Máscaras diárias e de diversão artur soares

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Pode não parecer, mas todo o homem gosta de sair da rotina.

Uns mais que outros.

E há necessidade de variar, de modificar hábitos, mudar de

visual, de várias coisas

e, até aqueles que usam e abusam de

mudanças, gostam de as viver nem que

seja por uns minutos, dias

ou épocas.

E é no início de cada ano que o povo, normalmente, inicia a

saída da rotina: começa-se pelas festas do Carnaval, da Páscoa a

seguir, pelos Santos populares, férias e Natal. E com base nestes

tempos

em que o cristianismo está quase

sempre

por trás de toda a mudança, sai-

se da monotonia.

Nós por cá vivemos o Carnaval em tempo de Inverno. E muitos

foliões usam máscaras para diversão: a correr, a saltar, a dançar,

bailar e tudo mais que se possa improvisar,

com ou sem a máscara.

É sabido que no carnaval do Brasil

pouca roupa se usa, mas máscaras são

aos milhares!

Nós nestes tempos de frio, por vezes até se vê um ou outro cavalheiro que,

desfavorecido no cabelo aproveita para usar o boné ou o gorro, uma vez

que o chapéu praticamente não se gasta.

Assim, no Carnaval ainda se anda bem

agasalhado, exceptoo rosto que, um ou

outro coloca a

máscara e protege.

Mas porquê não tapar a cara assiduamente, usando uma máscara com toda a

comodidade, almofadada, para o rosto? Penso que a moda deveria pegar,

atendendo às vantagens que a máscara oferece.

É que o povo diz frequentemente:

“este tem cara de bardino; de assassino; de doente; de

louco”, entre outras afirmações.

O povo tem a tendência de - pela cara de cada

um - baptizar ou cognominar quem passa.

Ora a máscara a ser usada podia ser de harmonia com a personalidade e

gosto pessoal: sentimental, alegre, humorista, grave e sei lá mais o quê!

O rosto deve ser das partes mais anormais do corpo. Logo, uma vez que

todo o corpo se esconde ou agasalha, a máscara devia usar-se também.

Há necessidade de pensar no assunto, pois sabe-se

das cenas que se fazem em ser-se obrigado a

dissimular, para que vejam na cara os sentimentos

que não se têm.

Se cada um usasse máscara o ano inteiro, facilitava muito, pois na visita dum

amigo no hospital, no funeral, na prisão, numa saudação de circunstância na

rua, ou numa desgraça qualquer, não seria necessário mostrar-se uma dor ou

uma alegria que se não sente.

E na verdade, há rostos realmente

feios, realmente mortos, realmente

com falta de carácter!

É de salientar que os povos mais antigos usavam a máscara para frequentarem os mais

nobres ambientes ou salões de bailes; para exercerem actos de feitiçaria; de vandalismo

e, actualmente, usam máscaras os assaltantes de bancos e de pessoas, certos sub-

reptícios políticos ao servirem-se da Nação e os foliões do carnaval, pois tá claro.

Repare-se que até tivemos o Profeta Velado do

Khorassan, o Máscara de Ferro!

Como se deduz, a máscara podia usar-se ainda de harmonia com a alma,

mesmo que fosse penada.

A ser assim, seria a solução de todas as preocupações e a comodidade de toda a

ação teatral. Elas, as máscaras, deviam fazer parte do roupeiro de casa e serem

colocadas antes da saída da porta para serem usadas

todo o ano, sem se ter medo de estragar o rosto

e recorrer a dermatologistas.

É pena que vários órgãos da Comunicação Social gastem a maior parte

do tempo a esmiuçar a vida das pessoas, atirando-as tantas vezes para as

valetas ou para a glória social, desmerecidamente, e não lancem a

campanha do uso das máscaras permanente.

Isso sim!

Pelo que, defendo o uso da máscara permanente e creio que não só

protegia a cara como a beneficiava e não dava possibilidades ao povão

de o rosto ser humilhação para uns e uma ofensa para outros.

Então viva as máscaras!

Artur Soares

O texto foi publicado no jornal

“Diário do Minho” de Braga, em

24 Fevereiro de 2017

O autor não escreve segundo o novo

Acordo Ortográfico.

Para o Carnaval de 2017

Artur Soares

Formatação e Criação: Luzia Gabriele

Email: luziagabriele@hotmail.com

Imagens: Internet e Arquivo Pessoal

Autor: Artur Soares – (Escritor Bracarense – Portugal)

soaresas@sapo.pt

Música: Ernesto Cortazar -Table for Two - Piano

http://www.slideshare.net/luziagabriele

https://www.youtube.com/channel/UCAdCeCGHGTxtxQskjl4zkow

Data : 24 de Fevereiro de 2017