zelvanio MATA CILIAR

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ZELVANIO SANTIAGO SILVA

Bairro Paraso Viosa (MG): Uma anlise da situao da Mata Ciliar.

Viosa - Minas Gerais Abril - 2006

ZELVANIO SANTIAGO SILVA

Bairro Paraso Viosa (MG): Uma anlise da situao da Mata Ciliar.

Monografia apresentada ao Departamento de Artes e Humanidades, da Universidade Federal de Viosa, como parte das exigncias da disciplina GEO 481, do Curso de Geografia.

ORIENTADOR: Prof. Andr Luiz Lopes de Faria

Viosa - Minas GeraisAbril - 2006

ZELVANIO SANTIAGO SILVA

Bairro Paraso Viosa (MG): Uma anlise da situao da Mata Ciliar.

Monografia apresentada ao Departamento de Artes e Humanidades, da Universidade Federal de Viosa, como parte das exigncias da disciplina GEO 481, do Curso de Geografia.

Aprovada em 20 de abril de 2006.

____________________________________________________ Professor Andr Luiz Lopes de Faria (ORIENTADOR) ____________________________________________________ Professor Elpdio I. Fernandes Filho (Avaliador) ____________________________________________________ Professor Lcio Flvio Zancanela do Carmo (Avaliador)

Viosa - Minas Gerais Abril - 2006

Aos meus pais, Osmar e Bernarda (In memoriam).

Pensar o trabalho mais pesado que h, e talvez seja essa a razo para to poucos se dedicarem a isso.Henry Ford

Agradecimentos

Primeiramente a Deus, pelas oportunidades que coloca constantemente em meu caminho, pela luz, pela sade e pela paz que me proporciona. Aos meus pais, pelo carinho, apoio, incentivo e por jamais terem medido esforos para me fornecerem uma boa educao. Ao Tio Rigoberto pelo incentivo e apoio, sempre. Universidade Federal de Viosa, pela oportunidade de realizao do curso de Geografia. Ao professor Andr Luiz Lopes de Faria, pelos ensinamentos e interesse na orientao deste trabalho. Aos demais professores que tive durante o curso, e que de alguma forma ou de outra contriburam para a realizao deste trabalho. A Karine, minha eterna minininha, pelo amor, carinho, compreenso, amizade e pela alegria que me transmite quando estou ao seu lado. Aos meus amigos Tiago Brando, Daniel Casteluber e Joalex Vialli pelo companheirismo, amizade e pelos bons momentos durante a vida acadmica. Aos demais colegas que conviveram comigo durante o Curso de Geografia. A colega Raquel Portes pelo apoio durante a realizao deste trabalho. A tia T, pelas longas e boas conversas, conselhos e pelos prazerosos almoos em sua casa. Ao Branco, pelo acolhimento em sua repblica, companheirismo, amizade e transmisso de seus conhecimentos.

SUMRIO

1 INTRODUO ...........................................................................................................1 2 REVISO BIBLIOGRFICA ..................................................................................3 2.1 Mata Ciliar: Nomenclatura e Definio ........................................................3 2.1.1 Tipos de mata ciliar .....................................................................................4 2.1.2 Importncia da mata ciliar .........................................................................5 2.2 reas de Preservao Permanente (APPs) .................................................8 2.3 A questo ambiental e a legislao brasileira ...............................................9 2.4 Relao da mata ciliar e eroso do solo ......................................................12 2.5 Biogeografia e mata ciliar ............................................................................13 2.5.1 Fatores determinantes da biogeografia ....................................................14 3 MATERIAL E MTODOS .....................................................................................16 3.1 Caracterizao da rea de estudo ................................................................16 3.2 Uso e ocupao do solo na bacia do So Bartolomeu ................................21 3.3 Aspectos social e econmico da bacia do So Bartolomeu ........................28 3.4 Metodologia ...................................................................................................30 4 RESULTADOS E DISCUSSO .............................................................................32 5 CONCLUSO ..........................................................................................................36 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS......................................................................37 BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS .......................................................................38

LISTA DE FIGURAS:

FIGURA 1: Localizao da Bacia do Ribeiro So Bartolomeu no municpio de Viosa-MG .....................................................................................................................18 FIGURA 2: Bairro Paraso ............................................................................................19 FIGURA 3: Mata Ciliar em estgio de regenerao ......................................................20 FIGURA 4: Uso e cobertura do solo da Bacia do So Bartolomeu ...............................22 FIGURA 5: Altimetria da Bacia do So Bartolomeu ...................................................25 FIGURA 6: Localizao dos bairros que ficam mais afastados da rea urbana e curvas de nvel na Bacia do So Bartolomeu ................................................................27 FIGURA 7: Ausncia da Mata Ciliar ao longo do curso do ribeiro So Bartolomeu ..33 FIGURA 8: Cultivo de caf e banana na rea de mata ciliar do ribeiro So Bartolomeu ....................................................................................................................34 FIGURA 9: Local onde foi aterrado para construo da Escola Municipal Almiro Paraso ................................................................................................................35

RESUMO: A gua um elemento vital para a sobrevivncia humana e tambm dos animais. Garantir sua correta utilizao, bem como mecanismos que auxiliem e mantm o seu fluxo so imprescindveis. Neste contexto, importante o cuidado com as matas ciliares, porque elas desempenham importantes funes para a manuteno de um padro de qualidade de um bem cada vez mais poludo e contaminado. As matas ciliares tambm so essenciais para a sobrevivncia e desenvolvimento de vrias espcies tanto da fauna quanto da flora que habitam esses ambientes, sendo algumas espcies endmicas. Este trabalho apresenta a definio e/ou nomenclatura, bem como a importncia das matas ciliares, os instrumentos legais que regem o tema e o uso e ocupao do solo na bacia do So Bartolomeu. Alm de apresentar esses aspectos o trabalho teve como objetivo analisar a situao do uso e ocupao do solo da mata ciliar que margeia o curso principal do Ribeiro So Bartolomeu na rea do Bairro Paraso e sua relao com a Lei 4.771/65 (Cdigo Florestal).

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INTRODUO

Atualmente, a humanidade tem questionado de maneira muito veemente como est sendo feita a utilizao dos recursos naturais. Tanto no meio cientfico como entre a populao civil crescente a idia de conservao e recuperao dos ecossistemas onde vive o homem, os quais vm sendo modificado de maneira negativa causando inmeros prejuzos ao meio ambiente. A ao do homem sobre o meio, com o objetivo de melhorar a sua capacidade econmica, social e cultural pode causar srios impactos ambientais na natureza tais como: extino de vrias espcies nativas tanto da fauna quanto da flora, mudanas climticas locais, poluio do aqfero subterrneo, poluio da atmosfera e outros mais. Neste contexto, podemos ainda incluir as matas ciliares, que passaram e tm passado por um processo intenso de ocupao. Segundo Odum e Wellcomme apud (RODRIGUES, 2001), elas so responsveis pela proteo das guas, uma vez que servem de obstculo para os resduos que so arrastados pelas enxurradas, servindo desta forma como filtragem de substncias indesejveis. Alm disto, os rios e os lagos que tem a sua volta uma mata ciliar possuem guas mais lmpidas e tambm com baixa concentrao de elementos qumicos. Partindo do ponto de vista que a gua um elemento vital para a sobrevivncia humana e tambm dos animais, imprescindvel que se tenha um maior cuidado com as matas ciliares, porque elas desempenham importantes funes para a manuteno de um padro de qualidade de um bem cada vez mais poludo, contaminado e importante. As matas ciliares tambm so imprescindveis para a sobrevivncia e desenvolvimento de vrias espcies tanto da fauna quanto da flora que habitam esses ambientes, sendo algumas espcies endmicas. A idia de que os recursos naturais eram considerados como inesgotveis fazia com que o homem explorasse livremente o ambiente, sem nenhuma restrio, tornandoo inadequado para o uso sustentado. Os resultados deste processo e as suas conseqncias podem ser observados tambm na Bacia Hidrogrfica do ribeiro So

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Bartolomeu, devido gradativa perda da qualidade ambiental de sua bacia e o adensamento populacional que essa vem sofrendo aos seus arredores. O ribeiro So Bartolomeu muito importante para a cidade de Viosa e a Universidade Federal de Viosa (UFV), pois a bacia hidrogrfica deste ribeiro responsvel pelo abastecimento tanto da cidade como da UFV. E para que no venha a faltar gua para essas comunidades necessrio que a populao urbana e rural tenha conscincia da importncia da recuperao e preservao das matas ciliares ao longo do percurso do ribeiro. Com base neste pressuposto, e para um melhor entendimento do carter essencial que as matas ciliares exercem na Bacia Hidrogrfica do ribeiro So Bartolomeu, sero abordados neste trabalho a definio de mata ciliar, a importncia da mesma e os tipos que mais se caracterizam com a rea de estudo, alm de apresentar no que concerne a biogeografia das matas ciliares, a legislao ambiental vigente e a relao das mesmas com eroso do solo. Este trabalho tem como objetivo analisar a situao do uso e ocupao do solo da mata ciliar que margeia o curso principal do ribeiro So Bartolomeu na rea do Bairro Paraso e sua relao com a Lei 4.771/65 (Cdigo Florestal).

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REVISO BIBLIOGRFICA

2.1 Mata Ciliar: Nomenclatura e Definio. A formao que ocorre s margens dos cursos dgua j recebeu as mais variadas denominaes de acordo com as caractersticas locais de relevo, solo, extenso e declividade etc. Veloso e Ges Filho (1982) a determinaram de mata de aluvial e quando o solo aluvional j fazia parte de vrzeas elas foram chamadas de matas aluvionais fluviais ou de florestas paludosas (FERNANDES & BEZERRA, 1990), que engloba tambm as matas de brejo. J Bertoni e Martins (1987) denominaram-nas de floresta de vrzea e Troppmair e Machado (1974), de mata de condensao, quando essas ocupavam fundo de vale, com concentrao maior de neblina em um determinado perodo do ano. A denominao mata ciliar surgiu com Bezerra dos Santos (1975) e teve a sua consagrao com Leito Filho (1982), definindo-a como floresta latifoliada higrfila, com inundao temporria. Para Rodrigues (1989) o termo mata ciliar tambm se refere a uma situao fsica (Zona Ciliar), e no a uma unidade fitogeogrfica com caractersticas prprias, j que na faixa ciliar ocorre desde floresta no aluviais (nos trechos de barrancos), como floresta ciliar sobre condio aluvial, florestas paludosas e at reas com campos midos ou varjes, cada qual com suas caractersticas ambientais prprias. Dessa forma, dentro dessa definio trata-se tanto de comunidades ecolgicas bem definidas at formaes de transio entre essas comunidades ecolgicas adjacentes (ectono ciliar) e ainda reas de encraves vegetacionais, cada qual com suas particularidades florsticas e ecolgicas, definindo assim, grande diversidade para a zona ciliar, com conseqente necessidade de adequao das aes de conservao, manejo e restaurao para cada uma dessas condies. J Oliveira-Filho (1994), define as matas ciliares como formaes florestais associadas aos cursos dgua, as quais podem estender-se por dezenas de metros a partir das margens e apresentam marcantes variaes na composio florstica e estrutura da comunidade, dependendo das interaes estabelecidas entre o ambiente aqutico e sua vizinhana.

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A designao mata ciliar tem sido usada como sinnimo do termo floresta de galeria (BEZERRA DOS SANTOS, 1975). No entanto, o glossrio de ecologia da Academia de Cincia do Estado de So Paulo (ACIESP, 1997), diferencia esses termos baseado na largura da faixa florestada e na fisionomia da vegetao das reas circundantes, mas para as regies onde a vegetao original do interflvio tambm florestal o glossrio de ecologia recomenda o termo de floresta ciliar ou de floresta de beira dgua. O termo floresta/mata ciliar definido pela ACIESP (1997) segundo Rodrigues (2001) tem sido substitudo por floresta/mata ripria, reservando o termo floresta/mata ciliar usado na legislao atual, para designaes mais genricas, de uso popular j consagrado, de qualquer formao florestal ocorrendo ao longo do curso dgua. O termo mata ciliar utilizado pela legislao atual apenas faz meno ao nome popularmente consagrado, no aos tipos de matas ciliares.

2.1.1 Tipos de mata ciliar

Entre os vrios tipos de mata ciliar, vamos dar destaque a floresta higrfila ou mata de brejo e mata ciliar de cerrado, que so as que mais se assemelham as caractersticas das formaes ribeirinhas da rea de estudo. a) Floresta Higrfila ou Matas de Brejo As formaes florestais que ocorrem ao longo de rios so condicionadas por srie de fatores fsicos, tais como relevo, profundidade do lenol fretico e caractersticas do prprio rio (RODRIGUES, 1989; MARTINS, 2001). Tais fatores estabelecem a freqncia e a durao das inundaes, que por sua vez determinam a ocorrncia ou no das espcies vegetais. Como estes fatores ambientais so bastante variveis entre as formaes ribeirinhas, h grande heterogeneidade na estrutura e composio florstica destas florestas (LEITO-FILHO, 1982). Dentre as diferentes formaes ribeirinhas, um tipo vegetacional bastante peculiar destaca-se por ocorrer em solo encharcado quase em carter permanente e encontrar-se rodeado por vegetao estrutural e floristicamente diferenciada. a chamada "floresta higrfila", "Mata de brejo" ou "floresta estacional semidecidual

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ribeirinha com influncia fluvial permanente" (RODRIGUES, 2001), a qual tem rea de ocorrncia bastante limitada. O fato destas florestas desempenharem papel importante na proteo de mananciais tem feito com que os estudos florsticos e estruturais em tais locais fossem intensificados nos ltimos anos. b) Mata Ciliar de Cerrado Formao florestal densa e alta que acompanha os rios de mdio e grande porte, onde a copa das rvores no forma galerias sobre a gua. Apresenta rvores eretas com altura predominante entre 20 e 25 metros. As espcies tpicas desta fisionomia perdem as folhas na estao seca (deciduidade). Os solos variam de rasos (cambissolos, plintossolos ou litlicos) a profundos (latossolos e podzlicos) ou aluviais (com acmulo de material carregado pelas guas). A camada de material orgnico sempre mais rasa que a encontrada nas Matas de Galeria. Entre as espcies arbreas, destacamse algumas freqentes: Anadenanthera spp (angicos), Apeiba tibourbou (pente-demacaco), Aspidosperma spp (perobas), Celtis iguana (gro-de-galo), Inga spp (ings), Myracrodruon urundeuva (aroeira), Sterculia striata (chich) e Tabebuia spp (ips). 2.1.2 Importncia da mata ciliar A degradao das matas ciliares pela populao por meio do uso e ocupao do solo nos limites das matas ciliares, causa srios danos bacia hidrogrfica, tais como: contaminao da gua a ser utilizada pela populao, eroso das margens dos rios, diminuio da fauna silvestre que depende das matas ciliares para a sobrevivncia, diminuio da vazo de gua devido ao assoreamento do leito do rio e podendo tambm influenciar na mudana do microclima da rea, j que a quantidade de gua um fator limitante para determinar a condio climtica de uma rea. Neste contexto, o Cdigo Florestal Brasileiro define que a mata ciliar tem a funo ambiental de preservar os recursos hdricos, a paisagem, a estabilidade geolgica, a biodiversidade, o fluxo gnico de fauna e de flora, bem como proteger o solo e assegurar o bem-estar das populaes humanas. A funo das matas ciliares em relao s guas est ligada a sua influncia sobre uma srie de fatores importantes, tais como: escoamento das guas da chuva,

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diminuio do pico dos perodos de cheia, estabilidade das margens e barrancos de cursos d'gua, equilbrio da temperatura das guas (favorece os peixes), ciclo de nutrientes existentes na gua, entre outros. Assim, os solos sem cobertura florestal reduzem drasticamente sua capacidade de reteno de gua de chuva, ou seja, em vez de infiltrar no solo, ela escoa sobre a superfcie formando enormes enxurradas que no permitem o bom abastecimento do lenol fretico, promovendo a diminuio da gua armazenada. Com isso, reduzem-se as nascentes. As conseqncias do rebaixamento do lenol fretico no se limitam as nascentes, mas se estendem aos crregos, rios e riachos abastecidos por ela. As enxurradas, por sua vez carregam partculas do solo iniciando o processo de eroso. Se no controladas, evoluem facilmente para as temidas voorocas. A necessidade da presena da vegetao ciliar sem dvida inquestionvel, por desempenhar importantes funes, e seus efeitos benficos no so apenas locais, j que refletem na qualidade de vida de toda a populao sob influncia de uma nascente, microbacia ou uma bacia hidrogrfica. De acordo com Oliveira-Filho (1994), suas principais funes so: a) Qualidade da gua. As Matas Ciliares possuem funo de tamponamento entre os cursos dgua e as reas adjacentes cultivadas; melhoram a qualidade da gua e retm uma grande quantidade de sedimentos e nutrientes, principalmente fsforo (P) e nitrognio (N), e produtos txicos. As Florestas Ciliares so tambm bastante eficientes para recuperar os aqferos subterrneos por meio de canais formados no solo pelas razes das rvores. b) Estabilizao das margens dos rios. As Matas Ciliares permitem a estabilizao do solo s margens dos rios por meio da grande malha de razes que d resistncia aos barrancos. O litter florestal atua como uma esponja, retendo e absorvendo o escoamento superficial, auxiliando a infiltrao da gua e a reteno de partculas de solo que so carregadas pela enxurrada.

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c) Habitat para fauna silvestre. As Matas Ciliares proporcionam uma proviso de gua, alimento e abrigo para um grande nmero de espcies de pssaros e pequenos animais, alm de funcionarem como corredores de fauna. Essas reas podero ser de grande interesse tambm para o ecoturismo. d) Habitat aqutico. A vida aqutica dos rios e lagos profundamente beneficiada pela presena das matas ciliares, as quais proporcionam sombreamento para as guas, importante fator para a manuteno da temperatura destas. Variaes bruscas na temperatura da gua podem causar srios danos populao aqutica. As razes das rvores, alm de darem estabilidade s margens, propiciam a criao de tocas, que servem de abrigo para peixes e outros organismos. Com relao fauna existente nos rios, as matas ciliares, so grandes fornecedoras de alimentos, como sementes que alimentaro vrias espcies de peixes. Por outro lado, a reduo destes peixes (pesca predatria) ocasionar a diminuio da disperso de sementes que prejudicaro a mata. Portanto, a preocupao com os animais tambm deve existir porque a maior parte das espcies de plantas so polinizadas por insetos, pssaros ou morcegos, sendo que as sementes, no caso da mata ciliar, na maioria das vezes so dispersas por animais terrestres, peixes e pela prpria gua dos rios e riachos. Nota-se portanto que tudo na natureza est inter-relacionado: a qualidade da gua est diretamente ligada a qualidade do solo e a manuteno da fauna local, tanto terrestre quanto aqutica. fcil lembrar de catstrofes como enchentes, deslizamentos de terra e outras como, a diminuio de recursos pesqueiros. Assim, como tambm fcil culpar somente as autoridades por tudo isso que ocorre e que traz tantos prejuzos a economia de nosso pais. Porm, o que muitas pessoas no sabem que na maioria das vezes tudo isso o resultado da no conservao e do mau uso dos recursos naturais, por parte da prpria populao. Atitudes individuais, somadas a tantas outras podero reverter esta

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situao. Como cada um de ns poder contribuir? Mantendo, no caso da nossa regio, os 30 metros de Mata Ciliar (obrigatrios por Lei), conservando a fauna local, no introduzindo espcies tanto vegetais como animais em locais onde elas no ocorrem, e no considerando os rios e cursos d'gua, como depsitos de esgotos e lixos residenciais.

2.2 reas de Preservao Permanente (APPs) A mata ciliar tem um papel importante, tanto no deflvio superficial - parte da chuva que escoa sobre a superfcie do solo - como no deflvio de base - resultado da percolao da gua no solo - onde ela se desloca em baixas velocidades, alimentando os rios e lagos. A remoo da mata ciliar reduz o intervalo de tempo observado entre a queda da chuva e os efeitos nos cursos de gua, diminui a capacidade de reteno de gua nas bacias hidrogrficas e aumenta o pico das cheias. Alm disso, a cobertura vegetal limita a possibilidade de eroso do solo, minimizando a poluio dos cursos de gua por sedimentos (RESCK & SILVA, 1998). A finalidade do estabelecimento de flora de preservao permanente em encostas e elevaes evitar a eroso dos terrenos e a destruio dos solos, preservando a integridade dos acidentes geogrficos. Evitam-se as enchentes e inundaes em terrenos baixos, j que a vegetao ajuda a fixar a gua da chuva no solo e funciona como uma barreira natural contra agentes erosivos (REZENDE, 1998). Neste contexto, h de se considerar ainda, outras funes ambientais das APPs com a valorizao de uma propriedade rural, quando pode-se entender e relacionar a paisagem com atrativo turstico, cientifico e educacional. Assim, todas as matas ciliares ou coberturas vegetais so importantes para a proteo das reas onde elas se localizam. Porm, nas reas consideradas de preservao permanente a cobertura vegetal imprescindvel, pois estes locais so considerados pela sua fragilidade em funo da sua posio no relevo e pela importncia na proteo que conferem no s ao solo, mas a fauna e a flora. Portanto, a manuteno da matas ciliares destas reas numa bacia hidrogrfica tem grande influncia em fatores importantes relacionados com sua funo ambiental, e porque no scio-ambiental como escoamento das guas da chuva, dissipao de

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energia do escoamento superficial, estabilidade das encostas, proteo das margens dos rios e demais cursos dguas, estabilizao e manuteno das nascentes, impedimento do assoreamento dos corpos dguas, abastecimento do lenol fretico promovendo aumento da gua armazenada e permitindo o equilbrio no seu fornecimento, durante todas as estaes do ano. Estes fatores so vitais para manuteno principalmente do ciclo hidrolgico de uma bacia hidrogrfica, bem como na ciclagem de nutrientes, refletindo na qualidade de vida de todos os seres. Seja qual for o ambiente, preciso conscientizar as pessoas que sem o equilbrio necessrio na natureza, a nossa qualidade de vida tambm estar comprometida, e sem esquecer que o Cdigo Florestal (Lei 4.771) deixa claro a preocupao em preservar a vegetao que protege os cursos dgua (mata ciliar). 2.3 A questo ambiental e a legislao brasileira A devastao e degradao do meio ambiente um problema que afeta todas as formas de vida do globo. Sua proteo prioridade de todas as naes do mundo, sobretudo, das naes economicamente mais desenvolvidas, que so, comprovadamente as que mais degradam o planeta. A proteo do meio ambiente tem-se tornado uma questo de sobrevivncia. No Brasil, at 1980, o conjunto de leis ambientais existentes no se preocupava em proteger o meio ambiente de forma especfica e global, dele cuidando de maneira diluda, e mesmo causal, e na exata medida de atender sua explorao pelo homem. O Estado, assistente omisso, entregava a tutela do meio ambiente responsabilidade exclusiva do prprio individuo ou cidado que se sentisse incomodado com atitudes lesivas sua sade. Desta forma a irresponsabilidade era a regra, a responsabilidade a exceo. A partir da Lei n 6.938/81 (Poltica Nacional do Meio Ambiente) e da Constituio Federal de 1988, a questo ambiental passa a ser tratada legalmente de uma forma mais ampla. Mas infelizmente, a proteo ao meio ambiente no pas no recebe do Poder Pblico a ateno proposta pela Constituio. O Poder Pblico justifica-se com prioridades mais urgentes, geralmente de cunho econmico, e a coletividade, igualmente, tem suas dificuldades em compreender,

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reivindicar e agir efetivamente na proteo do meio ambiente. O resultado dessa omisso a degradao ambiental nas mais diversificadas formas. A legislao ambiental brasileira dispe de alguns instrumentos disposio do Poder Pblico e da sociedade na proteo do meio ambiente. O primeiro instrumento jurdico a normatizar a proteo (as matas ciliares) das APPs foi o Decreto n 23.793, de 23 de janeiro de 1934 antigo Cdigo Florestal que no seu artigo 4 classificava as matas ciliares como florestas protetoras, visando a conservao do regime das guas e evitando a eroso das terras pela ao dos agentes naturais. Nesta classificao eram consideradas de conservao perene e inalienveis, a menos que os eventuais adquirentes se obrigassem por si, seus herdeiros ou sucessores, a mant-las sob o regime legal de florestas protetoras. Competia ao Ministrio da Agricultura a classificao das matas ciliares nesse regime, sendo que esse regime especial determinava a inseo de qualquer tributao. Assim considerando insuficiente a proteo as matas ciliares, a Lei n 4.771/65 garantiu-lhes um regime de preservao propriamente dito, incluindo-as como uma das hiptese de Preservao Permanente. Posteriormente, a Lei n 6.938/81, no seu artigo 18 deu a essas reas o status de reservas ou estaes ecolgicas, conforme a dominialidade seja privada ou pblica. No entanto este status foi extinto com a revogao do supracitado artigo 18 atravs da Lei n 9.985/00 que institui o Sistema Nacional de Unidade de Conservao da Natureza (SNUC). Por outro lado, a Lei n 9.433 de 8 de janeiro de 1997, que institui a Poltica Nacional de Recursos Hdricos, refora e reafirma a necessidade jurdica da proteo das APPs, medida que a referida lei tem como fundamento o fato de a gua, embora seja um recurso natural renovvel, um recurso natural limitado, dotado de valor econmico e um bem de domnio pblico. Sua disponibilidade deve ser assegurada s atuais e futuras geraes, em padres adequados de qualidade aos respectivos usos e preveno e defesa contra eventos decorrentes do uso inadequado dos recursos naturais. O artigo 2 da Lei Federal no 4.771 de 15 de Setembro de 1965, que instituiu o novo Cdigo Florestal, regulamenta as reas de Preservao Permanente (APPs), definindo fazerem parte desta categoria as florestas e formaes vegetais situadas ao longo de rios e em determinadas situaes topogrficas como topo de morros e encostas, como mostra a seguir.

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Art. 2 Consideram-se de preservao permanente, pelo s efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetao natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'gua desde o seu nvel mais alto em faixa marginal cuja largura mnima ser: 1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'gua de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 - de 50 (cinqenta) metros para os cursos d'gua que tenham de 10 (dez) a 50 (cinqenta) metros de largura; 3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'gua que tenham de 50 (cinqenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'gua que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'gua que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatrios d'gua naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'gua", qualquer que seja a sua situao topogrfica, num raio mnimo de 50 (cinqenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projees horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, nos campos naturais ou artificiais, as florestas nativas e as vegetaes. Pargrafo nico. No caso de reas urbanas, entendidas como aquelas compreendidas nos permetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regies metropolitanas e aglomeraes urbanas, em todo o territrio, abrangido, abservar-se- o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princpios e limites a que se refere o artigo 2 .

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Ainda importante ressaltar o pargrafo 1 do artigo 3 desta lei que diz: "A supresso total ou parcial de florestas de preservao permanente s ser admitida com prvia autorizao do Poder Executivo Federal, quando for necessria a execuo de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pblica ou interesse social." No caso da Bacia Hidrogrfica do ribeiro So Bartolomeu, observa-se que boa parte do que impe o artigo 2 do Cdigo Florestal no est sendo seguido, e um dos fatores que contribui para este acontecimento o fato da regio ser muito acidentada. Desta forma fcil perceber a ocupao dos topos de morros e tambm retirada das matas ciliares para o cultivo de pastos, cultivo de hortalias e extrao de madeira entre outros.

2.4 Relao da mata ciliar e eroso do solo A eroso o resultado do desgaste ou do arrastamento da superfcie do solo, seja pela gua corrente, pelo vento ou por outros agentes naturais. Pode ocorrer de maneira lenta ou rpida, com ou sem a interferncia do homem. Uma das razes para qual o solo se torne erodvel (ou seja, mais fcil de se desgastar) a retirada da vegetao do local. Com o desmatamento, o solo fica desprotegido, pois no possui mais as razes e plantas para que ele se mantenha em seu estado natural, de origem. Com a ao do vento, da chuva e do homem (intensas atividades agropecurias e urbanas), o solo vai se desgastando, se descaracterizando e empobrecendo. Isso leva a srias conseqncias como as voorocas (canais com grandes profundidades, variando de 0,5 metros at 25-30 metros), compactao e assoreamento dos rios. Quando retiramos a mata ciliar ao longo de um determinado rio, o solo das margens ficam expostos s chuvas e ventos, que carregam os sedimentos e a matria encontrados no local para as margens e para o fundo do rio. Ao longo do tempo, estes sedimentos vo se acumulando, descaracterizando o rio, acarretando entre outras coisas, na diminuio de sua profundidade. A mata ciliar pode influenciar os processos erosivos nas margens dos rios de duas maneiras positivas: primeiro reduzindo o volume de gua que chega ao solo, atravs da interceptao, ou seja, diminui o impacto das gotas sobre o solo, e, segundo,

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alterando a distribuio do tamanho das gotas, afetando, com isso, a energia cintica da chuva que chega sobre o solo. A mata ciliar, alm de influenciar na interceptao das guas da chuva, atua tambm, de forma direta, na produo de matria orgnica, que, por sua vez, atua na agregao das partculas constituintes do solo, contribuindo assim para a manuteno do equilbrio ecolgico aqutico e das margens dos rios. Alm disso, as razes podem ramificar-se no solo e, assim, ajudar na formao de agregados, que quando se decompem fornecem hmus, que ajuda a aumentar a estabilidade do solo. Por isso, a preservao e a conservao da mata ciliar importante para manter as caractersticas naturais dos rios e regio onde se encontram.

2.5 Biogeografia e mata ciliar A disperso irregular dos oceanos, continentes e ilhas, as diversas formas de relevo, a variedade climtica e as diferentes composies de rochas e solos, so alguns fatores que determinam a distribuio dos seres vivos sobre a Terra, que se d de maneira particular. cincia que estuda a distribuio geogrfica das plantas e animais na superfcie do planeta, da-se o nome de Biogeografia. Para Troppmair (1976), esta cincia visa estudar e compreender a distribuio dos seres vivos de acordo com as condies climticas e com a dependncia das possibilidades de adaptaes. Ainda como parte da definio da biogeografia, Troppmair (1976) ressalta que neste caso devem ser considerados os aspectos dinmicos dos processos que se desenvolve continuamente na natureza, fato especialmente acentuado pelo homem, este considerado como animal, capaz de desenvolver importante papel na biosfera por meio de suas atividades que alteram o equilbrio natural. Neste contexto, a interveno do homem nos ambientes ribeirinhos, atravs da retida da mata ciliar, altera as condies locais gerando um desequilbrio ecolgico da rea, at porque as matas ciliares exercem forte controle sobre o microclima do rio pois a temperatura da gua est correlacionada com a temperatura do solo da mata ciliar. Desta maneira quando um determinado organismo tende a ocupar as matas ciliares eles podem estar dependentes de fatores que possam ser encontrados somente nesses locais.

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2.5.1 Fatores determinantes da biogeografia De acordo com Troppmair (1995), os principais fatores biogeogrficos so: a) Fatores geogrficos Desempenha importante papel na distribuio dos organismos biolgicos por toda a biosfera, como por exemplo, um acidente geogrfico pode funcionar como veculo de disperso para determinadas espcies e como barreira intransponvel para outras. Tambm os corpos dgua notadamente mares e rios, funcionam como rota de migrao para organismos aquticos e obstculos para os terrestres; as correntes martimas so responsveis ainda pelo povoamento de reas remotas como ilhas e continentes. b) Fatores edficos A grande variedade de solos, nos diversos locais da superfcie do planeta, resulta de suas propriedades e natureza, e permite-nos identific-los tambm como coresponsveis pela distribuio de muitos seres vivos na biosfera. A porosidade, os teores de argila, areia, silte, sais minerais, a capacidade de reteno de gua e troca de ctions so algumas caractersticas que os solos apresentam e que facilitam ou impedem vegetais e animais de colonizarem determinadas reas. c) Fatores climticos De todas as variveis que influem na distribuio dos seres vivos, a climtica uma das mais importantes, principalmente no que diz respeito vegetao. Os limites superior e inferior de tolerncia das plantas com relao temperatura, luz, vento, umidade e pluviosidade, so bem definidos para cada espcie. Excesso ou ausncia de qualquer um destes fatores resulta na incapacitao para o desenvolvimento do ciclo vital: no h, por exemplo, germinao, crescimento, florao ou frutificao satisfatrios.

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A grande biodiversidade nos trpicos deve-se essencialmente aos fatores climticos, onde existe alta incidncia de luz, umidade elevada e temperatura; enquanto que nas regies temperadas as baixas temperaturas servem de fator limitante a um grande nmero de espcies, caracterizando-se assim por uma diversidade biolgica bem menor que a das regies tropicais. d) Fatores biticos Os seres vivos tambm so importantes na distribuio dos organismos sobre a superfcie do planeta. A procura por alimento e abrigo faz com que a fauna se estabelea de forma definitiva ou temporria numa rea em funo da cobertura vegetal. Sendo assim, a flora tem influncia vital na distribuio geogrfica da fauna.

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MATERIAL E MTODOS

3.1 CARACTERIZAO DA REA DE ESTUDO A Zona da Mata mineira est includa no Domnio dos Morros Florestados, tambm conhecido como Mares de Morros, por sua combinao de fatos fisiogrficos, ecolgicos e biticos, de acordo com Ab Saber (1996). O Domnio dos Morros possui aproximadamente 650.000 km de extenso, tomado em seu conjunto, indo desde a Zona da Mata nordestina at a Zona da Mata de Santa Catarina. Para Resende e Resende (1996), a Zona da Mata Mineira em termos climatolgicos, apresenta um dficit hdrico nos meses de inverno, mas possui condies suficientes para manter uma floresta. De acordo com estes autores, os solos dos Mares de Morros tendem a ser muito profundos, velhos e empobrecidos, e com uma desproporcionalidade entre as profundidades de solo e solum1 (horizonte A + B), caracterizando um processo erosivo de rejuvenescimento dos mesmos, ou seja, de exposio do material mais prximo rocha. Segundo Muggler (2002), a regio de Viosa guarda as caractersticas tpicas do Domnio tratado. Geologicamente ela se situa no Complexo Cristalino, com rochas bsicas (diabsios) e granito-gnissicas, cujas ltimas so resultado do alto grau de metamorfismo o qual sofreram na era pr-cambriana. As rochas deram origem aos solos extremamente antigos e espessos que dominam na regio em razo do longo tempo de exposio s intempries a que foram submetidas. O planalto de Viosa se inicia na escarpa da Serra de So Geraldo, com vertente dgua no sentido da Bacia Hidrogrfica do Rio Doce e afluentes. Do alto dos morros possvel perceber que a paisagem composta principalmente de elevaes e baixadas, havendo uma dinmica muito importante, quanto a pedoforma, entre esses e os complexos de rampa e terraos. Os morros apresentam concordncia dos topos, sendo que alguns destes so planos e relativamente extensos, sugerindo uma antiga pedoforma de chapado. De acordo com Muggler (2002), as vertentes se enquadram em dois tipos principais: de curvatura convexa e perfil convexo (convexo-convexa) e de curvatura cncava e perfil cncavo (cncavo-cncava).O solum compreende a camada superficial composta de matria orgnica e os horizontes (A e B) afetados pela pedognese. O solo compreende o horizonte C alterado (saprolito) e o solum.1

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E por estar em uma regio que se caracteriza por uma topografia fortemente acidentada, apresentando pores reduzidas de rea plana a cidade de Viosa vem sofrendo srios problemas no que diz respeito ao uso e ocupao do solo. Uma vez que a legislao ambiental no est sendo respeitada, principalmente quando se refere s reas de Preservao Permanente (APPs), mais precisamente a categoria das mata ciliares da microbacia do ribeiro So Bartolomeu. A bacia hidrogrfica do ribeiro So Bartolomeu insere-se no municpio de Viosa, Zona da Mata de Minas Gerais, entre os paralelos 2044 e 2050 Latitude Sul e entre os meridianos 4251 e 4253 Longitude Oeste de Greenwich. formada pelos crregos Santa Catarina, Engenho, Paraso, Palmital e Arajo. Ocupa uma rea de 55, 10 km2, o que corresponde a 18,48% da superfcie do municpio de Viosa. De acordo com a classificao de Kppen o clima regional o tropical de altitude, mesotrmico, caracterizado por veres chuvosos e brandos, com precipitao mdia anual de 1200 mm. As temperaturas mdias mensais so sempre superiores a 17C e inferiores a 24C, e a temperatura mdia anual de 20,9C. O perodo mais frio corresponde aos meses de maio, junho, julho e agosto, sendo considerados estes dois ltimos os meses mais secos do ano (UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIOSA UFV, 1971). Em termos pedolgicos, ocorre nesta microbacia a predominncia de Latossolos Vermelho-Amarelo e Podzlico Vermelho-Amarelo Cmbicos (COSTA, 1973). Fazem-se ainda presentes, os Latossolos Cambisslicos, os Hidromrficos e Aluviais e os Cambissolos (RESENDE & RESENDE, 1983 e SCHAEFER et al., 1990).

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FIGURA 1: Localizao da Bacia do Ribeiro So Bartolomeu no municpio de Viosa-MG.

O local de estudo deste trabalho foi o bairro Paraso que fica a uma distncia de aproximadamente 5 km do centro da cidade. Esta distncia se faz devido ao aumento da populao do municpio de Viosa-MG ao longo dos anos, aos altos preos conferidos regio central da cidade, e principalmente s presses da especulao imobiliria na malha urbana, obrigando assim a populao de baixa renda procurar os bairros mais afastados do centro. Com isso, pode-se atribuir que os altos preos conferidos regio central da cidade tm uma relao causa/efeito de grande responsabilidade sobre a ocupao das reas mais distantes, o que mostra uma falta de planejamento e aes mais eficazes por parte das autoridades competentes para com a populao mais carente. Encontramos no bairro a Escola Municipal Almiro Paraso que oferece o ensino fundamental nos turnos da manh e da tarde, coleta de lixo que feita trs vezes

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por semana e o abastecimento de gua feito por poo semi-artesiano em algumas casas, em outras as famlias utilizam a gua do ribeiro. Os moradores do bairro que no possuem automveis utilizam o transporte urbano para irem ao centro da cidade quando necessrio. Os nibus passam vrias vezes por dia pelo bairro em horrio prestabelecido. Porm a infra-estrutura do bairro ainda precria, j que no tem um posto de sade e rede coletora de esgoto. Por ser afastado do centro da cidade, este tem caractersticas de uma zona rural, uma vez que pode-se perceber a presena de pequenos stios, como pode ser observado na figura 2.

FIGURA 2: Bairro Paraso. Foto de Zelvanio Santiago, 2006.

Nestes stios os proprietrios utilizam as reas de proteo permanente, como as reas destinadas s matas ciliares, por ser nestas reas que se tem um solo de melhor qualidade. Na maioria das vezes a mata retirada para o cultivo de hortas e pomares, principalmente o plantio de bananeiras, alm de madeiras para uso domstico. Em alguns lugares ao longo do percurso do ribeiro pode-se observar que a mata foi retirada

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para fazer o plantio de caf, em outros os lotes vo at a beira do rio como uma forma de aproveitar ao mximo a rea do terreno. Na margem direita do rio pode-se observar a presena de uma vegetao de inundao, alm da presena de mata em avanado estgio de regenerao, como mostra a figura 3.

FIGURA 3: Mata Ciliar em estgio de regenerao.Foto de Zelvanio Santiago, 2005.

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Porm na margem esquerda do ribeiro, a rea que seria para a mata ciliar, est ocupada por lotes que se estendem at a beira do curso dgua. Neste lotes os proprietrios retiram toda a mata ciliar e deixam os lotes abandonados.

3.2 USO E COBERTURA DO SOLO NA BACIA DO RIBEIRO SO BARTOLOMEU A maneira como se d o uso e cobertura do solo da bacia do ribeiro So Bartolomeu, est apresentado na figura 4.

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Paraso

FIGURA 4: Uso e cobertura do solo da bacia do ribeiro So Bartolomeu.

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Como pode ser observado pela figura 4, o uso e cobertura do solo da bacia do ribeiro So Bartolomeu est sendo utilizado por pastagem em cerca de 1.510,07 hectares, ou seja, 29,90%, aparecendo ainda uma mata densa em 1.893,00 hectares o que equivale a 37,40% da rea total da bacia e uma expressiva faixa em capoeira 1.519,50 hectares o que corresponde a 30,04% , sendo que esta se origina pela falta de quebra dos arbustos nos pastos. Aparece ainda, s que em menor quantidade 73,49 hectares ou 1,45%, o cultivo de caf. As propores de usos e coberturas do solo da bacia do So Bartolomeu se d por diversos tipos, podendo ser mais bem observados na tabela 1. Tipos de usos Caf Capoeira Mata densa Pastagem Solo exposto Total Hectares 73,49 1.519,50 1893,00 1510,07 61,35 5057,41 Porcentagem 1,45% 30,04% 37,40% 29,90% 1,21% 100,00%

TABELA 1: Porcentagem do uso e ocupao do solo da bacia do So Bartolomeu.

A pequena quantidade de caf (1,45%) que est representada na tabela 1 referente na maior parte ao plantio de caf para subsistncia, porm encontra-se tambm na regio da bacia do So Bartolomeu alguns produtores que fazem cultivo de caf para comrcio. A grande faixa de capoeira (30,04%) que pode ser observada no mapa devido falta de manejo dos pastos, ou seja, a rea de pastagem que no manejada corretamente vai se transformando em capoeira. J em relao quantidade de mata densa (37,40%), esta se faz expressiva principalmente devido conservao/preservao da Mata do Paraso administrada pela UFV, ao bosque que fica ao lado do condomnio Acamari e a mata do Recanto das Cigarras que fica no campus universitrio, que tambm administrada pela UFV. Isto, alm de algumas matas nos topos dos morros. Os solos expostos (1,21%) por sua vez esto ligados ao mau uso dos cultivos de caf e a degradao das reas de pastagens. Nestas reas de pastagens, com o passar do tempo e tambm devido ao pisoteio dos animais as camadas

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superiores dos solos vo ficando expostas, o que contribui para o aumento das eroses nestas reas. A regio onde se encontra a bacia do ribeiro so Bartolomeu uma regio muito acidentada, como pode ser observado na figura 5. Na rea do bairro Paraso, onde a altitude est entre 670 e 760 metros acima do nvel do mar, como pode ser observado na figura 5, ela est sendo usada e ocupada praticamente por pastagem. Porm, observando a figura 4, percebe-se tambm, a presena de capoeira, solo exposto e cultivo de caf. Observando as figuras 4 e 5, pode-se perceber que as reas de pastagens vo desde os 670 aos 830 metros, porm o maior uso e ocupao do solo nesta categoria se d aproximadamente entre 670 e 730 metros. A rea de capoeira tem sua maior concentrao na faixa que vai de 760 a 830 metros. A mata densa ocupa uma extenso entre 640 a 830 metros, ficando sua maior parte entre as faixas 760 a 830 metros. J a regio urbana no ultrapassa os 760 metros, sendo que a parte central da cidade e a rea onde est situada a UFV fica entorno de 670 metros.

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ALTIMETRIA DA BACIA DO SO BARTOLOMEU

Paraso

FIGURA 5: Altimetria da Bacia do Ribeiro So Bartolomeu.

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A situao fundiria da bacia caracterizada por pequenas propriedades com pores reduzidas de reas planas, como pode ser observado pela figura 5, conseqentemente pequenas porcentagens de terrenos agricultveis, aumentando assim a presso sobre as reas de preservao permanente. O Cdigo Florestal estabelece que os topos de morros e as margens dos rios com at dez metros de largura tenha uma faixa de mata ciliar de 30 metros. Como a regio onde est situada a bacia do ribeiro So Bartolomeu muito acidentada, os proprietrios dos stios, chcaras e at de pores maiores de terras utilizam das reas de preservao permanente para pastagens, extrao de madeiras, plantios de caf e cultivos de hortalias, o que mostra um desrespeito ao Cdigo Florestal. O aumento cada vez maior do uso dessas reas protegidas por lei vem causando uma descaracterizao da morfologia e fisionomia da bacia, alm de causar danos como enchentes em algumas partes por onde passa o ribeiro So Bartolomeu e tambm a reduo de gua em algumas nascentes, podendo chegar at a perda dessas nascentes.

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FIGURA 6: Localizao dos bairros que ficam mais afastados da rea urbana e curvas de nvel na Bacia do So Bartolomeu.

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Quando a produo agrcola dessas propriedades torna-se insuficiente, as reas de encostas passam a ser cultivadas, sendo que na maioria das vezes sem planejamento ou adoo de tcnicas de conservao do solo, resultando em maior exposio do solo, carreamento, com conseqente avano de processos erosivos e ainda o assoreamento e eutrofizao dos cursos dgua. No local de estudo, o Bairro Paraso, de acordo com a figura 4, percebe-se que grande parte da rea destinada a rea de preservao permanente foi suprimida e deu lugar a pastagem (figura 7), podendo encontrar ainda pequenos plantios de caf para a subsistncia dos proprietrios dos stios, alm de vermos tambm presena de solo exposto. Por lado, na margem direita do ribeiro tem-se uma pequena faixa de mata densa e outra de capoeira, que onde se encontra mata ciliar em estagio avanado de regenerao (figura 3), sendo esta a nica rea no bairro Paraso que est dentro do que estabelece o Cdigo Florestal. Neste sentido, reconhece-se a problemtica do uso agrcola das reas de preservao permanente ao longo do ribeiro So Bartolomeu, porm torna-se imprescindvel existncia de uma faixa de mata ciliar, mesmo que seja inferior s dimenses estabelecidas na legislao, para que estas exeram a funo de agentes filtrantes e tambm estabilizadoras das margens dos cursos dguas, de modo que posssam evitar e/ou diminuir problemas mais drsticos no futuro.

3.2 ASPECTO SOCIAL E ECONMICO DA BACIA DO SO BARTOLOMEU Os recursos naturais renovveis, e tambm os no renovveis, foram sempre a base fundamental para a existncia do homem. Apesar disto explorao irracional tem sido uma constante deterioradora destes recursos, levando muita das vezes a sua escassez. No caso da bacia hidrogrfica do ribeiro So Bartolomeu, so notveis os problemas encontrados, tanto no meio rural quanto no meio urbano, devido explorao irracional e ao crescimento desorganizado da populao, acompanhados do egosmo e do interesse prprio do homem.

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No meio rural observam-se problemas como: desmatamento em reas ciliares e em reas de nascentes, retirada indiscriminada da cobertura vegetal nativa para introduo de pastagens, acarretando a diminuio da infiltrao e percolao da gua, com a conseqente desregularizao de vazo dos mananciais; contaminao dos mesmos por efluentes de origem humana, advindos de residncias, etc. O setor urbano, no menos privilegiado pela ocupao desordenada dos ambientes ribeirinhos, enfrenta srios problemas, tais como: ocupao desordenada de ambientes ribeirinhos, em conflito com a legislao vigente; contaminao dos cursos dgua por esgoto urbano (cidade e UFV); deposio de lixo no leito e margens do ribeiro e seus afluentes; loteamento em topos de morros e reas de acentuado declive; alta concentrao de efluentes na gua com conseqente mau cheiro, em decorrncia da pouca vazo do ribeiro So Bartolomeu aps as quatro pilastras da UFV (ARRUDA, 1997). Para se ter um melhor entendimento da problemtica do esgoto urbano em Viosa, Bastos et al. (1996), estima que 800.000 litros de esgoto e 3 toneladas de matria orgnica so lanados diariamente no ribeiro So Bartolomeu e seus afluentes, uma carga poluidora suficiente para impedir a sobrevivncia de qualquer ambiente aerbio nesses cursos dgua. No entanto algumas medidas tem sido tomadas, no final de 1993, incentivados por instituies pblicas e tcnicos da Universidade Federal de Viosa, foi criada e empossada a 1a Diretoria da Associao de Desenvolvimento da Bacia do So Bartolomeu, com objetivos e propsitos de promover o bem estar, melhoria da qualidade de vida dos moradores, alm de preservar, conservar e utilizar racionalmente os recursos existentes nestas reas. Um outro problema social o xodo rural, ocasionado pela utilizao de prticas agropastoris inadequadas, total inobservncia de prticas conservacionistas de gua e solo, das dificuldades de aquisio de insumos e corretivos de solo, alm dos problemas de crdito e comercializao, tudo isto tem levado muitos agricultores ao uso irracional de suas terras. Porm na bacia da So Bartolomeu, segundo Alves (1993), atualmente a estrutura agrria da regio formada por minifndios, voltados basicamente para a pequena produo agropecuria, em que predominam as reas de pastagens e os cultivos

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de milho, feijo, arroz, mandioca, frutas ctricas e hortalias. Existem, ainda, como fruto de uma prtica fomentada mais recentemente, reas ocupadas com sistemas agroflorestais, com destaque para o consrcio entre banana, caf e rvores nativas e exticas. Existem tambm dentro destas reas um pequeno nmero de proprietrios que no vivem exclusivamente da agricultura, pois so comerciantes e funcionrios pblicos.

3.4

METODOLOGIA Para ter uma percepo mais holstica da real situao em que se encontra as

APPs, mais precisamente as matas ciliares, na bacia hidrogrfica do ribeiro So Bartolomeu, foi feita uma checagem a campo no percurso do ribeiro So Bartolomeu, sendo mais detalhada na rea de estudo que o Bairro Paraso. Durante a checagem a campo foi analisado como estava sendo feito o uso e a ocupao das reas designadas por lei as matas ciliares e por qual tipo de cultura essas reas estavam sendo substitudas, dentre outros aspectos. J os mapas foram confeccionados a partir das tcnicas de Geoprocessamento, utilizando o Sistema de Informaes Geogrficas do programa ArcView 3.2A, pertencente a ESRI, sendo utilizada como fonte para a base de dados as cartas planialtimtricas na escala de 1:50.000, editadas pelo IBGE (folhas SF-23-X-B-V-3 e SF-23-X-B-V-1). Para a elaborao da tabela, os clculos foram realizados na Planilha do Microsoft Excel, onde calculou-se a rea de cada polgono na figura 4 e posteriormente transformou em hectare a soma das reas dos polgonos de mesmo tipo de uso, perfazendo assim, o total de cada tipo de uso e ocupao estabelecido na figura 4. As analises de solos que estavam previstas, no foram realizadas devido reforma pela qual o departamento de solos da UFV estava passando, deixando desta maneira invivel a realizao das mesmas.

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RESULTADOS E DISCUSSES As reas de preservao permanentes que se encontram no Bairro Paraso,

principalmente as matas ciliares, esto sendo degradadas continuamente pelos moradores e proprietrios de pequenas chcaras e stios. Segundo a Cdigo Florestal, estas reas deveriam estar sendo preservadas e conservadas para que houvesse a manuteno das condies ambientais adequadas, como: manuteno do microclima local, estabilizao das margens dos rios e das encostas, e habitat para a fauna silvestre, entre outras. A regio onde est localizado o bairro uma regio muito acidentada com pouca rea plana, o que faz com os proprietrios rurais utilizam as poucas reas planas que tm em suas propriedades para plantarem pasto para desenvolver uma pecuria de subsistncia, como pode ser observado na figura 7. Uma outra prtica comum no bairro Paraso so os cultivos de hortalias, culturas de bananas e caf nas margens do ribeiro, por parte de alguns moradores, como mostra a figura 8. O ndice de pastagem, 1.510,07 hectares ou 29,90% da rea total da bacia, que pode ser observado na figura 4 e na tabela 1 um fator preocupante, pois nessas reas existe uma maior possibilidade de compactao do solo, por parte da bovinocultura, que provoca a remoo das camadas superiores do mesmo (eroso). Sendo este problema mais agravado com a retirada das matas ciliares, uma vez que a retirada destas facilita o assoreamento dos cursos dgua, o que significa um acumulo de sedimentos, resduos de fertilizantes, corretivos e defensivos agrcolas, o que prejudica o ecossistema aqutico e a captao dgua. O acumulo desses sedimentos assoreando os cursos dgua contribui tambm para aumento das inundaes. Outro fator que chama ateno o fato da Escola Municipal Almiro Paraso ter sido construda numa rea protegida pelo Cdigo Florestal, mais especificamente na rea destinada a mata ciliar. Para poder ser realizada a construo da escola a Prefeitura Municipal de Viosa fez um aterro entre a rodovia e a margem do ribeiro So Bartolomeu, como pode perceber pela figura 9. A realizao desta obra mostra a omisso do Governo Municipal no que se refere conservao e preservao dos recursos naturais que dependem destas reas para sua sobrevivncia.

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Assim, a utilizao de prticas inadequadas e degradantes, nas reas das matas ciliares acarreta srios danos ao meio ambiente e principalmente aos cursos dgua. Estes ficam vulnerveis pelos efeitos malficos da eroso, dentre os quais o assoreamento, eutrofizao e diminuio das espessuras da lmina dgua.

FIGURA 7: Ausncia da Mata Ciliar ao longo do curso do ribeiro So Bartolomeu. Foto de Zelvanio Santiago, 2006.

Contudo, ainda possvel encontrar locais com mata ciliar em estgios avanado de regenerao (figura 3). Sendo que nos locais onde a mata ciliar est em estgio avanado de regenerao possvel notar caractersticas de uma mata ciliar tpica de cerrado, como: rvores com alturas elevadas, espcies como angico e peroba, e tambm cobertura de material orgnico raso. J a mata ciliar que fica na margem esquerda do ribeiro perto de onde foi feito o aterro para a construo da escola municipal tem caractersticas que se assemelham mata de brejo, sendo o solo desta rea bem mais encharcado do que a mata tpica de cerrado. Assim, possvel que ocorra uma variedade de seres vivos ao longo do curso dgua, uma vez que os fatores

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biogeogrficos, como os fatores biolgicos, climticos e edficos no so os mesmo para os dois tipos de mata ciliar que se encontram em regenerao. Desta maneira fica evidente o importante papel das APPs dentro de uma bacia hidrogrfica, pois elas preservam os diversos ecossistemas com suas biodiversidades, responsveis pelo sentido mais permanente dos recursos naturais to necessrios a nossa existncia.

FIGURA 8: Cultivo de caf e banana na rea de mata ciliar do ribeiro So Bartolomeu. Foto de Zelvanio Santiago, 2006.

Contudo, no atual sistema capitalista em que vivemos, a relao entre a conscincia ambiental e comportamento do homem muito desfavorvel, uma vez que para garantir o seu bem estar o ser humano no se preocupa com as conseqncias geradas pelo mau uso do ambiente, mesmo sabendo que para manter o seu bem estar preciso que haja uma constante explorao do meio ambiente. Neste contexto, considero que a insero da Educao Ambiental na escola Almiro Paraso servir como uma ferramenta para que se tenha uma efetiva mudana de

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comportamento, valores e hbitos referente ao uso dos recursos naturais pelos moradores do bairro Paraso. Por meio das aulas de Educao Ambiental os alunos poderam aprender como preservar/conservar os recursos naturais e passar os ensinamentos para os demais moradores do bairro.

FIGURA 9: Local onde foi aterrado para construo da Escola Municipal Almiro Paraso. Foto de Zelvanio Santiago, 2006.

Todavia necessrio que se faa um esforo efetivo, mostrando que proteo dos recursos naturais deve comear pelo entendimento, do papel das APPs numa bacia hidrogrfica, para a preservao/conservao dos ecossistemas, de forma que garanta o fornecimento regular e permanente dos recursos ali existentes.

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CONCLUSO A constatao e o reconhecimento da importncia vital das reas de

preservao permanente em uma bacia hidrogrfica, principalmente em funo da sua influncia direta sobre valores qualitativos e quantitativos, para os diversos recursos naturais como a flora, fauna e em especial, os recursos hdricos, faz com que os homens comecem a repensar as suas atitudes, que muitas das vezes por motivos polticos e/ou econmicos no estabelece a proteo necessria do meio ambiente. notvel a importncia ambiental e scio-ambiental das reas de preservao permanente da bacia do ribeiro So Bartolomeu. De acordo com o trabalho apresentado, evidencia-se que a situao da mata ciliar do Bairro Paraso no est de acordo com o artigo 2 do Cdigo Florestal, sendo a ao antrpica o fator determinante do processo de degradao da mata ciliar em estudo. Com isso, h uma descaracterizao morfolgica e fisionmica ao longo do curso do ribeiro So Bartolomeu. A fim de se promover a recomposio da mata ciliar do ribeiro So Bartolomeu, recomenda-se suprimir as culturas que se encontram dentro dos limites das APPs ou deixar que os processos naturais de regenerao hajam sobre a mesma. necessrio tambm a elaborao de um plano de manejo rigoroso que garanta o uso sustentvel dos recursos naturais encontrados na bacia do ribeiro So Bartolomeu. Finalmente, devemos entender o meio ambiente como patrimnio universal da humanidade e que somente coma participao democrtica da populao conseguiremos entend-lo e respeit-lo, garantindo assim melhor qualidade de vida para as presentes e futuras geraes.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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