Bioclimatologia e comportamento animal

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Vanderlei Holz Lermen

Bioclimatologia e

comportamento animal

Curso Técnico em AgropecuáriaSETREM

Bioclimatologia animalOs bovinos e a temperatura

Valores de certas funções fisiológicas e de rendimento de uma vaca holandesa em lactação em um ambiente de conforto (180C) e em um ambiente desconfortável (300C)

Efeito do clima sobre os animais (ação direta e indireta)• temperatura• umidade relativa do ar• radiação solar• pressão atmosférica• ventos• precipitação• nebulosidade• fenômenos óticos (luz)• fertilidade do solo e pH•  • Efeito indireto: alimentação, doenças parasitárias e

infecto-contagiosas

Regulação térmica nos animais

•Os animais poiquilotérmicos são animais de “sangue-frio”, ou também designados por exotérmicos.

•Estes não têm mecanismo de controle da temperatura interna do seu corpo, assim o seu metabolismo dependente do meio externo.

Animais homeotérmicos ou endotérmicos•Aves e mamíferos;•Temperatura corporal interna permanece

constante, independentemente das variações da temperatura do meio externo.

•Termorregulação: temperatura corporal interna é regulada de forma bastante precisa através de processos metabólicos.

Controle da temperatura

Artifícios do organismo para realizar a regulação térmica•vasomotor - controle do fluxo de sangue

aos tecidos externos•pilomotor - controle da ereção dos pêlos

para formar uma camada de ar protetora•perdas evaporativas - suor e frequência

respiratória•modificação nas taxas metabólicas•calor metabólico devido a ingestão de

alimentos•atividade muscular

Formas de perder calor

•Radiação, •condução, •convecção, •evaporação•Na faixa de conforto - 75% das perdas de

calor são por condução, radiação e convecção

•Em temperaturas elevadas a transferência de calor é por evaporação

Temperatura retal de algumas espécies animais

Característica anatômicas que influências na adaptação dos animais em climas tropicais

•Pele - coloração e espessura•Pigmentação - evita queimaduras e

fotossensibilidade por isso pele escura•Espessura - pele fina favorece a perda de

calor

Espessura da pele (mm) de algumas raças bovinas

Cobertura pilosa

•O bulbo piloso possui melanócitos de cor branca que ao contato da luz e ação da tirosinase fica negro e impede a passagem dos raios ultravioletas, protegendo o animal do eritema solar.

•A medula dos pelos, mais presente nos zebuínos e na raça Jersey e parece estar associado ao grau de adaptação em clima tropical.

Cor do pelame e absorção e reflexão do calor proveniente de radiação solar

Aparelho Sudoríparo • Acima de 350C é a única forma de perder calor

• Tipos de glândulas sudoríparas• Glândulas sudoríparas ecrinas - são glândulas

menos profundas que se localizam na porção papilar da derme, onde se encontram as células secretoras e inicia-se o canal excretor.

• Glândulas sudoríparas apócrinas - são localizadas em porção mais profunda na derme aparecem associadas ao folículo piloso e glândulas sebáceas.

Ritmo respiratório

•Aumento nos movimentos respiratórios é um mecanismo para dissipar calor por evaporação, porém sua eficiência está inversamente relacionada a umidade relativa do ar.

•Ritmo respiratório de 23/min a 100C•A cada aumento de 100C na temperatura,

ocorre uma duplicação dos movimentos respiratórios

Consumo alimentar

•Aumento da temperatura - diminui a ingestão de alimentos

•Vacas lactantes de origem européia diminuem a ingestão de alimentos a partir de 250C, acentua em 300C e paralisa em 400C,

•Raças zebuínas somente apresentam redução entre 32 e 350C.

Ingestão de água

•Aumenta a ingestão de água a partir de 40C, bem como a frequência de ingestão

•Para cada grau de temperatura a mais, novilhas leiteiras, ingerem cerca de 0,16 l de água e com a redução da ingestão de alimentos (32,20C a 370C) também diminuem o consumo de água e a produção de leite.

Produção de leite

•Temperatura ótima entre 10 a 180C•Acima de 270C a diminição é marcante•Animais da raça Holandesa diminuem a

produção de leite a partir de 210C, Jersey e Pardo Suiça entre 24 e 270C e Zebu, 320C.

•Temperatura mínima crítica:•Jersey - 20C •Holandês - 130C.

Composição do leite

•Com o estresse pelo calor o teor de NNP, ácidos palmítico e esteárico aumentam, enquanto diminuem a gordura, os sólidos totais, N total, lactose, ácidos graxos de cadeia curta, ác. oleico, ácido cítrico e cálcio.

Crescimento Corporal

•Afeta negativamente o crescimento fetal de animais não adaptados e diminui sua possibilidade de sobrevivência ao nascer.

• A diferença de peso pode ser de 2 a 10 kg.

•A zona de conforto das raças européias é de 0,5 a 16 0C e o crescimento é diminuido a partir de 240C, chegando a paralizar o crescimento aos 320C, aos 410C entra em prostração e pode morrer.

Reprodução

•Nos machos afeta os testículos, diminuindo o peso, degenerando os túbulos seminíferos e reduzindo a qualidade do sêmen e volume.

•Sobre as fêmeas há retardo da puberdade, anestro, deprime o estro, diminui o índice de concepção, induz abortos e aumenta a mortalidade perinatal.

Comportamento

dos Bovinos

Temperamento• Reação e comportamento em diferentes

situações;• Temperamento tem componentes genéticos -

variando conforme a raça e o indivíduo;• O temperamento do rebanho pode ser

melhorado por seleção genética e descarte. • Melhorias por mudanças no manejo, cercas,

currais;• Animais fora de controle devem ser

descartados.• Descarte e relação manejo.

Memória

•Ótima memória. •Se tiver sido mal manejado no passado, o

bovino se estressará mais e será mais difícil de lidar no futuro.

•A primeira experiência com novas instalações, pessoas ou equipamentos, deve ser o mais positiva possível.

Visão

•Visão "panorâmica" (uma característica de defesa contra predadores), podendo olhar ao redor sem virar suas cabeças.

•Têm percepção de profundidade inferior a nossa, e têm dificuldade de percebê-la ao nível do chão.

•Em ambientes escuros a tendência é se moverem em direção à luz, desde que não esteja ofuscando seus olhos.

Sons

•Bovinos são mais sensíveis a sons de alta freqüência. Ruídos altos ou desconhecidos podem assustar os animais.

•Sons moderados e contínuos podem ser tranqüilizantes.

•Ao trabalhar com animais falar calmamente, com um baixo tom de voz.

•Gritar com um animal deixa-o assustado.

Em movimento

•O gado possui um movimento natural de caminhar em círculo.

•Instalações em curva tiram vantagem desta característica.

Instinto social

•Bovinos são animais sociais.•Isolamento é um grande fator de estresse. •Grupos de animais que mantêm contato

corporal permanecem calmos.

“Zona de fuga" e "ponto de equilíbrio"

•"Zona de fuga" é o espaço individual de cada animal que delimita a “distância de fuga" que ele se mantém de uma pessoa ou predador.

• Quando pressionamos no limite da zona de fuga do animal, este se afasta. Penetração acentuada na zona de fuga pode causar pânico.

“Zona de fuga" e "ponto de equilíbrio"

• O tamanho e formato desta área são dinâmicos,• Depende da genética, experiências prévias, o

ambiente físico e biológico, a maneira como uma pessoa se aproxima.

• Animais muito mansos se deixam tocar normalmente - distância de fuga zero;

• Assustados, a distância de fuga se fará presente.• O ponto de equilíbrio localiza-se no “ombro" (pá,

paleta etc.) do bovino. Se você pressionar por atrás do ponto de balanço o animal moverá para frente. Se pressionar além do ponto de balanço o animal recuará.

Manejo do gado

•Mudança de atitude – difícil em um sistema de manejo;

•Não usar a força;•Para maior eficiência e facilidade no

trabalho, o gado deve estar mais tranquilo possível;

•Somos nos os responsáveis pela tranquilidade dos animais.

Manejo do gado

•No curral ou em área aberta, a condução dos bovinos é uma questão de posicionamento e pressão.

•Não devemos nunca pressionar diretamente por trás.

•Movimentos em um sentido de "vai e vem", como que fazendo um "zig-zag",

•A aproximação deve ser cuidadosa.

Manejo do gado

Manejo do gado

•Quanto mais agressivo o manejo, mais brusca será a fuga.

•Trabalhando no limite da zona de fuga, acompanhando o movimento do gado e posicionando-nos corretamente, podemos levar os animais para onde quisermos.

•Um bom posicionamento para manejar o gado é locomover-mos paralelos a este.

Manejo do gado

•Não existem distâncias e posicionamentos exatos para se trabalhar, devemos observar os animais e agir conforme a reação deles.

•Se eles virarem a cabeça para nos olhar ou começarem a nos rodear, significa que estamos colocando muita pressão.

Instalações

•O curral é o ponto central na fazenda;•Não existe o curral perfeito. O mais

importante é que atenda bem às principais necessidades da propriedade.

•O planejamento e montagem das instalação demanda um alto investimento e deve ser feito da melhor maneira.

•cercas inteiriças, tronco de contenção, boa manutenção

Instalações

•Observar diferentes instalações, •Planejar em função de suas reais

necessidades, •Desenhar suas ideias, •Discutir com outras pessoas do ramo. •Para a adoção de um manejo racional, não

é preciso construir um novo curral, é possível fazer modificações bem planejadas, para melhorar o manejo.

Dicas• Planeje seus procedimentos de manejo;• Selecione os bovinos de sua fazenda para

temperamento;• Mantenha o gado familiarizado com as pessoas e

manejos;• Manejo silencioso e calmo;• Tenha um cuidado especial ao embarcar os animais.• Elimine o uso de ferrões. • O gado deve sair calmamente do curral para o

pasto.• O manejo adequado do gado deve ocorrer desde o

momento em que nascem.  

Conclusão

•Os requisitos mais importantes para um bom manejo: calma, observação e bom-senso.

O comportamento social dos bovinos e o uso do espaço

Introdução

•Os bovinos são animais gregários, ou seja, vivem em grupos,

•Indivíduos isolados do rebanho tornam-se estressados.

•Competição por recursos, principalmente quando escassos, resultando na apresentação de interações agressivas entre os animais do mesmo grupo ou rebanho.

Organização

•Em condições naturais apresentam padrões de organização social, que definem como serão as interações entre grupos e entre animais do mesmo grupo.

•Conhecer esses padrões é indispensável para um manejo adequado.

Comportamento

•Os animais não se dispersam ao acaso em seu ambiente. Este falta de casualidade no uso do espaço é relacionada com as estruturas física e biológica do ambiente, com o clima e com o comportamento social.

•Em rebanhos criados extensivamente e pouco manejados os animais definem a sua área onde ficam por mais tempo.

Comportamento• Hoje em dia os rebanhos bovinos raramente

apresentam grupos sociais naturais, basicamente porque tais grupos são formados de acordo com os interesses do homem.

• Formamos grupos de acordo com o sexo desde a desmama, quando também separamos os bezerros das suas mães, formamos também grupos tendo em conta a idade dos animais ou ainda conforme a produção de leite.

Dominância

•A dominância se estabelece nesses grupos pela competição,

•O dominante é o indivíduo ou indivíduos do grupo que ocupam as posições mais altas na hierarquia

•Os submissos os que se submetem aos dominantes.

•O que estabelece a posição na hierarquia são peso, idade e raça.

Relações

• Há diferenças entre raças nas relações sociais que determinam a hierarquia.

•Liderança: há sempre um animal que inicia o deslocamento ou as mudanças de atividade, quando ele é seguido pelos outros,

•Vacas mais velhas lideram os rebanhos.•Esse comportamento pode ser muito útil

para o manejo do gado nas pastagens.

Relações• Bovinos em condições de alta densidade

populacional, não podem evitar a violação de seu espaço individual, o que pode resultar num aumento de agressividade e estresse social,

• Em grupos grandes os animais podem ter dificuldades em reconhecer cada companheiro e em memorizar o "status" social de todos eles, com isso também há um aumento na incidência das interações agressivas .

• Lesões podem prejudicar a qualidade da carne.

Formação de grupos

•Não é claro qual o tamanho máximo que um grupo de bovinos deva ter. Por conveniência no manejo, talvez não devam ultrapassar 100 animais por grupo.

•É bom que o grupo seja estável em sua composição,

•A entrada de outros animais, vai alterar a hierarquia social previamente estabelecida, com influências na produção e bem-estar.

O manejo e as alterações no

comportamento dos bovinos

•Há vários recursos e estímulos que são necessários para que os bovinos se encontrem em boas condições de bem-estar,:

•O espaço em si,•Os abrigos•Os alimentos

Manejo

•O gado tem boa memória e capacidade de reconhecer pessoas, tornando-se cada vez mais difícil de ser manejado, devido a ações violentas, que resultam em experiências negativas,

•Os bovinos regem mal à pessoas violentas e sem calma no manejo.

Conseqüências do manejo agressivo

•Dificuldades no trabalho com o gado;•Lesões nos animais•Danos nas instalações •Riscos de acidentes para os

trabalhadores. A intensidade dependerá das circunstâncias.

Conseqüências do manejo agressivo

•No manejo pré-abate as etapas mais críticas são as de embarque e de desembarque dos animais.

•Os animais podem ficar estressados, resultando em prejuízos para a carcaça e qualidade da carne.

Adequar o manejo

•Para melhorar o manejo dos bovinos de corte, é necessário ampliar o conhecimento sobre a biologia do gado bovino, em particular dos zebuínos.

•Melhorar as interações, minimizar riscos de acidentes e garantir melhores desempenhos dos animais e qualidade do produto obtido.

Manejo adequado

•Instalações adequadas•Pessoal convenientemente treinado•Animais com nível adequado de

reatividade•Supervisão das atividades

Qualidade total no manejo de bovinos de corte: sonho ou realidade?

•A bovinocultura de corte tem se desenvolvido rapidamente nos últimos anos,

•Maioria das pesquisas direcionadas às áreas de nutrição, melhoramento genético e reprodução.

•Animal comparado com uma "máquina.

Comportamento de bovinos durante o manejo: interpretando os conceitos de temperamento e reatividade

Temperamento

•A medida de temperamento é usada para distinguir um indivíduo de outro com relação a uma variedade de disposições primárias do comportamento, dentre elas agressividade, atividade e respostas emocionais.

•É um conceito bastante complexo, levando a várias conotações interessantes e diferentes definições por diferentes usuários.

Temperamento é uma característica individual• No contexto histórico da domesticação, as

reações emocionais dos animais em relação ao homem, como a tendência de fuga ou de agressão, provavelmente desempenharam importante papel na definição daquele que seria domesticado.

• Após o processo de domesticação o homem continuou interessado em animais menos agressivos e mais fáceis de lidar, promovendo a seleção de indivíduos com as características mais desejáveis.

Reações emocionais

•Conhecer as reações emocionais dos animais domésticos e quais seus efeitos sobre o sistema produtivo;

•É possível modificar a intensidade dessas reações pela seleção,

•É possível manejar, promovendo o amansamento dos animais através dos processos de habituação e de aprendizado associativo.

Herdabilidade

• A herdabilidade é o parâmetro pelo qual se mede o grau em que a herança influencia uma característica,

•Quando uma característica apresenta alta herdabilidade, significa que é facilmente repassada dos pais para os filhos.

•Baixa herdabilidade significa o oposto. A característica não é transmitida aos descendentes. 

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