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Em 1910 surge em Munique um outro movimento de arte
vanguardista, O Cavaleiro Azul (Der Blaue Reiter) fundado por Wassily
Kandinsky.
O objectivo do grupo era o de unir sob um mesmo ideal artístico
criadores de várias nacionalidades e diferentes expressões,
ultrapassando as barreiras culturais e ideológicas.
Estes artistas concebiam a sua actividade criativa como um produto
da unidade existencial entre o homem e a natureza. Nessa
perspectiva, a arte tenderá a encontrar uma linguagem universal,
compreensível por todos os seres humanos, independentemente da
sua cultura ou estrato social.
A base das obras seriam as experiências pessoais, as sensações e os
sentimentos subjectivos de cada um.
As suas ideias foram explicadas em revistas da especialidade e no
almanaque do grupo, O Cavaleiro Azul. Realizaram também
exposições que contaram com a colaboração de artistas que não
pertenciam ao grupo.
Foram características comuns às obras de O Cavaleiro Azul:
- Preferência por temáticas naturalistas;
- execução reflectida e pensada;
- simplificação e/ou geometrização das formas;
- valorização da mancha, utilização de cores antinaturais;
- composições equilibradas;
- uma expressividade que incide no lirismo e na emotividade
Posted by Silvares at Sexta-feira, Abril 24, 2009 2 comments
Labels: apontamentos, expressionismo
Expressionismo Alemão (A Ponte)
Ernst-Ludwig Kirchner, Auto-
retrato, xilogravura
Em 1905 realizou-se a primeira exposição dos Fauves no Salão de
Outono de Paris. Em Dresden, na Alemanha, Kirchner, Henkel e
Schmidt-Rottluff fundaram a associação artística Die Brücke (A
Ponte).
A arte dos elementos de A Ponte caracterizou-se por uma linguagem
plástica rude e agressiva na forma e nos conteúdos.
Reagindo ao Impressionismo e ao academismo pretendiam uma arte
mais pura e intuitiva.
A arte dos elementos de A Ponte caracterizou-se por uma linguagem
plástica rude e agressiva na forma e nos conteúdos.
Recorreram a uma linguagem visual directa e não convencional,
transformando a realidade num código pictural. Desse modo
aproximaram-se de modos de representação arcaizantes e primitivos.
A redescoberta, por parte de Kirchner, das técnicas da xilogravura e
da gravura sobre metal, contribuíram para o endurecimento formal
das figuras, através da acentuação e simplificação das linhas de
contorno.
À exploração desta linguagem formal não terá sido alheio o contacto
com a arte africana, muito em voga nos meios artísticos europeus do
início do século XX.
As temáticas praticadas por este grupo de artistas privilegiaram a
figura humana representada em diferentes situações, de preferência
revelando aspectos relacionados com a realidade social do pintor. As
personagens são, na maior parte dos casos, mais importantes que o
cenário.
O grupo de A Ponte pretendeu criar uma arte que marcasse um
espírito de revolta quando apela no seu manifesto a toda a juventude
para incorporar “o futuro e se libertar dos poderes consagrados”.
O expressionismo acaba por invadir todas as formas de expressão
artísticas e parece invadir tudo o que tem a ver com o espírito
humano, ganhando uma aura quase mística que tem a ver com a sua
vontade de produzir continuamente uma crítica profunda sobre a
condição de sermos humanos e as contradições impostas ao nosso
espírito pela sociedade de consumo que então nasce e começa a
mostrar a sua face menos humanista.
Os expressionistas de A Ponte fizeram várias exposições entre 1905 e
1913 mas acabaram por se dispersar com a Primeira Guerra Mundial.
Nota: consulta outros posts relacionados com este tema clicando a etiqueta
correspondente no sidebar.
Posted by Silvares at Sexta-feira, Abril 24, 2009 0 comments
Labels: apontamentos, expressionismo
O Palácio de Cristal
No início da Revolução Industrial, a Inglaterra, procurando afirmar a
superioridade da sua engenharia e da sua indústria, organizou a
Exposição Internacional da Indústria, do Comércio e das Artes, a
primeira exposição mundial realizada.
Vitória e Alberto
Em 1850, o Príncipe Alberto, marido da Rainha Vitória, criou uma
comissão real encarregue de organizar a exposição, começando pela
construção do local do evento.
A comissão era formada por engenheiros e arquitectos, como
Charles Barry (um dos arquitectos das casas do Parlamento), Robert
Stephenson e Isambard Kingdom Brunel, recebeu muitos projectos,
que foram severamente criticados e, em seguida, descartados.
Face à urgência do empreendimento, a própria comissão decidiu
desenvolver um projecto, liderado por Brunel. Mas, devido à sua
grandiosidade e complexidade foi posto de lado.
Foi então que surgiu o projecto de Joseph Paxton, jardineiro e
construtor de estufas.
Baseado na estrutura de um certo tipo de nenúfares, a que foi dado o
nome de vitória-régia, Paxton desenvolveu um projecto extraordinário
para o descomunal edifício.
A estrutura da vitória-régia revelou grande resistência quando Paxton colocou sobre a
planta a sua filha de 8 anos
A comissão, preocupada devido ao curto prazo para a inauguração
da exposição, não teve outra alternativa senão aceitar a arrojada
proposta do construtor de estufas e Paxton teria apenas duas
semanas para apresentar o projecto final.
Assim como na folha da vitória-régia, um conjunto de nervuras
transversais apoiava-se em grandes vigas longitudinais, suportadas
por fileiras de pilares, que tinham a mesma função que a água
desempenha na folha, resistir aos esforços verticais trazidos pelas
nervuras.
Construção do Palácio de Cristal
O travamento da estrutura, necessário devido à sua altura, era feito
através de barras colocadas em forma de "X“. Logo, as vigas seriam
na estrutura as nervuras das folhas nas regiões em que se encontram
praticamente paralelas. Os pilares, assim como as vigas, seriam de
ferro fundido e as paredes de vidro, facilitando a execução do
projecto.
As colunas de ferro, ocas, também funcionavam para escoamento
da água que as nervuras e vigas, simultaneamente funcionando como
calhas, recolhiam.
Com o auxílio de equipamentos e força animal os pilares e vigas eram
montados com extrema facilidade.
Após a colocação da estrutura básica, pilares e vigas, a vedação
vertical do palácio foi feita com placas de vidro que não
desempenhavam qualquer tipo de função estrutural ou suporte,
apenas de vedação.
Os arcos do transepto, que foram colocados para permitirem a
permanência de grandes árvores existentes no parque,
transformavam aquela enorme montanha de ferro e vidro numa
elegante construção.
Foram envidraçados por mais de 80 homens, que fixaram 330000
placas de vidro.
As críticas tornaram-se frequentes. Havia dúvidas quanto à
resistência da estrutura em caso de fortes rajadas de vento, ou
mesmo debaixo de grandes tempestades.
Porém nada de grave aconteceu e no dia 1 de Maio de 1851 a
exposição foi inaugurada pela rainha revelando-se um grande triunfo.
A construção do Palácio de Cristal ficou concluída em apenas 12
meses. Os princípios estabelecidos por Paxton no seu projecto
revelaram-se verdadeiramente revolucionários e a arquitectura ia
mudar. Muito.
Posted by Silvares at Sexta-feira, Abril 24, 2009 0 comments
Labels: Arquitectura, ferro
terça-feira, 21 de Abril de 2009
Fauvismo-Textos da aula de 20 de Abril (comentados)
1
Antes de passar a alguns dos textos da aula de 19 de Abril
aconselho que cliques na etiqueta do "Fauvismo", aí ao lado, onde
podes encontrar mais informação e reflexões sobre o tema.
"O pintor já não precisa de se preocupar com pormenores
insignificantes; para isso está lá a fotografia que é melhor e mais
rápida. - Já não cabe à pintura representar acontecimentos históricos;
esses encontram-se nos livros. Temos da pintura uma opinião mais
elevada. Ela serve ao artista para exprimir as suas visões interiores.
Ver é já, em si, um acto criativo."
Henri Matisse
Estas palavras de Matisse colocam em equação algumas das
questões essenciais da pintura Moderna.
Por um lado acentua o carácter independente da pintura em
relação ao motivo que lhe dá origem. A representação da natureza
transforma-se num simples pretexto para o pintor desenvolver o seu
trabalho, materializando uma visão pessoal e interior. O acto de
pintar já não assenta na reprodução do mundo visível segundo um
conjunto de regras académicas pré-definidas, antes é resultado de
um instinto artístico de fundamentos estéticos que permite ao artista
"exprimir as suas visões interiores".
Por outro lado, ao declarar que "ver é já, em si, um acto criativo",
Matisse abre a porta à ideia de que a visão pessoal e particular do
artista é determinante, mas coloca também no olhar do espectador
uma parte da responsabilidade na conclusão do trabalho artístico. Ou
seja, o observador recria interiormente o objecto artístico filtrando-o
no seu olhar.
"O esforço que é preciso para nos libertarmos das imagens
fabricadas (através da fotografia, dos filmes e dos reclames), exige
uma certa coragem e essa coragem é indispensável ao artista que
deve ver tudo como se o estivesse a ver pela primeira vez. É preciso
ser-se capaz de ver pela vida fora como quando em crianças víamos o
mundo, pois a perda dessa capacidade de ver significa a perda de
toda a expressão original"
Henri Matisse
Mais uma vez Matisse insiste na ideia de que o acto criativo deve
ser originado por um estado de pureza estética apenas ao alcance de
um olhar liberto de regras pré-concebidas. Quando somos crianças
não encontramos entraves à nossa expressão individual. Se pedirmos
a uma criança de 5 anos que desenhe uma girafa ela não hesita e
desenha-a. Independentemente do aspecto que tiver o desenho, ali
estará, inequivocamente, uma girafa. Se pedirmos a um adolescente
de 15 anos que desenhe uma girafa, ele irá resistir à ideia declarando
que "não sabe" desenhar uma girafa. O que mudou nesses 10 anos?
Porque perdemos nós o instinto natural da sabedoria expressiva ao
longo do processo de crescimento?
A resposta parece evidente; à medida que vamos crescendo e
adquirimos mais informação sobre o mundo que nos rodeia, temos a
impressão de que a representação que fizermos dele deve obedecer a
um conjunto de regras de aproximação à "realidade", ou seja:
construimos um modelo ideal de representação (académico) que
passa pela semelhança formal entre o que representamos e aquilo
que é representado, estabelecendo assim uma escala de valores com
"certo" e "errado" nos seus extremos, conforme o resultado é
visualmente próximo ou afastado desse modelo.
O que Matisse propõe é que recuperemos a capacidade de
expressão original através de um processo criativo que combata as
regras académicas e se fundamente num olhar descomprometido
vendo "tudo como se estivessemos a ver pela primeira vez".
Posted by Silvares at Terça-feira, Abril 21, 2009 2 comments
Labels: Fauvismo
sábado, 18 de Abril de 2009
Apontamentos da aula de 17 de Abril-4
Man Ray, Prenda, 1921
5ª parte
Síntese 2
Rupturas
Os grandes conflitos da primeira metade do século XX tiveram
como causas principais o autoritarismo de alguns regimes, os
exaltados nacionalismos que se vivam na maioria das nações
europeias e as políticas imperialistas que muitas persistiam em
manter.
Assim surgem sistemas totalitários que tendem a limitar as liberdades
individuais o que provoca conflitos internos impossíveis de sanar.
Surge a reflexão sobre o papel da política, da sociedade, da
economia, da técnica, da cultura, da religião e da arte no
estabelecimento de valores universais, direitos e deveres do ser
humano integrado numa sociedade para o desenvolvimento.
A emancipação da mulher conhece grande desenvolvimento.
Surgem novas linguagens artísticas.
Posted by Silvares at Sábado, Abril 18, 2009 0 comments
Labels: apontamentos, cultura do cinema
Apontamentos da Aula de 17 de Abril - 3
Edvard Munch. O Grito. 1895. Litografia.
35.5 x 24.4 cm. Museu Munch , Oslo, Noruega.
4ª parte
Síntese 1
O homem psicanalisado
A primeira metade do século XX trouxe profundas mudanças na
maneira de viver e de pensar em todo o mundo ocidental.
Em oposição ao positivismo e cientismo do século XIX e apoiado pelo
relativismo (explicado por Einstein na sua Teoria), Freud passou a
observar a relação entre a vida física e a psíquica, a vida orgânica e
social, a actividade mental e a sexualidade.
Neste mundo de rupturas e transformações, a procura de identidade,
a procura incessante do eu, era a grande questão.
Freud, médico, investigador e psiquiatra, procurou explicar o
funcionamento da vida mental através de teorias que relacionaram a
biologia, a psicologia e as ciências sociais e criaram um sistema de
exploração do inconsciente a que chamou de psicanálise ou ciência
do inconsciente.
A descoberta do inconsciente e da psicanálise ajudaram a alterar os
padrões culturais, estéticos, educacionais, comportamentais e
sexuais da civilização ocidental.
Também contribuíram para a produção e um diferente entendimento
da arte abrindo espaço a explorações menos evidentes de temas e
processos de representação inovadores e revolucionários.
A arte procura o indivíduo dentro de si próprio.
Posted by Silvares at Sábado, Abril 18, 2009 0 comments
Labels: apontamentos, cultura do cinema
Apontamentos da aula de 17 de Abril-2
3ª parte
O Local
O cinema
A invenção do cinema é atribuída aos irmãos Lumiére.
Os irmãos Lumiére filmaram em 1894 e 1895 A saída dos Operários
de uma Fábrica e O Grande Café Paris conseguindo finalmente
realizar um sonho antigo: a captação de imagens em movimento.
A história revela-nos que, durante séculos, os artistas se esforçaram
por desenvolver uma técnica de semelhança fazendo da pintura o
primeiro processo de representação da realidade observável.
A fotografia foi o passo seguinte, aparentemente mais eficaz na sua
capacidade de reprodução da realidade.
Ainda antes dos Lumiére, Muybridge construiu um aparelho que lhe
permitiu fixar imagens de um cavalo a galope que foram
consideradas como a primeira série cinematográfica.
“Kinetoscópio” - Invenção de Thomas Edison que consiste num
gabinete com cerca de 15 metros de película enrolada em bobinas,
que permitia a visualização de imagens em movimento através de um
buraco.
O pioneiro do cinema encarado como indústria foi George Méliès que
produziu inúmeros filmes de ficção onde desenvolveu engenhosos
truques que lhe permitiram criar uma linguagem visual particular e
específica.
Para lá de simples imagem em movimento, o cinema é um dos
grandes testemunhos sociais e artísticos do século XX.
as hiperligações dão acesso a filmes no Youtube relacionados com os temas
em análise
Posted by Silvares at Sábado, Abril 18, 2009 0 comments
Labels: apontamentos, cultura do cinema
Apontamentos da aula de 17 de Abril
Lazlo Moholy-Nagy
The Law of Series (Das Gesetz der Serie) - 1925
fotomontagem (21.4 x 16.3cm)
Museu de Atre Moderna, Nova Iorque
2ª parte
O Espaço
Até à Primeira Grande Guerra a Europa dominara o mundo sob o
ponto de vista político, económico, científico, tecnológico e
demográfico.
Todavia, após as grandes guerras, a situação mudou radicalmente.
No período instável dos anos 20 e 30, mas principalmente após a 2ª
Grande Guerra, muitos europeus abandonaram o continente, fugindo
às perseguições políticas e raciais ou, simplesmente, em busca de
melhores condições de vida.
O destino principal da emigração europeia era o continente
americano, nomeadamente os Estados Unidos. Muitos destes
emigrantes eram provenientes das classes médias e médias-altas e
detinham bons níveis de formação cultural, académica e profissional
(médicos, professores, cientistas, artistas…)
Os dirigentes americanos apostaram numa política de promoção e
financiamento da cultura e da ciência, aprovando e mantendo
programas de investigação científica nas mais variadas áreas.
Durante e após a Segunda Guerra muitos sábios alemães foram
convidados pelos EUA a continuarem ali as suas pesquisas. Foi uma
época de grande dinamismo científico que conferiu aos EUA a
liderança mundial em termos industriais e de tecnologias de ponta o
que se reflectiu na qualidade de vida das populações.
Algo semelhante aconteceu com a criação artística e intelectual. Logo
após o fim da Primeira Guerra muitos foram os artistas europeus de
vanguarda que viajaram definitiva ou temporariamente para os EUA.
Em pouco tempo os EUA tornaram-se berço de importantes correntes
de pensamento artístico com origem na Europa e que para ali se
deslocaram.
Isto originou o conceito de “cultura ocidental” que viria a espalhar-se
com a ajuda dos meios de comunicação de massas.
Posted by Silvares at Sábado, Abril 18, 2009 0 comments
Labels: apontamentos, cultura do cinema
sexta-feira, 17 de Abril de 2009
Apontamentos da aula de 15 de Abril
1905-1960
Da exposição dos Fauves à viragem dos anos 60
1ª parte
O Tempo
Entre 1914 e 1918 travou-se, essencialmente na Europa, a Primeira
Grande Guerra.
A Primeira Guerra Mundial é considerada como um marco histórico no
início do século XX. A partir desta Guerra estabeleceram-se novas
correlações de forças no mundo, marcando o declínio da Europa e a
ascensão dos EUA à condição de principal potência mundial. No dia
10 de Agosto de 1914, a França declarou guerra ao Império Austro-
Húngaro dando início à Guerra.
Nesta guerra participaram as principais potências do mundo e foi, de
certa forma, uma guerra civil europeia. A novidade nesta guerra é
que foi travada entre potências industrializadas que utilizaram o
desenvolvimento tecnológico no seu esforço bélico. O resultado foi
devastador.
O saldo foi de mais de 19 milhões de mortos, dos quais 5% eram civis
Após a guerra, o mapa da Europa sofreu modificações significativas.
Novos países surgiram e outros perderam território. A Alemanha ficou
económica e militarmente arrasada enquanto os Estados Unidos
despontavam como grande potência do século XX.Foi criada a Liga
das Nações com o objectivo de resolver diplomaticamente problemas
futuros entre as nações.As mulheres ganharam espaço no mercado
de trabalho já que muitos homens morreram ou ficaram mutilados.
Na Rússia a Revolução Soviética triunfara em 1917.
As democracias ocidentais passaram por enormes dificuldades. A
guerra destruíra a economia. Uma inflação galopante e um
desemprego dramático provocaram uma grande agitação social,
incrementando o movimento operário, animado pelos partidos de
esquerda.
Os Estados Unidos da América tinham expandido extraordinariamente
a sua economia, tornando-se a maior potência mundial a todos os
níveis, originando o mito do american way of life.
Contudo, em 1929, o crash da bolsa de Nova Iorque veio mostrar
como a prosperidade do pós-guerra era frágil, provocando a Grande
Depressão.
Na Europa, a Grande Depressão veio travar a recuperação
económica, abrindo caminho a posições políticas e sociais de grande
radicalismo que culminaram na tomada do poder por partidos
autoritários, fortemente nacionalistas, que provocaram uma
instabilidade insustentável.
Estava aberta a via que haveria de conduzir à Segunda Guerra
Mundial entre 1939 e 1945.
Esta guerra, ainda mais destruidora que a anterior, terminaria de
forma macabra com o lançamento de duas bombas atómicas sobre as
cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.
Espaço de guerra e de desolação, atravessado por oscilações
económicas e grandes mutações sociais, este tempo ficou marcado
por uma profunda consciência dos limites da humanidade e da sua
capacidade de auto-destruição.
O fim da Segunda Guerra Mundial marcou o início de um novo
equilíbrio internacional. De um lado o mundo capitalista e liberal,
liderado pelos EUA; do outro, o bloco comunista com a URSS à
cabeça.
No caos político, social e económico que a guerra espalhou, os
valores do pensamento racionalista, optimista e positivista do século
XIX soavam a histórias para entreter criancinhas. A ciência e a
tecnologia tinham, afinal, aplicações perigosas, capazes de pôr em
causa a própria existência da espécie humana.
Instalaram-se entre os intelectuais o cepticismo, o relativismo, o
sentido do absurdo, a crise de valores e a contestação sistemática e
socialmente provocatória.
No Ocidente, a modernização dos modos de vida nas grandes cidades
esteve na origem de uma cultura de massas em que a publicidade e a
propaganda passaram a ser utilizadas no sentido de manipular e
orientar os padrões culturais das populações.
Os principais veículos da massificação que então alastra no mundo
capitalista foram (para além dos jornais) a rádio, o cinema e uma
novíssima invenção que veio transformar definitivamente o panorama
sociocultural: a televisão.
Assim, entre a massificação crescente e alienante da cultura e dos
modos de vida e a velocidade a que as transformações se operavam,
a arte ganhou para si própria um estatuto cada vez mais
individualista e independente
A arte reivindicou autonomia e liberdade em relação à sociedade ou
programas ideológicos e temáticos, declarando independência e
ausência de limites na sua criação.
Ao questionar a sociedade, a arte questionou também o seu próprio
papel no contexto social e as relações que estabelece com o público,
repensando o papel e a figura do artista.
A crítica mordaz dos artistas chegou ao ponto de pôr em causa a
essência da arte, revendo o conceito e a definição dos fenómenos
artísticos, cuja delimitação se tornou cada vez mais imprecisa e
complexa.
Posted by Silvares at Sexta-feira, Abril 17, 2009 2 comments
Labels: apontamentos, cultura do cinema
Maio 2009 Março 2009 Página inicial
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