Viagens por entre linhas: reflexões sobre um caminho sempre a-fazer

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Projecto de Promoção da Leitura das Bibliotecas Municipais de Oeiras para o 1º Ciclo.

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Viagens por entre linhas –reflexões sobre um

caminho sempre a-fazer

Partir, abrir portas para outras portas,

errar, provocar a errância...Também nós partimos para

aprender a ensinar,para ensinar a aprender

Cada novo dia

“Aprender provoca a errância” Michel Serres – O Terceiro Instruído

Aprender implica a acção de uma viagem…

Aprender é crescer, modificar-se, deixar-se cativar – criar laços – apropriar-se do mundo, torná-lo

presente.

Educar, ser esse outro que convoca à partida, é provocar

transformações, levar a descobrir, orientar nos caminhos,

às vezes tortuosos, surpreendentes – também felizes

–, que a viagem abre ao aprendiz.

“O homem só é verdadeiramente homem

quando é lúdico”

Schiller, F. – Cartas sobre a educação estética do homem

CMO

- A ludicidade expressa a capacidade transformadora e criativa, adaptativa e transgressora própria da imaginação;

- Na e pela acção de imaginar, experimentamos essa “beleza de sermos criadores”1, que é, talvez, o mais próprio da nossa condição humana.

1 Garaudy – Esthétique et invention du futur

‘A educação é sempre provocante.‘2

2 Osterrieth, P.A., Faire des Adultes, 9ème ed., C. Dessart Éditeur,Bruxelles, 1971, p. 39.

Estas orientações pedagógicas são transversais a toda a acção educativa

(família, jardim-de-infância, escola, biblioteca ou num serviço educativo de um museu)

O nosso propósito:

- compreender em que medida estas orientações gerais podem desenvolver-se no contexto específico das bibliotecas públicas,

↓ - os projectos e actividades para a

infância na biblioteca pública devem assumir-se como um serviço educativo, com toda a responsabilidade social e cultural que essa intervenção implica.

Assumir na íntegra as missões-chave da biblioteca pública enunciadas no Manifesto da UNESCO:

Objectivo:

Criar e fortalecer hábitos de leitura nas crianças, desde a primeira infância; apoiar a educação individual e a autoformação, assim como a educação formal a todos os níveis; estimular a imaginação e criatividade das crianças e jovens.

↓O projecto Viagens por Entre Linhas procurou assumir-se como um projecto educativo a médio e longo prazo, apostando no trabalho de cooperação com os educadores, professores e responsáveis pelas bibliotecas escolares do Concelho de Oeiras.

A assunção do papel que as bibliotecas públicas podem assumir na formação de crianças leitoras encontra-se definida, à partida, no Programa Municipal de Promoção da Leitura Oeiras a Ler, que prevê a criação de projectos continuados como linha de acção estratégica para a primeira e segunda infâncias.

Plano operacional:

Factores determinantes: - o empenho das técnicas afectas ao projecto no sentido de cativar os agentes educativos;

- o empenho dos educadores e professores e de alguns responsáveis pela bibliotecas escolares no sentido de sensibilizar os órgãos de gestão dos jardins-de-infância e das escolas para a importância de integrar esta valência nos respectivos projectos educativos.

O trabalho prévio das técnicas da biblioteca iniciou-se alguns meses antes e foi estruturado por fases:

- Selecção de uma bibliografia de referência para a infância, por géneros, a partir da qual seriam escolhidos os livros para as actividades;

- Concepção de um projecto com condições de exequibilidade, suficientemente versátil para permitir uma abordagem de trabalho continuado e abordagens pontuais de qualidade;

- Início de um trabalho de Grupo de Leitura, com o objectivo de conhecer e seleccionar um conjunto de livros de referência para a infância a constar de folhetos informativos periódicos para pais, educadores e professores;

- Investimento na formação interna das técnicas da biblioteca afectas aos Sectores Infantis e Juvenis.

(Ex: o Círculo de Estudos Ler para Crescer, que reuniu 8 especialistas nas áreas da literatura para infância, psicologia da educacional e estratégias de animação da leitura)

A abertura de um espaço-tempo favorável à formação de crianças leitoras

Concertação de estratégias entre os mediadores da leitura no jardim-de-infância e na escola e os mediadores da leitura na biblioteca.

A tomada de consciência da responsabilidade que reveste o trabalho dos actores da animação da leitura:

- o compromisso perante os objectivos propostos;- o entusiasmo permanente e renovado pela leitura;- um bom nível de conhecimento geral sobre o processo de leitura e escrita e sobre literatura para a infância;- formação continuada e o contacto regular com o grupo[1].

[1] Com base nas cinco características básica dos actores da animação da leitura definidas por Miguel Rodriguez Fernández – Animación a la lectura in Hábitos lectores y animación a la lectura

Do Projecto Viagens por Entre Linhas:

1. Objectivos:

Criar condições favoráveis à formação de crianças leitoras através de estratégias concertadas entre os técnicos de Biblioteca e Documentação, os professores e parceiros especializados;

2. Responsabilidades da Biblioteca Municipal:

- Fornecer às escolas de um pacote de actividades no qual se incluem:

- Temáticas a trabalhar, em função das quais são seleccionados livros;

- Documentos seleccionados em função de temas próximos das unidades curriculares, abrangendo diferentes géneros (conto tradicional, poesia, conto, adivinhas, lenga-lengas, provérbios, trava línguas) e tendo em conta 1) a qualidade do texto, 2) a qualidade da ilustração e 3) a qualidade do livro enquanto objecto;

- Um Dossier de Apoio ao professor, do qual farão parte: 1) uma selecção bibliográfica de livros para a infância; 2) uma selecção bibliográfica de livros sobre literatura para a infância – 2ª fase; 3) Pistas de trabalho e propostas de actividades;

- Fichas de apoio à leitura;

- Ficha de apoio à criação de uma pequena biblioteca de turma: 1 Ficha de leitor para cada aluno (pai/mãe/avó/irmão), 1 Ficha de Opinião;

- Promover Círculos de Estudos, Acções de Formação, Seminários para os professores nos espaços das BM, através do Centro Oeiras a Ler, ministradas por especialistas convidados, de carácter teórico-prático.

- Agendar e dinamizar reuniões mensais com os técnicos da BM, professores e parceiros;

- Distribuir os pacotes de temáticos pelas escolas e assegurar a sua circulação pelas escolas afectas ao projecto;

3. Responsabilidades das escolas:

- Participar regularmente nas actividades;- Trabalhar em parceria com os técnicos da BM e os demais parceiros;- Participar nas Acções de Formação propostas no âmbito do Projecto;- Desenvolver actividades de promoção da leitura, nomeadamente a da criação de uma pequena biblioteca de turma;

- Promover mensalmente uma actividade que dinamize

a biblioteca de turma e estimule a ida dos pais e familiares dos alunos à escola nesse âmbito (hora do conto dinamizada pelo professores, pelos alunos e pelos pais, avós, tios, outros familiares ou amigos; encontro com escritores);

- Convidar os técnicos da BM e os parceiros para participarem nas iniciativas promovidas no âmbito do projecto desenvolvido com as turmas;

- Gerir os empréstimos domiciliários dos títulos constantes dos pacotes e zelar pelo seu estado de conservação;

- Devolver os títulos emprestados no prazo determinado;

- Procurar apoio junto dos técnicos das BM e dos parceiros sempre que julguem importante.

- Fazer um Livro de Bordo, um diário (ou um semanário) das actividades desenvolvidas e atribuir-lhe criativamente outras funções (construção de uma história colectiva, da história nasce um poema – pedir aos alunos que construam um poema a partir de uma história, colagem de notícias/crónicas/imagens da imprensa que tenham relação com os livros lidos, etc…);

Temas a trabalhar:

- As histórias que eu sou (Selecção de contos populares/tradicionais, lenga-lengas, clássicos da literatura infantil);

- Olhos de gigante, Coração de pássaro (Selecção de poesia e prosa poética);

- No Castelo do Barba Azul (Selecção de uma história com componente de aventura. Um dos objectivos a explorar poderá ser o de iniciar os meninos na pesquisa e recuperação da informação em ambiente informático);

- A minha casa é um planeta (Selecção de livros sobre os temas da natureza e do universo);

- Gente de carne e osso (Selecção de livros sobre o corpo humano e a sua constituição – órgãos e funções; os sentidos; as emoções; os sentimentos e afectos; a sexualidade).

Porquê promover a leitura, realizando um trabalho de animação com estas características?

De uma forma sucinta diremos: porque ler as palavras é ler o mundo.

A aprendizagem da leitura faz-se acompanhar do desenvolvimento necessário de processos cognitivos complexos:

- ler supõe reconhecer signos mas este reconhecimento é somente uma fase elementar de um processo complexo, construtivo e integrador que implica conhecimentos prévios, colocação de hipóteses, antecipações, estratégias para interpretar ideias implícitas ou explícitas;

- ler é conhecer: implica e promove a compreensão, obriga a fazer predições, desenvolve a atenção e a memória, desenvolve o pensamento estrutural

(compreensão de um percurso, estabelecimento de relações, dialéctica permanente entre o lido e que se sabe e/ou julga saber)

A leitura é estruturante no desenvolvimento do pensamento e é nessa medida que pode falar-

se de vários níveis de alfabetismo ou literacia.

Promover a leitura através destas Viagens tem, antes de mais, o

propósito de contribuir para uma acção educativa efectivamente

apostada em formar cidadãos com capacidade de leitura compreensiva,

reflexiva e crítica do mundo.

Com capacidade de sonhar

De saber que o sonho é uma constante da vida

E que sempre que um homem sonhaO mundo pula e avança

Como bola coloridaEntre as mãos de uma criança…

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