação das práticas corporais de aventura com o
meio ambiente, despertando atitudes de admiração, respeito e preservação; e é claro
a interface existente entre a saúde e a relação homem e meio ambiente, considerando
67
as desigualdades sociais, fruto da má distribuição de renda. Nesse sentido, o papel
da Educação Física num Curso Técnico em Meio Ambiente é
[...] proporcionar para o aluno a possibilidade da construção de um mundo socialmente justo e ecologicamente equilibrado. O que requer responsabilidade coletiva e individual de qualquer indivíduo planetário, interferindo no modo como a sociedade programa as prioridades no seu cotidiano. Esta interferência só será possível se houver a construção dos conceitos gerando uma assimilação de valores (CANCIGLIERI, 2001, p. 13).
Nessa perspectiva, as aulas de Educação Física no curso Técnico em Meio
Ambiente ao tratar da atividade física e saúde perpassou por questionamentos com
relação à rotina dos alunos, os quais são os principais responsáveis por uma elevação
da qualidade de vida. Tais questionamentos foram conduzidos para além da
perspectiva biológica, sugerindo reflexões acerca da prática de atividades físicas que
poupam por um certo tempo o consumo de algum tipo de energia no meio ambiente,
promovendo consequentemente sua preservação, além de gerar um benefício
individual, garante benefício coletivo para o corpo e para a mente.
Nesse contexto, quando solicitados a apontar sobre os benefícios da prática
regular de atividade física, podendo assinalar mais de uma opção, os alunos
compreendem mais do porquê da realização das práticas corporais para além das
aulas de Educação Física. Isto é, a contextualização a partir dos elementos da cultura
corporal tratados na unidade, operacionalizou e sistematizou a formação de bases
concretas da relação conhecimento-realidade, promovendo a superação da dicotomia
corpo e mente, bem como o enriquecimento dos conhecimentos além das informações
midiatizadas, relacionando-os às questões específicas do curso Técnico em Meio
Ambiente, conforme apresentado no gráfico abaixo.
68
GRÁFICO 2. Benefício da prática regular de atividade física
Quanto a relevância social de conhecer os benefícios da atividade física, os
alunos do curso Técnico em meio Ambiente foram requisitados a assinalar apenas a
alternativa que, para eles, contemplassem melhor o seu entendimento, obtendo a
dimensão apontada pelo gráfico abaixo.
GRÁFICO 3. Relevância social do tema atividade física e saúde como conteúdo da Educação Física
para os alunos do curso Técnico em Meio Ambiente
43%
16%
33%
8%
0%
Benefícios da prática de atividade física
Prazer do corpo e da mente
Libertar-se dos paradigmas sociais de estética
Estar em contato com o meio ambiente deforma prazerosa
O benefício da atividade física é do corpo
A atividade física não traz tantos benefícios
19%
0%0%0%
81%
Relevância social de conhecer os benefícios da atividade física
Tomar decisão de ser mais ativo fisicamente
Defensor/propagador de estilo de vida ativo
Influência no resgate/aproximação do convíviosocial
Superar o entendimento que a atividade físicacompete somente aos profissionais da saúde
Todas as respostas estão corretas
69
O gráfico demonstra que 81% dos alunos acreditam que todas as afirmações
contemplam a importância e, consequentemente, a relevância social de tratar do
conhecimento em questão, enquanto 19% optaram pela alternativa de tomar a decisão
de ser mais ativo fisicamente. Tais respostas ressignificam a Educação Física como
componente curricular, uma vez que a sistematização e contextualização desse
conhecimento constitui-se numa ferramenta à autonomia do sujeito enquanto
construtor do seu conhecimento, utilizando as atividades e hábitos apreendidos na
práxis do seu dia a dia.
[...] a educação física é entendida como uma disciplina curricular que introduz e integra o aluno na cultura corporal, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida (BETTI, 1994 apud DARIDO; SOUZA JUNIOR, 2007, p. 14).
Urge daí a necessidade da Educação Física superar o estigma de disciplina de
recreação e contextualizar os conhecimentos produzidos e acumulados ao longo dos
tempos, de forma que estabeleça relação direta com a cultura corporal, a fim de dar
sentido e significado às práticas corporais. Para tanto, os conhecimentos teórico-
práticos, como entender o que é e como a frequência cardíaca é mutável de acordo
com a movimentação do corpo e mudanças climáticas, devem ter um determinado fim,
visto que este saber-fazer proporciona aos educandos a obtenção da saúde positiva
enquanto valor a ser levado para o cotidiano, inclusive depois de sua formação
escolar.
Ao indicar alternativas que influenciassem na tomada de decisão a fim de que
as pessoas tornem-se mais ativas fisicamente, os alunos revelaram a elaboração de
um pensamento crítico acerca desta perspectiva. Ou seja, a partir das opções
assinaladas (que poderiam ser mais de uma por aluno) e quantificadas, percebe-se
que as dimensões propostas, trabalhadas através da Pedagogia Histórico-crítica
foram alcançadas, conforme pode ser comprovado no gráfico abaixo.
70
GRÁFICO 4. Motivos que podem orientar a pessoa a ser mais ativa fisicamente
O trato pedagógico da atividade física e saúde nas aulas de Educação Física
coloca em pauta todos os fatores que envolvem o tema, cabendo aos professores
fomentar cidadãos críticos e conscientes não só da necessidade de se praticar
atividade física, como ainda entender que sua execução e permanência estão
relacionadas a vários fatores, como socioeconômicos, midiáticos, pessoais e culturais.
Segundo o PCN (BRASIL, 2000, p. 191), “[...] o que se deseja do aluno no Ensino
Médio é uma ampla compreensão e atuação das manifestações da cultura corporal”,
para isso é necessário desenvolver as seguintes competências no que diz respeito à
saúde:
Assumir uma postura ativa na prática de atividades físicas, e consciente da importância delas na vida do cidadão. Compreender o funcionamento do organismo humano de forma a reconhecer e modificar as atividades corporais, valorizando-as como melhoria de suas aptidões físicas. Refletir sobre as informações específicas da cultura corporal, sendo capaz de discerni-las e reinterpretá-las em bases científicas, adotando uma postura autônoma, na seleção de atividades e procedimentos para a manutenção ou aquisição de saúde (BRASIL, 2000, p. 1992).
Cabe ressaltar que a atividade física e saúde deve ser um conhecimento
sistematizado ao logo dos anos da Educação Básica, tratado na mesma importância
assim como os demais conhecimentos da Educação Física, pois somente assim, os
alunos terão a autonomia perante a sua saúde e manutenção da atividade física.
42%
19%
39%
0%
Opções para se tornar mais ativo fisicamente
Escolher a prática que mais agrada
Disseminação das importância e benefícios daatividade física
Atividade física relaciona-se com a saúde e aqualidade de vida
Movimentar é necessário, sem aprofundar-se notema
71
Acerca disso, os alunos autodeclararam-se ativos fisicamente, uma vez que em seus
cotidianos praticam dança, jiu-jitsu, futebol, capoeira, musculação, caminhadas e
ciclismo. Darido (2003) aponta que conceitos e princípios teóricos fundamentarão as
ações práticas no cotidiano do educando, permitindo que tenha decisões com
conhecimento, contribuindo com hábitos saudáveis e também com a importância da
atividade física ao longo da vida.
A escola cumpre papel destacado na formação dos cidadãos para uma vida saudável, na medida em que o grau de escolaridade em si tem associação comprovada com o nível de saúde dos indivíduos e grupos populacionais. Mas a explicação da educação para a saúde como tema do currículo eleva a escola ao papel de formadora de protagonistas – e não pacientes – capazes de valorizar a saúde, discernir e participar de decisões individual e coletiva. Portanto, a formação do aluno para o exercício da cidadania compreende a motivação e a capacitação para o autocuidado, assim como a compreensão da saúde como direito e responsabilidade pessoal e social (BRASIL apud RIBEIRO, 2005, p. 73).
É consenso da sociedade que a escola é um instrumento de veiculação rápida
de qualquer conhecimento elaborado e organizado pela sociedade. Porém, o
professor tem que ter a clareza no que diz respeito à atividade física e saúde, pois
este é um conhecimento específico e que tratado pedagogicamente pela Educação
Física ao longo da Educação Básica e não porque há um movimento social
midiatizado para que haja uma conscientização da população. Dada a sua relevância,
promover a relação ensino-aprendizagem, embasada nos esclarecimentos de alguns
mitos acerca da atividade física e saúde, fomentará mudanças significativas a partir
da apropriação dos elementos da cultura corporal, onde os alunos, de possam além
de mensurar, favorecer a intervenção no cotidiano mediante conhecimento
apreendido.
Nesse sentido, quando questionados acerca do conhecimento atividade física
e saúde apreendido, os alunos afirmaram que além de pôr em prática, irão também
disseminá-lo, almejando a melhoria na saúde individual e coletiva, além de promover
uma reflexão para que as pessoas compreendam a Educação Física não somente
como uma disciplina de jogar bola, mas que aborda conhecimentos pertinentes à vida
social. Portanto, fica claro que a conscientização para uma mudança de estilo de vida
e interferência na realidade social somente poderá ocorrer quando a aprendizagem
tem sentido e significado ao educando.
72
Assim, a Prática Social Final, que diz respeito às atitudes dos alunos após
internalizarem o conhecimento, a fim de manipulação para além da escola, é possível
verificar que os alunos foram enfáticos em ratificar a disseminação do conhecimento
apreendido. Para tanto, os educandos apresentaram justificativas de que o
conhecimento tratado necessitava ser ampliado e uma das formas é transmiti-lo a
outras pessoas do núcleo social deles, posto acreditarem que para haver uma
mobilização há, necessariamente, de se ter conhecimento.
É a partir desse reconhecimento da disseminação do conhecimento que os
discentes mostraram-se politizados acerca do trato da atividade física e saúde na vida
das pessoas, posto apontarem que mesmo estas não terem dinheiro para frequentar
academias, tal motivo não impede que sejam mais ativas fisicamente. Além disso,
apontaram também que a saúde está diretamente ligada à qualidade de vida, logo, a
questões de cunho social, político e econômico e, primordialmente, educacional.
Então surge, como proposta de intervenção, ampliada pelos alunos e por alguns
professores do curso Técnico em Meio Ambiente, surge, como forma de difundir o
conhecimento em questão a Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente.
Na Mostra houve a apresentação da confecção e composição dos terrários,
com seus diferentes biomas, a influência do ser humano nestes e quais os reflexos à
saúde. Na sequência aconteceu a entrega dos folders (anexo D) para quem realizava
à visitação, mas não houve a explicação da Mostra e da relação do meio ambiente
com a atividade física, pois a aluna alegou timidez e não estar preparada àquele
momento. No entanto, nas vivências propostas (slackline, jiu-jitsu, amarelinha,
capoeira e pular corda) os alunos explicavam que se tratavam de atividades físicas,
ressaltando a definição de atividade física e sua relação com a saúde. Para tanto, na
vivência que os demais estudantes visitantes escolhiam os alunos do curso Técnico
em Meio Ambiente explanavam como fazer e os benefícios daquela atividade tanto
para a saúde física, quanto para a saúde mental.
Houve intensa participação da comunidade escolar no tocante à curiosidade,
entretanto, alguns alunos, pela timidez ou pelo choque da novidade que antecedeu a
realização da prova naquele dia, não se aproximavam. Mesmo assim, as demais
turmas prestigiaram o evento, participando efetivamente das atividades propostas,
motivando também outros colegas e filmando o momento. Ademais, a Mostra de
Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente foi muito significativa para os alunos
pesquisados, pois, além de uma excelente experiência para socialização do
73
conhecimento, também motivou uma conscientização, a partir das discussões sobre
a influência dos seres humanos no meio ambiente, por meio dos terrários; bem como
influenciar na prática de atividade física, pois, por meio da intervenção da Mostra, eles
acreditam que puderam motivar os alunos que passaram pelas propostas de
atividades físicas, conforme aponta o gráfico abaixo.
GRÁFICO 5. Importância da Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente para os alunos do
curso Técnico em Meio Ambiente
Os alunos relataram ainda que esse momento serviu como uma maneira de
repensar a Educação Física enquanto disciplina escolar, uma vez que a mesma não
se resume somente em brincar ou jogar bola, mas serve para refletir acerca do somos,
de como nos comportamos e de lutarmos e modificarmos as nossas ações. Aliada a
essa justificativa os alunos apontaram que os estudantes dos primeiros anos foram
muito dispersos e deram pouca importância às atividades realizadas, diferente dos
segundos e terceiros anos que, além de participarem das atividades, prestavam
atenção nas explicações, questionavam e interagiam.
Dessa forma, ao pensarmos, elaborarmos e propor aulas Educação Física, ao
longo da Educação Básica que promovam o entendimento, bem como a prática da
atividade física e manutenção ou melhora da saúde é fomentar no aluno a escolha
ativamente entre as várias opções que a vida moderna oferece. Para tanto, trar-se-á
os elementos da cultura corporal de forma a incrementar suas possibilidades de
11%
30%
17%
31%
11%
Importância da Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente
Gerou nota nas disciplinas envolvidas
Maior integração com os colegas e demais alunos
Contextualização dos conhecimentosinterdisciplinarmente
Mensuração dos conhecimentos através dosterrários, folders e atividades físicas
Momento de descontração
74
prática de atividade física. Portanto, ao se formar indivíduos críticos quanto à atividade
física será possível convencer as pessoas próximas (familiares e amigos) a
praticarem-na como forma de cuidar de sua saúde e melhorar sua qualidade de vida.
Nota-se então a importância de se tratar desse conhecimento de forma que conscientize os alunos dos benefícios e malefícios da prática regular de atividades físicas e dos seus malefícios, se feitas de forma errada, para que se tornem pessoas ativas a fim de melhorar sua aptidão física implicando em benefícios para a saúde, e ao mesmo tempo, se tornem críticos e reflexivos a respeito da valorização da atividade física para fins impostos pela sociedade, sejam eles estéticos ou performance, e qual a influência disto na cultura corporal de uma sociedade (PIRES, 2008, p. 6).
Não se tem a pretensão de reduzir a Educação Física à realização de atividades
físicas objetivando saúde. Antes sim, fazer como que os alunos usufruam de
propostas diferenciadas, bem como dialoguem com as suas respectivas realidades.
Para tanto, estando a Educação Física lidando com o corpo, há de se levar em
consideração a necessidade de compreender que saúde não se restringe mais à
ausência de doenças, tão pouco que a atividade física é a própria Educação Física.
Os professores da supracitada disciplina devem compreender que o trato
pedagógico da atividade física e saúde é um processo que deve ser constantemente
contextualizado ao longo da Educação Básica. A ação educativa voltada ao
conhecimento em questão tem o papel salutar de possibilitar aos estudantes a
necessária compreensão dos malefícios que tal cuidado não for feito e também dos
benefícios que o indivíduo adquiri mediantes hábitos saudáveis.
Destarte, cabe à Educação Física, enquanto produtora e detentora de
conhecimentos sistematizados, extrapolar o fazer pelo fazer e contextualizar os
conhecimentos oriundos do cotidiano dos alunos em todo o contexto da Educação
Básica. Tratar do conhecimento atividade física e saúde pela Educação Física escolar
impele conotações decisivas na construção de condutas, a fim de assumir papel
destacado por sua potencialidade para o desenvolvimento de um trabalho
contextualizado e contínuo através da magnitude da cultura corporal.
75
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Física, enquanto disciplina escolar, pelo seu poder de adequação
dos conhecimentos ao grupo social em que é trabalhada, permite uma liberdade na
práxis pedagógica do professor, bem como na avaliação – do grupo e do indivíduo –,
beneficiando o processo educacional do aluno.
Trilhando diferentes caminhos até ser reconhecida como componente
curricular, a Educação Física contudo, nas bases que alicerçaram sua estrutura na
escola ainda são sentidas. Não há como negar que muitas aulas ainda são
fundamentadas numa mera prática pela prática, o que acarreta uma informalidade e
descrédito dos sujeitos que dela se utilizam.
Em muitas instituições escolares as aulas de Educação Física ainda se
restringem a jogos de futebol, sem a intervenção do professor. Ou seja, o dar a bola
aos alunos é tão mais fácil do que desenvolver ações pedagógicas que influam
diretamente na relação do educando para com o conhecimento. Nesse sentido, vale
a ressalva de tratar a Educação Física numa perspectiva para além do fazer pelo
fazer.
Ou seja, o objetivo central das aulas de Educação Física é superar o ensino,
apenas, das modalidades e técnicas desportivas. O professor deve debruçar-se nos
interesses dos alunos, reconhecendo e respeitando o aporte cultural que cada um
possui. Para isso, deve, pois, garantir um ensino contextualizado e sistematizado das
manifestações relativas à cultura corporal, possibilitando, dessa forma, que os alunos
adquiram um senso crítico em relação à transmissão de tais atividades.
No decorrer da sua materialização no âmbito escolar a Educação Física foi
sendo definida pela ótica de uma determinada sociedade e sinalizada pelo tempo.
Contudo, a significância que traz em seu bojo histórico, implícito nas diferentes
concepções que lhe influenciaram, não foge à mera associação com o realizar
atividade física de forma geral, o entendimento parcial e limitado da disciplina. No
entanto, para contemplar os aspectos ideológicos e sócio históricos que fundamentam
o olhar crítico presente na cultura corporal, há de levar em conta todo um repertório
de atividades práticas e teóricas nas aulas de Educação Física.
Em virtude de sua história com a área médica, a Educação Física acabou
apropriando-se do conceito de saúde como ausência de doenças. Tal pressuposto é
ratificado quando, no entorno das pesquisas, dá-se uma maior ênfase à relação
76
atividade física para a saúde, negando, pois, os sujeitos da ação. O intuito deste
apontamento não é minimizar a importância de tais trabalhos, mas sim salientar a
superação de único entendimento, valorizando, portanto, que saúde os sujeitos
desejam ter a partir das práticas corporais desejadas.
De fato, atividade física e saúde representa um tema atual e relevante para um
trabalho pedagógico na área da Educação Física. No entanto, o que deve ser
realizado prioritariamente é uma intensa busca de transformações das concepções
que existem sobre esse conhecimento, onde, para tanto, há que se garantir a
participação efetiva dos alunos, bem como em discussões acerca dos conceitos de
corpo, e da própria Educação Física.
Esta questão sobre a tríade corpo-homem-sociedade tem sido a base de
variadas discussões, principalmente na Educação Física, haja vista o seu trato direto
com o trinômio. Todavia, precisamos manter clara a definição da ação e dos objetivos
da Educação Física enquanto disciplina curricular, a fim de que nós, enquanto
professores, não reduzamos a sua importância a uma mera necessidade de formação
de atletas, tão pouco que passe por despercebida na vida dos alunos.
Em contrapartida, demanda-se uma nova compreensão de Educação Física
enquanto disciplina curricular e também como área de conhecimento. Ou seja, faz-se
necessária uma diferenciada reorganização e estruturação da ação pedagógica ao
longo do contexto da Educação Básica, de forma que o objeto específico da disciplina
seja compreendido, construído e reconstruído enquanto conhecimento que constitui o
acervo cultural da sociedade, possibilitando sua constatação, ampliação e
aprofundamento.
Assim, à cultura corporal não se admite mais que seja compreendida somente
atividades corporais, sem uma devida contextualização, visto que pouco adiantará
trabalhar questões de maneira desconexa sobre cooperação, respeito, afetividade e
outros. Ou seja, pensar numa cultura corporal que problematiza também a atividade
física e saúde como um aporte de conhecimento fomentar-se-á dimensões sociais,
políticas, econômicas e morais, presentes no corpo que dialoga com a Educação
Física e interage como sujeito social.
No tocante à Educação Física escolar há de se revelar um esclarecimento aos
alunos relativo à proposta do conhecimento atividade física e saúde, a fim de que não
seja incorporado ao reducionismo de modelo biomédico, centrado na doença como
fenômeno individual, nem tão pouco na assistência médica curativa. Para tanto, a
77
Educação Física, enquanto área de conhecimento na escola deve sistematizar tal
temática, problematizando-a a partir da realidade dos educandos. Contudo, isso
somente será possível por via da sistematização das situações de ensino-
aprendizagem que garantam aos estudantes a apropriação dos conhecimentos
pertinentes à atividade física e saúde.
Dessa forma, buscou-se ao longo deste estudo apresentar algumas
possibilidades de encaminhamentos teórico-metodológicos que levassem em
consideração o trato pedagógico da atividade física e saúde enquanto conhecimento
relevante à Educação Física escolar, bem como os resultados obtidos a partir dele.
Para tanto, há de se considerar os aspectos socioeconômicos, ambientais, culturais,
políticos, afetivos e psicológicos, junto às aulas de Educação Física, no intuito de uma
tomada de consciência por parte do aluno, o que pressupõe uma verdadeira
aprendizagem significativa.
As questões relacionadas ao conhecimento atividade física e saúde são muito
importantes e devem ser tratadas pedagogicamente na Educação Básica. De um
modo geral, a temática ganhou maior visibilidade por parte das pessoas através dos
meios midiáticos, o que, de certa forma, fragiliza as informações transmitidas.
Portanto, na escola, a discussão não se torna rasa, e na busca por encaminhamentos
metodológicos que transcendam o campo empírico, a atividade física concretiza-se
na Educação Física, correlacionando-se com a saúde, fundamentando-se e
relacionando-se diretamente com a cultura corporal.
Há de se levar em consideração a importância em não deixar a Educação Física
cair no reducionismo de que seus caminhos para a saúde resumem-se na prática de
atividade física para a saúde. Falar sobre atividade física impele conotações que vão
além da sua definição física, posto a mesma, contemporaneamente, estar atrelada a
sua capacidade de delinear corpos, torna-los saudáveis, belos e fortes, além de
reconstruir discursos imbuídos de teorizações infundadas como, por exemplo, que a
atividade física produz saúde e até mesmo remedia a doença.
Destarte, a Educação Física no contexto da Educação Básica tem por função
ajudar os educandos, através da cultura corporal, descobrirem todas as possibilidades
que lhes são oferecidas, a fim de interagir ativa, criativa e criticamente no que diz
respeito à atividade física e saúde. Para isso, impende rever todos os valores e
práticas que os professores estão aceitando ou defendendo, às vezes sem verdadeira
fundamentação, mas simplesmente por covardia, indolência ou comodismo.
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ZABALA, Antoni. A prática educativa: Como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
APÊNDICES
Apêndice A – Questionário misto
QUESTIONÁRIO
Prezado(a) Aluno(a).
Você está convidado(a) a responder este questionário semiestruturado que faz
parte da coleta de dados da pesquisa intitulada: Atividade Física e Saúde: Seu trato
didático-pedagógico na educação física escolar, sob responsabilidade da
pesquisadora Dayane Ramos Dórea. Tal estudo é parte da produção de um Trabalho
de Conclusão de Curso do Curso de Pós-Graduação Latu-Sensu em Atividade Física
e Saúde no Contexto da Educação Básica, da Faculdade de Educação, da
Universidade Federal da Bahia (UFBA) e tem a orientação da Professora Doutora
Regina Sandra Marchesi.
Caso você concorde em participar da pesquisa, leia com atenção os seguintes
pontos:
a) você é livre para, a qualquer momento, recusar-se a responder às perguntas
que lhe ocasionem constrangimento de qualquer natureza;
b) você pode deixar de participar da pesquisa e não precisa apresentar
justificativas para isso;
c) sua identidade será mantida em sigilo;
d) caso você queira, poderá ser informado(a) de todos os resultados obtidos
com a pesquisa, independentemente do fato de mudar seu consentimento em
participar da pesquisa.
PERGUNTAS
1º) A atividade física contribui para a saúde? Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________ .
2º) Há relação entre atividade física, saúde e meio ambiente? Explique.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________ .
3º) Para você, qual a importância da temática atividade física e saúde ser tratada na
escola (assinale apenas uma alternativa)?
a/( ) Para ser mais um conteúdo cobrado na hora da prova.
b/( ) Porque é um tema que é pouco conhecido pelas pessoas.
c/( ) Porque promove sugestivas transformações na vida das pessoas até a vida
adulta.
d/( ) Porque não há outro lugar que fale dessa temática.
e/( ) Não acredito ser uma temática importante para ser tratada na escola.
4º) Em seu curso, cabe à Educação Física tratar da atividade física e saúde e sua
relação com o meio ambiente? Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________ .
5º) Qual a relevância social de se conhecer os benefícios da atividade física?
a/( ) Tomar a decisão de ser mais ativo fisicamente.
b/( ) Ser defensor/propagador do estilo de vida ativo na sociedade (para amigos,
parentes).
c/( ) Ser um dos fatores que influenciam no resgate/aproximação do convívio social.
d/( ) Superar o entendimento de que a atividade física compete aos profissionais da
saúde.
e/( ) Todas as respostas anteriores estão corretas.
6º) Como fazer para as pessoas se tornarem mais ativas fisicamente (pode assinalar
mais de uma alternativa)?
a/( ) Escolher a prática corporal que mais agrada, a fim de dar continuidade à
atividade, bem como ter acesso aos espaços para sua prática.
b/( ) Através da disseminação das informações sobre a importância e benefícios da
atividade física.
c/( ) Entender que a atividade física relaciona-se com a saúde, logo, com a qualidade
de vida.
d/( ) Informando que se movimentem porque é necessário, mas sem um
aprofundamento maior na temática.
7º) Você pratica algum tipo de atividade física extra dia-a-dia? Qual(is)?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________ .
8º) O que você vai fazer com o conhecimento adquirido nesta unidade nas aulas de
Educação Física?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________ .
9º) Para você, a Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente foi importante
porque (pode assinalar mais de uma alternativa):
a/( ) Gerou nota nas disciplinas envolvidas na culminância das atividades.
b/( ) Promoveu maior integração entre os colegas de sala e demais alunos do
colégio.
c/( ) Possibilitou contextualizar os conhecimentos de forma interdisciplinar.
d/( ) Mensurou-se o conhecimento por meio da construção dos terrários, confecção
dos folders e vivência de atividades físicas.
e/( ) Foi um momento de descontração, diferente do ambiente da sala de aula.
10º) Para você, qual(is) o(s) benefício(s) da prática de atividade física (pode assinalar
mais de uma alternativa)?
a/( ) O prazer do corpo e da mente, em equilíbrio, promovendo qualidade de vida,
logo saúde.
b/( ) Libertar-se dos paradigmas sociais de estética e encontrar satisfação na prática
da atividade física escolhida.
c/( ) Estar em contato com o meio ambiente de maneira harmoniosa, encontrando
o melhor local e o melhor horário de realização da atividade física.
d/( ) O benefício primordial da prática de atividade física é o do corpo.
e/( ) Não acredito que a atividade física traga tantos benefícios aos corpo.
Assim, para os devidos fins acadêmicos, declaro que libero as informações
contidas neste questionário semiestruturado.
Esplanada, BA, 29 de agosto de 2018
__________________________________________________
Assinatura do participante número ________
Apêndice B – Plano de unidade
PLANO POR COMPONETE CURRICULAR – ANO LETIVO 2018
Unidade Escolar: Colégio Estadual Celina Saraiva – Esplanada, BA NTE: 18
Etapa de Ensino / Modalidade: 2ª série do Ensino Médio Profissionalizante – Técnico em Meio Ambiente
Componente Curricular: Educação Física
Área de Conhecimento: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Temática da Unidade: Atividade Física e Saúde (II Unidade) Turnos: Matutino
Professora: Dayane Dórea
PRÁTICA
Nível de desenvolvimento atual
TEORIA
Zona de desenvolvimento imediato
PRÁTICA
Novo nível de
desenvolvimento atual
Prática Social Inicial do
Conteúdo
Problematização Instrumentalização Catarse Prática Social Final do
Conteúdo
GERAL: Compreender como a
atividade física e a saúde se
relacionam com a cultura
corporal e a influência do meio
ambiente em ambas.
ESPECÍFICOS: Identificar o
contexto histórico da atividade
física e da saúde; Reconhecer
os benefícios da prática regular
de atividade física e os
malefícios do sedentarismo;
Compreender a representação
da saúde na atualidade;
DISCUSSÃO: Por que
estudar esse conteúdo?;
O que é ter qualidade
vida?; É a mesma coisa
que saúde?; Quais os
benefícios da prática
regular de atividade
física?; Qual a relação
com o cotidiano?; O que
é sedentarismo?; Como
sermos mais ativos
fisicamente no
cotidiano?; Qual a
AÇÕES DOCENTES E
DISCENTES: Exposição
do conteúdo; discussão
acerca dos conceitos de
atividade física, saúde,
qualidade de vida e
sedentarismo;
discussão sobre os
prejuízos da inatividade
física à saúde; reflexão
sobre a relação da
atividade física e saúde
com o meio ambiente;
SÍNTESE MENTAL DO
ALUNO: Atividade física
é todo movimento que
realizamos com o corpo,
de maneira
despretensiosa e que
acompanha o homem
desde os tempos mais
remotos. O sedentarismo
é o estado de quem evita
o movimento. A saúde
considera os aspectos
éticos, relacionados aos
INTENÇÕES DO ALUNO:
Compreender a importância
de ser ativo fisicamente;
Reconhecer os momentos do
cotidiano das possibilidades
de prática à atividade física;
Compreender os prejuízos do
sedentarismo e sua relação
com a modernidade;
Construir folders informativos
e disponibilizar no colégio;
etc.
Incentivar o registro escrito dos
alunos.
relação da atividade
física e saúde com a
cultura corporal e com o
meio ambiente?; etc.
promoção de vivências e
contextualização; etc.
direitos e deveres de
indivíduos, para além de
um corpo ausente de
doenças. O cuidado com
o corpo para uma
qualidade de vida
perpassa pela qualidade
do meio ambiente em
que se vive.
PRÉVIO: Exercício; corpo
definido; qualidade de vida;
ausência de doenças; gordo;
magro; movimento; saneamento
básico; etc.
DESAFIO: Há relação entre
atividade física e saúde?; Há
relação entre atividade física,
saúde e meio ambiente?; Quais
os perigos do sedentarismo?;
Qual a relação sedentarismo
entre modernidade?; etc.
DIMENSÕES: Histórica;
conceitual; social;
cultural; econômica;
estética; afetiva; moral;
científica; psicológica;
ética; política; etc.
RECURSOS: Apostila;
sala de aula; espaço
escolar; bolas de vôlei e
de futsal; bexigas;
cones; bambolês; corda;
slackline; barbante;
papel; caneta; caderno;
quadra; rede de vôlei;
lápis; celular; alunos;
professora; etc.
AVALIAÇÃO:
Socialização de
pesquisas; registros
escritos; resolução de
atividades; participação
nas aulas e nas
vivências; construção de
folders informativos;
apresentação de
seminário nas demais
turmas da manhã; etc.
AÇÕES DO ALUNO:
Reconhecer a importância da
prática de atividade física no
e o perigos do sedentarismo
no contexto individual e
social; Divulgar na escola a
importância de ser ativo
fisicamente, incentivando
práticas de atividades físicas
nos intervalos; etc.
REFERÊNCIAS:
DARIDO, Suraya Cristina; SOUZA JÚNIOR, Osmar Moreira. Para ensinar educação física: Possibilidades de intervenção
na escola. 7ª. ed. Campinas, SP: Papirus, 2011.
SABA, Fábio. Mexa-se: Atividade física, saúde e bem-estar 2. ed. São Paulo: Phorte, 2008.
Apêndice C – Roteiros de cada intervenção (aula por aula)
ROTEIRO DA AULA DO DIA 18/07/2018
TEMA DA AULA: Atividade física X sedentarismo.
OBJETIVO: Entender o que é atividade física e os malefícios do sedentarismo.
RESUMO DA AULA: Discussão do primeiro texto: Sobre a atividade física e
socialização de pesquisa sobre os malefícios do sedentarismo. Promoção de vivência
e contextualização.
VIVÊNCIA: Futsal em duplas, a fim de trabalhar a cooperação, o contato corporal, o
respeito e a valorização dos diferentes movimento produzidos. Tratar da relação da
prática corporal com a atividade física.
ROTEIRO DA AULA DO DIA 19/07/2018
TEMA DA AULA: Frequência cardíaca.
OBJETIVO: Entender o que é frequência cardíaca e como ela se relaciona com a
atividade física e com o meio ambiente.
RESUMO DA AULA: Discussão sobre a frequência cardíaca tratada também no
primeiro texto, fazendo referência sobre sua relação quando o corpo se movimenta ou
está parado e como o meio ambiente (principalmente as mudanças climáticas)
influencia também na frequência cardíaca. Utilização do aparelho de pressão digital
de braço. Promoção de vivências e contextualização.
VIVÊNCIAS: Verificação da frequência cardíaca individualmente, através do pulso,
antes e depois da prática corporal. Pega-pega corrente, a fim de promover o contato
corporal e a valorização dos movimentos produzidos e sua relação com a temática da
aula.
ROTEIRO DA AULA DO DIA 01/08/2018
TEMA DA AULA: Saúde e sedentarismo na modernidade.
OBJETIVO: Compreender o conceito atual de saúde e sua evolução histórica.
RESUMO DA AULA: Discussão do segundo texto: Sobre a saúde, contextualizando
acerca da evolução dos conceitos de saúde e socialização da pesquisa sobre a
relação do sedentarismo com a modernidade. Problematizar as consequências
positivas e negativas acerca da evolução tecnológica na atividade física e na saúde.
Promoção de vivência e contextualização.
VIVÊNCIA: Nunca três, a fim de trabalhar a lateralidade, flexibilidade, agilidade e
velocidade, bem como a cooperação e o respeito aos diferentes movimentos
produzidos pelos corpos. Contextualizar a relação da prática corporal com a oscilação
entre os polos positivo e negativo da saúde.
ROTEIRO DA AULA DO DIA 15/08/2018
TEMA DA AULA: Meio ambiente e atividade física
OBJETIVO: Estimular a participação de atividades físicas em grupo que compartilhem
valores como respeito, ajuda ao outro e companheirismo, destacando a influência do
meio ambiente na prática de atividade física.
RESUMO DA AULA: Discussão sobre a Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio
Ambiente. Refletir acerca da influência do meio ambiente na prática de atividade física,
da importância da hidratação e do uso de protetor solar, bem como de vestimentas
adequadas. Promoção de vivências e contextualização.
VIVÊNCIAS: Zerinho, 7 pedrinhas e baleado, a fim de trabalhar a coletividade,
cooperação e respeito aos movimentos produzidos. Contextualizar a relação das
práticas corporais com o tema da aula.
ROTEIRO DA AULA DO DIA 22/08/2018
TEMA DA AULA: Benefícios da prática da atividade física.
OBJETIVO: Reconhecer os benefícios da prática regular de atividade física.
RESUMO DA AULA: Correção do folder (normas da ABNT e ortografia). Orientações
finais para a Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente. Discussão sobre o
texto: Os benefícios da atividade física e socialização da pesquisa sobre caderno a
relação da atividade física e saúde com o meio ambiente. Promoção de vivência e
contextualização.
VIVÊNCIA: Bandeira, a fim de trabalhar a coletividade, a cooperação e a valorização
dos movimentos produzidos. A contextualização será na própria vivência, pois nos
cones estarão coladas as respostas das perguntas feitas pela professora.
ROTEIRO DA AULA DO DIA 29/08/2018
TEMA DA AULA: Atividade Física, saúde e meio ambiente.
OBJETIVO: Disseminar os conhecimentos apreendidos, através da Mostra de
Atividade Física, Saúde e Meio Ambiente.
RESUMO DA AULA: Promoção da Mostra de Atividade Física, Saúde e Meio
Ambiente com apresentação dos terrários, entrega do folder produzido e promoção
de vivências (slackline, jiu-jitsu, amarelinha, capoeira e pular corda). Aplicação do
questionário misto e entrega dos termos de consentimento livre e esclarecido.
Apêndice D – Apostila
II UNIDADE
CONTEÚDO: ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE _____________________________________________
SOBRE A ATIVIDADE FÍSICA
É natural ao homem movimentar-se. Para realizar nossas tarefas do dia a dia
andamos, subimos escadas, movemos os braços, agachamo-nos, sentamo-nos! A
atividade física é o corpo em movimento, em ação. São os músculos esqueléticos do
corpo (aqueles que podemos controlar voluntariamente) gastando energia,
contraindo-se, relaxando, numa sequência coordenada entre a ação do tecido
muscular e os tendões e os ossos.
Chamamos de atividade física toda ação humana que envolva movimentação
e acelere os batimentos cardíacos acima da frequência de repouso. Portanto, ao
praticar muitas das suas atividades cotidianas como ir a pé até a padaria, participar
de um passeio ciclístico, subir escadas, fazer faxina, dançar, brincar de pega-pega,
subir em árvore, cavalgar, jogar uma pelada, ter relação sexual, enfim, você está
praticando atividade física.
Quando bem aproveitada, toda atividade física pode lhe proporcionar enormes
benefícios como o prazer, a disciplina ao seu corpo e uma agradável sensação de
bem-estar. Conhecer a atividade física significa desvendar seus benefícios para o
corpo, para a mente, para o relacionamento social, etc.
SABA, F. Mexa-se: Atividade física, saúde e bem-estar. 2. ed. São Paulo:
Phorte, 2008.
ATIVIDADE NO CADERNO! (PERGUNTA E RESPOSTA):
1º) Quais atividades físicas você costuma realizar durante o seu dia?
2º) O que é atividade física?
3º) Como se pode definir atividade física em poucas palavras?
4º) A pessoas que fazem parte do seu cotidiano fazem atividade física? Explique.
5º) A prática regular de atividade física traz benefícios? Quais?
PESQUISA NO CADERNO! PARA O DIA: ______ / ______ / ______
Pesquise e anote em seu caderno o que é sedentarismo e os seus malefícios.
SOBRE A SAÚDE
Assistindo à televisão, é frequente ouvirmos falar em visa saudável, viver com
saúde, que é importante cuidarmos da nossa saúde. Aliás, não só a TV, mas a
imprensa toda trata do assunto: as revistas, os jornais, o rádio, e também a internet,
seja em sites e portais jornalísticos, seja em sites específicos sobre saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu seu objeto de estudo, em
1940, como “um estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual, e não
somente a ausência de doenças ou enfermidades”. A partir daí as ciências da saúde
passariam a tratar o homem, não a doença.
O conceito atual de saúde e, portanto, mais abrangente, holístico, e até mais
rigoroso. Não se espera mais que uma doença se manifeste para que as providências
curativas sejam tomadas. Buscar a saúde hoje não significa apenas evitar a morte,
mas principalmente aproveitar a vida com tal disposição. É por isso que cada vez mais
o termo saúde amplia-se, ultrapassando os limites dos profissionais da área médica,
atingindo a todos os outros, no objetivo de buscar as condições ótimas de
funcionamento do nosso corpo e de nossa mente, baseados em critérios fisiológicos
e psicológicos.
E essa constância do assunto na pauta do dia a dia fez da mídia um aliado
poderoso das pessoas que buscam saúde, posto que se necessita de uma população
bem informada e que, assim, possa mudar seus hábitos em prol do seu bem-estar. A
mudança de hábito é, aliás, um dos pontos cruciais para a obtenção de uma saúde
global. Os avanços em todas as ciências têm conduzido a uma concepção de saúde
como um equilíbrio, uma medida certa das ações do homem que somente levem ao
seu bem. O homem no controle dos seus comportamentos. Trata-se da vinculação
direta da saúde com o estilo de vida. Sua saúde deriva da sua condição global, uma
vez que o estado do seu físico interfere no seu estado mental e vice-versa.
O estilo de vida do homem do século XXI “conspira” contra sua saúde. Para
muitos, o cotidiano é sem dúvida bastante cansativo e esgotante, o que não raro
resulta numa compensação, no fim do expediente, chamada preguiça. Podemos
também colocar a culpa na tecnologia, afinal é o controle remoto da TV que nos
mantém presos ao sofá; é o nosso carro sempre a mão que não nos deixa mais
caminhar; são os alimentos industrializados, cada vez mais fáceis de preparar e de
comer, com embalagens cada vez mais práticas, que “nos traem” com gordura a mais,
vitaminas a menos aditivos químicos nocivos ao organismo.
Não obstante, há ainda os vícios químicos, que nos acompanham e cada vez
mais tornam-se eternos inimigos da nossa vontade de viver com saúde: o fumo, o
álcool e as drogas dos mais variados tipos (medicamentos e drogas puras ou
misturadas). As drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, nem sempre levam o usuário à
morte, nem sempre causam doenças com nome, nem sempre viciam. Mas é certo que
elas interferem no bom funcionamento do corpo e da mente e desestabilizam o estado
que se pode chamar de saúde. Saúde individual e coletiva!
SABA, F. Mexa-se: Atividade física, saúde e bem-estar. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2008.
ATIVIDADE NO CADERNO! (PERGUNTA E RESPOSTA):
1º) O que definitivamente é saúde?
2º) O que as pessoas de áreas médicas e afins buscam com a saúde?
3º) Você consegue identificar outros profissionais que tratam a saúde além dos
médicos? Quais?
4º) Por que os meios de comunicação exploram tanto o campo da saúde?
5º) O que é saúde global?
6º) Como adquirirmos a nossa saúde global sem que precisemos viver numa redoma
de vidro?
7º) Como exibir um layout saudável e ser de fato pleno?
8º) Quais motivos desencadeiam a falta de uma vida saudável?
PESQUISA NO CADERNO! PARA O DIA: ______ / ______ / ______
Pesquise e registre em seu caderno a relação do sedentarismo com a modernidade.
OS BENEFÍCIOS DA ATIVIDADE FÍSICA
Há uma relação direta da qualidade de vida, da saúde e da prática regular de
atividade física, uma vez que contribui positivamente no funcionamento ótimo do
corpo, melhorando a saúde, aumentando a disposição e ajudando no controle do
estresse, além de auxiliar no controle da massa corporal, se auxiliado com outros
hábitos de vida.
A prática habitual de atividade física envolve, ainda, a possibilidade de inclusão
social, interferindo no humor do praticante. Além disso, a prática por si só proporciona
prazer, ou por ser divertida, de acordo com o gosto da pessoa, ou por provocar a
produção de hormônios de efeito agradável.
A atividade física acompanha o homem desde os tempos mais remotos. Há
muitos milênios, a atividade física permitia ao ser humano realizar suas tarefas diárias
de sobrevivência, como caça, pesca, possibilitava também que ele se defendesse ou
fosse capaz de fugir. No entanto, atualmente, com as novas tecnologias, somos
capazes de passar dias, semanas e meses sem realizar grandes esforços físicos, sem
que para isso seja necessário deixar de trabalhar, cozinhar, estudar.
Os benefícios de ser ativo fisicamente são muitos, dentre eles podemos citar:
controle de peso corporal; melhora a resistência física; melhora a força muscular;
fortalece os ossos; ajuda a controlar a pressão arterial; ajuda a controlar a glicose
(açúcar) do sangue; aumenta a resistência contra as doenças. IMPORTANTE:
Quando uma pessoa deixa de ser sedentária e se torna ativa, diminui em 40% o risco
de morrer em consequência de doenças como o infarto. Ainda em se tratando dos
benefícios da atividade física, ela aumenta a autoestima; alivia o estresse do cotidiano,
a ansiedade; aumenta o bem-estar; estimula o convívio social; melhora a insônia e a
redução no consumo de medicamentos; dentre outros.
Deste modo, após reconhecer os variados benefícios proporcionados pela
atividade física, o questionamento que fica é com podemos conciliar a prática de
atividade física ao nosso cotidiano? De maneira simples: em lugar de elevadores; use
escadas ou rampas; evite ficar muito tempo parado, mesmo ao telefone procure se
exercitar; estacione o carro um pouco mais longe do destino, ou desça da condução
um ou dois pontos antes; aproveite o horário do almoço para caminhar até o
restaurante; sempre que possível, vá andando ao banco, à padaria, ao correio ou ao
shopping; cuide você mesmo do seu jardim, varra a casa, tire a poeira dos móveis,
lave o carro (mas sem desperdício de água); leve o cachorro para passear, dance,
ande de bicicleta; junte a turma do prédio, da rua, do bairro ou da escola para
caminhadas, pedaladas e até mesmo para jogar vôlei, peteca, ou uma boa pelada.
Para ser mais ativo você não precisa de nenhum equipamento especial, ou de
habilidade. O segredo é escolher atividades que possam ser feitas na maior parte dos
dias da semana e que se adaptem ao seu estilo de vida. Não tenha medo de tentar
atividades diferentes. O importante é você se divertir e sentir prazer com o que está
fazendo, pois assim você obterá melhores resultados.
ATIVIDADE NO CADERNO! (PERGUNTA E RESPOSTA):
1º) Por que há uma relação direta na tríada atividade física, saúde e qualidade de
vida?
2º) Cite alguns benefícios provenientes da prática regular de atividade física.
3º) Cite alguns malefícios do sedentarismo.
4º) Como podemos ser mais ativos fisicamente durante nosso cotidiano?
5º) Por que não se precisa de nenhum equipamento especial para sermos mais ativos
fisicamente?
6º) É possível ser ativo fisicamente na escola? De que forma?
PESQUISA NO CADERNO! PARA O DIA: ______ / ______ / ______
Pesquise e registre em seu caderno a relação da atividade física e saúde com o meio
ambiente.
PRODUÇÃO COLETIVA! PARA O DIA: ______ / ______ / ______
Produzir um folder informativo acerca da atividade física e saúde e sua relação com o
meio ambiente. Retratem a importância da prática da atividade física, de que forma
está presente no cotidiano, estratégias para sermos mais ativos fisicamente, a
influência do meio ambiente na prática de atividade física e manutenção da saúde,
etc. Os folders serão entregues e apresentados ao colégio.
Professora Dayane Dórea
ANEXOS
Anexo A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido do Colégio
Anexo B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Alunos
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, Dayane Ramos Dórea, acadêmica do Curso de Pós-Graduação Latu-Sensu
em Atividade Física e Saúde no Contexto da Educação Básica, da Faculdade de
Educação, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), realizo uma pesquisa intitulada:
Atividade Física e Saúde: Seu trato didático-pedagógico na educação física escolar.
Tal estudo é parte da produção de um Trabalho de Conclusão de Curso e tem a
orientação da Professora Doutora Regina Sandra Marchesi.
Assim, convidamos ao Sr./Srª. a participar do presente estudo como
informante. A pesquisa objetiva incorporar estratégias teórico-metodológicas acerca
do trato didático-pedagógico do conhecimento atividade física e saúde e sua relação
com o meio ambiente nas aulas de Educação Física na 2ª série do Ensino Médio
Profissionalizante – Técnico em Meio Ambiente do Colégio Estadual Celina Saraiva.
Dessa forma, pedimos sua atenção e cuidado na leitura do instrumento e esclareça
qualquer dúvida com a pesquisadora.
Sua participação no presente se dará a partir de respostas a dois instrumentos
de pesquisa específicos e sua identificação a partir de um número. Para tanto,
solicitamos sua autorização para a aplicação e análise dos dados, que serão utilizados
apenas para os fins de investigação, sendo tratados apenas pela pesquisadora. A
privacidade do/da informante será mantida em sigilo, não havendo a identificação dos
nomes. A pesquisa se refere ao tema em estudo, não é invasiva e não oferece
qualquer tipo de risco e exposição.
Sua participação deverá ser voluntária, podendo se retirar do estudo a qualquer
momento. Você poderá obter informações sobre o andamento e resultados da
pesquisa em contato com a acadêmica Dayane Ramos Dórea, através do telefone
(75) 99953-1267 ou no e-mail: daydorea@gmail.com.
Esplanada, BA, 11 de julho de 2018.
_____________________________________
Acadêmica
_________________________________________________
Participante da pesquisa número ________
PARTICIPANTES:
Nº PESQUISADO(A)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
Anexo C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos Pais
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, Dayane Ramos Dórea, acadêmica do Curso de Pós-Graduação Latu-Sensu
em Atividade Física e Saúde no Contexto da Educação Básica, da Faculdade de
Educação, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), realizo uma pesquisa intitulada:
Atividade Física e Saúde: Seu trato didático-pedagógico na educação física escolar.
Tal estudo é parte da produção de um Trabalho de Conclusão de Curso e tem a
orientação da Professora Doutora Regina Sandra Marchesi.
Assim, seu(sua) filho(a) foi convidado para participar do presente estudo como
informante. A pesquisa objetiva incorporar estratégias teórico-metodológicas acerca
do trato didático-pedagógico do conhecimento atividade física e saúde e sua relação
com o meio ambiente nas aulas de Educação Física na 2ª série do Ensino Médio
Profissionalizante – Técnico em Meio Ambiente do Colégio Estadual Celina Saraiva.
Dessa forma, pedimos sua atenção e cuidado na leitura do instrumento e esclareça
qualquer dúvida com a pesquisadora.
A participação do(a) seu(sua) filho(a) no presente se dará a partir de respostas
a dois instrumentos de pesquisa específicos e sua identificação a partir de um número.
Para tanto, solicitamos sua autorização, visto seu(sua) filho(a) ser menor de idade,
para a aplicação e análise dos dados, que serão utilizados apenas para os fins de
investigação, sendo tratados apenas pela pesquisadora. A privacidade do/da
informante será mantida em sigilo, não havendo a identificação dos nomes. A
pesquisa se refere ao tema em estudo, não é invasiva e não oferece qualquer tipo de
risco e exposição.
Sua participação deverá ser voluntária, podendo se retirar do estudo a qualquer
momento. Você poderá obter informações sobre o andamento e resultados da
pesquisa em contato com a acadêmica Dayane Ramos Dórea, através do telefone
(75) 99953-1267 ou no e-mail: daydorea@gmail.com.
Esplanada, BA, 11 de julho de 2018.
_____________________________________
Acadêmica
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Responsável do participante da pesquisa número ________
Anexo D – Folder produzido pela turma
Anexo E – Fotos das intervenções
Aula 1 – Dia 18/07/2018
Aula 2 – Dia 19/07/2018
Aula 3 – Dia 01/08/2018
Aula 4. Dia 15/08/2018
Aula 5 – Dia 22/08/2018
Aula 6 – Dia 29/08/2018
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