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A avaliação no processo de ensino e aprendizagem da educação física – metodologias utilizadas por professores dos anos finais do ensino fundamental de instituições públicas de ensino do município de Pinhão
Resumo A avaliação é indispensável no processo de ensino e aprendizagem, pois quando realizada coerentemente possibilita aos professores refletir sobre a prática pedagógica e solucionar os problemas de aprendizagem dos alunos. Dessa forma propusemos realizar o presente estudo direcionado à disciplina de Educação Física em que objetivou compreender as metodologias avaliativas utilizadas nas aulas de Educação Física pelos professores dos anos finais do Ensino Fundamental, com a seguinte problemática: Quais as metodologias avaliativas utilizadas nas aulas de Educação Física pelos professores dos anos finais do Ensino Fundamental de Instituições Públicas de Ensino do Município de Pinhão‐PR? A pesquisa é de cunho qualitativo e um estudo de caso. Os sujeitos da pesquisa foram professores da disciplina de Educação Física dos anos finais do Ensino Fundamental. Como instrumento de pesquisa optamos por um questionário aberto. A análise de dados foi realizada por meio da análise de conteúdo, para obtermos resultados e interpretações consistentes utilizamos da categorização e supressão das respostas. Por meio dos resultados obtidos consideramos que geralmente os métodos avaliativos utilizados pelos professores de Educação Física não são coerentes com a proposta pedagógica das escolas. Palavras‐chave: Educação Física; Avaliação; Ensino e aprendizagem
Ilma Celia Ribeiro Honorato
Faculdade Guairacá ilmahonorato@faculdadeguairaca.com.br
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Considerações iniciais
Compreendemos que a disciplina de Educação Física pode proporcionar aos alunos
a assimilação de muitos conhecimentos, mas para isso é necessário que professores e
equipe pedagógica adotem meios de ensinar e avaliar que facilitem a formação
necessária dos mesmos.
Nesse sentido, no presente estudo buscamos compreender quais as metodologias
avaliativas utilizadas por professores de Educação Física, pois acreditamos que há
necessidade de refletir sobre a efetivação da avaliação durante as aulas.
Entendemos que a avaliação é uma atividade indispensável no contexto escolar,
pois permite refletir sobre o ensino e aprendizagem, analisar se os objetivos educacionais
propostos estão sendo alcançados, possibilitando orientar a prática pedagógica e
diagnosticar os problemas referentes a aprendizagem (BARBOSA, 2008).
Dessa forma, a avaliação no contexto educacional possui várias modalidades,
dentre elas ressaltamos a avaliação diagnóstica, a avaliação formativa e a avaliação
somativa. Todas podem ser efetivadas, mas é preciso ter cuidado ao avaliar, pois ao
adotar um método avaliativo apenas, é possível que a avaliação se torne classificatória
(SILVA; PERIC, 2009).
Nesse contexto, objetiva‐se que a avaliação nas aulas de Educação Física tenha um
caráter diagnóstico, que possibilite a assimilação dos conhecimentos, para isso é
indispensável conhecer o significado da avaliação e os métodos que possam mediá‐la.
Para tanto, o presente estudo apresenta a avaliação no contexto educacional e no
contexto das aulas de Educação Física. No contexto educacional argumentamos sobre a
importância da avaliação no processo de ensino e aprendizagem, seu passado
conservadorista, os métodos avaliativos coerentes que objetivam a apreensão dos
conhecimentos. No contexto das aulas de Educação Física, disseminamos sobre o
significado da avaliação, sua efetivação, métodos e possibilidades existentes ao planejar
as avaliações.
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Assim, a questão que norteou a pesquisa apresentou‐se da seguinte forma: Quais
as metodologias avaliativas utilizadas nas aulas de Educação Física pelos professores dos
anos finais do Ensino Fundamental de Instituições Públicas de Ensino do Município de
Pinhão ‐ PR?
Compreendemos que a avaliação é indispensável no processo de ensino e
aprendizagem, pois é um dos meios que o professor utiliza para compreender se os
alunos assimilaram ou não os conteúdos abordados em sala de aula. Também pode
analisar se sua metodologia está contextualizada com o processo avaliativo. As
Instituições de Ensino podem observar se os objetivos propostos nos planejamentos
estão sendo alcançados. Assim, por ser uma ferramenta tão importante no cotidiano
escolar que propusemos em realizar o estudo, direcionado especificamente à disciplina
de Educação Física.
Nesse sentido, os objetivos propostos foram: Compreender as metodologias
avaliativas utilizadas nas aulas de Educação Física pelos professores das séries finais do
Ensino Fundamental; Verificar se os métodos avaliativos estão coerentes com a proposta
pedagógica da escola; Analisar as relações entre os métodos avaliativos usados pelos
professores; Refletir sobre as metodologias avaliativas existentes no contexto escolar.
A AVALIAÇÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL
Partindo do princípio que a avaliação é um momento que não pode ser separado
do processo ensino e aprendizagem, pois “a avaliação educacional, em geral, e a
avaliação da aprendizagem escolar, em particular, são meios e não fins em si mesma”
(LUCKESI, 2006, p. 28) compreendemos que a avaliação não é atuante independente no
contexto escolar, para ser validada deve ser contextualizada socialmente, atendendo aos
requisitos de um modelo teórico de sociedade e de educação.
Nesse sentido, a avaliação é uma atividade indispensável no contexto escolar, pois
permite refletir sobre o ensino e aprendizagem, analisar se os objetivos educacionais
propostos estão sendo alcançados, possibilitando orientar a prática pedagógica e
diagnosticar os problemas referentes a aprendizagem (BARBOSA, 2008).
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Sabemos que no Brasil a avaliação da aprendizagem escolar atual está a serviço de
uma pedagogia dominante, que serve ao modelo social liberal conservador, o qual é
resultado das transformações que ocorreram no auge da Revolução Francesa, no qual a
burguesia foi revolucionária contra os privilégios da nobreza e do clero feudal e sendo
vitoriosa tornou‐se defensora dos princípios conservadores. No entanto, as ideias liberais
advindas das revoluções permanecem na sociedade. (LUCKESI, 2006).
A partir daí surgiram três pedagogias advindas do modelo liberal conservador,
todas com o mesmo propósito: a conservação da sociedade. A pedagogia tradicional a
qual tem suas atenções direcionadas ao professor, o mesmo é a autoridade máxima
frente aos educandos é o possuidor do saber; a pedagogia renovada, tem o aluno como
centro das atenções e o professor passa a ser o mediador do processo de ensino e
aprendizagem; e a pedagogia tecnicista, está voltada para um ensino e apreensão de
conhecimentos de uma forma técnica visando o rendimento (LUCKESI, 2006).
Dessa forma, tais pedagogias passaram a ditar as normas do ensino e
aprendizagem, a forma de avaliação, objetivando um ensino que inserisse os alunos no
modelo de sociedade existente. Observamos que o sistema educacional brasileiro sofreu
as consequências das pedagogias conservadoras, pois foi imposto um sistema de ensino
que por ter como objetivo a conservação da sociedade, passou também a reproduzir os
seus métodos, não deixando espaço para a criticidade e mudança de conceitos (LUCKESI,
2006).
Sendo assim, “o termo avaliar tem sido constantemente associado a expressões
como: prova, exame, nota, repetir ou passar de ano” (BARBOSA, 2008 p. 2).
Entendimento esse que permanece no contexto educacional devido a aceitação de
concepções pedagógicas ultrapassadas (BARBOSA, 2008).
Nesse contexto, na intenção de buscar a igualdade entre os seres humanos e sua
liberdade, foram idealizadas novas pedagogias. A libertadora apregoa a mudança por
meio da independência das camadas populares, objetiva a obtenção de ideia social e
política fora dos muros da escola; a libertária acredita que a escola pode ser um meio de
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se ter noção e organização política dos alunos e a pedagogia dos conteúdos, apresenta
uma ideologia de similaridade e vez para todos no sistema educacional (LUCKESI, 2006).
Compreendemos que dessa forma se torna possível um processo de ensino e
aprendizagem em que tanto professores quanto alunos são agentes determinantes da
apreensão de conhecimentos e utilização dos mesmos de uma forma transformadora na
sociedade.
Assim, observamos a existência de dois grupos de pedagogias com ideologias
opostas umas das outras, as quais influenciam no processo avaliativo educacional. A
primeira retrata a avaliação escolar no parâmetro liberal conservador possuindo um
caráter autoritário, sendo “um instrumento disciplinador não só das condutas cognitivas
como também das sociais no contexto da escola” (LUCKESI 2006, p. 32). E a segunda é
voltada para a transformação, para a “superação do autoritarismo e ao estabelecimento
da autonomia do educando” (LUCKESI, 2006, p. 32). Conforme esta segunda, a avaliação
serve de subsídio para o avanço e o crescimento do educando de uma forma integral.
Observamos que atualmente permanecem os dois grupos de pedagogias no
âmbito escolar, geralmente prevalece a avaliação com caráter disciplinador e autoritário,
pois a avaliação educacional traz consigo resquícios de seu passado conservadorista.
Em consequência disso “a avaliação se restringe a medir a quantidade de
informações retidas” (BARBOSA, 2008, p. 2) não há preocupação quanto aos conceitos
que não foram assimilados, contribuindo dessa forma, para um ensino e aprendizagem
vago, pois compreendemos que é diagnosticando os problemas que se obtem o
conhecimento necessário.
Compreendemos que a avaliação educacional apresenta o desempenho dos
alunos durante os estudos, no entanto, a avaliação tem sido classificatória, a qual impede
o crescimento intelectual dos mesmos, diferente da avaliação diagnóstica que “constitui‐
se num momento dialético do processo de avançar no desenvolvimento da ação, do
crescimento para a autonomia, do crescimento para a competência” (LUCKESI, 2006, p.
35).
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Dessa forma, entendemos que a avaliação classificatória, como a própria
nomenclatura afirma, tem servido apenas para classificar os educandos no âmbito escolar
e consequentemente na sociedade, pois os valores estarão anotados para sempre no
histórico escolar, documento esse utilizado no decorrer da vida de todo indivíduo
(LUCKESI, 2006).
Nesse contexto, a avaliação assume outro papel nas mãos dos professores: o
papel disciplinador, pois “com o uso do poder, via avaliação classificatória, o professor,
enquadra os alunos dentro da normatividade socialmente estabelecida” (LUCKESI, 2006,
p. 37). Portanto, a avaliação passa a acontecer de uma forma autoritária e chantagista,
dependendo do estado de humor dos professores.
Sendo assim, a avaliação não estará direcionada aos conteúdos relevantes no
transcorrer da aprendizagem dos educandos, mas relacionada ao estado psicológico do
professor, o interesse de avaliar objetivará a atribuição de notas boas para os alunos
preferidos e de notas baixas para os menos prediletos.
No entanto, existem diferentes modalidades de avaliação que podem ser
considerdas, “a avaliação diagnóstica, a avaliação formativa e a avaliação somativa”
(SILVA; PERIC, 2009, p. 33). O método diagnóstico de avaliação é indispensável, pois,
objetiva a qualidade da aprendizagem.
Quanto à avaliação formativa, objetiva esclarecer ao aluno como está seu
desempenho nos estudos, para que professor e aluno dialoguem, refletindo sobre o que
precisa melhorar tanto o professor quanto aluno, dessa forma, desenvolvendo a
criticidade de ambos (SILVA; PERIC, 2009).
Com relação à avaliação somativa, é realizada no final do processo de ensino e
aprendizagem, tem função classificatória, sendo que a classificação é determinada
conforme o desempenho do aluno (SILVA; PERIC, 2009).
Nesse sentido, “os professores devem converter os métodos tradicionais de
verificação de erros e acertos em métodos investigativos” (BARBOSA, 2008, p. 5).
Diagnosticando os problemas e ajudando no desenvolvimento da criticidade dos alunos,
objetivando a compreensão dos conhecimentos e não a memorização.
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Nesse contexto, a avaliação para ser diagnóstica no âmbito escolar deve ser
efetivada de uma forma consciente. Ao realizar seu planejamento de ensino o professor
precisa ter idealizado a quantidade possível e necessária de conhecimentos a serem
assimilados pelos alunos, precisam atuar objetivando o companheirismo ao invés da
inimizade, facilitando o processo de desenvolvimento, suficiência e autonomia
preparando‐os para serem governantes de si próprios (LUCKESI, 2006).
Sendo assim, é possível reconhecer o nível de conhecimentos em que cada aluno
se encontra, possibilitando aos mesmos a superação de suas defasagens na
aprendizagem, dessa forma a função da avaliação não é somente “reprovar ou aprovar”
alunos, mas dar subsídios para que o aluno se desenvolva (LUCKESI, 2006).
Portanto, “a avaliação do processo de desenvolvimento e aprendizagem dos
alunos não pode ser pensada em si mesma, deve ser realizada em sintonia com o Projeto
Político Pedagógico da escola, construído coletivamente” (BARBOSA, 2008, p. 6).
Compreendemos que a avaliação realizada com os alunos possibilita que o sistema
de ensino analise se os seus objetivos estão sendo alcançados ou não. O professor pode
concluir se seu trabalho está sendo bem realizado o suficiente para que os alunos possam
aprender, caso ao contrário pode mudar os rumos de sua avaliação visando melhores
resultados de ensino e aprendizagem. Os alunos por meio da avaliação podem ver em
que nível de aprendizagem se encontram, conscientizando‐se do quanto precisam
melhorar (LUCKESI, 2006).
Portanto, para que a avaliação cumpra com sua função, os instrumentos
avaliativos deveriam ser elaborados, executados e aplicados seguindo alguns princípios
claramente definidos relacionados aos objetivos da escola.
A AVALIAÇÃO NO CONTEXTO DA DISCIPLINA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
É coerente afirmarmos que a avaliação nas aulas de Educação Física, como nas
demais disciplinas, deve possuir um significado, no entanto, este muitas vezes é limitado,
pois muitos professores não entendem como devem proceder no processo avaliativo em
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suas aulas, geralmente buscam fonte de entendimento em ideologias tradicionais, as
quais não são capazes de proporcionar uma eficiente compreensão de tal fenômeno
educativo (SOARES et al, 1992).
Nesse contexto, a avaliação assume a função classificatória e seletiva nas aulas de
Educação Física, pois a falta de compreensão sobre a mesma induz os professores a
refletir e praticá‐la erroneamente, resultando na “legitimação do fracasso, a
discriminação, a evasão e expulsão dos alunos” no interior das escolas (SOARES, et al,
1992 p. 98).
Nesse sentido, durante o processo de elaboração das diretrizes para a disciplina de
Educação Física vinculada a proposta pedagógica histórico‐crítica, muitos foram os
debates objetivando uma metodologia avaliativa que tem como princípio a efetivação da
aprendizagem de todos, deixando de classificar, selecionar ou excluir alunos (PARANÁ,
2008).
Porém, verificamos que a falta de reflexão sobre o papel da avaliação possibilita
que muitos professores e alunos pensem que a mesma deve ser efetivada apenas para
atender as exigências da escola, da legislação vigente, visando a escolha dos melhores
para as competições (SOARES et al, 1992).
Dessa forma, na maioria das vezes, a avaliação nas aulas de Educação Física é
efetivada pela consideração do domínio de técnicas, movimentos técnicos, “destrezas
motoras”, “qualidades físicas”, ou até mesmo, apenas pela presença nas aulas, utilizando
desses critérios para aprovar ou reprovar os alunos (SOARES et al, 1992).
Portanto, no contexto das aulas de Educação Física deve possuir um caráter
“diagnóstico e investigativo” (PARANÁ, 2008). Subsidiando o processo de ensino e
aprendizagem e mediando as práticas docentes, dessa forma os alunos obterão ajuda em
suas dificuldades na aprendizagem e os professores irão refletir sobre suas práticas
pedagógicas.
Compreendemos que a avaliação deve ocorrer de acordo com os parâmetros
estabelecidos nos Projetos Políticos Pedagógicos (PPP’s), Proposta Pedagógica Curricular
(PPC) e Plano do trabalho Docente (PTD) das instituições de ensino.
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Nesse sentido, podemos dizer que o ensino e aprendizagem são compostos por
etapas, para cada etapa existem documentos que foram elaborados para orientar o
trabalho docente, nessa perspectiva, tais documentos devem ser seguidos de forma
teórica e prática visando a obtenção do melhor resultado (PERINE; TEIXEIRA, s/a ).
Nesse contexto, o processo avaliativo deve ter como subsídio a prática
pedagógica coerente articulada com as propostas no projeto político‐pedagógico. Dessa
forma, compreendemos que se todos os professores de Educação Física consumar a
teoria na prática teremos a efetivação de uma concepção de avaliação coerente que
objetiva a transformação, a autonomia e a criticidade dos alunos.
Nesse sentido, as Diretrizes curriculares para a Educação Básica de Educação Física
objetivam formar alunos que tenham a iniciativa de fazer a diferença no mundo, “que
compreendam criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que, pelo
acesso ao conhecimento, sejam capazes de uma inserção cidadã e transformadora na
sociedade” (PARANÁ 2008, p. 31).
Nesse sentido, compreendemos que o professor de Educação Física precisa ser
consciente do projeto histórico de sua instituição de ensino, o qual irá nortear sua prática
avaliativa, deve considerar que avaliação tem como subsídios “a observação, a análise e
conceituação dos elementos que compõem a totalidade da conduta humana” (SOARES
et al,1992, p. 104).
Dessa forma, o professor deve entender que a avaliação consiste na identificação
de problemas no processo de ensino e aprendizagem e solução dos mesmos, visar a
avaliação participativa, saber que uma das funções da avaliação é informar e orientar
objetivando um melhor ensino e aprendizagem, romper com a homogeinização no
âmbito escolar, que consideram os alunos iguais, compreender que a avaliação não tem
função de detectar talentos esportivos, considerar que “na avaliação confrontam‐se
sentimentos e significados” (SOARES et al,1992, p.106) “entender a nota como meio de
aproximação ou distanciamento do eixo curricular privilegiado no projeto pedagógico e
não como castigo ou compensação para o aluno” (SOARES et al, 1992, p. 106).
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Nesse contexto, entendemos que cabe aos professores da disciplina de Educação
Física proporcionar momentos de reflexão sobre a prática avaliativa existente, para que
os alunos possam compreender a função da avaliação e participar criticamente da
mesma, dessa forma todos terão compreendido o significado da avaliação no contexto
das aulas de Educação Física (SOARES et al,1992).
Metodologia
Optamos neste trabalho por utilizar o método qualitativo de pesquisa, o qual
“Envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com
a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em
retratar a perspectiva dos participantes” (LUDKE; ANDRÉ, 1986, p. 13).
O delineamento da pesquisa é um estudo de caso, “o caso é sempre bem
delimitado, devendo ter seus contornos claramente definidos no desenrolar do estudo”
(LUDKE; ANDRÉ, 1986, p.17).
Compreendemos que por meio do método qualitativo e do estudo de caso, foi
possível analisar, refletir e compreender a temática desenvolvida, assim como a obtenção
das respostas do problema de pesquisa e a conquista dos objetivos elencados.
Os sujeitos participantes do presente estudo foram dez professores da disciplina
de Educação Física dos anos finais do Ensino Fundamental de três Instituições Públicas de
Ensino do Município de Pinhão ‐ PR.
Para realizar a coleta de dados utilizamos um questionário aberto que conforme
Andrade (2006) consiste em um conjunto de perguntas que podem ser respondidas sem
a presença do pesquisador, as quais dão mais liberdade de respostas e apresentam mais
informações.
Em relação aos aspectos éticos da pesquisa, em um primeiro momento foi
entregue aos diretores das Instituições de Ensino a Carta de Apresentação, depois do
aceite dos diretores para a realização da coleta de dados, apresentamos aos professores
de Educação Física o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, após o consentimento
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dos mesmos iniciamos a coleta dos dados, os professores receberam o questionário e
responderam o mesmo sem a presença do pesquisador.
A análise de dados foi realizada por meio da análise de conteúdo em que as
informações foram trabalhadas por meio da pré‐análise; da exploração do material e no
tratamento dos resultados (BARDIN, 1977).
Para obtermos resultados e interpretações consistentes na análise dos dados
utilizamos da categorização em que classificamos os elementos pelas suas semelhanças e
também pelas suas diferenças, reagrupando segundo suas características comuns
(BARDIN, 1977). Utilizamos também a supressão, objetivando por meio desta retirar dos
dados obtidos argumentos únicos possibilitando o enriquecimento da pesquisa.
Resultados e discussão
Para análise dos dados elaboramos quatro categorias, sendo a primeira:
Concepção de avaliação, correspondente a primeira questão do questionário: Qual a sua
concepção de avaliação? A segunda categoria elaborada foi: Métodos avaliativos, a qual
abrangeu as questões dois e três do questionário: Quais métodos avaliativos você utiliza
em suas aulas? Você acredita que a Educação Física atualmente dê conta do processo
avaliativo? A terceira categoria a representar a discussão de resultado foi: Dificuldades no
processo avaliativo, relacionada a questão quatro: Quais as principais dificuldades
encontradas ao proceder as avaliações em suas aulas? Para finalizar, a categoria quatro
estabelecida foi: Instrumentos avaliativos, que corresponde a questão cinco do
instrumento da pesquisa: Cite os instrumentos utilizados para avaliar os seguintes
conteúdos estruturantes – Esportes, Jogos, Ginástica, Lutas e Dança.
Optamos por nominar os sujeitos da pesquisa com a primeira letra do nome, por
exemplo: João letra “J”, como são dez os sujeitos, utilizamos dez letras para representá‐
los, mas como alguns nomes iniciam com a mesma letra, estes foram apresentados da
seguinte forma: “J1”, “J2”, facilitando dessa forma a discussão e exposição dos dados
com coerência, preservando o anonimato dos professores.
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CATEGORIA 1: CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO
De um modo geral observamos que os professores entendem que a avaliação é
um instrumento que possibilita compreender o nível de aprendizagem dos alunos, porém,
nem todos afirmam que a avaliação serve para orientar a prática docente. Nesse sentido,
apresentamos algumas concepções de avaliação, definidas pelos professores:
“A avaliação é um instrumento utilizado pelo professor para que possa observar o nível de aprendizagem e evolução do aluno”. (PROFESSOR R1) “A avaliação é um processo no qual podemos verificar a apreensão que os alunos obtiveram de um determinado conteúdo”. (PROFESSOR C)
Analisando tais concepções, compreendemos que alguns professores apresentam
visão superficial do processo avaliativo, pois conforme Luckesi (2006) a avaliação
realizada com os alunos deve possibilitar que o sistema de ensino analise se os seus
objetivos estão sendo alcançados ou não. O professor pode concluir se seu trabalho está
sendo bem realizado o suficiente para que os alunos possam aprender.
Nesse sentido, Barbosa (2008), argumenta que os resultados avaliativos obtidos
no decorrer do ensino e aprendizagem permitem chegar a uma conclusão sobre os
objetivos educacionais propostos, possibilitam observar os avanços e dificuldades e
reorientar a prática do professor.
Dessa forma, compreendemos que a avaliação no contexto educacional é um
processo amplo que não se resume apenas em provas, pois segundo Barbosa (2008, p. 1),
“a avaliação é uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto do
professor como dos alunos”.
Ainda sobre as concepções anteriores, é possível analisar que o professor “C” ao
referir‐se a avaliação como um processo de verificação de um determinado conteúdo,
está afirmando que o ato avaliativo consiste na obtenção de nota e/ou classificação final.
No entanto, segundo Soares et al (1992), a avaliação deve ir além da verificação, é
preciso observar os resultados buscando a superação das dificuldades, tendo consciência
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de que cada aluno tem seu ritmo próprio de aprender e por isso precisam de
oportunidades para assimilar os conhecimentos necessários.
Nesse sentido, podemos afirmar que para efetivar a avaliação é necessário ter
consciência que a mesma é um processo contínuo que não possui um fim em si mesmo,
mas que objetiva a resolução dos problemas relacionados ao ensino e aprendizagem.
CATEGORIA 2: MÉTODOS AVALIATIVOS
Analisando as respostas obtidas sobre os métodos avaliativos utilizados nas aulas
de Educação Física, verificamos que maior parte dos professores apresenta um conceito
equivocado do mesmo. Como métodos avaliativos citaram instrumentos avaliativos,
mesmo havendo tal equívoco, constatamos que mais da metade dos professores
acreditam que a Educação Física atual dá conta do processo avaliativo.
No entanto, dois professores quando indagados responderam da seguinte forma:
“Não, nem a Educação Física e nem uma outra disciplina. Acredito que as avaliações ainda são generalistas e superficiais, não dão conta de apresentar a totalidade do processo educativo.” (PROFESSOR “K”) “Acredito que o caminho ainda é longo para que todos os profissionais de Educação Física tenham a avaliação como um instrumento fundamental na sua pratica.” (PROFESSOR “J1”)
Compreendemos que ambos acreditam que a Educação Física atual não dá conta
do processo avaliativo, entendimento esse resultante das experiências relacionadas ao
processo avaliativo dos mesmos no ambiente escolar. Muitas vezes o processo avaliativo
não tem êxito nas aulas de Educação Física porque muitos professores não
compreendem o real significado da avaliação em consequência buscam fonte de
entendimento em ideologias tradicionais, as quais não são capazes de proporcionar uma
eficiente compreensão de tal fenômeno educativo (SOARES et al, 1992).
Porém, acreditamos que é possível que a Educação Física dê conta do processo
avaliativo desde que os professores assumam uma postura pedagógica coerente, a qual
possa indicar o rumo da ação pedagógica, a forma de planejar e efetivar a avaliação. Para
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se redirecionar o fazer pedagógico é necessário por em prática os conhecimentos obtidos
(LUCKESI, 2006).
Sobre os métodos avaliativos utilizados nas aulas de Educação Física, três
professores responderam da seguinte forma:
“Diagnóstica – principalmente no inicio das atividades do conteúdo a ser abordado; Avaliação contínua, processual, a qual é concomitante ao processo; Avaliação somativa para a formalização do processo.” (PROFESSOR “K”) “[...] avaliação diagnóstica, de observação, contínua... sempre atenta aos objetivos propostos no PTD e em conformidade com o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola.” (PROFESSOR “R2”) “O método mais comum é a avaliação formativa, pois a avaliação se dá de forma contínua através da observação de trabalhos, avaliações práticas e provas.” (PROFESSOR “J1”).
Verificamos que as três respostas apresentam o conhecimento que os professores
tem dos métodos avaliativos, os quais fazem parte da metodologia dos mesmos. Nesse
sentido, a avaliação no contexto das aulas de Educação Física deve possuir um caráter
diagnóstico e investigativo, auxiliando no processo de ensino e aprendizagem e
intervindo nas práticas docentes, dessa forma os alunos obterão ajuda em suas
dificuldades na aprendizagem e os professores farão uma análise de sua prática
pedagógica (PARANÁ, 2008).
Dessa forma, analisando os Projetos Políticos Pedagógicos (PPP’s) das Instituições
de Ensino, verificamos que todos apresentam a avaliação diagnóstica como princípio da
metodologia avaliativa, portanto, identificamos que no papel a avaliação escolar é
coerente, porém no cotidiano da prática pedagógica deixa a desejar.
Sendo assim, vemos a necessidade de refletir sobre o processo avaliativo, pois é
preciso que os professores efetivem a avaliação tendo com base a teoria que explicita no
PPP, pois de nada adianta compreender o processo avaliativo e não realizá‐lo.
Compreendemos que a avaliação deve ocorrer de acordo com os parâmetros
estabelecidos nos PPP’s, Proposta Pedagógica Curricular (PPC) e Plano do trabalho
Docente (PTD) das instituições de ensino.
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No entanto, das respostas anteriores apresentadas, analisamos que os
professores “K” e “R2” são os únicos que estão em conformidade com a concepção de
avaliação dos PPP´s das instituições de Ensino das quais fazem parte. O professor “J1”
apresentou um método avaliativo, mas não incluiu a avaliação diagnóstica, podemos
dizer que na prática a avaliação registrada no PPP não está sendo efetivada.
Quanto à avaliação formativa presente na resposta do professor “J1”, entende‐se
que a mesma objetiva esclarecer ao aluno como está seu desempenho nos estudos, para
que professor e aluno dialoguem, refletindo sobre o que precisa melhorar tanto o
professor quanto aluno, dessa forma, desenvolvendo a criticidade de ambos (SILVA;
PERIC, 2009)
Com relação à avaliação somativa citada pelo professor “K”, compreendemos que
a mesma é realizada no final do processo de ensino e aprendizagem, tem função
classificatória, sendo que a classificação é determinada conforme o desempenho do
aluno (SILVA; PERIC, 2009).
Nesse contexto, compreendemos que é o conjunto de métodos avaliativos que
contribuem com o processo de avaliação, pois são meios que ajudam o professor a tomar
decisões. Dessa forma, acreditamos que a avaliação deve ser composta por métodos
avaliativos coerentes, que possibilitem avaliar o crescimento do aluno.
No entanto, analisando que apenas três professores, (“K”, “R2” e “J1”), tem
consciência de métodos avaliativos e observando o equívoco dos demais professores,
podemos dizer que por meio do presente estudo foi possível analisar que grande parte
dos professores de Educação Física não pratica a avaliação de forma contextualizada,
com o que as teorias críticas estabelecem para o processo de ensino e aprendizagem.
DIFICULDADES NO PROCESSO AVALIATIVO
Com relação a presente categoria, analisamos que metade dos professores
participantes do estudo, afirmam que o desinteresse dos alunos é o principal fator que
dificulta o processo avaliativo. Nesse sentido, segue abaixo algumas afirmações:
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“em primeiro lugar vem o desinteresse dos educandos, cada vez mais os mesmos não estudam e faltam durante as avaliações”. (professor “j2”) “a falta de interesse dos alunos, pois a maioria prefere a quadra e não a sala de aula”. (professor “r1”) “[...] o interesse dos alunos quanto ao estar na escola, e ao tipo de sociedade que se encontra”. (professor “p”) “[...] descrédito do alunado para com as avaliações”. (professor “k”)
Verificamos que os Professores buscam apresentar as causas da falta de interesse
dos alunos ao proceder as avaliações, alguns professores dizem que seus alunos não
estudam, faltam as aulas, querem somente aulas práticas, não apresentam
acompanhamento da família, sofrem influência do tipo de sociedade que estão inseridos,
enfim, os alunos não são participativos.
Nesse sentido, devemos refletir quanto ao planejamento e metodologias
avaliativas que os professores devem utilizar em suas aulas, pois entendemos que cabe
aos professores da disciplina de Educação Física proporcionar momentos de reflexão
sobre a prática avaliativa existente, para que os alunos possam compreender a função da
avaliação e participar criticamente da mesma (SOARES et al, 1992).
Nesse sentido, “o projeto político pedagógico é fundamental para que a Educação
Física aconteça com qualidade, pois possibilita uma melhor organização das atividades
curriculares, do planejamento escolar” (NETO; SANTOS; OLIVEIRA, s/a, p. 6) Dessa forma,
o professor tem subsídios durante seu trabalho diário, o qual são desafiadores.
Ainda com relação às dificuldades encontradas ao proceder as avaliações nas aulas
de Educação Física, precisamos ressaltar algumas afirmações que se diferenciam das
citadas anteriormente, são elas:
“[...] recursos materiais insuficientes, vícios impregnado nos alunos, porém são apenas “dificuldades”, não vejo como obstáculos impeditivos na contextualização e no procedimento correto das avaliações [...]”. (PROFESSOR “R2”). “[...] confundir na hora de avaliar o aluno que é indisciplinado. Muitas vezes são avaliados somente pelas suas atitudes.” (PROFESSOR “G”).
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“A Educação Física é uma disciplina muito diferente das outras, logo o conhecimento é construído através de assimilação de experiência e pela criação de movimento, dificultando assim a avaliação por parte do Prof.” (PROFESSOR “J1”).
Analisando a resposta do professor “R2”, percebemos que o mesmo tem
consciência de que as dificuldades fazem parte do processo avaliativo e as mesmas não é
empecilho ao proceder as avaliações com coerência. Nessa perspectiva, o professor
precisa entender que a avaliação consiste na identificação de problemas no processo de
ensino e aprendizagem e solução dos mesmos, possibilitar a avaliação participativa, saber
que uma das funções da avaliação é informar e orientar objetivando um melhor ensino e
aprendizagem, romper com a homogeinização no âmbito escolar, que consideram os
alunos iguais (SOARES et al,1992).
Portanto, Paraná (2008) afirma que a avaliação no contexto das aulas de Educação
Física deve possuir um caráter diagnóstico e investigativo, subsidiando o processo de
ensino e aprendizagem e mediando as práticas docentes, dessa forma os alunos obterão
ajuda em suas dificuldades na aprendizagem e os professores irão refletir sobre suas
práticas pedagógicas.
Em relação a resposta do professor “G”, verificamos que o mesmo avalia o
comportamento dos alunos, nesse processo encontra dificuldade, pois confunde os
alunos indisciplinados com os comportados. Dessa forma, ao final do processo avaliativo
alguns alunos são prejudicados, porque se efetiva uma avaliação injusta e
descontextualizada.
Compreendemos que a avaliação não deve assumir o papel disciplinador, pois
“com o uso do poder, via avaliação classificatória, o professor, enquadra os alunos dentro
da normatividade socialmente estabelecida” (LUCKESI 2006, p. 37).
Sendo assim, a avaliação não estará direcionada aos conteúdos relevantes no
transcorrer da aprendizagem dos educandos, mas relacionada ao estado psicológico do
professor, o interesse de avaliar objetivará a atribuição de notas boas para os alunos
preferidos e de notas baixas para os menos prediletos.
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Quanto às dificuldades do professor “J” em realizar as avaliações verificamos que
o mesmo entende que nas aulas de Educação Física as atividades realizadas são apenas
práticas, as avaliações devem ser práticas, mas podemos afirmar que a disciplina de
Educação Física, como qualquer outra, possui conhecimentos teóricos e práticos, os quais
podem ser avaliados de diversas maneiras, tendo como base a orientação do PPP de cada
Instituição de Ensino.
Nesse sentido, a avaliação nas aulas de Educação Física “pode e deve ser realizada
a cada momento do educador com os alunos, em aula, no recreio, nas atividades
paralelas, em seminários, construções coletivas de painéis e até mesmo nos jogos do
colégio” (NETO; SANTOS; OLIVEIRA, S/A, p. 11). Apenas é preciso que nesse processo o
professor tenha conhecimento do significado da avaliação, dos métodos avaliativos,
sendo criativo e dinâmico, com objetivos claros e coerentes.
CATEGORIA 4: INSTRUMENTOS AVALIATIVOS
Analisando as respostas dos professores sobre os instrumentos avaliativos
utilizados nos principais conteúdos da disciplina de Educação Física (esportes, jogos,
ginástica, lutas e dança), percebemos que mais da metade dos professores respondeu
que utiliza os mesmos instrumentos – avaliações teóricas, práticas e trabalhos – para
avaliar todos os conteúdos.
No entanto, dois professores apresentaram os instrumentos utilizados para avaliar
cada conteúdo dessa forma:
“Esportes: [...] provas teóricas (subjetivas e descritivas), apresentações de trabalhos (individuais e em grupos). Jogos: Avaliações teóricas e práticas, reconstrução de jogos com materiais alternativos e apresentações de seminários. Ginástica: Avaliações teóricas e práticas, apresentações de trabalhos e debates; Lutas: [...] debates, avaliação prática para a vivência dos movimentos básicos e provas teóricas. Dança: [...] trabalhos, avaliações teóricas e práticas.” (PROFESSOR R2). “Esportes: [...] avaliações teóricas. Jogos: participação. Ginástica: [...] participação. Lutas: avaliações teóricas. Dança: [...] participação e avaliações teóricas.” (PROFESSOR “G”).
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Analisando as respostas dos professores “R2” e “G”, verificamos que todos
utilizam as provas no processo avaliativo, mas os professores “R2” além de utilizá‐las
buscam outros instrumentos para avaliar seus alunos, diversificando o processo
avaliativo.
Assim, a efetivação da avaliação deve objetivar a aprendizagem. Nesse sentido, os
instrumentos avaliativos, devem subsidiar o processo (NETO; SANTOS; OLIVEIRA, S/A).
Sendo assim, de acordo com o conteúdo estudado serão utilizados os instrumentos, os
mesmos servirão de acompanhamento dos alunos durante as aulas.
Nessa perspectiva, entendemos que só a utilização de provas no processo
avaliativo não é suficiente para um efetivo ensino e aprendizagem, tendo em vista que os
instrumentos avaliativos devem acompanhar a avaliação contínua, permanente e
cumulativa.
Considerações finais
Compreendemos que a avaliação possui um significado amplo no contexto
escolar, o qual não se resume apenas em efetivação de provas e memorização, buscando
classificar os alunos, mas um recurso que contribui para a formação precisa dos mesmos,
possibilitando a assimilação dos conhecimentos e a superação das dificuldades.
Nesse contexto, acreditamos que para mudar a forma de avaliação classificatória
permanente ainda no interior das escolas é preciso fugir do modelo social conservador e
sua correspondente pedagogia, pois é por meio de uma pedagogia que visa a
transformação social que será possível a avaliação educacional verdadeira (LUCKESI,
2006).
Dessa forma, por entender a importância da avaliação e sua grande influência no
processo de ensino e aprendizagem que devemos refletir criticamente sobre a prática da
mesma, devemos ter em mente objetivos claros, que oportunizem o desenvolvimento
dos alunos.
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Compreendemos por meio dos resultados obtidos que geralmente os métodos
avaliativos utilizados pelos professores de Educação Física não são coerentes com a
proposta pedagógica das escolas, devido a efetivação da avaliação classificatória nas
aulas. Nesse sentido, acreditamos que há necessidade de refletir sobre o significado da
avaliação. Estudar e dialogar com a equipe pedagógica são fatores indispensáveis para
que a avaliação seja efetivada com coerência.
Referências
ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. – 7. Ed, 2. Reimpressão ‐ São Paulo: Atlas, 2006.
BARBOSA, Jane Rangel Alves. A avaliação da aprendizagem como processo interativo: um desafio para o educador. Democratizar. Rio de Janeiro. Vol. II, n. 1, 2008, p. 1 – 9.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Edições 70 Lda. Presses Universitaires de France, 1977.
LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. – 18. Ed. – São Paulo: Cortez, 2006.
MENGA, Ludke. MARLI E.D.A. André. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
NETO, Gabriel Paes. SANTOS, Aurea. OLIVEIRA, Ney Cristina. A avaliação como parte do processo de aprendizagem nas aulas de Educação Física. Disponível em http://www.sbec.org.br/evt2012/trab21.pdf acesso em: 31/08/2012 às 12h57min.
PARANÁ. Diretrizes Curriculares de Educação Física do Estado do Paraná. SEED, Curitiba. 2008.
PERINI, Rosemary do Rocio Mangialardo Romanos. TEIXEIRA, Roseli Terezinha Selicani. A avaliação da aprendizagem nas aulas de Educação Física: um desafio. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2154‐8.pdf acesso em: 31/08/2012 às 23h46 min.
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SILVA, Waldirene Gomes. PERIC, Raja Bou Assi. Avaliação nas aulas de Educação Física: entre a teoria e a prática. Revista Interfaces: ensino pesquisa e extensão. Nº 1, 2009.
SOARES, C. et al. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.
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