Liberdade de Escolha no Ensino - por Fernando Adão da Fonseca

Preview:

DESCRIPTION

Artigo sobre a liberdade de escolha da escola, da autoria do Presidente do Fórum para a Liberdade de Educação, Fernando Adão da Fonseca, publicado na edição do dia 20 de Setembro de 2013 do Jornal de Negócios.

Citation preview

Liberdade de Escolha no EnsinoPOR FERNANDO ADÃO DA FONSECA

Presidente do Fórum para a Liberdade de Educação

A Liberdade de Escolha da Escola é uma condição básica e primordial de cidadania. Sem os pais poderem escolher o futuro que mais convém os seus filhos, ficam postos em causa os alicerces da própria liberdade e dificilmente poderemos falar de democracia… Mas a liberdade de escolha da escola, apesar de muitos procurarem deturpar a discussão que gera em seu torno introduzindo questões do foro ideológico que nada têm a ver com a questão em si, não se restringe a medidas avulso, nem é compatível com as muitas e variadas vontades desconexas que recentemente têm vindo a público em Portugal. Importa sublinhar que, antes de mais nada, a Liberdade de Escolha da Escola é um direito fundamental que já está plasmado em diversos documentos que dão forma à nossa vida em democracia. Da Declaração Universal dos Direitos do Homem (Artigo 26º) , passando pela Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (nº 3 do Artigo 14º) até à própria Constituição da República Portuguesa (Artigo 43º), muitos são os documentos que comprovam que a Liberdade de Escolha da Escola é um dos direitos fundamentais dos pais e uma das condições básicas da própria cidadania. Não é aceitável, portanto, que se confunda este direito fundamental com posicionamentos políticos de esquerda ou de direita, nem tão pouco que se procurem estabelecer ligações entre o seu exercício e interesses conjunturais que vão afectando determinados sectores da vida do nosso País. O direito de escolha da escolha faz parte do conjunto de direitos fundamentais dos pais e, como facilmente se percebe, é transversal a posicionamentos políticos, interesses conjunturais ou a quaisquer outras premissas que possam vir a afectar a discussão pública que se gera em seu torno. O estado de profunda crise que actualmente se vive em Portugal, só pode ser invertido com uma alteração profunda no nosso sistema educativo que, consignando o princípio da liberdade, seja capaz de adaptar a escola às características e necessidades dos nossos jovens e que seja capaz de responder de forma cabal aos muitos e permanentes desafios de mudança e adaptabilidade que o Mundo actual nos impõe. É, por isso, uma mudança geracional, aquela de que necessitamos, que deverá ter como base a liberdade de educação no sentido mais pleno que podemos atribuir à expressão.

Sendo o cheque-ensino, que tanta polémica inócua tem levantado em Portugal, somente uma parte da questão, importa ressalvar que não existe liberdade de educação sem que sejam garantidos vários pressupostos adicionais. É preciso que as escolas usufruam de uma real e efectiva autonomia curricular, pedagógica e administrativa (incluindo a autonomia ao nível da escolha dos seus docentes); é essencial que seja garantida a liberdade de criação de novas escolas; é imperativo que as escolas que vierem a fazer parte do Serviço Público de Educação não cobrem propinas para além do financiamento que é garantido pelo Estado; é obrigatório que essas escolas não possam seleccionar os seus alunos; é absolutamente necessária a produção de informação idónea sobre as escolas, o seu funcionamento e os seus resultados; e o Estado tem de assumir de forma eficaz o seu papel de árbitro, avaliando o cumprimento das metas determinadas e aferindo os resultados que cada escola vai alcançando. Concluímos, desta maneira, que é essencial a liberdade de escolha da escola para salvaguardar o futuro de Portugal. Mas sublinhamos que, tal como nos mostram as muitas e variadas experiências que têm sido concretizadas em todo o Mundo (ver mais informação em www.fle.pt), é imperativo que a concretização deste desiderato aconteça de forma efectiva e não através de medidas avulso que, sem consolidarem o paradigma de mudança de que tento necessitamos, só avolumam a controvérsia estéril e a discussão subvertida por preconceitos políticos que nada têm a ver com esta questão.

In Jornal de Negócios, 20 de Setembro de 2013

Recommended