Duas perspectivas éticas

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A outra apresentação continha algumas imprecisões. Pode ser que ainda me tenha escapado alguma, mas esta está bem melhor.

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A necessidade de fundamentação da moral - análise comparativa de

duas perspectivas filosóficas

Stuart Mill

Immanuel Kant

Olga PinheiroFernando Varino

FILOSOFIA 10ºANO

Diz aqui que existem duas perspectivas ou teorias sobre

o estatuto moral da acção! Quando é que uma acção tem

valor moral?

A tese deontológica (Kant)

A tese teleológica/consequencialista(John Stuart Mill)

As teorias são …

VAMOS LÁ VER O QUE DIZ CADA UM DESTES FILÓSOFOS SOBRE ESTE ASSUNTO…A PERGUNTA É: EM QUE CIRCUNSTÂNCIAS É QUE UMA ACÇÃO É MORALMENTE BOA?

Eu, Kant, acho que o valor moral da acção está na intenção com que ela é

feita, no princípio que a orienta… …não me interessa, para avaliar a

moralidade de uma acção, os resultados do que faço, mas o

propósito por que faço o que faço.

Não concordo nada com Kant! O que interessa, numa acção, são os efeitos que ela produz, são as consequências que dela resultam… Daí, dizerem que sou um consequencialista.

Deixem cá ver se percebi bem. Enquanto os seguidores de Kant afirmam que uma acção é boa e tem valor moral quando é feita por puro respeito a um princípio, os que seguem Stuart Mill defendem que a moralidade da acção depende dos seus resultados. Agora pergunto eu, que resultados são esses?

Boa questão, miúdo!Eu, Stuart Mill, defendo que uma acção para ser moralmente boa

tem que proporcionar felicidade às pessoas. Uma acção é boa, quando

é útil, quando serve para alguma coisa… quando traz a maior

felicidade ao maior número de pessoas.

Isto está a ficar interessante… Stuart Mill é um utilitarista!

A sua teoria pode ser apresentada da seguinte forma:

Acção boa = Acção útil = Acção da qual resulta a maior felicidade para

o maior número de pessoasMas… o que é a felicidade?

És esperto! Fazes as perguntas certas no momento certo… Com que então, queres saber o que é a felicidade! Para mim, é a coisa mais desejável e não é nada mais nada menos do que um estado de bem estar, onde

há prazer e ausência de dor.

Olhem aquele cromo… Ó Carlos, o

que estás a fazer agarrado a esse

calhamaço?A tentar perceber Kant e Stuart Mill… aqueles filósofos que temos estudado nas aulas de Filosofia. Até parece que estou a falar com eles.

Deixa-os lá! Não penses que o prazer a que me refiro diz respeito à satisfação dos

instintos mais primários! Há prazeres superiores e inferiores, e eu refiro-

me aos prazeres superiores …

Prazeres superiores??? Inferiores??? Como assim?

O prazer resulta da satisfação de uma necessidade e há necessidades espirituais… ou … intelectuais, morais, sociais, estéticas… Estes são os prazeres superiores.Já a satisfação de necessidades ligadas ao corpo são

prazeres inferiores… O homem é tanto mais feliz quanto mais conseguir

satisfazer as suas necessidades espirituais. Percebes?

Acho que sim…

Isto é mesmo interessante… Se percebi bem, Stuart Mill defende um ideal moral que consiste no seguinte:- Felicidade para todos os seres humanos;- Um ideal jurídico e político que se traduz no bem geral ou felicidade global;- Formação de pessoas solidárias que pensam na felicidade de todos e que promovem o bem comum…

Deixa-me agora tentar compreender o que diz Kant sobre a moralidade das acções.

Hum… Diz aqui que agir por dever não é o mesmo que agir em conformidade com o dever…

Diz também que só quando agimos por dever é que estamos a agir moralmente e que a acção em conformidade com o dever é do domínio da

legalidade e não da moralidade. Isto não é nada fácil de entender…

Vá lá rapaz, não desistas… A minha perspectiva sobre a moral não é assim tão difícil. Dou-te um exemplo: um merceeiro decide não subir os preços dos

seus produtos. A pergunta que se faz é: por que é que o merceeiro não sobe o preço

dos produtos que vende? Diz-me lá, o que achas?

Sei lá… Talvez porque se os subir, vai perder clientela.

Se assim for, digo-te já que a acção do merceeiro não tem qualquer valor moral!Sabes porquê? Eu digo-te...porque ele agiu tendo em vista um fim que foi o de manter os seus clientes. A sua acção não resultou do puro respeito a uma ordem da razão, a um imperativo absoluto e incondicional. Para ter valor moral, teria que ser uma acção desinteressada, uma acção feita por respeito a um princípio categórico, independentemente

das consequências.

Acho que já comecei a topar esta cena Kantiana. Deixa cá ver…

Acção com valor moral = Acção realizada por dever = Acção em que se respeita um princípio dado pela própria razão

Por outro lado…Acção realizada em conformidade com o dever = acção sem

valor moral = acção do domínio da legalidade, porque se obedece a regras que não são ditadas pela razão, mas por

homens que as criaram com uma finalidade, regular as relações humanas.

Boa, miúdo..Quando perguntares a alguém por que faz o que faz e a resposta for “Porque devo fazê-lo”; então a sua

acção é desinteressada, esgota-se em si mesma, não é um meio para atingir um fim. Tal acção tem valor

moral, é uma acção realizada por dever.Quando alguém disser que faz o que faz para evitar ser castigado ou conseguir uma recompensa, essa

acção não terá estatuto moral, pois não será desinteressada, tratar-se-á de uma acção em

conformidade com o dever.

Há aqui mais conceitos: imperativo categórico, imperativo hipotético, boa vontade, liberdade. Quero

ver se os entendo.Ora muito bem, imperativo categórico… O que

significa? Um imperativo é uma ordem; e um imperativo

categórico não é nada mais nada menos do que uma ordem da razão prática que se impõe com tal força e de um modo tão absoluto que a única coisa a fazer é

segui-la sem qualquer restrição ou condição…

Ora muito bem, se o imperativo categórico consiste no respeito a um princípio racional; o imperativo hipotético implica a obediência a uma ordem que é exterior à razão e que tem como finalidade evitar algo desagradável ou conseguir algo agradável… como: “Faço isto para conseguir aquilo”… “Sou bem comportado para ser elogiado ou para não ser castigado”…”Pago os impostos para não ter o fisco à perna e para ser considerado um cidadão exemplar”… Tais acções não têm valor moral para Kant!

Isto começa a fazer sentido!

Estás a ver… quando começamos a fazer um esforço para percebermos as coisas, elas deixam de ser “um

bicho de sete cabeças”… Estás a pensar muito bem!

E a boa vontade? Já percebeste a sua importância?

Boa vontade… A vontade está

relacionada com o querer e a vontade ao respeitar o princípio

categórico da moralidade ditado pela razão...é uma

vontade boa, que faz com que o homem aja de modo autónomo e livre…… pois não se deixa levar

pelos interesses do momento.

Isto é demais…Segundo Kant, quem realiza uma acção por dever está a ser

verdadeiramente livre … … a sua vontade é boa e autónoma, porque respeita a lei moral,

aquela que é ditada pela razão e não se deixa influenciar por nada que seja exterior a ela.

Kant nunca nos diz o que fazer ou não fazer, mas fornece-nos algumas máximas:

-“Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal”;

- “Age como se a máxima da tua acção se devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal da natureza”

- “Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na de qualquer outro, sempre como fim e nunca como meio”

Belas máximas, sim senhor!!!

Obrigado, pelos esclarecimentos. Vou fazer um brilharete na próxima

aula de Filosofia.

Foi uma conversa agradável… não

deixes de procurar incansavelmente o

conhecimento.

De nada, foste um óptimo

interlocutor.

Fontes:

Google imagensKant, Immanuel (1992). Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Lisboa: Edições 70Mill, J. Stuart (1976). Utilitarismo. Coimbra: Atlântida Editora

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