Modernismo brasil 1ª fase

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MODERNISMO – PRIMEIRA FASE 1922 A 1930

CARACTERÍSTICAS

A primeira fase, conhecida como heroica, compreende o período de 1922 a 1930 e apresenta o desejo de liberdade, de ruptura e de destruição do passado como características marcantes. Os principais autores são:

Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira Alcântara Machado.

Essa primeira fase foi predominantemente poética, entretanto, encontramos também alguns textos em prosa.

Neste período nós encontramos como grandes marcas a negação do passado, a valorização poética do cotidiano, o nacionalismo e a liberdade linguística, basicamente através da incorporação da linguagem coloquial e o Anarquismo.

ROMPIMENTO COM TODAS AS ESTRUTURAS DO PASSADO

CARÁTER ANÁRQUICO E DESTRUIDOR BUSCA DO MODERNO, DO ORIGINAL E

DO POLÊMICO VOLTA ÀS ORIGENS DO PAÍS PROCURA DE UMA “LÍNGUA BRASILEIRA”

PARÓDIAS, HUMOR VALORIZAÇÃO DO ÍNDIO

VERDADEIRAMENTE BRASILEIRO DUAS VERTENTES DO NACIONALISMO:

DE UM LADO, O CRÍTICO, LIDERADO POR OSWALD DE ANDRADE; POR OUTRO, UM NACIONALISMO UFANISTA, LIDERADO POR PLÍNIO SALGADO

PRINCIPAIS OBRAS E REPRESENTANTES MÁRIO DE ANDRADE

“Eu sou um escritor difícil Que a muita gente enquisila,

Porém essa culpa é fácil De se acabar de uma vez:

E só tirar a cortina Que entra luz nesta escuridez.”

(A Costela de Grão Cão)

Mário de Andrade Foi um apaixonado pela cidade de São Paulo. Era um escritor irreverente e criativo. Em

seus textos buscou romper as estruturas até então tidas como modelos.

Buscava o resgate da linguagem cotidiana, do popular e do folclórico. Com seu texto Pauliceia desvairada, é que temos como primeiro livro totalmente modernista. Vejamos o prefácio desse livro: Leitor:

Está fundado o Desvairismo.

Este prefácio, apesar de interessante, inútil.

(...) 

Alguns dados. Nem todos. Sem conclusões.

Para quem me aceita são inúteis ambos.

Os curiosos terão prazer em descobrir minhas conclusões, confrontando obra e dados.

Para quem me rejeita trabalho perdido explicar o que, antes De ler, já não aceitou.

(...)

Quando sinto a impulsão lírica escrevo sem pensar tudo o que meu inconsciente me grita.

Penso depois: não só para corrigir, como para justificar o que escrevi. Daí a razão deste prefácio Interessantíssimo.

(...)

Esse ar de deboche presente no prefácio se estende por todo o livro, mas Mário de Andrade não escreveu só poesias, pois escreveu em prosa, e ele escreveu um romance muito conhecido, Macunaíma, que não apresenta as característica de um romance como nós conhecemos.

O livro Macunaíma que apresenta o subtítulo herói sem nenhum caráter é um romance rapsódia, que discute a nacionalidade brasileira.

E o que é uma rapsódia? É uma composição que mistura elementos musicais com elementos do folclore da cultura popular e, é justamente isso que Mario de Andrade faz em Macunaíma.

No livro ele conta a história do índio que de preto virou branco, a história de Macunaíma que significava um grande mal.

“No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamara Macunaíma. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar, exclamava: _ Ai! que preguiça! ... e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força de homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva.Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém. E também espertava quando a família ia tomar banho no rio, todos juntos e nus (...) No mucambo si alguma cunhatã se aproximava dele pra fazer festinha, Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afasta (...)”

Macunaíma era debochado, malandro, um garoto terrível, bem diferente da imagem que tínhamos de um herói, tanto que Macunaíma é considerado um anti-herói se comparado aos heróis românticos.

Macunaíma mexia com todo mundo, era preguiçoso, não queria saber de trabalhar. Esse texto é considerado o grande marco do modernismo, tanto que volta e meia, ele aparece nos grandes vestibulares do Brasil.

EU SOU TREZENTOS...Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta, As sensações renascem de si mesmas sem repouso, Ôh espelhos, ôh ! Pirineus ! Ôh caiçaras ! Si um deus morrer, irei no Piauí buscar outro ! Abraço no meu leito as milhores palavras, E os suspiros que dou são violinos alheios; Eu piso a terra como quem descobre a furto Nas esquinas, nos táxis, nas camarinhas seus próprios beijos !

Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta, Mas um dia afinal toparei comigo... Tenhamos paciência, andorinhas curtas, Só o esquecimento é que condensa, E então minha alma servirá de abrigo.

Mário de Andrade

DESCOBRIMENTOAbancado à escrivaninha em São Paulo Na minha casa da rua Lopes Chaves De supetão senti um friúme por dentro. Fiquei trêmulo, muito comovido Com o livro palerma olhando pra mim.

Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus! muito longe de mim Na escuridão ativa da noite que caiu Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos, Depois de fazer uma pele com a borracha do dia, Faz pouco se deitou, está dormindo.

Esse homem é brasileiro que nem eu. Mário de Andrade

OSWALD DE ANDRADE

Oswald de Andrade é considerado o autor mais irreverente, combativo e polêmico da 1ª fase modernista. Foi o idealizador dos principais manifestos que ocorreram nesse período.

Sua obra é toda marcada pela ironia, pelo humor, pois é o mais debochados dos poetas modernistas. Ele inova ao trazer o elemento nacional para a literatura sob a roupagem modernista. É o criador do poema piada, poema pílula, ou seja, textos curtos, mas que carregam uma grande carga poética.

Erro de portuguêsQuando o português chegou

Debaixo duma bruta chuva

Vestiu o índio

Que pena!

Fosse uma manhã de sol

O índio tinha despido

O português.

PronominaisDê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da nação brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro.

Perceberam a diferença e o humor. Muito diferente dos poemas parnasianos.

Oswald também escreveu em prosa, e tem como um de seus maiores livros Memória sentimentais de João Miramar - Nesse livro, Oswald rompe com os esquemas tradicionais da narrativa.

Os capítulos são curtíssimos, apresentando-se como pequenos fragmentos justapostos, próximos da técnica da pintura cubista, que representava ao mesmo tempo, as várias faces de um objeto ou situação, o que impossibilita uma leitura linear.

MANUEL BANDEIRA

Num primeiro momento se mostra preso aos valores parnasianos, mas com o passar do tempo, se transforma num dos grandes representantes do modernismo.

É a partir do livro Libertinagem que Manuel Bandeira se firma realmente como um poeta modernista. A partir desse livro, seus textos se aproximam muito do linguajar coloquial e os temas são bem diversificados. Tudo para o autor era tema poético, partindo de frases corriqueiras, fala dos meninos negros, das negras, das irenes de até notícias retiradas de jornal, e chega ao ponto de brincar com sua própria doença, a tuberculose.

Mas é com o poema intitulado Poética que nós encontramos as principais características de sua obra. Vejamos alguns fragmentos desse texto:

PoéticaEstou farto do lirismo comedido

Do lirismo bem comportado

Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e

[manifestações de apreço ao sr. Diretor

Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho

[vernáculo de um vocábulo 

Abaixo aos puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais

Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção

Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

(...)

Quero antes o lirismo dos loucos

O lirismo dos bêbados

O lirismo difícil e pungente dos bêbados

O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação

A ironia foi também uma outra característica de

bandeira. Perceba-a no texto abaixo:Pneumotórax 

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos. 

A vida interia que podia ter sido e que não foi.

Tosse, tosse, tosse.

Mandou chamar o médico: 

_ Diga trinta e três.

 _ Trinta e três ... trinta e três ... trinta e três ... 

_ Respire.

.....................................................................................

 _ O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. 

_ Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax? 

_ Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

MANUEL BANDEIRA

Arte de amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.

A alma é que estraga o amor.Só em Deus ela pode encontrar

satisfação.Não noutra alma.

Só em Deus — ou fora do mundo.As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

 

TREM DE FERRO

Café com pãoCafé com pãoCafé com pão

Virge Maria que foi isso maquinista?

Agora simCafé com pãoAgora simVoa, fumaçaCorre, cercaAi seu foguistaBota fogoNa fornalhaQue eu precisoMuita forçaMuita forçaMuita força(trem de ferro, trem de ferro)

 

Oô...Foge, bichoFoge, povoPassa pontePassa postePassa pastoPassa boiPassa boiadaPassa galhoDa ingazeiraDebruçadaNo riachoQue vontadeDe cantar!Oô...(café com pão é muito bom)

Quando me prenderoNo canaviáCada pé de canaEra um oficiáOô...Menina bonitaDo vestido verdeMe dá tua bocaPra matar minha sedeOô...Vou mimbora vou mimboraNão gosto daquiNasci no sertãoSou de OuricuriOô...

Vou depressaVou correndoVou na todaQue só levo Pouca gentePouca gentePouca gente...(trem de ferro, trem de ferro)

(Manuel Bandeira in "Estrela da Manhã" 1936)

O último poema

Assim eu quereria o meu último poema.Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionaisQue fosse ardente como um soluço sem lágrimasQue tivesse a beleza das flores quase sem perfumeA pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidosA paixão dos suicidas que se matam sem explicação. 

ANTÔNIO DE ALCÂNTARA MACHADO PROSA

BRÁS, BEXIGA E BARRA FUNDA LARANJA DA CHINA

CARACTERÍSTICAS DA OBRA BRÁS, BEXIGA E BARRA FUNDA ONZE CONTOS CARACTERIZADOS COMO

NOTÍCIAS LINGUAGEM CONCISA FLASHES CINEMATOGRÁFICOS PERSONAGENS ÍTALO-BRASILEIRAS COSTUMES DE IMIGRANTES ITALIANOS

QUE INFLUENCIARÃO A CULTURA PAULISTANA

NARRATIVA ISENTA DE DESCRIÇÕES

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